Definitivamente, o Murilo era bem interessante, mas não deveria curtir a fruta.
- O que está olhando, Caio? – perguntou Vítor.
- Os meninos jogando bola. Você chamou aquele garoto de Murilo?
- Isso. É esse o nome dele. Gatinho, né?
- Bastante. Ele mora por aqui?
- Ele mora, ele é meu vizinho. Todos eles moram aqui nas redondezas.
- E qual a idade dele? – não parei de conferir aquele garoto correndo. Ele parecia ser o líder do grupo, porque não parava de dar ordens aos meninos.
- Ele tem 15 ou 16 algo assim. Já se interessou, né?
- Claro, gato. Não sei por que, mas eu tenho uma tendência a gostar de novinhos. Ele é bem o meu número.
- Papa anjo!
- Um anjo desses eu papava fácil, mas ele não deve curtir a fruta.
- Aí é que você se engana!
- Brincou? – eu me virei e fitei o Vítor.
- Estou falando sério. O Murilo é bi. Ele pega os dois sexos e pega muito, hein?
- Como você sabe?
- Ele tem fama de “pegador” aqui na rua, mas só eu sei que ele é bi porque eu já peguei – Vítor deu risada.
- E ele é bom?
- Pra caramba. É novinho, mas sabe fazer as coisas. Não fala pra ninguém que eu te contei isso, ninguém pode saber.
- Tranquilo. Preciso frequentar essa rua mais vezes, a paisagem aqui é muito boa.
- Isso por que você não viu o que eu vi – Vítor riu de novo. – Vi e peguei!
- Me conta? Como é?
- Lindo. Ele é todo lindo esse moleque.
Lindo, lindo, lindo ele não era. Faltava muito para chegar nesse patamar, mas ele tinha algo que fazia com que ele se sobressaísse aos demais. Talvez fosse o jeito de moleque e a cara de safado que ele tinha.
- Carinha de safado – analisei mais profundamente.
- Isso mesmo. Enfim, não quer entrar mesmo?
- Enfim... Não, não. Valeu. Tem certeza que você não me mandou nenhuma mensagem no celular?
- Absoluta.
- Não estou botando muita fé, mas tudo bem!
- Quer tirar a prova? Eu te mostro meu celular...
- Palavra de honra que não foi você?
- Dou a minha palavra de honra! – a fisionomia do Vítor não mudou nada enquanto nós conversamos. – Já disse que não fui eu. Só queria saber o motivo de tanto interesse nessas tais mensagens.
- Interesse? Isso não é interesse e justamente por não ser interesse que eu estou fazendo essas perguntas. Beleza, se você diz que ele não foi você, eu vou acreditar. Se isso for uma brincadeirinha sua, ouça bem o que eu estou te falando: você vai me pagar caro se estiver mentindo.
- Assim você me deixa preocupado, Caio – ele ficou mesmo com a feição alterada. – E com medo também.
- Se não quer ficar com medo, me fala a verdade.
- Não, te mandei nenhuma mensagem – Vítor foi veemente. – Quantas vezes eu vou ter que te falar isso?
- Então beleza. Melhor que não seja mesmo. Era só isso, Vítor. Muito obrigado pelas suas informações.
- Eu, hein? Que coisa mais esquisita... O que está acontecendo afinal de contas?
- Não é nada que lhe diga respeito. De toda forma, muito obrigado. E não esqueça do que eu te falei.
- Não quer mesmo entrar?
- Não, valeu. Meus amigos estão me esperando. Bom dia, Vítor.
- Bom dia, Caio.
Eu dei meia volta, analisei pela última vez o corpo daquele garoto e caminhei sentido orla.
Não tinha certeza se ele estava falando a verdade ou se estava omitindo alguma coisa. Ao mesmo tempo que o Vítor me pareceu sincero, algo estava me dizendo que havia alguma coisa por trás daquilo tudo...
