terça-feira, 21 de abril de 2015

Capítulo 101²

Brincando. A Eduarda só poderia estar brincando comigo.

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São Paulo? Será que ela acreditava que eu ia aceitar voltar para São Paulo de uma hora pra outra? Nâo mesmo!
- É brincadeira, né? – eu ri.
- Não.
A minha superiora estava desconfortável. Acho que ela também achava que isso era uma brincadeira.
- Ah, Duda!!! Pelo amor de Deus! Você acha mesmo que eu vou aceitar uma coisa dessas?
- Ordens do Antony!
- Pois então mande ele vir falar comigo, porque eu não vou simplesmente aceitar uma coisa dessas de uma hora para outra. Quem ele pensa que é para falar que eu vou para São Paulo?
- Nosso diretor.
- Pois ele pode ser o Papa! Não vou aceitar isso e ponto final. Ah, pelo amor de Deus! Vocês estão achando que eu sou idiota, ou o quê?
Fiquei revoltado, mas não pelo convite e sim pela forma como ele foi feito. Na verdade, não foi um convite. Foi um comunicado onde ficou bem claro que eu seria remanejado. Isso eu não ia aceitar.
- Eu sei, eu sei. Não precisa ficar nervoso!
- Precisa sim! Primeiro vocês demitem o Jonas e a Janaína, dois dos melhores gerentes que existiam nessa empresa. E agora me vêm com essa? Sou trouxa não, Duda.
- Você tem que ser flexível...
- Eu até seria, caso a loja fosse aqui no Rio! Ninguém pode me obrigar a ir para São Paulo contra a minha vontade. Eu tenho toda uma vida aqui e você sabe muito bem disso. Aliás, você sabe de toda a minha história, sabe o quanto eu sofri lá em São Paulo e agora você quer me mandar pra lá? Conta outra!

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Falei com a maior calma, mas por dentro eu estava quase explodindo de tanta raiva. Primeiro pelas demissões e depois por aquela intimação.
- Eu vou falar com o Antony, mas ele disse que quer você na vaga.
- Pois ele que procure outro! E vem cá, que eu saiba ele é só diretor das lojas do Rio, não das de São Paulo! Ele não pode querer controlar a minha vida.
- São só alguns meses. Depois você pode voltar.
- Nem que seja um dia eu não aceito. E não aceito só pela forma como me foi imposta essa transferência. Se quiserem me mandar embora podem mandar, vai ser um prazer. Já tem um tempinho que eu estou de saco cheio dessa empresa.
- Tá doido? Eu não quero te perder não!
- É, mas eu quero sair. Porque eu já estou chegando no limite da minha tolerância.
- Eu sei que ultimamente as coisas não têm sido fáceis...
- Não têm sido fáceis? Isso aqui virou um inferno de uns tempos pra cá! E você mudou muito. Eu estou bem chateado com isso.
- Desculpa, Caio! Eu sei que ultimamente eu não tenho dado subsídios pra você, que tenho cobrado muito, mas é que eu também estou sendo cobrada! Pra mim também não está sendo fácil, sabe?
- Entendo, só que existem formas e formas de se cobrar um funcionário. Eu me sinto um camelo, um burro de carga de vez em quando, Duda. Estou cansado! Antes não era assim. Antes eu fazia o meu trabalho com mais tranquilidade. Hoje nem tempo de fazer gestão eu tenho.
- Vai melhorar. Eu prometo.
- Iria melhorar se a empresa voltasse a ser o que era antes. Depois dessa maldita fusão as coisas viraram um inferno, em todos os setores. Não dá mais! Quero ser desligado.
- Não será não, Caio! Eu não vou desligar você agora. De jeito nenhum! Eu preciso muito de você.
- Pois a vontade que eu tenho é de deixar vocês na mão. Ah, caramba! Eu estou revoltado com isso, de verdade.
- Calma! Eu vou dar um jeito nisso, mas acho difícil o Antony mudar de opinião. Ele quer você de qualquer jeito.
- Pois ele vai ficar querendo! Marca uma reunião com ele com portas fechadas que eu vou falar umas verdades. Não me importo em ser desligado por justa causa se for o caso.
- Ai, Caio... – a Eduarda riu.
- Você ri porque não é com você! Queria ver se alguém viesse falando que você vai ser remanejada para São Paulo se você iria rir. Ah, pelo amor... Coisa mais ridícula!
- A gente vê o que faz, mas considere essa possibilidade. Eu sei que você vai acabar aceitando.
- Aceitando? Vou não! Não mesmo.
- Mas pelo menos pensa a respeito, Caio.
- Não tenho nada que pensar! A minha vida está aqui e não em São Paulo. Eu não tenho nada pra fazer lá.
- Então o que foi fazer recentemente?
- Isso foi um problema particular e pontual. Não tem nadaa ver com a minha vida profissional.
Eu estava tão enfurecido com essa novidade que a Duda contou que nem sequer lembrei da proposta que o pai do Víctor havia feito.
- Caio, volta lá pra loja. O bicho deve estar pegando.
- Quero falar com o Antony. Seja bem clara que eu não vou aceitar essa proposta.
- Ela não é pra agora. É pro final do ano.
- PIOROU! Querem me fazer trabalhar que nem burro de carga no final do ano? NÃO MESMO! Se virem sem mim. Tchau!
Eu saí e deixei a regional sozinha. Fiquei com tanta raiva, mas com tanta raiva que acabei batendo a porta da sala da minha superiora. Esse povo estava brincando com a minha cara, só podia.
- Caio? Está tudo bem? – perguntou uma vendedora de telefonia.
- Não, tudo péssimo! Não estou em um bom dia.
- Pois então se prepara porque tem vários clientes querendo falar com você. E já que a Jana foi...
- Nem me lembra disso, nem me lembra disso!
Foi um problema atrás do outro naquele dia e eu tive que resolver tudo sozinho. Chegou um momento do dia em que eu praticamente surtei com os colaboradores.

