sexta-feira, 10 de abril de 2015

Capítulo 90²

A
 única coisa que a vira-lata da minha regional fez foi abrir um sorriso descarado.
Como dizia a Janaína, eu estava preto passado, ou melhor, esturricado na chapinha com aquela novidade. Por que diabos ninguém me comunicou que eu seria promovido?
- Como você é sem graça... – ela resmungou, ainda com um sorriso nos lábios. – Quem mandou você ver o holerite?

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- Por que diabos não me falaram que eu seria promovido? Que história é essa? Estão me fazendo de trouxa por acaso?
- Lógico que não...
- Mas não é o que parece! Quando pretendiam me falar? Amanhã quando a Janaína saísse de férias? Por que parece que eu só sou tapa buraco nessa loja! Desculpa, falei!
- Calma, Caio!
- Calma nada, Eduarda! Calma nada! Desculpa, mas eu estou de saco cheio! Vocês dizem que eu passei nesse processo seletivo junto com a Janaína e já vai fazer 2 anos que a Janaína assumiu a loja e eu continuo nas vendas. Não é coincidência demais eu ser promovido logo quando ela vai sair de férias? Desculpa, mas não sou besta, Duda!
A gerente ficou calada e constrangida.

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- Eu sei que é essa a sensação que você está sentindo...
- É isso mesmo! Dois anos depois enfim acontece. É muita coincidência você não acha?
- É que antes não teve a possibilidade...
- Não teve ou vocês não quiseram? Por que não falam a verdade? Vocês acham mesmo que eu vou acreditar que durante quase 2 anos nenhum gerente foi desligado em um grupo tão grande como esse? Ah, faz favor, né Eduarda? Não sou criança não!
Ela mais uma vez ficou calada e constrangida. Isso só provava que a minha linha de raciocínio estava correta.
Eu estava muito irritado, essa era a verdade. E o motivo da minha irritação era justamente isso que eu falei pra minha regional.
Eu passei no processo seletivo junto com a Jana em abril de 2.010 e só estava assumindo a vaga em janeiro de 2.012. Quase 2 anos depois e justamente quando a loja onde eu trabalhava ficaria sem líder. Não era coincidência demais?
Pra mim aquela história de que não havia vaga era pura balela. Eles me enrolaram até não quererem mais e só me promoveram na hora do trouxa aqui assumir o lugar do Jonas e da Janaína, igual aconteceu no ano anterior.
- Você teve a oportunidade de assumir antes e não quis – ela tentou me enrolar de novo.
- Ah, legal! Iam me mandar lá pra puta que pariu sendo que a minha vida é toda aqui no Rio de Janeiro! Muito bacana isso!
Mais uma vez a Eduarda ficou calada.
- Fala alguma coisa, Eduarda! Que coisa!
- Eu não tenho nada pra falar, você está certo em tudo. Só posso te pedir desculpas...
- Não quero desculpas, quero uma explicação. Ou melhor, não quero nada. Eu sei que tudo o que te falei é verdade, você confirmou com o seu silêncio. O que me deixa muito irritado é essa falta de consideração...
- Não é falta de consideração...
- Tem razão, é falta de respeito! Me deixaram com a expectativa de entrar na minha área há quase 2 anos!
- Você dizia que não queria...
- Claro que eu dizia que não queria, eu sabia que isso ia acontecer! Eu sou novo demais, Eduarda! Até parece que vocês iam colocar um garoto de 21 anos na gerência de uma loja como essa. E só falaram que eu fiquei de stand-by pra não me deixarem frustrado. Eu não sou burro, tá legal?
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- Ninguém está falando que você é burro!
- Mas é essa a sensação que eu tenho. Eu estou muito irritado com essa situação. Muito mesmo!
- Quer uma água?
- Água não vai resolver o meu problema. Agora me explica o que vai ser da minha vida. Vou assumir aqui no lugar dos meninos e depois eu vou pra onde? Pra loja nova que abriu no Ceará?
- Pra Copacabana.
- Ah, legal. E vocês não perguntam se eu posso, não perguntam se eu quero...
- Eu sei que você não ia recusar...
- Ah, mas é isso que eu deveria fazer. Meu orgulho deveria falar mais alto nesse momento!
- Qual é, Caio? Você falava tanto que tinha medo, que não queria, que isso, que aquilo... Por que está tão nervosinho agora?
- Porque vocês me fizeram de trouxa! Na hora de me colocar sozinho nessa loja por mais de 30 dias vocês souberam colocar. Na hora de promover de fato, não promoveram. Eu realmente não queria no começo, mas falaram tão bem de mim, levantaram tanto a minha moral que eu fiquei com vontade de assumir. Só não pensei que seria tão tarde assim, mas enfim. Eu sou trouxa mesmo!
- Não, você não é! Se acalme.
- Não vou me acalmar, nem adianta você pedir. E se quiser me sancionar, se quiser me suspender por 3 dias porque estou sendo indisciplinado manda brasa. Eu assino e vou pra casa numa boa!!!
- Não vou te sancionar, você está com a razão. Nós é que estamos errados nessa situação, desculpa!
Eduarda e eu continuamos falando por mais de meia hora. Eu soltei tudo o que estava preso na minha garganta, ela explicou tudo o que aconteceu e quando eu consegui me acalmar, ela me explicou o que seria da minha vida à partir daquele momento:
- Você vai pra loja de Copacabana, vai assumir em horário integral...
- Aí tá vendo? Vou assumir de novo em horário integral e vocês nem perguntam se eu posso!
- Até a gente conseguir um outro líder que assuma a loja com você.
- Ah, bacana. E isso vai demorar quanto tempo? 2 anos também?
- Não, não vai ser tudo isso.
- Claro que não vai ser tudo isso! Vocês só enrolaram o trouxa aqui!
- Caio! Menos, por favor.
- Menos nada. Eu preciso soltar tudo o que está preso aqui. E que mais? Vou ser responsável por quantos funcionários? 200 também?
- Por aí... – a Duda ficou roxa de vergonha.
- Hum, da hora! Que legal isso, hein? Que mais que eu vou ter que fazer? Salvar uma loja que está indo por água abaixo?
- Não necessariamente. Eu precisarei que você faça um trabalho de gestão com sua equipe, porque o último gerente da loja deixou todos os funcionários desmotivados.