Pelo sim e pelo não, eu resolvi optar em acreditar no Vítor. Seria muito melhor tirar aquele peso da minha consciência. Se ele falou que não foi ele que me mandou aquelas mensagens, é porque não foi ele mesmo. Para que o Vítor me esconderia esse fato se este fosse verdadeiro?
A não ser que ele estivesse realmente a fim de mim e quisesse me conquistar com aquelas mensagens chatas. Ou simplesmente quisesse brincar com a minha cara. Será que era isso?
Encontrei com os meus amigos no local combinado. Todos já estavam jogando o futebolzinho na areia da praia e, sem pestanejar, eu me uni a eles.
- E aí? – Digão me olhou com curiosidade.
- Não é ele.
- Eu te disse que não era.
- Na verdade você me disse o contrário, mas tudo bem.
- Aquilo foi só uma hipótese, mas eu a descartei muito rapidamente. Vem, vamos jogar nossa pelada e esquecer que o filho da puta existe.
- Você falou tudo agora!
Há muito eu não me divertia tanto. A partida foi só comigo, o Rodrigo, o Fabrício, o Vini, o Maicon e o Éverton. Os irmãos Kléber e Miguel não quiseram ir com a gente porque tinham muita coisa da faculdade para fazer.
Eu também tinha. Ainda faltavam duas ou três matérias para deixar em ordem, mas como eu estava de folga naquele domingo, resolvi aproveitar um pedaço do meu dia para me divertir com meus amigos.
- Chega – Fabrício secou a testa e parou de jogar. – Já está ficando quente demais.
- Qual é, Fabrício? Não aguenta um solzinho na moleira? – perguntou Éverton.
- Aguentar aguento, mas preciso de um tempo. Quero mergulhar um pouco.
- O Fabrício tem razão – Vini era o único que estava de sunga branca. – Eu também preciso de um tempo.
- Como vocês são moles, hein? – Éverton foi o único que não queria ficar parado.
- Dá um tempo – falou Maicon. – A gente precisa de um fôlego.
Já passava do meio dia e a praia estava começando a ficar cheia. A gente não ia conseguir ficar jogando por muito mais tempo.
Acho que foi a primeira vez que eu vi o Fabrício usando sunga, mas ele parecia todo incomodado.
- O que foi? – perguntou Rodrigo. – Que cara é essa?
- Essa sunga que está apertando meu saco. Odeio isso!
Caímos na gargalhada. Eu e o Digão estávamos tomando sol. A cicatriz na barriga do meu melhor amigo havia praticamente sumido, mas ainda era aparente e chamou um pouco a atenção.
- Preciso fazer minha tatuagem logo, não aguento mais ver as pessoas olhando pra minha barriga – o coitado ficou chateado.
- Felaxa e goza, deixa o povo pra lá.
- Gozar só mais tarde, Caio – ele sorriu. – Agora não dá!
-Ah, é? E com quem vai fazer isso?
- Com as Playboys da vida.
- Affe – virei os olhos. – Que lixo.
- Prefere que eu suje o seu lap top?
- Não, obrigado. Pode colar as páginas da sua revistinha. Ainda bem que essa cicatriz aí não ficou com quelóide.
- Verdade. Graças a Deus. Se tivesse ficado eu não poderia pegar sol.
Deitei de bruços e ouvi um suspiro por parte do meu amigo. Por que será que ele havia suspirado? Deixei o sol queimar as minhas costas, mas rapidamente tive que mudar de posição senão ia acabar fritando.
- Vamos mergulhar? – propus.
- Só se for agora!
Digão estava com uma sunga vermelha que o deixou lindíssimo. A tonalidade do tecido contrastou com o branco da pele dele e ele não passou nada desapercebido pela praia.
- Depois você fala que eu é que estou chamando a atenção – comentei. – Está todo mundo olhando pra você.
- Na verdade acho que é pra você, você está mais gostoso que eu.
