segunda-feira, 6 de abril de 2015

Capítulo 81²

A
mbos abriram um sorriso imenso e eu sorri por tabela.

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Já fazia alguns dias que eu tinha tomado essa decisão, mas eu só resolvi abrir o bico naquele momento justamente devido a ocasião especial.
- Não poderia ter notícia melhor que essa – Bruno me agarrou.
- Não mesmo! – Rodrigo também me agarrou.
E eu fiquei no meio dos dois, me sentindo um salame no meio de duas metades de pão francês. E que pães eram aqueles...
- Vocês estão me sufocando! – reclamei.
Os dois continuaram ali, brincando e rindo comigo, mas eu estava mesmo ficando sem ar, por isso dei um jeito de sair por debaixo dos braços do Rodrigo e do Bruno. Foi bom respirar ar puro.
- Sai pra lá, asqueroso – Bruno parou de rir quando agarrou o Rodrigo.
- Sai pra lá você, inseto!
- Vamos nos respeitar, por favor?
- E quando o senhor tomou essa decisão? Posso saber?
- Já faz alguns dias.
- E nem me falou nada?
- Desculpa, anjo! Eu queria falar aqui, na pós do Digow.
- Não poderia ter ocasião melhor – Rodrigo abriu aquele sorriso que eu tanto amava.
- Vocês vão ficar conversando até que horas? – Dona Inês se aproximou. – Vamos jantar que eu estou azul de fome!
- Vamos sim, mãe. É que o Caio estava nos contando uma novidade. Ele também vai fazer pós-graduação, sabia?
- Ah, é Caio? Que maravilha!!!
- Decidi esses dias, Dona Inês. Começo ano que vem, se Deus quiser.
- E vai fazer em quê?
- Na minha área mesmo.
- É isso aí, querido. Você tem que investir no seu futuro enquanto é jovem. Eu te dou todo o apoio do mundo.
- Obrigado!
- E você, Bruno? Quando se forma?
- Em 2.013 ainda, Dona Inês. Está um pouco longe, mas...
- Não está longe... Nós já estamos chegando em 2.011! Passará muito rápido, você vai ver.
- Deus a ouça.
Nós fomos comemorar a pós do Rods em uma churrascaria na Zona Sul do Rio. Estavam todos presentes, inclusive o Vinícius, a Bruna e o Fabrício. É claro que eles não poderiam faltar, não é?
- Um brinde – propôs o pai do pós-graduado. – Ao meu filho!

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Foi a maior felicidade passar a noite ao redor dos amigos, comendo e comemorando mais uma conquista do Rodrigo. Ele merecia chegar aonde estava chegando.
- Gente que churrasco mal-passado – Bruna reclamou.
- Se deixassem um pouquinho mais cru eu poderia jurar que iria ouvir o mugido do boi quando a gente mordesse a carne – brincou o pós-graduado.
- Que exagero, minha gente! Está uma delícia – falei.
E estava mesmo. A carne não estava crua, mas também não estava assada demais. Ela estava no ponto, pelo menos para mim.
Os pais do Rodrigo não deixaram ninguém pagar a conta. Aquele jantar, aquela comemoração foi um presente deles para o filho. E todos nós fomos os convidados.
- Obrigado então – eu agradeci.
- Quando você vai me visitar mesmo?
- Mês que vem, Dona Inês – eu comecei a rir.
- Pois eu acho é bom. Você também vai, né Bruno?
- Farei o possível para ir, mas não sei se poderei por causa do trabalho.
- Compreendo. Por favor, faça o possível. Eu quero você lá também.
- Pode deixar que eu vou tentar.
- Você já vai voltar pro Paraná, Dona Inês? – questionei.
- Não, não. Ficaremos uma semana, Caio. Meu marido e eu queremos aproveitar um pouco do Rio.
- E fazem muito bem.
- A gente vai se ver novamente?
- Acredito que sim. Onde vocês estão hospedados?
- Aqui na Zona Sul mesmo.
- Acredito que nos veremos sim, por que não?
- Assim espero.
Antes de ir para casa, me despedi do meu melhor amigo e o felicitei novamente por mais aquela conquista.
- Você merece! Meus parabéns. Deus abençoe a sua nova fase.
- Amém, amém e amém! Adorei a novidade da sua pós, hein?
- É, pois é. A gente tem que evoluir na vida, né?
- Com certeza!

ALGUNS DIAS DEPOIS...Resultado de imagem para dias depois

- Amor, que roupa eu coloco? – perguntei.
- Nenhuma – ele mordeu a minha orelha e me agarrou por trás.
- Ui, delícia! Mas amor, eu não posso ir pelado pro show, né?
- Não mesmo! Eu morreria de ciúmes. Quais as opções que nós temos?
- Me ajuda aqui, vai?
Acabou que eu coloquei um jeans preto desbotado, uma camiseta baby look cor-de-rosa e um tênis branco. A parte mais difícil do visual foi deixar o cabelo arrepiado.
- Não segura – ele ficou irritado. – Ai que ódio!
- Me dá o pote de gel pra cá, Bruno...
Eu peguei tanto gel, mas tanto gel que o meu cabelo ficaria duro por 1 ano. Eu queria ver ele não ficar do jeito que eu gostava!
- Sabe o que eu vou fazer, amor?
- O quê? – perguntei.
- Eu vou comprar um barril de cem quilos de gel cola pra colocar aqui no banheiro. Talvez dure uma semana!

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- Exagerado – eu caí na gargalhada.
- Mas é verdade! Que cabelo mais liso o seu!
- Mamãe e papai capricharam no meu cabelo, amor. Mas você nem fica atrás, o seu também é liso!
- Mas não é liso que nem o seu. O meu segura facilmente com um pouco de gel.
- Seu reclamão! Anda, vai se arrumar que a gente já está ficando atrasado.
Bruno colocou um jeans azul, uma camiseta branca e resolveu ir de boné. Eu sabia que ele ia se arrepender, porque ia fazer calor quando a gente começasse a pular.
- Qualquer coisa eu deixo na van.
- Você que sabe. Pegou tudo?
- Sim!
- Câmera?
- Aqui.
- Pilhas?
- Aqui.
- Ingressos?
- Aqui.
- Dinheiro?
- Aqui.
- Chicletes?
- Aqui.
- Meu beijo?
- Ah, esse não está aqui não...
Bruno caminhou sorrindo até onde eu estava e nós nos beijamos.
- E seu dentinho? Ainda está doendo?
- Não, parou. Ele é muito fresco! Só dói quando quer.
- Eu já disse que você precisa procurar um dentista...
- Não preciso não! É só um dente que está nascendo, nada mais que isso.
- Você que sabe. Vamos?
- Sim! A Janaína já está chegando aqui no bairro.
O show do Jorge e Mateus era na cidade do Rio mesmo, mas nós resolvemos ir de van para ficarmos todos juntos. Pelo menos o Bruno não ia ter que se preocupar com gasolina. E nem eu.
- Olá, olá – eu fui entrando. – Boa tarde!
- Boa tarde – o pessoal respondeu.
- Oi, gente – Bruno entrou atrás de mim.
- Oi, Bruno!!!
- Que camiseta é essa, Caio? – perguntou Alexia.
- Uma que ganhei de um certo alguém chamada Alexia no meu aniversário!
- Quem é essa?
- Uma maluca que trabalha comigo, sabe?
- Conheço não! – a branquela sorriu.
- Palhaça!
- Arrasou na vestimenta, Caio Monteiro – a Jana estava mais uma vez no banco da frente.
- Obrigado, Jana!
- Preciso de uma camiseta dessa cor – ponderou o meu amigo Rodrigo. – A mulherada cai matando em cima quando homem usa cor-de-rosa.
- Vou te dar uma no dia das crianças – falei.
- Pô... Só em outubro?
- E se dê por satisfeito!
- Fabrício? Como está o Nico? – meu namorado quem perguntou.
- Bem, Bruno. Obrigado por perguntar.
- E a Camila, Alexia e Diego? – indaguei.
- Bem, obrigado – respondeu o pai.
- Vou apresentar a Camila pro Nícolas – brinquei. – Vai que rola um namoro mais pra frente.
- Tá louco? – Diego ficou bravo. – Minha filha só vai namorar quando tiver 65 anos!
- Só porque você quer, né? – Alexia riu. – Daqui 15 anos ela já vai estar namorando, certeza!
- Jamais!!!



Bruno, Vítor e Mário não pararam de tagarelar um segundo sequer. Eu já estava cansando da voz do Vítor. Nós convidamos Matheus, Maurício e João, mas eles não quiseram ir.
Quando a van ficou completa, nós seguimos para o destino final. Chegamos no local do show quando faltava mais de 2 horas para a abertura do portão e mesmo assim pegamos fila.
- A gente não vai ficar muito na frente não – falei.
- Pois da próxima vez eu acampo nesse cabrunco! – Janaína esbravejou. – Eu quero ver eu não ficar na primeira fila!!!
Conhecendo a negra como eu conhecia, era bem capaz que ela conseguisse essa façanha. Eu não estava a fim de ficar no fundão não, eu queria ver o show bem de perto.
- Ei... – puxei o Rodrigo pra perto de mim. – É impressão minha ou a Bruna engordou?
- Que indiscrição é essa?
- Mas é, menino! Olha lá! Olha a barriguinha! Será que ela ficou prenha?
- Esse meu namorado... – Bruno riu baixinho.
- Mas não é? Vê só!
- Não acho. Deve ser banha mesmo – comentou Rodrigo. – Se ela estivesse grávida o Vinícius tinha falado.
- Ei, mudando de assunto... Quando vocês vão se mudar?
- Agora na semana que vem. Já está tudo pronto praticamente.
- Os móveis já chegaram?
- Sim, sim. Só falta ir o montador, né?
- Prometo que a primeira coisa que vou fazer na segunda é verificar isso.
- Acho bom!
Rodrigo e Vinícius também tinham mobiliado a casa através da minha ajuda. Eu fiquei feliz e agradecido por eles terem comprado tudo comigo. A minha comissão em janeiro seria excelente só por causa deles.
- Já estou ficando com varizes – reclamou a Janaína. Depois de mim ela era a mais ansiosa.
- Quer parar de reclamar? – Alexia reclamou. – E fica parada num canto!
- Não tem quem me faça ficar quieta hoje. Mal posso esperar pra ver o meu Mateus gostoso!
Eu dei risada. Só a Janaína mesmo.
- Ei, olha pra cá – Bruno chamou a minha atenção.
Era uma foto. E ficou boa.
- O Bruno sempre tirando fotos – Fabrício foi pra perto da gente.
- É! Eu gosto.
- Deveria fazer um curso e se tornar profissional. Dá dinheiro!
- Nada. A faculdade já me toma tempo demais. Deus me livre.
- Quem sabe lá na frente, quando você se formar?
- Aí até pode ser.
Tirei foto com todos os meus amigos. Elas iriam pro Orkut e pro Twitter, com toda certeza do mundo.