- Interessante. Só me promoveram por causa da minha gestão, né? Da hora!
- A gente te promoveu porque você tem capacidade pra isso e você sabe disso.
- Só que promoveram tarde demais.
- Se você não quiser mais a promoção me fala que eu volto você pras vendas sem problema algum.
- Você e eu sabemos que isso não é possível. À partir do momento que uma promoção é encaminhada pro RH, à partir do momento em que uma função e o salário são alterados no holerite, o funcionário não pode mais ser rebaixado. Infelizmente, porque se tivesse essa possibilidade eu juro que aceitaria.
Mais uma vez a minha superiora ficou calada. Ela sabia quem eu era, sabia que eu não ia deixar ela me enganar mais.
- E tem mais, Duda, nós sabemos também que é contra a lei um funcionário ficar trabalhando 12 horas por dia. Sabemos ainda que é proibido um líder ficar com um número tão grande de subordinados como eu ficarei.
- Isso será provisório.
- Será mesmo?! Isso é o que eu quero ver.
- Confia. Eu não vou mentir pra você. É por pouco tempo sim.
- Eu espero que seja! Não sou obrigado a ficar trabalhando tanto tempo e com tantas pessoas sob minha responsabilidade.
- Você me desculpa por ter esperado tanto tempo assim?
- Fazer o quê, né? Se não tem outra escolha! E quando eu assumo a loja?
- Quando o Jonas voltar. Até ele voltar você fica aqui com a gente.
- Como eu imaginava. Ai, ai. Sem comentários. Era isso que você queria me falar?
- Era, mas você falou tudo antes de mim!
- Claro! Não nasci ontem. Sei muito bem prever essas coisas. Sou pós-graduado em gestão de pessoas, Eduarda! Vocês não estão lidando com um leigo no assunto.
Outra vez ela se calou. Eu estava totalmente com a razão.
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- Se me der licença eu vou voltar pro trabalho, mas antes eu vou me dar ao direito de respirar um pouco. Preciso de ar fresco.
- Pode ir, eu te libero.
- É o mínimo que você pode fazer por mim. Agora, seja sincera comigo...
- Pode falar.
- Eu me queimei agora, não me queimei?
- Claro que não...
- Assim espero, porque isso daqui foi só um desabafo. Eu fiquei possesso quando vi a alteração no meu holerite sem ser comunicado previamente, mas tudo bem. Eu entendo e aceito a proposta. Vocês terão o resultado que esperam em 90 dias, pode apostar.
O resultado que a Duda e o Antony queriam era uma melhora de mais de 100% no rendimento da equipe da loja de Copacabana. Pelo que a minha regional me contou, as coisas naquela loja estavam bem sérias e eu precisaria fazer um trabalho monstro pra salvar a equipe, mas eu só saberia qual seria meu trabalho quando chegasse na loja.
- Amor? – quase chorei de raiva.
- Oi, bebê! O que você tem? Por que está com essa voz tristonha?
- Fui promovido...
- O QUÊÊÊÊÊÊÊÊ? MENTIRA?
- É, virei gerente...
- PARABÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉNS, VIDA! Nossa, que maravilha!!!
Eu expliquei rapidamente como tinha sido a promoção, expliquei toda a conversa que tive com a Eduarda e é claro que ele ficou ao meu lado:
- Você está certíssimo. Eu no seu lugar teria feito a mesma coisa, mas não tem importância. O importante mesmo é que você falou, que soltou tudo o que estava preso aí na sua garganta e que agora está mais leve.
Essa era a sensação correta: leveza. Eu me sentia leve por ter solto tudo o que estava preso em mim. Ninguém iria me fazer de idiota, eu não era mais o funcionário despreparado que era quando cheguei na empresa, quase 5 anos antes daquela época.
- Mas parabéns, tá? Você merece!
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- Obrigado, amor. Já não era sem tempo. Eu só fiquei muito bravo por causa das promessas que eles sempre me faziam e que nunca cumpriam.
- Verdade, mas é assim mesmo. As empresas são assim. Não fique mais bravo, vai te fazer mal. O melhor que você tem a fazer nesse momento é respirar fundo e meter a cara nesse desafio.
Ele tinha razão, como sempre. Foi isso mesmo que fiz. Respirei fundo, terminei de tomar meu milk shake e depois voltei pra loja pra me despedir de minha antiga função.
- Caio? – Janaína foi falar comigo com aquela cara de pau gigante que ela tinha.
- Hum?
- Deixa eu te dar os parabéns?
- Sua vira-lata sarnenta da zona, sua pulguenta, sua peste, sua vadia, cadela, sua vaca, sua piranha... Você sabia de tudo, né infeliz?
Ela simplesmente gargalhou e me abraçou como sempre fazia. Eu estava com raiva de tudo e de todos naquele momento. A Janaína era da corja deles e era outra que me enganava.
- Sabia, mas não podia te falar nada! Desculpa!
- Desculpa é o caralho! Eu estou por aqui com vocês! Parece que está escrito idiota na minha testa, mas não está. Que ódio!
- Calma! Vai ficar tudo bem! Finalmente rolou.
- Depois de 20 anos, né?
- Exagerado!
- Exagerado é o caralho, Jana! Quase 2 anos e só vivendo de ilusões. “Olha, nós não esquecemos de sua promoção...”.
- Eu sei, eu sei. Eu te entendo muito bem. Eu me coloco no seu lugar.
- Talvez você seja a melhorzinha desse grupo, ou a menos pior, mas que eu estou com raiva, ah isso eu estou!
- Não fica assim, vai ficar tudo bem!
- Claro que vai ficar tudo bem. O idiota aqui vai ter que assumir uma loja onde todos estão rebeldes, queimando colchões, faltando, estourando almoço...
- E você vai dar conta do recado.
- Claro que eu vou. Não é muito estranho eu ser promovido justamente quando você vai sair de férias? Não é estranho eu ser promovido justamente quando eu terminei a minha pós? Pra mim isso não é mera coincidência, Janaína!
- Eu entendo você, juro que entendo.
- O que tanto falam aí? – Alexia foi se meter no assunto.
- Dando os parabéns pro Caio.
- É seu aniversário? Não, não. Você faz aniversário em agosto!
- Fui promovido.
- Hein? Como é?
- É isso mesmo, Alexia! Fui promovido. Virei gerente de vendas.
- Ai, que arraso! – a branquela que naquela altura estava loira me abraçou com força. – Meus parabéns!!!
- Obrigado.

