Q
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- SAIA JÁ DESSA CAMA, CAIO MONTEIRO!!!
Eu dei um pulo tão grande da cama do Rodrigo que quase bati com a cabeça na minha própria cama. Eu estava com medo do que o Bruno pudesse estar pensando ao meu respeito naquele momento.
- Bruno...
- O que você estava fazendo na cama com esse...
- Com esse o quê? Vê bem o que você vai falar ao meu respeito, garoto! – Rodrigo já foi logo se irritando.
- Não estávamos fazendo nada, eu juro!
- Então por qual motivo esse... Cara está só de cueca? – meu namorado estava tentando manter a calma, mas eu sabia que por dentro ele estava roxo de raiva e de ciúmes.
- Acabei de sair do banho. E se você não sabe, essa é uma república masculina. Entre nós não tem disso. Eu fico de cueca, fico pelado e não tem nada a ver uma coisa com a outra.
- EU TE DOU 1 MINUTO PRA ESTAR DENTRO DO MEU CARRO – ele se exaltou e ficou muito, muito, muito vermelho.
- Calma... Calma, amor...
- 1... 2... 3... 4... 5...
Eu estava com medo do que pudesse acontecer. Eu percebia que o Bruno ia explodir a qualquer momento e isso me deixou receoso. O que será que ele estava pensando?
- Eu só vou dizer uma coisa, Bruno... – Rodrigo levantou da cama e colocou uma bermuda.
- 16... 17... 18...
- Eu e o Caio somos mais que amigos...
- 21... 22... 23...
- E você não vai mudar isso. Eu gosto dele como um irmão e isso me faz poder ter uma intimidade maior com ele.
- 34... 35... 36...
- Bruno... – eu fui pra perto dele.
- 41... 42... 43...
Conforme o Rodrigo ia falando, o meu Bruno ia aumentando o tom de voz. Ele ia explodir...
- E se você fizer alguma coisa com o Cacs, qualquer coisa que for, pode se considerar um cara MORTO!
- DESCE... PRO... CARRO...
- Por favor, não grita...
- Agora! – ele me lançou um olhar furtivo e uma gota de suor escorreu pelas minhas costas.
- Eu juro que não aconteceu nada... Eu juro! Acredita em mim?
- A... Gente... Conversa... DEPOIS!
- Não grita com ele, filho da puta! – Rodrigo quase foi pra cima do meu namorado.
- Eu só vou dar um recado, Rodrigo... – meu namorado ainda estava vermelho. – Não se aproxima do Caio, porque ele é MEU! ENTENDEU?
- ELE É MEU AMIGO, BRUNO!
- O recado está dado. Vamos embora, Caio – ele me puxou e com força. – A gente precisa conversar.
- Se ele fizer alguma coisa com você, qualquer coisa, é pra me ligar imediatamente que eu mando o exército atrás dele, tá?
Eu nem soube o que falar. O Bruno só estava com ciúmes, eu sabia que ele não ia fazer nada comigo. Ou ia?
Bruno e eu descemos até o carro e durante o percurso eu fui tentando explicar o que tinha acontecido, mas ele não falou nada. Só abriu a boca dentro do carro e aí foi pra valer:
- Desde quando o senhor fica na mesma cama com aquele filho da puta? E desde quando ele fica de cueca na mesma cama que você? Você acha que eu sou idiota? Fica fazendo essas coisas nas minhas costas? Eu não sou burro não, Caio! Tá pensando o quê?! Quer ficar com ele? Se quiser fala logo que a gente termina o namoro aqui e nem vamos pra Búzios!
- Calma, amor...
- Calma é o escambal! Eu chego, entro e vejo você na mesma cama que aquele filho da puta? E ele só de cueca? E você ainda me pede calma? EU TO COM CIÚMES, INFERNO!
- Mas, Bruh... Não aconteceu nada! Eu juro! – eu já tava querendo chorar.
- NÃO IMPORTA! A minha vontade era de quebrar o focinho daquele cara! Quem ele pensa que é pra deitar com você?
- Meu amigo – eu fiz bico.
- Eu não gostei, Caio! Não gostei mesmo. Não é pra ficar deitando com ele, entendeu?
- Eu nunca mais vou fazer isso – abaixei a cabeça.
- Não vai mesmo. Disso você tenha certeza.
- Acredita em mim? Acredita que não aconteceu nada entre nós dois?
- Acredito, mas isso não diminui a minha insatisfação.
- Me perdoa?
Ele ficou calado e continuou dirigindo, com a fisionomia horrível de feia.
- Me perdoa? – eu repeti a pergunta.
- Não faz mais isso? – ele me olhou, já mais sereno.
- Prometo pela minha alma, prometo pelo nosso amor que eu nunca mais faço isso!
- Então eu te perdoo. Eu fiquei com muita raiva quando te vi na mesma cama que ele, muita mesmo.