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- Alô? – atendi sem ver o identificador.
- Veado?
- Víctor?
- Diz que você não está no show do Jorge e Mateus, diz?
- Sim, eu estou! Por quê?
- Que inveja... Seu maldito, seu mal-amado, seu desgraçado... Precisava fazer inveja pra gente no Twitter?
- Ah, desculpa aí... Esqueci que você também é fã. Por que não vem pra cá? Ainda falta 1 hora pro portão abrir.
- Como se fosse dar tempo, Caio! Ah, se eu pudesse...
- Claro que dá! O voo de Sampa City até o Rio é só meia hora. Rapidinho você chega aqui.
- Vai pagar a minha passagem?
- Eu mesmo não!
- Se você pagar eu vou!
- Ah, tá! To cheinho de dinheiro!
- Chato... Que inveja de você...
- Fica não, amigo! Eu prometo que mostro as fotos pra você depois!
Quando os portões foram abertos, foi a maior correria. Eu mostrei o ingresso, o RG e segui para a revista. O segurança passou o detector de metais em todo o meu corpo e quando eu fui liberado, corri feito um louco para o local onde aconteceria o espetáculo. O Bruno correu atrás de mim.
- Me espera, meu filho!!!
- Corre logo, Bruno!
Realmente, não ficamos na frente do palco. Novamente ficamos por volta da 7ª fileira de pessoas, mas mesmo assim ficamos com uma visão privilegiada.
- Adorei o local – ouvi a voz da Bruna.
- Aqui está ótimo – Rodrigo falou por outro lado.
- Imagina que eu vou ficar numa lonjura dessas... – Janaína estava inconformada.
A danada não sossegou a periquita enquanto não ficou literalmente na grade. Eu tentei fazer a mesma coisa, mas o máximo que consegui foi ficar atrás dela, na 2ª fileira.
- Não dá mais – falei.
- Aqui está muito melhor – meu namorado falou.
- Está mesmo.
- VOCÊS SÃO FODA, HEIN? – Fabrício chamou a nossa atenção.
- SOMOS MESMO – respondeu o Bruno.
Eu só fiz dar risada. Estava muito ansioso pra começar o show. Eu adorava Jorge e Mateus – hoje em dia eu AMO!
E foi no mesmo momento em que as luzes se apagaram que eu senti um frio enorme tomar conta da minha barriga. Eu já estava ficando surdo com o grito das garotas ao meu redor:
- PELO AMOR DE DEUS, JORGE E MATEUS...
- Prepara a câmera – falei.
- Já está no ponto!
E então as cortinas se abriram e eu os vi pela segunda vez. Jorge estava ao lado esquerdo do palco e o Mateus ao lado direito. E eles estavam lindos.
- MATEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEUS – Janaína se esguelou toda.
- Eu não conheço essa daí! – falei no ouvido dela.
- CALA A BOCA!
E então o Jorge começou a cantar:
1 – Seu Astral

“Fico sozinho pensando em você
Vejo imagens, retratos de nós
Olho pro espelho, sinto o meu coração
Ouço baixinho o som da sua voz
Dizendo pra mim que é sobrenatural
Esse amor fora do normal
Dizendo pra mim que eu sou o seu astral
E esse amor que está em mim é tão real
Oh, oh
Eu viajei no teu olhar, no teu sorriso
Nos teus segredos
Eu descobri o que é amar
Pelo toque dos seus beijos

Eu viajei no teu olhar, no teu sorriso
Nos teus segredos
Eu descobri o que é amar
Pelo toque dos seus beijos
“Fico sozinho pensando em você
Vejo imagens, retratos de nós
Olho pro espelho, sinto o meu coração
Ouço baixinho o som da sua voz
Dizendo pra mim que é sobrenatural
Esse amor fora do normal
Dizendo pra mim que eu sou o seu astral
E esse amor que está em mim é tão real
Oh, oh
Eu viajei no teu olhar, no teu sorriso
Nos teus segredos
Eu descobri o que é amar
Pelo toque dos seus beijos

Eu viajei no teu olhar, no teu sorriso
Nos teus segredos
Eu descobri o que é amar
Pelo toque dos seus beijos
Eu viajaei no teu olhar, no teu sorriso
Nos teus segredos
Eu descobri o que é amar
Pelo toque dos seus beijos”



- FICO SOZINHO, PENSANDO EM VOCÊ... – comecei.
E eu ficava mesmo. Pensando nele enquanto estava sozinho, acompanhado...
- VEJO IMAGENS, RETRATOS DE NÓS... – ele continuou.
- OLHO PRO ESPELHO, SINTO O MEU CORAÇÃO...
- OUÇO BAIXINHO O SOM DA SUA VOZ...
- DIZENDO PRA MIM QUE É SOBRENATURAL...
- ESSE AMOR FORA DO NORMAL...
- DIZENDO PRA MIM QUE EU SOU O SEU ASTRAL...
- E ESSE AMOR QUE ESTÁ EM MIM É TÃO REAL...
- OH, OH – a dupla parou e o público cantou.
- EU VIAJEI NO SEU OLHAR... – continuei de novo.
Era verdade. Eu viajava muito naquele olhar.
- NO TEU SORRISO, NOS TEUS SEGREDOS... – ele me fitou e cantou pra mim.
Será que ele viajava no meu sorriso? Nos meus segredos?
- EU DESCOBRI O QUE É AMAR PELO TOQUE DOS SEUS BEIJOS...
O que era uma grande verdade; uma verdade absoluta. Eu realmente tinha descoberto o que é amar através do toque dos beijos do Bruno. Ele foi o primeiro homem pelo qual eu me apaixonei, foi o primeiro que eu beijei e foi o primeiro que eu transei. O Bruno não tinha como não ser especial.
Logo na primeira música eu fiquei rouco. E o Bruno também.

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- Tira foto, tira foto...
- Boa noite, Rio de Janeiro!!! – Jorge nos cumprimentou e riu. – Tudo bem com vocês?
- JORGEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE – Janaína só faltou pular a grade de segurança e subir no palco.

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- Boa noite, pessoal – foi a vez do Mateus nos cumprimentar. Dessa vez eu senti vontade de subir no palco. – Obrigado por estarem aqui!!!
Eles falaram mais algumas coisas e logo depois começou a tocar a segunda música. Quem começou cantando foi o delicioso do Mateus:

2 – Noite e Dia

“Tem um pedaço do meu peito bem colado ao teu
Alguma chave, algum segredo que me prende ao seu
Um jeito perigoso de me conquistar
Seu jeito tão gostoso de me abraçar
Tudo se perde, se transforma se ninguém te vê
Eu busco às vezes nos detalhes encontrar você
O tempo já não passa, só anda pra trás...
Me perco nessa estrada não aguento mais...
Iê, iê...
Passa o dia, passa a noite, tô apaixonado
Coração no peito sofre sem você do lado
Dessa vez tudo é real, nada de fantasia
Saiba que eu te amo, amo noite e dia...
Tem um pedaço do meu peito bem colado ao teu
Alguma chave, algum segredo que me prende ao seu
Um jeito perigoso de me conquistar
Seu jeito tão gostoso de me abraçar
Tudo se perde, se transforma se ninguém te vê
Eu busco às vezes nos detalhes encontrar você
O tempo já não passa, só anda pra trás...
Me perco nessa estrada não aguento mais...
Iê, iê...
Passa o dia, passa a noite, tô apaixonado
Coração no peito sofre sem você do lado
Dessa vez tudo é real, nada de fantasia
Saiba que eu te amo, amo noite e dia...
Passa o dia, passa a noite, tô apaixonado
Coração no peito sofre sem você do lado
Dessa vez tudo é real, nada de fantasia
Saiba que eu te amo, amo noite e dia...”



Essa música era uma das minhas preferidas do novo repertório do Jorge e Mateus. Eu pulei feito louco durante toda a canção.
- TEM UM PEDAÇO DO MEU PEITO BEM COLADO AO TEU... – dessa vez foi o Bruno que começou a cantar.
- ALGUMA CHAVE, ALGUM SEGREDO QUE ME PRENDE AO SEU...
Deveria mesmo existir alguma chave que me prendesse ao coração do Bruno, que prendesse ele no meu coração.
- UM JEITO PERIGOSO DE ME CONQUISTAR... – meu namorado abriu aquele sorriso lindo nessa parte.
- SEU JEITO TÃO GOSTOSO DE ME ABRAÇAR...
E como era gostoso o abraço dele!
- TUDO SE PERDE, SE TRANSFORMA SE NINGUÉM TE VÊ...
- EU BUSCO ÀS VEZES NOS DETALHES ENCONTRAR VOCÊ...
Mais uma verdade. Quantas vezes eu tentei encontrar o Bruno em outros lugares? No azul do céu, no azul do mar... Principalmente na época em que nós estávamos separados.
- O TEMPO JÁ NÃO PASSA, SÓ ANDA PRA TRÁS...
- ME PERCO NESSA ESTRADA NÃO AGUENTO MAIS!!!
Novamente a dupla parou e quem cantou o “iê, iê” fomos nós, os fãs.
- PASSA O DIA, PASSA A NOITE, TO APAIXONADO, CORAÇÃO NO PEITO SOFRE SEM VOCÊ DO LADO...
- DESSA VEZ TUDO É REAL, NADA DE FANTASIA, SAIBA QUE EU TE AMO...
- AMO NOITE E DIA... – Bruno e eu gritamos com tanta força que a minha voz até falhou.
Naquele show nós não estávamos cantando um pro outro como cantamos no primeiro. É claro que a música nos envolvia, a música falava sobre nós, mas nós estávamos tão felizes, tão harmonizados que estávamos cantando por pura felicidade, cantando porque amávamos aquela dupla e porque queríamos extravasar ao máximo. Foi muito bom!
A terceira música também era do meu agrado. Eu gostava bastante dela e a letra me chamava muito a atenção, porque servia direitinho para um momento da minha vida: quando eu estava brigado com o Bruno, mas apaixonado por ele:

3 – Tempo ao Tempo

“Você já percebeu que quando eu te vejo
Eu perco o chão?
Que o simples fato de te ouvir
Me faz perder toda razão?
E quando você chega
Minha mão transpira
minha mente pira
Eu já não sei o que fazer
Já vi que esse lance
Tá ficando chato
Pois até maus atos
Não consigo mais conter
Não ligo se você nem tá ligando
Nem tampouco se importando
Mesmo assim vou te dizer
Já dei tempo ao tempo
Mas o tempo não me ajuda
Se tento te esquecer
Só faço te querer
Tá no meu pensamento
Sentimento que não muda
Tô louco pra te ver
Só quero amar você
Você já percebeu que quando eu te vejo
Eu perco o chão?
Que o simples fato de te ouvir
Me faz perder toda razão?
E quando você chega
Minha mão transpira
minha mente pira
Eu já não sei o que fazer
Já vi que esse lance
Tá ficando chato
Pois até maus atos
Não consigo mais conter
Não ligo se você nem tá ligando
Nem tampouco se importando
Mesmo assim vou te dizer
Já dei tempo ao tempo
Mas o tempo não me ajuda
Se tento te esquecer
Só faço te querer
Tá no meu pensamento
Sentimento que não muda
Tô louco pra te ver
Só quero amar você
Você já percebeu que quando eu te vejo eu perco o chão?”


