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Q
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uase
fiquei embriagado com o perfume do Digow.
O garoto e eu ficamos calado por um tempão, só curtindo o nosso momento de reconciliação. Ele foi o primeiro a abrir a boca quando ficou um pouco mais à vontade:
- Vinícius e Fabrício não estão.
- Ah, é? – eu já havia percebido.
- É... Ah, Caio...
- Não fala nada, Diguinho – eu fechei meus olhos. – Não fala nada...
Ele se afastou e me olhou com a face serena. Parecia que o menino estava lendo a minha alma através dos meus olhos.
O garoto e eu ficamos calado por um tempão, só curtindo o nosso momento de reconciliação. Ele foi o primeiro a abrir a boca quando ficou um pouco mais à vontade:
- Vinícius e Fabrício não estão.
- Ah, é? – eu já havia percebido.
- É... Ah, Caio...
- Não fala nada, Diguinho – eu fechei meus olhos. – Não fala nada...
Ele se afastou e me olhou com a face serena. Parecia que o menino estava lendo a minha alma através dos meus olhos.
- Como você está se sentindo? – ele fez essa pergunta pela segunda vez.
- Com ódio. Um sentimento muito ruim dentro de mim.
- Mas como foi isso, hein?
- Era ele que estava me mandando as mensagens. Lembra que eu te falei que alguém estava falando que era meu “admirador secreto”?
- Lembro. Então era o Bruno?
- Sim, era o Bruno. Você chegou a dizer que era o Vítor, mas na verdade era esse trouxa desde o começo.
- Nem acredito nisso... Mas e aí, como foi o reencontro de vocês?
- Ele marcou comigo em um restaurante francês. Cheguei lá e ele ainda não tinha chegado. Um cara me levou até uma mesa reservada. Pelo jeito ia ser um jantar à luz de velas...
- Fala sério?
- Pior que é sério mesmo – eu suspirei. – Aí eu sentei, fiquei esperando e depois de um tempo ele apareceu com uma caixa de bombons em formato de coração.
- Desgraçado! – Rodrigo até levantou da cama e foi pra janela.
- Daí eu fiquei puto. Fiquei muito puto e já comecei a xingar.
- E aí?
- E aí que eu me estressei e saí do restaurante e fui parar na praia. Acho que devo ter sido guiado até o mar, porque o mar sempre me acalma, sabe?
- Sei. Você já me falou isso.
- Mas ele me seguiu, foi atrás de mim e nós brigamos. Quer dizer, eu briguei com ele.
- O que você fez?
- Bati nele, ué.
- Bateu? – ele virou e sorriu.
- Bati sim – confirmei. – Mas queria ter batido mais. Ainda tem muita coisa presa na minha garganta, ainda quero falar muita coisa pra ele.
- Falar? Quer dizer que você vai correr atrás dele?
- LÓGICO QUE NÃO, DIGÃO! – foi a minha vez de ir até a janela. Eu precisava respirar ar puro.
- Ah, que susto. Pensei que agora você ia ficar atrás dele.
- Não. Daí depois que eu dei uns tapas nele, saí da praia e entrei no primeiro táxi que vi. E aqui estou eu.
- Posso fazer uma pergunta?
- Pode – eu virei e fitei os olhos do Diguinho.
- Como você foi pra praia de tênis?
Sentei no chão, tirei os tênis e as meias e joguei a areia que estava no meu pé no chão.
- Ah... – ele coçou o queixo. – Agora eu entendi.
- Fiquei tão bravo, mas tão bravo que eu joguei o chip do meu celular fora.
- Jogou? E agora?
- Amanhã eu compro outro, Isso não é problema, problema seria ele ficar me ligando todos os dias.
- Verdade. Você fez certo.
- Estou tão ruim, Diguinho – me aproximei dele e o abracei.
- Eu imagino, Cacs. Mas eu vou cuidar de você, eu prometo!
- Vai? – senti até um alívio na compressão do meu peito.
- Sempre, sempre, sempre – ele suspirou. – Me desculpa?
- Pelo quê? – eu não entendi.
- Por ter ficado tanto tempo sem falar com você...
- Não tem que se desculpar, eu te entendo perfeitamente, mas confesso que você me fez muita falta.
- Você também me fez falta. Dormir debaixo do mesmo teto que você e não poder conversar estava me matando.
- A mim também. Me perdoa?
- Não tenho nada que te perdoar, Cacs.
- Tem sim, Digow. Eu fui com muita sede ao pote.
- Não se preocupa. Eu te entendo também. Eu é que fui um idiota.
- Não fala assim – eu me afastei e olhei nos olhos dele. – Você não é um idiota.
Rodrigo fechou os olhos e me abraçou de novo.
- Me abraça, Caio. Eu estava sentindo falta disso.
Achei ele tão bonitinho! Algo dentro de mim pedia para eu ficar com o Rodrigo. A razão me falava que ele sim era o homem certo pra mim, mas pra isso, primeiro ele ia ter que aceitar a bissexualidade.
- Por que você não nasceu mulher, hein Caio?
- Hãããã? – achei aquela pergunta muito esquisita.
- Se você fosse mulher, seria minha namorada, seria minha esposa... Eu viveria o resto da vida com você. Nós teríamos filhos, netos, bisnetos e seríamos felizes pelo resto da vida.
- Ai que LINDO, Digow... – fiquei sem ar e com os olhos marejados.
- Mas você é homem. Que porra, viu?
Só fiz dar risada e intensifiquei o nosso abraço. Como aquele moleque era fofo!!!
- Mano? – chamei.
- Oi?
- Posso mudar bruscamente de assunto?
- Pode.
- Como você prefere ser chamado?
- Em que sentido?
- Você tem mil apelidos, Rodrigo. Antes você não tinha nenhum que nem o Fabrício, mas agora você tem mil. É Rods, é Digow, é Digão, é Diguinho... Qual você prefere?
- Você pode me chamar do jeito que preferir. Cada apelido é pra um lado da minha vida. Rods é aqui na república, Digão é pros caras da faculdade e Diguinho pras meninas que eu pego. Digow é meu favorito porque foi você que inventou.
- Jura? – me senti importante. – Então vou te chamar só assim.
- Uhum. E eu de Cacs porque fui eu que inventei.
- Fechado!
Silêncio. Como era bom estar de novo nos braços dele.
- Digow eu vou tomar um banho – anunciei. – Não estou aguentando a areia nos meus pés.
- Só você mesmo pra ir até a praia de tênis.
- Que nem te disse, eu acho que fui guiado até lá porque meio que eu estava andando sem rumo.
- Onde era esse tal restaurante?
- No Leblon.
- Longe pacas,- hein?
- Não é tão longe assim.
- Vai lá tomar seu banho, Cacs. Espero que fique tudo bem. Pode contar comigo sempre, sempre tá bom?
- Eu sei disso, Digow. Você pode contar comigo também.
- Uhum. Irmãos novamente?
- Por toda a vida – falei.
- Por toda a vida – ele concordou.
Me afastei do gatinho, fui até o armário e peguei uma roupa limpa para tomar banho. Ainda estava me sentindo esquisito. Ainda tinha um sentindo ruim dentro do meu peito, mas eu sabia que era questão de tempo para ele ir embora e eu voltar ao normal.
Me joguei embaixo do chuveiro. A água quente fez o meu estresse diminuir, mas não passou por completo.
Um tempo depois da minha entrada no banheiro, alguém puxou a porta articulada, mas eu não sabia de quem se tratava.
- Quem é? – indaguei.
- Sou eu – falou Kléber.
Automaticamente eu tranquei a porta do box, senão ele seria capaz de abrir e entrar para me ver tomando banho.