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- EU JÁ FALEI QUE NÃO É PRA PERDER TEMPO COM PAPO FURADO, NÃO FALEI? VOLTEM AO TRABALHO, PELO AMOR DE DEUS!!!
Eles ficaram com medo de mim. Em toda a minha trajetória como líder eu nunca agi daquela forma tão agressiva, mas é que eu estava entrando em colapso. Essa é que era a verdade.
Quando aquele dia chegou ao fim e eu pude fechar a loja, senti um alívio descomunal. A primeira coisa que fiz foi ligar pra Janaína pra contar o que estava acontecendo:
- São Paulo? É isso mesmo, diretor?
- Dá pra acreditar, Jana? Eu quase enlouqueci!
- Eles estão pensando que são quem, hein?
- Deus! Só pode. O pior foi o jeito que ela falou... Nós vamos te remanejar... Meu ovo pra ela!
- É... Não é fácil! Mas você não falou nada?
- Eu soltei os cachorros. Disse que não ia aceitar e que queria a minha demissão.
- E ela?
- Disse que não ia me demitir. É claro que não vai, eu vou ter que segurar o tranco da loja sozinho!
- Eu estou é ótima deitada aqui na minha cama. Vou passar dois meses no Nordeste só bebendo água de côco e sendo abanada por dois boys magia. Quero nem saber de nada mais.
- Queria eu poder fazer a mesma coisa.
- Agora eu só quero saber de sombra e água fresca. Mal posso esperar pra deitar numa rede e ficar pensando em nada. Delícia!
- Faz inveja mesmo, vadia!
- Desculpa, Caiô! Eu posso e mereço. Trabalhei feito uma camela nessa porra dessa loja, agora eu tenho mais é que curtir a minha vida! Quero descansar.
- O Well vai com você?
- Não, coitado. Ele tem que trabalhar. Meu boy magia é muito responsável, ai que badalo!
Por incrível que pareça eles ainda estavam juntos. Janaína e Wellington faziam um casal bem bacana, porque eles eram totalmente opostos. A Jana dizia que ele era um poço de chamas na cama.
- Beleza então. Preciso desligar porque estou no volante.
- Cuidado com a multa.
- Estou no fone de ouvido.
- Ah... Bruno já sabe?
- Não. Ele vai saber agora.
- Depois me conta a reação dele.
- Pode deixar.
- Beijo!
- Outro. Já estou morrendo de saudade!
- E eu? – ela riu.
- Cachorra.
- Sou nada! Vai descansar, lindão! Eu te amo.
- Também, amiga. Vou sentir sua falta na loja.
- E eu a sua, mas só sua.
- Obrigado, linda.
- Beijo!
- Outro.

