D
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epois
que a sensação de prazer acabou, eu senti o meu corpo muitíssimo cansado e
pesado.
Rodrigo ainda soltou dois ou três gemidos baixos e enfim relaxou por completo. Ele repousou os braços ao lado do corpo, mas em pouco tempo segurou no meu rosto e disse:
- Caio?
- Oi?
- Eu te sujei muito?
Passei a língua pelos meus lábios.
Rodrigo ainda soltou dois ou três gemidos baixos e enfim relaxou por completo. Ele repousou os braços ao lado do corpo, mas em pouco tempo segurou no meu rosto e disse:
- Caio?
- Oi?
- Eu te sujei muito?
Passei a língua pelos meus lábios.
- Um pouco.
- Desculpa aí, mas você foi culpado. Quem mandou ficar na mira?
- Eu não liguei nem um pouco, Digow – mordi os lábios e em seguida sorri. Eu queria mais.
- Ah... Eu estou sujo demais, preciso de um banho...
- Eu preciso também – concordei. – Digow?
- Hum?
- Você... Gostou?
Silêncio. Eu estava com medo da resposta.
- Muito – ele falou muito baixo.
- Mesmo? – falei na mesma altura.
- Mesmo – ele garantiu.
Eu sentei na cama, subi meu corpo, cheguei perto dele e disse:
- Quer mais?
Percebi que o meu amigo sorriu pelo barulho que fez com os lábios.
- Agora não – ele acariciou meu queixo. – Nossa! Sua cara está toda melada, Cacs... Que nojo!
- Nojo nada – falei para mim mesmo.
- Cruzes... Posso tomar banho primeiro?
- Uhum – fui e dei um beijo na bochecha dele.
- Então eu já volto. Não saia daqui.
Para onde eu iria? Dei risada sozinho e fiquei muito feliz quando ele acendeu a luz. Pela segunda vez desde que o conhecera, tive a oportunidade de analisar o Rodrigo pelado.
Entretanto, novamente só consegui conferir a bunda porque ele não virou de frente para mim um segundo sequer e isso me deixou muitíssimo frustrado.
Era um bumbum como outro qualquer, só o que me admirou foi uma leve marca de sunga. Só bastou isso para o meu tesão voltar com força total.
- Já volto – ele me lançou um olhar, mas rapidamente tirou os olhos do meu corpo, afinal eu ainda estava pelado.
- Por que não tira essa toalha aí, hein? – perguntei.
- Não, seu safadinho! Já volto...
Ele deixou a luz acesa. Eu respirei fundo e fechei meus olhos. ainda estava custando a acreditar que aquilo tinha acontecido...
Por que ele não quis beijo? E por que não aceitou sexo oral? Será que iria ficar só naquela punheta? Ou será que a minha intuição estava certa e ia acabar rolando de novo?
Várias perguntas tomaram conta do meu cérebro e eu acabei ficando confuso. Queria e precisava saber se ia rolar de novo e a primeira coisa que fiz quando o Rodrigo voltou, foi perguntar se isso poderia ou não acontecer novamente:
- Digow?
- Hum?
- Posso te fazer uma pergunta?
- Pode, Cacs.
- Isso poderá acontecer de novo?
- Depende. Vai depender do meu momento, Caio. Hoje rolou porque eu quis experimentar, saber como era... Mas não sei se vou sentir vontade de novo, sacou?
- Mas você disse que gostou.
- Gostar eu gostei, mas isso não significa que eu vá querer de novo. Por isso te disse para não criar expectativas.
- Entendi – suspirei.
- Agora eu posso te pedir uma coisa?
- O que você quiser.
- Se veste, por favor? – ele sorriu.
- Ah, eu vou pro banho também.
- Enquanto você toma banho eu troco a cama. Ela está imunda.
- A culpa foi toda nossa.
- Verdade.
Entrei no chuveiro já com o pau duro novamente. Bati uma pensando no Rodrigo, pensando em como seria bom experimentar aquele pau...
- Posso entrar?
- Quem é?
- O Miguel.
- Entra – falei.
Lavei meus cabelos duas vezes. Odiava lavar cabelo à noite, mas foi o jeito que teve.
- Obrigado por me deixar entrar, Caio!
- Por nada, Miguel.
Só saí da ducha quando bati a segunda punheta. Como eu queria experimentar o Rodrigo por completo...
- Coloquei esse lençol na sua cama, tudo bem?
- Beleza, Rodrigo. Eu gosto dele. Onde está o outro?
- Jà coloquei pra lavar. Ninguém pode saber do que aconteceu.
- Juro que não saberão. Vai dormir agora?
- Uhum e você?
- É o que me resta.
Deitei na minha cama crente que ia ficar sozinho, mas não fiquei. Depois que desligou a luz, Rodrigo tirou os chinelos e se aninhou ao meu lado, me abraçando e dizendo:
- Me perdoa se eu te decepcionei, Caio...
- Por que diz isso?
- Porque você queria mais e eu não consegui fazer... Eu fiquei confuso, fiquei com medo, sabe?
- Uhum – pior é que eu entendia ele.
- Eu sei que você queria me chupar e tudo mais... Desculpa ter bloqueado, tá?
- Não fica pensando nisso – eu abracei o cara com força. – Foi bom assim... Eu prometi para mim mesmo que não ia te obrigar a nada!
- Você é foda, sabia? Eu te amo demais...
- Nâo mais do que eu te amo!
Rodrigo suspirou profundamente e me deu um beijo bem demorado na bochecha.
Pronto. Ficamos calados e abraçados e assim, nós adormecemos.
Por
incrível que pareça, no dia seguinte foi como se nada tivesse acontecido. Como
de costume o Rodrigo me acordou, nós nos levantamos, tomamos banho e fomos pra
faculdade como todos os dias. Isso me deixou bem aliviado porque pensei que
talvez ele pudesse me tratar de uma forma diferenciada após o ocorrido.
- Boa aula, Cacs Monteiro – ele apertou meu braço. – Estuda direitinho, hein?
- Pode deixar, Digow Carvalho – sorri e ele retribuiu. – Boa aula pra você também.
Naquela manhã eu tive duas atividades. Uma de matemática e outra de TGA. A cada dia que passava as provas se aproximavam mais. Faltava menos de uma semana para a tortura começar.
- Vamos pro intervalo? – Marcela me puxou pelo braço. – Eu estou louca para comer um hot dog.
- Faz tanto tempo que não como cachorro quente...
- Por que não me acompanha?
- Não – balancei a cabeça negativamente. – Não quero sair da minha dieta.
- Às vezes você parece até mulher com essa dieta, gato. Eu, hein?
- Filha, por acaso você acha que é fácil manter esse corpinho aqui? Tenho que me regrar de muitas coisas. Nem me lembro quando foi a última vez que comi chocolate.
- Deus que me livre, se eu ficar sem comer chocolate eu fico louquinha.
- Eu também – a Jéssica se meteu.
Era evidente que a Jéssica não ficava sem comer chocolates. O rosto dela parecia até um “Chokito” de tanta espinha que ela tinha, se bem que os dermatologistas não correlacionam uma coisa com a outra.
- Oi, gente – Rodrigo nos encontrou na fila.
- Oi – disseram as meninas.
- E aí, mano? – eu sorri. – Como está sendo seu dia?
- Uma merda e o seu?
- Digo o mesmo.
- Nossa como vocês são animados!
- Odeio fazer atividade surpresa – Rodrigo bufou.
- Eu também – concordei.
- Rodrigo, me acompanha em um cachorro quente? – perguntou Marcela.
- Só se for agora!
-
Não quero ir pra academia hoje – meu melhor amigo fez bico.
- Por qual motivo, razão ou circunstância? – indaguei.
- O Felipe vai mudar meu treino. Eu estou com medo, Cacs! Me ajuda? Me socorre, por favor...
- Que bonitinho – eu caí na gargalhada. – Mas vai ser bom pra você ficar gostoso, Digão...
- Quer dizer que eu não sou gostoso? – ele cruzou os braços.
- Pior que é – eu suspirei e lembrei da noite anterior. – Pensamentos eróticos, sai desse corpo que não te pertence!
Rodrigo caiu na gargalhada, passou o braço pelo meu pescoço e nós saímos da universidade. Fazia um final de manhã extremamente nublado.
- Será que chove? – ele olhou pro céu.
- Com certeza chove.
- Tomara. O calor precisa ser amenizado.
- Verdade.
- Caminhamos pelas ruas da Barra da Tijuca com muita tranquilidade. Nem ele, nem eu queríamos malhar naquele dia.
- Por qual motivo, razão ou circunstância? – indaguei.