- Presta atenção nessa letra, por favor. Ela fala tudo o que eu queria falar pra você na época em que a gente estava separado...
Ele só ficou me olhando. Nós não cantamos e a vontade que eu tinha era de abraçá-lo... Beijá-lo... Pena que eu não podia.
O Jorge foi cantando e um filme foi passando na minha mente. O tempo estava passando rápido demais!
- Você já percebeu que quando eu te vejo eu perco o chão?
E eu perdia mesmo o chão. Quando eu via o Bruno, principalmente no começo da nossa relação, era realmente isso que eu sentia. Me sentia voando, me sentia fora do chão.
- Que o simples fato de te ouvir me faz perder toda razão?
Quantas vezes isso não aconteceu? Quantas vezes ele foi falar comigo e eu perdi a razão? Perdi a razão pro coração? Isso aconteceu muitas vezes!!!

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- Quando você chega, minha mão transpira, minha mente pira, eu já não sei o que fazer...
A minha mão transpirava, minha mente pirava e eu não sabia o que fazer quando ele chegava perto de mim. Era incrível como aquela música se encaixava na nossa história.

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- Já vi que esse lance tá ficando chato, pois até meus atos não consigo mais conter...
E quando eu ficava com ele, eu ficava à mercê de tudo e qualquer coisa. Eu não controlava meus atos, não controlava minha razão. Eu era movido pelo coração!
- Não ligo se você nem tá ligando, nem tampouco se importando, mesmo assim vou te dizer...
Mas ele ligava e se importava. Eu sabia que era assim.
- Já dei tempo ao tempo, mas o tempo não me ajuda...
Quantas vezes eu deixei o tempo passar pensando que ia esquecê-lo? Quantas vezes eu acreditei que se o tempo passasse eu não gostaria mais dele? O tempo nunca me ajudou quando eu quis esquecer o Bruno. Quanto mais tempo passava, mais eu pensava nele, mais apaixonado eu ficava.
- Se tento te esquecer, só faço te querer...
Bingo! Era isso mesmo que acontecia comigo na época em que ele estava tentando me reconquistar e eu não aceitava. Eu dizia que não, mas eu queria. Eu tentava esquecer, mas só fazia querer mais e mais.
- Tá no meu pensamento, sentimento que não muda...
O Bruno estava no meu pensamento, no meu coração, na minha alma, na minha vida. E o sentimento realmente não mudava. Por mais que eu falasse que eu o odiava, eu sabia que eu apenas o amava. E o amava muito! Sempre foi assim e sempre continuaria sendo.
- To pronto pra te ver, só quero amar você...
Pronto para vê-lo? SEMPRE! E sim, eu só queria amá-lo, amá-lo e amá-lo. Cada dia mais, cada vez mais.
- Caio... – os olhinhos dele estavam cheios de lágrimas.
Não me contive. Eu tive que abraçá-lo. Aquela música era minha, aquela música era dele, aquela música era nossa.
Claro que ela não servia para aquele momento em que nós estávamos, mas ela servia para o passado. Se essa canção tivesse feito parte do outro show, com certeza eu teria chorado muito enquanto a ouvia.
- Eu te amo! – falei.
- Eu também te amo!
Enquanto os meninos cantavam a segunda parte, meu namorado e eu ficamos tirando fotos. Eu estava feliz, mas ao mesmo tempo triste por lembrar do passado tenebroso que tive ao ficar separado do meu homem.
- LIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIINDO!!! – Janaína continuou gritando na nossa frente. Ela estava muito rouca.
Após uma breve pausa, o show continuou com mais uma música linda, linda demais:

4 – Chove, Chove
 “Achei que fosse fácil amor
Mas foi difícil achar você
Faltou só um pouquinho, flor
Pra aquele beijo acontecer
E sem motivos quer me achar
Olha pro céu que eu vou tá lá
Em cada gota que chover
Amor molhar você
Juro eu quero te tocar
Em seu corpo deslizar
Amor te ter
Chove quando você some
Chove amor quando se esconde
Chove só de te querer
Chove, chove eu e você iê, iê, iê, iê...
Achei que fosse fácil amor
Mas foi difícil achar você
Faltou só um pouquinho, flor
Pra aquele beijo acontecer
E sem motivos quer me achar
Olha pro céu que eu vou tá lá
Em cada gota que chover
Amor molhar você
Juro eu quero te tocar
Em seu corpo deslizar
Amor te ter
Chove quando você some
Chove amor quando se esconde
Chove só de te querer
Chove, chove eu e você iê, iê, iê, iê...”



- ACHEI QUE FOSSE FÁCIL, AMOR...
- MAS FOI DIFÍCIL ACHAR VOCÊ...
Enquanto meu namorado e eu cantávamos, nós ficamos dançando e não fomos os únicos. O ritmo daquela música pedia uma dança animada.
Bruno pegou na minha mão e me fez girar o corpo e eu fiz o mesmo com ele. Percebi que a Bruna e o Vinícius estavam fazendo a mesma coisa atrás de nós. Como eles foram parar ali?
- Bom demais – eu falei, totalmente sem ar, com dor nas pernas, nos pés e suado. Eu estava me divertindo muito.
Mas foi na próxima música que o Bruno e eu desabamos emocionalmente falando. A dupla sertaneja cantou uma música que se encaixava perfeitamente na minha história com meu namorado. Eu me emocionei demais...

5 – Anjo da Guarda
“Não sei explicar como foi que aconteceu
O que já não brilhava em mim você acendeu
A chama do amor apagada no coração
Eu já tava perdido no meio da solidão
Feito um anjo da guarda você veio me salvar
Das garras do medo a me torturar
Sei que existem milhões de maneiras de agradecer
Escolhi me entregar totalmente a você
Eu quero o seu amor, não abro mão
Você que libertou meu coração
O meu amor é seu, de mais ninguém
Pra sempre quero ser o seu refém
“Não sei explicar como foi que aconteceu
O que já não brilhava em mim você acendeu
A chama do amor apagada no coração
Eu já tava perdido no meio da solidão
Feito um anjo da guarda você veio me salvar
Das garras do medo a me torturar
Sei que existem milhões de maneiras de agradecer
Escolhi me entregar totalmente a você
Eu quero o seu amor, não abro mão
Você que libertou meu coração
O meu amor é seu, de mais ninguém
Pra sempre quero ser o seu refém
Eu quero o seu amor, não abro mão
Você que libertou meu coração
O meu amor é seu, de mais ninguém
Pra sempre quero ser o seu refém...”



Bastou o primeiro verso pros nossos olhos grudarem feito dois ímãs. Eu caí no abraço do Bruno, coloquei o queixo no ombro dele e ele ficou cantando baixinho no meu ouvido, mas depois de pouquíssimo tempo a gente começou a dançar uma espécie de forró, porque o toque da música não deixou a gente ficar parado. Foi bom demais...

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- O que já não brilhava em mim, você acendeu...
Foi impossível segurar a emoção. Impossível!
- A chama do amor apagada no coração...
Ele precisava dar um golpe baixo desses? Precisava?
- Eu já tava perdido no meio da solidão...
Perdido? Solidão? Por quê?
- FEITO UM ANJO DA GUARDA VOCÊ VEIO ME SALVAR...
Anjo da guarda? Eu? Não... Eu não era anjo da guarda e não tinha salvo o Bruno... Era exatamente o contrário!
- DAS GARRAS DO MEDO A ME TORTURAR...
Ele estava chorando também. A voz estava embargada.
- Bruno...
- Sei que existem milhões de maneiras de agradecer...
Agradecer? Pelo que? Eu não tinha feito nada... Nada...
- ESCOLHI ME ENTREGAR TOTALMENTE À VOCÊ...
Se a intenção do meu namorado era me matar de emoção, ele estava quase conseguindo! Eu estava soluçando. Mais uma vez um filme passava na minha mente.
- Eu te amo, Bruno!
- Eu quero o seu amor, não abro mão...
Ele já tinha. E pra sempre! Não tinha necessidade de abrir mão de nada. Eu era dele. Só dele. Pra sempre dele.
- Você que libertou meu coração...
Libertei? Por que? Ele estava preso? Aonde? Quando? Como?
- O meu amor é seu, de mais ninguém...
O meu amor também era dele e de mais ninguém. Ele sabia disso. Ele sabia.
- PRA SEMPRE QUERO SER O SEU REFÉM...
Eu também queria ser o refém dele pra sempre. Por toda a eternidade. Refém eterno, refém do amor do Bruno, refém de seus olhos azuis, refém de sua voz, refém de seu toque, refém de seu cheiro, refém de sua pele, refém de seu corpo, refém de seu coração, refém de sua alma... Refém de sua vida...
- Eu te amo muito, Caio! Muito!
- Eu também te amo, minha vida!
Só faltou o beijo, mas ele não aconteceu. Infelizmente. Era só o que faltava pra selar aquela declaração de amor que eu recebi do Bruno. As minhas pernas estavam bambas.
- Não chora... – ele falou baixinho, mas também estava chorando.
- Você é a pessoa mais linda que eu conheço nesse mundo!
Bruno ficou calado, só me fitando. Eu respirei fundo.
- JORGEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE – ouvi a voz da Janaína bem na minha frente.
Se eu já estava emocionado por ouvir “Anjo da Guarda”, bastou ouvir “Pra Ter o Seu Amor” pra eu desmoronar de vez. Essa música sim servia para aquele momento que eu estava passando ao lado do Bruno:

6 – Pra Ter o Seu Amor

“Agora já não tem mais jeito
Amo até seus defeitos
Não dá pra fugir
Se eu tenho um milhão de motivos
Pra te conquistar
Eu não vou desistir
Você é frio, é calor
É febre de amor, saudade de paixão
Eu sigo sempre rumo ao seu coração
Pra ter o seu amor
Eu viajei pelo seu mundo
Me vi com seus olhos
Descobri quem sou
Ai, ai, ai...
Pra ter o seu amor
Te pedi pra Deus de presente
Pra me ver contente
Ele te inventou
Agora já não tem mais jeito
Amo até seus defeitos
Não dá pra fugir
Se eu tenho um milhão de motivos
Pra te conquistar
Eu não vou desistir
Você é frio, é calor
É febre de amor, saudade de paixão
Eu sigo sempre rumo ao seu coração
Pra ter o seu amor
Eu viajei pelo seu mundo
Me vi com seus olhos
Descobri quem sou
Ai, ai, ai...
Pra ter o seu amor
Te pedi pra Deus de presente
Pra me ver contente
Ele te inventou...”