- Você sabe que o Rodrigo e eu somos amigos, não sabe? Aliás, somos irmãos!
- Sei, mas por serem irmãos isso não te dá ao direito de deitar com ele. Muito menos com ele de cueca.
- Não fica com ciúmes, bebê! O Rodrigo não passa do meu irmão, você sabe disso.
- Irmão, né? Eu não esqueci daquelas brincadeirinhas que vocês fizeram não, viu?
- Aquilo ficou no passado – eu continuei com a cabeça baixa, olhando para o meu colo. – Nunca mais vai acontecer, pode acreditar. Depois que a gente voltou, eu nunca mais fiz aquilo com o Rodrigo e nem com ninguém.
- Acho bom! – Bruno bufou e virou em uma curva. – Garoto insolente!
- Quem? Eu? – meu coração disparou.
- Não! – ele me olhou de novo, com os olhos esbugalhados. – Claro que não! É o seu irmãozinho. Aquele...
- Vê bem o que você vai falar do meu amigo! – defendi o Rodrigo.
- Asqueroso!
- Ele não é asqueroso! – eu me ofendi. – Ele é um anjo!
- Anjo, né? Ele que não me apareça aqui na minha frente. Eu tive que me segurar pra não dar com a mão na cara dele lá no seu quarto.
- Coitadinho... Ele só queria ficar um pouco ao meu lado. Ele gosta de mim! E eu gosto dele!
- Fiquem juntos então!
- NÃO! Você sabe que não é nesse sentindo, seu bobo!
Eu estava todo derretido por dentro. Eu sabia que tudo aquilo que o Bruno estava falando do Rodrigo era por causa do ciúmes. E vendo todo aquele ciúme do meu namorado, eu fiquei todo encantado.
Em nenhum momento ele quis ofender o meu melhor amigo e eu sabia que tudo o que ele falava era da boca pra fora. Era ciúme mesmo, um ciúme calmo, moderado e que colocou uma pimenta no nosso relacionamento.
- Não está bravo comigo, está? – eu deitei a cabeça no ombro dele e senti o seu perfume.
- Com você não. Com o asqueroso sim.
- Não fala assim dele, vai? Ele é tão bonzinho!
Nós falamos tanto no Rodrigo que ele acabou me ligando. Era a força do pensamento que nos unia.
- Está tudo bem?
- Maravilhosamente bem – garanti. – Não se preocupe.
- Ele brigou com você?
- Não, não. A gente só conversou. Fica tranquilo, mano.
- Então tá bom. Quero que você me ligue se algo te acontecer, tá? Não deixa esse idiota brigar com você. Se ele fizer isso eu quebro os miolos dele.
- Jamais eu deixaria você fazer isso. Está tudo bem, de verdade.
- Então tá bom. Boa lua de mel pra você.
- Obrigado! Eu te adoro.
Bruno bufou.
- Eu também te adoro. Beijo.
- Outro!
- Era o asqueroso?
- Ele não é asqueroso! – eu belisquei meu namorado, mas sem fazer muita força. – Era ele sim. Preocupado comigo.
- Hum, sei. Deixa ele nas minhas mãos.
- Não vai fazer nada com ele, né?
- Não na sua frente.
Esse papo durou até a hora que nós chegamos em Búzios. O Bruno já não estava com tanta raiva como antes, mas não esquecia o assunto.
- Eu vou fazer você esquecer tudo o que aconteceu.
- Vai, é? – ele me fitou.
- Vou! Essa é a nossa pousada?
- Aham. Gostou?
- Legal. Mas por que essa cidade tem tanto mato?
- E eu vou saber? – ele deu risada.
Por onde quer que eu olhasse eu via tufos de matos pelas calçadas. A cidade não era tão bonita quanto eu imaginava.
Bruno e eu entramos, fizemos check-in, fomos pro quarto, trocamos de roupa e saímos para alguma praia da região.
- Continua achando que a cidade é feia? – ele me abraçou por trás e beijou o
meu pescoço.
- A cidade é, mas as praias não! Que praia é essa?
- Praia de Ferradura. Linda, né?
- Muito linda!
- Quer uma água de coco? Ou melhor, quer jantar?
- Estou com um pouco de fome mesmo.
- Vem! Vamos procurar um restaurante pra gente jantar...
Ele não falou mais o nome do meu melhor amigo e isso me deixou aliviado. De repente, o Bruno deixou de ser um cavalo para ser o meu príncipe novamente.
Nós encontramos um restaurante e entramos para jantar. Já estava um pouco tarde, mas mesmo assim a gente conseguiu comer sem maiores preocupações.
- Quer dar uma volta pela cidade, amor?
- Quero! – falei.