- Eu posso usar o banheiro? – ele perguntou.
- Fica à vontade – falei.
Não estava nem um pouco preocupado. Ele não ia entrar no box mesmo!
Como
era de se esperar, encontrei o Rodrigo deitado apenas com uma cuequinha branca.
Parecia até o Vinícius...
- O que foi? – ele me olhou.
- Lembrei do Vini.
- Por quê?!
- Por causa da sua cuequinha...
- Ah... – Rodrigo ficou sem graça.
Fui direto pra minha cama, deitei de bruços e fechei meus olhos.
O rosto do Bruno invadiu a minha mente. Como ele estava lindo! Lindo demais, muito mais lindo do que antes.
Não tinha nem me tocado de como ele tinha mudado. Só naquele momento eu fui capaz de fazer uma avaliação do meu ex-namorado: ele estava mais alto, muito mais alto e estava com o corpo magro, mas não magro demais. Estava na medida certa. Ele usava os os cabelos castanhos e estava com a pele branquíssima feito leite. O rosto mudou um pouco. Estava um pouco mais masculinizado. Talvez ele não estivesse mais fazendo tantos tratamentos de beleza como fazia antes...
- O que foi? – ele me olhou.
- Lembrei do Vini.
- Por quê?!
- Por causa da sua cuequinha...
- Ah... – Rodrigo ficou sem graça.
Fui direto pra minha cama, deitei de bruços e fechei meus olhos.
O rosto do Bruno invadiu a minha mente. Como ele estava lindo! Lindo demais, muito mais lindo do que antes.
Não tinha nem me tocado de como ele tinha mudado. Só naquele momento eu fui capaz de fazer uma avaliação do meu ex-namorado: ele estava mais alto, muito mais alto e estava com o corpo magro, mas não magro demais. Estava na medida certa. Ele usava os os cabelos castanhos e estava com a pele branquíssima feito leite. O rosto mudou um pouco. Estava um pouco mais masculinizado. Talvez ele não estivesse mais fazendo tantos tratamentos de beleza como fazia antes...
A voz mudou muito também. Estava mais grave que antes, um pouco masculina demais para ele. Só o que não mudou nada, absolutamente nada foram os olhos. Continuavam incrivelmente azuis. Azuis da cor do mar, azuis da cor do céu. Um azul intenso, um azul brilhante... Eu podia falar qualquer coisa dele, qualquer coisa, menos que ele não era bonito, menos que ele não era lindo. Por que isso ele era.
Lindo até demais pro meu gosto. Por que será que ele tinha que ser tão bonito daquele jeito?
Por que eu só pensei nele naquela hora? Por que não fiz esse balanço na hora que o encontrei? Como a minha memória foi capaz de guardar tantos detalhes daquele desgraçado? Por que a minha mente estava me fazendo perceber tudo aquilo? Eu não queria pensar nele, eu não queria!!!
A primeira lágrima rolou pelo lado esquerdo do meu rosto. Desgraçado de uma figa, por que ele voltou?
Voltou para me atormentar? Voltou para me ferir? Para acabar de novo com a minha vida? Voltou para me fazer infeliz? Para me fazer sofrer? Por que não continuou aonde estava? Por que não ficou na Espanha pelo resto da vida? Ou por que não me esqueceu e não me deixou em paz quando chegou no Brasil?
Será que eu não merecia um pouco de paz por parte dele? Será que eu não merecia descansar, viver a minha vida sem ter que ser atormentado por aquele garoto?
Será que o Bruno não percebeu o quanto ele me fez mal? Será que ele não percebeu que eu sofri quando ele me abandonou praticamente no meu 18º aniversário?
Francamente, ele era um idiota. É isso que ele era. Me procurou depois de tanto tempo... Me procurou para conversar, para esclarecer o que tinha acontecido... Mas era tarde demais!
Eu não estava disposto a ouvir nenhuma explicação. Não estava disposto a dar ouvidos ao que ele queria me contar. Para mim já não fazia mais diferença, para mim estava tudo acabado!
A minha vida podia continuar muito bem sem a presença dele. Eu quase morri, isso é verdade, mas eu não ia morrer mais. Não por causa dele e isso eu tinha certeza.
A depressão já tinha ido embora e por mais que eu vivesse uma vida vazia, uma vida sem amor, eu era feliz.
Ou não? De repente me peguei pensando nisso. Será que eu era mesmo feliz?
Já tinha pensado nisso várias vezes e mais uma vez essa pergunta voltou a me atormentar? A resposta era simples: NÃO, eu NÃO ERA FELIZ.
Mas não por causa do Bruno. Ou será que ele ainda tinha culpa nisso? Será que eu não era feliz justamente por ele ter me abandonado?
Mas mesmo depois de tanto tempo? Mesmo depois de quase 2 anos? Mesmo depois de tudo o que ele me fez sofrer?
Não... Eu não podia acreditar que ele ainda fazia parte da minha vida... Eu não queria isso, definitivamente eu não queria!!!
- Desgraçado – falei baixinho e automaticamente acabei suspirando.
- Está chorando? – Rodrigo perguntou e em seguida desceu da cama e sentou na minha. – O que foi, mano?
- Não é nada, é só raiva – eu falei. – Está tudo bem.
- Não chora, Cacs! – ele deitou ao meu lado e me abraçou.
Eu fui mais pra trás e deixei ele encostar em mim. Sentir o cheiro do Rodrigo, sentir o calor dele no meu corpo, ia me fazer muito bem!
- Está tudo bem – eu fiquei confiante. – Vai passar. Vai passar.
- Eu mato aquele desgraçado! – Rodrigo bufou.
- Nem se preocupa. O que é dele está guardado.
- O que pretende fazer?
- Nada – falei com sinceridade. – Só esquecer que ele existe. O pior remédio para uma pessoa é a indiferença.
- Nisso você tem razão. É horrível indiferença.
- Pois é isso que eu vou dar a ele: a minha indiferença.
Mas será que eu ia conseguir? Será que eu ia resistir? Será que eu ia aguentar ficar longe dele?
Antes eu era obrigado, afinal ele não estava no país; mas e naquele momento? Ele já tinha voltado e estava na mesma cidade que eu. Se eu quisesse, era só pegar um ônibus para encontrá-lo. Será que eu ia resistir?
Acho que pela primeira vez percebi que não tinha esquecido o Bruno por completo. Foi só ele voltar, foi só a minha mente me trair trazendo tantos detalhes do físico dele que eu me peguei novamente apaixonado. Ou melhor, ainda apaixonado.
Apaixonado por um ogro, apaixonado por um cafajeste... Não, não. Isso não era verdade! Eu não podia estar apaixonado pelo Bruno, não podia!!!
Não era verdade. Eu não estava gostando mais dele. Ele tinha me feito muito mal! Como eu poderia amar alguém que me fez mal? Só se eu fosse sadomasoquista!
Na verdade, o que eu estava sentindo não era amor, não era paixão e nada do gênero. Era apenas ódio. Ódio, muito ódio. Eu só confundi os sentimentos. Não estava mais nutrindo amor pelo Bruno e não podia nutrir nunca mais. Nunca mais mesmo.
- Mais calmo? – perguntou Rodrigo.
- Uhum.
- Então eu vou voltar pra minha cama, mas se você precisar é só chamar, tá bom?
- Obrigado, Digow. Te amo!
- Eu também.
Que bonitinho. Por que aquele garoto não era gay? Por que eu não podia ser feliz com ele? Por que as coisas tiveram que acontecer justamente com o Bruno? Por que não poderia acontecer com o Rodrigo? Essa vida era muito injusta, muito injusta mesmo.