- AGORA JÁ NÃO TEM MAIS JEITO...
- AMO ATÉ SEUS DEFEITOS...
- NÃO DÁ PRA FUGIR...

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Eu amava até os defeitos do Bruno, por pior que fossem. Essa é que era a verdade.
- SE EU TENHO UM MILHÃO DE MOTIVOS...
- PRA TE CONQUISTAR...
- EU NÃO VOU DESISTIR...
Desistir? JAMAIS!
- VOCÊ É FRIO, É CALOR...
- É FEBRE DE AMOR, SAUDADE DE PAIXÃO...
- EU SIGO SEMPRE RUMO AO SEU CORAÇÃO...
Frio, calor, febre de amor, saudade de paixão... Esse era o Bruno. Esse era meu namorado. Eu chorei muito nessa parte.
- PRA TER O SEU AMOR...
- EU VIAJEI PELO SEU MUNDO...
- ME VI COM SEUS OLHOS...
- DESCOBRI QUEM SOU...
- AI, AI, AI...
Viajar pelo mundo do Bruno era a minha rotina. Me ver com os olhos dele era a minha recompensa. Descobrir quem sou foi meu deleite.
- PRA TER O SEU AMOR...
- TE PEDI PRA DEUS DE PRESENTE...
- PRA ME VER CONTENTE...
- ELE TE INVENTOU...
Quantas vezes eu vi os meus amigos felizes, apaixonados e eu me vi sem ninguém? Quantas vezes eu me mascarei atrás de uma imagem de hétero que não era minha? Quantas vezes eu cheguei a pensar que eu nunca teria um alguém para chamar de “meu”?
Sim, Deus tinha feito o Bruno pra mim e tinha me feito pra ele. O que eu poderia querer mais? O quê?!
Era por isso que eu amava – e amo, que fique claro – o Jorge e o Mateus. As músicas deles eram – e são – perfeitas e se encaixavam – se encaixam – na minha vida por um todo.
Não existia repertório mais perfeito que o daquela dupla sertaneja. E eu e meu namorado não éramos os únicos que pensavam nisso. Por onde quer que eu olhasse, eu via casais abraçados, casais se beijando... Só eu e o Bruno não estávamos nos beijando... Que raiva!
Quando o Mateus foi fazer o solo de guitarra, a Janaína gritou tanto, mas tanto que ele até olhou pra ela.

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- EU TE AAAAAAAAAAAAAAAAAMO, MATEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEUS!!!
E não é que ela ganhou a paleta que ele usava pra tocar guitarra? Quando ele abaixou para entregar a lembrancinha pra minha amiga, eu pensei que ela fosse ter um treco!
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!
- ME DÁ! – eu exigi.
- NEM MORTA! – a doida simplesmente enfiou a paleta dentro da calça. Eu fiquei com raiva.
- Me dá!!! Deixa eu segurar...
- NÃÃÃÃÃÃÃÃO! É MINHAAAAAAAAAA... AAAAAAAAAAAH, EU TE AMOOOOOOOOOOOO!!!
- Calma, amor – Bruno me puxou. – Vamos ter a nossa vez.
- Assim espero.
Eu tirei uma foto da Jana, porque aquele momento merecia ser registrado. A morena estava chorando também, mas era de emoção. Ela era louca pelo Mateus, muito mais louca do que eu era por ele.
O ápice do show foi quando os meninos cantaram a música de trabalho. Logo nos primeiros arranjos todo mundo foi à loucura e o Jorge nem precisou cantar pra gente começar a letra:

7 – Aí Já Era

“Para pra pensar porque eu já me toquei
Eu te escolhi, você me escolheu eu sei
Tá escancarado, vai negar pro coração
Que você tá com sintomas de paixão?
É quando os olhos se caçam em meio a multidão
Quando a gente se esbarra andando em qualquer direção
Quando indiscretamente a gente vai perdendo o chão
Vai ficando bobo... Vai ficando bobo...
E aí já era, é hora de se entregar
O amor não espera, só deixa o tempo passar
E fica pro coração, a missão de avisar
E o meu tá dando sinal, tá querendo te amar...
E aí já era, é hora de se entregar
O amor não espera, só deixa o tempo passar
E fica pro coração, a missão de avisar
E o meu tá dando sinal, tá querendo te amar...
Para pra pensar porque eu já me toquei
Eu te escolhi, você me escolheu eu sei
Tá escancarado, vai negar pro coração
Que você tá com sintomas de paixão?
É quando os olhos se caçam em meio a multidão
Quando a gente se esbarra andando em qualquer direção
Quando indiscretamente a gente vai perdendo o chão
Vai ficando bobo... Vai ficando bobo...
E aí já era, é hora de se entregar
O amor não espera, só deixa o tempo passar
E fica pro coração, a missão de avisar
E o meu tá dando sinal, tá querendo te amar...
E aí já era, é hora de se entregar
O amor não espera, só deixa o tempo passar
E fica pro coração, a missão de avisar
E o meu tá dando sinal, tá querendo te amar...”



Essa era outra música que parecia ser feita pra mim e pro Bruno. Nós dois cantamos, um olhando pros olhos do outro. A nossa sintonia estava incrível naquele dia.
- Te amo!
- Eu também te amo, Caio! Muito!
O show foi tão bom, mas tão bom que eu nem vi as horas passarem. Quando eu percebi, os meninos já estavam fazendo os agradecimentos finais. O show já tinha terminado.
- JORGEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE – Janaína continuou gritando, mas o gordinho nem deu atenção pra minha amiga.
- Bem feito, lero, lero, lero, lero – brinquei com ela.
- Cala a boca! – quase nem ouvi a voz dela.
- Não calo, não calo!
Nesse momento o Mateus apareceu no palco com as famosas toalhinhas. Bruno gritou no meu ouvido e eu quase caí com o empurra-empurra que se formou naquele instante.
- PEGA UMA, CAIO!
E eu peguei, mas uma menina pegou junto comigo. Nós ficamos quase num embate físico para conseguir aquela toalhinha.
- ME DÁ, GAROTO!
- NÃO! É MINHA! SOLTA!
- NÃO SOLTO! É MINHA!
- EU PEGUEI PRIMEIRO!
- MENTIRA! EU É QUE PEGUEI! SOLTAAAAAAAAAAAAA!!!
- NÃÃÃÃÃÃÃO! ME DÁ, SUA GALINHA!
- GALINHA É A MÃE, SEU MAL-EDUCADO! ME DÁ ESSA TOALHINHA!
- NÃO VOU DAR NADA! SOLTA QUE É MINHA! ME AJUDA, BRUNO!
Com 4 mãos foi mais fácil puxar a toalhinha pra gente. A menina quase chorou de raiva.
- É MINHA! ME DEVOLVE!
- NUNCA! Guarda isso, antes que essa galinha roube da gente!
- ME DEVOOOOOOOOLVE A MINHA TOALHINHA, GAROTO! – a vaca me deu um chute na canela e um beliscão no braço.
- PARA DE ME AGREDIR, PIRANHA!!!
- PIRANHA NÃO, HEIN? – ela partiu pra cima de mim, mas o Bruno me puxou.
- SE LIGA, GAROTA! A TOALHINHA É NOSSA! VAI TE CATAR, SOME DAQUI – ele esbravejou.
Ela chorou, mas não largou do nosso pé. Eu nem liguei, nem dei a mínima e segui os meus amigos para a saída daquela casa de show.
- A MINHA TOALHINHA... – ela falava.
- Caiozinho?
- Que foi, Jana?
- Você sabe que você é o meu amor, né?
- Ih... Eu não vou dar a toalhinha não! É minha! Você já pegou uma no show passado.
- Por favorzinho?
- Nunca! É minha! Desculpa se você não teve capacidade pra pegar outra.

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Eu falei isso de propósito, só pra ver a cara da minha amiga. E foi muito engraçada.
- Vai, Cacs... Por favor... Por favor...
- Você me deu a paleta? Não! Então eu não vou te dar a toalhinha.
A Jana ficou enchendo o meu saco até dentro da van, mas eu não cedi. Ela não foi a única.
- Eu compro a sua toalhinha por R$ 100,00 – disse uma garota que foi no show com a gente. Eu não a conhecia.
- Não está à venda, sinto muito.
- R$ 200,00!
- Nem por mil. Sinto muito.
- Temos um leilão na van – Rodrigo falou em alto e bom som. – Quem dá mais? O Caio vai leiloar a toalhinha do Mateus, gente!
Pra que ele foi falar aquilo? Foi o maior alvoroço. Chegaram a me oferecer R$ 500,00, mas eu não vendi. E não foi brincadeira, aconteceu mesmo.
- Eu te suplico – Janaína virou e me olhou. – Me dá essa toalhinha senão eu vou ficar doente!
- Se liga! Você já tem uma e hoje pegou uma paletinha. Vai se lascar, folgada!
- Eu to falando sério, eu fico doente mesmo.
- Se você ficar eu te visito no hospital.
- E se eu morrer?
- Eu vou no velório, mas não vou dar a minha toalhinha. É minha.
- Corrigindo – Bruno passou a mão pelo meu ombro. – É minha!
- Mas hein? – eu olhei pro meu namorado. – Quem pegou fui eu, meu filho! Ela é minha e eu não abro mão. Quase fui ameçado de morte por aquela garota... É minha! Ponto final.
- Isso é o que nós vamos ver.
Esse assunto rendeu. Ainda bem que Bruno e eu fomos os primeiros a sermos deixados pela van, na volta pra casa.
- Obrigada, viu Caio? Muito obrigada!
- De nada, Jana! Até segunda. Tchau, pessoal.
- Me liga, tá Caio?
- Pode deixar, Digow. Quando vocês mudarem me avisem.
- Pode deixar. Até mais.
- Até.
- Quer dizer que você não vai me dar a toalhinha?
- Não! – respondi com sinceridade.
- Nem se eu te pedir com jeitinho?
- Hum... E como seria esse jeitinho?
- Com um beijinho...
- Só?
- Um carinho...
- E que mais?
- Um abraço...
- Hum?
- Um cheiro...
- E?
- Um arranhão...
- Só?
- Uma mordidinha...
- Só isso? Dou não! É minha!
- E uma lambidinha...
- Está melhorando...
- Boa noite, Seu Moisés – meu namorado cumprimentou o porteiro.
- Boa noite, Bruno. Boa noite, Caio.
- Boa noite Seu Moisés!
- E se eu der uma chupadinha? – ele falou no meu ouvido.
- Ui! Delícia... Fiquei arrepiado...
- É? Depois dos 12 não é mais arrepio!!!