Devido ao horário e devido a tranquilidade que estava nas ruas, Bruno e eu conseguimos passear de mãos dadas por Búzios. Era a primeira vez que aquilo acontecia.
- Gente, aqui é tranquilo demais – falei.
- Quer vir morar aqui?
- Adoraria! Seria um sonho!
- Então a gente vai vir morar aqui – ele segurou na minha cintura e me abraçou com força.
- Quem dera isso pudesse acontecer de verdade!
- Quem dera – ele concordou.
- Ainda está bravo?
- Não! Não mais. Eu te amo e eu sei que você gosta dele também. Por isso eu não fiz nada, por isso eu relevei. Mas não faz mais na minha frente, tá bom?
- Prometo que nunca mais faço isso com ninguém. Só com você.
- Ah, bom! – ele se afastou e beijou o meu rosto. – Vem, quero te mostrar as praias da região.
Pelo visto, meu namorado e eu iríamos ficar perambulando até o dia amanhecer. Ainda bem que eu não tinha levado nada, só dinheiro. Eu não estava a fim de ser assaltado.
- Uau! Que paraíso é esse, amor?
- Essa é a Praia de Ferradurinha. Não é linda?
- Linda? Ela é perfeita! Meu Deus, é muito perfeita!
- Isso porquê você não viu pela manhã, com a luz do dia. É mais linda ainda.
- Posso imaginar!
- Vamos subir naquelas pedras?
- Claro!
Bruno e eu subimos em umas pedras que ficavam na Praia de Ferradurinha e quando encontramos um bom local, sentamos e ficamos olhando pro mar e pro céu. Fazia uma noite linda em Búzios.
- Que bom que a gente está a sós, né? – falei e caí deitado na pedra.
- Verdade – ele caiu ao meu lado. – Que paz!
- É mesmo. A gente merece, né?
- Uhum.
Nos beijamos. Foi um beijo calmo, longo e apaixonado. Nós dois ficamos brincando com uma bala até ela acabar. Foi delicioso.
- Eu já disse que te amo hoje? – ele acariciou meu rosto.
- Hum... Acho que não – menti.
- Eu te amo!
- É?
- Muito, muito, muito!
- Então me prova que você me ama?
- Como?
- Não sei! Use a sua criatividade...
Foi uma provocação, mas ele levou a sério. Meu namorado simplesmente gritou aos quatro ventos que me amava e esse grito ecoou em algum lugar daquela cidade. Eu achei esse gesto simplesmente lindo!
- Está bom assim?
- Lógico que sim – eu abracei aquele príncipe de olhos azuis. – Eu também te amo, meu ciumentinho mais lindo de todo o universo!
- Você que é lindo, meu gostoso dos olhos castanhos mais lindos de todo o universo!
Rolou mais um beijo e quase rolou algo a mais, mas a gente se conteve. Eu deitei no peito do Bruno, fiquei ouvindo o coração dele batendo e aos pouquinhos fui ficando com sono.
- Olha, amor! Que estrela linda...
- Onde? – abri meus olhos.
- Ali, bem em cima da gente. Ela brilhou bem forte agora.
- Ela está abençoando o nosso amor – eu saí do peito do Bruno e deitei ao lado dele.
- É. Está mesmo.
As estrelas estavam brilhando com intensidade. Era uma noite realmente muito bonita que fazia em Búzios.
- Posso? – ele fez menção que ia subir em mim.
- Pode!
Outro beijo aconteceu e este foi mais picante que todos os outros. Eu senti a excitação do meu namorado e isso me deixou alucinado. Eu queria muito ficar com ele, o mais rápido possível.
- Trouxe camisinha? – ele beijou o meu pescoço.
- Não! – exclamei. – Você trouxe?
- Uhum. Mas só trouxe duas.
- É suficiente, não é? – mordi meu lábio.
- Não sei. É?
- Acho que é, ué...
Demos risada. Ficar com o Bruno longe de tudo, longe de todos, longe da muvuca, longe da correria do Rio de Janeiro estava me fazendo muito bem.
- Sabe, Caio...
- Hum? – eu olhei para aqueles olhos azuis que eu tanto amava.
- Eu tenho tanto pra lhe falar... – Bruno simplesmente começou a cantar no meu ouvido.
Eu abri um sorriso. Era a primeira vez que ele fazia aquilo.
- Mas com palavras não sei dizer...
- Bruno...
- Como é grande, o meu amor por você...
Pensei que ele ia parar, mas não:
- E não há nada pra comparar...
Aos poucos meus olhos foram ficando cheios de lágrimas.
- Para poder lhe explicar...
Eu engoli em seco e pressionei um lábio no outro.
Não segurei a emoção.
- Como é grande, o meu amor por você!!!
- Amor...
Ele secou uma lágrima minha, mas também chorou.
- Nem mesmo o céu – ele quase soluçou. – Nem as estrelas...