- Nada a ver, cala a boca... – fiquei sem graça.
A água não estava tão fria quanto eu esperava. Percebi que o Vinícius e o Fabrício estavam praticamente no meio do oceano de tão longe que eles estavam.
- Vamos lá com os meninos? – perguntou Rodrigo.
- Longe assim? – me amedrontei.
- Não diga que tem medo?
- Não, na verdade mais ou menos.
- Anda logo, para de ser medroso – Digão me puxou pela mão.
O que me deixou encucado foi o fato dele cruzar os dedos aos meus enquanto nós avançamos no meio da água.
Que friozinho gostoso na barriga... Quando a água ficou na altura do meu tórax eu comecei a ficar com medo de verdade.
- Ai, Jesus...
- Relaxa e goza! Não foi isso que você falou pra mim? – ele me fitou.
- Gozar agora não vai rolar – falei.
- Idiota! Vem logo.
Quando uma onda envolveu todo o nosso corpo, eu senti vontade de sair correndo. Assim que a minha cabeça voltou ao ar fresco, eu quase matei o Rodrigo:
- Que susto... A culpa é sua – até tossi porque engoli um pouco de água salgada.
- Re-relaxa – ele também tossiu.
- Nâo podemos passar daqui – disse Fabrício. – Pra lá é perigoso já.
- Aqui é perigoso – eu falei.
- Está com medinho, Caio? – Vini caiu na gargalhada.
- Não quero me afogar, dá licença?
Os três começaram a me zoar. Quando uma onda envolveu os nossos corpos, o Rodrigo me empurrou pra baixo e me fez ficar submerso por um tempinho.
Fiquei completamente sem ar quando voltei a superfície, mas até que isso foi divertido. Eu entrei na brincadeira e resolvi deixar o medo de lado. Eu estava seguro com os meus amigos. Não estava?
- Vamos voltar? – perguntou Fabrício.
- Vamos – falou Vinícius. – Já refresquei o calor mesmo.
- Onde estão o Éverton e o Maicon? – perguntou Fabrício.
- Cuidando das nossas coisas – respondeu Rodrigo.
- Ah, ainda bem.
Nem precisamos fazer esforços para voltar até a areia. As próprias ondas nos levaram e isso foi extremamente divertido, mas um pouquinho perigoso. E se um de nós fosse sugado para o fundo do mar?
Pisar na areia fez a segurança voltar ao meu corpo. O Vini estava andando na minha frente e eu percebi que a sunga dele estava um pouco transparente demais.
- Vini?
- Oi?
- Sua bunda está aparecendo.
- Está? Olha a minha cara de preocupado – ele sorriu.
- Só você mesmo para usar sunga branca, Vini.
- Vai dizer que não está gostando?
- Gostando? – eu sorri. – Eu estou amando!
- Safado.
A disputa para ver quem ia tomar banho primeiro foi complicada.
- Eu desisto – falei. Vocês que se decidam aí, eu fico por último.
- Eu estou com o Caio – falou Fabrício. - Cansei de tanta criancice.
Fabrírio e eu ficamos encostados na parede esperando os bonitões se decidirem. Não quisemos ficar em outro cômodo da casa para não sujar o chão de areia.
Quem venceu a briga foi o nanico. Ele foi o primeiro, em seguida foi o Vini, depois o Maicon e por fim o Digão.
- Quem vai? – perguntou Fabrício.
- Pode ir você. Eu espero sem problema.
- Valeu. Você é foda.
Meu colega tentou bagunçar o meu cabelo, mas como ele estava cheio de areia e sal, os dedos dele ficaram presos nos fios e até me machucaram.
- Puxa, Caio – Fabrício riu. – Seu cabelo já foi bom um dia!
- Muito engraçado, Fabrício – eu puxei a cabeça para trás. – Muito engraçado.
