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ó poderia ser brincadeira, né? Ficar sozinho com a loja? Não
mesmo!!!

- É brincadeira isso, não é?
- Não, não é brincadeira – Eduarda estava me olhando fixamente.
- E por que vocês só vieram me falar isso agora? Eu não estou a fim de ficar sozinho com a loja não!!!
- Não é questão de querer, Caio. Você está em stand-by no processo seletivo da gerência e consecutivamente tem que ocupar a vaga quando um dos dois não está presente...
- Exatamente, Duda, quando um dos dois não está presente, não os dois. Ficar sozinho seria responsabilidade demais pra mim.
- E é justamente por isso que você tem que aceitar esse desafio. É apenas mais um desafio na sua carreira, Caio. Encare desse jeito, sim?
Eu não via problema algum em ficar na gerência temporariamente, desde que fosse em apenas um período, não em tempo integral.
- E como ficaria a minha pós e meu curso de inglês?
- Sua pós-graduação começa só em meados de fevereiro e você está de férias no curso de inglês.
- Caramba, Duda! Você sabe tudo sobre a minha vida?
- É papel de um líder conhecer seus liderados. Eu conheço você muito bem e sei que você tem todo o tempo para encarar essa oportunidade.
- O problema é ficar com as duas equipes, gente!
- Isso não é problema, isso é solução – falou a regional. – Não terá momento melhor para você mostrar sua capacidade de liderança, Caio. Tenho certeza que depois disso a sua promoção acontece.
Engoli em seco. Era mais um desafio na minha vida, era mais uma fronteira que eu tinha que ultrapassar, era mais um caminho tortuoso que eu tinha que percorrer. Era mais uma lição de vida que eu teria que aprender.
- E como ficaria a minha comissão? Vou ficar sem receber de novo?
- Você entendeu que você vai ficar na gerência da loja, Caio? Eu já falei com o Antony e ele disse que a comissão das duas equipes vai pra você em fevereiro. E isso também ocorrerá com o vale-refeição.
- Deixa ver se eu entendi? Você quer dizer que a comissão que seria do Jonas e da Janaína será só minha? Das duas equipes?
- Isso. O RH já aprovou o pedido.
Não posso negar que isso foi determinante para que eu aceitasse aquela proposta.
- Caio, você sabe o que fazer – Janaína estava me olhando com profundidade.
- Isso mesmo – Jonas concordou.
- Eu aceito, eu aceito – suspirei. – Não tenho alternativa mesmo.
- Não é questão disso e você sabe – Duda me repreendeu com um olhar.
- Eu sei, chefa. Eu só estou reclamando porque será muito cansativo.
- A gente sabe, meu amor. No entanto, o tempo vai passar rápido. Serão apenas 35 dias. Só isso.
- Só 35 dias – suspirei de novo. – Vamos lá! Vamos encarar mais esse desafio! Eu aceito sim. Eu fico com a loja enquanto eles saem de férias.

- É brincadeira isso, não é?
- Não, não é brincadeira – Eduarda estava me olhando fixamente.
- E por que vocês só vieram me falar isso agora? Eu não estou a fim de ficar sozinho com a loja não!!!
- Não é questão de querer, Caio. Você está em stand-by no processo seletivo da gerência e consecutivamente tem que ocupar a vaga quando um dos dois não está presente...
- Exatamente, Duda, quando um dos dois não está presente, não os dois. Ficar sozinho seria responsabilidade demais pra mim.
- E é justamente por isso que você tem que aceitar esse desafio. É apenas mais um desafio na sua carreira, Caio. Encare desse jeito, sim?
Eu não via problema algum em ficar na gerência temporariamente, desde que fosse em apenas um período, não em tempo integral.
- E como ficaria a minha pós e meu curso de inglês?
- Sua pós-graduação começa só em meados de fevereiro e você está de férias no curso de inglês.
- Caramba, Duda! Você sabe tudo sobre a minha vida?
- É papel de um líder conhecer seus liderados. Eu conheço você muito bem e sei que você tem todo o tempo para encarar essa oportunidade.
- O problema é ficar com as duas equipes, gente!
- Isso não é problema, isso é solução – falou a regional. – Não terá momento melhor para você mostrar sua capacidade de liderança, Caio. Tenho certeza que depois disso a sua promoção acontece.
Engoli em seco. Era mais um desafio na minha vida, era mais uma fronteira que eu tinha que ultrapassar, era mais um caminho tortuoso que eu tinha que percorrer. Era mais uma lição de vida que eu teria que aprender.
- E como ficaria a minha comissão? Vou ficar sem receber de novo?
- Você entendeu que você vai ficar na gerência da loja, Caio? Eu já falei com o Antony e ele disse que a comissão das duas equipes vai pra você em fevereiro. E isso também ocorrerá com o vale-refeição.
- Deixa ver se eu entendi? Você quer dizer que a comissão que seria do Jonas e da Janaína será só minha? Das duas equipes?
- Isso. O RH já aprovou o pedido.
Não posso negar que isso foi determinante para que eu aceitasse aquela proposta.
- Caio, você sabe o que fazer – Janaína estava me olhando com profundidade.
- Isso mesmo – Jonas concordou.
- Eu aceito, eu aceito – suspirei. – Não tenho alternativa mesmo.
- Não é questão disso e você sabe – Duda me repreendeu com um olhar.
- Eu sei, chefa. Eu só estou reclamando porque será muito cansativo.
- A gente sabe, meu amor. No entanto, o tempo vai passar rápido. Serão apenas 35 dias. Só isso.
- Só 35 dias – suspirei de novo. – Vamos lá! Vamos encarar mais esse desafio! Eu aceito sim. Eu fico com a loja enquanto eles saem de férias.
- NÃO ACREDITO? – Bruno abriu um sorriso gigante. – SÉRIO
MESMO?
- Sério... – eu choraminguei.
- Que maravilha, amor!!! – ele me pegou no colo e ficou me olhando nos olhos. – Isso vai ser ótimo pra sua carreira!
- Mas eu vou ficar sem vida – quase chorei de raiva.
- Não importa! Não tem problema algum! A gente dá um jeito!
- Mas e você?
- Eu ficarei aqui te esperando sempre, você sabe disso! Nada mudará entre nós dois.
- Eu não vou ter folga!
- Não tem problema, amor! Nossa... Só pelo dinheiro que você vai receber...
- É isso que está pesando.
- Que orgulho do meu namorado! Ele vai virar gerente!!!
Bruno me beijou e me levou pra cama.
- Eu estou com medo – confessei.
- De quê? Você sabe que vai dar tudo certo.
- Sei lá! Medo de tanta coisa... Acho que no fundo eu não estou preparado pra isso.
- Está sim, amor! Está sim! Pense que essa é uma oportunidade única pra você desenvolver tudo o que aprendeu na faculdade.
- É isso que está me deixando balançado, mas o que me mata, Bruno, é eu ficar com os dois turnos!
- Melhor ainda, seu bobo! A comissão vem em dobro!!!
- Essa será a parte boa.
- Anda, não fica assim! Me dá um beijo e vamos comemorar essa promoção. Você merece isso e muito mais!
- Promoção, é? Isso tá mais pra “tapa buraco”, isso sim. Deveria me chamar Severino, não Caio.
- Sério... – eu choraminguei.
- Que maravilha, amor!!! – ele me pegou no colo e ficou me olhando nos olhos. – Isso vai ser ótimo pra sua carreira!
- Mas eu vou ficar sem vida – quase chorei de raiva.
- Não importa! Não tem problema algum! A gente dá um jeito!
- Mas e você?
- Eu ficarei aqui te esperando sempre, você sabe disso! Nada mudará entre nós dois.
- Eu não vou ter folga!
- Não tem problema, amor! Nossa... Só pelo dinheiro que você vai receber...
- É isso que está pesando.
- Que orgulho do meu namorado! Ele vai virar gerente!!!
Bruno me beijou e me levou pra cama.
- Eu estou com medo – confessei.
- De quê? Você sabe que vai dar tudo certo.
- Sei lá! Medo de tanta coisa... Acho que no fundo eu não estou preparado pra isso.
- Está sim, amor! Está sim! Pense que essa é uma oportunidade única pra você desenvolver tudo o que aprendeu na faculdade.
- É isso que está me deixando balançado, mas o que me mata, Bruno, é eu ficar com os dois turnos!
- Melhor ainda, seu bobo! A comissão vem em dobro!!!
- Essa será a parte boa.
- Anda, não fica assim! Me dá um beijo e vamos comemorar essa promoção. Você merece isso e muito mais!
- Promoção, é? Isso tá mais pra “tapa buraco”, isso sim. Deveria me chamar Severino, não Caio.
- Por que você não vem, Caio? – Dona Inês pareceu
desapontada.
- É porque surgiu um imprevisto, Dona Inês! Eu vou ter que assumir a gerência da loja onde trabalho à partir do dia 5 e só vou ter folga agora em fevereiro. Por isso não poderei ir, me desculpe!
- Mas isso é ótimo!!! – falsa. Em 2 minutos antes ela estava dizendo que não poderia ter notícia pior. – Isso vai ser muito bom pra sua carreira, querido!
- É sim, vai ser um grande desafio. Eu não poderia perder essa oportunidade. Me perdoe por não ir. Prometo que do meio do ano não passa!
- Por que tão longe?
- Por causa da pós que vou começar depois do dia 10 de fevereiro.
- Ah, é verdade. Bom, sendo assim eu te perdoo, meu filho. Mas em julho eu quero te ver aqui, hein?
- Com certeza! Pode esperar que eu estarei aí sim, se Deus assim permitir.
- Amém. Assim seja!
- Posso falar com o Rodrigo novamente?
- Claro! Eu vou passar a ligação. Um beijo, querido.
- Um beijo, Dona Inês!
- É porque surgiu um imprevisto, Dona Inês! Eu vou ter que assumir a gerência da loja onde trabalho à partir do dia 5 e só vou ter folga agora em fevereiro. Por isso não poderei ir, me desculpe!
- Mas isso é ótimo!!! – falsa. Em 2 minutos antes ela estava dizendo que não poderia ter notícia pior. – Isso vai ser muito bom pra sua carreira, querido!
- É sim, vai ser um grande desafio. Eu não poderia perder essa oportunidade. Me perdoe por não ir. Prometo que do meio do ano não passa!
- Por que tão longe?
- Por causa da pós que vou começar depois do dia 10 de fevereiro.
- Ah, é verdade. Bom, sendo assim eu te perdoo, meu filho. Mas em julho eu quero te ver aqui, hein?
- Com certeza! Pode esperar que eu estarei aí sim, se Deus assim permitir.
- Amém. Assim seja!
- Posso falar com o Rodrigo novamente?
- Claro! Eu vou passar a ligação. Um beijo, querido.
- Um beijo, Dona Inês!
- AMIGO – ouvi a voz da Jana do outro lado da linha.
- Que foi, vadia? Desgraçada, vaca... Você vai ficar sem chocolates por um ano!
- Vai ser bom, amigo – ela riu sozinha. – Eu deixei um chocolate enorme pra você na minha gaveta! É todinho seu.
- Ah, é safada? Não fez mais que a sua obrigação!
- E aí, já chegou?
- Chegando agora. Agorinha mesmo.
- Eu liguei só pra falar do chocolate e pra te desejar sorte. Boa sorte, tá? Arrasa!
- É, né? Arrasa! Você me paga. Você e o Jonas!
- Vai passar rapidinho, amigo! Eu juro que logo menos estarei de volta.
- Não aceitei essa vaga por você, aceitei pelo dinheiro. Que fique claro.
- Não tem problema, amigo! Eu não me importo. Você vai acabar agradecendo.
- Sei. Deixa eu desligar porque já cheguei. Bom dia. E boas férias. Não me liga mais.
- Não vou ligar mesmo, cachorro. Vou é curtir as minhas férias. Natal está me esperando!
- Boas férias e esquece de mim.
- Nossa, Caio! Que horror.
- Num bom sentido, é claro – sorri. – Beijo! Eu te amo!
- Também te amo, amor. Fica com Deus e boa sorte!!!
- Obrigado. Boas férias, tá?
- Obrigada! Arrase.
- Sempre.

Desliguei e bati o ponto. Respirei fundo e pedi coragem e determinação para Deus. Eu ia precisar de muita fé para passar por aqueles 35 dias. Aquele seria o maior desafio da minha vida.
- Bom dia, chefinho lindo!!! – Alexia foi ao meu encontro com um lindo sorriso nos lábios.
- Bom dia, gatona! Me ajuda? Eu preciso de sorte!
- Vai dar tudo certo, você sabe disso!!!
- Deus queira que sim, amiga.
Eu estava com pensamentos positivos. Independentemente do que fosse acontecer, eu faria o meu melhor. E se fosse pra ser promovido em definitivo depois desse teste drive, assim aconteceria.
- E aí, meu gerente mirim mais lindo? – Duda foi falar comigo. – Preparado?
- Mais ou manos, mas seja o que Deus quiser!
- Isso aí. No que precisar, conte comigo.
- Você vai ficar aqui hoje?
- Não. Eu só vim pegar uns papéis e vim te dar um beijo de boa sorte.
- Sua mentirosa! Quando você foi promovida, você disse que ficaria mais aqui!
- E eu fico! Três vezes por semana. Não é o suficiente?
- NÃO! – fiz um bico.
- Calma, vai dar certo. Se precisar ligue no meu celular que eu te socorro.
- Está bem, está bem!
- Vai lá e estreia com o pé direito. Seu ramal já está tocando.
- Já vou atender. Duda, chata!
- Olha, olha, hein?
- Gerência, Caio?
Era um cliente que queria saber notícias de sua entrega. Eu comecei na função nova já resolvendo pepinos.
E foi assim até a hora em que eu fui almoçar. Eu sabia que a nova fase seria bem complicada, mas não pensei que fosse tão complicada daquele jeito.
- Meninas, tem cliente no setor de vocês, por favor, vão atendê-los – chamei a atenção de duas colegas de trabalho.
- Já vamos, Caio.
- Já vão não, é pra ir agora. Não é pra ficar com conversas paralelas enquanto tem cliente na loja.
Elas saíram resmungando, mas eu nem dei a mínima. Já que eu estava à frente da loja, eu ia fazer jus a minha nova função e não dei mole pra ninguém. Ninguém mesmo.
- Alexia, vou almoçar e já volto. Se alguém perguntar por mim, pede pra ligar no coorporativo.
- Tudo bem, Caio.
- Dá uma olhadinha em todos pra mim e se você vir ou ouvir alguém falando mal ao meu respeito, depois você me conta.
- Pode deixar, amigo. Bom almoço.
- Obrigado, amor. Eu não demoro.
Eu teria uma hora de almoço e meia hora de janta. Pelo menos a Duda não me desamparou nesse sentido. Se eu tivesse só uma hora de almoço eu morreria de fome até às 22 horas.
- Amor? – choraminguei.
- Oi, meu gerente mais lindo! Como você está?
- Cansado!
- Já? Mas nem começou!
- Não parei um segundo sequer hoje, amor! Estou só o pó e não está nem na metade do expediente.
- Calma! Vai dar certo! Quando você chegar em casa, eu faço uma massagem bem gostosa em você.
- Faz mesmo?
- Claro que eu faço! Quantas você quiser.
- Você é um anjo!
- Não sou não! Ah, o Víctor ligou!
- E foi? Por que ele não ligou no meu celular?
- Disse que tentou, mas que estava desligado. Queria só saber de notícias.
- Vou ligar pra ele quando desligar aqui.
- Isso! Liga porque eu disse que você ia retornar.
- Ele está bem?
- Está sim!
- E o namorado?
- Bem também. Disse que estão ótimos.
- Graças a Deus. Amor, tenho que desligar. Vou almoçar aqui e daqui a pouco já tenho que voltar pra forca.
- Tá bom, neném. Eu vou te buscar, viu?
- Tá bom. Eu te espero na rua, não precisa vir até aqui.
- Belezinha. Beijo, anjo! Bom trabalho.
- Obrigado, pra ti também.
Liguei pro Víctor e contei a novidade. Ele ficou muito feliz pelo meu progresso e disse que já estava matriculado na faculdade. Ele faria o mesmo curso que eu fiz.
- Invejoso!
- Não é inveja é que foi o que apareceu. Não quero fazer administração porque é tempo demais.
- Invejoso! – brinquei de novo.
- Que barra!
- Recalcado.
- Nem ligo! Serei um Gestor de Recursos Humanos muito melhor que você.
- Sonha! Eu já estou exercendo a função, você nem perto está!
- Mas eu chego lá!
- Disso eu não tenho dúvidas.
- Que pena que você não pôde vir.
- É, eu queria muito ir, mas não deu. Quem sabe no meio do ano?
- Quando vir me avisa com antecedência.
- Claro! Preciso desligar, Víctor. Tenho que voltar pra labuta!
- Beleza. Bom trabalho, meu filho.
- Obrigado, pai. Beijo!
- Outro. Fica com Deus.
- Amém, você também.

Desliguei e fui direto pro vestiário pra escovar a dentadura. Naquele momento eu não ouvi ninguém falando mal de mim, graças a Deus.
- E aí? Curtindo?
- Mais ou menos, Gabo. É um pouco puxado demais.
- Verdade. deve ser bem puxado mesmo.
- Me ajuda aí, hein? Sempre que eu sair fica de olho no movimento pra mim, por favor.
- Opa, conta aí ex-pupilo que virou meu chefe!
- Idiota – dei um tapa no Gabriel e ri.
- Fala sério, eu sou muito foda! Ensinei você a trabalhar e você aprendeu tão direitinho que virou até gerente, cara! Sou demais!

- Você é um poço de modéstia, isso sim. E Gabriela e Talita, como estão?
- Ótimas, graças a Deus. Daqui a pouco já vão estar na escola de tão espertas que são.
Dobrar no expediente foi extremamente complicado, principalmente nos primeiros dias. Eu saía da loja com a sensação que tinha sido atropelado, de tanta dor que eu sentia no corpo.
- Graças a Deus, o primeiro dia se foi. Só faltam 34.
Arrumei a minha mesa enquanto o computador desligava. Olhei pra loja de uma forma geral e quase tive um treco quando vi praticamente todos os computadores ligados.
- Não... Acredito... Nisso!!! PESSOAS, REUNIÃO!
- Agora, Caio? Na hora de ir embora? – perguntou uma das vendedoras de móveis.
- Isso mesmo, Andreia! PESSOAL, REUNIÃO! VENHAM AQUI, POR FAVOR.
- Mas algumas pessoas já saíram, Caio.
- Amanhã eu repasso o recado novamente, prometo que serei rápido.
Quando todos chegaram próximos da minha mesa, eu esbravejei de uma vez só:
- Ninguém sai daqui enquanto todos os computadores estiverem desligados. Que bagunça é essa, gente? Eu quero que cada um vá desligar o seu computador, por favor.
- Mas... Agora?
- Já! Ninguém sai daqui enquanto esses computadores estiverem ligados.
- Por que não desliga você então? Se você não tem nada pra fazer, a gente tem!
- Eu vou ajudar, André. Eu vou ajudar, mas sozinho eu não dou conta. São mais de 60 micros e a maioria está ligado! Andem, por favor, me ajudem!
- O Jonas nunca pedia isso.
- O Jonas está de férias, André! O gerente agora sou eu, se você quiser depois pode conversar com ele, mas enquanto eu estiver aqui as regras são da minha forma. Eu vou dar 5 minutos para esses computadores estarem desligados! E eu sei que o Jonas pede porque eu já fui da equipe dele.
- É muita folga! – alguém provocou.
- Não é folga, pessoal! Caramba, será que custa vocês me ajudarem? Eu to aqui desde às 10 da manhã, eu também quero sair daqui, meu Deus! Custa cada um desligar seu computador? Não, não custa. Então me ajudem, por obséquio!
Eles saíram resmungando. Só quem não falou nada foi a Maria do Carmo.
- É isso aí, Caio! Tem que colocar ordem na casa.
- Do Carmo do céu, eu não vou deixar isso assim não! Pelo amor de Deus, o que custa esse povo desligar os micros?
- Nada!
- Pois é! Que zona! Não gosto disso não.
- Eu sei que não gosta. Virginianos são assim mesmo. E está certinho o seu raciocínio. Se cada um fizer a sua parte, o negócio flui direitinho.
- Satisfeito, chefinho? – uma vendedora desdenhou.
- Agora sim. Custou alguma coisa? Não! Amanhã falaremos sobre isso. Podem ir agora, pessoal. Obrigado pela ajuda!
Mais uma vez eles saíram resmungando. Eu ia colocar a casa em ordem, ou não me chamaria Caio Monteiro.
- E aí, Caio? – Duda estava me ligando. – Sobreviveu?
- Sobrevivi, chefa. Porém eu estou mais morto que o D. Pedro II!
- Exagerado, hein?
- Acho que vão reclamar de mim pra você...
- Já? O que você aprontou?
- Mandei todos desligarem os computadores. Falei que ninguém saía enquanto não estivessem todos desligados.

- Só isso? E eles acharam ruim?
- Muito!
- Jonas não fazia isso não?
- Sim, na época que eu era dele ele fazia sim. Hoje em dia eu não sei mais.
- Faz sim. Eu sei que faz. Eles estão fazendo de propósito. Não deixa ninguém montar em você, viu?
- Não vou deixar mesmo!
- Se eles forem indisciplinados ou insubordinados, pode mandar pra casa sem pensar duas vezes.
- Fechado. Amanhã você vai estar aqui, né?
- Não senhor.
- NÃO? EU VOU MORRER!
- Para de ser bobo, criatura! Eu sei que você vai fazer tudo direitinho!
- Eu vou tentar sobreviver. Se o Bruno ficar viúvo a culpa é sua!
- Ele não vai ficar viúvo!
- Sei...
- Beleza, amado. Amanhã a gente se fala mais. Vai descansar, vai.
- É, to indo. Estou esperando o Bruno vir me pegar.
- Ah, sim.
- Dani está bem?
- Muito bem, obrigada por perguntar. Até amanhã!
- Até amanhã, Duda. Beijo. Espero seu telefonema.
- Pode deixar. Outro.

