quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Último Capítulo

Rodrigo e eu suspiramos ao mesmo tempo.
O que quer que fosse que ele tivesse pra me contar, já estava me matando de curiosidade.
Será que ele estava apaixonado por mim? Será que a nossa amizade já não era mais amizade e sim um amor entre homens?!
- Não sei nem por onde começar – ele falou.
- Que tal pelo começo? – eu brinquei.
- Bobo – pelo jeito ele estava sorrindo.
Como da vez anterior, eu estava sentindo o cheiro da pele dele e estava sentindo também o frescor daquele hálito gostoso. Isso já me deixou totalmente à mercê de qualquer coisa que viesse a acontecer.
- Eu gosto tanto de você, Cacs – ele suspirou.
- E eu de você, Diguinho.
- Mas eu tenho medo...
- Tem medo? Medo de quê?
- Medo de confundir as coisas e fazer uma burrada!
- Como assim?
- Ah, Caio... Não se faça de idiota, você sabe do que eu estou falando.
- Sei sim – confirmei. – E eu sinto o seu medo também.
- Então? Como a gente faz?
- Hã? Como assim?
- Como a gente faz? Você está com medo, eu estou com medo... E agora?
Ele estava falando mesmo aquilo ou aquilo novamente era um sonho?
- Não sei – fui sincero. – Não sei nem o que você quer fazer!
- Eu não quero fazer nada – ele riu. – Nada mesmo.
- Ué? Então por que me fez essa pergunta?
- Eu digo isso com relação ao que está acontecendo, Cacs.
- Ah! Sei lá... O que você sente por mim?
- Carinho, respeito... Eu gosto de você.
- Em qual sentido?
- Como amigo, como irmão... E só!
- Só? – eu senti um frio na barriga.
- Sim, Caio! Eu sei que a gente está confuso, que isso que está acontecendo não é normal... Mas é só isso que eu sinto por você, entende?
- Entendo...
Na madrugada daquela segunda eu fiquei tão confuso, mas tão confuso que durante o dia eu até chorei, sabia?
- Chorou? – me preocupei.
- Chorei sim – ele desceu o dedo pra minha nuca. – Eu não sou gay, Caio.
- Em nenhum momento eu falei isso, Diguinho!
- Sei que você não falou, mas é o que parece, sabe? As minhas atitudes, o que está acontecendo agora... Enfim...
- Então por que você está aqui na minha cama? Por que está abraçado comigo? Por que está fazendo carinho em mim? – eu senti vontade de chorar.
- Porque eu sou seu amigo, seu irmão e acima de tudo, porque eu gosto de você. A gente só não pode confundir as coisas, tá bom?
- Mas naquele dia pareceu que você queria ficar comigo, Digão!
Ele ficou calado e desceu a mão pelas minhas costas.
- Eu nem sei o que te falar, Caio – ele deitou o queixo no meu braço.
- Fala a verdade, fala que você quer como eu também quero...
- Você quer ficar comigo? – ele me perguntou.
- Lógico que quero, Diguinho! Eu quero isso desde aquele dia...
Ele suspirou.
- Você tem sido um fofo comigo, tem me dado tanta atenção, tanto carinho... – eu continuei. – Eu acho que me apaixonei por você!
- Mas isso não pode acontecer, Caio! – ele exclamou. – Nós somos amigos, lembra?
- Lembro, claro que lembro!
- Eu não quero confundir as coisas, sabe?
- Eu também não, Diguinho... Eu também não quero confundir nada...
- Nos últimos tempos eu não tenho feito mais nada a não ser pensar em você, sabia?
- Eu também – falei. – Não fiz mais nada a não ser pensar em você!
- E isso está me deixando louco, muito louco...
- A mim também, ainda mais sem saber o que você sente por mim...
- Já disse o que sinto por você!
- Posso te fazer uma pergunta?
Como o cheiro dele estava gostoso...
- Pode sim.
- Você ficaria comigo?
- Difícil essa pergunta, hein? Tem um lado meu dizendo que sim, mas tem outro dizendo que não...
- Então você já mudou de ideia, porque eu te fiz essa pergunta um tempo atrás e você disse que não!
- Eu sei. Eu sei disso. E não sei por qual motivo isso está acontecendo.
- Qual o lado mais forte? O do sim ou o do não?
- O do não, Caio. O do não... Eu acho que eu não consigo...