Eu sim caí no choro de vez.
- Nem mesmo o mar e o infinito...
Ah, Bruno... Nada era mais lindo que ele, nada! Nem o céu, nem as estrelas, nem o mar e o infinito. Nada se comparava ao Bruno, nada!
- Nada é maior que o meu amor por você...
Eu quase entrei em desespero. Como ele era lindo!!!
- Nem mais bonito – Bruno tirou outra lágrima de meu rosto.
- Ah, Bruno...
- Me desespero a procurar...
Ele cantava tão direitinho... Eu estava pra lá de emocionado, pra lá de encantado, pra lá de apaixonado...
- Alguma forma de lhe falar...
Por que ele estava fazendo aquilo comigo? Por que ele estava cantando pra mim? E por que aquela música?
- Como é grande, o meu amor por você...
- EU TE AMO, BRUNO! EU TE AMO!
- Nunca se esqueça, nem um segundo...
Fechei meus olhos e me desesperei totalmente. Onde estava aquele Bruno que era afeminado? Onde estava aquele Bruno que dava em cima de todos os homens? Onde estava aquele Bruno que fumava? Onde estava aquele ogro que me traiu com meu ex-melhor amigo???
- Que eu tenho o amor maior do mundo...
Eu não estava acreditando que aquilo estava acontecendo, de verdade. Será que era um sonho? Será que eu estava sonhando com os olhos abertos?
- Como é grande, o meu amor por você...
Ele estava tão mudado, ele estava tão diferente, tão amadurecido... Meu Bruno não era mais o mesmo Bruno de antes, não era mesmo! Só o físico continuava igual, porque o interior estava totalmente modificado.
- Nunca se esqueça, nem um segundo...
Eu nunca poderia esperar por uma “serenata” daquelas. Eu jamais poderia sonhar que meu namorado teria coragem pra fazer uma coisa dessas comigo, jamais!
- Que eu tenho o amor maior do mundo...
Ele chorava tanto quanto eu. Nossos dedos estavam entrelaçados e em nenhum momento nós desviamos os olhos um do outro, mesmo na escuridão daquela madrugada.
- Como é grande, o meu amor por você... Mas como é grande... O meu amor... Por você!!!
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH, EU TE AMO MEU PRÍNCIPE!
Me desesperei de novo e não contive os meus soluços, o meu choro, a minha emoção! Não poderia existir uma pessoa mais linda, uma pessoa mais fofa, uma pessoa mais incrível e perfeita do que o Bruno, não podia!
- Olha pra mim... – ele levantou o meu queixo e secou as minhas lágrimas.
- Eu te amo tanto... Tanto...
- Eu também te amo, príncipe! E queria...
Eu sequei as lágrimas dele. Nem a dor que eu estava sentindo no corpo por estar deitado em uma pedra me incomodava. O importante era o Bruno, o importante era aquela música, era a nossa conexão, a nossa interatividade...
- Eu queria que você soubesse que você é a pessoa mais importante que existe pra mim...
- Você também é a pessoa mais importante que existe pra mim, amor! – exclamei.
- E eu quero ficar com você pra sempre, pra todo o resto da minha vida...
Continuei chorando, mas em menos proporção que antes.
- Eu quero viver todos os dias da minha vida ao seu lado, Caio! Eu te amo muito, muito, muito!
- Eu te amo muito também, Bruno! Nunca duvide disso, nunca esqueça disso!
- Eu sei que a gente já teve muitos altos e baixos, muitas provações, muitas pedras no nosso caminho...
Era verdade mesmo.
- Mas a gente superou, a gente tá aqui, a gente tá junto, a gente já completou 1 ano...
1 ano de pura felicidade, um ano de pura magia...
- E eu quero que esse 1 ano vire 100 anos ao seu lado, Caio!
- Eu também quero, Bruno! Eu quero viver com você pra sempre, pra sempre!
- Eu sei que eu tenho meus defeitos, que talvez eu não seja a melhor pessoa do mundo...
- Não fala assim, por favor...
- Mas mesmo com os meus defeitos, mesmo não sendo a melhor pessoa do mundo... Eu quero que você viva comigo pra sempre!
- Você é a melhor pessoa do mundo sim!!!
- Caio... Acho que já está na hora... Já passou muito tempo e eu não aguento mais ficar longe de você, amor...
Eu respirei fundo. Eu também não aguentava toda aquela distância que a gente tinha durante a semana.
- Eu quero te fazer uma pergunta...
- Que pergunta, Bruh? – eu sequei mais uma lágrima no rosto dele. Ele fez o mesmo comigo.
- Quero saber se você aceita morar comigo no meu apartamento...
A minha boca estava seca. Eu fui abrindo um sorriso imenso aos poucos. Eu não acreditei que ele estava fazendo aquele convite...
- Você...