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Chegamos no apartamento e ele foi arrancando a minha roupa com ferocidade.
- Deixa eu te mostrar o que posso fazer pra você me dar a toalhinha?
- Sou todinho seu – sussurrei.
Ele foi tão selvagem que rasgou a minha cueca novinha quando me despiu. Eu fiquei muito excitado.
- Nossa...
- Cala a boca, caralho. Não quero ouvir sua voz, entendeu?
Uau! Que autoritário! Ele saiu e voltou com os óleos que eu comprei no sex shop em mãos. A coisa rolou na sala mesmo. E foi muito perfeito.
- NÃO FALA NADA! – Bruno me esbofeteou com vontade. – HOJE VOCÊ ME OBEDECE!
- DELÍCIA...
- CALADO!
A gente gritava e quase não saía voz, tamanha era a nossa rouquidão. Mesmo assim eu consegui grunhir bastante. Estava torcendo para nenhum vizinho ouvir.
- Abre essa boca, abre? Abre e coloca ele dentro... Agora!
- Assim? – coloquei o pau do meu namorado na boca.
- Isso, meu safadinho... Isso, meu anjinho da guarda... Chupa gostoso, chupa!
Eu estava com o óleo que anestesiava nos lábios e não senti o que estava fazendo. Foi bom demais aquele oral. Ele gozou rapidinho!
- UUUUUUUUUUUUUUUUUUH – Bruno bateu no meu rosto, mas com suavidade.
- Delícia – eu deitei no chão, totalmente pelado e suado.
- E agora? – ele deitou ao meu lado. – Você vai me dar a toalhinha?
- Eu ia te dar desde o começo, bobinho – fiquei olhando pro rosto dele.
- Espera aí... Você me fez fazer tudo isso à toa? É isso mesmo, produção?
- Bingo!
- Só por causa disso você merece um castigo, mocinho!
- Mereço? E qual vai ser meu castigo?
- Apanhar bem gostoso... Quer?
- Apanhar? Não! Eu quero bater...
Fomos pra cama e foi a hora da segunda rodada. Esta também foi selvagem e extremamente prazerosa. Bruno e eu nos divertimos bastante naquela noite.

O NATAL DE 2.010...

Cada um ia comemorar o natal em um lugar. Rodrigo ia passar as festas no Paraná, junto com a família; Vinícius e Bruna iam pro interior pra comemorar a festividade com os familiares do médico; Fabricio ia passar rodeado dos familiares na nova residência e eu e Bruno automaticamente ficamos sozinhos e sem opções para sair.
- E o Vítor? – indaguei.
- Ele vai viajar com os pais.
- E o João?
- Não me convidou.
- Mário?
- Também não.
- Maurício e Matheus?
- Os dois vão passar com as famílias deles. Não nos convidaram também.
- É! Então o jeito vai ser nós dois passarmos o natal sozinhos.
- Quer saber de uma coisa? Eu não ligo! Lá em Madrid eu passava sozinho e nem por isso eu morri.
- Eu também já passei o natal sozinho e não morri. E nesse ano eu não estarei só, estarei com o grande amor da minha vida!
- Eu também. Pouco me importa se alguém vem ou deixa de vir. Eu quero é ficar com você!
- Não vou te abandonar nunca, amor.
- Eu também não!!!
Pronto. Problema solucionado. Eu iria ficar muito feliz ao lado dele e não me importava com a ausência dos meus amigos. Eu sabia que eles iam viajar por uma boa causa. E todos tinham o direito de ficar ao lado das famílias.
A família do Bruno era eu e ele era a minha, por isso eu não estava me importando com nada. Seria um natal inesquecível.
Quando eu acordei no dia 24, fui logo preparando a ceia daquela noite. Eu iria caprichar ao máximo e aquela seria uma data inesquecível para nós dois.
- Você quer ajuda com alguma coisa?
- Por favor, me ajuda cortando o tempero pras carnes?
- Claro! O que eu corto?
- Tudo o que está aí em cima da mesa.
Eu ia fazer uma carne assada, chester, arroz branco, farofa, maionese e macarronada. Essa seria a nossa ceia de natal. Para sobremesa, teria um pudim de côco que eu tinha aprendido com a Bruna e nada mais que isso.
- Pronto, amor – falei. – Agora deixa aqui pegando o tempero. Eu vou trabalhar e você não esqueça de colocar as carnes no forno às 19 horas, está bem?
- Pode deixar que eu não esqueço. É só colocar do jeito que está?
- Sim. Do jeito que está. A carne bovina eu faço quando chegar porque ainda vai ter que cozinhar primeiro.
- Pode deixar que eu faço a maionese e o pudim, tá?
- Tá bom. Obrigado! Agora eu vou, tá?
- Vai lá. Bom trabalho e até mais tarde.
- Até mais tarde! Te amo.
- Eu também.
Ele estava de folga, mas eu não. Preferi trabalhar na véspera de natal ao invés de trabalhar na véspera de ano novo.

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- Olá, pessoas – cumprimentei meus colegas de trabalho.
- Não fale comigo!
- Ainda está brava comigo, amiga?
- Ao extremo. Eu não durmo por causa da minha toalhinha!
É claro que era brincadeira da Jana. Ela dormia e dormia muito, até mesmo porque ela já tinha uma toalhinha.
- Bestona. Você já tem a paletinha do Mateus e outra toalhinha, safada.
- Graças a Deus!!! Isso salva a minha autoestima!
- O que faz por aqui, Srta. Eduarda?
- Trabalhando, Sr. Caio!
- Pensei que a realeza folgasse hoje!
- Primeiro que eu não sou realeza, segundo que eu trabalho normalmente. Só quem folga hoje é o Jonas.
- Coitado! E ele vai trabalhar no ano novo.
- Vai sim, mas foi ele que quis assim.
- Se ele quis, né?
Ainda bem que o dia passou voando. O expediente nas vésperas de natal e ano novo terminavam religiosamente às 18 horas. Naquele dia houve muito movimento.
- Feliz Natal, amor – eu abracei a Janaína.
- Feliz Natal, “princeso”. Manda um beijo pro Bruno!
- Pode deixar.
- E depois de amanhã eu quero a minha toalhinha!
- Vai ficar querendo!
- Chato!
- Eu também te amo.
Falei com Alexia e Duda e depois voei pro Recreio. Meu namorado deveria estar me esperando ansiosamente.
- Cheguei, amor! Hum, que cheirinho delicioso!
- Acho que fiz certo, amor! Dá uma olhadinha...
- Claro que fez – eu conferi o forno. – Está certinho sim. Eu vou tomar banho e já volto pra preparar o resto, tá?
- Tá bom!
Caprichei no banho e na volta, fui logo preparando o resto da comida. Só faltava cozinhar a carne para depois assá-la no forno. Eu não demorei nadinha, nadinha pra fazer isso.
- Terminei a farofa – anunciou o meu namorado.
- O arroz já está pronto!
- Que beleza!!! Está com fome?
- Muita! E você?

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- Eu também, mas eu vou esperar para a meia noite.
- Também. Amor, vamos à missa?
- Hoje? E dá tempo?
- Dá sim! É às 21 horas. Dá tempo sim. Vamos?
- Claro! Faz muito tempo que eu não vou na igreja.
Nós fomos mesmo. Eu estava em débito com Deus e queria pagar as minhas contas. Eu fiz questão de ir na igreja do Padre João. A capela estava muito lotada, mas nós conseguimos achar um lugar para sentar.