- Ei... – eu puxei os ombros dele pra trás e grudei a minha testa na dele. – Não fica pensando na sociedade, não fica pensando em paradigmas... Pensa em você, pensa em mim, pensa na gente...
- Não estou pensando na sociedade, eu quero que a sociedade se foda... O problema não é esse!
- E qual o problema?
- Sou eu, Caio. O problema sou eu! Eu acho que não ia conseguir...
- E se... E se a gente tentar?
Silêncio. Senti o ar dele na minha boca.
- Te-tentar?
- É... Tentar?
- Acho melhor nã-não – ele afastou o rosto do meu. – Eu não conseguiria te beijar, Caio.
- Tudo bem – concordei. – Eu não vou te forçar a nada.
- Te agradeço muito.
- Quer voltar pra sua cama? – perguntei, totalmente frustrado.
- Não. Eu quero ficar aqui. Posso?
- Você ainda pergunta?
- Posso te pedir uma coisa?
- O que você quiser – soltei.
- Vamos dar um tempo. Deixa eu pensar mais um pouco, deixa eu refletir sobre esse sentimento... Eu acho que eu só estou... Carente!
- Então deixa eu tirar essa carência, Diguinho! Eu consigo fazer isso...
- Sei que sim, mano. Sei que consegue, mas eu tenho muito medo, entende? Muito medo mesmo!
Pior é que eu entendia o que ele estava passando. Entendia perfeitamente porque todas aquelas dúvidas, todo aquele medo, já tinha feito parte da minha vida antes.
- Eu te dou o tempo que você quiser – falei por fim.
- O-obrigado por me... Entender!
- Eu te entendo mais do que você pode imaginar. Eu já passei por tudo isso antes.
- Me abraça? – ele perguntou baixinho.
Agarrei o Rodrigo com todas as forças que eu tive. Deitei a cabeça dele no meu ombro e nós ficamos ali, abraçados, calados e sem saber o que fazer.
- Eu gosto muito de você – ele falou.
- E eu de você. Muito, muito mesmo.
Naquele dia eu não fiquei excitado, mas quando senti os nossos volumes tocarem um no outro, foi impossível segurar a ereção e o mesmo aconteceu com ele.
- Ficou com a barraca armada, Cacs? – ele perguntou. A voz parecia tímida.
- Desculpa, não consegui segurar mais.
- Eu também fiquei...
- Eu estou percebendo – engoli em seco.
- Desculpa, tá?
- Não precisa pedir desculpas. Ao contrário: esse é só mais um sinal que você quer tanto quanto eu.
- Hã? – ele se espantou.
- Se você ficou excitado, é porque você sente vontade, Diguinho – fui direto ao ponto.
- Na-nada a ver – ele recuou o quadril. – Eu sempre fico assim quando alguém me abraça desse jeito!
Não botei fé naquela afirmação. Se ele ficou excitado, é porque sentia algo, é porque tinha vontade.
- Não vou discutir isso agora, Diguinho – dei um beijinho no pescoço dele. – Quer dormir?
- Eu estou sem sono – ele suspirou. – E elétrico demais para dormir.
- Quer que eu te ajude a relaxar? – passei a minha mão na barriga dele.
- Co-como?
- Eu posso... Te ajudar com isso – coloquei a minha mão de leve em cima da cueca dele.
Não fiz nada, absolutamente nada. Só deixei a minha mão em cima do volume e nada mais, mas isso foi suficiente para ele travar todo o corpo e ficar sem respiração.
- Nã-não... Nã-não – ele tirou a minha mão de onde estava e virou de costas. – Nã-não co-consigo, não consigo!
- Calma, fica tranquilo – eu o abracei e beijei a nuca dele. – Não precisa ficar nervoso.
- OK...
- Posso... Ser indiscreto? – engoli em seco.
- Po-pode.
- Quanto ele mede?
Digão ficou calado por um tempão. O meu coração estava a milhão por hora e eu só conseguia ouvir o barulho dos meus batimentos cardíacos e o barulho das nossas respirações.
- 19 – ele gaguejou muito para falar isso.
QUE DELÍCIA! Engoli em seco várias e várias vezes só de pensar na delícia que aquilo seria. Eu tinha que dar um jeito dele relaxar e deixar eu brincar com aquilo.
- Hum... É grande – foi o que eu falei.
- É...
Acariciei o rosto do meu amigo. O coitadinho ainda estava meio tenso, mas pelo jeito estava conseguindo relaxar aos poucos. Bem lentamente, muito lentamente mesmo eu fui descendo a mão direita pelo tórax dele e só parei quando senti o tecido da cueca.