Eu precisava pensar no meu futuro. Precisava pensar no meu trabalho, nos meus amigos, nos meus projetos, meus planos para o ano de 2.008, minhas metas, meus objetivos e precisava pensar principalmente na faculdade. A primeira semana de provas estava se aproximando e eu ainda não tinha estudado toda a matéria. Precisava focar. Focar em qualquer coisa que fosse, mas precisava focar para não pensar no Bruno, para não pensar naquele garoto que quase colocou um ponto final na minha vida.
E
foi justamente nos estudos que eu resolvi focar. Assim que cheguei na faculdade
na manhã seguinte, tratei logo de abrir os livros para engolir as matérias. Só
assim eu não ia mais pensar no Bruno.
- Estudando, garoto? – Marcela se aproximou.
- Pois é. Semana de provas chegando.
- Verdade. Eu ainda não estudei nada.
- Aproveita agora que o professor ainda não entrou.
Economia. Essa era a matéria que eu resolvi estudar, mas a minha única ou maior preocupação com certeza era a Matemática.
Já estava estudando há 2 meses e o meu hall de amigos já tinha aumentado. Com o passar dos dias, além da Marcela e da Jéssica, eu acabei fazendo amizade com mais algumas pessoas e isso acabou me deixando bem contente.
- Bom dia, Caio – falou Fernanda.
- Bom dia, Fê!
- Bom dia, Caio – cumprimentou-me Fernando.
- Bom dia, Nando!
Os xarás eram namorados. Ainda bem que eles tinham apelidos diferentes, senão era capaz que eu me confundisse.
Eu ainda sentava no fundo da sala e ainda bem que continuei lá porque nas primeiras carteiras sentavam dois ou três Brunos. Só de ouvir o nome deles eu ficava com nojo...
- Argh – fiz careta quando alguém chamou um dos xarás do meu ex.
- Que foi? – perguntou Jéssica.
- Nada. Eu só senti nojo porque lembrei de uma pessoa.
- Que horror!
- Estudando, garoto? – Marcela se aproximou.
- Pois é. Semana de provas chegando.
- Verdade. Eu ainda não estudei nada.
- Aproveita agora que o professor ainda não entrou.
Economia. Essa era a matéria que eu resolvi estudar, mas a minha única ou maior preocupação com certeza era a Matemática.
Já estava estudando há 2 meses e o meu hall de amigos já tinha aumentado. Com o passar dos dias, além da Marcela e da Jéssica, eu acabei fazendo amizade com mais algumas pessoas e isso acabou me deixando bem contente.
- Bom dia, Caio – falou Fernanda.
- Bom dia, Fê!
- Bom dia, Caio – cumprimentou-me Fernando.
- Bom dia, Nando!
Os xarás eram namorados. Ainda bem que eles tinham apelidos diferentes, senão era capaz que eu me confundisse.
Eu ainda sentava no fundo da sala e ainda bem que continuei lá porque nas primeiras carteiras sentavam dois ou três Brunos. Só de ouvir o nome deles eu ficava com nojo...
- Argh – fiz careta quando alguém chamou um dos xarás do meu ex.
- Que foi? – perguntou Jéssica.
- Nada. Eu só senti nojo porque lembrei de uma pessoa.
- Que horror!
-
Como você está se sentindo, Caio? – Rodrigo foi me buscar na sala na hora do
intervalo. Fazia muito tempo que isso não acontecia.
- Melhor – suspirei. – Eu acho.
- Conseguiu prestar atenção nas aulas?
- Mais ou menos. Ficaram chamando o nome dele direto, fiquei pensando nele metade do dia. Que ódio!
- Você precisa passar em uma sessão de “desencapetamento”, cara. Tem que tirar esse capeta da sua vida!
- Só você pra me fazer rir, Digow – eu dei um soco no ombro dele e sorri.
- Vamos comer alguma coisa? Estou morrendo de fome!
- Não pode fugir da sua dieta, hein?
- Não vou fugir. Ei, você já comprou o suplemento da academia?
- Ainda não e você?
- Não também, mas o Vini falou que pode, falou que não tem nenhum risco pra saúde e que é só um suplemento mesmo.
- Ele me disse a mesma coisa.
Lembrei de quando conversei com o Vini:
“- Pode comprar, Caio. Isso é só um suplemento para te ajudar no condicionamento físico – falou Vinícius.
- Você tem certeza disso? – ergui as sobrancelhas.
- Absoluta.”
Foi literalmente um flashback. Ainda bem que o Rodrigo me fez lembrar daquela conversa. Eu ia comprar o produto naquela tarde mesmo.
-
Felipe? – chamei meu instrutor.
- Eu?
- Passa o negócio que você me indicou aqui no cartão, por favor?
- Mas você precisa colocar a senha!
- Esse cartão não é de senha, ele é cartão de crédito. Daí você traz a notinha pra mim assinar.
- Ah, firmeza. Já volto já.
Como eu só tinha 40 minutos para treinar, resolvi não perder nenhum segundo com coisas banais. Enquanto ele foi passar o cartão, eu continuei empurrando o peso com as pernas.
- Quer que parcele? – ele voltou e perguntou.
- Posso parcelar em quantas vezes?
- Até 5 vezes.
- Opa, demorou! Isso daí dá pra quanto tempo?
- Depende. Para dar um bom resultado, seria ideal você tomar de 2 à 3 vezes ao dia. Daria para 1 mês mais ou menos.
- Caralho... Aí você fode comigo. Faz assim: passa logo 3 e parcela em 5, vai.
- Porra aí sim, hein?
Se era pra dar resultado, que fosse logo ao extremo. Meu corpo já estava chegando nas condições que eu queria, mas também não era pra menos. Eu já estava fazendo academia há mais de 9 meses interruptamente, salvo a época de final de ano quando a academia fechou.
- Aqui está. Assina e põe o telefone, por favor.
Fiz o que ele me pediu e devolvi a 1ª via do recibo do cartão.
- Onde eu deixo isso daqui? Tem que reservar senão alguém leva.
- Coloca no meu armário, por favor? – tirei a chave do pescoço e entreguei ao meu instrutor.
- Qual que é?
- O 71.
- Beleza. Já volto.
- Valeu.
- Se matando aí, Caio? – Rodrigo começou a fazer massagem nas minhas costas.
- Ui que delícia! – até relaxei as pernas. – Continua, Digow.
- Aqui não, né Cacs? – ele riu.
- Chato! Eu comprei os suplementos pra gente.
- Pra gente? Eu não posso comprar agora, mano...
- Quem disse que você vai pagar? É presente. É nosso. Comprei 3 potinhos.
- Não vou querer.
Rodrigo e eu quase engatamos uma briga por conta disso. Ele ia ficar e não tinha choro nem vela.
- A sua chave – Felipe jogou o cordão e eu peguei no ar.
- Obrigado.
- Eu?
- Passa o negócio que você me indicou aqui no cartão, por favor?
- Mas você precisa colocar a senha!
- Esse cartão não é de senha, ele é cartão de crédito. Daí você traz a notinha pra mim assinar.
- Ah, firmeza. Já volto já.
Como eu só tinha 40 minutos para treinar, resolvi não perder nenhum segundo com coisas banais. Enquanto ele foi passar o cartão, eu continuei empurrando o peso com as pernas.
- Quer que parcele? – ele voltou e perguntou.
- Posso parcelar em quantas vezes?
- Até 5 vezes.
- Opa, demorou! Isso daí dá pra quanto tempo?
- Depende. Para dar um bom resultado, seria ideal você tomar de 2 à 3 vezes ao dia. Daria para 1 mês mais ou menos.
- Caralho... Aí você fode comigo. Faz assim: passa logo 3 e parcela em 5, vai.