Eu abri a porta do carro, entrei e dei um selinho no meu namorado.
- Boa noite – falei.
- Boa noite, amor. E aí? Como foi o seu primeiro dia?
- Tenso!
Contei o que tinha acontecido no final do expediente e ele me apoiou. Eu adorava ficar ao lado do Bruno porque ele me deixava calmo e o meu cansaco ia pro espaço. Só o meu amor mesmo pra me fazer feliz daquele jeito.
- Quer a massagem?
- Quero – fiz bico e deitei de bruços na cama.
- Quer? – ele já estava em cima de mim. – Mas pra fazer a massagem eu tenho que tirar a sua roupa.
- Ah, é? Todinha?
- Todinha!
- E o que você está esperando?
A massagem não durou nem 5 minutos. Quando ele tirou a minha cueca eu já estava todo excitado e aí o negócio rolou sem a gente pestanejar.
- Isso foi muito melhor que a sua massagem, sabia?
- Ah, é? Eu posso fazer isso todos os dias se você quiser.
- Claro que eu quero! Óbvio que eu quero!
- Então esse será o nosso acordo.
Como se precisasse de acordo, como se a gente já não fizesse aquilo todas as noites.
- Rodrigo me ligou hoje cedo e disse que a mudança está pronta.
- Pô... Já não era sem tempo – meu namorado acariciou meu rosto. – Eles estão falando que vão mudar desde dezembro e nós já estamos em janeiro.
- Pois é!!! Mas parece que dessa vez vai dar certo.
- Mas o Digow já c chegou?
- Não. Ele ia voltar no dia 15, mas antecipoi a viagem pra ajudar o Vinícius. Ele chega sábado e muda domingo.
- Entendi. Você sabe o que eles vão fazer com a casa quando o Vinícius for casar com minha xará?
- Vão montar uma república!
- Sério? Que maneiro! E o lucro vai ser dividido?
- Isso mesmo. O lucro eles dividem entre eles.
- Bacana. A casa está no nome dos dois?
- Uhum.
- Bacana. Esses dois têm futuro, viu?
- Sim, têm sim. Vinícius vai começar a pós também. Ele e o Fabrício.
- É isso aí! Tem que pensar no futuro, né?
- Com certeza – bocejei.
- Cansou, né gatinho?
- Um pouquinho.
- Então vamos dormir que amanhã tem mais. E amanhã eu trabalho em dobro também.
- É, eu sei. A gente vai se lascar, mas lá na frente veremos os resultados.
- É sim, amor. Anda, fecha esses olhinhos lindos e vamos sonhar com os anjos.
- Eu já sonho com você todos os dias, amor!
- Que lindo! Te amo, sabia?
- Eu também te amo muito!!!
- Que foi, vadia? Desgraçada, vaca... Você vai ficar sem chocolates por um ano!
- Vai ser bom, amigo – ela riu sozinha. – Eu deixei um chocolate enorme pra você na minha gaveta! É todinho seu.
- Ah, é safada? Não fez mais que a sua obrigação!
- E aí, já chegou?
- Chegando agora. Agorinha mesmo.
- Eu liguei só pra falar do chocolate e pra te desejar sorte. Boa sorte, tá? Arrasa!
- É, né? Arrasa! Você me paga. Você e o Jonas!
- Vai passar rapidinho, amigo! Eu juro que logo menos estarei de volta.
- Não aceitei essa vaga por você, aceitei pelo dinheiro. Que fique claro.
- Não tem problema, amigo! Eu não me importo. Você vai acabar agradecendo.
- Sei. Deixa eu desligar porque já cheguei. Bom dia. E boas férias. Não me liga mais.
- Não vou ligar mesmo, cachorro. Vou é curtir as minhas férias. Natal está me esperando!
- Boas férias e esquece de mim.
- Nossa, Caio! Que horror.
- Num bom sentido, é claro – sorri. – Beijo! Eu te amo!
- Também te amo, amor. Fica com Deus e boa sorte!!!
- Obrigado. Boas férias, tá?
- Obrigada! Arrase.
- Sempre.
Desliguei e bati o ponto. Respirei fundo e pedi coragem e determinação para Deus. Eu ia precisar de muita fé para passar por aqueles 35 dias. Aquele seria o maior desafio da minha vida.
- Bom dia, chefinho lindo!!! – Alexia foi ao meu encontro com um lindo sorriso nos lábios.
- Bom dia, gatona! Me ajuda? Eu preciso de sorte!
- Vai dar tudo certo, você sabe disso!!!
- Deus queira que sim, amiga.
Eu estava com pensamentos positivos. Independentemente do que fosse acontecer, eu faria o meu melhor. E se fosse pra ser promovido em definitivo depois desse teste drive, assim aconteceria.
- E aí, meu gerente mirim mais lindo? – Duda foi falar comigo. – Preparado?
- Mais ou manos, mas seja o que Deus quiser!
- Isso aí. No que precisar, conte comigo.
- Você vai ficar aqui hoje?
- Não. Eu só vim pegar uns papéis e vim te dar um beijo de boa sorte.
- Sua mentirosa! Quando você foi promovida, você disse que ficaria mais aqui!
- E eu fico! Três vezes por semana. Não é o suficiente?
- NÃO! – fiz um bico.
- Calma, vai dar certo. Se precisar ligue no meu celular que eu te socorro.
- Está bem, está bem!
- Vai lá e estreia com o pé direito. Seu ramal já está tocando.
- Já vou atender. Duda, chata!
- Olha, olha, hein?
- Gerência, Caio?
Era um cliente que queria saber notícias de sua entrega. Eu comecei na função nova já resolvendo pepinos.
E foi assim até a hora em que eu fui almoçar. Eu sabia que a nova fase seria bem complicada, mas não pensei que fosse tão complicada daquele jeito.
- Meninas, tem cliente no setor de vocês, por favor, vão atendê-los – chamei a atenção de duas colegas de trabalho.
- Já vamos, Caio.
- Já vão não, é pra ir agora. Não é pra ficar com conversas paralelas enquanto tem cliente na loja.
Elas saíram resmungando, mas eu nem dei a mínima. Já que eu estava à frente da loja, eu ia fazer jus a minha nova função e não dei mole pra ninguém. Ninguém mesmo.
- Alexia, vou almoçar e já volto. Se alguém perguntar por mim, pede pra ligar no coorporativo.
- Tudo bem, Caio.
- Dá uma olhadinha em todos pra mim e se você vir ou ouvir alguém falando mal ao meu respeito, depois você me conta.
- Pode deixar, amigo. Bom almoço.
- Obrigado, amor. Eu não demoro.
Eu teria uma hora de almoço e meia hora de janta. Pelo menos a Duda não me desamparou nesse sentido. Se eu tivesse só uma hora de almoço eu morreria de fome até às 22 horas.
- Amor? – choraminguei.
- Oi, meu gerente mais lindo! Como você está?
- Cansado!
- Já? Mas nem começou!
- Não parei um segundo sequer hoje, amor! Estou só o pó e não está nem na metade do expediente.
- Calma! Vai dar certo! Quando você chegar em casa, eu faço uma massagem bem gostosa em você.
- Faz mesmo?
- Claro que eu faço! Quantas você quiser.
- Você é um anjo!
- Não sou não! Ah, o Víctor ligou!
- E foi? Por que ele não ligou no meu celular?
- Disse que tentou, mas que estava desligado. Queria só saber de notícias.
- Vou ligar pra ele quando desligar aqui.
- Isso! Liga porque eu disse que você ia retornar.
- Ele está bem?
- Está sim!
- E o namorado?
- Bem também. Disse que estão ótimos.
- Graças a Deus. Amor, tenho que desligar. Vou almoçar aqui e daqui a pouco já tenho que voltar pra forca.
- Tá bom, neném. Eu vou te buscar, viu?
- Tá bom. Eu te espero na rua, não precisa vir até aqui.
- Belezinha. Beijo, anjo! Bom trabalho.
- Obrigado, pra ti também.
Liguei pro Víctor e contei a novidade. Ele ficou muito feliz pelo meu progresso e disse que já estava matriculado na faculdade. Ele faria o mesmo curso que eu fiz.
- Invejoso!
- Não é inveja é que foi o que apareceu. Não quero fazer administração porque é tempo demais.
- Invejoso! – brinquei de novo.
- Que barra!
- Recalcado.
- Nem ligo! Serei um Gestor de Recursos Humanos muito melhor que você.
- Sonha! Eu já estou exercendo a função, você nem perto está!
- Mas eu chego lá!
- Disso eu não tenho dúvidas.
- Que pena que você não pôde vir.
- É, eu queria muito ir, mas não deu. Quem sabe no meio do ano?
- Quando vir me avisa com antecedência.
- Claro! Preciso desligar, Víctor. Tenho que voltar pra labuta!
- Beleza. Bom trabalho, meu filho.
- Obrigado, pai. Beijo!
- Outro. Fica com Deus.
- Amém, você também.
Desliguei e fui direto pro vestiário pra escovar a dentadura. Naquele momento eu não ouvi ninguém falando mal de mim, graças a Deus.
- E aí? Curtindo?
- Mais ou menos, Gabo. É um pouco puxado demais.
- Verdade. deve ser bem puxado mesmo.
- Me ajuda aí, hein? Sempre que eu sair fica de olho no movimento pra mim, por favor.
- Opa, conta aí ex-pupilo que virou meu chefe!
- Idiota – dei um tapa no Gabriel e ri.
- Fala sério, eu sou muito foda! Ensinei você a trabalhar e você aprendeu tão direitinho que virou até gerente, cara! Sou demais!
- Você é um poço de modéstia, isso sim. E Gabriela e Talita, como estão?
- Ótimas, graças a Deus. Daqui a pouco já vão estar na escola de tão espertas que são.
Dobrar no expediente foi extremamente complicado, principalmente nos primeiros dias. Eu saía da loja com a sensação que tinha sido atropelado, de tanta dor que eu sentia no corpo.
- Graças a Deus, o primeiro dia se foi. Só faltam 34.
Arrumei a minha mesa enquanto o computador desligava. Olhei pra loja de uma forma geral e quase tive um treco quando vi praticamente todos os computadores ligados.
- Não... Acredito... Nisso!!! PESSOAS, REUNIÃO!
- Agora, Caio? Na hora de ir embora? – perguntou uma das vendedoras de móveis.
- Isso mesmo, Andreia! PESSOAL, REUNIÃO! VENHAM AQUI, POR FAVOR.
- Mas algumas pessoas já saíram, Caio.
- Amanhã eu repasso o recado novamente, prometo que serei rápido.
Quando todos chegaram próximos da minha mesa, eu esbravejei de uma vez só:
- Ninguém sai daqui enquanto todos os computadores estiverem desligados. Que bagunça é essa, gente? Eu quero que cada um vá desligar o seu computador, por favor.
- Mas... Agora?
- Já! Ninguém sai daqui enquanto esses computadores estiverem ligados.
- Por que não desliga você então? Se você não tem nada pra fazer, a gente tem!
- Eu vou ajudar, André. Eu vou ajudar, mas sozinho eu não dou conta. São mais de 60 micros e a maioria está ligado! Andem, por favor, me ajudem!
- O Jonas nunca pedia isso.
- O Jonas está de férias, André! O gerente agora sou eu, se você quiser depois pode conversar com ele, mas enquanto eu estiver aqui as regras são da minha forma. Eu vou dar 5 minutos para esses computadores estarem desligados! E eu sei que o Jonas pede porque eu já fui da equipe dele.
- É muita folga! – alguém provocou.
- Não é folga, pessoal! Caramba, será que custa vocês me ajudarem? Eu to aqui desde às 10 da manhã, eu também quero sair daqui, meu Deus! Custa cada um desligar seu computador? Não, não custa. Então me ajudem, por obséquio!
Eles saíram resmungando. Só quem não falou nada foi a Maria do Carmo.
- É isso aí, Caio! Tem que colocar ordem na casa.
- Do Carmo do céu, eu não vou deixar isso assim não! Pelo amor de Deus, o que custa esse povo desligar os micros?
- Nada!
- Pois é! Que zona! Não gosto disso não.
- Eu sei que não gosta. Virginianos são assim mesmo. E está certinho o seu raciocínio. Se cada um fizer a sua parte, o negócio flui direitinho.
- Satisfeito, chefinho? – uma vendedora desdenhou.
- Agora sim. Custou alguma coisa? Não! Amanhã falaremos sobre isso. Podem ir agora, pessoal. Obrigado pela ajuda!
Mais uma vez eles saíram resmungando. Eu ia colocar a casa em ordem, ou não me chamaria Caio Monteiro.
- E aí, Caio? – Duda estava me ligando. – Sobreviveu?
- Sobrevivi, chefa. Porém eu estou mais morto que o D. Pedro II!
- Exagerado, hein?
- Acho que vão reclamar de mim pra você...
- Já? O que você aprontou?
- Mandei todos desligarem os computadores. Falei que ninguém saía enquanto não estivessem todos desligados.
- Só isso? E eles acharam ruim?
- Muito!
- Jonas não fazia isso não?
- Sim, na época que eu era dele ele fazia sim. Hoje em dia eu não sei mais.
- Faz sim. Eu sei que faz. Eles estão fazendo de propósito. Não deixa ninguém montar em você, viu?
- Não vou deixar mesmo!
- Se eles forem indisciplinados ou insubordinados, pode mandar pra casa sem pensar duas vezes.
- Fechado. Amanhã você vai estar aqui, né?
- Não senhor.
- NÃO? EU VOU MORRER!
- Para de ser bobo, criatura! Eu sei que você vai fazer tudo direitinho!
- Eu vou tentar sobreviver. Se o Bruno ficar viúvo a culpa é sua!
- Ele não vai ficar viúvo!
- Sei...
- Beleza, amado. Amanhã a gente se fala mais. Vai descansar, vai.
- É, to indo. Estou esperando o Bruno vir me pegar.
- Ah, sim.
- Dani está bem?
- Muito bem, obrigada por perguntar. Até amanhã!
- Até amanhã, Duda. Beijo. Espero seu telefonema.
- Pode deixar. Outro.
Eu abri a porta do carro, entrei e dei um selinho no meu namorado.
- Boa noite – falei.
- Boa noite, amor. E aí? Como foi o seu primeiro dia?
- Tenso!
Contei o que tinha acontecido no final do expediente e ele me apoiou. Eu adorava ficar ao lado do Bruno porque ele me deixava calmo e o meu cansaco ia pro espaço. Só o meu amor mesmo pra me fazer feliz daquele jeito.
- Quer a massagem?
- Quero – fiz bico e deitei de bruços na cama.
- Quer? – ele já estava em cima de mim. – Mas pra fazer a massagem eu tenho que tirar a sua roupa.
- Ah, é? Todinha?
- Todinha!
- E o que você está esperando?
A massagem não durou nem 5 minutos. Quando ele tirou a minha cueca eu já estava todo excitado e aí o negócio rolou sem a gente pestanejar.
- Isso foi muito melhor que a sua massagem, sabia?
- Ah, é? Eu posso fazer isso todos os dias se você quiser.
- Claro que eu quero! Óbvio que eu quero!
- Então esse será o nosso acordo.
Como se precisasse de acordo, como se a gente já não fizesse aquilo todas as noites.
- Rodrigo me ligou hoje cedo e disse que a mudança está pronta.
- Pô... Já não era sem tempo – meu namorado acariciou meu rosto. – Eles estão falando que vão mudar desde dezembro e nós já estamos em janeiro.
- Pois é!!! Mas parece que dessa vez vai dar certo.
- Mas o Digow já c chegou?
- Não. Ele ia voltar no dia 15, mas antecipoi a viagem pra ajudar o Vinícius. Ele chega sábado e muda domingo.
- Entendi. Você sabe o que eles vão fazer com a casa quando o Vinícius for casar com minha xará?
- Vão montar uma república!
- Sério? Que maneiro! E o lucro vai ser dividido?
- Isso mesmo. O lucro eles dividem entre eles.
- Bacana. A casa está no nome dos dois?
- Uhum.
- Bacana. Esses dois têm futuro, viu?
- Sim, têm sim. Vinícius vai começar a pós também. Ele e o Fabrício.
- É isso aí! Tem que pensar no futuro, né?
- Com certeza – bocejei.
- Cansou, né gatinho?
- Um pouquinho.
- Então vamos dormir que amanhã tem mais. E amanhã eu trabalho em dobro também.
- É, eu sei. A gente vai se lascar, mas lá na frente veremos os resultados.
- É sim, amor. Anda, fecha esses olhinhos lindos e vamos sonhar com os anjos.
- Eu já sonho com você todos os dias, amor!
- Que lindo! Te amo, sabia?
- Eu também te amo muito!!!
Eu cheguei na loja já fazendo reunião naquela quinta-feira.
Juntei a equipe da manhã e perguntei o que eles acharam do meu primeiro dia e
da minha gestão. Ninguém falou nada de ruim.
- Bom trabalho pra todos, pessoal. Vamos com fé que o final de semana está só começando.
- É isso aí. Com fé sempre – falou Gabriel.
- Sempre! BOM DIA, PESSOAS! VAMOS QUE VAMOS!!!
Eu estava com gás naquela quinta-feira e todos perceberam isso, inclusive a Eduarda:
- É isso aí! Agita essa galera, Caio!
- Pode deixar, patroa.
Corri feito uma barata tonta por todos os lados naquela manhã. Acompanhei de perto o perfil de vendas dos meus funcionários e aos poucos, bem aos poucos, fui percebendo quem fazia corpo mole e quem estava ali para trabalhar de verdade.

Com a equipe tarde não foi diferente. Eles eram os mais resistentes com a minha nova posição na loja.
- Olha o cliente no seu setor, André.
- E?
- E? Você não vai atender?
- Vou, já vou.
- Não, você vai agora.
- Isso é uma ordem?
- Sim, é uma ordem.
- Desculpa, mas você não tem idade pra mandar em mim.
O André era um cara de mais ou menos 40 anos. Ele tinha idade pra ser meu pai.
- Enquanto eu estiver aqui dentro ocupando a gerência eu sou seu superior e você me deve subordinação. Por favor, vá atender ao cliente.
- Só por causa dessa eu não vou mais. Estou tranquilo aqui.
- Tudo bem. Faça como quiser.
Eu saí andando tranquilamente pela filial e continuei fazendo a minha ronda. Aproveitei que estava andando por todos os lados e ajudei um cliente que estava discutindo com um vendedor de móveis.
Ao identificar o problema do cliente, rapidamente encontrei uma forma de ajudá-lo e entrei em contato com o responsável pela equipe de montagem para ver o que poderia ser feito naquele caso.
- Sérgio?
- Quem fala?
- Caio, gerente da filial da Barra, tudo bem?
- Gerente? Você é novo?
- Sim, mas isso não vem ao caso. Preciso de sua ajuda, por favor.
- Em que posso te ajudar, Caio?
- Preciso que me ajude com um pedido de montagem de um cliente.
- Qual o número?
Informei o número do pedido de montagem e ele pediu pra aguardar.
- O cliente quer o atendimento ainda hoje.
- Não posso mandar o montador hoje.
- Por que não?
- Porque a agenda já está lotada!
- Você viu desde quando o cliente está esperando o atendimento? Preciso dessa montagem pra hoje, Sérgio.
- Impossível, Caio. Eu não posso fazer nada.
- Você não pode fazer nada? Desculpa, mas você não é o encarregado do montador?
- Sim, mas...
- Não tem essa de “mas”! O cliente quer hoje, eu preciso desse atendimento hoje senão perderei o cliente!
- Mas não dá...
- Tudo bem, Sérgio. Se você é o encarregado do setor e não pode fazer nada, acho que o Antony pode. Eu vou ligar pra ele então...
- Deixa ver o que eu posso fazer, só um momento.
- Obrigado – eu sorri.
Depois de dois minutos o encarregado voltou na ligação e pediu pra confirmar o atendimento para aquela data.
- Muito obrigado, Sérgio! Eu sabia que podia contar com você.
- Por nada. O que aconteceu com o Jonas e com a Janaína?
- Eles estão de férias.
- E quando eles voltam?
- Daqui um mês. Obrigado, passar bem.
- Igualmente.
Saí e fui até o cliente. Confirmei o atendimento para aquela data e quase fui colocado num pedestal.
- Obrigado, obrigado! Você foi o único que me ajudou!
- Por nada! Se não aparecerem, por favor, entre em contato conosco. E obrigado pela paciência.
- Não tem problema! Muito obrigado mesmo.
- Desculpe o transtorno e volte sempre!
- Obrigado!
- Como você conseguiu isso, Caio? – perguntou o vendedor.
- Liguei pro encarregado e solicitei o atendimento. Simples assim.
- Aí sim, hein? Gostei de ver.
- Só fiz a minha parte e você pode fazer isso sempre que for necessário. É bom acompanhar as montagens de seus clientes para não acontecer um problema desses.
- Eu vou seguir o seu conselho. Muito obrigado, Caio!
- Por nada. Conte comigo sempre que precisar.
Liguei pra Duda e comuniquei o acontecido com o André. Ela concordou comigo quando disse que iria suspendê-lo.
- Vai fundo.
- Eu assino a sanção?
- Sim! Pode assinar.
- Combinado.
- Sempre que isso acontecer você pode sancionar, não precisa nem falar comigo.
- Demorou então.
Fiz a sanção e pedi para alguém pedir para o André ir até a sala da Duda. Ele apareceu com cara de poucos amigos.
- O que foi?
- Sente-se, por favor.
- Diga?
- Então, André, eu te chamei para aplicar o feedback referente a sua reação mais cedo.
- Estou ouvindo.
- Pelo que percebo, André, você é um excelente funcionário quando se trata de ser subordinado ao Jonas, mas comigo é diferente.
- Desculpa, eu não posso respeitar um garoto que tem idade pra ser meu filho.
- Só não pode como vai respeitar. Eu não vim aqui pra brincar, não vim aqui pra perder tempo, eu estou aqui pra trabalhar. Se eu cheguei na gerência é porque tenho competência para isso, estudei para isso e você vai me respeitar sim. Até o Jonas voltar no meio do mês que vem, é a mim que você vai responder e eu vou te suspender nesse momento devido a sua insubordinação e indisciplina.
- Como é que é?
- Você está sendo suspenso por 1 dia por conta da sua insubordinação. Eu pedi pra você atender o cliente e você não quis, por isso você vai pra casa agora e só vai voltar no sábado.
- No sábado?
- Correto. Amanhã você não virá na empresa devido ao ocorrido mais cedo. Eu não posso deixar isso passar em branco, senão seria complacente com o seu erro. Eu sinto muito.
- Mas, Caio... Eu vou perder o domingo!
- Vai sim! Sinto muito, André. Eu vou pedir pra você assinar aqui onde está o seu nome e colocar a data de hoje, por favor.
- Eu não vou assinar porcaria nenhuma! Onde está a Eduarda? Eu quero falar com ela.
- A Duda não está na loja hoje. Ela só vem aqui 3 vezes por semana. E ela já está ciente do acontecido e está de acordo com a minha ação.