Naquele momento ele não tirou a minha mão e eu entendi que aquilo era um sinal verde para eu continuar com o que tinha começado...
Talvez ele quisesse tanto quanto eu. Desci mais um pouco a mão e coloquei de novo em cima do volume. Estava mais duro que uma pedra e parecia estar imensamente quente...
Eu dei uma analisada com os dedos e tentei imaginar se aquilo media mesmo 19 centímetros. Ao que me parecia, a medida estava correta. Não que eu fosse um expert em tamanho de pênis, mas o dele era um pouco grandinho demais para ser pequeno e um pouco pequeno demais para ser grandinho. A palavra certa é: NORMAL.
Não era um Vinícius da vida, mas também não era um pau que passava desapercebido. A verdade era que dava pra brincar e brincar muito com aquele dote do Rodrigo.
Fui mais além. A vontade de ficar com ele estava falando mais alto e eu não medi mais as minhas atitudes. Quando percebi, estava abaixando a cueca dele e algo pulou pra fora sem nem pestanejar.
- AH – ele arfou e ficou estático. Poderia jurar que o menino estava com os olhos arregalados.
- Calma – falei. – Quer que eu pare?
Silêncio. Rodrigo não se mexeu, não se movimentou, não respirou e não falou nada. Novamente eu entendi esse ato como um sinal verde para eu continuar.
Mas eu resolvi dar um tempo pro meu amigo. Eu fiquei parado, na minha, com a mão na barriga dele. Se fosse pra continuar, em algum momento ele ia falar. Eu não queria traumatizar o garoto e muito menos forçar a barra. O Rodrigo era muito meu amigo para eu estragar os nossos anos de amizade com uma bobagem daquelas. Eu só ia continuar se ele permitisse.
Meu próprio pênis saltou da cueca quando eu me remexi para ajeitar as minhas pernas. Não o coloquei pra dentro e continuei esperando o Rodrigo dar sinal verde ou vermelho para a nossa brincadeira.
Foi quando eu notei a respiração dele ofegante demais que eu fui ver o que estava acontecendo. Ele estava se masturbando!
- Safadinho – falei no ouvido dele.
Rodrigo ficou calado e enfiou a cara no meu travesseiro. Eu segurei no braço dele e acompanhei os movimentos com a mão em cima da dele. Em algum momento ele ia ter que parar e me deixar continuar. Ou não?
Sim! Isso aconteceu. Quando ele tirou a mão, lentamente eu me apoderei do pau dele. À princípio fiquei parado. Não era grosso e estava um pouco peludinho demais. Eu acariciei aquele dote e continuei de onde ele parou.
- Viu só? – falei. – Não precisa ficar com medo de mim.
Mas ele tirou a minha mão. Tirou e ele mesmo continuou a punheta. Fiquei frustrado.
- Diguinho?
Ele ficou calado. Acho que estava mergulhado na vergonha, tadinho.
- Eu posso... Experimentar? – perguntei no ouvido dele.
- NÃO! – Rodrigo deu um salto da cama. – Não... Não... Não... Não... Não... Não... Não... Não... Não... Não... Não eu não sou viado... Eu não sou viado...
- Calma, Rodrigo – eu me desesperei e broxei imediatamente. – Diguinho, vem cá...
- NÃO... Eu sou hetero... Eu sou hetero... Eu sou hetero... Eu não sou viado, eu sou hetero... Eu não posso fazer isso, não posso... Eu sou hetero...
- Calma, Rodrigo – eu andei e trombei com ele, mas ele se afastou de mim.
- Não... Por favor, não...
- Ei, fica calmo – que vergonha. Eu senti vontade de chorar. – Fica calmo, eu não vou fazer nada com você...
As lágrimas desceram rosto afora. Eu tinha acabado com a minha amizade com o Rodrigo. Acabado!
- Diguinho – eu acendi a luz e o vi acuado do lado da cômoda. – Diguinho, olha pra mim, olha pra mim...
Me ajoelhei na frente dele. O menino estava tremendo e muito, muito assustado.
- Ei? Eu não vou fazer mais nada, eu prometo!
- Não... Eu não quero... Quero não...
- Calma, por favor – eu tentei abraçá-lo, mas ele não deixou.
- Sai... Sai daqui... Sai daqui... Não chega perto de mim... Por favor não faz nada...