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Desliguei e continuei dirigindo. Eu estava uma pilha de nervos e tudo o que eu mais queria naquele momento era ficar ao lado do meu namorado.
- Oi...
- Oi! – ele nem olhou na minha cara.
- Que foi? Está bravo comigo?
- Com você não.
- Com quem então?
- Cansado, sabe? Irritado.
- Mas por que? Quem te irritou?
- Ai... Estou irritado! Posso?
- Nossa... Pode! Desculpa, não tá mais aqui quem perguntou.
- Você está bem?
- Não.
- O que é? Continua com aquela dúvida se deve ou não ir pra São Paulo?
- Não é isso. Eu estou com problemas na loja.
- Novidade! Qual o dia em que você não tem problema naquele lugar? Qual a de hoje?
- A Jana foi demitida.
- Bom pra ela. E que mais?
- Fiquei sozinho.
- Eu sei. E que mais?
- E a Duda disse que ia me mandar pra São Paulo, acredita?
- Pra São Paulo? Também?
- É...
- Ah, conta outra, vai?
- Juro!!!
- Ah, Caio! Não sou besta, né? Você está falando isso só para aceitar aquela proposta!
- Acha que eu estou mentindo pra você, Bruno?
Ele ficou calado, apenas me olhou.
- E por que isso agora? Tão de repente?
- Queria entender também – caí deitado na cama.
Ele bufou e continou fazendo o que estava fazendo. Meu namorado estava estranho.
- Vou tomar um banho. Você vem comigo? – perguntei.
- Não está vendo que eu estou estudando?
- Nossa, Bruno... Seu estúpido!
Eu peguei uma roupa e saí do quarto. O que estava acontecendo com ele, hein? Por que ele estava agindo daquela forma comigo?
Tomei meu banho e fiquei pensando nisso. O que tinha feito o meu namorado ficar tão irritado? Há muito tempo eu não via o Bruno daquele jeito.
- Vai me contar o que está acontecendo?
- Não está acontecendo nada, Caio! Eu só acordei de mau-humor. Não tenho direito a isso?
- Caralho, Bruno! Você nunca falou comigo desse jeito!
- Eu estou estressado, desculpa.
- Eu também estou estressado e nem por isso eu descontei em você! Eu quero saber o que está acontecendo!
- Já falei que não tá acontecendo nada, Caio! Cacete, será que eu sou obrigado a acordar bem todos os dias?
- Não, mas...
- E aí? Você aceitou a proposta da sua chefe?

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- Claro que não...
- Ah, bom. Pensei que tinha aceitado. Pensei que ia voltar pro meio daquele ninho de cobras que é a sua família.
- É claro que não...
- Hum...
- Você está tão estranho! Nem me deu um beijo nem nada...
Ele ficou calado e continuou estudando.
- Não vai me dar um beijo, amor? – fiquei desolado.
- Eu estou estudando, Caio! Já falei.
- AH, QUER SABER? ENGOLE ESSE NOTEBOOK ENTÃO! BOA NOITE!
- Pra onde você vai, Caio?
- DORMIR NO SOFÁ!
Já saí do quarto chorando de raiva. Estava acontecendo tudo ao mesmo tempo. Eu estava ficando louco!
Por que ele me tratou daquela forma? Por que ele não quis me beijar? Por que estava estressado daquele jeito? Algum motivo tinha que ter.
E é claro que eu fiquei pensando em tudo, cogitando várias possibilidades. Ele poderia estar com problemas na faculdade, problemas no trabalho, mas nada justificava a forma que ele falou comigo.
Eu também tinha problemas na loja e nem por isso ficava tratando o Bruno mal. Pra mim tinha alguma coisa de errado naquela história.
Será que ele tinha outro? Será que era por isso que ele não quis me beijar? Será que eu estava sendo traído?
Não. Não deveria ser isso não. Não poderia ser. Será?
E se fosse? E se o Bruno tivesse outro? E se ele terminasse comigo? Eu provavelmente morreria de desgosto, porque ele era a minha vida!
Não. Não deveria ser isso não. Eu tinha certeza que meu namorado não tinha outra pessoa. Ele só deveria estar com problemas na faculdade ou no trabalho e preferiu não me contar.
Bruno e eu sempre respeitamos as nossas particularidades. Embora nós fossemos um casal bem unido, embora nós contássemos tudo um para o outro, às vezes guardávamos segredos com relação a alguns assuntos e isso sempre foi respeitado por ambas as partes. Eu tinha que continuar fazendo isso.
Independentemente de qualquer coisa, não seriam os problemas que iriam nos separar, mas aquela briga me deixou bem chateado. Foi tão boba, mas me deixou bem chateado. Naquela noite eu dormi realmente no sofá e ele nem foi falar comigo. Confesso que isso foi motivo para outra briga depois de algum tempo.
NO DIA SEGUINTE...
Como sempre ele acordou primeiro que eu. Eu estava muito desconfortável naquele sofá, mas não dei o braço à torcer, nem quando ele foi me pedir desculpas antes de sair pra faculdade:
- Amor? Tá acordado?
Continuei intacto, sem me mexer e sem nenhuma reação.
- Amor? – ele mexeu comigo.
Eu continuei parado. Eu não queria falar com ele.
- Caio? Desculpa, por favor... Eu fui um ogro ontem à noite com você. É que eu estou tão irritado com essas coisas da faculdade...
E eu com isso?
- Olha pra mim, vai?
Continuei parado e sem esboçar nenhuma reação. Eu estava bravo.
- Não vai falar comigo?
NÃO!
- Eu só queria pedir desculpas.
Era tarde demais pra isso.
- Eu vou pra faculdade. Vai pra cama, eu não vou estar lá pra você ter raiva.
ERA BOM MESMO!
O cachorro do meu namorado saiu com a cabeça baixa. Eu nem me importei com isso e bastou ele fechar a porta para eu correr pra cama. Eu estava quebrado, quase literalmente falando.
Foi no final de semana daquela mesma semana que eu fui me despedir dos pais do Rodrigo. Eles iam voltar pro Paraná, depois de 6 meses morando no Rio de Janeiro.