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Meu namorado e eu acompanhamos a Missa do Galo sem pressa pra voltar pra casa. Eu aproveitei que estava na igreja pra agradecer a Deus por todas as conquistas que tive naquele ano e para pedir o que eu queria para 2.011. Foi um momento de intensa paz interior o que eu senti ali naquele lugar.
- A Paz de Cristo, amor – abracei meu marido.
- A Paz de Cristo, anjo! Deus te abençoe muito.
- A nós dois!
Foi uma cerimônia lindíssima, lindíssima mesmo. Eu me senti em paz e com sensação de dever cumprido quando a missa acabou.
- Padre João? Lembra de mim?
- Caio!!! Que bom vê-lo! Como está?
- Muito bem e o senhor? Sua bênção?
- Deus o abençoe. Eu estou bem também... Quanto tempo, hein?
- Pois é, Padre! É que é muito difícil eu vir pra essas bandas. Agora eu moro no Recreio.
- Ah, entendo. E esse moço, quem é?
- Ele é o Bruno, meu companheiro.
- Sua bênção, Padre?
- Deus te abençoe, meu filho.
- O senhor tem notícias da Dona Elvira?
- Falei com ela hoje mais cedo. E você tem falado com ela?
- Esporadicamente nós nos falamos através de e-mail. Hoje mesmo eu respondi a um e-mail dela.
- E ela está chique assim, é? Quem diria!
- Pois é! Bom, foi muito bom ver o senhor, Padre João!
- Foi bom vê-lo também, Caio! Apareça mais vezes, por favor. Não abandone a Casa do Pai!
- Claro, Padre. Prometo que irei aparecer o máximo de vezes possíveis.
Eu ia à missa sempre que podia, mas normalmente ia no meu bairro mesmo. Sair do Recreio pra Lapa só pra ir na igreja não era muito fácil.
Bruno e eu pensamos que iríamos passar a noite de natal sozinhos, mas isso não aconteceu. Por volta das 23:00, o interfone tocou e nós ficamos surpresos com esse acontecimento.
- Quem será? – perguntei.
- Não faço ideia. Alô?
Pausa.
- Quem? Sério? Nossa!!! Pode mandar subir sim. Obrigado, Seu Manoel!
- Quem é, amor?
- Meus sobrinhos. Acredita?
- Sério? Nossa, que legal!!! Até que enfim eles resolveram vir!
- É!!!
Era a Pâmela e o Leonardo, os filhos do Luciano, irmão mais velho do Bruno que antes era pai. Os meninos estavam enormes!
- Que surpresa vocês por aqui! – Bruno ficou feliz ao ver os meninos.
- A gente resolveu vir te ver, já que você não vai ver a gente – falou a garota.
- Vocês sabem que eu não posso ir lá. Como vocês estão?
- Bem e você?
- Bem também!
- Oi, tio Caio! – Brit foi me cumprimentar.
- Oi, Brit! Tudo bem? Tio não, hein?
- Bem e você?
- Bem, obrigado. Oi, Léo!
- Oi, tio Caio!
Eu merecia! Ser chamado de tio por dois marmanjões daqueles!
A voz do Leonardo estava modificando. Isso queria dizer que o menino estava entrando na puberdade mesmo. Que bonitinho!
Ele era a cara do Bruno. Era um Bruno mais novo, mas era o Bruno.
- Vocês se parecem tanto – opinei.
- Parecem mesmo – a menina concordou. – Caio, eu devo te chamar de tio também?
- Cruzes!!! Claro que não, garota! E eu lá tenho idade pra ser seu tio? Eu, hein? Me chama de Caio mesmo!
Já tinha falado isso várias e várias vezes. Eles adoravam me provocar.
- Tem idade sim! – Bruno se ofendeu. – Se eu tenho por que você não tem? Você é mais velho que eu, não se esqueça disso!
- Não tenho idade nada. Ela é velha demais pra ser minha sobrinha, com todo respeito, viu?
- Relaxa – a garota se divertiu. – Titio!!!
- Eu mereço... Eu mereço!!!
- Vocês vão ficar pra ceia, né? – perguntou Bruno.
- Que nada. A gente não quer dar trabalho... – Leonardo respondeu.
- Trabalho coisa nenhuma! Vocês vão ficar sim, senão eu vou ficar ofendido!
- Mas, tio...
- Sem essa, Brit! Eu exijo que vocês fiquem. Poxa, a gente quase não se vê... E vocês já vão querer ir? A não ser que prefiram outras companhias...
- Não é isso, tio Bruno... A gente só não quer atrapalhar...
- Não vão atrapalhar em nada – eu me meti. – Fiquem, por favor.
- Tá bom, tá bom!!! A gente fica!
- Aêêêêêêê – meu namorado ficou todo contente.
Este foi um natal realmente inesperado, mas muito feliz e divertido. Os sobrinhos do Bruno eram muito legais e palhaços por natureza. Eu ri demais deles.
- Mas não é estranho chamar o Bruno de tio de uma hora pra outra?
- Estranho é, mas a gente acostuma – falou o Leonardo. – É que seria meio falta de respeito não chamar, sei lá.
- Ô, que bonitinho!!!
- Eles são uns fofos – meu namorado se derreteu pelos meninos.
- Só na nossa família mesmo, né tio Bruno? – Pâmela limpou os lábios. – Nunca vi uma família tão louca como a nossa.
- Verdade. Só na nossa família. E seu pai, como está?
- Bem. Na mesma rotina de sempre.
- Sua mãe?
- Bem também.
- Eles sabem que vocês estão aqui?
- Sim, sabem sim. Eles deixaram. Meu pai veio trazer a gente ali na avenida.
- Ah, entendi. Eu vou levar de volta, tá?
- Uhum. A minha mãe disse que está com saudades. Pediu pra você ligar pra ela se você quiser.
- Fale pra ela que eu não vou ligar!
- Bruno...
- É verdade, Caio! Não sou obrigado a falar com ela depois do que eles me fizeram no passado. Eu não esqueci não o que eles fizeram.
- Foi barra – a menina suspirou.
- Pois é! Por causa deles eu perdi três anos perto do Caio. A culpa é toda deles!
- Não devemos guardar rancor – falei.
- Você por acaso perdoou a sua família?
- Não!
- Então pronto. Estamos quites e no mesmo barco, camarada. Eu não vou ligar pra ninguém. Só pra vocês dois!

UMA SEMANA DEPOIS...

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Bruno e eu estávamos indo para Búzios. Nós iríamos passar a virada de ano lá com o Vítor e o namorado dele. Sim, finalmente ele estava namorando.
- Bruno, Caio, esse daqui é o Daniel, meu namorado. Dani, esse é o Bruno, minha best for ever e esse é o Caio, namorado dele.
- Marido – eu corrigi. – Tudo bem, Dani?
- Bem, Caio e você?
- Muito bem, obrigado.
Daniel era um moço alto, magro, de pele branca e cabelo curto. O cara tinha 24 anos e era carioca da gema, como os outros dois.
- Vamos surfar? – Bruno me olhou.
- Você vai ter que me ensinar de novo então.
- Ensino com prazer.
Levei altos caldos enquanto tentava surfar. Eu não mandei nada bem daquela vez.
- Da outra vez você foi tão bem!
- Deve ter sido sorte de principiante. Do que está rindo, hein Vítor?
- De você!
- Sem graça!
Por se tratar do dia 31 de dezembro, a praia estava lotada. 2.011 estava cada vez mais próximo e por volta das 23 horas eu comecei a ponderar sobre as minhas conquistas e perdas de 2.010.
- Pensando? – ele perguntou.
- Sim. Fazendo um balanço do meu ano.
- É eu também estava fazendo a mesma coisa.
2.010 foi um ano tranquilo para mim em todos os sentidos. Tranquilo na saúde, tranquilo na profissão e tranquilo no amor.
A minha maior conquista foi morar com o Bruno e a minha maior perda foi ficar longe do Rodrigo. Isso ainda estava doendo bastante, mesmo já fazendo meses que eu tinha saído da república.
2.010 ia deixar saudades. Eu não tive nenhum acontecimento ruim como tive em 2.006 por exemplo. Aquele ano realmente foi positivo na minha vida.
Bastava rezar para que 2.011 fosse da mesma forma. Eu ia pedir muito a Deus para Ele manter a minha vida como estava, para que meu ano novo fosse tão bom como o ano que estava acabando e para que o meu amor com o Bruno só fizesse crescer cada dia mais.
- Sabe, Bruh?
- Hum?
- Quero que em 2.011 o nosso amor cresça mais e mais!
- Eu também quero que isso aconteça!
- 2.010 foi muito bom pra gente, né?
- Sim! Foi um ano muito positivo, graças a Deus!
- Promete que na hora da virada vai ter só pensamentos positivos? Para que o nosso ano novo seja repleto de bênçãos?
- Prometo! Você promete também?
- É claro que sim!

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Os fogos de artifício começaram a ser soltos ainda às 23h59. Eu respirei fundo, uni minha mão esquerda com a mão direita do meu namorado e comecei a rezar, comecei a pedir que meu 2.011, que nosso 2.011 fosse melhor que o ano que estava acabando.
- 10... – começou a contagem regressiva.
Que nós tivéssemos saúde acima de tudo...
- 9...
Que nós tivéssemos sorte...
- 8...
Que nós tivéssemos harmonia...
- 7...
Que nós tivéssemos prosperidade...
- 6...
Que nós tivéssemos dinheiro...
- 5...
Que nós tivéssemos paz...
- 4...
Que nós tivéssemos prosperidade...
- 3...
Que nós tivéssemos conquistas...
- 2...
Que nós tivéssemos mais e mais amor. Muito amor...
- 1...
Eu puxei meu namorado para um beijo e...


1º DE JANEIRO DE 2.011...
P
ela primeira vez Bruno e eu estávamos nos beijando numa virada de ano.
Só por este acontecimento, eu tinha mais que certeza que o meu ano novo, que o nosso ano novo, seria pra lá de especial.
Nosso beijo durou tempo suficiente para eu ouvir reclamações ao nosso redor, mas eu nem me importei. O que eu queria mesmo era comemorar o réveillon com meu homem.
- Feliz Ano Novo, coisa mais linda desse mundo!
- Feliz Ano Novo, bebê. E que beijo foi esse?
- Não gostou?
- Não – ele respondeu a minha pergunta. – Eu amei!
Nos beijamos de novo e nem nos importamos com o que a população falava. Que todos fossem pro espaço e me deixassem feliz com o Bruno.
- Esse ano vai ser o nosso ano – eu falei, olhando fixamente nos olhos dele.
- O nosso ano, com certeza!
Só nesse momento olhamos para a queima de fogos. E foi linda. Durou mais de 15 minutos, interruptamente.
- Feliz Ano Novo, casal – o Vítor abraçou nós dois ao mesmo tempo.
- Feliz Ano Novo, Vítor – Bruno e eu falamos ao mesmo tempo.
Depois nós abraçamos e desejamos uma boa entrada de ano pro Dani e por fim, curtimos o Ano Novo com a energia lá em cima.
- Que esse ano traga muitas realizações em nossas vidas – profetizou o melhor amigo do meu namorado.
- Em todos os sentidos – Bruno completou.
- Possíveis e inimagináveis – finalizei o pedido.