- O Felipe vai mudar meu treino. Eu estou com medo, Cacs! Me ajuda? Me socorre, por favor...
- Que bonitinho – eu caí na gargalhada. – Mas vai ser bom pra você ficar gostoso, Digão...
- Quer dizer que eu não sou gostoso? – ele cruzou os braços.
- Pior que é – eu suspirei e lembrei da noite anterior. – Pensamentos eróticos, sai desse corpo que não te pertence!
Rodrigo caiu na gargalhada, passou o braço pelo meu pescoço e nós saímos da universidade. Fazia um final de manhã extremamente nublado.
- Será que chove? – ele olhou pro céu.
- Com certeza chove.
- Tomara. O calor precisa ser amenizado.
- Verdade.
- Caminhamos pelas ruas da Barra da Tijuca com muita tranquilidade. Nem ele, nem eu queríamos malhar naquele dia.
Janaína
nem me perguntava mais nada a respeito do Rodrigo. Acho que a coitada ouviu
tantos “não rolou” que já não tinha mais esperanças ao nosso respeito.
E eu também não me senti confortável para falar o que tinha acontecido entre meu amigo e eu. Ela provavelmente iria ficar me enchendo de perguntas, talvez quisesse saber de detalhes e eu não estava disposto a abrir a intimidade do Rodrigo com ninguém. Além do mais, eu havia prometido que aquilo iria ser mantido em segredo. E foi isso que aconteceu.
E eu também não me senti confortável para falar o que tinha acontecido entre meu amigo e eu. Ela provavelmente iria ficar me enchendo de perguntas, talvez quisesse saber de detalhes e eu não estava disposto a abrir a intimidade do Rodrigo com ninguém. Além do mais, eu havia prometido que aquilo iria ser mantido em segredo. E foi isso que aconteceu.
- Boa tarde – eu me aproximei de uma cliente que tinha os cabelos muito brancos. – Posso ajudar?
- Quanto é esse sofá, filho?
Será que ela não estava vendo a placa?
- R$ 899,00.
- Tudo isso? Tem algum em promoção?
Suspirei e pedi forças a Deus. Eu sabia que iria perder boa parte do meu dia com aquela mulher.
E só foi quando ela finalizou a compra que me informou que era analfabeta.
- É que eu não sei escrever.
- Ah... Agora eu entendi. Só um momento!
Em mais de um ano trabalhando naquela loja, eu nunca tinha atendido uma pessoa analfabeta. Eu nem sabia o que tinha que fazer naquele caso.
- Duda?
- Hã?
- Ajuda eu?
- Diga aí?
- A minha cliente é analfabeta, o que eu faço?
- Qual vai ser a forma de pagamento?
- Carnê.
- Ela trouxe os documentos?
- Aham.
- Pede pra ela ir pro crediário que eu vou autorizar a compra, mas lá no RG está escrito que ela é analfabeta?
- Não sei, Duda.
- Ah, beleza. Manda ela pro crediário, lá eu me viro com ela.
- Adoro quando você assume as responsabilidades.
- Safado!
- Duda?
- Hum?
- Já tem uma data para eu voltar pra linha branca? – eu fazia essa pergunta de 15 em 15 dias.
- Ainda não, Caio. Quem mandou você trocar de horário?
Como se a culpa fosse minha. Do jeito que ela falava, até parecia que eu acordei falando: “Hoje eu vou mudar de horário na empresa, cansei de acordar cedo.”
- Dona Maria?
- Pois não?
- Por favor, compareça ao crediário com esse papel. Lá a gerente conversará com a senhora e verificará qual a melhor forma para a finalização da compra.
- Ah, tudo bem. Obrigada!
Vinícius
e Fabrício estavam no quarto. Até parecia que eles combinavam o dia que não iam
dormir em casa, só para me deixar a sós com o Digão.
- Boa noite – os cumprimentei.
- Boa noite – eles responderam ao mesmo tempo.
- Que prazer vê-los no quarto... Lembraram que nós existimos? – brinquei.
- Não força – Vinícius jogou um travesseiro na minha cara.
- Quer me assassinar? Vou te denunciar pra polícia.
- Manchete dos jornais de amanhã – Fabrício engrossou a voz. – Adolescente morre com ataque de travesseiro. Pelo amor, Caio. Como você é exagerado!
Os dois riram.
- Cadê o Rodrigo?
- No banheiro.
- Hum...
A gente se encontrou lá no banheiro mesmo. No exato momento que eu entrei pro banho, ele saiu enrolado em uma toalha branca.
- Oi – falamos e sorrimos. – Tudo bem? Tudo!
Dissemos tudo isso ao mesmo tempo e depois caímos na gargalhada.
- Queria tanto ficar a sós com você de novo – ele me abraçou.
- Eu também, Digão.
- Fica pra próxima...
- É o jeito que tem.
- Boa noite – os cumprimentei.
- Boa noite – eles responderam ao mesmo tempo.
- Que prazer vê-los no quarto... Lembraram que nós existimos? – brinquei.
- Não força – Vinícius jogou um travesseiro na minha cara.
- Quer me assassinar? Vou te denunciar pra polícia.
- Manchete dos jornais de amanhã – Fabrício engrossou a voz. – Adolescente morre com ataque de travesseiro. Pelo amor, Caio. Como você é exagerado!
Os dois riram.
- Cadê o Rodrigo?
- No banheiro.
- Hum...
A gente se encontrou lá no banheiro mesmo. No exato momento que eu entrei pro banho, ele saiu enrolado em uma toalha branca.
- Oi – falamos e sorrimos. – Tudo bem? Tudo!
Dissemos tudo isso ao mesmo tempo e depois caímos na gargalhada.
- Queria tanto ficar a sós com você de novo – ele me abraçou.
- Eu também, Digão.
- Fica pra próxima...
- É o jeito que tem.
-
Caio? – Kléber chamou pelo meu nome.
- Diz?
- Pra você – ele abriu a mão e deixou um chocolate à mostra.
- Pra mim? – eu olhei pro chocolate, olhei pra ele e de novo pro chocolate.
- Sim. Você gosta?
- Gosto... Poxa, obrigado!
Não resisti. Era um “Shot”, um dos meus preferidos... Eu só não entendi o motivo pelo qual ele me deu aquele presente.
- Diz?
- Pra você – ele abriu a mão e deixou um chocolate à mostra.
- Pra mim? – eu olhei pro chocolate, olhei pra ele e de novo pro chocolate.
- Sim. Você gosta?
- Gosto... Poxa, obrigado!
Não resisti. Era um “Shot”, um dos meus preferidos... Eu só não entendi o motivo pelo qual ele me deu aquele presente.
- Por que está dando esse chocolate pra mim? – me deliciei.
- Porque gosto de você! Não posso te dar um chocolate?
- Desde que não haja segundas intenções por trás disso você pode.
- É isso que você pensa ao meu respeito?
Gargalhei.
- Estou brincando. Obrigado, eu estava precisando de um desses.
- Por nada. O que está estudando?
- Matemática. Tenho prova amanhã – bufei.
- Porra, em plena segunda logo uma prova de matemática?
- Pra você ver.
- Boa sorte. Por isso eu faço Letras.
- Deveria ter escolhido outro curso, mas está valendo.
Foi bom comer aquele chocolate porque isso acabou me dando disposição para os estudos. Eu, o Rodrigo, o Vinícius e o Fabrício estávamos grudados nos livros, um em cada canto da casa.
- Onde estão os meninos? – perguntou Kléber.
- Vinícius está na cozinha e os outros dois no quarto. Eu preferi ficar na sala para poder me concentrar melhor.
- O Maicon e o Éverton também estão estudando.
- E você e seu irmão? Não vão estudar?
- As nossas provas já passaram.
- E o seu irmão está gostando da medicina?
- Bastante. É muito a cara dele, sabe? Ele ama.
- Tem que ter vocação pra isso.
- Verdade. Bom, vou te deixar a sós pra você estudar. Boa sorte na prova.
- Valeu, Kléber.
Voltei meus olhos pro livro e tentei resolver uma questão que envolvia logarítimos em uma folha de rascunho, mas não me saí muito bem.
- ARGH! ODEIO MATEMÁTICA – bufei e fechei o livro com força.
- Quer ajuda aí, Caio? – Fabrício se aproximou de mim.
- Você entende de logarítimos?
- Um pouco. Quer que eu te ajude?
- Se pudesse fazer isso eu ficaria muito agradecido.
Fabrício sentou ao meu lado, pegou o livro e me ensinou um pouco sobre a matéria. Confesso que o jeito que ele me explicou acabou sendo muito mais fácil que o da Profª Marília.