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- Uma pena que tenham que ir!
- Está na hora – falou a Dona Inês. – Já ficamos aqui tempo demais. Estou com saudades do frio!
- Imagino! Mande lembranças à ele. Aqui é um forno, mesmo no inverno.
- É verdade. Foi bom passar esse tempo aqui com vocês.
- Foi bom ter a senhora por perto.
- Obrigada, querido.

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Eles saíram depois do almoço e é claro que nós fomos levá-los no aeroporto. Lá eu me despedi com mais calma dos dois:
- Bom regresso.
- Obrigado – o pai do Rodrigo apertou a minha mão. – Se cuida, hein rapaz?
- Pode deixar! Você também.
- Obrigado.
Abracei e beijei a Dona Inês e ela me fez várias recomendações. Uma delas foi para eu pensar em ver a minha mãe novamente.
- Não sei se será uma boa ideia, mas eu prometo que vou pensar no assunto.
- Faça isso. Se cuide, querido. Fique com Deus.
- Amém! A senhora também!
Rodrigo abraçou os pais e a mãe dele chorou quando se despediu. Ela sempre chorava quando dizia até logo ao rapaz.
- Te vejo em dezembro, na minha defesa do doutorado.
- Estarei aqui, orgulhosa como sempre.
- Vai com Deus.
- Fica com Ele. Te amo!
- Eu também.
Eles embarcaram.
- Vamos?
- Uhum – murmurei.
- Que foi? Por que está com essa cara? O que o Bruno fez?
- Como você sabe que ele fez alguma coisa?
- Caio Monteiro, eu te conheço há mil anos já. Sei decifrar direitinho o que está acontecendo com você. Fala o que o nojento fez que eu vou lá matá-lo.
- A gente só brigou. Só isso.
- Por quê?
- Estresse. Nós dois estávamos estressados.
- E daí? Isso é motivo pra briga?
- Nós dois somos geniosos, Digow. Só discutimos, só isso.
- Amanhã é o aniversário dele, não é?
- Uhum.
- Vou dar um presente para aquele filho da puta.
- Ah, é? O que é? – perguntei na maior inocência.
- Uma bola de veneno! NÃO É PRA ELE BRIGAR COM VOCÊ!
Que bonitinho! Ele estava me defendendo!
- Não é pra matar o meu Bruno, coitadinho!
- Coitadinho é o escambal! Ele tem que te respeitar. Essa foi uma das regras que eu impus quando ele te roubou de mim lá na república.
Fazia tanto tempo que eu tinha saído da república, mas ao mesmo tempo parecia que tinha sido no dia anterior.
- Desgraçado!
- Não fala assim dele. A gente vai fazer as pazes.
- Você ainda defende? Ah, você é muito idiota mesmo!
- Ei... Me respeita!
- Você tem que se respeitar para ser respeitado. Não aceite essas brigas não.
- Só foi uma briga, calma!
- Mas ele não tem esse direito de brigar com você! Não tem!
- Eu te amo também, mas fica calmo.