- Porra aí sim, hein?
Se era pra dar resultado, que fosse logo ao extremo. Meu corpo já estava chegando nas condições que eu queria, mas também não era pra menos. Eu já estava fazendo academia há mais de 9 meses interruptamente, salvo a época de final de ano quando a academia fechou.
- Aqui está. Assina e põe o telefone, por favor.
Fiz o que ele me pediu e devolvi a 1ª via do recibo do cartão.
- Onde eu deixo isso daqui? Tem que reservar senão alguém leva.
- Coloca no meu armário, por favor? – tirei a chave do pescoço e entreguei ao meu instrutor.
- Qual que é?
- O 71.
- Beleza. Já volto.
- Valeu.
- Se matando aí, Caio? – Rodrigo começou a fazer massagem nas minhas costas.
- Ui que delícia! – até relaxei as pernas. – Continua, Digow.
- Aqui não, né Cacs? – ele riu.
- Chato! Eu comprei os suplementos pra gente.
- Pra gente? Eu não posso comprar agora, mano...
- Quem disse que você vai pagar? É presente. É nosso. Comprei 3 potinhos.
- Não vou querer.
Rodrigo e eu quase engatamos uma briga por conta disso. Ele ia ficar e não tinha choro nem vela.
- A sua chave – Felipe jogou o cordão e eu peguei no ar.
- Obrigado.

Janaína
e Alexia chegaram do almoço pouco tempo depois da minha entrada na filial. As
duas resolveram falar comigo ao mesmo tempo:
- Oi, delicioso – Alexia foi a primeira a me dar os tradicionais beijos no rosto.
- Oi, gatona.
- Tudo bom, meu amor? – Janaína também me beijou.
- Mais ou menos, gostosa e você?
- O que houve? – ela nem respondeu a minha pergunta.
- O Bruno voltou.
- OI?! – as duas ficaram perplexas.
- O Bruno voltou – repeti. – Ele era meu admirador secreto.
- Mentiraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa? – Janaína arregalou os olhos como só ela sabia fazer.
- Infelizmente é verdade. Nós nos encontramos ontem à noite em um restaurante. E eu quase quebrei a cara dele de tanto que bati.
- Merecidamente, diga-se de passagem – comentou Alexia.
- Pois é – suspirei. – Estou com um ódio imenso dele.
- Faço ideia! Por que o seu telefone está caindo na caixa postal? – perguntou Janaína.
- Porque eu joguei o chip fora. Bem lembrado, preciso até comprar outro agora...
- Jogou por causa dele?
- Foi.
- Me conta isso direito, menino! Que babado fortíssimo é esse?
Contei toda a história e elas não perguntaram nada até eu finalizar.
- E como você está se sentindo com relação a ele? – perguntou Alexia.
- Com ódio como já disse.
- E o que achou dele? – perguntou Janaína.
- O filho da puta está mais lindo do que nunca. Puta que pariu, só ficou mais gato nesse tempo.
- Sério?
- Uhum. E eu lá vou mentir com uma coisa dessas? Que ódio, meninas... Que ódio!
- Depois dessa eu fiquei preta passada na chapinha! – Janaína exclamou.
- E eu branca mergulhada num copo de leite – Alexia finalizou o assunto e depois ambas foram para seus respectivos postos de trabalho.
- Oi, delicioso – Alexia foi a primeira a me dar os tradicionais beijos no rosto.
- Oi, gatona.
- Tudo bom, meu amor? – Janaína também me beijou.
- Mais ou menos, gostosa e você?
- O que houve? – ela nem respondeu a minha pergunta.
- O Bruno voltou.
- OI?! – as duas ficaram perplexas.
- O Bruno voltou – repeti. – Ele era meu admirador secreto.
- Mentiraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa? – Janaína arregalou os olhos como só ela sabia fazer.
- Infelizmente é verdade. Nós nos encontramos ontem à noite em um restaurante. E eu quase quebrei a cara dele de tanto que bati.
- Merecidamente, diga-se de passagem – comentou Alexia.
- Pois é – suspirei. – Estou com um ódio imenso dele.
- Faço ideia! Por que o seu telefone está caindo na caixa postal? – perguntou Janaína.
- Porque eu joguei o chip fora. Bem lembrado, preciso até comprar outro agora...
- Jogou por causa dele?
- Foi.
- Me conta isso direito, menino! Que babado fortíssimo é esse?
Contei toda a história e elas não perguntaram nada até eu finalizar.
- E como você está se sentindo com relação a ele? – perguntou Alexia.
- Com ódio como já disse.
- E o que achou dele? – perguntou Janaína.
- O filho da puta está mais lindo do que nunca. Puta que pariu, só ficou mais gato nesse tempo.
- Sério?
- Uhum. E eu lá vou mentir com uma coisa dessas? Que ódio, meninas... Que ódio!
- Depois dessa eu fiquei preta passada na chapinha! – Janaína exclamou.
- E eu branca mergulhada num copo de leite – Alexia finalizou o assunto e depois ambas foram para seus respectivos postos de trabalho.
-
Vamos embora, Caio? – Jonas bateu no meu ombro.
- Vamos – concordei.
- Aproveita que hoje é o último dia que eu vou te levar, hein?
- Ah, é! Já tinha até esquecido que amanhã você entra de férias.
- Valeu pela parte que me toca. Bom saber que eu sou tão insignificante assim na sua vida – ele exagerou.
- Exagerado – eu tirei a minha camisa e fiquei me olhando no espelho. Até que eu estava mesmo ficando gostosinho.
- Admirando a barriga tanquinho? – perguntou um cara do setor de móveis.
- Não está tanquinho – eu me envergonhei e coloquei a camiseta.
Na verdade eu estava é pensando no Bruno. O que será que ele tinha pensado ao meu respeito? Será que tinha me achado mudado?
- Está sim, Caio – falou Jonas.
- Não está, não tem nenhum gominho!
- Mas ela está definida, pô.
- Não como eu desejo. Quero mais.
- Quer ficar igual ao Gabo?
- Deus me livre, também não exagera. Falando nele, como será que ele está?
- Bem. Falei com ele ontem. Ele disse que está bem, que resolveu as coisas...
- Ah, é? O que ele resolveu?
- Não está com nenhuma das meninas, mas falou que vai assumir os dois bebês.
- É o mínimo que ele pode fazer – pensei alto.
- Verdade. São duas meninas.
- Sério? – caí na risada. – Ele disse que queria meninos, que meninas ia dar muito trabalho... Se fodeu!
- De verde, amarelo, azul e branco – Jonas riu. – Vamos?
- Vamos – concordei.
- Aproveita que hoje é o último dia que eu vou te levar, hein?
- Ah, é! Já tinha até esquecido que amanhã você entra de férias.
- Valeu pela parte que me toca. Bom saber que eu sou tão insignificante assim na sua vida – ele exagerou.
- Exagerado – eu tirei a minha camisa e fiquei me olhando no espelho. Até que eu estava mesmo ficando gostosinho.
- Admirando a barriga tanquinho? – perguntou um cara do setor de móveis.
- Não está tanquinho – eu me envergonhei e coloquei a camiseta.
Na verdade eu estava é pensando no Bruno. O que será que ele tinha pensado ao meu respeito? Será que tinha me achado mudado?
- Está sim, Caio – falou Jonas.
- Não está, não tem nenhum gominho!
- Mas ela está definida, pô.
- Não como eu desejo. Quero mais.
- Quer ficar igual ao Gabo?
- Deus me livre, também não exagera. Falando nele, como será que ele está?
- Bem. Falei com ele ontem. Ele disse que está bem, que resolveu as coisas...