- Quer dizer que você já falou pra ela o que eu fiz?
- A Eduarda é a minha superiora imediata. Eu preciso passar pra ela tudo o que acontece aqui dentro da loja. Ela já sabe o que aconteceu e foi ela mesma que pediu para eu te sancionar.
- Então eu não tenho alternativa?
- André, vamos ser maduros? Você sabe que errou, você sabe que essa é a ação que eu tenho que tomar. Por favor, assine onde está o seu nome.
- Eu vou assinar, mas isso não vai ficar assim.
- Eu não estou tomando essa ação de propósito, eu não quero te punir...
- Mas está punindo!
- Não, eu só estou fazendo o meu papel. Não posso deixar esse acontecimento passar em branco, senão a Eduarda tomaria uma ação comigo. Essa suspensão é uma forma que você vai ter pra pensar no que fez.
- Quer dizer que é um castigo? Como se eu fosse criança?
- Não disse isso, disse? Só estou dizendo que essa é uma maneira para você pensar no que aconteceu. Você vai pra casa agora, volta no sábado e quando você voltar a gente conversa de novo.
- Desculpa, Caio!
- Eu aceito as suas desculpas e peço que me entenda, André. Eu não estou aqui de passagem e se eu cresci na empresa, é porque fiz por onde.
- É que é muito difícil entender que um garoto tão jovem é meu superior...
- Eu entendo que talvez eu possa parecer jovem demais, mas é que nem eu disse: eu me preparei pra chegar aqui, todos sabem disso. Eu já substituí o Jonas uma vez e já participei do processo seletivo pra ficar no lugar da Duda. Eu ia chegar aqui mais cedo ou mais tarde e todos nós sabemos que eu estou na gerência apenas por um mês, André. Logo eu volto ao meu posto de vendedor. É só durante as férias do Jonas e da Janaína.
- É! Você tem razão. Me perdoa, tá?
- Tranquilo. Eu vou assinar as duas vias, amanhã vou pedir pra Eduarda assinar e no sábado eu te entrego uma das cópias, tudo bem?
- Tudo bem.
- Agora vem comigo que eu vou te acompanhar até o relógio de ponto. Você volta pra casa e só volta aqui sábado.
- Tudo bem.
Saímos da sala e eu fui até o relógio de ponto com o colaborador. Ele passou o crachá e me pediu desculpas novamente.
- Não tem problema, desde que não aconteça novamente.
- Não irá acontecer. Eu entendi a sua mensagem. E estou envergonhado. Me perdoe de verdade.
- Está perdoado. Bom descanso pra você e até sábado!
- Até sábado, Caio!
- Bom trabalho pra todos, pessoal. Vamos com fé que o final de semana está só começando.
- É isso aí. Com fé sempre – falou Gabriel.
- Sempre! BOM DIA, PESSOAS! VAMOS QUE VAMOS!!!
Eu estava com gás naquela quinta-feira e todos perceberam isso, inclusive a Eduarda:
- É isso aí! Agita essa galera, Caio!
- Pode deixar, patroa.
Corri feito uma barata tonta por todos os lados naquela manhã. Acompanhei de perto o perfil de vendas dos meus funcionários e aos poucos, bem aos poucos, fui percebendo quem fazia corpo mole e quem estava ali para trabalhar de verdade.
Com a equipe tarde não foi diferente. Eles eram os mais resistentes com a minha nova posição na loja.
- Olha o cliente no seu setor, André.
- E?
- E? Você não vai atender?
- Vou, já vou.
- Não, você vai agora.
- Isso é uma ordem?
- Sim, é uma ordem.
- Desculpa, mas você não tem idade pra mandar em mim.
O André era um cara de mais ou menos 40 anos. Ele tinha idade pra ser meu pai.
- Enquanto eu estiver aqui dentro ocupando a gerência eu sou seu superior e você me deve subordinação. Por favor, vá atender ao cliente.
- Só por causa dessa eu não vou mais. Estou tranquilo aqui.
- Tudo bem. Faça como quiser.
Eu saí andando tranquilamente pela filial e continuei fazendo a minha ronda. Aproveitei que estava andando por todos os lados e ajudei um cliente que estava discutindo com um vendedor de móveis.
Ao identificar o problema do cliente, rapidamente encontrei uma forma de ajudá-lo e entrei em contato com o responsável pela equipe de montagem para ver o que poderia ser feito naquele caso.
- Sérgio?
- Quem fala?
- Caio, gerente da filial da Barra, tudo bem?
- Gerente? Você é novo?
- Sim, mas isso não vem ao caso. Preciso de sua ajuda, por favor.
- Em que posso te ajudar, Caio?
- Preciso que me ajude com um pedido de montagem de um cliente.
- Qual o número?
Informei o número do pedido de montagem e ele pediu pra aguardar.
- O cliente quer o atendimento ainda hoje.
- Não posso mandar o montador hoje.
- Por que não?
- Porque a agenda já está lotada!
- Você viu desde quando o cliente está esperando o atendimento? Preciso dessa montagem pra hoje, Sérgio.
- Impossível, Caio. Eu não posso fazer nada.
- Você não pode fazer nada? Desculpa, mas você não é o encarregado do montador?
- Sim, mas...
- Não tem essa de “mas”! O cliente quer hoje, eu preciso desse atendimento hoje senão perderei o cliente!
- Mas não dá...
- Tudo bem, Sérgio. Se você é o encarregado do setor e não pode fazer nada, acho que o Antony pode. Eu vou ligar pra ele então...
- Deixa ver o que eu posso fazer, só um momento.
- Obrigado – eu sorri.
Depois de dois minutos o encarregado voltou na ligação e pediu pra confirmar o atendimento para aquela data.
- Muito obrigado, Sérgio! Eu sabia que podia contar com você.
- Por nada. O que aconteceu com o Jonas e com a Janaína?
- Eles estão de férias.
- E quando eles voltam?
- Daqui um mês. Obrigado, passar bem.
- Igualmente.
Saí e fui até o cliente. Confirmei o atendimento para aquela data e quase fui colocado num pedestal.
- Obrigado, obrigado! Você foi o único que me ajudou!
- Por nada! Se não aparecerem, por favor, entre em contato conosco. E obrigado pela paciência.
- Não tem problema! Muito obrigado mesmo.
- Desculpe o transtorno e volte sempre!
- Obrigado!
- Como você conseguiu isso, Caio? – perguntou o vendedor.
- Liguei pro encarregado e solicitei o atendimento. Simples assim.
- Aí sim, hein? Gostei de ver.
- Só fiz a minha parte e você pode fazer isso sempre que for necessário. É bom acompanhar as montagens de seus clientes para não acontecer um problema desses.
- Eu vou seguir o seu conselho. Muito obrigado, Caio!
- Por nada. Conte comigo sempre que precisar.
Liguei pra Duda e comuniquei o acontecido com o André. Ela concordou comigo quando disse que iria suspendê-lo.
- Vai fundo.
- Eu assino a sanção?
- Sim! Pode assinar.
- Combinado.
- Sempre que isso acontecer você pode sancionar, não precisa nem falar comigo.
- Demorou então.
Fiz a sanção e pedi para alguém pedir para o André ir até a sala da Duda. Ele apareceu com cara de poucos amigos.
- O que foi?
- Sente-se, por favor.
- Diga?
- Então, André, eu te chamei para aplicar o feedback referente a sua reação mais cedo.
- Estou ouvindo.
- Pelo que percebo, André, você é um excelente funcionário quando se trata de ser subordinado ao Jonas, mas comigo é diferente.
- Desculpa, eu não posso respeitar um garoto que tem idade pra ser meu filho.
- Só não pode como vai respeitar. Eu não vim aqui pra brincar, não vim aqui pra perder tempo, eu estou aqui pra trabalhar. Se eu cheguei na gerência é porque tenho competência para isso, estudei para isso e você vai me respeitar sim. Até o Jonas voltar no meio do mês que vem, é a mim que você vai responder e eu vou te suspender nesse momento devido a sua insubordinação e indisciplina.
- Como é que é?
- Você está sendo suspenso por 1 dia por conta da sua insubordinação. Eu pedi pra você atender o cliente e você não quis, por isso você vai pra casa agora e só vai voltar no sábado.
- No sábado?
- Correto. Amanhã você não virá na empresa devido ao ocorrido mais cedo. Eu não posso deixar isso passar em branco, senão seria complacente com o seu erro. Eu sinto muito.
- Mas, Caio... Eu vou perder o domingo!
- Vai sim! Sinto muito, André. Eu vou pedir pra você assinar aqui onde está o seu nome e colocar a data de hoje, por favor.
- Eu não vou assinar porcaria nenhuma! Onde está a Eduarda? Eu quero falar com ela.
- A Duda não está na loja hoje. Ela só vem aqui 3 vezes por semana. E ela já está ciente do acontecido e está de acordo com a minha ação.
- Quer dizer que você já falou pra ela o que eu fiz?
- A Eduarda é a minha superiora imediata. Eu preciso passar pra ela tudo o que acontece aqui dentro da loja. Ela já sabe o que aconteceu e foi ela mesma que pediu para eu te sancionar.
- Então eu não tenho alternativa?
- André, vamos ser maduros? Você sabe que errou, você sabe que essa é a ação que eu tenho que tomar. Por favor, assine onde está o seu nome.
- Eu vou assinar, mas isso não vai ficar assim.
- Eu não estou tomando essa ação de propósito, eu não quero te punir...
- Mas está punindo!
- Não, eu só estou fazendo o meu papel. Não posso deixar esse acontecimento passar em branco, senão a Eduarda tomaria uma ação comigo. Essa suspensão é uma forma que você vai ter pra pensar no que fez.
- Quer dizer que é um castigo? Como se eu fosse criança?
- Não disse isso, disse? Só estou dizendo que essa é uma maneira para você pensar no que aconteceu. Você vai pra casa agora, volta no sábado e quando você voltar a gente conversa de novo.
- Desculpa, Caio!
- Eu aceito as suas desculpas e peço que me entenda, André. Eu não estou aqui de passagem e se eu cresci na empresa, é porque fiz por onde.
- É que é muito difícil entender que um garoto tão jovem é meu superior...
- Eu entendo que talvez eu possa parecer jovem demais, mas é que nem eu disse: eu me preparei pra chegar aqui, todos sabem disso. Eu já substituí o Jonas uma vez e já participei do processo seletivo pra ficar no lugar da Duda. Eu ia chegar aqui mais cedo ou mais tarde e todos nós sabemos que eu estou na gerência apenas por um mês, André. Logo eu volto ao meu posto de vendedor. É só durante as férias do Jonas e da Janaína.
- É! Você tem razão. Me perdoa, tá?
- Tranquilo. Eu vou assinar as duas vias, amanhã vou pedir pra Eduarda assinar e no sábado eu te entrego uma das cópias, tudo bem?
- Tudo bem.
- Agora vem comigo que eu vou te acompanhar até o relógio de ponto. Você volta pra casa e só volta aqui sábado.
- Tudo bem.
Saímos da sala e eu fui até o relógio de ponto com o colaborador. Ele passou o crachá e me pediu desculpas novamente.
- Não tem problema, desde que não aconteça novamente.
- Não irá acontecer. Eu entendi a sua mensagem. E estou envergonhado. Me perdoe de verdade.
- Está perdoado. Bom descanso pra você e até sábado!
- Até sábado, Caio!
Eu estava com tanta saudades do Rodrigo que o que eu mais
queria era ficar agarradinho com ele durante todo o dia. Pena que isso não foi
possível.
- Você está tão estiloso com essa roupa social!
- Fazer o quê, né? – fiquei sem graça. – A nova função exige.
- Eu sei. E está cheiroso também.
- Ei! Eu to aqui, viu? – Bruno resmungou.
- Alguém ouviu alguma coisa? Eu não ouvi nada – Rodrigo não tirou os olhos de mim.
- Vocês dois brigam todo dia, mas eu sei que se amam – falei.
- Eu? Amar esse daí? DEUS É MAIS – Rodrigo se benzeu.
- Eu tenho bom gosto, Caio. A única pessoa que eu amo nesse mundo é você. jamais amaria esse asqueroso!
- Você que é asqueroso, seu otário!
- Se for pra ficar brigando eu vou embora, hein?
- Não – Digow arregalou os olhos. – Fica! Não era nem pra você ter ido morar com esse daí!
- Ainda nesse assunto? Já vai fazer 6 meses!
O tempo estava passando rápido demais.
- Ainda nesse assunto sim! Por sua culpa eu vou ter que morar com o Vinícius!
- Melhor do que você ficar aqui, fala sério!
- Isso é, mas... Era pra eu morar com você também.
- Vai morar com a gente lá no nosso apê...
- Como é, Caio? – Bruno ficou incrédulo.
- E onde eu dormiria naquele cubículo?
- A gente coloca uns panos na lavanderia e você fica por lá mesmo – meu namorado brincou com meu amigo.
- Tá me chamando de cachorro, Bruno?
- Se a carapuça serviu o que eu posso fazer?
- Só o Caio pode me chamar de cachorro, você não!
- Cachorro – eu falei.
- Au, au.
- Que tosco! – Bruno revirou os olhos.
- O tosco aqui é você.
- Chega de discussão boba! Prometo que vou te visitar amanhã à noite. Quero ver a sua casa nova.
- É pra ir mesmo. Por que não dorme lá?
- Porque não vou poder. Essa rotina nova está me matando, me deixando sem vida todos os dias.
- Ô, coitado!
- É! Eu já tenho que ir. Passei mesmo só pra te dar um oi e pra te ver, porque estava morrendo de saudades já.
- Eu estava com saudades também, irmãozinho. Se cuida!
- Você também.
- Você está tão estiloso com essa roupa social!
- Fazer o quê, né? – fiquei sem graça. – A nova função exige.
- Eu sei. E está cheiroso também.
- Ei! Eu to aqui, viu? – Bruno resmungou.
- Alguém ouviu alguma coisa? Eu não ouvi nada – Rodrigo não tirou os olhos de mim.
- Vocês dois brigam todo dia, mas eu sei que se amam – falei.
- Eu? Amar esse daí? DEUS É MAIS – Rodrigo se benzeu.
- Eu tenho bom gosto, Caio. A única pessoa que eu amo nesse mundo é você. jamais amaria esse asqueroso!
- Você que é asqueroso, seu otário!
- Se for pra ficar brigando eu vou embora, hein?
- Não – Digow arregalou os olhos. – Fica! Não era nem pra você ter ido morar com esse daí!
- Ainda nesse assunto? Já vai fazer 6 meses!
O tempo estava passando rápido demais.
- Ainda nesse assunto sim! Por sua culpa eu vou ter que morar com o Vinícius!
- Melhor do que você ficar aqui, fala sério!
- Isso é, mas... Era pra eu morar com você também.
- Vai morar com a gente lá no nosso apê...
- Como é, Caio? – Bruno ficou incrédulo.
- E onde eu dormiria naquele cubículo?
- A gente coloca uns panos na lavanderia e você fica por lá mesmo – meu namorado brincou com meu amigo.
- Tá me chamando de cachorro, Bruno?
- Se a carapuça serviu o que eu posso fazer?
- Só o Caio pode me chamar de cachorro, você não!
- Cachorro – eu falei.
- Au, au.
- Que tosco! – Bruno revirou os olhos.
- O tosco aqui é você.
- Chega de discussão boba! Prometo que vou te visitar amanhã à noite. Quero ver a sua casa nova.
- É pra ir mesmo. Por que não dorme lá?
- Porque não vou poder. Essa rotina nova está me matando, me deixando sem vida todos os dias.
- Ô, coitado!
- É! Eu já tenho que ir. Passei mesmo só pra te dar um oi e pra te ver, porque estava morrendo de saudades já.
- Eu estava com saudades também, irmãozinho. Se cuida!
- Você também.
Cheguei na loja e já fui logo fazendo a ronda, como de praxe.
Encontrei alguns computadores ligados e isso me estressou.
- Deve ter alguma alma penada que liga os computadores de madrugada.
- Por que diz isso? – Alexia perguntou.
- Eu conferi isso daqui ontem à noite e estava tudo desligado! É mole?
- Vai ver que alguém chegou mais cedo e ligou.
- Coisas do além. Vai entender.
Era meu 4º dia como gerente da loja e eu já estava começando a me habituar com as novas responsabilidades. A Eduarda tinha razão quando me disse que eu ia me acostumar facilmente e que ia acabar gostando. No fim das contas, não foi tão difícil como eu imaginei que seria ficar responsável pelos dois turnos.

- Senta aí, André.
- Licença.
- E aí, como você está?
- Bem, bem.
- Pensou direitinho?
- Pensei sim e entendi o quanto eu fui burro. Me desculpa mesmo.
- Sem problemas. Era isso que eu queria saber. Na hora do estresse a gente fala as coisas sem pensar...
- É sim. Eu prometo que à partir de hoje eu vou te respeitar como você merece.
- Tudo bem. Obrigado por me entender.
- Imagina. Posso voltar pra minha função?
- Antes eu queria saber se você quer fazer hora extra amanhã?
- Quero, quero sim. Por favor.
- Tudo bem. Eu coloco seu nome. Obrigado, André.
- Eu é que agradeço!
A suspensão do André foi crucial para todos perceberem que eu não estava ocupando a cadeira da gerência de brincadeira. Se eu estava ali é porque fiz por merecer e porque tinha competência. À partir desse episódio, ninguém mais brincou comigo e todos me levaram a sério, como realmente deveria ser.
A maior parte do dia daquele sábado foi para montar a escala de domingo. Eu quebrei a cabeça, mas quando ficou pronta eu enviei pra Eduarda.
- Ficou boa? – perguntei.
- Nunca vi uma escala tão benfeita como a sua. Você é metódico, hein?
- Eu sou mesmo – sorri. – Eu sou muito detalhista. Que bom que gostou.
- Excelente. Manda por e-mail para os meninos. À partir de agora eu quero a escala desse jeito todos os finais de semana.
- Mando sim, patroa. Pode deixar.
- Obrigada, querido. Tchau.
- Tchau.
Coloquei o telefone no gancho e mandei o e-mail, conforme ela me solicitou. Será que a Janaína e o Jonas iam achar ruim o novo modelo que eu criei?
- Deve ter alguma alma penada que liga os computadores de madrugada.
- Por que diz isso? – Alexia perguntou.
- Eu conferi isso daqui ontem à noite e estava tudo desligado! É mole?
- Vai ver que alguém chegou mais cedo e ligou.
- Coisas do além. Vai entender.
Era meu 4º dia como gerente da loja e eu já estava começando a me habituar com as novas responsabilidades. A Eduarda tinha razão quando me disse que eu ia me acostumar facilmente e que ia acabar gostando. No fim das contas, não foi tão difícil como eu imaginei que seria ficar responsável pelos dois turnos.
- Senta aí, André.
- Licença.
- E aí, como você está?
- Bem, bem.
- Pensou direitinho?
- Pensei sim e entendi o quanto eu fui burro. Me desculpa mesmo.
- Sem problemas. Era isso que eu queria saber. Na hora do estresse a gente fala as coisas sem pensar...
- É sim. Eu prometo que à partir de hoje eu vou te respeitar como você merece.
- Tudo bem. Obrigado por me entender.
- Imagina. Posso voltar pra minha função?
- Antes eu queria saber se você quer fazer hora extra amanhã?
- Quero, quero sim. Por favor.
- Tudo bem. Eu coloco seu nome. Obrigado, André.
- Eu é que agradeço!
A suspensão do André foi crucial para todos perceberem que eu não estava ocupando a cadeira da gerência de brincadeira. Se eu estava ali é porque fiz por merecer e porque tinha competência. À partir desse episódio, ninguém mais brincou comigo e todos me levaram a sério, como realmente deveria ser.
A maior parte do dia daquele sábado foi para montar a escala de domingo. Eu quebrei a cabeça, mas quando ficou pronta eu enviei pra Eduarda.
- Ficou boa? – perguntei.
- Nunca vi uma escala tão benfeita como a sua. Você é metódico, hein?
- Eu sou mesmo – sorri. – Eu sou muito detalhista. Que bom que gostou.
- Excelente. Manda por e-mail para os meninos. À partir de agora eu quero a escala desse jeito todos os finais de semana.
- Mando sim, patroa. Pode deixar.
- Obrigada, querido. Tchau.
- Tchau.
Coloquei o telefone no gancho e mandei o e-mail, conforme ela me solicitou. Será que a Janaína e o Jonas iam achar ruim o novo modelo que eu criei?
- Eu preciso de uma massagem – coloquei a cabeça na minha
mesa e quase chorei de nervoso.
- Calma! Agora falta só meia hora – Alexia foi me consolar.
- Graças a Deus. Eu não aguento mais ficar aqui! Janaína volta logo, por favor!
- Numa hora dessas ela deve estar se esfregando num branquelo dos olhos azuis lá em Natal, meu filho.
- E eu não sei? Vaca! Não era pra ela ter feito isso comigo.
Eu entrei em contradição com meus sentimentos e pensamentos. No sábado eu estava achando a função linda, no domingo eu estava odiando. E assim foi indo, e assim foi acontecendo.
- Quer que eu chame o pessoal pra reunião?
- Não, Alexia. Hoje não vai ter reunião. Eu não aguento falar mais não. Quero ir pra casa, isso sim.
- Mas você não ia no Rodrigo?
- Eu vou, mas não vou ficar nem 2 minutos. Eu estou muito cansado, é sério.
- Imagino. Ficar andando pra lá e pra cá por 12 horas não deve estar sendo fácil.
- Realmente não está.
- Mas vai ter sua compensação no final do mês, amigo.
- É por isso que eu estou aqui, só por isso!
Eu iria guardar todo o dinheiro que eu ia receber de comissão em fevereiro por causa daquela aventura como gerente. eu não ia mexer em nenhum centavo.
- PESSOAS, DESLIGUEM OS MICROS, POR FAVOR.
Eles já estavam fazendo isso por conta, mas mesmo assim eu continuava pedindo essa gentileza. Melhor falar em excesso do que faltar informações.
- Graças a Deus, menos um dia – eu bati o ponto e bocejei.
Fui pro vestiário, lavei o rosto e me troquei. O Rodrigo, o Vinícius, a Bruna, o Fabrício e o Nìcolas estavam esperando a mim e ao Bruno para comemorarmos a aquisição da casa dos rapazes.
- Oi... – eu entrei, coloquei o cinto e dei um beijinho no meu namorado.
- Que foi? O que você tem?
- Acho que fui atropelado por uma manada de javalis.
- Minha nossa! Então você está mal.
- Muito cansado, muito mesmo. Hoje não foi um dia fácil.
- Teoricamente deveria ser, né? Por se tratar de domingo.
- Sim! Deveria, mas não foi. Enfim... Você está bem?
- Cansado também. Hoje eu não parei um segundo naquele metrô. Só parei na janta mesmo, porque de resto...
- Nossa! Complicado.
- Eu queria sair de lá, mas tenho medo.
- Não fique. Seja o que Deus quiser. Se você sair, você arrumará outro emprego rapidamente.
- Não posso sair, Caio. E a nossa viagem do meio do ano?
- Se você sair, a gente viaja em outra oportunidade. Não se preocupe com isso. Em primeiro lugar o seu emprego.
- É, você tem razão!
A casa do Vinícius e do Rodrigo também ficava em Vila Isabel e até que era razoavelmente perto da casa do Fabrício e do Nìcolas. Nós chegamos na residência por volta das 11 da noite.
- Desculpem a demora – falei.
- Não tem problema – Rodrigo foi ao meu encontro e me abraçou. – O que você tem?
- Cansaço. Só isso.
- Pobre rapaz!
A casa era linda e ampla. Eu fiquei surpreso com aquela compra. Os meninos devem ter gasto muito dinheiro com aquela aquisição.
Toda a casa era na cor azul e todos os móveis combinavam direitinho. A casa deles estava um verdadeiro brinco.
- Até que não ficou caro – comentei com eles. – Dá muito bem pra vocês pagarem as prestações, vocês ganham muito bem.
- Dá pra gente se virar, né Digão?
- Isso aí, Vini! Venham ver meu quarto! Agora eu sou chique, tenho um quarto só meu!

E era bonito o quarto dele. Era grande e tinha uma cama de casal no centro dele.
- Cama de casal? – perguntei.
- Lógico! Eu só durmo em cama de solteiro porque sou obrigado, mas não que eu goste. Eu gosto é de cama de casal pra ficar largadão aí no meio.
- E pra trazer suas vadias também, né?
- Opa, claro! O Vinícius e eu combinamos que não teria problema com isso. Já to até vendo que a Bruna vai dormir aqui vários dias na semana.
- Dois safados vocês dois!
- Nem somos!
Imagina se fossem. Mas eu entendia os dois. Eles eram heteros, amigos e não teria problema com essas coisas. Na república era diferente, porque o quarto era coletivo e tudo mais... Enfim.
- Dá o Nìcolas aqui, Bruno – eu estendi meus braços.
- Ah... Ele está tão quietinho aqui...
- Cuidado, hein Fabrício? Pelo que to vendo meu namorado quer roubar seu filho.
- Tá louco? Eu mato ele!
- Acho que ele vai dar uma de Nazeré Tedesco e vai sequestrar essa coisinha mais linda!
- Se ele fizer isso eu mato!
O Nico estava a coisa mais fofa do mundo. Ele estava enorme e esperto. Nem parecia o mesmo bebê frágil que eu vi na república, um dia antes de ir morar com o Bruno.
- É que eu já estou com 7 meses, tio Caio!
- Está ficando velhinho, hein Nico? Daqui a pouco vai ter que se aposentar por idade!
- Como você é engraçadinho, Caio...
- Calma! Agora falta só meia hora – Alexia foi me consolar.
- Graças a Deus. Eu não aguento mais ficar aqui! Janaína volta logo, por favor!
- Numa hora dessas ela deve estar se esfregando num branquelo dos olhos azuis lá em Natal, meu filho.
- E eu não sei? Vaca! Não era pra ela ter feito isso comigo.
Eu entrei em contradição com meus sentimentos e pensamentos. No sábado eu estava achando a função linda, no domingo eu estava odiando. E assim foi indo, e assim foi acontecendo.
- Quer que eu chame o pessoal pra reunião?
- Não, Alexia. Hoje não vai ter reunião. Eu não aguento falar mais não. Quero ir pra casa, isso sim.
- Mas você não ia no Rodrigo?
- Eu vou, mas não vou ficar nem 2 minutos. Eu estou muito cansado, é sério.
- Imagino. Ficar andando pra lá e pra cá por 12 horas não deve estar sendo fácil.
- Realmente não está.
- Mas vai ter sua compensação no final do mês, amigo.
- É por isso que eu estou aqui, só por isso!
Eu iria guardar todo o dinheiro que eu ia receber de comissão em fevereiro por causa daquela aventura como gerente. eu não ia mexer em nenhum centavo.
- PESSOAS, DESLIGUEM OS MICROS, POR FAVOR.
Eles já estavam fazendo isso por conta, mas mesmo assim eu continuava pedindo essa gentileza. Melhor falar em excesso do que faltar informações.
- Graças a Deus, menos um dia – eu bati o ponto e bocejei.
Fui pro vestiário, lavei o rosto e me troquei. O Rodrigo, o Vinícius, a Bruna, o Fabrício e o Nìcolas estavam esperando a mim e ao Bruno para comemorarmos a aquisição da casa dos rapazes.
- Oi... – eu entrei, coloquei o cinto e dei um beijinho no meu namorado.
- Que foi? O que você tem?
- Acho que fui atropelado por uma manada de javalis.
- Minha nossa! Então você está mal.
- Muito cansado, muito mesmo. Hoje não foi um dia fácil.
- Teoricamente deveria ser, né? Por se tratar de domingo.
- Sim! Deveria, mas não foi. Enfim... Você está bem?
- Cansado também. Hoje eu não parei um segundo naquele metrô. Só parei na janta mesmo, porque de resto...
- Nossa! Complicado.
- Eu queria sair de lá, mas tenho medo.
- Não fique. Seja o que Deus quiser. Se você sair, você arrumará outro emprego rapidamente.
- Não posso sair, Caio. E a nossa viagem do meio do ano?
- Se você sair, a gente viaja em outra oportunidade. Não se preocupe com isso. Em primeiro lugar o seu emprego.
- É, você tem razão!
A casa do Vinícius e do Rodrigo também ficava em Vila Isabel e até que era razoavelmente perto da casa do Fabrício e do Nìcolas. Nós chegamos na residência por volta das 11 da noite.
- Desculpem a demora – falei.
- Não tem problema – Rodrigo foi ao meu encontro e me abraçou. – O que você tem?
- Cansaço. Só isso.
- Pobre rapaz!
A casa era linda e ampla. Eu fiquei surpreso com aquela compra. Os meninos devem ter gasto muito dinheiro com aquela aquisição.
Toda a casa era na cor azul e todos os móveis combinavam direitinho. A casa deles estava um verdadeiro brinco.
- Até que não ficou caro – comentei com eles. – Dá muito bem pra vocês pagarem as prestações, vocês ganham muito bem.
- Dá pra gente se virar, né Digão?
- Isso aí, Vini! Venham ver meu quarto! Agora eu sou chique, tenho um quarto só meu!
E era bonito o quarto dele. Era grande e tinha uma cama de casal no centro dele.
- Cama de casal? – perguntei.
- Lógico! Eu só durmo em cama de solteiro porque sou obrigado, mas não que eu goste. Eu gosto é de cama de casal pra ficar largadão aí no meio.
- E pra trazer suas vadias também, né?
- Opa, claro! O Vinícius e eu combinamos que não teria problema com isso. Já to até vendo que a Bruna vai dormir aqui vários dias na semana.
- Dois safados vocês dois!
- Nem somos!
Imagina se fossem. Mas eu entendia os dois. Eles eram heteros, amigos e não teria problema com essas coisas. Na república era diferente, porque o quarto era coletivo e tudo mais... Enfim.
- Dá o Nìcolas aqui, Bruno – eu estendi meus braços.
- Ah... Ele está tão quietinho aqui...
- Cuidado, hein Fabrício? Pelo que to vendo meu namorado quer roubar seu filho.
- Tá louco? Eu mato ele!
- Acho que ele vai dar uma de Nazeré Tedesco e vai sequestrar essa coisinha mais linda!
- Se ele fizer isso eu mato!
O Nico estava a coisa mais fofa do mundo. Ele estava enorme e esperto. Nem parecia o mesmo bebê frágil que eu vi na república, um dia antes de ir morar com o Bruno.
- É que eu já estou com 7 meses, tio Caio!
- Está ficando velhinho, hein Nico? Daqui a pouco vai ter que se aposentar por idade!
- Como você é engraçadinho, Caio...
ALGUNS DIAS DEPOIS...
Era o dia 11 de janeiro e nós estávamos vivendo o auge das
chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro. A tragédia era tamanha que a
maioria da população do Estado estava vivendo um verdadeiro momento de dor e
solidariedade.
- Amor?
- Oi, bebê? – eu olhei pra ele.
- Eu estive pensando...
- Em quê?
- Eu queria tanto ajudar aquelas vítimas das chuvas de Teresópolis e Friburgo, mas sozinho eu não posso... Você poderia me ajudar com um dinheirinho? – o bichinho ficou todo sem graça e vermelho.
Eu abracei meu namorado com uma vontade, com uma ternura... Ao ouvir aquele pedido o meu coração ficou sangrando de tanta compaixão. Como ele era fofo, como ele era humano, como ele era lindo... Eu chorei!
- Mas... Por que está chorando, amor? O que eu fiz? Eu falei alguma coisa errada? O que você tem?
- Você é a pessoa... Mais incrível que eu conheço nessa vida...
- Por que está falando isso? Não entendo!
- Você é lindo demais, Bruno! Lindo demais! É claro que eu te ajudo, é claro que eu te ajudo!!!
Ele ficou calado e com a cabeça deitada no meu peito. Eu me senti tão grato a Deus por eu ser o namorado daquele homem... Como ele era... Perfeito!
- Você tem um coração que não cabe dentro do seu peito, Bruno. Eu não tenho nem palavras pra expressar a minha admiração por você, sabia?
Ele ficou calado.
- Deus abençoe essa sua generosidade, Bruno! Deus abençoe essa sua vontade de ajudar o próximo!
- Eu não aguento ver aquele povo sofrendo, aquelas crianças sofrendo... Eu preciso ajudar de alguma forma!
- E você vai ajudar. Agora eu faço questão de levar essa sua boa ação adiante.
- Como assim?
- Eu vou falar com todos os meus amigos, vou falar com o pessoal da loja, com o pessoal do curso de inglês... Falarei com todos para que eles também ajudem!
- Eu pensei nisso também. Será que é uma boa ideia?
- Claro que é uma boa ideia, é uma excelente ideia! E eu vou falar pra todo mundo que a ideia foi sua, que o pontapé inicial foi seu!
- Caio...
- Eu te amo muito, entendeu? Muito! Por isso e por todas as coisas boas que você tem feito por mim, pelos nossos amigos... Você é a pessoa mais benevolente que eu conheço nesse mundo! Que Deus permita que existam mais pessoas como você nesse mundo tão ruim, nesse mundo tão cruel...
- Obrigado, amor...
- Não agradeça! Eu só estou falando a verdade, eu só estou falando aquilo que você realmente é! Que orgulho de ser seu namorado, que orgulho de conhecer você, Bruno!
- Você vai me fazer chorar.
- Não é isso que eu quero. Só estou enaltecendo as suas qualidades!
- Eu tenho tantos defeitos...
- Todos nós temos, mas as suas qualidades se sobressaem aos defeitos tão facilmente, que você parece ser perfeito.
Bruno ficou calado de novo. Eu dei um beijo no cabelo dele e fiquei pensando em como eu era abençoado por ter aquele homem ao meu lado.
Não era à toa que eu me apaixonei por ele desde o primeiro momento em que o vi, vários anos antes. Para os outros eu não sabia dizer, mas para mim o Bruno era perfeito. Perfeito em todos os sentidos.
- Vamos dormir, amor? – ele falou baixinho, com a voz tristonha.
- Você está triste?
- Uhum. Não gosto de ver as pessoas sofrendo. Eu estou triste com essa chuvarada toda na serra.
- Tão sensível – eu suspirei e beijei ele de novo.
- Vou rezar pra Deus diminuir o sofrimento daquele povo.
- Isso! Reze mesmo. Eu tenho certeza que Deus vai ouvir as suas preces.
- Deus queira que sim.
- Eu prometo que a gente vai ajudar o máximo de pessoas possíveis, viu anjo?
- Uhum. No que depender de mim a gente fará isso mesmo.
- Pode ter certeza que eu estou com você e não abro. Eu te amo muito!
- Eu também te amo, Caio!
- Amor?
- Oi, bebê? – eu olhei pra ele.
- Eu estive pensando...
- Em quê?
- Eu queria tanto ajudar aquelas vítimas das chuvas de Teresópolis e Friburgo, mas sozinho eu não posso... Você poderia me ajudar com um dinheirinho? – o bichinho ficou todo sem graça e vermelho.
Eu abracei meu namorado com uma vontade, com uma ternura... Ao ouvir aquele pedido o meu coração ficou sangrando de tanta compaixão. Como ele era fofo, como ele era humano, como ele era lindo... Eu chorei!
- Mas... Por que está chorando, amor? O que eu fiz? Eu falei alguma coisa errada? O que você tem?
- Você é a pessoa... Mais incrível que eu conheço nessa vida...
- Por que está falando isso? Não entendo!
- Você é lindo demais, Bruno! Lindo demais! É claro que eu te ajudo, é claro que eu te ajudo!!!
Ele ficou calado e com a cabeça deitada no meu peito. Eu me senti tão grato a Deus por eu ser o namorado daquele homem... Como ele era... Perfeito!
- Você tem um coração que não cabe dentro do seu peito, Bruno. Eu não tenho nem palavras pra expressar a minha admiração por você, sabia?
Ele ficou calado.
- Deus abençoe essa sua generosidade, Bruno! Deus abençoe essa sua vontade de ajudar o próximo!
- Eu não aguento ver aquele povo sofrendo, aquelas crianças sofrendo... Eu preciso ajudar de alguma forma!
- E você vai ajudar. Agora eu faço questão de levar essa sua boa ação adiante.
- Como assim?
- Eu vou falar com todos os meus amigos, vou falar com o pessoal da loja, com o pessoal do curso de inglês... Falarei com todos para que eles também ajudem!
- Eu pensei nisso também. Será que é uma boa ideia?
- Claro que é uma boa ideia, é uma excelente ideia! E eu vou falar pra todo mundo que a ideia foi sua, que o pontapé inicial foi seu!
- Caio...
- Eu te amo muito, entendeu? Muito! Por isso e por todas as coisas boas que você tem feito por mim, pelos nossos amigos... Você é a pessoa mais benevolente que eu conheço nesse mundo! Que Deus permita que existam mais pessoas como você nesse mundo tão ruim, nesse mundo tão cruel...
- Obrigado, amor...
- Não agradeça! Eu só estou falando a verdade, eu só estou falando aquilo que você realmente é! Que orgulho de ser seu namorado, que orgulho de conhecer você, Bruno!
- Você vai me fazer chorar.
- Não é isso que eu quero. Só estou enaltecendo as suas qualidades!
- Eu tenho tantos defeitos...
- Todos nós temos, mas as suas qualidades se sobressaem aos defeitos tão facilmente, que você parece ser perfeito.
Bruno ficou calado de novo. Eu dei um beijo no cabelo dele e fiquei pensando em como eu era abençoado por ter aquele homem ao meu lado.
Não era à toa que eu me apaixonei por ele desde o primeiro momento em que o vi, vários anos antes. Para os outros eu não sabia dizer, mas para mim o Bruno era perfeito. Perfeito em todos os sentidos.
- Vamos dormir, amor? – ele falou baixinho, com a voz tristonha.
- Você está triste?
- Uhum. Não gosto de ver as pessoas sofrendo. Eu estou triste com essa chuvarada toda na serra.
- Tão sensível – eu suspirei e beijei ele de novo.
- Vou rezar pra Deus diminuir o sofrimento daquele povo.
- Isso! Reze mesmo. Eu tenho certeza que Deus vai ouvir as suas preces.
- Deus queira que sim.
- Eu prometo que a gente vai ajudar o máximo de pessoas possíveis, viu anjo?
- Uhum. No que depender de mim a gente fará isso mesmo.
- Pode ter certeza que eu estou com você e não abro. Eu te amo muito!
- Eu também te amo, Caio!
Acordei o Rodrigo às 9 horas da manhã já no dia seguinte da
minha conversa com o Bruno:
- Isso são horas pra ligar? – ele reclamou. – Eu estava sonhando tão gostoso na minha cama nova!
- Isso é hora pra dormir?