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- Maldito! Ele me paga!
Eu fiquei o dia inteiro com o Rods e aproveitei que a casa era só nossa pra ficar deitado com ele o dia todo. Fazia muito tempo que nós não ficávamos perto daquele jeito.
- E a sua namorada?
- Bem. Saudades dela!
- Esse namoro está durando...
- Claro! Pensou que não ia durar?
- Lógico! Namoro à distância é complicado.
- Quando a gente ama de verdade, a distância não é problema, Caio.
- Eita... Já vi que esse daí está todo apaixonadinho.
- Muito!
Que bom. Era bom ele ficar apaixonado mesmo. Pelo visto a Bárbara era a mulher certa da vida do meu amigo. Eu fiquei feliz por ele.
- Tenho que ir!
- Já? Cedo assim, Cacs?
- Quero comprar o presentedo Bruno!
- Compra um inseticida. Assim ele morre de uma vez.
- Rodrigo! – eu fiquei bravo.
- Ah, cara chato! Não é pra brigar com o meu irmão não!
- Seu lindo! Hoje a gente faz as pazes.
- Quero só ver.
- Não me leva até o portão?
- Eu não! Você sabe o caminho!
- Ah, é? Pois então eu não volto aqui nunca mais.
- Brincadeira! É claro que eu vou te levar até o portão.
De lá eu fui direto pro shopping e comprei os presentes do Bruno. Naquele ano eu dei uma camisa que custou os olhos da cara, mas que com certeza ficaria linda nele. Só isso. E um cartão, é claro.
Quando cheguei no apartamento ele já estava lá, com aquela cara de cachorro que caiu da mudança. Eu fiquei todo derretido com isso.
- OI... – falei.
- OI... – ele sussurrou e me olhou com os olhos brilhando e suplicantes.
- Que é? Por que está me olhando com essa cara? – fui meio grosso com ele.
- Ah... Eu estou com saudades...
- Agora? Agora é tarde!
- Me desculpa, Caio... Pelo amor de Deus... Eu fui um ogro, eu sei, mas é que... Ah... Por favor...
Ele quase chorou.
- Hum... Eu vou pensar.
- Ainda? Ainda não pensou? Poxa... Já fazem tantos dias...
- Deveria ficar um ano sem falar com você, seu ogro – fiz bico.
- Me desculpa! Eu prometo que nunca mais brigo com você...
- Eu também briguei com você – fiz bico de novo.
- Mas eu mereci...
- Mereceu não. Eu entendo, amor.
- Então você me perdoa?
- Lógico que eu te perdoo, meu príncipe de olhos azuis! Vem cá, vem?
Eu puxei o Bruno pela cintura e nós começamos a nos beijar. Em menos de 5 minutos já estávamos sem roupa, no meio da cama e prontos para o abate.