- Ah, é? O que ele resolveu?
- Não está com nenhuma das meninas, mas falou que vai assumir os dois bebês.
- É o mínimo que ele pode fazer – pensei alto.
- Verdade. São duas meninas.
- Sério? – caí na risada. – Ele disse que queria meninos, que meninas ia dar muito trabalho... Se fodeu!
- De verde, amarelo, azul e branco – Jonas riu. – Vamos?
-
Obrigado pela carona, chefinho – eu tirei o cinto de segurança e destravei a
porta.
- Por nada, Caio!
- Até a volta – eu fui e dei um abraço no cara. – Boas férias, curte bastante, descansa... E esquece que a gente existe.
- Pode deixar que é isso mesmo que eu vou fazer. Amanhã mesmo eu já estou no avião.
- Vai pra onde?
- Vou pra Maceió. Tenho parentes lá e vou aproveitar para curtir as praias um pouco.
- Mas tem praia aqui, lembra? – eu sorri de brincadeira.
- Mas eu já enjoei das daqui. Quase não frequento mais. Sem contar que as de lá são muito mais bonitas que as daqui.
- Duvido! – exclamei.
- Verdade. São lindíssimas.
- Quem sabe um dia eu conheço?
- É, quem sabe! Boa noite.
- Boa noite. Obrigado pela carona e boas férias.
- Muitíssimo obrigado, Caio.
Desci do carro e fui direto abrindo a porta da minha casa. Quando entrei e olhei pra escada, vi 3 baratas andando pelas paredes e isso me deixou com muito nojo.
Subi as escadas correndo e fui logo avisando aos meninos que nós tínhamos visitas.
- Que visita? – perguntou Vinícius.
- Por nada, Caio!
- Até a volta – eu fui e dei um abraço no cara. – Boas férias, curte bastante, descansa... E esquece que a gente existe.
- Pode deixar que é isso mesmo que eu vou fazer. Amanhã mesmo eu já estou no avião.
- Vai pra onde?
- Vou pra Maceió. Tenho parentes lá e vou aproveitar para curtir as praias um pouco.
- Mas tem praia aqui, lembra? – eu sorri de brincadeira.
- Mas eu já enjoei das daqui. Quase não frequento mais. Sem contar que as de lá são muito mais bonitas que as daqui.
- Duvido! – exclamei.
- Verdade. São lindíssimas.
- Quem sabe um dia eu conheço?
- É, quem sabe! Boa noite.
- Boa noite. Obrigado pela carona e boas férias.
- Muitíssimo obrigado, Caio.
Desci do carro e fui direto abrindo a porta da minha casa. Quando entrei e olhei pra escada, vi 3 baratas andando pelas paredes e isso me deixou com muito nojo.
Subi as escadas correndo e fui logo avisando aos meninos que nós tínhamos visitas.
- Que visita? – perguntou Vinícius.
- Vai lá ver na escada – falei.
- Baratas? – ele falou alto.
Só ouvi o barulho da vassoura nas paredes. Vinícius não sossegou enquanto não matou as intrusas, o que me deixou extremamente agradecido.
- Caio! – Rodrigo saiu ao meu encontro e me deu um abraço apertado. – Como foi seu trabalho?
- Bem e o seu?
- Também.
- Vou tomar banho e estudar. Você já tomou o suplemento?
- Aham.
- É bom?
- Uma delícia! Faz lá pra você ver...
- Vou fazer só para experimentar mesmo.
Só depois do banho eu fiz isso. Quando o líquido bateu na minha boca eu já me senti apaixonado.
- Nossa que delícia – falei.
- Bom, né?
- Pensei que era horrível. Gostei.
- Também.
Eu
estava todo concentrado na matéria quando o meu joelho começou a coçar. Quando
eu afastei o livro e vi aquele negócio preto se mexendo em cima da minha perna,
quase tive um infarto:
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH, AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH...
- Que porra é essa? – Fabrício se assustou.
Eu subi em cima da cama e fiquei literalmente todo arrepiado.
- UMA BARATA! UMA BARATA!!!
- Precisa fazer esse escândalo todo por causa de uma barata? – ele reclamou.
- Ela estava no meu joelho!!! – me defendi.
Que nojo, que nojo, que nojo, que nojo!!! Saí correndo pro banheiro e lavei toda a minha perna debaixo do chuveiro. Que nojo que eu estava sentindo de mim mesmo...
- Que gritaria foi essa? – os meninos estranharam.
- Uma barata no meu joelho – eu ainda estava com o coração a mil por hora.
- BARATA? – Maicon perguntou.
- Sim!
Eu nunca tive medo de barata, mas daquele momento em diante passei a ter pavor. Pavor mesmo porque bastou ver outra andando pela parede que eu já fiquei todo arrepiado.
- MATA ESSA PORRA – gritei.
- A casa deve estar enfestada – falou Vinícius.
- Já mataram a do quarto? – perguntei.
- Não a encontramos ainda. Vai ver que é essa aí.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH – ouvi um grito no meu quarto. Parecia ser o Fabrício.
- O que foi? – Vinícius já estava impaciente.
- ESSA PORRA VOOU PARA O MEU SUVACO – ele gritou.
Só quem ria era o Éverton, o Rodrigo e o Miguel. Maicon, Kléber e eu estávamos era com medo, isso sim!
Só deitei depois que a barata que estava no meu quarto foi assassinada. Não me contentei enquanto não a vi espatifada no chão.
- Agora eu vou dormir, espero que não tenha mais – falei.
- Eu também espero – falou Fabrício.
- Já espalhei veneno por todos os lados, fiquem calmos – disse Vinícius. – Onde já se viu um bando de marmanjos, tudo barbado com medo de uns bichinhos desses?
- Não foi na sua perna que ela subiu – eu reclamei.
- Nem no seu suvaco! – exclamou Fabrício.
Foi um sacrifício pegar no sono. Ao menos ruído que os meus colegas de quarto faziam, eu já arregalava meus olhos imaginando ser outra desgraçada, mas o sono acabou me vencendo e eu adormeci sem maiores transtornos.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH, AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH...
- Que porra é essa? – Fabrício se assustou.
Eu subi em cima da cama e fiquei literalmente todo arrepiado.
- UMA BARATA! UMA BARATA!!!
- Precisa fazer esse escândalo todo por causa de uma barata? – ele reclamou.
- Ela estava no meu joelho!!! – me defendi.
Que nojo, que nojo, que nojo, que nojo!!! Saí correndo pro banheiro e lavei toda a minha perna debaixo do chuveiro. Que nojo que eu estava sentindo de mim mesmo...
- Que gritaria foi essa? – os meninos estranharam.
- Uma barata no meu joelho – eu ainda estava com o coração a mil por hora.
- BARATA? – Maicon perguntou.
- Sim!
Eu nunca tive medo de barata, mas daquele momento em diante passei a ter pavor. Pavor mesmo porque bastou ver outra andando pela parede que eu já fiquei todo arrepiado.
- MATA ESSA PORRA – gritei.
- A casa deve estar enfestada – falou Vinícius.
- Já mataram a do quarto? – perguntei.
- Não a encontramos ainda. Vai ver que é essa aí.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH – ouvi um grito no meu quarto. Parecia ser o Fabrício.
- O que foi? – Vinícius já estava impaciente.
- ESSA PORRA VOOU PARA O MEU SUVACO – ele gritou.
Só quem ria era o Éverton, o Rodrigo e o Miguel. Maicon, Kléber e eu estávamos era com medo, isso sim!
Só deitei depois que a barata que estava no meu quarto foi assassinada. Não me contentei enquanto não a vi espatifada no chão.