Ele estava sério, muito sério. E muito, muito, muito lindo!
- Bruno... Você está me pedindo em casamento?
Eu dei um pulo tão grande da cama do Rodrigo que quase bati com a cabeça na minha própria cama. Eu estava com medo do que o Bruno pudesse estar pensando ao meu respeito naquele momento.
- Bruno...
- O que você estava fazendo na cama com esse...
- Com esse o quê? Vê bem o que você vai falar ao meu respeito, garoto! – Rodrigo já foi logo se irritando.
- Não estávamos fazendo nada, eu juro!
- Então por qual motivo esse... Cara está só de cueca? – meu namorado estava tentando manter a calma, mas eu sabia que por dentro ele estava roxo de raiva e de ciúmes.
- Acabei de sair do banho. E se você não sabe, essa é uma república masculina. Entre nós não tem disso. Eu fico de cueca, fico pelado e não tem nada a ver uma coisa com a outra.
- EU TE DOU 1 MINUTO PRA ESTAR DENTRO DO MEU CARRO – ele se exaltou e ficou muito, muito, muito vermelho.
- Calma... Calma, amor...
- 1... 2... 3... 4... 5...
Eu estava com medo do que pudesse acontecer. Eu percebia que o Bruno ia explodir a qualquer momento e isso me deixou receoso. O que será que ele estava pensando?
- Eu só vou dizer uma coisa, Bruno... – Rodrigo levantou da cama e colocou uma bermuda.
- 16... 17... 18...
- Eu e o Caio somos mais que amigos...
- 21... 22... 23...
- E você não vai mudar isso. Eu gosto dele como um irmão e isso me faz poder ter uma intimidade maior com ele.
- 34... 35... 36...
- Bruno... – eu fui pra perto dele.
- 41... 42... 43...
Conforme o Rodrigo ia falando, o meu Bruno ia aumentando o tom de voz. Ele ia explodir...
- E se você fizer alguma coisa com o Cacs, qualquer coisa que for, pode se considerar um cara MORTO!
- DESCE... PRO... CARRO...
- Por favor, não grita...
- Agora! – ele me lançou um olhar furtivo e uma gota de suor escorreu pelas minhas costas.
- Eu juro que não aconteceu nada... Eu juro! Acredita em mim?
- A... Gente... Conversa... DEPOIS!
- Não grita com ele, filho da puta! – Rodrigo quase foi pra cima do meu namorado.
- Eu só vou dar um recado, Rodrigo... – meu namorado ainda estava vermelho. – Não se aproxima do Caio, porque ele é MEU! ENTENDEU?
- ELE É MEU AMIGO, BRUNO!
- O recado está dado. Vamos embora, Caio – ele me puxou e com força. – A gente precisa conversar.
- Se ele fizer alguma coisa com você, qualquer coisa, é pra me ligar imediatamente que eu mando o exército atrás dele, tá?
Eu nem soube o que falar. O Bruno só estava com ciúmes, eu sabia que ele não ia fazer nada comigo. Ou ia?
Bruno e eu descemos até o carro e durante o percurso eu fui tentando explicar o que tinha acontecido, mas ele não falou nada. Só abriu a boca dentro do carro e aí foi pra valer:
- Desde quando o senhor fica na mesma cama com aquele filho da puta? E desde quando ele fica de cueca na mesma cama que você? Você acha que eu sou idiota? Fica fazendo essas coisas nas minhas costas? Eu não sou burro não, Caio! Tá pensando o quê?! Quer ficar com ele? Se quiser fala logo que a gente termina o namoro aqui e nem vamos pra Búzios!
- Calma, amor...
- Calma é o escambal! Eu chego, entro e vejo você na mesma cama que aquele filho da puta? E ele só de cueca? E você ainda me pede calma? EU TO COM CIÚMES, INFERNO!
- Mas, Bruh... Não aconteceu nada! Eu juro! – eu já tava querendo chorar.
- NÃO IMPORTA! A minha vontade era de quebrar o focinho daquele cara! Quem ele pensa que é pra deitar com você?
- Meu amigo – eu fiz bico.
- Eu não gostei, Caio! Não gostei mesmo. Não é pra ficar deitando com ele, entendeu?
- Eu nunca mais vou fazer isso – abaixei a cabeça.
- Não vai mesmo. Disso você tenha certeza.
- Acredita em mim? Acredita que não aconteceu nada entre nós dois?
- Acredito, mas isso não diminui a minha insatisfação.
- Me perdoa?
Ele ficou calado e continuou dirigindo, com a fisionomia horrível de feia.
- Me perdoa? – eu repeti a pergunta.
- Não faz mais isso? – ele me olhou, já mais sereno.
- Prometo pela minha alma, prometo pelo nosso amor que eu nunca mais faço isso!
- Então eu te perdoo. Eu fiquei com muita raiva quando te vi na mesma cama que ele, muita mesmo.