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- Eu te amo, Bruno!
- Eu também te amo, Caio!
- Quero ficar com você pra sempre.
- Eu também!
A noite foi tão gostosa que a meia noite chegou e a gente nem percebeu. Só me dei conta que o aniversário dele tinha chegado quando a gente parou de transar, lá pelas duas da madrugada.
- PARABÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉNS, ANJO!
- Ai que susto!
- AI QUE LINDO! MAIS UM ANIVERSÁRIO... FELICIDADES, FELICIDADES, FELICIDADES...
- Obrigado, meu amor! Que lindo...
- Que Deus te abençoe muito...
Eu ia falando e ia beijando o rostinho dele. Bruno estava completando 23 aninhos.
- Meu gostoso... Meu delicioso... Meu cheiroso... Meu tesudo... Meu amor...
- Meu bobo mais lindo de todo o universo!
- Te amo! Parabéns...
- Muito obrigado!
DIAS DEPOIS...
Foi no dia em que a regional estava na loja que o bicho pegou pra valer. Eu tive tantos problemas para resolver que ela teve que se meter no meio com alguns clientes.
- Calma! – ela me aconselhou. – Você está uma pilha de nervos!
- O QUE VOCÊ QUERIA? QUE EU ESTIVESSE CALMO NO MEIO DESSA ZONA?
- Respira! Eu tenho uma coisa pra te contar.
- Que foi?
- Falei com o Antony a respeito de sua transferência.
- E?
- E ele mantém a posição. Quer porquê quer que você vá para São Paulo pelo menos por alguns dias.
- MANDA AQUELE FILHO DA PU...
- Caio...
- PRO INFERNO! EU NÃO VOU PRA SÃO PAULO!
- Calma, Caio! Calma! Não precisa ficar assim!!!
- E como você quer que eu fique, Duda? Eu estou ficando louco aqui na loja! Eu estou surtando!!!
- Eu sei, mas de nada vai adiantar você agir dessa forma.
- E como quer que eu aja? Ah, pelo amor de Deus! Isso daqui virou um calvário onde eu estou pagando todos os meus pecados!!! É melhor me mandar embora!
- Não. Não vou te mandar embora.
- Me ajuda, Duda, pelo amor de Deus! Eu não estou aguentando mais!!!
- Pensei que você soubesse trabalhar sob pressão, Caio.
- É, só que isso daqui não é pressão, isso chega a ser desumano! Vocês estão exigindo algo que eu não posso dar e ainda ficam comendo o meu juízo pra atingir uma meta inalcançável! Pelo amor de Deus, não tem cristão que aguente!
- Calma, querido! Vai fazer sua janta. Vai respirar um pouco. As coisas vão melhorar.
As coisas realmente iam melhorar, porque eu ia dar um jeito naquela situação.
Eu não ia, de jeito nenhum, deixar que aquele povo tomasse conta da minha vida. Eu ia dar um jeito naquilo ou não me chamava Caio Monteiro.
E o jeito que eu encontrei, no calor da emoção, para resolver aquele problema que eu estava tendo na loja foi cogitar de verdade a possibilidade de aceitar a proposta do Roberto.
Acho que a vida estava conspirando para que eu voltasse para São Paulo. Primeiro eu recebi a ligação do Cauã pedindo a minha visita, depois recebi a proposta do Roberto e por fim recebi a intimação do antony, falando que eu seria remanejado para a minha cidade.
Será que isso era um sinal? Será que era um recado do destino? Uma mensagem subliminar? Será que eu tinha que ler nas entrelinhas?
Se fosse assim, era melhor eu aceitar o pedido do Roberto. Pelo menos eu ficaria na minha área e não teria mais que passar por tantos problemas como eu estava passando naquele momento.
Trabalhar como gerente de RH não seria apenas tranquilo, mas seria também gratificante. Eu entraria de vez na minha área e iria ganhar muito mais, cinco vezes mais. Não era um dinheiro que se pudesse jogar fora.
Mas e o Bruno? E o Rodrigo? E o Rio de Janeiro? E meus amigos?
Lembrei do que o Vinícius me disse. Ele estava certo quando falou que se o Bruno me amasse de verdade, ele iria me entender.
A ponte aérea Rio – São Paulo era rápida e eu poderia voltar pro Rio sempre que quisesse. O Bruno também poderia ir para São Paulo.
Fiquei em dúvida, mas a dúvida não era tão grande como anteriormente. Eu já estava pendendo pro lado do sim ao invés de ficar em cima do muro.
Mas antes de tomar qualquer decisão, eu precisava falar com uma pessoa. Uma pessoa linda, que eu amava acima de todas as coisas e que tinha os olhos azuis mais lindos que eu já tinha visto na vida. O Bruno.

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- O que você quer falar comigo? – ele beijou meu rosto.
- Eu preciso ser muito sincero com você, amor.
- Que foi?
- Eu estou ficando louco na loja.
- Por que? O que eles fizeram hoje?
- A Duda disse que o Antony está querendo me mandar de qualquer jeito para São Paulo.
- Mas de novo isso? Já não tinha resolvido?
- Pois é, dá pra acreditar?
- Que saco, hein?
- Nem me fala. E tipo, eu estou surtando com os clientes, com os funcionários, com a pressão, com a meta que não dá pra alcançar...
- Imagino, amor. Imagino. Queria tanto poder fazer alguma coisa!
- Então, eu estive pensando muito hoje...
- Em que você pensou?
- Em tudo! Tudo mesmo. E acho que eu cheguei a uma conclusão, Bruno.
- E que conclusão é essa?
- Eu acho que vou aceitar a proposta do pai do Víctor. Eu acho que vou mudar para São Paulo!

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