- Agora eu vou dormir, espero que não tenha mais – falei.
- Eu também espero – falou Fabrício.
- Já espalhei veneno por todos os lados, fiquem calmos – disse Vinícius. – Onde já se viu um bando de marmanjos, tudo barbado com medo de uns bichinhos desses?
- Não foi na sua perna que ela subiu – eu reclamei.
- Nem no seu suvaco! – exclamou Fabrício.
Foi um sacrifício pegar no sono. Ao menos ruído que os meus colegas de quarto faziam, eu já arregalava meus olhos imaginando ser outra desgraçada, mas o sono acabou me vencendo e eu adormeci sem maiores transtornos.
3
DIAS DEPOIS...
Foi
difícil dissipar o ódio que estava sentindo, mas aos poucos ele foi me
abandonando. A única coisa que não consegui eliminar foi a imagem dele na minha
cabeça.
- Por que você voltou? – perguntei para mim mesmo.
Essa era uma resposta que eu não queria ter. Se dependesse de mim ou da minha razão, eu nunca mais iria trocar uma palavra sequer com o Bruno. Nunca mais!
Mas e o meu coração? Será que ele ia concordar com isso? Será que ele também ia achar que era melhor eu não falar mais com o Bruno? Naquele momento sim, mas no futuro eu não sabia dizer se seria da mesma forma.
Eu estava quase pegando no sono, mas fui bruscamente obrigado a acordar, porque um dos meninos gritou da cozinha:
- UM RATO... AJUDEM AQUI!
- Por que você voltou? – perguntei para mim mesmo.
Essa era uma resposta que eu não queria ter. Se dependesse de mim ou da minha razão, eu nunca mais iria trocar uma palavra sequer com o Bruno. Nunca mais!
Mas e o meu coração? Será que ele ia concordar com isso? Será que ele também ia achar que era melhor eu não falar mais com o Bruno? Naquele momento sim, mas no futuro eu não sabia dizer se seria da mesma forma.
Eu estava quase pegando no sono, mas fui bruscamente obrigado a acordar, porque um dos meninos gritou da cozinha:
- UM RATO... AJUDEM AQUI!
Foi a maior algazarra. Nem mesmo o valentão do Vinícius conseguiu segurar o receio do roedor naquele começo de madrugada.
- Será possível que a gente não pode mais dormir em paz? – reclamou Fabrício.
- Acho que a gente precisa dedetizar essa casa – falou Maicon. – Primeiro foram as baratas e agora é esse rato?
- Tem certeza que é um rato, Miguel? – perguntou Vinícius.
- Absoluta, Vini! Eu vi, eu vi... Ele correu pra lavanderia...
E não é que era mesmo? O bicho estava debaixo da máquina de lavar e era simplesmente enorme.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH – Kléber começou a gritar e subiu na cadeira. Acho que foi nesse momento que ele se denunciou de vez.
- Bichona! – ouvi o Éverton falar para si mesmo, mas nem resolvi brigar com ele. Estava com sono demais para isso.
- Vamos voltar pro quarto? – perguntou Rodrigo.
- Boa ideia. Seja o que Deus quiser.
Meu parceiro e eu voltamos e cada um partiu para sua própria cama. Eu achei a ideia do Maicon boa. Seria bacana dar uma dedetizada.
Mas nós não dormimos mais naquela noite. Não se tratava apenas de um rato, mas de vários e também apareceram outras baratas. A casa estavs mesmo enfestada.
- Esmeralda? Oi é o Vinícius, tudo bom?
Eu estava com muito, muito sono. Se pudesse faltar na faculdade, assim o faria.
Vinícius falou o que estava acontecendo e naquela tarde mesmo a mulher se comprometeu a aparecer na casa para ver o que estava acontecendo. Eu passei a sentir um cheiro de carniça horrível e deduzi que deveria ser algum rato morto nas redondezas, mas isso só o tempo diria.
- Como faremos? – perguntou Kléber. – Eu não durmo aqui hoje nem morto.
- Nem eu – concordou Maicon.
- Eu vou dormir na casa do meu amigo, assim faço o TCC – Fabrício deu de ombros.
- Eu fico na Bruna, mas e vocês? – falou Vinícius.
Ficamos entrando em um consenso. A maioria falou que ia dormir na casa de amigos e no fim das contas, só sobramos o Rodrigo e eu.
- O que a gente faz? – ele perguntou.
- Vou ver se colo na casa da Jana ou da Alexia. Ou em último caso eu fico em um hotelzinho, mas aqui eu não durmo!
- Ah, Cacs... Fica em um hotel comigo? Por favor, eu não quero ficar sozinho...
Meu coração partiu no meio. Rodrigo nem precisou falar mais nada!
- Eu fico com você – falei e senti a minha bochecha esquentar.
- Jura? – ele abriu um sorriso enorme.
- Claro!
- É por isso que eu adoro você!
Dormi em quase toda as aulas da faculdade e tive
muita dificuldade para me concentrar no trabalho. A Eduarda percebeu o que
estava acontecendo:
- O que você tem hoje? Por que está tão molenga desse jeito? Os clientes estão chegando e o senhor não os está abordando por qual motivo?
- Desculpa, chefa... Acontece que eu não preguei os meus olhos essa noite.
- Por qual razão?
- Minha casa está enfestada de ratos e baratas. A gente não conseguiu dormir ontem.
- Sério, Caio? Que nojo! Onde você mora, em um lixão?
- Em uma república, patroa. Não sei o que aconteceu, a gente já chamou a dona da casa pra ela ver o que está acontecendo.
- Tem que mandar dedetizar isso daí, mas é muito bicho?
- Só ontem contamos 4 ratos e 7 baratas. Só ontem, porque esses dias atrás achamos mais 5 ou 6 baratas.
- Que nojo!!! Deus me livre, não quero conhecer sua casa não, obrigada!
- Hoje eu nem vou dormir lá. Vou colar em um hotel.
- Sério, Caio? Se quiser pode ir pra minha casa...
- Não, obrigado. Eu vou pra um hotel com um amigo meu. nós vamos dividir as despesas.
- Ah, entendi. Bom, o convite está de pé!
- Muito agradecido e desculpa por ter rendido pouco hoje.
- O que você tem hoje? Por que está tão molenga desse jeito? Os clientes estão chegando e o senhor não os está abordando por qual motivo?
- Desculpa, chefa... Acontece que eu não preguei os meus olhos essa noite.
- Por qual razão?
- Minha casa está enfestada de ratos e baratas. A gente não conseguiu dormir ontem.
- Sério, Caio? Que nojo! Onde você mora, em um lixão?
- Em uma república, patroa. Não sei o que aconteceu, a gente já chamou a dona da casa pra ela ver o que está acontecendo.
- Tem que mandar dedetizar isso daí, mas é muito bicho?
- Só ontem contamos 4 ratos e 7 baratas. Só ontem, porque esses dias atrás achamos mais 5 ou 6 baratas.
- Que nojo!!! Deus me livre, não quero conhecer sua casa não, obrigada!
- Hoje eu nem vou dormir lá. Vou colar em um hotel.
- Sério, Caio? Se quiser pode ir pra minha casa...
- Não, obrigado. Eu vou pra um hotel com um amigo meu. nós vamos dividir as despesas.
- Ah, entendi. Bom, o convite está de pé!
- Muito agradecido e desculpa por ter rendido pouco hoje.
Só percebi que tinha me acostumado com as caronas
do Jonas na hora de voltar pra casa de ônibus. Mesmo já tendo voltado outras
vezes, ainda não tinha voltado a me acostumar com a tortura de demorar para
chegar em casa.
- Que demora... – Rodrigo reclamou.