- Você sabe que o Rodrigo e eu somos amigos, não sabe? Aliás, somos irmãos!
- Sei, mas por serem irmãos isso não te dá ao direito de deitar com ele. Muito menos com ele de cueca.
- Não fica com ciúmes, bebê! O Rodrigo não passa do meu irmão, você sabe disso.
- Irmão, né? Eu não esqueci daquelas brincadeirinhas que vocês fizeram não, viu?
- Aquilo ficou no passado – eu continuei com a cabeça baixa, olhando para o meu colo. – Nunca mais vai acontecer, pode acreditar. Depois que a gente voltou, eu nunca mais fiz aquilo com o Rodrigo e nem com ninguém.
- Acho bom! – Bruno bufou e virou em uma curva. – Garoto insolente!
- Quem? Eu? – meu coração disparou.
- Não! – ele me olhou de novo, com os olhos esbugalhados. – Claro que não! É o seu irmãozinho. Aquele...
- Vê bem o que você vai falar do meu amigo! – defendi o Rodrigo.
- Asqueroso!
- Ele não é asqueroso! – eu me ofendi. – Ele é um anjo!
- Anjo, né? Ele que não me apareça aqui na minha frente. Eu tive que me segurar pra não dar com a mão na cara dele lá no seu quarto.
- Coitadinho... Ele só queria ficar um pouco ao meu lado. Ele gosta de mim! E eu gosto dele!
- Fiquem juntos então!
- NÃO! Você sabe que não é nesse sentindo, seu bobo!
Eu estava todo derretido por dentro. Eu sabia que tudo aquilo que o Bruno estava falando do Rodrigo era por causa do ciúmes. E vendo todo aquele ciúme do meu namorado, eu fiquei todo encantado.
Em nenhum momento ele quis ofender o meu melhor amigo e eu sabia que tudo o que ele falava era da boca pra fora. Era ciúme mesmo, um ciúme calmo, moderado e que colocou uma pimenta no nosso relacionamento.
- Não está bravo comigo, está? – eu deitei a cabeça no ombro dele e senti o seu perfume.
- Com você não. Com o asqueroso sim.
- Não fala assim dele, vai? Ele é tão bonzinho!
Nós falamos tanto no Rodrigo que ele acabou me ligando. Era a força do pensamento que nos unia.
- Está tudo bem?
- Maravilhosamente bem – garanti. – Não se preocupe.
- Ele brigou com você?
- Não, não. A gente só conversou. Fica tranquilo, mano.
- Então tá bom. Quero que você me ligue se algo te acontecer, tá? Não deixa esse idiota brigar com você. Se ele fizer isso eu quebro os miolos dele.
- Jamais eu deixaria você fazer isso. Está tudo bem, de verdade.
- Então tá bom. Boa lua de mel pra você.
- Obrigado! Eu te adoro.
Bruno bufou.
- Eu também te adoro. Beijo.
- Outro!
- Era o asqueroso?
- Ele não é asqueroso! – eu belisquei meu namorado, mas sem fazer muita força. – Era ele sim. Preocupado comigo.
- Hum, sei. Deixa ele nas minhas mãos.
- Não vai fazer nada com ele, né?
- Não na sua frente.
Esse papo durou até a hora que nós chegamos em Búzios. O Bruno já não estava com tanta raiva como antes, mas não esquecia o assunto.
- Eu vou fazer você esquecer tudo o que aconteceu.
- Vai, é? – ele me fitou.
- Vou! Essa é a nossa pousada?
- Aham. Gostou?
- Legal. Mas por que essa cidade tem tanto mato?
- E eu vou saber? – ele deu risada.
Por onde quer que eu olhasse eu via tufos de matos pelas calçadas. A cidade não era tão bonita quanto eu imaginava.
Bruno e eu entramos, fizemos check-in, fomos pro quarto, trocamos de roupa e saímos para alguma praia da região.
- A cidade é, mas as praias não! Que praia é essa?
- Praia de Ferradura. Linda, né?
- Muito linda!
- Quer uma água de coco? Ou melhor, quer jantar?
- Estou com um pouco de fome mesmo.
- Vem! Vamos procurar um restaurante pra gente jantar...
Ele não falou mais o nome do meu melhor amigo e isso me deixou aliviado. De repente, o Bruno deixou de ser um cavalo para ser o meu príncipe novamente.
Nós encontramos um restaurante e entramos para jantar. Já estava um pouco tarde, mas mesmo assim a gente conseguiu comer sem maiores preocupações.
- Quer dar uma volta pela cidade, amor?
- Quero! – falei.
Devido ao horário e devido a tranquilidade que estava nas ruas, Bruno e eu conseguimos passear de mãos dadas por Búzios. Era a primeira vez que aquilo acontecia.