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A gente ficou na praia até altas horas da madrugada. Quando o movimento na beira do mar diminuiu, nós quatro colocamos os pés na água e pulamos as 7 ondas, com um pouco de atraso, mas mesmo assim nós o fizemos.
- Olha amor... – eu cutuquei meu namorado. – Está ouvindo quem está cantando?
- Cantando? Onde?
- Ouve! É Jorge e Mateus!
- Mentira? Onde? Onde?
- Acho que vem lá da rua. Ouve só.
Eram eles mesmo. Estava tocando “Seu Astral” e eu cantei feito um adoidado.
- Eu viajei no seu olhar, no teu sorriso, nos teus segredos...
- Vocês gostam de sertanejo? – perguntou Daniel.
- Sim, gostamos. Você não? – perguntou o Bruno.
- Não. Eu gosto de funk.
Fiz uma careta. Eu odeio funk.
- Por que fez essa careta, Caio? Não gosta?
- Pra ser sincero, eu odeio, mas respeito o seu gosto musical, desde que você respeite o meu.
- Por que você odeia? É tão da hora!
- Da hora? Não consigo curtir música que só fala de putaria, desculpa. Prefiro o meu sertanejo mesmo. É muito mais legal.
- Não concordo. O funk é muito mais música que sertanejo!
Bruno e eu quase brigamos com o Daniel, mas relevamos rapidamente. Não valia a pena brigar com aquele menino logo no 1º dia do ano. Seria energia negativa demais.
- Não retruca – falei. – Deixa pra lá.
Realmente não valia a pena brincar com aquelas provocações. O melhor a ser feito era respeitar o gosto musical do namorado do Vítor e ele respeitar o nosso.
Para a minha felicidade, “Seu Astral” não foi a única música dos meus ídolos que tocou naquela madrugada de começo de ano. Tocou praticamente o CD inteiro.
- Aí sim, hein? – me diverti horrores com as músicas.
- To gostando disso. Vamos procurar esse carro?
- Demorou!
Bruno e eu saímos à procura do carro de som que estava tocando Jorge e Mateus e quando achamos, ficamos por lá, ouvindo e cantando as músicas.
- Por que não falaram que iam vir pra cá? – perguntou Vítor. – Nós ficamos procurando vocês.
- É que vocês estavam no mar, desculpa – Bruno se desculpou.
- Não faça mais isso. Nós pensamos que vocês tinham sido sequestrados.
- Ai, Vítor! Menos – eu me estressei com aquela brincadeira boba.
- Calma, é brincadeira!
- Alguém quer uma bebida? – perguntou Daniel.
- Eu quero!
- Também quero – meu namorado aceitou a proposta. – Traz uma tequila pra mim?
- Trago. Eu não demoro. E você quer o quê?
- A mesma coisa – respondi.
Foi ótimo ficar na rua até altas horas da madrugada. Nós bebemos, demos risada, conversamos, colocamos a fofoca em dia e ficamos planejando como seria o nosso ano novo.
- Ainda nesse mês o senhor vai procurar uma autoescola, entendeu? – Bruno tocou de novo nesse assunto.
- Desse mês não passa, eu prometo!
- Se você mesmo não for atrás disso, eu vou. Você precisa aprender a dirigir.
- Eu vou. Prometo que vou! Juro por você.
- Por mim?
- Sim! Você é a pessoa que eu mais amo nesse mundo, nessa vida depois de mim mesmo. Você sabe disso.
- Ai – ele ficou todo derretido. – Eu te amo também, coisa mais linda!
Nos beijamos.
- Cuidado para não serem espancados – falou Vítor.
- Se isso acontecer a gente sai correndo.
Como se fosse fácil assim, né? Mas não aconteceu nada, pelo contrário. As coisas fluíram natualmente naquela madrugada e nós não éramos o único casal gay que estava na rua.
Bruno, Daniel, Vítor e eu ficamos na praia até umas 4 da manhã. Só voltamos pra casa quando estávamos de fato cansados. Nós tínhamos alugado uma casa na cidade e era lá que estávamos hospedados.
- Valeu a pena passar a virada de ano aqui, né? – Bruno perguntou a minha opinião.
- Se valeu! As praias daqui são lindas e valeu realmente a pena. Os meninos são legais, mas esse Daniel é funkeiro. A única coisa que não gostei nele foi isso.
- É, mas a gente tem que respeitar.
- Sim, mas ele também tem que nos respeitar.
- Isso é verdade.
- E vem cá, você vai ficar falando até que horas? Eu quero namorar, poxa!
- Ah é, safadinho?
- Sim, sim, sim! Você não quer não?
- Claro que eu quero, óbvio que eu quero!
Nos beijamos e as coisas foram acontecendo da forma que tinham que acontecer. Vítor e Daniel estavam no quarto ao lado e provavelmente estavam fazendo a mesma coisa, por isso eu não me importei com nada e não tive pudores.
- Me chupa, vai – ele mandou e forçou minha cabeça pra baixo.
Claro que eu chupei e chupei com gosto. Meu namorado ficou maluco com a minha boca no sexo dele e quase gozou.
Foi uma transa mais calma, com sentimento. Acho que foi assim porque foi a primeira do ano, mas nem por isso a gente deixou de fazer algumas brincadeirinhas.
- Rebola pra mim, vai? – pedi.
Eu adoraria que acontecesse mais de uma rodada de prazer, mas infelizmente só houve uma, mas esta valeu por várias. A minha primeira transa de 2.011 foi perfeita, em todos os sentidos.
- Vamos tomar banho – ele me puxou e me beijou.
- Banho, né? Sei!
- É sim, vamos... Vamos aproveitar que os meninos ainda estão no rala e rola.
Eles estavam mesmo. Dava pra ouvir os gemidos, baixos, mas dava pra ouvir direitinho. Eu fiquei com vergonha alheia.
- Me empresta o xampu? – perguntei.
- E o que eu ganho em troca?
- Um beijo!
- Pagamento adiantado, por favor.
Nos beijamos.
- Agora sim! É todo seu.
Tomei um banho caprichado, porque a água do chuveiro estava deliciosamente deliciosa.
Quando voltamos pro quarto, fomos direto pra cama, mas antes arrumamos a bagunça que fizemos e jogamos as camisinhas no lixo.
- Enrola num papel higiênico – pedi.
- Deixa comigo.
Mesmo estando namorando com o Bruno há praticamente 1 ano e meio, nós ainda nos preocupávamos com as camisinhas. Não houve uma única vez em que tenhamos feito sem preservativo. Prevenção em primeiro lugar. Esse era o nosso lema.
- Bom dia, coisa mais linda desse mundo – eu falei no ouvido dele quando a gente deitou para dormir.
- Bom dia, coisa mais perfeita que Deus já inventou.
- Você que é perfeito, não eu!
- Eu não sou não, quem me dera fosse!
Um beijo.
- Dorme bem, tá bom? Que essa seja a nossa primeira noite de muitas juntos nesse ano que nasceu.
- Com certeza será. Eu estou muito feliz ao seu lado, amor!
- Eu também estou, anjo! Muito feliz.
Nos beijamos de novo e depois nos despedimos em definitivo. Eu tive uma manhã tranquila e dormi como uma pedra.
Eu acordei primeiro que meu namorado e fiquei velando o soninho dele. Como era lindo enquanto dormia, meu Deus!
- Você é a coisa mais linda que Deus já colocou na minha vida – falei, mesmo sem ele me ouvir. – Eu te amo!
Fiquei acompanhando o sono daquele príncipe até ele acordar e quando o meu gatinho abriu os olhinhos azuis, eu fui logo falando:
- Bom dia, meu bebê! Você dormiu bem?
- Bom dia... – ele estava com os olhinhos semi-abertos. – Eu dormi sim e você?
- Ao seu lado eu sempre durmo bem, sempre!
- Você acordou faz tempo?
- Meia horinha mais ou menos.
- E por que não me acordou?
- Porque eu não quis apressar seu sono. Eu estava te olhando enquanto você dormia. Tão lindo!
- Eu sonhei com você...
- Sonhou? – eu fiquei tão feliz! – O que você sonhou, conta pra mim?
- Sonhei que nós dois estávamos em Madrid, passeando e curtindo o nosso namoro. Foi tão legal!
- Ah, é? Quem sabe a gente vai lá mais pra frente?
- A gente vai lá sim, pode ter certeza. Eu quero te mostrar onde eu vivi quando saí do Brasil.
- E eu quero conhecer tudo, pode ter certeza disso.
- E cadê meu beijo, hein?
Nos beijamos.
- Bom dia, eu te amo! – ele falou.
- Eu também te amo, príncipe! Vamos comer? Eu queria aproveitar a praia antes de voltar pra casa.
- Vamos sim! Eu estou morrendo de fome.
Pra variar um pouco, eu fiquei encarregado de fazer a comida. Tive que me virar como pude, porque nós não levamos muita coisa, mas até que deu tudo certo.
- Bom dia, casal – Vítor apareceu, sem camisa e com o cabelo bagunçado.
- Boa tarde – nós respondemos ao mesmo tempo.
- Que delícia de almoço! Posso me servir?
- Claro que pode – respondi. – Cadê o Dani?
- No banho. A noitada foi boa ontem, hein?
Eu fiquei com o rosto queimando.
- Olha quem fala – Bruno também ficou com o rosto vermelho.
- A gente só começou porque vocês começaram. Vocês nos atiçaram! Foi bom pra vocês?
- Vítor!!! Que pergunta mais indiscreta! – reclamei.
- Porque pra nós foi ótimo, né amor?
- É sim! Bom dia, rapazes.
- Boa tarde, Dani – respondemos. Bruno e eu nos olhamos. Até quando a gente ia ficar falando as mesmas frases ao mesmo tempo?
- Tem coisa melhor do que a gente estar feliz? – Vítor suspirou.
Não. Realmente não existe nada melhor do que a felicidade. Talvez o amor, mas a felicidade é uma consequência do amor. Acho que esses dois sentimentos andam juntos o tempo todo.
Meus amigos, meu namorado e eu aproveitamos a praia até quando pudemos. No comecinho da noite fomos obrigados a voltar pra casa, porque começou a chover e não foi uma chuva fraca.
- Miou a nossa praia – meu namorado suspirou.
- Mas quer saber de uma coisa? Eu não ligo! Vai ser ótimo ficar aqui com você!
- Pra mim também não importa. Não é importante o lugar e sim você.
- Assino embaixo na sua afirmação.
Como não pudemos sair mais naquele dia, fomos obrigados a curtir um filme na televisão durante a noite e quando cansamos, resolvemos jogar truco. Foi a única diversão que nós encontramos.
- Truco – falou o Daniel.
- Seis – falei eu.
- Nove – ele retrucou.
- Doze!!!
- Desce.
Bruno e eu vencemos.
- COMO VOCÊ É BURRO, DANI!!! – Vítor se revoltou. – PERDEMOS DE NOVO POR SUA CULPA!
- Eu pensei que eles estavam blefando!
- Vê se presta mais atenção da próxima vez! Que merda!
Foi muito legal. Eu adorava a revolta do Vítor quando ele perdia pra mim e pro Bruno. O menino ficava estressado de verdade. Meu namorado e eu ganhamos de 4 à 1.
- Chega, não quero mais jogar esse jogo – o amigo do Bruno se revoltou.
- Não sabe perder, amigo?
- Cala a boca, veado mal-educado!
- Ele não sabe perder – eu gargalhei.
- Cala a boca você também, hein?
- Relaxa, Vítor! É só um jogo – o namorado dele levou na esportiva.
- Vem, Dani! Vamos namorar. Eu preciso relaxar.
- Ih... – Bruno virou os olhos. – Esse daí é assim mesmo, Caio. Nem liga!
- Eu sei, já conheço o Vítor há anos.
Pensando no Vítor eu lembrei do Víctor. Eu já tinha falado com meu amigo naquele ano novo, mas mesmo assim deu saudades dele. Eu queria vê-lo.
- Pensando em quê? Posso saber?
- Nos meus amigos de Sampa City. Bateu uma saudade deles!
- Por que não vai lá vê-los?
- Ai, não! Não teria coragem de ir em Sampa não.
- Ah, vamos?! Eu quero ir com você!
- Sério?
- Uhum! Vai ser bom conhecer lugares novos. Eu ia adorar!
- Mas quando a gente poderia ir?
- Ah... Sei lá! Você não vai pegar 5 dias na loja? Seria uma boa oportunidade.
- Vou sim! Você conseguiu a liberação também?
- Acho que vou conseguir é uns 10 dias, amor. Eu tenho direito.
- Se você conseguir a gente vai.
- Jura?
- Juro! Mas você terá que ir comigo pro Paraná visitar a família do Rodrigo.
- Eu vou com prazer. Eu gosto da Dona Inês.
- Então está fechado! A gente pensa direitinho.
- Combinado.
Eu pensei que a chuva pararia no dia seguinte, mas isso não aconteceu, pelo contrário: ela até piorou.
- Não acredito que está chovendo ainda? – Vítor reclamou.
- Pois é! Miou nossa praia de novo, mas não tem problema – Bruno não reclamou como o amigo.
- Claro que tem problema! Eu não vim pra Búzios pra ficar enfurnado dentro de casa!
- Mas fazer o quê? Deus quis assim, Vítor!
- Que droga! Deus poderia mandar o sol ao invés dessa chuva!
- Você vai querer mandar nas vontades de Deus agora?
- Não é isso, mas chuva também já é demais. Nosso esquema foi por água abaixo.
- Por que não relaxa e não vai curtir o namorado, hein? É isso que o Bruno e eu estamos fazendo.
- Ainda bem que eu tenho essa alternativa – o menino saiu e nos deixou falando sozinhos.
- Caramba, que garotinho mimado – falei.
- Ele é sempre assim. Não muda por nada.
- Quando ele encontrar um homem de verdade, que coloque a vida dele no eixo, aí ele muda. Você mudou, eu mudei... Com ele vai acontecer a mesma coisa.
- Deus te ouça!
A chuva não parou naquele domingo, 2 de janeiro de 2.011 e por causa disso, nós fomos obrigados a voltar pro Rio com chuva mesmo.
- Dirige com cuidado, pelo amor de Deus – Vítor estava preocupado.
- Não se preocupe. Eu vou dirigir com cuidado sim – meu namorado deu ré no carro e saiu para a rua. – Caio, você vai limpando o vidro pra mim, por favor?
- Claro, amor!!!
Eu não estava nem um pouco preocupado. Se tinha algo que o Bruno fazia bem na vida era dirigir. Eu queria ser igual ele um dia.
A viagem ocorreu sem maiores transtornos. Nós conseguimos chegar no Rio por volta das 21 horas e lá também estava chovendo bastante.
- Obrigado por tudo, tá? – Daniel agradeceu.
- Por nada, Dani!
- Prazer em te conhecer, Caio.
- O prazer foi meu, Dani!
- Vou te levar num show da Tati Quebra Barraco, hein?
- To fora!!!
O garoto riu.
- Apareçam mais vezes – Vítor pediu.
- Pode deixar que a gente aparece sim. Estamos esperando vocês no nosso apartamento – falou o meu namorado.
- E nós iremos. Até mais!
- Até mais.
Chegamos em casa depois das 22 horas e fomos direto pra cama. Bruno me abraçou, beijou meu rosto e disse:
- Enfim sós no nosso lar.
- É!!!
É claro que rolou sexo e foi inesquecível. Naquele dia, Bruno e eu usamos o resto dos óleos que eu havia comprado e isso queria dizer que era a hora de voltar no sex shop. Eu precisava de mais potinhos daqueles.