-
Boa prova, Cacs. Eu sei que vai dar tudo certo – Digão não se fez de rogado e
me deu um abraço bem forte.
- Obrigado, mano. Boa sorte na sua prova também.
- Eu vou precisar.
- Obrigado, mano. Boa sorte na sua prova também.
- Eu vou precisar.
Quando a professora entregou o sulfite eu já estava me tremendo todo. Virei a página e me deparei com 10 perguntas de múltipla escolha. Só faltava saber qual era o resultado.
- Podem consultar os livros – a professora falou.
- Vaca – falei baixinho. – Vadia, quenga velha... Por que não disse desde o começo que a prova era com consulta? Rapariga sem dente...
Marcela, Jéssica, Fernanda, Fernando e mais umas duas pessoas deram risadas porque ouviram o que eu falei. Não me arrependi nem um pouco de tudo o que eu falei.
NA
SEXTA-FEIRA
TGA
foi a minha última prova da semana. A única que eu tive certeza absoluta que
fui razoavelmente bem foi na matéria do Profº Élcio.
Quando eu coloquei o ponto final da última questão dissertativa, me espreguicei, estalei os meus dedos, estalei o meu pescoço, guardei as minhas coisas e enfim me levantei.
- Aqui, professor – entreguei a minha prova.
- Obrigado, Caio. Boa sorte. Acha que foi bem?
- Sinceramente? Não faço ideia!
O Profº Álvaro sorriu e me dispensou:
- Está dispensado. Até a próxima aula.
- Obrigado, professor. Até.
Quando eu coloquei o ponto final da última questão dissertativa, me espreguicei, estalei os meus dedos, estalei o meu pescoço, guardei as minhas coisas e enfim me levantei.
- Aqui, professor – entreguei a minha prova.
- Obrigado, Caio. Boa sorte. Acha que foi bem?
- Sinceramente? Não faço ideia!
O Profº Álvaro sorriu e me dispensou:
- Está dispensado. Até a próxima aula.
- Obrigado, professor. Até.
Rodrigo estava sentado em um banco. Ele usava uma camisa regata branca, um jeans azul, estava usando óculos de sol e mascando chiclete. Até eu me aproximar, contei 5 bolinhas que ele fez com a goma de mascar.
- E aí? – sentei ao lado do gato.
- Em ordem?
- Em ordem. Está livre?
- Leve e solto e você?
- Como um gavião. Vamos treinar?
- Quero não. O Felipe ama me pedir agachamento e eu não tô a fim de fazer essa parada não.
- Como você é bobo, Digão – dei risada.
- Pra quê eu vou querer malhar a bunda? Tô fora...
- Mas agachamento é pras pernas, pro abdômen... É pro corpo todo.
- Quero não...
- Então você não vai pra academia?
- Vou sim – Rodrigo passou o braço pelo meu ombro. – Só estou brincando.
- Palhaço!
Ver
o Rodrigo se matando na academia era uma visão do paraíso pra mim. Ainda mais
quando o Felipe convenceu o garoto a fazer o tão temido e famoso “agachamento”.
- Só mais cem, vamos lá!
- HÃÃÃÃÃÃ? – Rodrigo fez uma cara de espanto incrível. – Bebeu? Quer me matar?
- É brincadeira, só mais 10... 9... 8...
- Força aí, Digão – eu o incentivei. – Manda ver, cara...
- 5, 4...
- Vocês querem me matar...
- 2, 1 e descansa! Sua vez, Caio.
- Fácil.
Já tinha me acostumado com esse exercício. No começo eu xinguei o Felipe de tudo que foi palavrão, mas com o passar do tempo o exercício acabou ficando fácil.
- 15, 14...
- Posso aumentar pra 20? – perguntei.
- Pode. Então vai mais 5, 4...
- Eu estou morto. Nem sinto mais as coitadas das minhas pernas.
- Exagerado esse Rodrigo – eu falei e abri o meu armário.
- Exagerado nada. No começo você também reclamava muito.
- Acontece que você já está aqui há um tempinho, né?
- E o que tem isso a ver? Estou cansado, quero a minha cama... Quero carinho...
- Que bonitinho!
- Faz carinho em mim, Cacs?
- Lógico que faço!
- Olha que eu vou cobrar, hein?
- Pode cobrar, eu odeio ficar devendo as coisas para alguém.
- Só mais cem, vamos lá!
- HÃÃÃÃÃÃ? – Rodrigo fez uma cara de espanto incrível. – Bebeu? Quer me matar?
- É brincadeira, só mais 10... 9... 8...
- Força aí, Digão – eu o incentivei. – Manda ver, cara...
- 5, 4...
- Vocês querem me matar...
- 2, 1 e descansa! Sua vez, Caio.
- Fácil.
Já tinha me acostumado com esse exercício. No começo eu xinguei o Felipe de tudo que foi palavrão, mas com o passar do tempo o exercício acabou ficando fácil.
- 15, 14...
- Posso aumentar pra 20? – perguntei.
- Pode. Então vai mais 5, 4...
- Eu estou morto. Nem sinto mais as coitadas das minhas pernas.
- Exagerado esse Rodrigo – eu falei e abri o meu armário.
- Exagerado nada. No começo você também reclamava muito.
- Acontece que você já está aqui há um tempinho, né?
- E o que tem isso a ver? Estou cansado, quero a minha cama... Quero carinho...
- Que bonitinho!
- Faz carinho em mim, Cacs?
- Lógico que faço!
- Olha que eu vou cobrar, hein?
- Pode cobrar, eu odeio ficar devendo as coisas para alguém.
Folgar
2 domingos seguidos era quase um luxo pra mim, mas eu estava precisando.
- Não vai trabalhar? – perguntou Vinícius.
- Não. Hoje eu estou de folga.
- Mas você não folgou domingo passado?
- Folguei, mas eu mereço folgar esse também. Estou muito cansado.
- Quem pode, pode né?
- Quem vê pensa. Vai sair?
- Vou correr no calçadão. Quer ir comigo?
- A essa hora da tarde? Com esse sol quente?
- Qual é, está com medo de um solzinho inofensivo? – Vini cruzou os braços e abriu aquele sorriso lindo que tanto me encantou no começo da república.
- Está me tirando, né? Depois dessa eu faço questão de ir com você. Espera eu trocar de roupa?
- Espero, mas não demora. Eu estou lá na sala!
- Fechado.
Antes de terminar de me aprontar, o Digow entrou no quarto com um potinho de sorvete nas mãos.
- O senhor vai sair?
- Sim! Vou correr com o Vini. Quer vir com a gente?
- Cruzes. Com esse sol? Quero não, obrigado.
- Seu mole – brinquei.
- Deus me livre, se eu correr com esse sol eu desidrato.
- Vamos pra praia então...
- Aí são outros quinhentos... Aí eu posso até pensar...
- Então vamos! Coloca uma sunga, coloca uma bermuda e vamos renovar sua marquinha – engoli em seco.
- E desde quando você sabe que eu tenho marquinha, Caio Monteiro?
- Quer mesmo que eu te lembre, Rodrigo Carvalho? Já esqueceu?
- Até parece que eu esqueci – ele coçou a nuca. – Mas estava escuro, como você viu a minha marquinha?
- Por acaso o senhor lembra que o senhor acendeu a luz na hora que foi tomar banho?
- Ah... – ele ficou sem jeito. – Ah é...
- Sabia que quando você fica sem graça você fica ainda mais lindinho?
- Quer parar? Eu estou ficando sem graça!
- Por isso que você está super lindo – brinquei de propósito. – Você vai com a gente ou não?
- Vou, mas vão ter que esperar eu trocar de roupa.
- A gente espera. Pode se trocar.
- E você vai ficar aqui?
- Algum problema?
- Não vou ficar pelado na sua frente, neném – ele sorriu, colocou as duas mãos no meu ombro, girou o meu corpo e me empurrou pra fora do quarto.
- Um dia eu ainda vou ver essa cena, tenho fé em Deus.
- Quem sabe? – ele mordiscou a minha orelha. Isso me deixou arrepiado.
- Fiquei arrepiado – falei.
- Depois dos 12 não é mais arrepio...
Ele tinha razão. Não era mesmo arrepio, era tesão.
- Deixa eu ficar? – mordi meu lábio e olhei pra ele.
- Não senhor... Agora não, mas quem sabe depois?
- Jura? Vou esperar, hein?
- Eu disse “quem sabe”? Não depende de mim, depende de muitas coisas.
- Por exemplo o quê?