- O que é que você quer, hein?
- Falar sério com você.
- O que aconteceu? – a voz do Rodrigo mudou da água pro vinho. Ele ficou sério de uma hora pra outra. – O que o Bruno fez com você?
- Ele não fez nada, idiota! Ele é um anjo!
- E o que você quer então? Se me acordou é pra falar alguma coisa...
- Sim. Eu quero te pedir ajuda.
- Ajuda? Com o quê?
- O Bruno ontem à noite teve uma ideia magnífica que me deixou até emocionado.
- Que ideia?
- Ele quer ajudar as vítimas das chuvas na Região Serrana. Você pode contribuir com uma ajuda, por favor? Pode ser alguma roupa que você não use mais.
- Nossa, Caio... Sério que a ideia veio dele?
- Claro! Por que eu mentiria?
- Pô... Claro que eu ajudo! Quanto vocês querem?
- E eu sei? Aí depende de você, Digow! Você ajuda com o que você puder.
- Cara... Fiquei sem palavras com a atitude dele. É sério que a ideia partiu dele?
- É, Rodrigo! Eu já falei que é, porra. O que pensou? Que meu namorado fosse um insensível?
- Mais ou menos isso.
- Pois você se enganou. Ele é uma das pessoas mais humanas que eu conheço nesse mundo. Eu fiquei emocionado de verdade com o pedido que ele me fez. Ele é um lindo!
- Poxa... Desculpa pensar mal dele, tá? É que eu realmente não enxergo o Bruno dessa forma. Por mais que eu goste dele hoje em dia, pra mim ele ainda é aquele garotinho ridículo que te fez sofrer no passado.
- Ele não é mais esse cara, Rodrigo. Esse Bruno ficou no passado. Meu namorado cresceu, amadureceu e virou um homem de bem. Por favor, enxergue ele com esses olhos...
- E quando vocês vão fazer a doação? Como vão fazer essa doação?
- Isso a gente ainda não sabe. Eu ainda pretendo falar com muitas pessoas pra tentar conseguir um dinheiro a mais.
- Eu vou falar com meus amigos também, com minha família... Pode deixar que eu vou tentar ajudar com uma boa grana!
- Obrigado, mano! Eu não podia esperar menos de você.
- Conte comigo. Vai pedir pros meninos também?
- Óbvio que sim. Irei pedir a todos. Agora eu tenho que desligar, Digow. Preciso ir pro trabalho.
- Tudo bem, Cacs. Gostei muito dessa iniciativa.
- Fale isso ao Bruno, não a mim. A ideia foi toda dele.
Esse espírito de solidariedade tocou tão fundo no meu coração que eu não pensei duas vezes em transmitir a ideia do Bruno para o pessoal da loja logo na reunião de início de turno:
- Pessoal, não vão embora ainda, por favor...
- E o que foi dessa vez, chefe? – perguntou uma colaboradora da telefonia.
- Agora eu não vou falar nada relacionado ao nosso trabalho, não tem nada referente ao mundo corporativo. É algo muito mais importante que qualquer coisa nesse momento.
Eduarda me olhou com curiosidade.
- Como todos nós sabemos, a Região Serrana do nosso Estado está sendo castigada com as fortes chuvas e já morreram várias pessoas...
Todos pararam de cochichar e prestaram atenção em mim.
- Nessa noite o meu companheiro teve a ideia de ajudar esse pessoal que está sendo vitimado de alguma forma. Nós dois estávamos assistindo as notícias na televisão e ficamos tocados com o sofrimento das vítimas e resolvemos ajudar de alguma forma. Nós dois sozinhos não podemos fazer muita coisa e é por isso que eu tive a ideia de passar essa corrente do bem adiante. Eu queria saber se vocês também podem ajudar de alguma forma...
- E como nós faríamos isso? – perguntou Alexia.
- Ajudando, Alexia. Quem puder fazer uma contribuição já seria de grande ajuda. Mesmo nós dois estando na correria que estamos, pretendemos tirar um tempo pra ir levar a doação pessoalmente para as vítimas. A gente está mesmo bastante chocado com esses acontecimentos...
Foi o maior clima de comoção entre todos na filial. Até a Eduarda ficou emocionada com o meu pedido e com a boa ação que o Bruno e eu íamos fazer com aquelas pessoas.

- Você e o Bruno são seres iluminados – ela comentou quando nós dois ficamos a sós. – Eu tenho orgulho de ter contratado você, Caio.
- Não está brava comigo por eu ter feito isso?
- Brava? Como eu posso ficar brava se essa é uma ação lindíssima da sua parte? Muito pelo contrário! Eu levarei essa corrente do bem para todas as minhas lojas, não tenha dúvidas disso!
- Poxa, Duda...
- A Terra precisa de seres bons como vocês dois, viu? Que Deus abençoe esses corações tão bondosos...
- Amém! Desculpa eu ter feito isso, mas é que eu me sinto no dever de ajudar...
- Não tem que pedir desculpas. A sua ação está sendo linda, de verdade. Meus parabéns! Farei além: colocarei caixas em todas as minhas lojas para fazermos arrecadações de agasalhos, roupas e mantimentos. Se a empresa não ajudar, eu mesma faço questão de levar vocês lá pra gente ajudar aquele povo!
- Poxa, Duda... Eu nem sei como te agradecer, de verdade!
- Não precisa me agradecer. As pessoas que vocês querem ajudar farão isso. Pode ter certeza que fazer o bem é a melhor coisa que pode acontecer na nossa vida. Deus vai nos dar em dobro.
- Eu tenho certeza disso!
Quando o pessoal da tarde chegou eu fiz a mesma coisa e eles também falaram que iam ajudar. Ainda naquele dia as pessoas já apareceram com quantias em dinheiro. Eu pedi para eles deixarem a grana com a minha regional.
- A Duda ficou responsável por arrecadar o dinheiro. Por favor, levem na sala dela.
Naquele dia mesmo, a minha superiora colocou a caixa que prometeu. Além desta, ela fez também uma pequena, uma espécie de cofrinho, onde os colaboradores foram colocando o dinheiro que podiam doar.
Quando o Bruno soube do que estava acontecendo, ele ficou feliz ao extremo e até se emocionou. Ouvindo ele chorar do outro lado do telefone, eu acabei chorando por tabela.
- Não chora – falei.
- Mas você também está chorando!
- É por causa da sua emoção!
- Não tem como não se emocionar. Não pensei que a minha ideia fosse chegar tão longe!
O Bruno também deu a ideia dele na empresa onde trabalhava e também conseguiu tocar o coração dos colegas de trabalho. Ele também ia conseguir alguma coisa por lá. A corrente do bem estava tomando proporções gigantes em menos de 24 horas.
- Vai dar certo, você vai ver – falei.
- Vai sim! Mal posso esperar para ir até lá levar as coisas que a gente conseguir.
- E a gente vai mesmo, não precisa se preocupar.
- Obrigado por falar com o seu pessoal, tá?
- Nem precisa agradecer. A sua ideia é linda e ela precisa ser passada adiante.
Eu liguei pro Fabrício, liguei pro Vinícius, pra Bruna e até pros meus amigos de São Paulo. Todos se comprometeram a ajudar como podiam.
- Obrigado, viu Víctor? Obrigado mesmo.
- Eu vou falar com meu pai pra ver se ele pode ajudar.
- Te agradeço muito. E fala com a Amandoca também.
- Falo sim, não se preocupe. Parabenize o Bruno pela iniciativa dele.
- Pode deixar, querido. Obrigado mesmo.
- Imgina, nem tem que agradecer.
- Isso são horas pra ligar? – ele reclamou. – Eu estava sonhando tão gostoso na minha cama nova!
- Isso é hora pra dormir?
- O que é que você quer, hein?
- Falar sério com você.
- O que aconteceu? – a voz do Rodrigo mudou da água pro vinho. Ele ficou sério de uma hora pra outra. – O que o Bruno fez com você?
- Ele não fez nada, idiota! Ele é um anjo!
- E o que você quer então? Se me acordou é pra falar alguma coisa...
- Sim. Eu quero te pedir ajuda.
- Ajuda? Com o quê?
- O Bruno ontem à noite teve uma ideia magnífica que me deixou até emocionado.
- Que ideia?
- Ele quer ajudar as vítimas das chuvas na Região Serrana. Você pode contribuir com uma ajuda, por favor? Pode ser alguma roupa que você não use mais.
- Nossa, Caio... Sério que a ideia veio dele?
- Claro! Por que eu mentiria?
- Pô... Claro que eu ajudo! Quanto vocês querem?
- E eu sei? Aí depende de você, Digow! Você ajuda com o que você puder.
- Cara... Fiquei sem palavras com a atitude dele. É sério que a ideia partiu dele?
- É, Rodrigo! Eu já falei que é, porra. O que pensou? Que meu namorado fosse um insensível?
- Mais ou menos isso.
- Pois você se enganou. Ele é uma das pessoas mais humanas que eu conheço nesse mundo. Eu fiquei emocionado de verdade com o pedido que ele me fez. Ele é um lindo!
- Poxa... Desculpa pensar mal dele, tá? É que eu realmente não enxergo o Bruno dessa forma. Por mais que eu goste dele hoje em dia, pra mim ele ainda é aquele garotinho ridículo que te fez sofrer no passado.
- Ele não é mais esse cara, Rodrigo. Esse Bruno ficou no passado. Meu namorado cresceu, amadureceu e virou um homem de bem. Por favor, enxergue ele com esses olhos...
- E quando vocês vão fazer a doação? Como vão fazer essa doação?
- Isso a gente ainda não sabe. Eu ainda pretendo falar com muitas pessoas pra tentar conseguir um dinheiro a mais.
- Eu vou falar com meus amigos também, com minha família... Pode deixar que eu vou tentar ajudar com uma boa grana!
- Obrigado, mano! Eu não podia esperar menos de você.
- Conte comigo. Vai pedir pros meninos também?
- Óbvio que sim. Irei pedir a todos. Agora eu tenho que desligar, Digow. Preciso ir pro trabalho.
- Tudo bem, Cacs. Gostei muito dessa iniciativa.
- Fale isso ao Bruno, não a mim. A ideia foi toda dele.
Esse espírito de solidariedade tocou tão fundo no meu coração que eu não pensei duas vezes em transmitir a ideia do Bruno para o pessoal da loja logo na reunião de início de turno:
- Pessoal, não vão embora ainda, por favor...
- E o que foi dessa vez, chefe? – perguntou uma colaboradora da telefonia.
- Agora eu não vou falar nada relacionado ao nosso trabalho, não tem nada referente ao mundo corporativo. É algo muito mais importante que qualquer coisa nesse momento.
Eduarda me olhou com curiosidade.
- Como todos nós sabemos, a Região Serrana do nosso Estado está sendo castigada com as fortes chuvas e já morreram várias pessoas...
Todos pararam de cochichar e prestaram atenção em mim.
- Nessa noite o meu companheiro teve a ideia de ajudar esse pessoal que está sendo vitimado de alguma forma. Nós dois estávamos assistindo as notícias na televisão e ficamos tocados com o sofrimento das vítimas e resolvemos ajudar de alguma forma. Nós dois sozinhos não podemos fazer muita coisa e é por isso que eu tive a ideia de passar essa corrente do bem adiante. Eu queria saber se vocês também podem ajudar de alguma forma...
- E como nós faríamos isso? – perguntou Alexia.
- Ajudando, Alexia. Quem puder fazer uma contribuição já seria de grande ajuda. Mesmo nós dois estando na correria que estamos, pretendemos tirar um tempo pra ir levar a doação pessoalmente para as vítimas. A gente está mesmo bastante chocado com esses acontecimentos...
Foi o maior clima de comoção entre todos na filial. Até a Eduarda ficou emocionada com o meu pedido e com a boa ação que o Bruno e eu íamos fazer com aquelas pessoas.
- Você e o Bruno são seres iluminados – ela comentou quando nós dois ficamos a sós. – Eu tenho orgulho de ter contratado você, Caio.
- Não está brava comigo por eu ter feito isso?
- Brava? Como eu posso ficar brava se essa é uma ação lindíssima da sua parte? Muito pelo contrário! Eu levarei essa corrente do bem para todas as minhas lojas, não tenha dúvidas disso!
- Poxa, Duda...
- A Terra precisa de seres bons como vocês dois, viu? Que Deus abençoe esses corações tão bondosos...
- Amém! Desculpa eu ter feito isso, mas é que eu me sinto no dever de ajudar...
- Não tem que pedir desculpas. A sua ação está sendo linda, de verdade. Meus parabéns! Farei além: colocarei caixas em todas as minhas lojas para fazermos arrecadações de agasalhos, roupas e mantimentos. Se a empresa não ajudar, eu mesma faço questão de levar vocês lá pra gente ajudar aquele povo!
- Poxa, Duda... Eu nem sei como te agradecer, de verdade!
- Não precisa me agradecer. As pessoas que vocês querem ajudar farão isso. Pode ter certeza que fazer o bem é a melhor coisa que pode acontecer na nossa vida. Deus vai nos dar em dobro.
- Eu tenho certeza disso!
Quando o pessoal da tarde chegou eu fiz a mesma coisa e eles também falaram que iam ajudar. Ainda naquele dia as pessoas já apareceram com quantias em dinheiro. Eu pedi para eles deixarem a grana com a minha regional.
- A Duda ficou responsável por arrecadar o dinheiro. Por favor, levem na sala dela.
Naquele dia mesmo, a minha superiora colocou a caixa que prometeu. Além desta, ela fez também uma pequena, uma espécie de cofrinho, onde os colaboradores foram colocando o dinheiro que podiam doar.
Quando o Bruno soube do que estava acontecendo, ele ficou feliz ao extremo e até se emocionou. Ouvindo ele chorar do outro lado do telefone, eu acabei chorando por tabela.
- Não chora – falei.
- Mas você também está chorando!
- É por causa da sua emoção!
- Não tem como não se emocionar. Não pensei que a minha ideia fosse chegar tão longe!
O Bruno também deu a ideia dele na empresa onde trabalhava e também conseguiu tocar o coração dos colegas de trabalho. Ele também ia conseguir alguma coisa por lá. A corrente do bem estava tomando proporções gigantes em menos de 24 horas.
- Vai dar certo, você vai ver – falei.
- Vai sim! Mal posso esperar para ir até lá levar as coisas que a gente conseguir.
- E a gente vai mesmo, não precisa se preocupar.
- Obrigado por falar com o seu pessoal, tá?
- Nem precisa agradecer. A sua ideia é linda e ela precisa ser passada adiante.
Eu liguei pro Fabrício, liguei pro Vinícius, pra Bruna e até pros meus amigos de São Paulo. Todos se comprometeram a ajudar como podiam.
- Obrigado, viu Víctor? Obrigado mesmo.
- Eu vou falar com meu pai pra ver se ele pode ajudar.
- Te agradeço muito. E fala com a Amandoca também.
- Falo sim, não se preocupe. Parabenize o Bruno pela iniciativa dele.
- Pode deixar, querido. Obrigado mesmo.
- Imgina, nem tem que agradecer.
DOIS DIAS DEPOIS...
Mesmo passando por perrengues na filial, eu estava me
sentindo feliz. E eu devia essa felicidade à boa ação que nós faríamos dali
alguns dias.
Essa história de fazer doações para as vítimas da Região Serrana chegou longe. A Duda teve a ideia de passar o que estava acontecendo pro Antony e por causa disso, eu fui obrigado a ter uma reunião com os dois:
- Não, não fique assustado – Antony deu risada. – Eu não vou brigar com você, muito pelo contrário! Eu quero te parabenizar!
- Me parabenizar? – eu estava suando frio.
- Sim! Essa ideia que você teve de fazer doações em dinheiro para as vítimas da chuva na Região Serrana é simplesmente tocante. Quando a Duda me falou eu até fiquei emocionado, não foi?
- Sim – Eduarda confirmou com um sorriso.
- Na verdade a ideia foi do meu namorado!
- Não importa de quem seja. O importante é que você está passando essa ideia adiante, Caio. Você está fazendo uma verdadeira corrente do bem.
- Eu acho que só estou fazendo a minha parte, sabe?
- Se todos fizessem a sua parte, esse mundo seria outro. Eu quero que saiba que eu vou contribuir com minha parte e que a empresa também vai ajudar.
- A empresa? – eu arregalei os olhos.
- Exatamente! Eu fiquei tão tocado com a ação que vocês estão fazendo que levei a corrente do bem para a presidência do grupo e graças à isso, a empresa também vai ajudar.
- Poxa... Nem sei o que falar!
- Nada. Não tem que falar nada. Você está fazendo o bem e isso não tem preço. A gente não está fazendo nada além da nossa obrigação. Nós devemos ajudar o próximo para sermos ajudados um dia, caso seja necessário. Meus mais sinceros parabéns, Caio! Você é um menino de ouro!
Quase chorei.
- Muito... Obrigado!
- Quando a gente faz o bem, tudo conspira a nosso favor. Pode ter certeza que esse gesto não passará em branco. De jeito nenhum!
- Uhum...
- Parabéns mesmo, Caio. Eu estou feliz demais com esse gesto de humanidade que você propagou aqui na empresa. É sério mesmo!
- Obrigado...
- Agora, mudando de assunto; eu quero que me fale como está sendo essa experiência à frente da loja. Como você está se saindo?
- Acho que essa é uma pergunta que deve ser feita a Eduarda – falei, com um sorriso amarelo de vergonha.
- Tem razão! Duda, como ele está se saindo?
- Melhor impossível. Eu acertei em cheio quando pensei no Caio. No começo foi um pouco difícil, ele não foi bem recebido pela equipe tarde, mas agora todos estão do lado dele.
- É mesmo?
- Sim – confirmei, todo sem graça.
- Ele mostrou pra todos, inclusive pra mim, que tem capacidade o suficiente para assumir a gerência, Antony. Logo nos primeiros dias ele mandou um colaborador pra casa por insubordinação...
- Não diga?
- Sim! O colaborador se recusou a atender um cliente e o Caio o suspendeu. Isso serviu de lição para todos. Agora a equipe sabe que o Caio não veio pra cá pra brincar, né Caio?
- Uhum.
- Excelente. Excelente mesmo. Parabéns!
- Obrigado, Antony!
- Olha, voltando ao assunto das doações, eu quero que você esteja presente quando a empresa for levar o dinheiro e as roupas para os desabrigados.
- E quando será isso?
- Neste domingo. Você poderia ir?
- Claro que sim, mas gostaria de pedir uma gentileza.
- Qual?
- Gostaria que meu namorado estivesse presente, afinal a ideia foi dele.
- Claro, claro! Sem problema algum. A Duda, os outros regionais e eu estaremos lá também. Pode chamar quem você quiser.
- Obrigado, Antony.
- Essa ação independe da empresa. A empresa estará representada, é claro, mas isso não impede que outras pessoas possam ir com a gente.
- Eu te agradeço muito, de verdade.
- Agradeça continuando fazendo o bem como você está fazendo. Faça isso e nós estaremos quites.
- Pode ter certeza que enquanto eu estiver vivo, eu não deixarei de praticar o bem nunca.
- Eu tenho certeza disso. Bom, Caio, era só. Eu queria te parabenizar por isso e queria dizer que estou realmente admirado com a sua ação. Meus parabéns!
- Obrigado, Antony.
- Qualquer coisa que você precisar, conte com a gente.
- Isso mesmo, Caio. A gente está aqui sempre que você precisar.
- Obrigado, Duda. Obrigado, Antony.
- Nós é que agradecemos – o diretor sorriu. – Agora volta lá porque a equipe deve estar precisando de você. Bom trabalho!
- Obrigado, Antony! Muito obrigado.
Essa história de fazer doações para as vítimas da Região Serrana chegou longe. A Duda teve a ideia de passar o que estava acontecendo pro Antony e por causa disso, eu fui obrigado a ter uma reunião com os dois:
- Não, não fique assustado – Antony deu risada. – Eu não vou brigar com você, muito pelo contrário! Eu quero te parabenizar!
- Me parabenizar? – eu estava suando frio.
- Sim! Essa ideia que você teve de fazer doações em dinheiro para as vítimas da chuva na Região Serrana é simplesmente tocante. Quando a Duda me falou eu até fiquei emocionado, não foi?
- Sim – Eduarda confirmou com um sorriso.
- Na verdade a ideia foi do meu namorado!
- Não importa de quem seja. O importante é que você está passando essa ideia adiante, Caio. Você está fazendo uma verdadeira corrente do bem.
- Eu acho que só estou fazendo a minha parte, sabe?
- Se todos fizessem a sua parte, esse mundo seria outro. Eu quero que saiba que eu vou contribuir com minha parte e que a empresa também vai ajudar.
- A empresa? – eu arregalei os olhos.
- Exatamente! Eu fiquei tão tocado com a ação que vocês estão fazendo que levei a corrente do bem para a presidência do grupo e graças à isso, a empresa também vai ajudar.
- Poxa... Nem sei o que falar!
- Nada. Não tem que falar nada. Você está fazendo o bem e isso não tem preço. A gente não está fazendo nada além da nossa obrigação. Nós devemos ajudar o próximo para sermos ajudados um dia, caso seja necessário. Meus mais sinceros parabéns, Caio! Você é um menino de ouro!
Quase chorei.
- Muito... Obrigado!
- Quando a gente faz o bem, tudo conspira a nosso favor. Pode ter certeza que esse gesto não passará em branco. De jeito nenhum!
- Uhum...
- Parabéns mesmo, Caio. Eu estou feliz demais com esse gesto de humanidade que você propagou aqui na empresa. É sério mesmo!
- Obrigado...
- Agora, mudando de assunto; eu quero que me fale como está sendo essa experiência à frente da loja. Como você está se saindo?
- Acho que essa é uma pergunta que deve ser feita a Eduarda – falei, com um sorriso amarelo de vergonha.
- Tem razão! Duda, como ele está se saindo?
- Melhor impossível. Eu acertei em cheio quando pensei no Caio. No começo foi um pouco difícil, ele não foi bem recebido pela equipe tarde, mas agora todos estão do lado dele.
- É mesmo?
- Sim – confirmei, todo sem graça.
- Ele mostrou pra todos, inclusive pra mim, que tem capacidade o suficiente para assumir a gerência, Antony. Logo nos primeiros dias ele mandou um colaborador pra casa por insubordinação...
- Não diga?
- Sim! O colaborador se recusou a atender um cliente e o Caio o suspendeu. Isso serviu de lição para todos. Agora a equipe sabe que o Caio não veio pra cá pra brincar, né Caio?
- Uhum.
- Excelente. Excelente mesmo. Parabéns!
- Obrigado, Antony!
- Olha, voltando ao assunto das doações, eu quero que você esteja presente quando a empresa for levar o dinheiro e as roupas para os desabrigados.
- E quando será isso?
- Neste domingo. Você poderia ir?
- Claro que sim, mas gostaria de pedir uma gentileza.
- Qual?
- Gostaria que meu namorado estivesse presente, afinal a ideia foi dele.
- Claro, claro! Sem problema algum. A Duda, os outros regionais e eu estaremos lá também. Pode chamar quem você quiser.
- Obrigado, Antony.
- Essa ação independe da empresa. A empresa estará representada, é claro, mas isso não impede que outras pessoas possam ir com a gente.
- Eu te agradeço muito, de verdade.
- Agradeça continuando fazendo o bem como você está fazendo. Faça isso e nós estaremos quites.
- Pode ter certeza que enquanto eu estiver vivo, eu não deixarei de praticar o bem nunca.
- Eu tenho certeza disso. Bom, Caio, era só. Eu queria te parabenizar por isso e queria dizer que estou realmente admirado com a sua ação. Meus parabéns!
- Obrigado, Antony.
- Qualquer coisa que você precisar, conte com a gente.
- Isso mesmo, Caio. A gente está aqui sempre que você precisar.
- Obrigado, Duda. Obrigado, Antony.
- Nós é que agradecemos – o diretor sorriu. – Agora volta lá porque a equipe deve estar precisando de você. Bom trabalho!
- Obrigado, Antony! Muito obrigado.
Logo na entrada de Teresópolis nós vimos a desgraça que a
chuva tinha causado. Era tanta lama, tanta sujeira que eu fiquei desolado.
- Meu Deus... Parece que passou um furacão por aqui – falou o Rodrigo.
Eu nem tinha palavras pra expressar a minha tristeza. A situação daquela cidade era de calamidade pública, era uma situação realmente horrível, realmente horrorosa.
Nós adentramos na cidade e o caos só piorou. Por onde quer que eu olhasse, eu só via sujeira, só via catástrofe, eu só via pessoas procurando pessoas debaixo dos destroços... O Bruno chorou muito.
- Vai ficar tudo bem! – eu o abracei.
Ninguém quis dar as arrecadações para o governo, nós preferimos dar o dinheiro para as próprias vítimas.
Nós preferimos não confiar na prefeitura e resolvemos ajudar as vítimas porque só assim teríamos certeza que aquele dinheiro seria bem utilizado.
- Vamos parar aqui mesmo, Pedro – falou o meu diretor. – Aqui está ótimo.
Naquele momento em que nós chegamos na cidade, não estava chovendo, mas o resquício da água que tinha caído recentemente ainda estava muito fresco.
Cada um foi pra um canto. Bruno, Rodrigo, Vinícius, Bruna e eu ficamos juntos e entregamos comida, água e roupas para muitas pessoas que tinham perdido tudo.
O Bruno não sabia se chorava por causa dos mortos, pela situação em si, pelas crianças ou por toda aquela desgraça junta. Eu nunca vi o coitado chorar tanto que nem naquele dia.
E de repente algo nos chamou a atenção. Um menininho que estava sentado no meio de uma espécie de abrigo que foi improvisado. Ele estava sozinho e muito, muito triste.
- Oi... – meu namorado agachou e ficou do tamanho desse menino.
- Oi!
- Como você chama?
- Guilherme.
- Eu sou o Bruno e ele é o Caio!
- Oi, Caio!
- Oi...
- Você está sozinho, Guilherme? – meu namorado tentou segurar a emoção.
- Sim...
- E... Onde estão seus pais?
- Eu não sei! – o menino não estava chorando, mas estava triste.
- E você tem quantos anos?
- 8.
- Você está com fome?
- Uhum.
- E você gosta de bolacha recheada?
- Gosto.
Uma lágrima escapou no meu rosto.