- Gente, aqui é tranquilo demais – falei.
- Quer vir morar aqui?
- Adoraria! Seria um sonho!
- Então a gente vai vir morar aqui – ele segurou na minha cintura e me abraçou com força.
- Quem dera isso pudesse acontecer de verdade!
- Quem dera – ele concordou.
- Ainda está bravo?
- Não! Não mais. Eu te amo e eu sei que você gosta dele também. Por isso eu não fiz nada, por isso eu relevei. Mas não faz mais na minha frente, tá bom?
- Prometo que nunca mais faço isso com ninguém. Só com você.
- Ah, bom! – ele se afastou e beijou o meu rosto. – Vem, quero te mostrar as praias da região.
Pelo visto, meu namorado e eu iríamos ficar perambulando até o dia amanhecer. Ainda bem que eu não tinha levado nada, só dinheiro. Eu não estava a fim de ser assaltado.
- Uau! Que paraíso é esse, amor?
- Essa é a Praia de Ferradurinha. Não é linda?
- Linda? Ela é perfeita! Meu Deus, é muito perfeita!
- Isso porquê você não viu pela manhã, com a luz do dia. É mais linda ainda.
- Posso imaginar!
- Vamos subir naquelas pedras?
- Claro!
Bruno e eu subimos em umas pedras que ficavam na Praia de Ferradurinha e quando encontramos um bom local, sentamos e ficamos olhando pro mar e pro céu. Fazia uma noite linda em Búzios.
- Que bom que a gente está a sós, né? – falei e caí deitado na pedra.
- Verdade – ele caiu ao meu lado. – Que paz!
- É mesmo. A gente merece, né?
- Uhum.
Nos beijamos. Foi um beijo calmo, longo e apaixonado. Nós dois ficamos brincando com uma bala até ela acabar. Foi delicioso.
- Eu já disse que te amo hoje? – ele acariciou meu rosto.
- Hum... Acho que não – menti.
- Eu te amo!
- É?
- Muito, muito, muito!
- Então me prova que você me ama?
- Como?
- Não sei! Use a sua criatividade...
Foi uma provocação, mas ele levou a sério. Meu namorado simplesmente gritou aos quatro ventos que me amava e esse grito ecoou em algum lugar daquela cidade. Eu achei esse gesto simplesmente lindo!
- Está bom assim?
- Lógico que sim – eu abracei aquele príncipe de olhos azuis. – Eu também te amo, meu ciumentinho mais lindo de todo o universo!
- Você que é lindo, meu gostoso dos olhos castanhos mais lindos de todo o universo!
Rolou mais um beijo e quase rolou algo a mais, mas a gente se conteve. Eu deitei no peito do Bruno, fiquei ouvindo o coração dele batendo e aos pouquinhos fui ficando com sono.
- Olha, amor! Que estrela linda...
- Onde? – abri meus olhos.
- Ali, bem em cima da gente. Ela brilhou bem forte agora.
- Ela está abençoando o nosso amor – eu saí do peito do Bruno e deitei ao lado dele.
- É. Está mesmo.
As estrelas estavam brilhando com intensidade. Era uma noite realmente muito bonita que fazia em Búzios.
- Posso? – ele fez menção que ia subir em mim.
- Pode!
Outro beijo aconteceu e este foi mais picante que todos os outros. Eu senti a excitação do meu namorado e isso me deixou alucinado. Eu queria muito ficar com ele, o mais rápido possível.
- Trouxe camisinha? – ele beijou o meu pescoço.
- Não! – exclamei. – Você trouxe?
- Uhum. Mas só trouxe duas.
- É suficiente, não é? – mordi meu lábio.
- Não sei. É?
- Acho que é, ué...
Demos risada. Ficar com o Bruno longe de tudo, longe de todos, longe da muvuca, longe da correria do Rio de Janeiro estava me fazendo muito bem.
- Sabe, Caio...
- Hum? – eu olhei para aqueles olhos azuis que eu tanto amava.
- Eu tenho tanto pra lhe falar... – Bruno simplesmente começou a cantar no meu ouvido.
Eu abri um sorriso. Era a primeira vez que ele fazia aquilo.
- Mas com palavras não sei dizer...
- Bruno...
- Como é grande, o meu amor por você...
Pensei que ele ia parar, mas não:
- E não há nada pra comparar...
Aos poucos meus olhos foram ficando cheios de lágrimas.
- Para poder lhe explicar...
Eu engoli em seco e pressionei um lábio no outro.
Não segurei a emoção.
- Como é grande, o meu amor por você!!!
- Amor...
Ele secou uma lágrima minha, mas também chorou.
- Nem mesmo o céu – ele quase soluçou. – Nem as estrelas...
Eu sim caí no choro de vez.
- Nem mesmo o mar e o infinito...