- Por exemplo Vinícius, por exemplo Fabrício e por exemplo Caio Monteiro. Agora você pode me deixar a sós para eu colocar a minha sunga?
- Posso, mas vou lembrar disso tudo que você me falou.
- E quem disse que é pra você esquecer?
Engoli em seco e Rodrigo fechou a porta na minha cara. Suspirei e fui encontrar o Vini na sala.
Encontrei um Vinícius muito impaciente:
- Que demora foi essa?
- Estava conversando com o Digão. Ele vai com a gente.
- Ah, eu chamei esse retardado e ele disse que não queria ir. Por que mudou de ideia?
- Porque ele não resiste ao meu charme – brinquei e ri.
- Ah, tá! Aham... Que charme? Só por causa desses músculos que você adquiriu? Só por que está ficando todo bombadinho?
- Não estou ficando bombadinho – ponderei. – Eu estou só definido.
- Ou seja, está bombado. Seu corpo já está quase igual ao meu.
Ele falava isso como se aquilo tivesse alguma coisa demais. Tudo bem que o cara era o mais gostoso de todos naquela casa, mas isso não significava que ele pudesse se sentir a última bolacha do pacote.
- Não estou ficando que nem você, pra isso ainda falta muito.
- Até parece! Está ficando que nem eu sim – ele sorriu.
- Se você diz – dei de ombros e resolvi não insistir mais naquele assunto.
- É sério, Caio – Vinícius me olhou da cabeça aos pés.
- Se você diz – eu achei melhor não contrariá-lo.
- Não vai trabalhar? – perguntou Vinícius.
- Não. Hoje eu estou de folga.
- Mas você não folgou domingo passado?
- Folguei, mas eu mereço folgar esse também. Estou muito cansado.
- Quem pode, pode né?
- Quem vê pensa. Vai sair?
- Vou correr no calçadão. Quer ir comigo?
- A essa hora da tarde? Com esse sol quente?
- Qual é, está com medo de um solzinho inofensivo? – Vini cruzou os braços e abriu aquele sorriso lindo que tanto me encantou no começo da república.
- Está me tirando, né? Depois dessa eu faço questão de ir com você. Espera eu trocar de roupa?
- Espero, mas não demora. Eu estou lá na sala!
- Fechado.
Antes de terminar de me aprontar, o Digow entrou no quarto com um potinho de sorvete nas mãos.
- O senhor vai sair?
- Sim! Vou correr com o Vini. Quer vir com a gente?
- Cruzes. Com esse sol? Quero não, obrigado.
- Seu mole – brinquei.
- Deus me livre, se eu correr com esse sol eu desidrato.
- Vamos pra praia então...
- Aí são outros quinhentos... Aí eu posso até pensar...
- Então vamos! Coloca uma sunga, coloca uma bermuda e vamos renovar sua marquinha – engoli em seco.
- E desde quando você sabe que eu tenho marquinha, Caio Monteiro?
- Quer mesmo que eu te lembre, Rodrigo Carvalho? Já esqueceu?
- Até parece que eu esqueci – ele coçou a nuca. – Mas estava escuro, como você viu a minha marquinha?
- Por acaso o senhor lembra que o senhor acendeu a luz na hora que foi tomar banho?
- Ah... – ele ficou sem jeito. – Ah é...
- Sabia que quando você fica sem graça você fica ainda mais lindinho?
- Quer parar? Eu estou ficando sem graça!
- Por isso que você está super lindo – brinquei de propósito. – Você vai com a gente ou não?
- Vou, mas vão ter que esperar eu trocar de roupa.
- A gente espera. Pode se trocar.
- E você vai ficar aqui?
- Algum problema?
- Não vou ficar pelado na sua frente, neném – ele sorriu, colocou as duas mãos no meu ombro, girou o meu corpo e me empurrou pra fora do quarto.
- Um dia eu ainda vou ver essa cena, tenho fé em Deus.
- Quem sabe? – ele mordiscou a minha orelha. Isso me deixou arrepiado.
- Fiquei arrepiado – falei.
- Depois dos 12 não é mais arrepio...
Ele tinha razão. Não era mesmo arrepio, era tesão.
- Deixa eu ficar? – mordi meu lábio e olhei pra ele.
- Não senhor... Agora não, mas quem sabe depois?
- Jura? Vou esperar, hein?
- Eu disse “quem sabe”? Não depende de mim, depende de muitas coisas.
- Por exemplo o quê?
- Por exemplo Vinícius, por exemplo Fabrício e por exemplo Caio Monteiro. Agora você pode me deixar a sós para eu colocar a minha sunga?
- Posso, mas vou lembrar disso tudo que você me falou.
- E quem disse que é pra você esquecer?
Engoli em seco e Rodrigo fechou a porta na minha cara. Suspirei e fui encontrar o Vini na sala.
Encontrei um Vinícius muito impaciente:
- Que demora foi essa?
- Estava conversando com o Digão. Ele vai com a gente.
- Ah, eu chamei esse retardado e ele disse que não queria ir. Por que mudou de ideia?
- Porque ele não resiste ao meu charme – brinquei e ri.
- Ah, tá! Aham... Que charme? Só por causa desses músculos que você adquiriu? Só por que está ficando todo bombadinho?
- Não estou ficando bombadinho – ponderei. – Eu estou só definido.
- Ou seja, está bombado. Seu corpo já está quase igual ao meu.
Ele falava isso como se aquilo tivesse alguma coisa demais. Tudo bem que o cara era o mais gostoso de todos naquela casa, mas isso não significava que ele pudesse se sentir a última bolacha do pacote.
- Não estou ficando que nem você, pra isso ainda falta muito.
- Até parece! Está ficando que nem eu sim – ele sorriu.
- Se você diz – dei de ombros e resolvi não insistir mais naquele assunto.
- É sério, Caio – Vinícius me olhou da cabeça aos pés.
- Se você diz – eu achei melhor não contrariá-lo.
Quando eu virei para esperar o meu melhor amigo, senti uma mão forte apertando a minha bunda e isso me deixou assustado. Não estava esperando por aquilo.
- O que é isso, Vini? – me virei já com o rosto totalmente vermelho.
- Bundinha dura, hein? Pena que eu não estou mais solteiro – Vinícius mordeu o lábio inferior e olhou no fundo dos meus olhos.
Engoli em seco só de lembrar do que havia acontecido entre nós dois no passado. Só precisou de uma cena na minha mente para o meu pau subir feito um louco.
- Pena mesmo – também olhei no fundo dos olhos dele. – Mas eu me coloco à sua disposição para eventuais desejos que você tiver.
Nós dois caímos na gargalhada e nesse momento o Rodrigo apareceu.
- Do que riem?
- Lembrando dos ratos e das baratas – mentiu Vinícius.
- Ah, nem lembrem disso. Coisa chata...
- Ainda bem que não apareceu mais, né? – refleti.
- Mas não apareceu porque a Esmeralda denunciou o terreno baldio na prefeitura, senão a casa continuaria enfestada.
- Deus me livre, criei pavor de baratas – disse a verdade. – Mas nada disso teria acontecido se o Rodrigo tivesse deixado eu pegar o gatinho lá do Catete.
- CRUZES! Prefiro um ninho de ratos do que um gato dentro da minha casa!
- Seu ridículo – fiquei ofendido. – Um dia eu ainda coloco um gato aqui nessa república ou não me chamo Caio Monteiro!
Meus
amigos e eu chegamos na praia justamente no auge do sol. Olhei a temperatura no
termômetro do calçadão e para o meu desespero, vi que a temperatura estava
próxima dos 40º C.
- 37º C? – Rodrigo ergueu as sobrancelhas. – É num momento desses que eu queria estar no Paraná com temperaturas negativas.
- Deus me livre – Vinícius arrancou a regata. – Não sobreviveria ao frio de lá.
- É muito bom – Rodrigo também tirou a camiseta. Notei que a cicatriz dele já estava totalmente desaparecida. Só havia um risco fino e nada mais que isso.
- O que fez com essa cicatriz? – perguntei. – Qual foi a mágica que você usou?
- Uma pomada, gel, creme ou qualquer coisa do gênero que o médico passou. Sumiu todinha.
- Não sumiu – explicou o médico Vinícius. – Ela só não criou quelóide, mas está aí a marca e essa nunca mais vai sair.
- Pelo menos não está tão aparente como antes – Rodrigo ficou olhando para a barriga. – Nós vamos ficar olhando a minha cicatriz mesmo ou vamos cair no mar?
- Cair no mar – respondemos Vinícius e eu.
E quem disse que eu consegui correr? Com um calor imenso daqueles, a única coisa que eu consegui fazer foi ficar dentro do mar.