Bruno pegou dois pacotes de bolacha recheada e entregou pro menino.
- É pra você!
- Obrigado... – o menino segurou os pacotes de bolacha. As mãozinhas dele estavam muito sujas.
- Olha o que a tia tem pra você, Guilherme – Bruna agachou também na frente do garoto e entregou uma bola pra ele. – Você gosta de futebol?
- Eu gosto sim, moça...
- Você quer essa bola?
- Sim!
- Então ela é sua!
- Obrigado...
- Você não tem ninguém cuidando de você? – a voz do meu namorado estava embargada.
- Não... Eu estou sozinho... Não sei onde estão meus pais...
Bruno chorou pra valer.
- Eu... Posso te dar um abraço? – meu namorado secou as lágrimas.
- Pode sim...
Meu namorado agarrou aquele menino e ficou abraçado com ele por um tempão. Essa cena mexeu demais comigo, demais mesmo.

- Que foi, Caio? – Rodrigo se preocupou quando me viu aos prantos.
- O Bruno... Encontrou um garotinho... Que provavelmente ficou órfão...
- Que triste!
- Eu não vou conseguir ficar aqui por muito tempo, não vou mesmo!
- Está muito difícil ficar aqui, é sério.
Naquela altura do campeonato, já havia mais de 300 mortos se eu não estou enganado. Pelo que se sabe, o número de vítimas fatais que foi divulgado pelo governo é de mais de 900, mas existem pessoas que afirmam que esse número é muito maior. Essa foi uma verdadeira catástrofe que o Estado do Rio sofreu em 2.011.
Nós voltamos pra casa com sensação de missão cumprida, mas com os corações abalados. Fizemos as doações, principalmente as doações em dinheiro, para as famílias que perderam absolutamente tudo. E é claro que quem recebeu os donativos ficou eternamente agradecido.
Não conseguimos uma quantia avassaladora em dinheiro, mas o que levamos já era alguma coisa. A empresa ia continuar com as arrecadações e nós voltaríamos naquele lugar mais pra frente. Eu estava rezando para que na nossa volta, tudo estivesse melhor.
- Hoje eu não vou querer fazer mais nada, a não ser dormir – Bruno caiu na cama de bruços.
- É eu também. Estou muito chocado com tudo que vi naquele lugar.
- Nem me fala. Nem me fala. A imagem daquele garotinho não sai da minha cabeça nunca mais. Será que os pais dele morreram, amor?
- Eu não queria ser pessimista – fiz carinho no rostinho dele –, mas é provável que sim. Existem muitas pessoas desaparecidas naquele lugar.
- Vamos rezar pra Deus amenizar aquela situação? Por favor?
- Vamos, anjo! Vamos rezar sim e Deus vai nos ouvir!
Ele estava muito mal, mas não era pra menos. A situação em Teresópolis e Nova Friburgo realmente estava complicada. Era desolante.
- Sabe de uma coisa? – continuei fazendo carinho no rosto do meu namorado.
- O quê?
- Depois de hoje eu amo você mil vezes mais, sabia?
- E por quê?
- Porque a imagem de você ajudando aquelas pessoas nunca mais vai sair da minha cabeça. Você é um ser humano abençoado, Bruno!
Ele ficou calado, só me olhando. Os olhos dele estavam muito azuis naquele dia.
- Eu te amo muito, Bruno! Nunca se esqueça disso.
- Eu amo você também, Caio.
- Aconteça o que acontecer, nunca esqueça do amor que eu sinto por você.
- Não vai acontecer nada, Deus não vai permitir.
- Só quero que saiba que eu nunca vou abandonar você, eu prometo!
- Eu também prometo que nunca sairei do seu lado. Nunca!
- Meu Deus... Parece que passou um furacão por aqui – falou o Rodrigo.
Eu nem tinha palavras pra expressar a minha tristeza. A situação daquela cidade era de calamidade pública, era uma situação realmente horrível, realmente horrorosa.
Nós adentramos na cidade e o caos só piorou. Por onde quer que eu olhasse, eu só via sujeira, só via catástrofe, eu só via pessoas procurando pessoas debaixo dos destroços... O Bruno chorou muito.
- Vai ficar tudo bem! – eu o abracei.
Ninguém quis dar as arrecadações para o governo, nós preferimos dar o dinheiro para as próprias vítimas.
Nós preferimos não confiar na prefeitura e resolvemos ajudar as vítimas porque só assim teríamos certeza que aquele dinheiro seria bem utilizado.
- Vamos parar aqui mesmo, Pedro – falou o meu diretor. – Aqui está ótimo.
Naquele momento em que nós chegamos na cidade, não estava chovendo, mas o resquício da água que tinha caído recentemente ainda estava muito fresco.
Cada um foi pra um canto. Bruno, Rodrigo, Vinícius, Bruna e eu ficamos juntos e entregamos comida, água e roupas para muitas pessoas que tinham perdido tudo.
O Bruno não sabia se chorava por causa dos mortos, pela situação em si, pelas crianças ou por toda aquela desgraça junta. Eu nunca vi o coitado chorar tanto que nem naquele dia.
E de repente algo nos chamou a atenção. Um menininho que estava sentado no meio de uma espécie de abrigo que foi improvisado. Ele estava sozinho e muito, muito triste.
- Oi... – meu namorado agachou e ficou do tamanho desse menino.
- Oi!
- Como você chama?
- Guilherme.
- Eu sou o Bruno e ele é o Caio!
- Oi, Caio!
- Oi...
- Você está sozinho, Guilherme? – meu namorado tentou segurar a emoção.
- Sim...
- E... Onde estão seus pais?
- Eu não sei! – o menino não estava chorando, mas estava triste.
- E você tem quantos anos?
- 8.
- Você está com fome?
- Uhum.
- E você gosta de bolacha recheada?
- Gosto.
Uma lágrima escapou no meu rosto.
Bruno pegou dois pacotes de bolacha recheada e entregou pro menino.
- É pra você!
- Obrigado... – o menino segurou os pacotes de bolacha. As mãozinhas dele estavam muito sujas.
- Olha o que a tia tem pra você, Guilherme – Bruna agachou também na frente do garoto e entregou uma bola pra ele. – Você gosta de futebol?
- Eu gosto sim, moça...
- Você quer essa bola?
- Sim!
- Então ela é sua!
- Obrigado...
- Você não tem ninguém cuidando de você? – a voz do meu namorado estava embargada.
- Não... Eu estou sozinho... Não sei onde estão meus pais...
Bruno chorou pra valer.
- Eu... Posso te dar um abraço? – meu namorado secou as lágrimas.
- Pode sim...
Meu namorado agarrou aquele menino e ficou abraçado com ele por um tempão. Essa cena mexeu demais comigo, demais mesmo.
- Que foi, Caio? – Rodrigo se preocupou quando me viu aos prantos.
- O Bruno... Encontrou um garotinho... Que provavelmente ficou órfão...
- Que triste!
- Eu não vou conseguir ficar aqui por muito tempo, não vou mesmo!
- Está muito difícil ficar aqui, é sério.
Naquela altura do campeonato, já havia mais de 300 mortos se eu não estou enganado. Pelo que se sabe, o número de vítimas fatais que foi divulgado pelo governo é de mais de 900, mas existem pessoas que afirmam que esse número é muito maior. Essa foi uma verdadeira catástrofe que o Estado do Rio sofreu em 2.011.
Nós voltamos pra casa com sensação de missão cumprida, mas com os corações abalados. Fizemos as doações, principalmente as doações em dinheiro, para as famílias que perderam absolutamente tudo. E é claro que quem recebeu os donativos ficou eternamente agradecido.
Não conseguimos uma quantia avassaladora em dinheiro, mas o que levamos já era alguma coisa. A empresa ia continuar com as arrecadações e nós voltaríamos naquele lugar mais pra frente. Eu estava rezando para que na nossa volta, tudo estivesse melhor.
- Hoje eu não vou querer fazer mais nada, a não ser dormir – Bruno caiu na cama de bruços.
- É eu também. Estou muito chocado com tudo que vi naquele lugar.
- Nem me fala. Nem me fala. A imagem daquele garotinho não sai da minha cabeça nunca mais. Será que os pais dele morreram, amor?
- Eu não queria ser pessimista – fiz carinho no rostinho dele –, mas é provável que sim. Existem muitas pessoas desaparecidas naquele lugar.
- Vamos rezar pra Deus amenizar aquela situação? Por favor?
- Vamos, anjo! Vamos rezar sim e Deus vai nos ouvir!
Ele estava muito mal, mas não era pra menos. A situação em Teresópolis e Nova Friburgo realmente estava complicada. Era desolante.
- Sabe de uma coisa? – continuei fazendo carinho no rosto do meu namorado.
- O quê?
- Depois de hoje eu amo você mil vezes mais, sabia?
- E por quê?
- Porque a imagem de você ajudando aquelas pessoas nunca mais vai sair da minha cabeça. Você é um ser humano abençoado, Bruno!
Ele ficou calado, só me olhando. Os olhos dele estavam muito azuis naquele dia.
- Eu te amo muito, Bruno! Nunca se esqueça disso.
- Eu amo você também, Caio.
- Aconteça o que acontecer, nunca esqueça do amor que eu sinto por você.
- Não vai acontecer nada, Deus não vai permitir.
- Só quero que saiba que eu nunca vou abandonar você, eu prometo!
- Eu também prometo que nunca sairei do seu lado. Nunca!
Passado todo aquele choque que nós vivemos no domingo em que
fomos visitar as vítimas da chuva na Região Serrana do Rio, aos poucos as
nossas vidas foram voltando ao normal.
Eu ainda me sentia muito balançado e as imagens dos mortos e dos desabrigados não saiam mais da minha mente, mas aos poucos eu sabia que ficaria bem e voltaria ao normal. Eu tentei tocar a minha vida como pude e da melhor forma possível. O Bruno fez a mesma coisa.
- Oi, amigo! Posso sentar?
- Claro, Alexia! Precisa de ajuda com alguma coisa?
- Não, não. Eu só queria ver como está o meu rendimento neste mês.
- Ah, tá! Deixa eu abrir aqui o sistema...
- E você está mais acostumado com o cargo?
- Acostumado eu estou, mas gostando não. É muita responsabilidade. Talvez se eu ficasse só com uma equipe eu gostasse mais. Diz a matrícula?
Acompanhei o rendimento da minha amiga. Ela estava dentro do esperado.
- Você está bem nesse mês. Parabéns!
- Obrigada! Pensei que não estava tão bem assim.
- Está sim. Relaxe.
- Caio, é verdade que vai ter contratação?
- É sim! Você quer indicar alguém?
- Sim...
- Quem seria?
- Uma prima! Como faço?
- Pede pra ela me mandar um currículo por e-mail. Eu mando pra Duda e ela vê como faz.
- Não será você que fará as entrevistas?
- Sim, mas o aval final será da Eduarda.
- Entendi. E quando começam as entrevistas?
- Daqui dois dias. Já estamos entrando em contato com alguns interessados. Pede pra ela mandar ainda hoje se possível.
- Mas qual o e-mail.
Eu anotei meu e-mail da empresa num papel e entreguei pra Alexia.
- Eu amo a sua letra! É linda.
- Obrigado, amiga.
Nesse momento o telefone tocou e a Alexia quase caiu da cadeira.
- QUE SUSTO, PO...
- Olha a boca! – eu gargalhei. Ela ficou assustada pra valer.
- Esse telefone tem o toque muito alto. E é horroroso!
- Gerência, Caio?
- Sou eu!
- Diga, Duda?
- Já ligou para todos as pessoas que vamos entrevistar?
- Ainda não! Eu marco tudo pro mesmo dia?
- Exatamente.
- Mas será apenas entrevista ou terá dinâmica em grupo?
- Dinãmica também. Avisa que é tudo no mesmo dia.
- Beleza. Eu ligo ainda hoje.
- Falou. Era só.
- Beijo.
- Outro.
- Era a Duda?
- Aham!
- Por que não perguntou da Dani? Nunca mais soube dela.
- Ela está bem – falei. – E a Mila?
- Bem também. Já tem um monte de dentinhos.
- Que linda! Você tem que trazê-la aqui, moça!
- Eu mesmo não. Esse povo recalcado vai colocar olho gordo na minha princesa.
- E quando vem o próximo?
- Só Deus sabe quando. Acho que daqui uns 10 anos.
- Daqui a 10 anos você não vai ser mais mãe, você vai ser avó do seu filho.
- Oi? – Alexia ficou louca com a minha brincadeira. – Fiquei branca passada na farinha de trigo agora! Até perdi o rumo.
- É brincadeira!
- Brincadeira, né? Quando você aparecer com a cueca cheia de pó de mico você acha ruim! Desgraçado!
- Você não seria capaz de fazer isso comigo, já não me basta a Janaína ter feito isso no passado.
- Você que pensa que eu não seria capaz. Você não me conhece.
- Ai, Alexia! Eu preciso de um favor...
- Agora você me pede favor? Sou velha demais pra te ajudar!
- É sério, doida! Quando você vai no sex shop?
- Hum... Gostou, né?
Fiquei vermelho.
- Eu não to tendo tempo pra ir lá, quando você vai?
- Acho que na semana que vem.
- Você poderia trazer os óleos pra mim?
- Já acabou, Caio?
- Já... – eu ri.
- Eita porra!
- Você traz?
- Trago, menino! Só os óleos?
- Aham. Pra comprar outra coisa eu precisaria ver primeiro.
- Eu tive proposta pra vender a revista da loja, mas não sei se é legal...
- O que você está esperando, criatura? Pega essa revista que resolveria a vida de muita gente!
- Ainda estou pensando, amigo.
- Vai, menina! Pega essa revista e vem me mostrar, prometo que serei seu cliente fiel.
- Se é assim... Eu vou pensar melhor então.
- Isso aí! Pensa sim. Ei, vamos fazer uma coisa... Me dá o telefone da sua prima que eu vou ligar pra ela pra agendar as entrevistas!
- Sério? Sem currículo?
- Eu peço pra ela trazer depois de amanhã. Anda, me dá o número dela!
Liguei pra prima da Alexia, que se chamava Alexandra e agendei uma entrevista para dali dois dias. A mulher ficou muito feliz.
- Pronto. Ela vai vir. Mandou te agradecer pela indicação.
- Ai, que bom! Obrigada por ser tão legal comigo!
- Imagina! Conte comigo sempre que você quiser.
- Obrigada, amigo. Digo o mesmo!
- ESPERA AÍ, ALEXIA!
- Sangue de Jesus, que foi, menino? – ela voltou correndo.
- Como está a Mimosa? – meus olhos brilharam.
- Ah! Ela está linda e bela como a mãe aqui.
- Quando ela vai ter neném? Eu fiquei esperando da outra vez e você disse que era gravidez psicológica!
- Mas era, peste! Os peitinhos dela ficaram até cheios de leite e no fim das contas ela não estava grávida. Era invenção da cabeça da pobre. Que lástima!
- Sei!

- É verdade, Caio! Não acredita em mim por quê?
Segundo a Alexia, a gatinha dela teve gravidez psicológica, mas eu não levei aquilo a sério. Será que existia isso mesmo?!
Eu ainda me sentia muito balançado e as imagens dos mortos e dos desabrigados não saiam mais da minha mente, mas aos poucos eu sabia que ficaria bem e voltaria ao normal. Eu tentei tocar a minha vida como pude e da melhor forma possível. O Bruno fez a mesma coisa.
- Oi, amigo! Posso sentar?
- Claro, Alexia! Precisa de ajuda com alguma coisa?
- Não, não. Eu só queria ver como está o meu rendimento neste mês.
- Ah, tá! Deixa eu abrir aqui o sistema...
- E você está mais acostumado com o cargo?
- Acostumado eu estou, mas gostando não. É muita responsabilidade. Talvez se eu ficasse só com uma equipe eu gostasse mais. Diz a matrícula?
Acompanhei o rendimento da minha amiga. Ela estava dentro do esperado.
- Você está bem nesse mês. Parabéns!
- Obrigada! Pensei que não estava tão bem assim.
- Está sim. Relaxe.
- Caio, é verdade que vai ter contratação?
- É sim! Você quer indicar alguém?
- Sim...
- Quem seria?
- Uma prima! Como faço?
- Pede pra ela me mandar um currículo por e-mail. Eu mando pra Duda e ela vê como faz.
- Não será você que fará as entrevistas?
- Sim, mas o aval final será da Eduarda.
- Entendi. E quando começam as entrevistas?
- Daqui dois dias. Já estamos entrando em contato com alguns interessados. Pede pra ela mandar ainda hoje se possível.
- Mas qual o e-mail.
Eu anotei meu e-mail da empresa num papel e entreguei pra Alexia.
- Eu amo a sua letra! É linda.
- Obrigado, amiga.
Nesse momento o telefone tocou e a Alexia quase caiu da cadeira.
- QUE SUSTO, PO...
- Olha a boca! – eu gargalhei. Ela ficou assustada pra valer.
- Esse telefone tem o toque muito alto. E é horroroso!
- Gerência, Caio?
- Sou eu!
- Diga, Duda?
- Já ligou para todos as pessoas que vamos entrevistar?
- Ainda não! Eu marco tudo pro mesmo dia?
- Exatamente.
- Mas será apenas entrevista ou terá dinâmica em grupo?
- Dinãmica também. Avisa que é tudo no mesmo dia.
- Beleza. Eu ligo ainda hoje.
- Falou. Era só.
- Beijo.
- Outro.
- Era a Duda?
- Aham!
- Por que não perguntou da Dani? Nunca mais soube dela.
- Ela está bem – falei. – E a Mila?
- Bem também. Já tem um monte de dentinhos.
- Que linda! Você tem que trazê-la aqui, moça!
- Eu mesmo não. Esse povo recalcado vai colocar olho gordo na minha princesa.
- E quando vem o próximo?
- Só Deus sabe quando. Acho que daqui uns 10 anos.
- Daqui a 10 anos você não vai ser mais mãe, você vai ser avó do seu filho.
- Oi? – Alexia ficou louca com a minha brincadeira. – Fiquei branca passada na farinha de trigo agora! Até perdi o rumo.
- É brincadeira!
- Brincadeira, né? Quando você aparecer com a cueca cheia de pó de mico você acha ruim! Desgraçado!
- Você não seria capaz de fazer isso comigo, já não me basta a Janaína ter feito isso no passado.
- Você que pensa que eu não seria capaz. Você não me conhece.
- Ai, Alexia! Eu preciso de um favor...
- Agora você me pede favor? Sou velha demais pra te ajudar!
- É sério, doida! Quando você vai no sex shop?
- Hum... Gostou, né?
Fiquei vermelho.
- Eu não to tendo tempo pra ir lá, quando você vai?
- Acho que na semana que vem.
- Você poderia trazer os óleos pra mim?
- Já acabou, Caio?
- Já... – eu ri.
- Eita porra!
- Você traz?
- Trago, menino! Só os óleos?
- Aham. Pra comprar outra coisa eu precisaria ver primeiro.
- Eu tive proposta pra vender a revista da loja, mas não sei se é legal...
- O que você está esperando, criatura? Pega essa revista que resolveria a vida de muita gente!
- Ainda estou pensando, amigo.
- Vai, menina! Pega essa revista e vem me mostrar, prometo que serei seu cliente fiel.
- Se é assim... Eu vou pensar melhor então.
- Isso aí! Pensa sim. Ei, vamos fazer uma coisa... Me dá o telefone da sua prima que eu vou ligar pra ela pra agendar as entrevistas!
- Sério? Sem currículo?
- Eu peço pra ela trazer depois de amanhã. Anda, me dá o número dela!
Liguei pra prima da Alexia, que se chamava Alexandra e agendei uma entrevista para dali dois dias. A mulher ficou muito feliz.
- Pronto. Ela vai vir. Mandou te agradecer pela indicação.
- Ai, que bom! Obrigada por ser tão legal comigo!
- Imagina! Conte comigo sempre que você quiser.
- Obrigada, amigo. Digo o mesmo!
- ESPERA AÍ, ALEXIA!
- Sangue de Jesus, que foi, menino? – ela voltou correndo.
- Como está a Mimosa? – meus olhos brilharam.
- Ah! Ela está linda e bela como a mãe aqui.
- Quando ela vai ter neném? Eu fiquei esperando da outra vez e você disse que era gravidez psicológica!
- Mas era, peste! Os peitinhos dela ficaram até cheios de leite e no fim das contas ela não estava grávida. Era invenção da cabeça da pobre. Que lástima!
- Sei!
- É verdade, Caio! Não acredita em mim por quê?
Segundo a Alexia, a gatinha dela teve gravidez psicológica, mas eu não levei aquilo a sério. Será que existia isso mesmo?!
Duda e eu quase ficamos loucos com tantas entrevistas. Eu
fiquei responsável por uma parte e ela ficou responsável por outra. Escrevi demais
naquele dia e a minha mão ficou doendo.
- E você tem algum hobby, Andaluza? – perguntei.
- Tenho vários.
- Qual o seu favorito?
- O meu favorito é um azul com rendinhas na barra da saia e no colarinho.
- Oi? – eu fiquei perdido com aquela informação.
- Meu robe preferido é um azul de seda...
- Não, não, Andaluza – Duda estava séria. – Nós queremos saber qual o seu hobby preferido, não sua camisola. A gente quer saber o que você gosta de fazer no dia-a-dia, um lazer...
- Ah, sim! Me perdoem. Eu gosto de ler.
Eu tive que fazer um esforço descomunal para não dar risada na frente da candidata e isso quase não foi possível. Eu fiquei com meus olhos lacrimejando de tanta força que fiz para segurar a minha gargalhada.