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- Ele está irritado, amiga. Melhor não ficar falando muito nesse assunto.
- Por que está irritado? Deveria ficar feliz.
- Depois de 2 anos de promessas que você vai ser promovida você ficaria feliz?
Bastou isso pra ela entender o tamanho da minha irritação. Nem ela, nem a Janaína ficaram tocando no assunto e me deixaram na minha, mas a notícia da minha promoção se espalhou na loja como rastilho de pólvora.
- É verdade que você foi promovido, Caio? – perguntou o Gabriel gostosão.
- Sim.
- Pô... Parabéns aí então, meu pupilo!
- Obrigado, Gabo. Tudo começou graças à você, hein?
Gabriel foi meu professor na antiga loja onde nós trabalhávamos. Tudo começou com a ajuda dele e se eu tinha virado um excelente negociador, era graças a ele.
- Te desejo muita sorte nessa nova etapa de sua vida!
- Muito obrigado, parceiro. Eu vou precisar.
Ainda naquele dia a Janaína fez reunião com toda a filial, anunciou a minha promoção e se despediu, afinal ela sairia de férias naquele dia.
- Boas férias – eu falei, ainda com cara de poucos amigos.
- Obrigada, meu amor! Te desejo toda a sorte do mundo nessa nova fase, sei que você fará o seu melhor sempre, sei que vai dar tudo certo! Parabéns, tá? Você merece, meu gostoso!
- Obrigado, minha gostosa! Vou sentir muito a sua falta.
- Também, mas a gente se falará todos os dias. E nos veremos nas reuniões da Duda.
- Eu sei disso, mas enfim. Boas férias, descansa bastante.
- Muito obrigada!
Naquele ano a Janaína ia passar as férias em Porto de Galinhas e Maceió. Todos os anos ela conhecia um lugar diferente no nordeste. Eu queria fazer a mesma coisa um dia.
Após receber vários “parabéns” eu fui pro ponto, passei meu crachá e me direcionei até o vestiário para trocar de roupa. Confesso que eu ainda estava me sentindo meio irritado, mas não tanto como no começo. Aos poucos a ficha estava caindo e eu estava começando a me acostumar com a ideia que ia assumir uma loja. Finalmente isso ia acontecer.
- Parabéns minha vida, parabéns meu amor, parabéns meu presente de Deus...
- Obrigado, anjinho – caí nos braços dele e me senti bem melhor. – Você me faz tão bem! Você é meu porto seguro, sabia?
- Você que é meu porto seguro. Meu alicerce.
Ficar com meu namorado era tudo o que eu mais precisava naquele momento. Ele conseguiu me desestressar, conseguiu me acalmar, tirar a minha raiva e me deixar calminho, calminho.
- Vem, deixa eu fazer uma massagem em você!
Com essa massagem eu fiquei mil vezes mais relaxado. Ele tirou todos os nós que havia nas minhas costas e eu fiquei morrendo de sono.
- Obrigado, anjo! Eu me sinto bem melhor agora.
- Que bom! Mas me conta, como vai ser?
Expliquei detalhadamente o que tinha acontecido e ele me ouviu atentamente. Bruno não discordou de mim em nada, ele só me apoiou.
- Agora o que você vai ter que fazer é trabalhar bem pra mostrar quanto tempo eles perderam.
- Vou fazer isso com certeza.