- Vou comprar um sorvete e depois eu volto – falou Vinícius.
O complicado foi a gente ter que revezar na areia. Como estávamos em três, um sempre teve que ficar sozinho na areia esperando os outros voltarem para cuidar das coisas.
- Vamos pro mar? – perguntou Rodrigo.
- Temos que esperar o Vinícius voltar.
- Eu sei, a gente espera.
- Vamos, ué. Já estou todo derretido aqui.
- Somos dois.
- Gente, por que será que está fazendo tanto calor mesmo não sendo verão?
- Não faço ideia!
- Cadê os meninos, hein? Bem que um deles poderia vir pra cá.
- Vou ligar pro Fabrício.
O meu amigo estava nas redondezas. Ele tinha saído na noite anterior e aproveitou para dormir na casa de uma “amiga”, fato esse que eu não acreditei.
- Amiga? – falei quando ele se justificou. – E eu sou o Bozo, né?
- Ah, beleza... Eu estou pegando mesmo e daí? – ele me encarou.
- Não tem nada de errado nisso, Fabrício – sorri. – Você está é certo. É isso aí.
- Depois quero o relatório dela, hein? – falou Vinícius.
- Boa, hein? Muito boa...
- Fode bem? – perguntou Rodrigo.
- Pra caralho...
- Já que vocês vão ficar falando disso, eu vou pro mar, beleza? – anunciei. – Até já.
Não queria ficar sabendo detalhes da vida sexual do Fabrício. Ele era um lindo, um tesão, mas era hetero e eu não queria saber qual era a sensação de transar com uma mulher.
Eu podia jurar ter visto uma fumacinha saindo da minha pele quando a água do mar encostou em mim. Será que eu estava fritando?
- 37º C? – Rodrigo ergueu as sobrancelhas. – É num momento desses que eu queria estar no Paraná com temperaturas negativas.
- Deus me livre – Vinícius arrancou a regata. – Não sobreviveria ao frio de lá.
- É muito bom – Rodrigo também tirou a camiseta. Notei que a cicatriz dele já estava totalmente desaparecida. Só havia um risco fino e nada mais que isso.
- O que fez com essa cicatriz? – perguntei. – Qual foi a mágica que você usou?
- Uma pomada, gel, creme ou qualquer coisa do gênero que o médico passou. Sumiu todinha.
- Não sumiu – explicou o médico Vinícius. – Ela só não criou quelóide, mas está aí a marca e essa nunca mais vai sair.
- Pelo menos não está tão aparente como antes – Rodrigo ficou olhando para a barriga. – Nós vamos ficar olhando a minha cicatriz mesmo ou vamos cair no mar?
- Cair no mar – respondemos Vinícius e eu.
E quem disse que eu consegui correr? Com um calor imenso daqueles, a única coisa que eu consegui fazer foi ficar dentro do mar.
- Vou comprar um sorvete e depois eu volto – falou Vinícius.
O complicado foi a gente ter que revezar na areia. Como estávamos em três, um sempre teve que ficar sozinho na areia esperando os outros voltarem para cuidar das coisas.
- Vamos pro mar? – perguntou Rodrigo.
- Temos que esperar o Vinícius voltar.
- Eu sei, a gente espera.
- Vamos, ué. Já estou todo derretido aqui.
- Somos dois.
- Gente, por que será que está fazendo tanto calor mesmo não sendo verão?
- Não faço ideia!
- Cadê os meninos, hein? Bem que um deles poderia vir pra cá.
- Vou ligar pro Fabrício.
O meu amigo estava nas redondezas. Ele tinha saído na noite anterior e aproveitou para dormir na casa de uma “amiga”, fato esse que eu não acreditei.
- Amiga? – falei quando ele se justificou. – E eu sou o Bozo, né?
- Ah, beleza... Eu estou pegando mesmo e daí? – ele me encarou.
- Não tem nada de errado nisso, Fabrício – sorri. – Você está é certo. É isso aí.
- Depois quero o relatório dela, hein? – falou Vinícius.
- Boa, hein? Muito boa...
- Fode bem? – perguntou Rodrigo.
- Pra caralho...
- Já que vocês vão ficar falando disso, eu vou pro mar, beleza? – anunciei. – Até já.
Não queria ficar sabendo detalhes da vida sexual do Fabrício. Ele era um lindo, um tesão, mas era hetero e eu não queria saber qual era a sensação de transar com uma mulher.
Eu podia jurar ter visto uma fumacinha saindo da minha pele quando a água do mar encostou em mim. Será que eu estava fritando?
Mergulhei de cabeça e tudo e fui parar no meio de um monte de crianças. Elas estavam jogando bola e eu acabei levando uma bolada no meio da testa.
- Ai – reclamei.
- Machucou, moço? – um menino apareceu. – Desculpa...
- Tem problema não, garoto.
Mergulhei de novo e dessa vez parei perto de uma mulher horrorosa. Ela era muito gorda e estava usando um biquíni fio dental. Aquilo sim que era uma visão do inferno.
- Que nojo – falei comigo mesmo.
Foi um pouco complicado achar um lugar na água que estivesse razoavelmente vazio. Parecia até que todos os habitantes da cidade do Rio de Janeiro resolveram ir à praia ao mesmo tempo. Fiquei um pouco irritado.
- Oi – a voz grossa dele soou atrás de mim e eu levei um susto.
- AI – me virei e dei de cara com o Rodrigo. – Quer me matar do coração?
- Essa não é a minha intenção, garoto – ele caiu na risada.
Como a risada dele foi gostosa. Foi linda, incrível. Eu amava ficar a sós com meu melhor amigo, se bem que nós não estávamos exatamente “a sós”.
- Ficar dentro do mar não é muito a sua cara, né?
- Por que diz isso? – perguntei.
- Porque você é um medroso, tem medo das ondas.
- Mas não me resta escolha. Ou eu fico aqui ou eu morro na areia.
- Isso é verdade. Hoje está calor demais, mas é porque nós viemos no horário errado. Tínhamos que ter vindo de manhãzinha.
- Eu não sabia que o Vini ia ter essa ideia tão em cima da hora.
- Vocês não iam correr no calçadão?
- Até íamos, mas com esse calorão vamos acabar desidratados.
- Verdade. Eu sabia que vocês iam acabar desistindo.
- Falou o “Pai Dinah”.
- Como você é idiota, Cacs – ele riu de novo.
Joguei um pouco de água na cara dele e isso foi suficiente para começarmos uma guerra. Rodrigo me afogou de brincadeira e isso me fez perceber um volume anormal na sunga dele. Quando voltei a superfície, senti os meus olhos arderem muito.
- Você é louco? – ele se aproximou preocupado. – Por que não fechou os olhos?
- Porque você me pegou de surpresa – eu tossi e cocei os olhos.
- Quer voltar pra casa? Me desculpa...
- Não, não – pisquei inúmeras vezes. – Já está tudo bem.
- Tem certeza?
- Sim, tenho sim. Não se preocupa não, Digão – foi a minha vez de empurrá-lo para debaixo d’água.
- Você se aproveitou de mim – ele também tossiu quando voltou a respirar. – Também me pegou desprevenido...
- Essa foi a minha intenção – ri. – Deixa eu fazer uma coisa?
- O quê?
Eu precisava confirmar se o Rodrigo estava excitado, então eu nem me preocupei com as consequências e meti a mão no volume dele.
- CAIO! – Rodrigo fez uma cara de espanto enorme. – Você é doido?
- Desculpa – caí na gargalhada. – Eu precisava confirmar se era isso mesmo.
E era. Ele estava muito excitado.
- Doido – Diguinho ficou extremamente vermelho.
- Vamos sair? – perguntei propositalmente.
- Está louco? Não posso sair agora...
- E eu com isso? Vamos pra areia que eu quero tomar sol...
- Não vamos não – ele me puxou pela cintura e automaticamente a minha bunda foi parar no volume dele. – Seu safadinho...
Fiquei pra lá de excitado quando senti aquele negócio duro me cutucando. Por que ele teve que fazer aquilo?
- Agora sou eu que não posso sair – falei.
- Ah, é?
- É!
- Viu só? Benfeito!
- Mas a culpa é toda sua – eu dei um soco nele.
- E eu com isso? Acho é pouco...
- Engraçadinho...
Fiquei mesmo muito excitado e cheguei a cogitar a possibilidade de me masturbar ali mesmo. Só com isso eu ia aliviar o meu tesão.
- Ah, vocês estão aí – Vinícius nos localizou e se juntou a nós. – Demorei para encontrá-los.