- Perfeito, Andaluza – falou Eduarda, depois de uns 10 minutos. – Nós entraremos em contato caso você seja selecionada. Retornaremos ainda hoje.
- Tudo bem, muito obrigada!
- Por nada! Bom dia!
- Bom dia!
- Bom dia – eu falei, quase rindo.
E bastou ela fechar a porta para eu soltar o riso que estava preso na minha garganta.
- Quer parar de rir? – mas a Eduarda também riu.
- Camisola... Foi... Foda...
Eduarda riu tanto ou mais que eu. Confesso que fiquei envergonhado da minha superiora, porque eu tive um verdadeiro ataque de riso naquele momento.
- Caio... Vai pegar uma água pra gente, vai!
- Já volto...
Saí e o povo ficou me perguntando porque eu estava rindo.
- Não é nada, Alexia. Depois te conto em particular.
- Estou curiosa!
Falei naquele momento mesmo e ela também riu.
- Vocês vão contratá-la?
- Claro que não! Que erro grotesco!
- Coitada, Caio!
- Coitado de mim! Eu mereço uma coisa dessas não, meu Deus.
- Coitadinha... Ela é de idade?
- Não. Ela tem 35 anos.
- Gente... Como pode ser tão burra?
- Pois é. Essa daí é carta fora do baralho, com certeza. Estou apenas seguindo as lições que aprendi na faculdade, minha cara. E é claro, seguindo as ordens da Duda. Eu não mando em nada, só obedeço.
- E você tem algum hobby, Andaluza? – perguntei.
- Tenho vários.
- Qual o seu favorito?
- O meu favorito é um azul com rendinhas na barra da saia e no colarinho.
- Oi? – eu fiquei perdido com aquela informação.
- Meu robe preferido é um azul de seda...
- Não, não, Andaluza – Duda estava séria. – Nós queremos saber qual o seu hobby preferido, não sua camisola. A gente quer saber o que você gosta de fazer no dia-a-dia, um lazer...
- Ah, sim! Me perdoem. Eu gosto de ler.
Eu tive que fazer um esforço descomunal para não dar risada na frente da candidata e isso quase não foi possível. Eu fiquei com meus olhos lacrimejando de tanta força que fiz para segurar a minha gargalhada.
- Perfeito, Andaluza – falou Eduarda, depois de uns 10 minutos. – Nós entraremos em contato caso você seja selecionada. Retornaremos ainda hoje.
- Tudo bem, muito obrigada!
- Por nada! Bom dia!
- Bom dia!
- Bom dia – eu falei, quase rindo.
E bastou ela fechar a porta para eu soltar o riso que estava preso na minha garganta.
- Quer parar de rir? – mas a Eduarda também riu.
- Camisola... Foi... Foda...
Eduarda riu tanto ou mais que eu. Confesso que fiquei envergonhado da minha superiora, porque eu tive um verdadeiro ataque de riso naquele momento.
- Caio... Vai pegar uma água pra gente, vai!
- Já volto...
Saí e o povo ficou me perguntando porque eu estava rindo.
- Não é nada, Alexia. Depois te conto em particular.
- Estou curiosa!
Falei naquele momento mesmo e ela também riu.
- Vocês vão contratá-la?
- Claro que não! Que erro grotesco!
- Coitada, Caio!
- Coitado de mim! Eu mereço uma coisa dessas não, meu Deus.
- Coitadinha... Ela é de idade?
- Não. Ela tem 35 anos.
- Gente... Como pode ser tão burra?
- Pois é. Essa daí é carta fora do baralho, com certeza. Estou apenas seguindo as lições que aprendi na faculdade, minha cara. E é claro, seguindo as ordens da Duda. Eu não mando em nada, só obedeço.
A verdade é que já fazia quase duas semanas que eu estava na
gerência e eu já estava acostumado. A única coisa que não consegui acostumar
foi com o cansaço.
- Quer uma massagem? – ele mordeu minha orelha.
- Quero sexo – falei.
- Nossa! Que reto você!
- E quero agora – puxei o Bruno e acabei rasgando a camiseta dele.
- Nossa, amor... Me deixou excitado com essa selvageria!
- Ficou? – mordi o lábio dele. – Quero ver se ficou mesmo.
- É só você segurar pra comprovar.

Segurei, beijei e chupei o dote do meu namorado. Ele ficou mesmo bastante excitado. Nós tivemos uma noite de sexo bem divertida e prazerosa, mesmo eu estando me sentindo cansado.
Na manhã seguinte a Alexia me apareceu com a revista do sex shop em mãos. Eu adorei aquela novidade!
- Adorei! Posso levar pra ver no almoço? E você sabe que aqui dentro não pode vender, né?
- Sim eu sei, não se preocupe. Pode levar sim.
- Quando você vai mandar o pedido? E quando chega?
- Mandarei o pedido daqui uma semana e as coisas chegam no começo de fevereiro.
- Tão longe?
- É sim. É que as coisas vão vir da fábrica direto pra minha casa, por isso demora um pouco.
- Entendi. Não tem problema não, dá pra esperar. A comissão pra você vai ser boa?
- Sim se eu vender bastante sim.
- Tenho certeza que venderá muito.
- Deus te ouça.
- Eu já trago de volta. Anoto na revista mesmo ou num papel?
- Num papel. Código e página do produto, por favor.
- Beleza. Já volto. Se alguém perguntar de mim, pede pra ligar no corporativo.
- Pode deixar.
Saí da loja, fui pra praça de alimentação e enquanto almocei, fiquei olhando as coisas daquela revista. Era um produto mais depravado que o outro.