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Eu já estava montando na minha cabeça uma linha de trabalho que eu ia executar primeiramente naqueles 15 dias em que ficaria na loja do shopping. Depois eu veria como seria na outra filial.
Rodrigo me abraçou e quase não me largou mais, tamanha a felicidade que ele sentiu ao saber que eu tinha sido promovido.
- Por que não me falou por telefone, hein?
- Porque eu queria falar pessoalmente!
- Que maravilha, Caio! Você merece isso e muito mais!
- Obrigado, amigo! Muito obrigado! Você veio aqui no shopping só pra me ver?
- Claro! Eu não aguentava mais de saudades!
Que lindo!
- Eu também não! E a rapariga?
- Ficou lá em Curitiba – ele fez bico. – Já estou com saudades.
- Ai, Deus! As coisas estão sérias entre vocês?
- Muito. Nós voltamos pra valer.
- Lembra do que o Bruh disse? Figurinha repetida não completa álbum!
- Ah, cala a boca. Você não tem propriedade pra falar desse assunto.
- Anda, fala a verdade! Você nunca esqueceu essa mulher, não foi?
- Não, nunca esqueci. Porém, não fiquei pensando nela nesses 10 anos.
- Eu sei. Eu entendo. É a mesma coisa que aconteceu comigo e com o Bruno.
- Ela foi minha primeira namorada, minha primeira mulher, Caio. Então ficou marcada.
- Eu sei, eu sei. Olha pra quem você está falando isso!
- Daí a química rolou, a gente ficou, aconteceu e a gente voltou. Agora estamos muito mais maduros.
- Quer o quê? 10 anos se passaram!
- É! E ela só ficou mais gata nesse tempo.
- Cara, sou gay, mas a Babí é deslumbrante! Ela é muito gata, muito gata mesmo!
- Dá até gosto ver você falando assim, Caio – ele sorriu.
- Para de ser idiota!
- Estou brincando.
- Eu sei! Mas me diz, quanto tempo você namorou com ela no passado?
- Fiquei com ela dos 13 aos 16.
- Então foi com ela que você perdeu a virgindade aos 14?
- Isso! Nem me lembra daquele desastre!
- Primeira vez é sempre um desastre. A gente fica muito nervoso.
- Verdade. No entanto, hoje eu sou bem experiente.
Ao ver o sorriso safado que ele me lançou, senti vontade de enfiar o garfo dele guela abaixo. Cachorro!
Naquele dia Digão e eu almoçamos juntos e colocamos o papo em dia. Eu contei como tinha recebido a notícia da minha promoção e ele também ficou do meu lado. Eu não podia esperar menos do meu irmão, né?
- Agora eu vou pra minha casa descansar um pouco.
- E você e o Vinícius já resolveram como vai ficar a casa depois que ele se casar?
- Do mesmo jeito de sempre. Eu vou ficar nela até me mudar pro Paraná no final do ano e ele vai morar com a Bruna na casa que compraram. Só isso.
- Caraca, eu queria ter dinheiro como o Vinícius. comprou duas casas em pouco tempo!
- Mas ele não comprou sozinho, querido. A primeira nós compramos juntos e a outra ele não comprou, ele ganhou.
- Então você entrou em contradição. Você disse que ele ia mudar pra casa que comprou.
- Me expressei mal, Caio Monteiro. A casa foi ganhada e quem comprou foram os pais dos dois.
- Mesmo assim. Quem é rico, é rico.
Mas o médico não era rico. Ele só ganhava bem e tinha condições financeiras pra ter essas aquisições. Ele só não tinha carro, mas a namorada tinha. Acho que foi por isso que ele ainda não tinha comprado o dele, porque a Bruna vivia deixando o automóvel com o amado.
- Bom descanso, Digão! Estava morrendo de saudades de você.
- E eu de você. Se cuida, tá?
- Você também!
Nos despedimos e eu voltei pra loja. Havia muito trabalho me esperando e eu precisava deixar tudo em ordem para a volta do Jonas. O pessoal já tinha acostumado com a minha função.