- Estamos refrescando o calor. O Fabrício não quer mesmo entrar? – perguntou Rodrigo.
- Só se ele vier pelado, porque não está de sunga.
Se ele fizesse aquilo, eu tinha certeza que muitas pessoas iam adorar o que iam ver.
Os meninos e eu ficamos lá na água por muitíssimo tempo e só saímos quando a temperatura resolveu abaixar um pouquinho.
- Vamos pra casa? – perguntou Rodrigo.
- Aham – concordou Vinícius. – Preciso de um banho antes de ir pra Bruna.
- Vai dormir lá de novo? – questionou Diguinho.
- Aham, preciso reestabelecer as minhas forças, meu caro amigo.
Porque ele não reestabelecia as forças comigo?
O mais difícil foi pegar ônibus com os pés e as pernas cheios de areia. Minha pele ficou “furando”, fiquei com coceira e não precisou de muito para a minha cútis ficar toda vermelha.
- Você é alérgico? – perguntou Vinícius.
- Não sei, por quê?!
- Sua perna já está toda vermelha só com essa coçadinha...
- Pois é, acho que sou um pouco sensível para essas coisas.
Infelizmente
o Fabrício não saiu de casa naquela noite. Eu tinha certeza que se isso
acontecesse, o Rodrigo e eu íamos aproveitar e muito o nosso quarto.
- Me empresta o note, Caio? – pediu Fabrício.
- Pode usar o quanto quiser – falei.
- Depois sou eu, depois sou eu – falou Rodrigo.
Eles pareceram até crianças disputando um pirulito. Eu quis tanto aquele computador e nem sequer pegava direito no coitado.
- O Caio poderia dar pra mim – falou Rodrigo. – Ele quase não usa.
- É meu – falei. – Eu só respeito a individualidade dele e deixo o coitado quietinho.
- Bobo.
- Pelo que me lembro, você disse que seu pai ia te dar um de presente, não foi?
- Ia mesmo, mas eu não quis. O seu é muito útil e está aí pra isso.
Folgado. Eu sorri e fiquei de olho no jogo que estava passando na TV à cabo.
- Me empresta o note, Caio? – pediu Fabrício.
- Pode usar o quanto quiser – falei.
- Depois sou eu, depois sou eu – falou Rodrigo.
Eles pareceram até crianças disputando um pirulito. Eu quis tanto aquele computador e nem sequer pegava direito no coitado.
- O Caio poderia dar pra mim – falou Rodrigo. – Ele quase não usa.
- É meu – falei. – Eu só respeito a individualidade dele e deixo o coitado quietinho.
- Bobo.
- Pelo que me lembro, você disse que seu pai ia te dar um de presente, não foi?
- Ia mesmo, mas eu não quis. O seu é muito útil e está aí pra isso.
Folgado. Eu sorri e fiquei de olho no jogo que estava passando na TV à cabo.
ALGUNS
DIAS DEPOIS...
Eu
estava estranhando muito o fato do Bruno não ter mais me procurado. Algo de
errado estava acontecendo, ele não ia desistir tão facilmente, ia?
Se ele tivesse desistido, era sinal que não gostava mesmo de mim. Pela forma que voltou a aparecer na minha vida, parecia que ele estava desesperado para falar comigo. Então por que de uma hora pra outra ficou calado e não deu mais sinal de vida?
Talvez pelo fato de eu ter mudado o número do meu celular. Eu não tinha passado o novo número para quase ninguém e por esse motivo, ele não teria como entrar em contato comigo.
Sem contar que o Bruno não sabia onde era a minha nova residência. Se eu ainda estivesse morando no Catete, a qualquer momento ele poderia aparecer na república, mas como eu tinha mudado isso não era possível de ser realizado.
Então era isso. Ele sumiu porque não conseguia me localizar. Simples e fácil assim. E foi muito melhor daquele jeito. Antes só do que mal-acompanhado.
Se ele tivesse desistido, era sinal que não gostava mesmo de mim. Pela forma que voltou a aparecer na minha vida, parecia que ele estava desesperado para falar comigo. Então por que de uma hora pra outra ficou calado e não deu mais sinal de vida?
Talvez pelo fato de eu ter mudado o número do meu celular. Eu não tinha passado o novo número para quase ninguém e por esse motivo, ele não teria como entrar em contato comigo.
Sem contar que o Bruno não sabia onde era a minha nova residência. Se eu ainda estivesse morando no Catete, a qualquer momento ele poderia aparecer na república, mas como eu tinha mudado isso não era possível de ser realizado.
Então era isso. Ele sumiu porque não conseguia me localizar. Simples e fácil assim. E foi muito melhor daquele jeito. Antes só do que mal-acompanhado.
- Entenderam? – perguntou o Profº Élcio.
Fiquei tão perdido nos meus pensamentos que nem estava ouvindo o que o professor falava. De repente o meu celular começou a tocar e eu dei um pulo enorme na cadeira porque não estava esperando por isso.
- Alô? – eu atendi e saí quase que correndo da sala.
- Bom dia, por gentileza o Caio?
- Sou eu.
- Bom dia, Caio o meu nome é Estrela e eu falo da escola Wizard, tudo bem?
- Tudo bem. Como você conseguiu meu telefone?
- Foi o seu irmão que deixou com a gente...
- Meu irmão?
O Cauã???
- É, o Rodrigo... Ele não é seu irmão?
Ah, o Rodrigo! Que susto que eu levei.
- Ah, claro.
- Você estaria interessado em fazer um curso de línguas com a gente?
- Ah, moça... Eu faço faculdade, eu trabalho... Não tenho muito tempo para isso não...
- Mas é importante para o seu crescimento...
- Moça, eu estou no meio da aula. Você poderia me ligar mais tarde?
- Que horas?
- Depois do meio dia. Agora eu não posso atender.
- Perfeito. Então eu ligo por volta do meio dia e meia, tudo bem?
- Perfeito.
- Obrigada.
- Por nada.
-
Posso saber por que você deu meu número na Wizard?
- Ah, me desculpa... Eu esqueci de te contar – Rodrigo me fitou.
- A mulher me ligou perguntando se eu queria fazer curso.
- E o que você decidiu?
- Não dá, né? Só se eu for fazer de madrugada...
- Você pode fazer aos sábados pela manhã. Eu vou fazer.
- Vai? – achei estranho.
- Sim. Inglês é super importante para o meu futuro profissional.
- Quanto vai pagar?
- Não é muito não. É um investimento.
O Rodrigo falou tanto nesse curso de inglês que a minha cabeça já estava até rodopiando. Se o cara continuasse com esse papo por muito tempo, ele ia acabar me vencendo pelo cansaço.
- Prometo que vou pensar no assunto, tudo bem assim?
- Opa, assim que tem que ser – ele deu um tapinha amigável no meu braço. – Vamos ser excelentes profissionais, Caio.
- Com certeza, Digow.
- Ah, me desculpa... Eu esqueci de te contar – Rodrigo me fitou.
- A mulher me ligou perguntando se eu queria fazer curso.
- E o que você decidiu?
- Não dá, né? Só se eu for fazer de madrugada...
- Você pode fazer aos sábados pela manhã. Eu vou fazer.
- Vai? – achei estranho.
- Sim. Inglês é super importante para o meu futuro profissional.
- Quanto vai pagar?
- Não é muito não. É um investimento.
O Rodrigo falou tanto nesse curso de inglês que a minha cabeça já estava até rodopiando. Se o cara continuasse com esse papo por muito tempo, ele ia acabar me vencendo pelo cansaço.
- Prometo que vou pensar no assunto, tudo bem assim?
- Opa, assim que tem que ser – ele deu um tapinha amigável no meu braço. – Vamos ser excelentes profissionais, Caio.
- Com certeza, Digow.
Pensei
que a mulher não ia mais me incomodar, mas não foi bem assim.
- Alô? – eu estava correndo na esteira e suava feito um louco.
- Caio? Aqui é a Estrela da Wizard, você pode atender agora?
- Estou na academia, se não se importar com o barulho – arfei.
- Tudo bem. E então, eu havia perguntado se você está interessado em um curso de línguas?
- E eu havia dito que estudo, trabalho e que não tenho tempo – várias gotas de suor desceram pelo meu rosto.
- Mas você pode fazer aos finais de semana...
- Quanto custa?
- Nós estamos com uma promoção excelente...
Enquanto a mulher falava eu fiquei prestando atenção no Rodrigo. Parecia que o bichinho estava sofrendo com o treino que o Felipe tinha passado pra ele.
- E então? Você se interessa?
- Eu preciso pensar no assunto. Posso responder depois?