- Eu não vou fazer... Não vou fazer nada... – prometi. – Eu juro que não vou fazer!
- Então me deixa... Me deixa aqui... Sai daqui...
- Eu saio... Eu saio... – meu coração batia irregularmente. – Não fica assim, por favor...
Me afastei e ele continuou lá no chão, sentado e abraçado aos joelhos. Nunca imaginei que isso pudesse acontecer com nós dois.
Chorei em silêncio e voltei pra minha cama. Abracei o meu travesseiro e o arrependimento tomou conta de mim.
O Rodrigo era hetero, HETERO! Eu jamais, JAMAIS poderia ter feito aquilo com o meu melhor amigo. Ou EX-melhor amigo...
Estraguei a nossa amizade. Coloquei um ponto final em um relacionamento incrível por uma bobagem... Por um momento de carência...
Sim, porque foi isso que aconteceu. A minha amizade com ele tinha ido por água abaixo por uma criancice da minha parte e isso eu não ia me perdoar nunca. Nunca!
Depois de uns 15 minutos, ele levantou e voltou para perto de mim, já mais calmo.
- Ca-caio?
Olhei pra ele, mas o vi todo borrado por causa das lágrimas.
- De-desculpa – ele falou. – Me perdoa...
- Eu é que tenho que te pedir desculpas – falei. – Eu sou um idiota!
- Não fala assim – ele também chorou e deitou ao meu lado de novo. – Idiota aqui sou eu!
- Não, você não é idiota! – eu exclamei. – Você tem razão, Diguinho... Você tem toda razão... Você é hetero, você não é viado! Eu não tinha que ter feito isso...
Nos abraçamos e choramos feito duas crianças com fome. Uma corrente elétrica passou por dentro de mim e ficou parada no meu peito. Que abraço gostoso e verdadeiro foi aquele...
- Me perdoa... Me perdoa, por favor – ele falou.
- Não... Não tem que pedir desculpas, Diguinho. A culpa foi toda minha!
- Não... Não foi... A culpa é minha! É toda minha... Eu tenho medo, mas eu quero... Eu queria, mas eu tenho medo, eu tenho muito medo... Muito medo...
- Não fala nada, não fala nada – eu falei. – Fica quieto, por favor.
- Me abraça, Caio... Me abraça forte, por favor... Me protege, me protege do meu medo, Cacs...
E foi aí que eu desesperei de vez. Eu o agarrei com mais força ainda e nós ficamos lá na minha cama, abraçados e chorando.
Eu fui um idiota! Como eu pude insistir em algo que não ia dar certo? Por que eu fui fazer aquilo? Se o Rodrigo estava daquela forma, a culpa era minha. Totalmente minha!
Acho que o cansaço nos venceu, porque quando eu abri os olhos na manhã seguinte, a gente ainda estava do mesmo jeito.
- Rodrigo? – a minha voz estava grogue e rouca.
- Hã? – ele gemeu.
- Já amanheceu – eu falei. – Acorda, Diguinho...
Ele se mexeu e abriu os olhos lentamente.
- Que horas são?
- Eu não sei. Meu celular não está aqui...
- Ai – ele gemeu de dor quando sentou na cama.
- O que foi?
- Torcicolo no pescoço – ele massageou a nuca.
Eu também estava meio dolorido, principalmente nas costas. Quando levantei, a gente não se fitou e também não falamos mais nada. Acho que não tinha mais nada para ser dito, né?
Ele saiu do quarto sem abrir a boca. Eu estava receoso. Talvez a ficha tivesse caído de vez... Talvez ele não quisesse mais falar comigo... Talvez nós não fôssemos mais amigos...
Nem quando ele voltou nós conversamos. Eu saí pro banho sem trocar um olhar sequer com o Digão e isso me cortou o coração.
- Ele não vai mais falar comigo...
E isso aconteceu mesmo. 15 dias se passaram e nós quase não trocamos ideia. Rodrigo e eu íamos pra faculdade juntos, íamos pra academia juntos, mas quase não nos falávamos. Nem no intervalo da faculdade a gente conversava mais.
- Você brigou com o seu irmão? – perguntou Marcela.
- Mais ou menos – eu não queria falar sobre o assunto.
- Que pena. Faço votos que se resolvam.
- Obrigado, Marcela!
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A Janaína e a Alexia não aguentavam mais ver a minha cara de desânimo.
- Ainda não voltaram a se falar? – Janaína perguntou.
- Não – confirmei. – E isso está me matando.