POUCOS DIAS DEPOIS...

- Alexia?
- Diga, chefinho?
- Liga pra esses clientes pra mim?
- Mas é pra falar o quê?
- Pra pedir pra virem na loja trocar de modelo, porque não há mais modelos do que eles compraram no estoque.
- Ah, tá bom! Pra virem trocar ou cancelar, né?
- Isso, mas não oferece o cancelamento, pelo amor de Deus.
- Pode deixar.
- CAAAAAAAAAAAIO... CAAAAAAAAAAAIO... CAAAAAAAAAAAIO... CAAAAAAAAAAAIO... CAAAAAAAAAAAIO... CAAAAAAAAAAAIO... CAAAAAAAAAAAIO...
Rodrigo entrou correndo na loja e quando me viu começou a pular na minha frente feito um milho de pipoca sendo estourado.
- Que porra é essa, Rodrigo? Ficou louco?
- Caio... Caio eu nem te conto... Eu nem acredito...
- Se você não me contar eu não vou saber o que está acontecendo! O que você tem? Por que está tão louco desse jeito?
Nesse mesmo momento o Bruno chegou atrás do meu amigo. Eu não entendi mais nada. O que aqueles dois estavam fazendo no meu trabalho?
- Bruh? Você por aqui? Que delícia! – eu abracei meu namorado.
- Vim comprar os materiais da faculdade e aproveitei pra vir te ver. Fiz mal?
- Lógico que não!
- CAAAAAAAAAAAIO...
- Que foi, Rodrigo? Ai que inferno! Quer parar de gritar? Nós estamos numa loja, porra...
- Caio... Caio... Sabe aquela promoção do shopping?
- Que promoção, Rodrigo? Vocês estão juntos?
- Não! – respondeu meu namorado. – Nem sabia que ele estava aqui.
- Aquela, Caio... Aquela do carro...
- Hã? Que é que tem?
- EU GANHEEEEEEEEEEEEEEEEI!!!

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