SEGUNDA-FEIRA, 3 DE JANEIRO DE 2.011...

Cheguei na loja, cumprimentei meus pares e só depois fui falar com a Janaína. Ela estava toda atarefada.
- Como foi sua passagem de ano? – perguntei depois do abraço e dos votos de feliz ano novo.
- Foi legal e a sua?
- Também! Pena que estava chovendo horrores em Búzios e nós não pudemos aproveitar muito.
- Está chovendo muito na serra, ficou sabendo?
- Eu vi alguma coisa na televisão.
- É complicado. Posso te pedir um favor?
- Claro! O que você quiser.
- Fica nos móveis pra mim? Eu vou ter que mandar duas bonitas pra casa hoje.
- Por quê?
- Faltas injustificadas no final do ano. Suspensões.
- Fico sim, claro que fico.
- Obrigada, amigo! Sabia que eu poderia contar com você.
- Sabe que você pode contar comigo sempre que quiser.
Eu fiquei nos móveis como ela pediu e foi bom, porque assim eu pude acompanhar a solicitação de montagem de mais algumas coisas que os meninos tinham comprado para a casa nova.
- Oi, Caio? – Vini me atendeu.
- Oi, Vini! Como está?
- Bem e você?
- Bem.
Nós já tínhamos nos falado naquele ano. Eu já tinha falado com todos os meus amigos e com a Dona Elvira também.
- Então, o montador vai lá na sua casa ainda hoje. Tem como esperar?
- Sério? Que maravilha!!! Eu to mesmo indo pra lá. Que horas ele vai chegar?
- Lá pelas 16 mais ou menos.
- Claro, espero ele sim! Sem problema algum. Vai montar tudo?
- Tudo!!! – prometi.
- Então tá bom! Muito obrigado por estar acompanhando.
- Imagina! É o meu dever como bom funcionário e amigo que sou.
- Palhaço! Está nos devendo uma visita, hein?
- Eu só vou quando vocês se mudarem. Nâo to a fim de ir e ficar vendo só as paredes.
- Grosso!
- Obrigado!
- Falou com o Rods hoje?
- Sim! Você não?
- Ainda não. Eu vou ligar pra ele daqui a pouco. Sabe me dizer quando ele volta?
- Dia 15.
- Ah, beleza. Isso porque seriam só alguns dias, né?
- Pois é! Férias coletivas, sabe como é, né?
- Deveria ter escolhido outra profissão, viu?
- Vem pra minha área! E a Bruna, como está?
- Maravilhosamente bem. Obrigado por perguntar.
- Vão se casar esse ano?
- Esse ano não, mas ano que vem sim.
- Já marcaram?
- Não, vamos marcar em março.
- Já?
- Sim! Queremos nos preparar com muita antecedência.
- Isso é. Bom, deixa eu desligar, Vini! Tenho que trabalhar.
- Beleza, Caio! Obrigado por avisar.
- Por nada. Um abraço!
- Outro.
- Caio? – Jonas foi ao meu encontro.
- Pois não, chefe?
- A Janaína, a Duda e eu queremos falar com você na sala da regional. Pode ir lá, por favor?
- Ih... O que foi que eu aprontei?
- Não aprontou nada, é só um feedback. Triplo.
- Ih... Isso não está me cheirando nada bem!!!
- Estamos te esperando lá, beleza?
- Já é pra ir?
- Daqui 5 minutinhos. Primeiro nós temos que falar em particular.
- Beleza. Eu vou finalizar o acompanhamento de uns pedidos de montagem e já colo lá.
- Demorou!
Fiquei curioso, mas acima de tudo, preocupado. O que será que aqueles três queriam comigo? Eu nunca tinha levado um feedback triplo. Aquilo não era nada normal!
- Já posso entrar? – perguntei.
- Pode sim, Caio – Duda respondeu. – Entra e fecha a porta, por favor.
- Como quiser.
Eu estava era com medo, isso sim. Será que eu tinha feito alguma coisa errada?
- Em que posso ajudá-los?
Os três estavam sentados um ao lado do outro. Eu fiquei na frente deles.
- Seguinte, Caio... – Duda procurou as palavras certas. – A gente sabe que você é um funcionário exemplar, que a gente pode contar com você, que você sempre atende as nossas solicitações...
Meu coração foi acelerando aos poucos.
- Sim? – pedi pra ela continuar.
- E é por isso que a gente queria te dar esse feedback triplo. Não encare isso com medo, nem nada disso. A nossa intenção não é essa. Janaína?
- Assim, Caio... Acho que acima de funcionário você é meu amigo... Então eu não vou moderar as minhas palavras e vou falar tudo o que penso ao seu respeito, até mesmo porque acho que a gente está no mesmo patamar, você é maduro o suficiente pra entender o que está acontecendo.
- Pode falar, Jana!!!
- Eu gosto muito do seu trabalho, gosto muito da sua pontualidade, da forma como você lida com os clientes e sei que você está maduro, que você está pronto para galgar novos desafios. Se não fosse assim, você não teria ido até a final do processo seletivo comigo naquela época.
- Uhum.
- No meu ponto de vista, eu não tenho nada de negativo pra frisar com você. Em todos os feedbacks que nós tivemos e que eu te pontuei alguma coisa, você rapidamente assimilou e corrigiu seus erros. Hoje eu não vou te dar bronca, não vou te falar nada, além de elogios. Parabéns por ser quem você é, parabéns por ter amadurecido tanto, por ter se policiado tanto. Enfim, eu gosto muito do seu trabalho e sei que você não vai me desapontar!
- Jonas? – Eduarda estava fazendo anotações.
- É, Caio, eu concordo com tudo o que a Janaína disse. Desde quando você veio pra minha equipe eu estou te desenvolvendo para assumir um cargo de liderança e por mais que você não queira, você sabe que tem potencial pra isso.
- Onde vocês querem chegar? – eu comecei a desconfiar daquele papo.
- Você é um cara profissional. Desde que entrou aqui na empresa não teve uma falta, não teve uma ocorrência, não teve uma advertência, não teve uma suspensão... Você é um dos poucos que eu confio aqui dentro, você sabe disso.
- Obrigado, Jonas.
- Eu queria ter muitas coisas pra pontuar aqui, mas não tenho. Hoje você não é mais o mesmo Caio que chegou aqui. Você amadureceu como profissional, você cresceu como pessoa, como ser humano. Hoje você enxerga as situações com outros olhos, com outra pegada, entende?
- Sim!
- Enfim... Eu também te parabenizo por tudo o que você tem feito aqui na loja e agradeço por ser o nosso braço direito em tudo.
- Imagina! Eu é que agradeço por tudo o que vocês três fazem e fizeram por mim.
- Caio, nós te chamamos aqui pra te elogiar – falou Eduarda –, mas também para te passar uma situação que vai acontecer daqui uns dias...
- Que situação?
- Os meninos aqui vão entrar de férias à partir do dia 5, você sabia disso?
- Não!!! – me choquei profundamente. – Os dois?!
- Sim, os dois. E por causa disso você já deve até imaginar porque está aqui, né?
- Ai... Meu... Deus... – as minhas pernas começaram a tremer, mesmo eu estando sentado.
- Sabia que ele faria essa cara – Jonas riu.
- Não é pra ficar assustado, Caio! – Duda também riu de mim. – Você sabe o que pretendemos, não sabe?
- Eu não aceito!
- Ah, aceita sim senhor – a minha regional continuou rindo.
- Espera... Me explica direito, por favor.
- Explico, explico sim: Janaína e Jonas sairão de férias dia 5 de janeiro e só vão voltar dia 10 de fevereiro, porque eles têm muitas horas no banco. Com isso, a loja ficará sem gerente e eu quero que você assuma a vaga...
- De quem?
- Dos dois!
- O  QUÊ?
- É isso mesmo, Caio. Eu quero que você fique no lugar dos dois. E sozinho!!!

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