- Calma, uma hora ele volta a falar com você. Ele precisa de um tempo.
- Eu sei. E é por isso que eu não tenho insistido em conversar com ele.
Porém, ficar sem falar com o Diguinho me matava. Eu gostava tanto dele, mas tanto que era uma tortura olhar pra ele e não poder dar um abraço... Mas eu tinha que me acostumar. Tinha que me acostumar porque a culpa daquilo tudo foi minha, somente minha e de mais ninguém.
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DIAS DEPOIS...
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As mensagens do admirador estavam vindo a todo vapor. Cada uma mais romântica que a outra:
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“Por que você está tão monossilábico ultimamente?”.
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Eu não tinha falado pra ele o que havia acontecido, mas decidi abrir o jogo de uma vez para ele não ficar me fazendo perguntas:
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“Briguei com meu melhor amigo. Eu estou péssimo!”.
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Pronto. Bastou isso para o fulano ficar desesperado. Ele demonstrou muita preocupação comigo e isso me deixou ainda mais encafifado. Quem diacho era aquele cara?
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“Eu não aguento mais, Caio. Eu quero te ver. Posso?”.
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Se fosse em outro momento, se eu estivesse numa boa com meu irmão, eu ficaria feliz desse momento acontecer, mas naquelas circunstâncias eu nem dei valor ao que ele me mandou.
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“Depois de mais de um mês você vai querer me ver agora? Não acha que é muito tarde pra isso não?”.
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Por que ele só quis me ver naquele momento? Para se aproveitar da minha fragilidade?
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“Eu já te chamei antes, você que não quis... Posso te ver? Por favor?”.
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Fiquei resistente. Algo dentro de mim estava pedindo para tomar cuidado e prestar atenção no que estava acontecendo, afinal eu não sabia de quem se tratava, não é mesmo?
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“A gente vê isso depois...”.
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O dito cujo encheu tanto o meu saco que em um determinado momento eu liguei pra ele. Queria colocar um fim de uma vez por todas naquela palhaçada.
Mas quem disse que ele me atendeu? Ele não atendeu o meu telefonema e ainda teve a cara de pau de mandar a seguinte mensagem:
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“Adorei que você me ligou...”.
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Discarado de uma figa! Se ale adorou, por que não me atendeu?
O cara foi muito persistente. Ele me cercou de todas as formas e quando eu finalmente me cansei e cedi ele sossegou o facho.
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“A gente pode se ver domingo?”.
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Não. No domingo não ia dar. Eu ia trabalhar. Ele ia ter que esperar até a minha folga.
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“E quando você está de folga?”.
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- Jonas, quando é a minha próxima folga de domingo mesmo? – perguntei.
- 11 de maio. Já esqueceu?
- Esqueci sim. Estou com tantos problemas na cabeça que nem lembro mais o meu próprio nome.
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“11/05.”.
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Não tardou para o último torpedo do dia chegar:
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“Mal posso esperar para esse dia chegar então. Boa noite, o meu crédito acabou. Beijinho, fica com Deus. Eu gosto muito de você.”.
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11 DE MAIO DE
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Aos poucos, o meu relacionamento com o Diguinho estava voltando ao normal. Na ida para a faculdade a gente já conversava um pouco e isso aliviou e muito o meu pobre coração.
- Vai sair, Caio? – ele perguntou.
- Vou sim – confirmei.
- Hum...
A única coisa que faltava era nosso abraço e ele voltar a me olhar nos olhos, mas eu sabia que com o tempo isso ia voltar a acontecer. Como já havia passado um mês desde o incidente, eu já estava bem mais calmo e tranquilizado.
Antes de terminar de me arrumar, eu entrei na internet, dei uma conferida nos meus recados do Orkut e depois procurei o nome do restaurante que o admirador e eu íamos nos encontrar. Eu acabei me surpreendendo.
O tal do restaurante se chamava “Le Cigale” e aparentemente parecia ser excelente, mas também um pouco caro demais. Quem na minha roda de convívio que tinha dinheiro para me levar em um restaurante daqueles? NINGUÉM.
Então automaticamente eu pensei que era uma fraude. Cheguei a pensar em desistir, cheguei até a tirar a minha calça, mas quando eu li a mensagem que ele me mandou no celular, a minha curiosidade atiçou novamente:
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“Você deve estar lindo, muito cheiroso e um verdadeiro príncipe. Estou contando os segundos para te encontrar. Você gosta de chocolates?”.