Ah, Bruno... Nada era mais lindo que ele, nada! Nem o céu, nem as estrelas, nem o mar e o infinito. Nada se comparava ao Bruno, nada!
- Nada é maior que o meu amor por você...
Eu quase entrei em desespero. Como ele era lindo!!!
- Nem mais bonito – Bruno tirou outra lágrima de meu rosto.
- Ah, Bruno...
- Me desespero a procurar...
Ele cantava tão direitinho... Eu estava pra lá de emocionado, pra lá de encantado, pra lá de apaixonado...
- Alguma forma de lhe falar...
Por que ele estava fazendo aquilo comigo? Por que ele estava cantando pra mim? E por que aquela música?
- Como é grande, o meu amor por você...
- EU TE AMO, BRUNO! EU TE AMO!
- Nunca se esqueça, nem um segundo...
Fechei meus olhos e me desesperei totalmente. Onde estava aquele Bruno que era afeminado? Onde estava aquele Bruno que dava em cima de todos os homens? Onde estava aquele Bruno que fumava? Onde estava aquele ogro que me traiu com meu ex-melhor amigo???
- Que eu tenho o amor maior do mundo...
Eu não estava acreditando que aquilo estava acontecendo, de verdade. Será que era um sonho? Será que eu estava sonhando com os olhos abertos?
- Como é grande, o meu amor por você...
Ele estava tão mudado, ele estava tão diferente, tão amadurecido... Meu Bruno não era mais o mesmo Bruno de antes, não era mesmo! Só o físico continuava igual, porque o interior estava totalmente modificado.
- Nunca se esqueça, nem um segundo...
Eu nunca poderia esperar por uma “serenata” daquelas. Eu jamais poderia sonhar que meu namorado teria coragem pra fazer uma coisa dessas comigo, jamais!
- Que eu tenho o amor maior do mundo...
Ele chorava tanto quanto eu. Nossos dedos estavam entrelaçados e em nenhum momento nós desviamos os olhos um do outro, mesmo na escuridão daquela madrugada.
- Como é grande, o meu amor por você... Mas como é grande... O meu amor... Por você!!!
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH, EU TE AMO MEU PRÍNCIPE!
Me desesperei de novo e não contive os meus soluços, o meu choro, a minha emoção! Não poderia existir uma pessoa mais linda, uma pessoa mais fofa, uma pessoa mais incrível e perfeita do que o Bruno, não podia!
- Olha pra mim... – ele levantou o meu queixo e secou as minhas lágrimas.
- Eu te amo tanto... Tanto...
- Eu também te amo, príncipe! E queria...
Eu sequei as lágrimas dele. Nem a dor que eu estava sentindo no corpo por estar deitado em uma pedra me incomodava. O importante era o Bruno, o importante era aquela música, era a nossa conexão, a nossa interatividade...
- Eu queria que você soubesse que você é a pessoa mais importante que existe pra mim...
- Você também é a pessoa mais importante que existe pra mim, amor! – exclamei.
- E eu quero ficar com você pra sempre, pra todo o resto da minha vida...
Continuei chorando, mas em menos proporção que antes.
- Eu quero viver todos os dias da minha vida ao seu lado, Caio! Eu te amo muito, muito, muito!
- Eu te amo muito também, Bruno! Nunca duvide disso, nunca esqueça disso!
- Eu sei que a gente já teve muitos altos e baixos, muitas provações, muitas pedras no nosso caminho...
Era verdade mesmo.
- Mas a gente superou, a gente tá aqui, a gente tá junto, a gente já completou 1 ano...
1 ano de pura felicidade, um ano de pura magia...
- E eu quero que esse 1 ano vire 100 anos ao seu lado, Caio!
- Eu também quero, Bruno! Eu quero viver com você pra sempre, pra sempre!
- Eu sei que eu tenho meus defeitos, que talvez eu não seja a melhor pessoa do mundo...
- Não fala assim, por favor...
- Mas mesmo com os meus defeitos, mesmo não sendo a melhor pessoa do mundo... Eu quero que você viva comigo pra sempre!
- Você é a melhor pessoa do mundo sim!!!
- Caio... Acho que já está na hora... Já passou muito tempo e eu não aguento mais ficar longe de você, amor...
Eu respirei fundo. Eu também não aguentava toda aquela distância que a gente tinha durante a semana.
- Eu quero te fazer uma pergunta...
- Que pergunta, Bruh? – eu sequei mais uma lágrima no rosto dele. Ele fez o mesmo comigo.
- Quero saber se você aceita morar comigo no meu apartamento...
A minha boca estava seca. Eu fui abrindo um sorriso imenso aos poucos. Eu não acreditei que ele estava fazendo aquele convite...
- Você...
Ele estava sério, muito sério. E muito, muito, muito lindo!
- Bruno... Você está me pedindo em casamento?







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