- Hum... Camisinha de morango? Eu quero!
Anotei o código desse produto e continuei olhando as demais ofertas da revista. Fiquei tentado com muitas coisas.
Comprei também os óleos que esquentava, esfriava e adormecia e pra finalizar, uma algema. Eu ia fazer o Bruno de gato e sapato quando aqueles produtos chegassem, ou eu não me chamaria Caio Monteiro.
- Oi, amor! – atendi.
- Oi, tudo bem?
- Uhum e você? E essa vozinha?
- O número de mortos aumentou. Já passa de 700!
- Ah, Bruno... A gente sabe que seria assim!
- Quando a gente vai voltar lá, hein?
- Não sei! Não sei quando o Antony vai liberar de novo a van... Vou perguntar pra ele.
- Eu queria ir o mais rápido possível...
- A gente vê, amor. Infelizmente eu não estou com folga...
- Sei disso, mas a gente tem que dar um jeito. Eu consegui mais dinheiro aqui na empresa.
- Aqui também a gente já conseguiu muita roupa, muita comida...
- Então a gente tem que ir, Caio!
- Espera, estão me ligando aqui...
- Eu te ligo mais tarde então!
- Eu retorno pra você em seguida, pode ser?
- Beleza, amor. Estou esperando. Beijo!
- Outro – desliguei meu celular e atendi o corporativo. – Caio?
- Oi, sou eu.
- Diga, Duda?
- Está almoçando?
- Uhum! Algum problema?
- Sim e eu preciso de sua ajuda.
- Que houve?
- Uma reclamação que veio de um vendedor da tarde, um tal de Cícero. Quem é ele?
- Ele é do som e imagem, por que? O que ele fez?
- O cliente ligou no SAC reclamando que esse vendedor destratou a mãe dele. você está em cópia no e-mail, verifica isso pra mim?
- Claro, mas eu tenho certeza que ele vai negar.
- Isso é óbvio. Qual o perfil dele?
- Ele não é um mal funcionário. Nós nunca tivemos reclamações dele, não que eu saiba pelo menos.
- Verifica o histórico pra mim e dá o feedback.
- Pode deixar.
- É só isso, obrigada.
- Duda?
- Oi?
- Sabe me dizer quando a gente vai voltar em Friburgo?
- Ah, é! Estava esquecendo... O Anton disse que nós iremos no domingo novamente. Pode chamar o Bruno se quiser.
- Ele acabou de me perguntar isso. Posso chamar os meninos de novo?
- Claro que sim.
- Obrigado, chefa! Pode deixar que eu verifico o que você me pediu e te posiciono por e-mail.
- Beleza. Não precisa sancionar o colaborador, tá?
- Não iria fazer isso, não se preocupe.
- Perfeito! Obrigada.
- Eu é que agradeço.
Desliguei, liguei pro Bruno – do corporativo porque eu não era bobo – e contei a novidade pra ele. Meu namorado ficou muito feliz.
- Que bom, anjo! Obrigado!
- De nada, anjinho. Agora eu vou voltar pra loja, tá?
- Tudo bem, vai lá! Beijo!
- Outro. Eu te amo muito.
- Eu também te amo.
Voltei pra filial, escovei os dentes e procurei a Alexia. Entreguei a revista com os meus pedidos e em seguida fui logo falando com o Cícero.
- Senta aqui, por favor.
- Eu fiz alguma coisa errada?
- Não. Quer dizer, acho que não.
Contei o que estava acontecendo e o vendedor negou até o último que tivesse destratado a cliente.
- Sabe por que ela fez isso? Porque eu disse pra mãe dela que não poderia conceder desconto, que não era competência minha e que o produto já estava em promoção. Por isso ela reclamou de mim.
- Mas quando for assim você me chamam que eu vejo o que faço, tá?
- Tudo bem, Caio! Desculpa, eu prometo que não vai acontecer novamente.
- Acredito em você. É só uma orientação, tá?
- Uhum, mas mesmo assim me desculpa.
- Imagina! Tem que pedir desculpas não. Pode voltar, Cicero.
- Beleza. Obrigado, Caio!
- Eu é que agradeço!
Respondi ao e-mail informando qual foi a ação tomada e explicando que o funcionário estava devidamente orientado. Eu odiava responder esses e-mails que vinham do SAC.
- Já fez o que te pedi? – a Duda estava me ligando de novo.
- Acabei de responder ao e-mail.
- E por que eu não recebi?
- Aí eu já não sei. Você está em cópia. Sua caixa não está cheia?
- Ah... Agora chegou!
- Viu só?
- Obrigada!
- Duda?
- Diga?
- Queria fazer uma campanha motivacional...
- E como seria essa campanha?
- Eu queria dar um balde cheio de chocolates pro vendedor que ficasse em primeiro lugar nas vendas durante uma semana.
- Pra ambos os períodos?
- Isso!
- Ah, legal! Você pode fazer um breffying pra eu analisar?
- Te mando daqui 30 minutos.
- Já?
- Comigo as coisas são assim. Eu penso e faço. Não deixo pra depois o que pode ser feito hoje.
- Excelente. Então eu estou esperando.
- Beleza. Obrigado. Amanhã você vem, né?
- Sim! Já ligou pra todos os selecionados pra fazerem a última entrevista?
- Já sim! Eles vêm todos amanhã no período da manhã.
- Ótimo. Ah, Caio... Depois que as contratações forem efetivadas, eu quero que você faça uma relação de 15 colaboradores por período que você queira desligar.
- Mentira que você vai fazer uma coisa dessas comigo?
- Não! Você é quem vai decidir.
- E se eu fizer errado, Duda? Não quero prejudicar ninguém.
- Você saberá o que fazer. Acompanhe o histórico dos colaboradores pelo sistema, da mesma forma que nós fizemos quando você ficou no lugar do Jonas, lembra?
- Sim!
- É isso.
- Quando eu tenho que mandar essa relação?
- O quanto antes melhor.
- Envio isso em 24 horas, pode ser?
- Vai dar conta de tudo?
- Com certeza!
- To gostando de ver.
- Valeu! Beijo.
- Outro.
Fiz a proposta da campanha motivacional que queria criar e quando ficou pronta, mandei pro e-mail da Duda com cópia pra Janaína e pro Jonas. Fiquei na torcida para que ela aceitasse a minha campanha. Era boba, mas iria motivar o pessoal.
O Bruno estava tão compreensível com a minha nova função na loja que nem estava cobrando saída nem nada do gênero. Ele foi um verdadeiro gentleman com a etapa que eu estava vivendo naquele momento.
- Não tem problema, amor! Quando você puder, a gente sai. Não se preocupe.
- Você é lindo demais, Bruno!
Jà no dia seguinte a Eduarda apareceu com um documento timbrado e assinado, onde ela autorizava eu retirar dinheiro do caixa da empresa para comprar os chocolates. A minha campanha estava aprovada.
- Obrigado, Duda!
- De nada, meu lindo. É assim que se faz. Sempre que tiver campanhas, é só mandar o e-mail direto, tá?
- Tudo bem. Vou bolar mais uma depois dessa.
- É isso aí! Os candidatos já chegaram?
- Sim, sim. Já estão todos aí fora esperando.
- Chama de um em um pra mim, por favor.
- Pode deixar, Duda.
Acabou que ela aprovou todos. Eram exatamente 30 funcionários, o número que nós iríamos desligar.
- Pronto – ela suspirou. – Terminei com o último. Me faz um favor?
- O que você quiser.
- Manda um e-mail pro RH informando que haverá contratação, juntamente coma relação de nomes dos selecionados e horários que eles farão para eles fazerem os contratos e nos enviarem por FAX, por favor.
- É pra já!
- E você já decidiu quem quer desligar?
- Do período tarde está pronto, só falta o período manhã.
- Sério? Caraca, você está rápido, hein?
- Estou fazendo o meu melhor.
- E está fazendo muito bem! To gostando de ver.
- Valeu! Já mando o e-mail e ainda hoje mando a relação dos desligamentos.
- Perfeito. Obrigada! Qualquer coisa vem aqui.
- Pode deixar.
Antes de tudo, fui no caixa e descontei a ordem de pagamento. Eu precisava bolar uma campanha similar pras meninas do caixa, do crediário e pros caras do estoque. Eles não estavam inclusos na campanha.
E a campanha foi um sucesso. O povo adorava chocolate e todo mundo ficou na expectativa pra ganhar as guloseimas.
- Boa sorte à todos e vamos que vamos, quero que todo mundo arrepie nas vendas – falei.
- Esses chocolates serão meus! – disse Alexia.
- Quero só ver!
No meu horário de almoço, eu comprei os chocolates, o baldinho e deixei tudo em cima da minha mesa provisória, para que todos vissem que eu não estava brincando. É claro que eu enrolei tudo em um papel transparente, pra ninguém roubar os chocolates, não é? E nem eu mesmo, claro.
- Jana?
- Como ousa me atrapalhar no meu banho de sol, branquelo anêmico e apático?
- Preciso da sua ajuda, quenga velha!
- Filho da puta, tu me liga enquanto eu to na beira do mar pra me falar de trabalho? É isso mesmo, assistente de palco?
- Cala a boca e me ouve: preciso mandar 15 funcionarios seus embora. Quem mando?
- Ah, é!!! Eu já sabia que isso ia acontecer. Eu já tenho a lista pronta. Está na minha pasta. Pega lá! Já tem os 15.
- Salvou a minha vida, Janaína! Obrigado. Não te incomodarei mais. Beijos!
O tempo foi passando e o meu cansaço só foi aumentando. No domingo, quando nós resolvemos voltar na área da chuva, eu estava parecendo um zumbi.
- Estou com dó de você – falou Fabrício. – Você está morto!
- Praticamente – eu bocejei. – E o Nícolas?
- Está bem. Eu deixei ele com a Bruna.
- O Vini está de plantão hoje, né?
- Sim, sim.
Mais uma vez nós nos emocionamos muito. A região estava ainda pior, mesmo a chuva já tendo passado. A sensação que ficava era de impotência.
E pra minha total surpresa, o Bruno acabou encontrando o mesmo garotinho que vimos da primeira vez que fomos naquele lugar. Por sorte, ele já tinha reencontrado a mãe, mas o pai tinha falecido.
- Graças a Deus que ele encontrou a mãe – meu namorado ficou todo feliz.
- É sim! Graças a Deus mesmo.
Os trabalhos daquela época era pra tirar os mortos dos escombros e pra encontrar quem estava desaparecido. Ainda havia muita lama por todos os lados. Nós saímos de lá acabados, como da primeira vez, mas novamente com sensação de dever cumprido.
- Quer uma massagem? – ele mordeu minha orelha.
- Quero sexo – falei.
- Nossa! Que reto você!
- E quero agora – puxei o Bruno e acabei rasgando a camiseta dele.
- Nossa, amor... Me deixou excitado com essa selvageria!
- Ficou? – mordi o lábio dele. – Quero ver se ficou mesmo.
- É só você segurar pra comprovar.
Segurei, beijei e chupei o dote do meu namorado. Ele ficou mesmo bastante excitado. Nós tivemos uma noite de sexo bem divertida e prazerosa, mesmo eu estando me sentindo cansado.
Na manhã seguinte a Alexia me apareceu com a revista do sex shop em mãos. Eu adorei aquela novidade!
- Adorei! Posso levar pra ver no almoço? E você sabe que aqui dentro não pode vender, né?
- Sim eu sei, não se preocupe. Pode levar sim.
- Quando você vai mandar o pedido? E quando chega?
- Mandarei o pedido daqui uma semana e as coisas chegam no começo de fevereiro.
- Tão longe?
- É sim. É que as coisas vão vir da fábrica direto pra minha casa, por isso demora um pouco.
- Entendi. Não tem problema não, dá pra esperar. A comissão pra você vai ser boa?
- Sim se eu vender bastante sim.
- Tenho certeza que venderá muito.
- Deus te ouça.
- Eu já trago de volta. Anoto na revista mesmo ou num papel?
- Num papel. Código e página do produto, por favor.
- Beleza. Já volto. Se alguém perguntar de mim, pede pra ligar no corporativo.
- Pode deixar.
Saí da loja, fui pra praça de alimentação e enquanto almocei, fiquei olhando as coisas daquela revista. Era um produto mais depravado que o outro.
- Hum... Camisinha de morango? Eu quero!
Anotei o código desse produto e continuei olhando as demais ofertas da revista. Fiquei tentado com muitas coisas.
Comprei também os óleos que esquentava, esfriava e adormecia e pra finalizar, uma algema. Eu ia fazer o Bruno de gato e sapato quando aqueles produtos chegassem, ou eu não me chamaria Caio Monteiro.
- Oi, amor! – atendi.
- Oi, tudo bem?
- Uhum e você? E essa vozinha?
- O número de mortos aumentou. Já passa de 700!
- Ah, Bruno... A gente sabe que seria assim!
- Quando a gente vai voltar lá, hein?
- Não sei! Não sei quando o Antony vai liberar de novo a van... Vou perguntar pra ele.
- Eu queria ir o mais rápido possível...
- A gente vê, amor. Infelizmente eu não estou com folga...
- Sei disso, mas a gente tem que dar um jeito. Eu consegui mais dinheiro aqui na empresa.
- Aqui também a gente já conseguiu muita roupa, muita comida...
- Então a gente tem que ir, Caio!
- Espera, estão me ligando aqui...
- Eu te ligo mais tarde então!
- Eu retorno pra você em seguida, pode ser?
- Beleza, amor. Estou esperando. Beijo!
- Outro – desliguei meu celular e atendi o corporativo. – Caio?
- Oi, sou eu.
- Diga, Duda?
- Está almoçando?
- Uhum! Algum problema?
- Sim e eu preciso de sua ajuda.
- Que houve?
- Uma reclamação que veio de um vendedor da tarde, um tal de Cícero. Quem é ele?
- Ele é do som e imagem, por que? O que ele fez?
- O cliente ligou no SAC reclamando que esse vendedor destratou a mãe dele. você está em cópia no e-mail, verifica isso pra mim?
- Claro, mas eu tenho certeza que ele vai negar.
- Isso é óbvio. Qual o perfil dele?
- Ele não é um mal funcionário. Nós nunca tivemos reclamações dele, não que eu saiba pelo menos.
- Verifica o histórico pra mim e dá o feedback.
- Pode deixar.
- É só isso, obrigada.
- Duda?
- Oi?
- Sabe me dizer quando a gente vai voltar em Friburgo?
- Ah, é! Estava esquecendo... O Anton disse que nós iremos no domingo novamente. Pode chamar o Bruno se quiser.
- Ele acabou de me perguntar isso. Posso chamar os meninos de novo?
- Claro que sim.
- Obrigado, chefa! Pode deixar que eu verifico o que você me pediu e te posiciono por e-mail.
- Beleza. Não precisa sancionar o colaborador, tá?
- Não iria fazer isso, não se preocupe.
- Perfeito! Obrigada.
- Eu é que agradeço.
Desliguei, liguei pro Bruno – do corporativo porque eu não era bobo – e contei a novidade pra ele. Meu namorado ficou muito feliz.
- Que bom, anjo! Obrigado!
- De nada, anjinho. Agora eu vou voltar pra loja, tá?
- Tudo bem, vai lá! Beijo!
- Outro. Eu te amo muito.
- Eu também te amo.
Voltei pra filial, escovei os dentes e procurei a Alexia. Entreguei a revista com os meus pedidos e em seguida fui logo falando com o Cícero.
- Senta aqui, por favor.
- Eu fiz alguma coisa errada?
- Não. Quer dizer, acho que não.
Contei o que estava acontecendo e o vendedor negou até o último que tivesse destratado a cliente.
- Sabe por que ela fez isso? Porque eu disse pra mãe dela que não poderia conceder desconto, que não era competência minha e que o produto já estava em promoção. Por isso ela reclamou de mim.
- Mas quando for assim você me chamam que eu vejo o que faço, tá?
- Tudo bem, Caio! Desculpa, eu prometo que não vai acontecer novamente.
- Acredito em você. É só uma orientação, tá?
- Uhum, mas mesmo assim me desculpa.
- Imagina! Tem que pedir desculpas não. Pode voltar, Cicero.
- Beleza. Obrigado, Caio!
- Eu é que agradeço!
Respondi ao e-mail informando qual foi a ação tomada e explicando que o funcionário estava devidamente orientado. Eu odiava responder esses e-mails que vinham do SAC.
- Já fez o que te pedi? – a Duda estava me ligando de novo.
- Acabei de responder ao e-mail.
- E por que eu não recebi?
- Aí eu já não sei. Você está em cópia. Sua caixa não está cheia?
- Ah... Agora chegou!
- Viu só?
- Obrigada!
- Duda?
- Diga?
- Queria fazer uma campanha motivacional...
- E como seria essa campanha?
- Eu queria dar um balde cheio de chocolates pro vendedor que ficasse em primeiro lugar nas vendas durante uma semana.
- Pra ambos os períodos?
- Isso!
- Ah, legal! Você pode fazer um breffying pra eu analisar?
- Te mando daqui 30 minutos.
- Já?
- Comigo as coisas são assim. Eu penso e faço. Não deixo pra depois o que pode ser feito hoje.
- Excelente. Então eu estou esperando.
- Beleza. Obrigado. Amanhã você vem, né?
- Sim! Já ligou pra todos os selecionados pra fazerem a última entrevista?
- Já sim! Eles vêm todos amanhã no período da manhã.
- Ótimo. Ah, Caio... Depois que as contratações forem efetivadas, eu quero que você faça uma relação de 15 colaboradores por período que você queira desligar.
- Mentira que você vai fazer uma coisa dessas comigo?
- Não! Você é quem vai decidir.
- E se eu fizer errado, Duda? Não quero prejudicar ninguém.
- Você saberá o que fazer. Acompanhe o histórico dos colaboradores pelo sistema, da mesma forma que nós fizemos quando você ficou no lugar do Jonas, lembra?
- Sim!
- É isso.
- Quando eu tenho que mandar essa relação?
- O quanto antes melhor.
- Envio isso em 24 horas, pode ser?
- Vai dar conta de tudo?
- Com certeza!
- To gostando de ver.
- Valeu! Beijo.
- Outro.
Fiz a proposta da campanha motivacional que queria criar e quando ficou pronta, mandei pro e-mail da Duda com cópia pra Janaína e pro Jonas. Fiquei na torcida para que ela aceitasse a minha campanha. Era boba, mas iria motivar o pessoal.
O Bruno estava tão compreensível com a minha nova função na loja que nem estava cobrando saída nem nada do gênero. Ele foi um verdadeiro gentleman com a etapa que eu estava vivendo naquele momento.
- Não tem problema, amor! Quando você puder, a gente sai. Não se preocupe.
- Você é lindo demais, Bruno!
Jà no dia seguinte a Eduarda apareceu com um documento timbrado e assinado, onde ela autorizava eu retirar dinheiro do caixa da empresa para comprar os chocolates. A minha campanha estava aprovada.
- Obrigado, Duda!
- De nada, meu lindo. É assim que se faz. Sempre que tiver campanhas, é só mandar o e-mail direto, tá?
- Tudo bem. Vou bolar mais uma depois dessa.
- É isso aí! Os candidatos já chegaram?
- Sim, sim. Já estão todos aí fora esperando.
- Chama de um em um pra mim, por favor.
- Pode deixar, Duda.
Acabou que ela aprovou todos. Eram exatamente 30 funcionários, o número que nós iríamos desligar.
- Pronto – ela suspirou. – Terminei com o último. Me faz um favor?
- O que você quiser.
- Manda um e-mail pro RH informando que haverá contratação, juntamente coma relação de nomes dos selecionados e horários que eles farão para eles fazerem os contratos e nos enviarem por FAX, por favor.
- É pra já!
- E você já decidiu quem quer desligar?
- Do período tarde está pronto, só falta o período manhã.
- Sério? Caraca, você está rápido, hein?
- Estou fazendo o meu melhor.
- E está fazendo muito bem! To gostando de ver.
- Valeu! Já mando o e-mail e ainda hoje mando a relação dos desligamentos.
- Perfeito. Obrigada! Qualquer coisa vem aqui.
- Pode deixar.
Antes de tudo, fui no caixa e descontei a ordem de pagamento. Eu precisava bolar uma campanha similar pras meninas do caixa, do crediário e pros caras do estoque. Eles não estavam inclusos na campanha.
E a campanha foi um sucesso. O povo adorava chocolate e todo mundo ficou na expectativa pra ganhar as guloseimas.
- Boa sorte à todos e vamos que vamos, quero que todo mundo arrepie nas vendas – falei.
- Esses chocolates serão meus! – disse Alexia.
- Quero só ver!
No meu horário de almoço, eu comprei os chocolates, o baldinho e deixei tudo em cima da minha mesa provisória, para que todos vissem que eu não estava brincando. É claro que eu enrolei tudo em um papel transparente, pra ninguém roubar os chocolates, não é? E nem eu mesmo, claro.
- Jana?
- Como ousa me atrapalhar no meu banho de sol, branquelo anêmico e apático?
- Preciso da sua ajuda, quenga velha!
- Filho da puta, tu me liga enquanto eu to na beira do mar pra me falar de trabalho? É isso mesmo, assistente de palco?
- Cala a boca e me ouve: preciso mandar 15 funcionarios seus embora. Quem mando?
- Ah, é!!! Eu já sabia que isso ia acontecer. Eu já tenho a lista pronta. Está na minha pasta. Pega lá! Já tem os 15.
- Salvou a minha vida, Janaína! Obrigado. Não te incomodarei mais. Beijos!
O tempo foi passando e o meu cansaço só foi aumentando. No domingo, quando nós resolvemos voltar na área da chuva, eu estava parecendo um zumbi.
- Estou com dó de você – falou Fabrício. – Você está morto!
- Praticamente – eu bocejei. – E o Nícolas?
- Está bem. Eu deixei ele com a Bruna.
- O Vini está de plantão hoje, né?
- Sim, sim.
Mais uma vez nós nos emocionamos muito. A região estava ainda pior, mesmo a chuva já tendo passado. A sensação que ficava era de impotência.
E pra minha total surpresa, o Bruno acabou encontrando o mesmo garotinho que vimos da primeira vez que fomos naquele lugar. Por sorte, ele já tinha reencontrado a mãe, mas o pai tinha falecido.
- Graças a Deus que ele encontrou a mãe – meu namorado ficou todo feliz.
- É sim! Graças a Deus mesmo.
Os trabalhos daquela época era pra tirar os mortos dos escombros e pra encontrar quem estava desaparecido. Ainda havia muita lama por todos os lados. Nós saímos de lá acabados, como da primeira vez, mas novamente com sensação de dever cumprido.
8 DIASDEPOIS...
- Quem ganhou os chocolates foi a...
Tentei fazer suspense, mas o povo não deixou.
- Fala logo, Caio!
- Foi a... Foi a...
- Fala logo!
- Foi a Renatinha!!!
- AAAAAAAAAAAH... – a vendedora da linha branca do período da manhã ficou pra lá de feliz. – Obrigada, Caio!
- Parabéns, Rê! Gostei de ver, hein?
- Que droga – Alexia ficou chateada.
- Calma! Eu comprei chocolate pra todo mundo, seus chorões!
Pronto. Bastou isso pra eu ganhar todo mundo. O pessoal saiu da sala da Duda feliz da vida. E eu fiquei feliz por ter conquistado o respeito deles. Tudo estava dando certo afinal de contas.
No período da tarde eu fiz a mesma reunião e quem ganhou também foi um vendedor da linha branca.
- Foi tu, Gabriel! – eu ri comigo mesmo.
- Eu? – o saco de músculos ficou espantado.
- E tem outro Gabo saco aqui?
- Aí sim, hein? Gostei!
- Epa, espera aí – eu puxei o balde de chocolates de volta.
- Que foi? É meu! Eu quero.
- Quem disse? Metade disso daqui é da Talita e a outra metade da Gabriela. Caso contrário, nada feito!
- Ah, tá! Até parece. Eu vou é comer tudo sozinho!
- Egoísta – o pessoal da loja ficou rindo do meu amigo.
Eu também entreguei um chocolate pra cada um e eles também ficaram felizes. Eu estava contente demais.
- Ei, Alexia?
- Eu? – ela estava entretida com as mercadorias novas.
- Leva esse chocolate pra Mimosa.
- A minha filha mais velha não come chocolate, Caio. Ela é fresca.
- Pois então dá de volta porque a Camila ainda não pode comer.
- Que dá de volta coisa nenhuma, vai é pra minha barriga!
Naauwle mesmo dia inventei a mesma camapanha pro pessoal do crediário, caixa e estoque. O sorteio seria depois de 7 dias. Todo mundo estava motivado.
Eu já não tinha problema algum em conduzir aquela loja e estava tirando tudo de letra. Quando a Duda me pedia alguma coisa, eu me empenhava ao máximo e não sossegava enquanto não entregava a solicitação dela.
- Caraca, Caio! Já passou a lista de hora extra de final de semana? Mas hoje ainda é quinta!
- Resolvi me antecipar um pouco. Fiz mal?
- Claro que não... Estou ficando cada vez mais surpresa com você!
- Obrigado, Duda.
- Deixa eu te falar, os desligamentos só acontecerão quando os meninos tiverem voltado.
- Não tem problema, eu não me importo.
- Mas eu quero que você acompanhe porque vai ser bom pro seu desenvolvimento, sem contar que você vai ver na prática o que aprendeu na faculdade.
- Tudo bem, eu acompanho!
Faltava só 10 dias para a volta dos meninos e eu estava contando os segundos para eles voltarem. Por mais que eu estivesse gostando da nova função, eu estava cansado e queria descansar bastante. Eu merecia.
- Só mais alguns dias, Caio Monteiro – falei para mim mesmo, no final do expediente. – Você consegue, você consegue!
Era difícil acordar às 8 e só chegar em casa depois das 22. Eu ficava a maior parte do tempo em pé, quase não parava de andar e isso acabava comigo. Era foda!
- Amor, domingo nós vamos no batizado do Nico, né? – perguntou Bruno.
- Claro que vamos! Eu não perco por nada, mas não poderei ficar para o almoço.
- É, eu sei...
- Mas você fica, neném! Não tem problema nenhum!
- Não ficaria chateado?
- De jeito nenhum! Você gosta do Nícolas, né?
- Muito! Ele é muito lindo.
- É mesmo!
A cada dia que passava, o Bruno se mostrava mais apaixonado por crianças. Eu precisava conversar com ele sobre aquilo e não poderia demorar muito para ter aquela conversa.
Já no domingo, nós saímos de casa às 6 da manhã, porque o batizado estava marcado para depois da missa das 7, na Matriz do Rio. Eu estava muito, muito cansado e quase dormi na missa.
- Acorda, amor – Bruno me cutucou.
- Hein? Hein? O que aconteceu? Onde eu estou?
- Na igreja.
Rodrigo deu risada.
- Ah, é. Ave Maria, cheia de graça...
- A Ave Maria já passou, Caio – Digow se divertiu.
- Ah, é. É mesmo!
O Nícolas estava LINDO naquele dia. Ele estava usando um terno minúsculo, sapatos sociais e até gravata. Fabrício arrepiou um pouco do cabelo que o menino tinha e ele ficou fofo demais. Bruno ficou apaixonado pelo neném.
- QUE COISA MAIS LINDA! – ele se derreteu todinho.
- Fabrício, seu maldoso – eu reclamei. – Você judia muito dele com esse terno!
- Hoje não está tão calor e ele merecia uma roupa assim, Caio. Não ficou muito lindo?
- Claro que ficou! Lindo demais.
Ele nem chorou na hora que a água caiu em sua moleira, mas fechou os olhinhos. Eu fiquei encantado e o Bruh nem se fala.
- Coisa mais linda!!!
- Foi lindo o batizado, mas agora eu preciso ir. Daqui a pouco eu entro na loja.
- Tudo bem, Caio! Obrigado por ter vindo.
- Eu não perderia isso por nada.
Me despedi de todos. Toda a família do Fabrício estava lá, até os parentes mais distantes como primos, tios e etc. Pelo visto, o churrasco na casa do garanhão seria bom. Meu namorado ia se divertir.
Cheguei na loja e fiz o acompanhamento nas vendas do pessoal e descobri que alguns estavam bem abaixo da média. Fiquei preocupado.
- Nesse mês você não atingiu a meta – informei. – Por que isso aconteceu?
Como a folha de pagamento estava fechando naqueles dias, aproveitei que o movimento estava baixo para aplicar feedback no pessoal. Eu gostava de fazer isso.
- Beleza?
- Beleza, Caio! Obrigada!
- Por nada. Chama a Alexia pra mim, por favor?
- Pode deixar.
Deixei a Alexia por último por ela ser minha amiga. Aquele feedback seria engraçado.
- Pensei que não ia me chamar nunca!
- Deixei você por último de propósito, ninguém manda você não ter entregado as minhas compras até hoje.
- Vai chegar amanhã, já falei!
- Quero só ver! Então, vamos lá?
Foi mais fácil do que eu imaginava. Eu separei a Alexia profissional da Alexia amiga e conduzi o feedback como deveria ser. Ela me entendeu em tudo, graças a Deus.
No dia seguinte, a branquela finalmente entregou as minhas aquisições da revista do sex shop. Eu ia usá-las naquele dia mesmo.
- Quando eu tenho que pagar?
- O boleto vence daqui 21 dias.
- No dia 15 eu te pago, tá?
- Combinado! Obrigada.
- Eu é que agradeço.
Quando ele pensou que ia me pegar, eu o rendi com força e falei no ouvido dele:
- Agora você é meu refém!
- Ui... Que delícia!
- Fecha os olhos! – mandei.
- Ui... Adoro quando você manda em mim, sabia?
- Ah, é safado? Tenho uma surpresa!
- Que surpresa?
- Fecha esses olhinhos que você já vai ver.
Ele fechou e eu peguei as algemas. Prendi meu namorado na cama e ele ficou abismado com a minha nova aquisição.
- Cada dia mais safado, hein amor?
- Cala a boca! Cala a boca que hoje eu mando em você, meu prisioneiro!
E mandei mesmo. Pedi pra ele fazer muita coisa e ele fez tudo. Usei quase metade do gel que esfriava no corpo do Bruno e ele gemeu como nunca tinha feito antes.
- AI, CAIO... QUE DELÍCIA...
- CALA A BOCA, VADIO – bati no rosto dele com suavidade, mas também com certa força. E ele gemeu mais ainda.
- DELÍCIA!
- É? – meti mais forte. – Você gosta?
- Adoro... Adoro!
Ele gozou duas vezes sem eu tirar o pau de dentro dele. Aquela transa foi deliciosa demais, foi muito boa mesmo!
- Ah... Uh... Me... Solta... Caio...
- Cansou, foi neném?
- Muito!
- Vou deixar você aí! Quem disse que eu acabei?
Mas era brincadeira. Já estava bem tarde e eu estava pra lá de cansado. Não fiz mais nada naquela noite, mas com certeza faria nas outras. Aquela algema foi uma excelente aquisição.
Tentei fazer suspense, mas o povo não deixou.
- Fala logo, Caio!
- Foi a... Foi a...
- Fala logo!
- Foi a Renatinha!!!
- AAAAAAAAAAAH... – a vendedora da linha branca do período da manhã ficou pra lá de feliz. – Obrigada, Caio!
- Parabéns, Rê! Gostei de ver, hein?
- Que droga – Alexia ficou chateada.
- Calma! Eu comprei chocolate pra todo mundo, seus chorões!
Pronto. Bastou isso pra eu ganhar todo mundo. O pessoal saiu da sala da Duda feliz da vida. E eu fiquei feliz por ter conquistado o respeito deles. Tudo estava dando certo afinal de contas.
No período da tarde eu fiz a mesma reunião e quem ganhou também foi um vendedor da linha branca.
- Foi tu, Gabriel! – eu ri comigo mesmo.
- Eu? – o saco de músculos ficou espantado.
- E tem outro Gabo saco aqui?
- Aí sim, hein? Gostei!
- Epa, espera aí – eu puxei o balde de chocolates de volta.
- Que foi? É meu! Eu quero.
- Quem disse? Metade disso daqui é da Talita e a outra metade da Gabriela. Caso contrário, nada feito!
- Ah, tá! Até parece. Eu vou é comer tudo sozinho!
- Egoísta – o pessoal da loja ficou rindo do meu amigo.
Eu também entreguei um chocolate pra cada um e eles também ficaram felizes. Eu estava contente demais.
- Ei, Alexia?
- Eu? – ela estava entretida com as mercadorias novas.
- Leva esse chocolate pra Mimosa.
- A minha filha mais velha não come chocolate, Caio. Ela é fresca.
- Pois então dá de volta porque a Camila ainda não pode comer.
- Que dá de volta coisa nenhuma, vai é pra minha barriga!
Naauwle mesmo dia inventei a mesma camapanha pro pessoal do crediário, caixa e estoque. O sorteio seria depois de 7 dias. Todo mundo estava motivado.
Eu já não tinha problema algum em conduzir aquela loja e estava tirando tudo de letra. Quando a Duda me pedia alguma coisa, eu me empenhava ao máximo e não sossegava enquanto não entregava a solicitação dela.
- Caraca, Caio! Já passou a lista de hora extra de final de semana? Mas hoje ainda é quinta!
- Resolvi me antecipar um pouco. Fiz mal?
- Claro que não... Estou ficando cada vez mais surpresa com você!
- Obrigado, Duda.
- Deixa eu te falar, os desligamentos só acontecerão quando os meninos tiverem voltado.
- Não tem problema, eu não me importo.
- Mas eu quero que você acompanhe porque vai ser bom pro seu desenvolvimento, sem contar que você vai ver na prática o que aprendeu na faculdade.
- Tudo bem, eu acompanho!
Faltava só 10 dias para a volta dos meninos e eu estava contando os segundos para eles voltarem. Por mais que eu estivesse gostando da nova função, eu estava cansado e queria descansar bastante. Eu merecia.
- Só mais alguns dias, Caio Monteiro – falei para mim mesmo, no final do expediente. – Você consegue, você consegue!
Era difícil acordar às 8 e só chegar em casa depois das 22. Eu ficava a maior parte do tempo em pé, quase não parava de andar e isso acabava comigo. Era foda!
- Amor, domingo nós vamos no batizado do Nico, né? – perguntou Bruno.
- Claro que vamos! Eu não perco por nada, mas não poderei ficar para o almoço.
- É, eu sei...
- Mas você fica, neném! Não tem problema nenhum!
- Não ficaria chateado?
- De jeito nenhum! Você gosta do Nícolas, né?
- Muito! Ele é muito lindo.
- É mesmo!
A cada dia que passava, o Bruno se mostrava mais apaixonado por crianças. Eu precisava conversar com ele sobre aquilo e não poderia demorar muito para ter aquela conversa.
Já no domingo, nós saímos de casa às 6 da manhã, porque o batizado estava marcado para depois da missa das 7, na Matriz do Rio. Eu estava muito, muito cansado e quase dormi na missa.
- Acorda, amor – Bruno me cutucou.
- Hein? Hein? O que aconteceu? Onde eu estou?
- Na igreja.
Rodrigo deu risada.
- Ah, é. Ave Maria, cheia de graça...
- A Ave Maria já passou, Caio – Digow se divertiu.
- Ah, é. É mesmo!
O Nícolas estava LINDO naquele dia. Ele estava usando um terno minúsculo, sapatos sociais e até gravata. Fabrício arrepiou um pouco do cabelo que o menino tinha e ele ficou fofo demais. Bruno ficou apaixonado pelo neném.
- QUE COISA MAIS LINDA! – ele se derreteu todinho.
- Fabrício, seu maldoso – eu reclamei. – Você judia muito dele com esse terno!
- Hoje não está tão calor e ele merecia uma roupa assim, Caio. Não ficou muito lindo?
- Claro que ficou! Lindo demais.
Ele nem chorou na hora que a água caiu em sua moleira, mas fechou os olhinhos. Eu fiquei encantado e o Bruh nem se fala.
- Coisa mais linda!!!
- Foi lindo o batizado, mas agora eu preciso ir. Daqui a pouco eu entro na loja.
- Tudo bem, Caio! Obrigado por ter vindo.
- Eu não perderia isso por nada.
Me despedi de todos. Toda a família do Fabrício estava lá, até os parentes mais distantes como primos, tios e etc. Pelo visto, o churrasco na casa do garanhão seria bom. Meu namorado ia se divertir.
Cheguei na loja e fiz o acompanhamento nas vendas do pessoal e descobri que alguns estavam bem abaixo da média. Fiquei preocupado.
- Nesse mês você não atingiu a meta – informei. – Por que isso aconteceu?
Como a folha de pagamento estava fechando naqueles dias, aproveitei que o movimento estava baixo para aplicar feedback no pessoal. Eu gostava de fazer isso.
- Beleza?
- Beleza, Caio! Obrigada!
- Por nada. Chama a Alexia pra mim, por favor?
- Pode deixar.
Deixei a Alexia por último por ela ser minha amiga. Aquele feedback seria engraçado.
- Pensei que não ia me chamar nunca!
- Deixei você por último de propósito, ninguém manda você não ter entregado as minhas compras até hoje.
- Vai chegar amanhã, já falei!
- Quero só ver! Então, vamos lá?
Foi mais fácil do que eu imaginava. Eu separei a Alexia profissional da Alexia amiga e conduzi o feedback como deveria ser. Ela me entendeu em tudo, graças a Deus.
No dia seguinte, a branquela finalmente entregou as minhas aquisições da revista do sex shop. Eu ia usá-las naquele dia mesmo.
- Quando eu tenho que pagar?
- O boleto vence daqui 21 dias.
- No dia 15 eu te pago, tá?
- Combinado! Obrigada.
- Eu é que agradeço.
Quando ele pensou que ia me pegar, eu o rendi com força e falei no ouvido dele:
- Agora você é meu refém!
- Ui... Que delícia!
- Fecha os olhos! – mandei.
- Ui... Adoro quando você manda em mim, sabia?
- Ah, é safado? Tenho uma surpresa!
- Que surpresa?
- Fecha esses olhinhos que você já vai ver.
Ele fechou e eu peguei as algemas. Prendi meu namorado na cama e ele ficou abismado com a minha nova aquisição.
- Cada dia mais safado, hein amor?
- Cala a boca! Cala a boca que hoje eu mando em você, meu prisioneiro!
E mandei mesmo. Pedi pra ele fazer muita coisa e ele fez tudo. Usei quase metade do gel que esfriava no corpo do Bruno e ele gemeu como nunca tinha feito antes.
- AI, CAIO... QUE DELÍCIA...
- CALA A BOCA, VADIO – bati no rosto dele com suavidade, mas também com certa força. E ele gemeu mais ainda.
- DELÍCIA!
- É? – meti mais forte. – Você gosta?
- Adoro... Adoro!
Ele gozou duas vezes sem eu tirar o pau de dentro dele. Aquela transa foi deliciosa demais, foi muito boa mesmo!
- Ah... Uh... Me... Solta... Caio...
- Cansou, foi neném?
- Muito!
- Vou deixar você aí! Quem disse que eu acabei?
Mas era brincadeira. Já estava bem tarde e eu estava pra lá de cansado. Não fiz mais nada naquela noite, mas com certeza faria nas outras. Aquela algema foi uma excelente aquisição.
O ÚLTIMO DIA NA GERÊNCIA...
Era dia 9 de fevereiro e a Janaína e o Jonas iam voltar no
dia seguinte, para a minha sorte e felicidade.
Eu já estava na função há mais de 30 dias e sem folga. Por conta disso, o meu cansaço físico era gigante, pra não falar infinito. E o pessoal, que no começo não gostou da minha nomeação, naquele momento se despediu de mim com homenagens. Eu ganhei até presente de todos.
- A gente queria te entregar essa lembrancinha pra falar o quanto você foi legal com a gente e pra celebrar essa sua etapa – Alexia foi a porta-voz. – A gente ama a Jana, mas também amamos você e vamos sentir a falta de seus gritos, de suas broncas, de seus puxões de orelhas, de seus conselhos...
Eu chorei, é claro que eu chorei. Eles tinham me dado uma cesta de chocolates.
- Obrigado, gente...
- E a gente está na torcida pra você conseguir ficar em definitivo na gerência, porque você merece!
- Obrigado, meus lindos! Obrigado de coração, obrigado por tudo e me desculpem qualquer coisa.
Recebi um abraço de cada um e isso me deixou realizado. Essa era a sensação: realização. Saber que eu fiz o meu melhor e que fui aceito, pra mim foi muito importante.
O mesmo ocorreu na equipe tarde. Eu também ganhei uma cesta de chocolate deles e eles também me parabenizaram. Eu me emocionei novamente e a sensação de realização ficou duplicada.
- Obrigado por tudo e me desculpem qualquer coisa!
- A gente é que te agradece, chefe!
E antes de ir embora, a Duda me chamou para um feedback. Eu estava apreensivo.
- Vou resumir a minha visão ao seu respeito em uma nota que varia de 0 à 10 – ela falou.
- Ai meu Deus...
- 11! Estou simplesmente apaixonada pelo jeito como você lidou com todas essas adversidades nesse período, Caio! Se depender de mim, você vai assumir uma loja assim que voltar do seu descanso.
- Hã? Como é?
- Antony e eu já estamos verificando sua efetivação na vaga. Ia ser surpresa, mas não seguro a minha língua.
- Ai, Duda... Sério?
- Sim, sim! Só não sabemos quando vai ser, mas desse ano não passa. No momento não vai ser possível desligar ninguém, mas quando houver cortes você assumirá uma das minhas lojas ou eu não chamo Eduarda!
- Nem sei o que falar.
- Nada! Eu sabia que você venderia seu peixe da melhor forma, mas não pensei que fosse tão bem assim. Eu não tenho um “a” pra falar de você, Caio! Você foi perfeito! Evoluiu muito, cresceu muito, sabe gerir de um jeito incrível... Eu me apaixonei pelo seu profissionalismo, de verdade. E o ponto chave pro Antony foi a forma como você foi humano pedindo doações para aquelas vítimas. Ele ficou muito impressionado com seu jeito, viu?
- Que bom, eu fico feliz! Obrigado!
- Nesse período que você ficou na liderança, você acumulou só horas extras, você não quis bando de horas, não é isso?
- Correto.
- Porém, devido ao seu excelente desempenho, eu vou te dar 15 dias de folgas...
- O QUÊ?! – quase caí da cadeira de tanta felicidade.
- É isso mesmo! Você já tinha 5 dias acumulados antes de assumir a loja e quando assumiu não folgou um dia sequer. Ao todo você tem 10 dias, mas eu acrescentei mais 5. Você só vai voltar no dia 25!
- AAAAAAAAAAH, EU TE AMO!!!
Saí de onde estava e agarrei a magricela da minha regional. Ela ficou dando risada feito uma bocó!
- Seu bobo!
- Obrigado, obrigado, obrigado...
- Que nada, você merece! Espero que quando você voltar, eu já tenha novidades.
- Não se preocupe, por favor. De verdade, eu fico bem nas vendas mesmo.
- Não e não. Agora é questão de honra você virar meu gerente em alguma loja minha. Só não será nessa, mas não tem problema, né?
- Não e sim. Vai ser muito ruim me despedir de meus amigos, mas...
- Você supera. Agora vai, vai descansar e eu só quero ver você dia 25, hein?
- Mas não tenha dúvidas disso, Duda! Eu voltarei descansado, bronzeado e pronto pra outra, você vai ver.
- É isso aí, meu lindo! Mais uma vez meus parabéns!
- Mais uma vez muito obrigado!
- Nasceu um líder!!! – ela sorriu.
- Que assim seja!
Eu já estava na função há mais de 30 dias e sem folga. Por conta disso, o meu cansaço físico era gigante, pra não falar infinito. E o pessoal, que no começo não gostou da minha nomeação, naquele momento se despediu de mim com homenagens. Eu ganhei até presente de todos.
- A gente queria te entregar essa lembrancinha pra falar o quanto você foi legal com a gente e pra celebrar essa sua etapa – Alexia foi a porta-voz. – A gente ama a Jana, mas também amamos você e vamos sentir a falta de seus gritos, de suas broncas, de seus puxões de orelhas, de seus conselhos...
Eu chorei, é claro que eu chorei. Eles tinham me dado uma cesta de chocolates.
- Obrigado, gente...
- E a gente está na torcida pra você conseguir ficar em definitivo na gerência, porque você merece!
- Obrigado, meus lindos! Obrigado de coração, obrigado por tudo e me desculpem qualquer coisa.
Recebi um abraço de cada um e isso me deixou realizado. Essa era a sensação: realização. Saber que eu fiz o meu melhor e que fui aceito, pra mim foi muito importante.
O mesmo ocorreu na equipe tarde. Eu também ganhei uma cesta de chocolate deles e eles também me parabenizaram. Eu me emocionei novamente e a sensação de realização ficou duplicada.
- Obrigado por tudo e me desculpem qualquer coisa!
- A gente é que te agradece, chefe!
E antes de ir embora, a Duda me chamou para um feedback. Eu estava apreensivo.
- Vou resumir a minha visão ao seu respeito em uma nota que varia de 0 à 10 – ela falou.
- Ai meu Deus...
- 11! Estou simplesmente apaixonada pelo jeito como você lidou com todas essas adversidades nesse período, Caio! Se depender de mim, você vai assumir uma loja assim que voltar do seu descanso.
- Hã? Como é?
- Antony e eu já estamos verificando sua efetivação na vaga. Ia ser surpresa, mas não seguro a minha língua.
- Ai, Duda... Sério?
- Sim, sim! Só não sabemos quando vai ser, mas desse ano não passa. No momento não vai ser possível desligar ninguém, mas quando houver cortes você assumirá uma das minhas lojas ou eu não chamo Eduarda!
- Nem sei o que falar.
- Nada! Eu sabia que você venderia seu peixe da melhor forma, mas não pensei que fosse tão bem assim. Eu não tenho um “a” pra falar de você, Caio! Você foi perfeito! Evoluiu muito, cresceu muito, sabe gerir de um jeito incrível... Eu me apaixonei pelo seu profissionalismo, de verdade. E o ponto chave pro Antony foi a forma como você foi humano pedindo doações para aquelas vítimas. Ele ficou muito impressionado com seu jeito, viu?
- Que bom, eu fico feliz! Obrigado!
- Nesse período que você ficou na liderança, você acumulou só horas extras, você não quis bando de horas, não é isso?
- Correto.
- Porém, devido ao seu excelente desempenho, eu vou te dar 15 dias de folgas...
- O QUÊ?! – quase caí da cadeira de tanta felicidade.
- É isso mesmo! Você já tinha 5 dias acumulados antes de assumir a loja e quando assumiu não folgou um dia sequer. Ao todo você tem 10 dias, mas eu acrescentei mais 5. Você só vai voltar no dia 25!
- AAAAAAAAAAH, EU TE AMO!!!
Saí de onde estava e agarrei a magricela da minha regional. Ela ficou dando risada feito uma bocó!
- Seu bobo!
- Obrigado, obrigado, obrigado...
- Que nada, você merece! Espero que quando você voltar, eu já tenha novidades.
- Não se preocupe, por favor. De verdade, eu fico bem nas vendas mesmo.
- Não e não. Agora é questão de honra você virar meu gerente em alguma loja minha. Só não será nessa, mas não tem problema, né?
- Não e sim. Vai ser muito ruim me despedir de meus amigos, mas...
- Você supera. Agora vai, vai descansar e eu só quero ver você dia 25, hein?
- Mas não tenha dúvidas disso, Duda! Eu voltarei descansado, bronzeado e pronto pra outra, você vai ver.
- É isso aí, meu lindo! Mais uma vez meus parabéns!
- Mais uma vez muito obrigado!
- Nasceu um líder!!! – ela sorriu.
- Que assim seja!
- 15 dias de folga?
– Bruno abriu um sorriso de orelha à orelha.
- Isso mesmo! Dá pra acreditar?
- Ah, mas vamos combinar que você mereceu, né Caio? Você trabalhou feito um condenado nesse período!
- É sim, graças a Deus a Duda me recompensou!
- E você já em noção de quanto receberá de extra no final do mês?
- Ainda não, mas espero que seja um bom dinheiro. Eu vou fazer as contas depois. Acho que vai ser uma boa grana.
- Vai ser. Não tenha dúvidas.
- Vamos aproveitar muito esses 15 dias, amor!
- Vamos sim, bebê! Quem sabe a gente vai pra São Paulo?
- Quem sabe!
Mas não deu. O Bruno até conseguiu as folgas na empresa, mas ao invés de ir pra São Paulo, nós resolvemos aproveitar no Rio mesmo. Algo dentro de mim bloqueou a viagem, mas não teve problema.
- Ai... – choraminguei.
- Que foi? – ele me olhou.
- De repente me deu uma dor de cabeça!
- Sério? Assim do nada?
- É, do nada! Que estranho!
- Quer ir ao pronto socorro?
- Não, Bruno. É só uma dor de cabeça. Logo passa.
Bruno e eu pegamos praia, surfamos, andamos de jet-ski novamente, voamos de asa delta e pulamos de bungee jumping nesse período em que ficamos de folga. Foi maravilhoso!