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“Adoro chocolates...”.
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Voltei a me arrumar. A curiosidade estava falando mais alto. Como ele tinha marcado comigo em um lugar movimentado, eu decidi ir e entreguei tudo nas mãos de Deus.
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Cheguei ao estabelecimento e fiquei meio perdido. Não sabia o que fazer, não sabia se deveria escolher uma mesa ou se deveria esperá-lo fora do restaurante.
- Boa noite – um cara foi me recepcionar. – O senhor deseja uma mesa?
- Na verdade eu não sei – falei. – Eu estou a procura de uma pessoa.
- Ah, entendo. Desculpe, como o senhor se chama?
- Caio. Por quê?
- Caio Monteiro?
- É... – fiquei boquiaberto. – Caio Monteiro...
- Por favor, me acompanhe. Há uma mesa reservada para o senhor.
Uma mesa reservada pra mim? Como assim? Eu segui o cara e ele me levou a uma área diferenciada, onde havia apenas uma mesa.
- Por favor, fique à vontade – disse o funcionário.
- Obrigado...
Eu entrei e meus olhos se perderam no meio de tanta beleza. A mesa estava forrada com uma toalha vermelha e havia um castiçal com duas velas no centro dela.
Havia também vasos de flores por todos os lados, um balde com uma garrafa de champanhe e de algum lugar estava saindo uma música muito suave, muito suave mesmo.
- Por favor, sente-se. O seu anfitrião já irá chegar.
- Quem é o meu anfitrião? – olhei pro moço.
- Não estou autorizado a dizer o nome, perdoe-me. Queira sentar-se aqui, por gentileza.
- Obrigado...
Ele me fez sentar na cadeira que ficava de costas para a entrada do local. Eu sentei, me arrumei e fiquei me sentindo um idiota. Quem teria feito tudo aquilo para mim?
- Deseja alguma coisa, senhor?
- Não, obrigado. Eu estou bem assim.
- Perfeito. Com licença.
- Tudo bem, obrigado.
As minhas mãos começaram a suar frio. Eu estava tremendo um pouco e a minha barriga estava muito, muito gelada. Será que era o Rodrigo?
Se fosse ele, aquela seria a hora perfeita pra gente fazer as pazes. Seria a hora perfeita para deixar a nossa relação “nos conformes”. Eu queria muito, muito mesmo que ele fosse o meu admirador secreto.
Fiquei contando os segundos mentalmente. Ele estava demorando muito. Já havia passado mais de 15 minutos e o tal do anfitrião não deu as caras. Será que ele havia desistido?
A resposta é não. Depois de mais ou menos 5 minutos, eu fui surpreendido com um embrulho imenso no formato de coração. Esse presente tomou conta dos meus olhos. Eu não sabia que ele tinha entrado no local e acabei levando um susto com essa aparição.
Engoli em seco e me virei lentamente, mas era melhor que não tivesse feito isso.
Ainda bem que eu estava sentado, porque se tivesse em pé, muito provavelmente eu teria desmaiado de susto e desgosto.
Eu simplesmente não pude acreditar que aquilo estava acontecendo. Não era o Rodrigo, não era o Vítor e não era ninguém que convivia diretamente comigo.
Eu não sabia o que fazer, não sabia o que falar, não sabia se deveria falar alguma coisa, ou se simplesmente ficava calado, mergulhado na minha incredulidade.
Entretanto, foi automático. Eu não consegui conter a minha perplexidade e quando eu menos esperei, a minha boca se abriu e o nome dele saiu sem que eu precisasse fazer nenhum esforço sequer:
- BRUNO???????????????????????????????????????????

3 comentários:

Anônimo disse...

Esse foi o pior capítulo de todos. A cada dia que passava eu ficava mais ansioso por mais capítulos e acho que perdi meu tempo. Odeio muito o Bruno e achei que o que estava acontecendo com o Caio e Rodrigo daria certo, aí entro no site e vejo que esse é o último capítulo é já penso mais ainda que daria certo e eles se envolveriam, mas o que acontece é o Bruno perseguir o Caio e acaba do nada assim, sem mais nem menos. O Caio e o Rodrigo nem tiveram uma resolução na amizade e nem no amor. Não gostei nem pouco.

Unknown disse...

Eu também não gostei perdi o meu tempo eu queria que o caio e o Bruno se entendese

Marcus Luiz disse...

Onde está o capítulo 01
Queria ler desde do começo