- Agora eu venho de ônibus, esqueceu?
- Ah, é!
- Esmeralda, como vai? – eu fui falar com a dona da casa.
- Tudo bom, querido?
- Mais ou menos, né? Não preguei os olhos ontem por causa desses bichos.
- Fiquei sabendo. Eu sinto muitíssimo.
- O que ficou decidido?
- Vou mandar dedetizar. Já matei 2 ratos desde a hora que eu cheguei, mas pelo jeito tem mais. Eu acho que está vindo de um terreno baldio que fica aqui perto. Já chamei a ´prefeitura pra dar uma olhada.
- Por que diz isso?
- Porque lá está cheio de entulho, cheio de móveis velhos... Isso é um local perfeito para a proliferação desses bichos.
- Deus me livre.
- Eu ainda acho que a gente deveria pegar um gatinho – disse Maicon.
- Concordo, Maicon – dei risada.
- TÔ FORA! – Rodrigo bufou e saiu de perto. – Vamos arrumar as nossas coisas, Caio.
- Meninos, podem descontar a diária do hotel no valor do aluguel, tá bom?
- Obrigado, Esmeralda – falou Rodrigo.

Não ficamos em um hotel 5 estrelas, mas também
não dormimos na hospedaria do Seu Manollo. Até que era um lugarzinho razoável.
- Cama de casal? – Rodrigo reclamou quando abriu a porta.
- Casal? – eu me surpreendi.
- Eu pedi duas camas de solteiro! – ele exclamou.
- Que mulher idiota – eu falei. – E agora?
- Quer ir lá reclamar?
- Por mim tanto faz. Eu durmo aí sem nenhum problema – falei.
- Então a gente fica – Rodrigo fechou a porta. – Se não tem problema pra você também não tem problema pra mim.
Engoli em seco.
- Ainda bem que ela vai descontar a diária no nosso aluguel.
- Verdade – concordei.
Depois que a gente se instalou e eu tomei meu banho, foi a hora de decidir qual o lado a gente ia ficar na cama.
- Eu gosto do lado esquerdo – ele falou.
- Então eu fico no direito – dei de ombros.
- Combinado então...
Deitei de lado e senti o meu corpo relaxar. Estava absolutamente cansado demais naquela noite.
- Boa noite, Digow – bocejei.
- Já vai dormir?
- Estou muito cansado...
- Pior que eu também estou, mas perdi o sono. Posso ligar a televisão?
- Uhum. Sem problema.
Com o sono que eu estava, não ia me importar com nenhum ruído e foi isso mesmo que aconteceu. Dormi rapidinho e só acordei na manhã seguinte. Pelo menos eu consegui descansar.
- Cama de casal? – Rodrigo reclamou quando abriu a porta.
- Casal? – eu me surpreendi.
- Eu pedi duas camas de solteiro! – ele exclamou.
- Que mulher idiota – eu falei. – E agora?
- Quer ir lá reclamar?
- Por mim tanto faz. Eu durmo aí sem nenhum problema – falei.
- Então a gente fica – Rodrigo fechou a porta. – Se não tem problema pra você também não tem problema pra mim.
Engoli em seco.
- Ainda bem que ela vai descontar a diária no nosso aluguel.
- Verdade – concordei.
Depois que a gente se instalou e eu tomei meu banho, foi a hora de decidir qual o lado a gente ia ficar na cama.
- Eu gosto do lado esquerdo – ele falou.
- Então eu fico no direito – dei de ombros.
- Combinado então...
Deitei de lado e senti o meu corpo relaxar. Estava absolutamente cansado demais naquela noite.
- Boa noite, Digow – bocejei.
- Já vai dormir?
- Estou muito cansado...
- Pior que eu também estou, mas perdi o sono. Posso ligar a televisão?
- Uhum. Sem problema.
Com o sono que eu estava, não ia me importar com nenhum ruído e foi isso mesmo que aconteceu. Dormi rapidinho e só acordei na manhã seguinte. Pelo menos eu consegui descansar.
NO
FINAL DE SEMANA...
- Não precisa ir comigo, Caio – ele falou.
- Quero ir com você, Digow – bati o pé.
- Você é que sabe, espero que não se arrependa depois.
- Por que diz isso?
- Por nada. Então vamos logo que eu não tenho mais tempo a perder.
Peguei as minhas coisas e fechei a porta do quarto. Eu estava muito feliz por estar de volta e por não ter nenhuma visita inesperada.
- Quero ir com você, Digow – bati o pé.
- Você é que sabe, espero que não se arrependa depois.
- Por que diz isso?
- Por nada. Então vamos logo que eu não tenho mais tempo a perder.
Peguei as minhas coisas e fechei a porta do quarto. Eu estava muito feliz por estar de volta e por não ter nenhuma visita inesperada.
A Esmeralda falou que eles acabaram com mais de 20 baratas e cerca de 8 ratos. Eu achei um número grande demais e não levei aquilo em consideração. Algo me dizia que a mulher não estava falando a verdade.
- Tão bom estar de volta em casa, né?
- Verdade – concordei.
Durante o trajeto a gente quase não trocou ideia. Eu estava me perguntando o que ele ia fazer com o Bruno e por que estava tão cismado em encontrá-lo...
Optei por ficar atrás de um poste. Eu não queria que o Bruno me visse e muito menos queria encontrar o idiota do Vítor. Se isso acontecesse, muito provavelmente eu não iria conseguir me segurar e ia acabar partindo pra briga com ele também.
- Pois não? – ouvi a voz de uma mulher.
- Eu queria falar com o Bruno, por acaso ele está aí?
- Não, não está!
- E o Vítor?
- O Vítor sim. Só um momento.
E se ele me visse ali? O que iria acontecer?
Olhei para um lado, olhei para o outro e acabei encontrando o Murilo. Ele estava em cima de uma lage, sem camisa e estava soltando pipa. Era mesmo um molecão, mas um lindo molecão!
- Quem é você? – ouvi a voz do idiota do melhor amigo do meu ex.
- Eu queria falar com o Bruno, você sabe onde ele está?
- E quem é você?
- Um velho amigo dele. Sabe onde ele está ou não?
- Sei! Ele está aqui na casa da avó dele, vem comigo.
Como eu imaginava. Vítor andou com o Rodrigo até a casa da avó dele e foi logo abrindo o portão.
- Entra aí...
- Não, eu espero aqui – meu amigo falou.
- Então tá!
Aquela casa... Foi naquela casa que eu perdi a minha virgindade! Foi naquela casa que eu fiquei com ele pela primeira vez...
Minutos depois o desgraçado apareceu. Lindo... Lindo demais pro meu gosto. Ele estava usando uma camiseta branca, uma bermuda preta e tinha os cabelos arrepiados. Um verdadeiro colírio para os meus olhos...
- Desgraçado – falei baixinho.
- Rodrigo? – Bruno se espantou. – O que você está fazendo aqui? Quer conversar comigo?
- Eu não vim aqui para trocar ideia, Bruno – Rodrigo bufou.
- Então para que veio?
- PRA ISSO SEU IDIOTA!
Rodrigo acertou um soco na boca do Bruno e quando eu menos esperei, o sangue começou a jorrar na face do meu ex-namorado.
- VOCÊ É LOUCO? – ouvi o Vítor defender o idiota do Bruno.
- Isso é o que você merece por ter feito o que fez com o Caio – Rodrigo foi veemente. – Bom dia!
E dizendo isso meu amigo deu as costas e saiu andando.
- VOLTA AQUI, COVARDE – Vítor gritou.
- Deixa, Vítor – Bruno segurou na mão do melhor amigo. – Ele tem razão, é isso que eu mereço mesmo. Vamos entrar...