- É que nós vamos fechar a turma, Caio. O que acha de nos fazer uma visita nesse final de semana?
- Pode ser, mas onde fica a unidade?
- Eu falo de Ipanema. Fica longe pra você?
- Um pouco, mas não tem problema. Se eu quiser estudar em outra unidade eu posso?
- A gente conversa sobre isso pessoalmente, pode ser?
- Tranquilo então. Posso ir no sábado pela manhã?
- Qual horário?
- Por volta das 10 horas?
- Perfeito. Você pode anotar o endereço?
- Moça não tenho como anotar. Eu estou na esteira agora.
- Ah, entendi. Quer que eu encaminhe por e-mail?
- Se puder fazer isso para mim seria perfeito.
- Então está combinado. Só me passa o seu e-mail, por favor.
Informei o meu e-mail, apertei o botão para reduzir a velocidade e ao invés de correr, passei a caminhar em um ritmo acelerado.
- Então eu envio o e-mail ainda hoje, tudo bem?
- Combinado, Estrela. Muito obrigado, viu?
- Imagina, Caio. Eu é que te agradeço. Um bom dia!
- Bom dia.
Desliguei e reduzi ainda mais a velocidade, passando então a caminhar em ritmo moderado.
- Como você consegue correr e falar no celular ao mesmo tempo? – perguntou Rodrigo.
- Ué... É só prestar atenção, uai...
- Quem era?
- A moça da Wizard. Agendei uma visita para sábado.
- Demorou. Vamos estudar juntos!
- Alô? – eu estava correndo na esteira e suava feito um louco.
- Caio? Aqui é a Estrela da Wizard, você pode atender agora?
- Estou na academia, se não se importar com o barulho – arfei.
- Tudo bem. E então, eu havia perguntado se você está interessado em um curso de línguas?
- E eu havia dito que estudo, trabalho e que não tenho tempo – várias gotas de suor desceram pelo meu rosto.
- Mas você pode fazer aos finais de semana...
- Quanto custa?
- Nós estamos com uma promoção excelente...
Enquanto a mulher falava eu fiquei prestando atenção no Rodrigo. Parecia que o bichinho estava sofrendo com o treino que o Felipe tinha passado pra ele.
- E então? Você se interessa?
- Eu preciso pensar no assunto. Posso responder depois?
- É que nós vamos fechar a turma, Caio. O que acha de nos fazer uma visita nesse final de semana?
- Pode ser, mas onde fica a unidade?
- Eu falo de Ipanema. Fica longe pra você?
- Um pouco, mas não tem problema. Se eu quiser estudar em outra unidade eu posso?
- A gente conversa sobre isso pessoalmente, pode ser?
- Tranquilo então. Posso ir no sábado pela manhã?
- Qual horário?
- Por volta das 10 horas?
- Perfeito. Você pode anotar o endereço?
- Moça não tenho como anotar. Eu estou na esteira agora.
- Ah, entendi. Quer que eu encaminhe por e-mail?
- Se puder fazer isso para mim seria perfeito.
- Então está combinado. Só me passa o seu e-mail, por favor.
Informei o meu e-mail, apertei o botão para reduzir a velocidade e ao invés de correr, passei a caminhar em um ritmo acelerado.
- Então eu envio o e-mail ainda hoje, tudo bem?
- Combinado, Estrela. Muito obrigado, viu?
- Imagina, Caio. Eu é que te agradeço. Um bom dia!
- Bom dia.
Desliguei e reduzi ainda mais a velocidade, passando então a caminhar em ritmo moderado.
- Como você consegue correr e falar no celular ao mesmo tempo? – perguntou Rodrigo.
- Ué... É só prestar atenção, uai...
- Quem era?
- A moça da Wizard. Agendei uma visita para sábado.
- Demorou. Vamos estudar juntos!
Cheguei
na unidade da escola de idiomas faltando menos de 5 minutos para o horário
combinado. Olhei para um lado, olhei para o outro e fiquei sem saber o que
fazer.
- Hã... Bom dia – cheguei perto da recepção e falei com uma moça bonita.
- Bom dia, posso ajudar?
- Me ligaram daqui e eu combinei uma visita para hoje...
- Com quem o senhor falou?
Senhor? Eu estava tão acabado assim? Quantos anos ela pensava que eu tinha? 80?
- Com a Estrela.
- Só um momento.
A menina saiu da recepção e voltou em pouquíssimo tempo. Ela estava acompanhada por uma mulher bem bonita, que usava um traje social.
- Caio?
- Eu?
- Bom dia, eu sou a Estrela, tudo bem?
- Uhum – apertei a mão da mulher.
- Nos falamos esses dias, certo?
- Exato.
- Por favor, me acompanhe. Eu vou lhe mostrar a escola.
Conheci a unidade da Wizard e fiquei encantado. Me deu uma vontade muito doida de aprender inglês só pela propaganda que a mulher fez.
Depois de muita negociação, muita conversa e blá, blá, blá, a Estrela acabou me convencendo e eu topei estudar naquela unidade mesmo.
- Então você vai optar pelo sábado de manhã, é isso?
- Isso.
- Perfeito. Deixa eu ver quando começará a próxima turma do sábado... – ela mexeu no mouse do computador e em seguida disse: - A turma começará no dia 31 às 10 horas. Pode ser?
- Por mim perfeito.
- Seu irmão também está nessa sala, viu?
- Ah, é? Nem perguntei qual dia ele ia fazer...
- Ele também escolheu o sábado. Vocês vão estudar juntos.
- Que bom...
Isso fez eu me animar mais ainda. Eu só não entendi por qual motivo o Digão escolheu o sábado se ele tinha outras opções pela semana. Eu não, eu era obrigado a estudar única e exclusivamente naquele dia...
- Assina pra mim, por favor – ela passou o contrato e uma caneta.
- Eu sempre pensei que as turmas começavam em fevereiro e agosto – expus a minha opinião.
- E começam mesmo, mas como você vai fazer aos sábados, não teremos esse problema.
- Entendi. Então é só isso?
- Sim é só! Obrigada, Caio e seja bem-vindo à Wizard!
- Hã... Bom dia – cheguei perto da recepção e falei com uma moça bonita.
- Bom dia, posso ajudar?
- Me ligaram daqui e eu combinei uma visita para hoje...
- Com quem o senhor falou?
Senhor? Eu estava tão acabado assim? Quantos anos ela pensava que eu tinha? 80?
- Com a Estrela.
- Só um momento.
A menina saiu da recepção e voltou em pouquíssimo tempo. Ela estava acompanhada por uma mulher bem bonita, que usava um traje social.
- Caio?
- Eu?
- Bom dia, eu sou a Estrela, tudo bem?
- Uhum – apertei a mão da mulher.
- Nos falamos esses dias, certo?
- Exato.
- Por favor, me acompanhe. Eu vou lhe mostrar a escola.
Conheci a unidade da Wizard e fiquei encantado. Me deu uma vontade muito doida de aprender inglês só pela propaganda que a mulher fez.
Depois de muita negociação, muita conversa e blá, blá, blá, a Estrela acabou me convencendo e eu topei estudar naquela unidade mesmo.
- Então você vai optar pelo sábado de manhã, é isso?
- Isso.
- Perfeito. Deixa eu ver quando começará a próxima turma do sábado... – ela mexeu no mouse do computador e em seguida disse: - A turma começará no dia 31 às 10 horas. Pode ser?
- Por mim perfeito.
- Seu irmão também está nessa sala, viu?
- Ah, é? Nem perguntei qual dia ele ia fazer...
- Ele também escolheu o sábado. Vocês vão estudar juntos.
- Que bom...
Isso fez eu me animar mais ainda. Eu só não entendi por qual motivo o Digão escolheu o sábado se ele tinha outras opções pela semana. Eu não, eu era obrigado a estudar única e exclusivamente naquele dia...
- Assina pra mim, por favor – ela passou o contrato e uma caneta.
- Eu sempre pensei que as turmas começavam em fevereiro e agosto – expus a minha opinião.
- E começam mesmo, mas como você vai fazer aos sábados, não teremos esse problema.
- Entendi. Então é só isso?
- Sim é só! Obrigada, Caio e seja bem-vindo à Wizard!
Como
eu ainda tinha um tempinho livre, resolvi passar na praia para conversar com o
mar. Já havia um tempo que eu não sentava perto dele para expor os meus
problemas e os meus sentimentos.
Pensei que as areias da Praia de Ipanema iam estar vazias, mas me enganei. Não estava abarrotada como aos domingos, mas eu também não poderia considerar aquilo vazio.