Depois que sequei o último copo e terminei de arrumar a cozinha, eu fui direto pro quarto para colocar a lição da faculdade em ordem.
A Marcela foi uma verdadeira lady ao permitir que eu ficasse com o caderno dela durante todo o final de semana. Foi isso que me salvou e foi graças a esse gesto, que eu consegui deixar tudo em ordem.
Acabei a última matéria quando o Fantástico começou. As minhas costas estavam doendo e eu estava me sentindo muito, muito cansado.
Fabrício e Vinícius não estavam em casa. Como de costume, o Vini foi passar a noite na casa da Bruna e o Fabrício mais uma vez disse que tinha um trabalho pra fazer na casa de um amigo, mas eu não acreditei muito naquela história.
- Olá – Rodrigo entrou no quarto.
- Olá, como vai? Você vem sempre aqui?
- Normalmente todos os dias da semana e você?
- A mesma coisa.
- Pronto, Caio. Eu já colei as páginas da Playboy – meu amigo subiu em sua cama e suspirou.
- E você não me chamou pra assistir?
- Até parece.
- E onde está a revista?
- Está com o Éverton. Ele me pediu emprestada.
- Que nojo, Digão! – exclamei. – E vocês ficam fazendo isso é?
- Qual o problema? Fabrício, Vini e eu sempre fizemos isso. Não tem nada de errado nisso.
- Gente... Eu preciso me aproximar mais de vocês! Como eu nunca fiquei sabendo disso?
- A gente sabe ser discreto. Você pode apagar a luz?
- Só espera eu terminar de arrumar aqui?
- Ah, beleza!
Vi uma camiseta e uma bermuda caírem no chão. Ele tinha ficado só de cueca. Como o dia estava muito, muito quente eu tive certeza que ele não ia querer cobertor.
Arrumei tudo o que tinha pra arrumar e bocejei vagarosamente. Também tirei a minha roupa e fiquei de cueca e em seguida, desliguei a luz.
- Fecha a porta, por favor – ele mandou.
- Por que? – estrenhei.
- Porque eu e o Fabrício combinamos que vamos fechar todas as noites.
- Mas por qual motivo?
- Porque é melhor assim. Vai que um dos caras entra e vê o Fabrício pelado e a gente de cueca?
- E qual o problema nisso?
- O problema se chama Kléber e Miguel. Entendeu agora?
- Ah, saquei.
Pelo Kléber eles estavam certos, mas pelo Miguel? Será que o irmão do Kléber também era do babado?
Me espreguicei e deitei na cama. O sono me envolveu muito rapidamente e em questão de segundos eu não quis saber de mais nada.
“Foi um barulho ensurdecedor. Eu acordei e me sentei abruptamente na cama, com meu coração batendo no mesmo ritmo da bateria de uma escola de samba.
- Que diabo é isso? Que diabo é isso? – olhei para todos os lados, ainda um pouco atordoado.
Rapidamente senti alguém subir na minha cama. Seria o Rodrigo? Será que ele tinha caído da cama?
- Digow? Você caiu da cama?
- Não – a voz dele estava grave e baixa. – Eu apenas desci.
- E o que está fazendo na minha cama? – eu ainda estava meio atônito.
- Não fala nada – ele me empurrou e deitou ao meu lado.
- Ei...
Foi então que ele subiu em cima do meu corpo. Eu, que já estava assustado, nesse momento fiquei perplexo e paralisado. Por que ele estava fazendo aquilo?
- Digow? O que você está fazendo? – perguntei. Eu senti as veias do meu pescoço pulsarem na mesma velocidade do meu coração.
- Algo que eu quero fazer há muito tempo, algo que eu já deveria ter feito há muito tempo...
- Você está louco? Sai de cima de mim! Sai da minha cama!
- Não – ele depositou a cabeça no meu ombro e cheirou o meu pescoço. – Eu não vou sair daqui.
- Digow...