- Você é louco? – eu perguntei quando ele chegou perto de mim.
- Eu precisava fazer isso, Caio – ele segurou no meu ombro. – Eu precisava!
- Por que? Você está louco, é?
- Porque eu não engoli o que ele fez com você. Não engoli e não engulo. Eu precisava fazer isso, a minha mão estava coçando.
- Eu não sei nem o que te falar.
- Não fala nada – ele olhou nos meus olhos. – Não fala nada. Eu te espero hoje em casa.
Fiquei com essa frase na cabeça. “Eu te espero
hoje em casa...”. O que será que ele queria dizer com aquilo?
- Pensando no Bruno? – perguntou Alexia.
- Não. Estou pensando no Rodrigo.
- No Rodrigo? – ela estranhou.
Não deveria ter falado isso.
- É que o aniversário dele está chegando e eu não sei o que comprar – não menti por completo.
- Ah!
Isso era mesmo verdade, mas eu não estava pensando nele nesse sentido, muito ao contrário.
Não sosseguei enquanto não cheguei em casa. A curiosidade estava me matando.
- Olá – falei quando entrei no quarto.
- E aí, tudo bem? – ele desviou o olhar da tela da tevê e fixou os olhos em mim.
- Sim e por aqui? Alguma barata?
- Por enquanto não – ele sorriu. – Nós estamos praticamente sozinhos.
- Ah, é? Onde estão todos?
- Vini e Fabrício nos mesmos lugares de sempre, Maicon e Éverton na balada e os irmãos estão no outro quarto.
- Hum... Posso te fazer uma pergunta?
- Quantas você quiser.
- Por que você disse que ia me esperar aqui em casa?
- Porque sim ué! Não posso esperar meu melhor amigo pra gente trocar uma ideia?
- Claro que pode!
- Então?
Me decepcionei. Por um instante eu cheguei a pensar que ele queria...
- Vou tomar banho. Tem janta?
- Tem sim, eu que fiz.
As gororobas do Digow eram sempre meio esquisitas, mas naquele dia ele caprichou no arroz com bife. Ficou tudo muito bom, mas eu não comi muito para não fugir da minha dieta.
- Estava muito bom – falei quando voltei ao quarto.
- Fecha a porta?
- Ah, é!
Eu esquecia que ele e o Fabrício eram grilados com o Miguel e o Kléber.
- O que está passando aí?
- Um programa na televisão à cabo, mas está uma porcaria.
- Ah! Vou deitar e dormir então.
- Posso deitar com você? – pelo jeito ele estava tímido porque a voz saiu como um sussurro.
- Pode – dei de ombros.
Nós dormimos juntos no hotel 2 dias seguidos e nada aconteceu. Não seria ali, naquela cama de solteiro que iria acontecer, né?
- Então cola mais pra lá, meu...
Fiz o que ele me pediu e imediatamente eu senti os braços dele envolverem o meu corpo.
- Não sei como estou tendo coragem pra isso, mas tudo bem – ele falou.
- Coragem pra quê?!
- Pra deitar aqui com você. Lembra da última vez?
- Não quero nem me lembrar – abri um sorriso sem graça. – É melhor esquecer.
Rodrigo levantou, desligou a luz, fechou a janela, desligou a televisão e enfim voltou pro meu lado. Sinceramente, eu estava achando tudo aquilo muito estranho.
- Você tem alguma coisa da faculdade pra fazer? – ele perguntou.
- Não e você?
- Não. Eu já adiantei o meu.
- Que bom! Está com sono?
- Nem um pouco e você?
- Só um pouquinho. Me faz cafuné pra eu dormir? – pedi.
- Faço, mas eu não quero que você durma.
- Por quê?!
- Porque quero conversar com você.
- Conversar? Sobre o quê?!
- Eu pensei muito nesse um mês e pouquinho que a gente quase não se falou, Caio...
- Pensou?
- Pensei muito... – ele acariciou o meu rosto. – E eu cheguei a uma conclusão...
- Qual conclusão? – engoli em seco.
- Que eu acho que gosto de você.
- Isso eu já sabia – brinquei.
- É sério, Caio. Eu fiquei muito mal quando aquilo aconteceu, mas ao mesmo tempo eu fiquei muito balançado. Eu não queria aceitar que isso estava acontecendo, mas depois de muito pensar eu resolvi jogar tudo pro alto e liguei o botão “foda-se”.
- Como assim?
- Sou hetero, sempre serei, mas eu acho que eu posso... Digamos... Experimentar o que é ficar com um garoto. Mas esse garoto tem que ser você, não pode ser nenhum outro...
Simplesmente não pude acreditar no que eu estava ouvindo. Era bom demais pra ser verdade!!!
- HÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃ? – eu me espantei e muito.
- Eu sempre vou ficar com mulheres porque eu gosto de mulheres, mas hoje, nesse momento, agora... Eu quero ficar com você!
Eu estava sonhando? Será que era isso que estava acontecendo? Eu NÃO ACREDITEI no que ouvi, de verdade...
- Hoje não é 1º de abril, Digow – falei baixinho.
- E quem disse que eu estou brincando? – ele continuou fazendo carinho em mim. – Caio, você desperta algo a mais em mim. Eu não sei explicar o que é...
- Tem ce-certeza di-disso? – fiquei gago de repente.
- A-acho que sim...
AI MEU DEUS... O meu coração foi parar fora do corpo. Parecia que eu estava vivendo um sonho, literalmente um sonho!
Não falei mais nada. Eu já estava muito travado e não sabia mais o que fazer ou se deveria fazer alguma coisa.
Ele também parecia travado, mas depois de uns segundos ele disse:
- Ainda mais depois que o Bruno voltou... Percebi que gosto mesmo de você...
- Ve-verdade?
- É... Só tenho muito medo. Medo de estragar a nossa amizade.
- Eu também tenho esse medo – falei baixinho.
- Mas como eu te disse, eu só quero experimentar e nada mais que isso. Não espere uma relação, não espere um namoro, não espere que eu caia de amores aos seus pés...
- Tu-tudo bem. Eu en-entendi.
Fechei meus olhos e prensei um lábio no outro. A respiração dele foi parar no meu rosto e de repente, eu senti o corpo dele em cima do meu.
- Fica comigo, Caio? – a voz dele foi direto no meu ouvido esquerdo.
- U-uhum – tremeliquei.
Como eu poderia dizer NÃO para um PRÍNCIPE ENCANTADO como o RODRIGO?
Senti os lábios dele na minha bochecha e automaticamente fiquei parado como uma estátua. Prendi totalmente a minha respiração e senti uma gota de suor escorrer pela lateral do meu rosto. Aquilo não estava acontecendo, aquilo não era verdade...
Mas era. A boca do Rodrigo demorou a chegar na minha, mas isso finalmente aconteceu. Ele deixou os lábios imóveis e também prendeu a respiração. Eu não sabia o que fazer... Não sabia se deveria ou não ceder ao beijo, não sabia se devia ou não fazer algum movimento... Eu estava tão apreensivo e amedrontado que a minha cabeça até começou a doer. O que eu devia fazer afinal de contas???
Um comentário:
WHAT??? Finalmente!!! Simplesmente lindo está parte Caiô. Precisou que o Bruno voltasse para que o Rodrigo quisesse experimentar com um garoto. E TINHA que ser com você, ninguém menos, ninguém mais. Esperando ansioso pelo próximo mais a noite. Mas falando do capítulo em si, o Rodrigo é um parceirão mesmo, adorei o fato dele ter ido atrás do Bruno apenas para soca-lo. Só quero ver o que vá rolar em seguida.
Dann Oliver
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