Caminhei pela beira do mar e fiquei pensando na vida. Estava fazendo faculdade, trabalhando e ia começar o inglês. Será que em São Paulo a minha vida também teria seguido esses mesmos rumos?
E meu irmão? Será que ele também estava fazendo as mesmas coisas que eu? Pensei em tudo o que poderia me acontecer se eu estivesse em São Paulo e mais uma vez cheguei a conclusão que eu estava muito melhor no Rio.
Quando senti as minhas pernas cansarem, arrumei um lugar na areia, sentei e fiquei olhando pro mar. Ele estava tão bonito... Tão azul... Azul da cor dos olhos daquele garoto...
Deixei meu olhar no horizonte. Eu não sabia mais o que era mar e o que era céu. Os azuis se confundiram em uma imensidão sem fim. Deu até vontade de explorar todo aquele oceano que estava na minha frente...
Mas de repente meus olhos foram atraídos para um surfista. Ele estava sem camisa, com uma bermuda preta e estava mandando muitíssimo bem nas ondas.
Não perdi nenhum movimento que ele fez, nem mesmo quando caiu e apareceu em outro canto do mar. Como era bonito!
Não sei quanto tempo esse garoto ficou surfando, mas de uma hora para outra ele parou e começou a ir pra areia. Foi quando ele se aproximou que eu percebi que se tratava de um conhecido.
Era o Murilo, o tal vizinho do Vítor... Eu me admirei porque não pensei que ele gostasse de surfar.
Para o meu azar – ou a minha sorte – ele acabou percebendo o meu olhar e para o meu desespero, ele resolveu falar comigo. Fiquei extremamente constrangido:
- Olá – ele falou.
- Olá – já senti meu rosto queimar.
- Tudo bem?
- Sim.
- Você tem horas aí?
Ufa, que alívio! Ele só queria saber das horas...
- 11:30.
- Obrigado. Como você se chama?
- Caio e você? – me fingi de sonso. Ele não precisava saber que eu sabia o nome dele, não é mesmo?
- Eu me chamo Murilo. Muito prazer, Caio.
- O prazer é meu, Murilo.
- Você é amigo do Vítor, né? Eu vi você lá falando com ele naquele dia...
- Na verdade ele não é meu amigo, ele é só um conhecido.
- Ah, entendi. Posso sentar aqui com você?
- Pode, claro.
Engoli em seco. E eu pensando que ele só queria saber das horas...
- Bonito esse mar, né?
- Demais – concordei. Fiquei olhando pro oceano e senti o meu coração disparar. Eu não deveria ter olhado tanto pra ele.
- Qual a sua idade?
- 19 e a sua?
- 15. Acabei de fazer 15.
NOVINHO... QUE DELÍCIAAAAAAA...
- Legal.
- Aí, você sabe surfar? – Murilo me olhou com o cenho franzido por causa do sol.
- Mais ou menos – fui sincero. – Mais pra menos do que pra mais.
- Ah... Eu me amarro no surf. Na verdade em qualquer esporte, mas principalmente o surf. Um dia eu vou ser campeão de surf.
- Entendi – abri um sorriso. Ele parecia ser bem legal.
- Tu mora por aqui?
- Não. Moro no Realengo.
- Pô e o que tu tá fazendo por essas bandas?
O sotaque carioca dele me deixou alucinado.
- Eu tive que resolver umas paradas e agora eu estou de bobeira por aqui.
- Tu não é do Rio não, né?
- Não – sorri. – Eu sou de São Paulo.
- Ah, maneiro. Tá de bobeira mesmo?
- Na verdade não. Daqui a pouco eu tenho que trabalhar, eu nem deveria estar aqui mais.
Nesse momento eu me levantei.
- Pô, eu tô de bobeira. Tu quer conhecer a minha casa? Eu sempre tô sozinho esse horário, não tem ninguém lá não...
Pensei que as areias da Praia de Ipanema iam estar vazias, mas me enganei. Não estava abarrotada como aos domingos, mas eu também não poderia considerar aquilo vazio.
Caminhei pela beira do mar e fiquei pensando na vida. Estava fazendo faculdade, trabalhando e ia começar o inglês. Será que em São Paulo a minha vida também teria seguido esses mesmos rumos?
E meu irmão? Será que ele também estava fazendo as mesmas coisas que eu? Pensei em tudo o que poderia me acontecer se eu estivesse em São Paulo e mais uma vez cheguei a conclusão que eu estava muito melhor no Rio.
Quando senti as minhas pernas cansarem, arrumei um lugar na areia, sentei e fiquei olhando pro mar. Ele estava tão bonito... Tão azul... Azul da cor dos olhos daquele garoto...
Deixei meu olhar no horizonte. Eu não sabia mais o que era mar e o que era céu. Os azuis se confundiram em uma imensidão sem fim. Deu até vontade de explorar todo aquele oceano que estava na minha frente...
Mas de repente meus olhos foram atraídos para um surfista. Ele estava sem camisa, com uma bermuda preta e estava mandando muitíssimo bem nas ondas.
Não perdi nenhum movimento que ele fez, nem mesmo quando caiu e apareceu em outro canto do mar. Como era bonito!
Não sei quanto tempo esse garoto ficou surfando, mas de uma hora para outra ele parou e começou a ir pra areia. Foi quando ele se aproximou que eu percebi que se tratava de um conhecido.
Era o Murilo, o tal vizinho do Vítor... Eu me admirei porque não pensei que ele gostasse de surfar.
Para o meu azar – ou a minha sorte – ele acabou percebendo o meu olhar e para o meu desespero, ele resolveu falar comigo. Fiquei extremamente constrangido:
- Olá – ele falou.
- Olá – já senti meu rosto queimar.
- Tudo bem?
- Sim.
- Você tem horas aí?
Ufa, que alívio! Ele só queria saber das horas...
- 11:30.
- Obrigado. Como você se chama?
- Caio e você? – me fingi de sonso. Ele não precisava saber que eu sabia o nome dele, não é mesmo?
- Eu me chamo Murilo. Muito prazer, Caio.
- O prazer é meu, Murilo.
- Você é amigo do Vítor, né? Eu vi você lá falando com ele naquele dia...
- Na verdade ele não é meu amigo, ele é só um conhecido.
- Ah, entendi. Posso sentar aqui com você?
- Pode, claro.
Engoli em seco. E eu pensando que ele só queria saber das horas...
- Bonito esse mar, né?
- Demais – concordei. Fiquei olhando pro oceano e senti o meu coração disparar. Eu não deveria ter olhado tanto pra ele.
- Qual a sua idade?
- 19 e a sua?
- 15. Acabei de fazer 15.
NOVINHO... QUE DELÍCIAAAAAAA...
- Legal.
- Aí, você sabe surfar? – Murilo me olhou com o cenho franzido por causa do sol.
- Mais ou menos – fui sincero. – Mais pra menos do que pra mais.
- Ah... Eu me amarro no surf. Na verdade em qualquer esporte, mas principalmente o surf. Um dia eu vou ser campeão de surf.
- Entendi – abri um sorriso. Ele parecia ser bem legal.
- Tu mora por aqui?
- Não. Moro no Realengo.
- Pô e o que tu tá fazendo por essas bandas?
O sotaque carioca dele me deixou alucinado.
- Eu tive que resolver umas paradas e agora eu estou de bobeira por aqui.
- Tu não é do Rio não, né?
- Não – sorri. – Eu sou de São Paulo.
- Ah, maneiro. Tá de bobeira mesmo?
- Na verdade não. Daqui a pouco eu tenho que trabalhar, eu nem deveria estar aqui mais.
Nesse momento eu me levantei.
- Pô, eu tô de bobeira. Tu quer conhecer a minha casa? Eu sempre tô sozinho esse horário, não tem ninguém lá não...


3 comentários:
nossa,amei isso q aconteçeu com rodrigo e caio ,acho q agora vai (happy)
carrie solter
não estou apreciando esse conto ,achando mitico demais pro meu gosto
Hey Caiô,
Ainda ben que não houve estranhamento entre você e o Rodrigo depois do acontecido, e acho que a decisão dele de não querer o beijo entre vocês nem que você fizesse Algo a mais.
Tenho a sensação que rolará algumas outras vezes entre vocês. Só pelo acontecido na praia, da para notar que o Rodrigo quer mais. O fato de ele pedir para não criar expectativas está mais ligado ao que ele ainda continua confuso com isso.
Tem mas alguma coisa que não tenhamos em comum? Wizard? Sério?
Este Murilo ainda vai aparecer mais vezes estou certo? Sinto que ele tentará se envolver contigo. Só espetando.
Dann Oliver
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