- Cacs, não fala mais nada, tá bom?
Senti a mão dele acariciar os meus cabelos. Eu não estava acreditando que aquilo estava acontecendo!
- Você está louco, mano? – eu estava incrédulo.
- Estou, Caio! Eu estou louco! Louco por você, garoto! Será que você não percebe isso?
Louco... por mim?! Eu tinha ouvido aquilo mesmo?
Os lábios quentes e sedosos do meu amigo beijaram o meu rosto e aos poucos foram se aproximando dos meus lábios. Será que ele queria...
- Eu quero – a voz dele estava doce, terna e muito sexy – fazer algo que eu nunca fiz antes...
- O quê?! – perguntei baixinho.
Não resisti. Segurei no meu amigo e o abracei com muito carinho. Eu estava amedrontado, é verdade, mas eu não ia deixar que esse medo tomasse conta de mim e me impedisse de aproveitar aquele momento.
- Isso...
Foi tudo muito rápido. Quando eu percebi, Rodrigo e eu já estávamos nos beijando.
Foi um beijo lento, à princípio tímido e cauteloso, mas aos poucos, muito aos poucos, as coisas foram avançando e sem mais nem menos, a língua dele invadiu a minha boca e procurou a minha incansavelmente.
Eu cedi. Brinquei com a língua do meu amigo e o beijo passou a acontecer de verdade. Eu não podia acreditar que aquilo estivesse acontecendo. Não podia...
O hálito fresco do Digão me deixou arrepiado e não demorou nadinha para que eu ficasse totalmente sem ar. Sem ar, com o coração acelerado, a pele arrepiada e o...
Uma mão dele ficou na minha nuca e a outra acariciou o meu rosto. Eu imitei os seus gestos e fiquei brincando com uma mecha de seu cabelo, enquanto acariciava sua pele com a outra mão.
Nossas línguas não pararam de brincar um segundo sequer e de repente, nossos lábios começaram a emitir o barulho do nosso beijo. Isso nos denunciou. Era a comprovação que aquilo estava de fato acontecendo.
Rodrigo e eu estávamos nos beijando! E eu não podia querer nada melhor do que aquilo!
Era como a realização de um sonho. O perfume delicioso da pele daquele garoto invadiu o meu nariz e me deixou ainda mais excitado, se é que isso era possível.
Senti algo duro, muito duro, roçar o meu baixo ventre. Era inacreditável que aquilo estivesse acontecendo.
Finalmente nós estávamos nos beijando, finalmente nos estávamos unidos em nossos sentimentos, unidos em nossa cumplicidade, unidos em uma química simplesmente perfeita.
Eu não queria mais sair daquele lugar, eu não queria mais que aquele momento acabasse. Tudo o que eu queria, era que aquele beijo fosse eterno, que aquele beijo se perpetuasse por toda a eternidade.
Ele beijava bem, muito bem. Era carinhoso, era dócil, era calmo. De vez em quando, ele mordia o meu lábio e eu o dele, mas nem por isso parávamos de enroscar as nossas línguas e de mover as nossas cabeças.
Foi então que ele decidiu parar. Isso me frustrou, me deixou irritado. Quem disse que ele tinha que parar?
- Cacs – ele suspirou e beijou o meu pescoço.
- Digow – eu sussurrei o nome dele.
- Te amo – Rodrigo grudou a testa na minha.
- Me... ama?
- Muito. Muito mesmo...
- Eu também te amo, Digow!
Mais um beijo, mas esse foi muito, muito curto e me deixou mais frustrado ainda.
- Não aguento mais, Cacs – ele grudou novamente as nossas testas. – Eu tenho que te fazer uma pergunta!
- Que pergunta? – coloquei as duas mãos no pescoço dele e abri meus lábios. O sabor daquele beijo ainda estava na minha boca.
- Você... você quer... namorar comigo, Cacs?
Nenhum comentário:
Postar um comentário