- Pula, amor! – ele me incentivou na hora do bungee jumping.
- AI, que medo!
- Vai, vamos pular!
Nós estávamos juntos e pulamos ao mesmo tempo. Quando o meu corpo começou a cair ribanceira abaixo, eu cheguei a pensar que aquela corda não iria suportar o nosso peso, mas deu tudo certo.
- SOCOOOOOOOOOOOOOORRO!!!
- UHUUUUUUUUUUUUL – meu namorado se divertiu.
- BRUNO NÓS VAMOS MORREEEEEEEEEEER!!!
Mas nesse exato momento a corda nos puxou de volta e nós subimos alguns metros. Eu quase fiz xixi nas calças.
- QUE DELÍCIA!!! – ele estava todo alvoroçado.
- QUE SUSTO! PENSEI QUE EU FOSSE DAR COM A CARA NO CHÃO!
Foi uma sensação indescritível. Eu iria fazer aquilo mais vezes.
No entanto, o melhor de tudo foi pular de paraquedas novamente. A gente só fez isso, porque eu precisava extravasar ao máximo o estresse que passei nos 35 dias em que fiquei substituindo os meus chefes.
- Vai, no 3 – falou Bruno. – 1... 2... TRÊS!
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH...
Foi maravilhoso sentir o meu corpo caindo, caindo, caindo, caindo... Eu exorcizei todo e qualquer tipo de cansaço ou tensão que havia no meu corpo.
Puxei a cordinha do paraquedas e em seguida a velocidade da minha queda reduziu e muito. Foi delicioso.
- UHUL – ouvi o Bruno soltar um grito de euforia. Eu estava me sentindo leve e solto. Foi ótimo!
Como prometi, voltei pra loja bronzeado e totalmente descansado. Quase não reconheci a Janaína, porque a louca estava mais preta que um pedaço de carvão.
- Sangue de Maria Madalena tem poder... – fiquei chocado. – Azulão? É você?
Ela gargalhou e me abraçou com força.
- Que saudades de você, amigo!
- Janaína do céu... Quanto tempo você ficou no forno pra ficar dessa cor?
- O sol de Natal é maravilhoso, amigo! Fiquei linda, né?
- Agora sim eu acredito que você ficou preta passada na chapinha! Nossa, que bronzeado!
- Olha quem fala! Hum... Fiquei sabendo que você arrasou, hein?
- Ficou? – fiquei sem graça.
- Fiquei, claro que fiquei! Adorei as campanhas que você fez, principalmente a de doação de dinheiro pras vítimas da serra! Parabéns!
- Obrigado! Mas me conta, como foram as suas férias?
- Maravilhosas! Peguei vários bofes lá no Rio Grande do Sul!
- Do Norte, amiga.
- Não, menino! Do Sul, não é?
- Ai, Janaína! Se mata e volta pra 1ª série, minha filha! O Rio Grande do Sul fica ali, do lado de Santa Catarina! Você foi pro Rio Grande do Norte!
- Que seja, é tudo Rio e é tudo Grande. Bota grande nisso... Saudades!
Jonas também me parabenizou até o último. Ele disse que ficou feliz com minha conduta e que ficou totalmente de acordo com os nomes que eu mandei para serem desligados.
- Que bom que eu acertei!
E os desligamentos aconteceram naquele dia mesmo. Como prometido, a Duda deixou que eu acompanhasse a saída dos funcionários. Eu fiquei chateado, porque fui eu o culpado daqueles desligamentos.
- Não fique assim – Duda me aconselhou. – É assim que as coisas acontecem.
Ela disse que a minha promoção ia sair sim, que era uma promessa, mas eu não estava confiante. Eu só ia acreditar à partir do momento que visse a nova função no meu holerite.
Março chegou num piscar de olhos e logo na primeira semana eu me inscrevi na autoescola. O Bruno não me deu sossego com isso.
- Até que enfim, amor! Até que enfim.
- Eu disse que ia me inscrever, não disse?
- Disse!
E foi em março que eu comecei a minha pós-graduação. As aulas, que começariam em fevereiro, foram adiadas por um mês por um problema na faculdade. Esse problema não foi divulgado.
Se eu achava os trabalhos da faculdade difíceis, achei os da pós mil vezes piores. Logo no primeiro dia o professor passou um trabalho escabroso. Eu fiquei foi com medo daquela pós-graduação, isso sim.
- Relaxa que vai dar tudo certo – Rodrigo me acalmou. – É assim mesmo!
- Espero que dê tudo certo.
- Vai dar sim.
- E seu mestrado?
- Simplesmente dificílimo. Minha orientadora é gente boa, mas está sendo tudo muito complicado.
- Mas vai dar tudo certo!
Meu namoro ia de vento em poupa, obrigado. Bruno estava estudando e trabalhando mais do que nunca. Ele não pediu as contas da empresa, como achava que iria fazer.
- Viu só? Eu disse que você não iria sair, amor! Dá pra fazer tudo, desde que tenha paciência.
- Graças a Deus.
Enquanto eu, Vinícius e Fabrício estávamos na pós-graduação, Rodrigo estava no mestrado. E ele estava mais atarefado do que nunca. O coitado ficou literalmente sem vida social, logo nos primeiros meses de experimentos.
- Não posso, Caio! Bem que eu queria sair com vocês, mas não dá. Eu tenho que fazer muitos testes aqui.
- Ah, que pena amigo! Bons estudos então!
- Muito obrigado e bom divertimento pra vocês. Manda um abraço pro meu cunhado.
- Pode deixar que eu mando sim.
E foi em meados de março que o Bruno me apareceu com um presente misterioso. Eu fiquei curioso com o que estava dentro daquela caixa. Não era uma caixa pequena.
- É pra você! Presente pelo nosso 1 ano e 8 meses de namoro!
- Ai, o que é isso?
- Pega! Você vai gostar.
Eu segurei a caixa e balancei para ver o que tinha dentro e para a minha surpresa, a caixa se mexeu sozinha.
- CREDO! ELA SE MEXEU.
- Mexeu, é? Por que não abre?
Quando eu ia abrir a caixa, ele colocou a mão nos meus olhos.
- Você não pode ver.
- O que é isso? Está se mexendo muito! É um bicho?
- Não sei... Coloca a mão aí dentro!
Eu coloquei a mão e senti um tufo de pelos na minha pele. Fiquei assustado e pensei que era alguma brincadeira do meu namorado.
- AAAAAAAAAAAAAH, É UM RATO!!! – saí correndo do quarto feito um desesperado e fui parar em cima do sofá. O Bruno gargalhou da minha reação.
- Desce daí, menino! Não é rato!
- É sim! É peludo e pequeno!
- Por que não dá uma olhada?
Eu olhei, mas de cima do sofá mesmo. Quando eu abri a caixa e vi aqueles dois seres minúsculos e lindos eu me apaixonei perdidamente e desci do sofá num salto!
- AI QUE LIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIINDO, SÃO DOIS GATINHOS!!!
- Viu só? Não são ratos!
Eu olhei pros dois e eles olharam pra mim. era um marrom com a cara e o rabo pretos e um branco com listras cinzas nas patas. Este último olhou dentro dos meus olhos e miou:
- Miau!
- Ô, QUE COISA MAIS LINDA!!!
Segurei os dois gatinhos nas mãos e eles ficaram brincando entre si. O branquelo não parava de olhar nos meus olhos. Eu fiquei abestalhado com os dois!
- Que lindos, amor! Onde você os conseguiu?
- São os dois únicos netos da Alexia. Você gostou?
- Da Alexia? Mas... Eu nem sabia que eles tinham nascido! Muito menos que tinham sido desmamados!!!
- Pedi pra ela guardar segredo porque queria fazer uma surpresa. Você gostou ou não?
- Claro que eu gostei! Eles são meninos ou meninas?
- É um casal, mas eu não sei quem é quem ainda.
- Deixa eu dar uma olhada... Me ajuda aqui?
Com cuidado, eu deitei os gatinhos no meu colo e abri as perninhas deles pra conferir o sexo.
- Dá licença, viu bebê?
O marrom era macho e a branca era fêmea.
- Com qual você vai querer ficar, amor?
- E eu tenho que escolher um só?
- Um é meu e um é seu.
- Eu gostei dos dois, mas acho que vou ficar com esse marronzinho. Ele é tão lindo!
- Então eu fico com a branca. Como ele vai se chamar?
- Hum... Não sei! Alguma sugestão?
- Jeremias!
- Credo. Não, coitado. Ele não merece um nome feio desses!
- Não é feio! – Bruno fez bico. – Que tal Astolfo?
- Piorou! O coitado vai ficar traumatizado, né neném? Você é muito lindo, mocinho!
- E se for Bartolomeu?
- Ai, Bruno! Que nome feio... Deixa eu ver do que ele tem cara... Olha pra mim, filho!
Eu já estava chamando ele de filho.
- Hum... Acho que ele vai se chamar Enzo!
- Enzo?
- AI! Ele me mordeu! Acho que gostou desse nome! É, ele vai se chamar Enzo. Enzo Monteiro da Silva!
- Taí! Enzo! Gostei!
- E a sua? Como vai se chamar?
- Ainda não decidi. Acho que Quitéria.
- Cruzes! Que horror... Ela tem cara de Filó!
E não é que ela me olhou.
- Ai não! Deixa eu ver... Psiu, olha pra mim, neném... Ai! Já sei! Ela vai se chamar Gertrudes!
- Ai, Bruno! Ela vai ficar depressiva, coitada!
- Não vai não! O nome dela é Gertrudes. Gertrudes Filomena Monteiro Duarte da Silva e Silva.
- Gertrudes Filomena... Se ela fosse ser humano ela mudaria de nome quando completasse 18 anos, fato!
- Seu chato! O nome dela não é feio!
- Imagina se fosse. Eu só vou chamá-la de Filó!
- Pois tomara que ela não te atenda!
- Ela vai me atender, né filha?
Gertrudes Filomena hoje em dia se chama Gertrudes Filomena Quitéria Claraíde Medeiros de Mendonça e Albuquerque Monteiro Duarte da Silva e Silva. Só que não.
Pronto. Bruno e eu já tínhamos nossos filhos. Tanto ele quanto eu adorávamos gatos.
- Sua maldita! – esbravejei.
- Gostou da surpresa, amigo? – Alexia riu.
- Amei! Você tinha que ter me contado, sua chata.
- Não, não! Bruno pediu segredo e eu guardei.
- Muito lindos eles dois!
- Não são? Mimosa só teve eles, coitada. Está aqui toda tristonha.
- Pobrezinha!
- Cuide bem dos meus netinhos, hein?
- Não tanha dúvidas disso!
Eu ia cuidar mesmo. Eu amava – e amo – gatos.
- Rodrigo, eu tenho uma surpresa!
- Que surpresa? – meu amigo estava no meu apartamento.
- Bruno e eu viramos papais.
- O QUÊ?
- Nós adotamos duas crianças...
- COMO É QUE É, CAIO? QUE HISTÓRIA É ESSA?
- É isso mesmo! Bruno e eu viramos papais! Ele adorou um casal de gêmeos e fez uma surpresa pra mim semana passada.
- Não... Eu não acredito... Isso não é verdade... Não pode ser verdade!!!
- É verdade sim! Você quer apostar?
- E cadê essas crianças que eu não to vendo?
- Bruno? Traz os meninos pro Digow ver, por favor!

Ele estava boquiaberto e com os olhos arregalados. Quando o Bruno apareceu com os gatinhos no colo, o Rodrigo foi murchando gradativamente. Ele ficou com uma cara de “não acredito que são gatos” que me fez rir.
- Esses são os filhos de vocês? Dois gatos? Que nojo!!!
- É! Não são lindos? – eu peguei o Enzo no colo e ele me mordeu.
- São... Ridículos!
- Não fala assim, Digow! Eles são lindos! Esse é o Enzo e aquela é a Gertrudes Filomena.
- Affe! Que coisa mais nojenta, Caio! Nunca mais eu venho aqui nesse apartamento!
- Digow... Eles não são nojentos! E tem mais, eu quero que você seja o padrinho!
- DEUS ME LIVRE! Odeio gatos!
- Fala oi pro titio, filha! – Bruno tentou colocar Gertrudes perto do Digow.
- Titio é a puta que pariu. Sai daqui com esse saco de pulgas, cunhado! Eu, hein?!
- Isso mesmo! Dá pra acreditar?
- Ah, mas vamos combinar que você mereceu, né Caio? Você trabalhou feito um condenado nesse período!
- É sim, graças a Deus a Duda me recompensou!
- E você já em noção de quanto receberá de extra no final do mês?
- Ainda não, mas espero que seja um bom dinheiro. Eu vou fazer as contas depois. Acho que vai ser uma boa grana.
- Vai ser. Não tenha dúvidas.
- Vamos aproveitar muito esses 15 dias, amor!
- Vamos sim, bebê! Quem sabe a gente vai pra São Paulo?
- Quem sabe!
Mas não deu. O Bruno até conseguiu as folgas na empresa, mas ao invés de ir pra São Paulo, nós resolvemos aproveitar no Rio mesmo. Algo dentro de mim bloqueou a viagem, mas não teve problema.
- Ai... – choraminguei.
- Que foi? – ele me olhou.
- De repente me deu uma dor de cabeça!
- Sério? Assim do nada?
- É, do nada! Que estranho!
- Quer ir ao pronto socorro?
- Não, Bruno. É só uma dor de cabeça. Logo passa.
Bruno e eu pegamos praia, surfamos, andamos de jet-ski novamente, voamos de asa delta e pulamos de bungee jumping nesse período em que ficamos de folga. Foi maravilhoso!
- Pula, amor! – ele me incentivou na hora do bungee jumping.
- AI, que medo!
- Vai, vamos pular!
Nós estávamos juntos e pulamos ao mesmo tempo. Quando o meu corpo começou a cair ribanceira abaixo, eu cheguei a pensar que aquela corda não iria suportar o nosso peso, mas deu tudo certo.
- SOCOOOOOOOOOOOOOORRO!!!
- UHUUUUUUUUUUUUL – meu namorado se divertiu.
- BRUNO NÓS VAMOS MORREEEEEEEEEEER!!!
Mas nesse exato momento a corda nos puxou de volta e nós subimos alguns metros. Eu quase fiz xixi nas calças.
- QUE DELÍCIA!!! – ele estava todo alvoroçado.
- QUE SUSTO! PENSEI QUE EU FOSSE DAR COM A CARA NO CHÃO!
Foi uma sensação indescritível. Eu iria fazer aquilo mais vezes.
No entanto, o melhor de tudo foi pular de paraquedas novamente. A gente só fez isso, porque eu precisava extravasar ao máximo o estresse que passei nos 35 dias em que fiquei substituindo os meus chefes.
- Vai, no 3 – falou Bruno. – 1... 2... TRÊS!
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH...
Foi maravilhoso sentir o meu corpo caindo, caindo, caindo, caindo... Eu exorcizei todo e qualquer tipo de cansaço ou tensão que havia no meu corpo.
Puxei a cordinha do paraquedas e em seguida a velocidade da minha queda reduziu e muito. Foi delicioso.
- UHUL – ouvi o Bruno soltar um grito de euforia. Eu estava me sentindo leve e solto. Foi ótimo!
Como prometi, voltei pra loja bronzeado e totalmente descansado. Quase não reconheci a Janaína, porque a louca estava mais preta que um pedaço de carvão.
- Sangue de Maria Madalena tem poder... – fiquei chocado. – Azulão? É você?
Ela gargalhou e me abraçou com força.
- Que saudades de você, amigo!
- Janaína do céu... Quanto tempo você ficou no forno pra ficar dessa cor?
- O sol de Natal é maravilhoso, amigo! Fiquei linda, né?
- Agora sim eu acredito que você ficou preta passada na chapinha! Nossa, que bronzeado!
- Olha quem fala! Hum... Fiquei sabendo que você arrasou, hein?
- Ficou? – fiquei sem graça.
- Fiquei, claro que fiquei! Adorei as campanhas que você fez, principalmente a de doação de dinheiro pras vítimas da serra! Parabéns!
- Obrigado! Mas me conta, como foram as suas férias?
- Maravilhosas! Peguei vários bofes lá no Rio Grande do Sul!
- Do Norte, amiga.
- Não, menino! Do Sul, não é?
- Ai, Janaína! Se mata e volta pra 1ª série, minha filha! O Rio Grande do Sul fica ali, do lado de Santa Catarina! Você foi pro Rio Grande do Norte!
- Que seja, é tudo Rio e é tudo Grande. Bota grande nisso... Saudades!
Jonas também me parabenizou até o último. Ele disse que ficou feliz com minha conduta e que ficou totalmente de acordo com os nomes que eu mandei para serem desligados.
- Que bom que eu acertei!
E os desligamentos aconteceram naquele dia mesmo. Como prometido, a Duda deixou que eu acompanhasse a saída dos funcionários. Eu fiquei chateado, porque fui eu o culpado daqueles desligamentos.
- Não fique assim – Duda me aconselhou. – É assim que as coisas acontecem.
Ela disse que a minha promoção ia sair sim, que era uma promessa, mas eu não estava confiante. Eu só ia acreditar à partir do momento que visse a nova função no meu holerite.
Março chegou num piscar de olhos e logo na primeira semana eu me inscrevi na autoescola. O Bruno não me deu sossego com isso.
- Até que enfim, amor! Até que enfim.
- Eu disse que ia me inscrever, não disse?
- Disse!
E foi em março que eu comecei a minha pós-graduação. As aulas, que começariam em fevereiro, foram adiadas por um mês por um problema na faculdade. Esse problema não foi divulgado.
Se eu achava os trabalhos da faculdade difíceis, achei os da pós mil vezes piores. Logo no primeiro dia o professor passou um trabalho escabroso. Eu fiquei foi com medo daquela pós-graduação, isso sim.
- Relaxa que vai dar tudo certo – Rodrigo me acalmou. – É assim mesmo!
- Espero que dê tudo certo.
- Vai dar sim.
- E seu mestrado?
- Simplesmente dificílimo. Minha orientadora é gente boa, mas está sendo tudo muito complicado.
- Mas vai dar tudo certo!
Meu namoro ia de vento em poupa, obrigado. Bruno estava estudando e trabalhando mais do que nunca. Ele não pediu as contas da empresa, como achava que iria fazer.
- Viu só? Eu disse que você não iria sair, amor! Dá pra fazer tudo, desde que tenha paciência.
- Graças a Deus.
Enquanto eu, Vinícius e Fabrício estávamos na pós-graduação, Rodrigo estava no mestrado. E ele estava mais atarefado do que nunca. O coitado ficou literalmente sem vida social, logo nos primeiros meses de experimentos.
- Não posso, Caio! Bem que eu queria sair com vocês, mas não dá. Eu tenho que fazer muitos testes aqui.
- Ah, que pena amigo! Bons estudos então!
- Muito obrigado e bom divertimento pra vocês. Manda um abraço pro meu cunhado.
- Pode deixar que eu mando sim.
E foi em meados de março que o Bruno me apareceu com um presente misterioso. Eu fiquei curioso com o que estava dentro daquela caixa. Não era uma caixa pequena.
- É pra você! Presente pelo nosso 1 ano e 8 meses de namoro!
- Ai, o que é isso?
- Pega! Você vai gostar.
Eu segurei a caixa e balancei para ver o que tinha dentro e para a minha surpresa, a caixa se mexeu sozinha.
- CREDO! ELA SE MEXEU.
- Mexeu, é? Por que não abre?
Quando eu ia abrir a caixa, ele colocou a mão nos meus olhos.
- Você não pode ver.
- O que é isso? Está se mexendo muito! É um bicho?
- Não sei... Coloca a mão aí dentro!
Eu coloquei a mão e senti um tufo de pelos na minha pele. Fiquei assustado e pensei que era alguma brincadeira do meu namorado.
- AAAAAAAAAAAAAH, É UM RATO!!! – saí correndo do quarto feito um desesperado e fui parar em cima do sofá. O Bruno gargalhou da minha reação.
- Desce daí, menino! Não é rato!
- É sim! É peludo e pequeno!
- Por que não dá uma olhada?
Eu olhei, mas de cima do sofá mesmo. Quando eu abri a caixa e vi aqueles dois seres minúsculos e lindos eu me apaixonei perdidamente e desci do sofá num salto!
- AI QUE LIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIINDO, SÃO DOIS GATINHOS!!!
- Viu só? Não são ratos!
Eu olhei pros dois e eles olharam pra mim. era um marrom com a cara e o rabo pretos e um branco com listras cinzas nas patas. Este último olhou dentro dos meus olhos e miou:
- Miau!
- Ô, QUE COISA MAIS LINDA!!!
Segurei os dois gatinhos nas mãos e eles ficaram brincando entre si. O branquelo não parava de olhar nos meus olhos. Eu fiquei abestalhado com os dois!
- Que lindos, amor! Onde você os conseguiu?
- São os dois únicos netos da Alexia. Você gostou?
- Da Alexia? Mas... Eu nem sabia que eles tinham nascido! Muito menos que tinham sido desmamados!!!
- Pedi pra ela guardar segredo porque queria fazer uma surpresa. Você gostou ou não?
- Claro que eu gostei! Eles são meninos ou meninas?
- É um casal, mas eu não sei quem é quem ainda.
- Deixa eu dar uma olhada... Me ajuda aqui?
Com cuidado, eu deitei os gatinhos no meu colo e abri as perninhas deles pra conferir o sexo.
- Dá licença, viu bebê?
O marrom era macho e a branca era fêmea.
- Com qual você vai querer ficar, amor?
- E eu tenho que escolher um só?
- Um é meu e um é seu.
- Eu gostei dos dois, mas acho que vou ficar com esse marronzinho. Ele é tão lindo!
- Então eu fico com a branca. Como ele vai se chamar?
- Hum... Não sei! Alguma sugestão?
- Jeremias!
- Credo. Não, coitado. Ele não merece um nome feio desses!
- Não é feio! – Bruno fez bico. – Que tal Astolfo?
- Piorou! O coitado vai ficar traumatizado, né neném? Você é muito lindo, mocinho!
- E se for Bartolomeu?
- Ai, Bruno! Que nome feio... Deixa eu ver do que ele tem cara... Olha pra mim, filho!
Eu já estava chamando ele de filho.
- Hum... Acho que ele vai se chamar Enzo!
- Enzo?
- AI! Ele me mordeu! Acho que gostou desse nome! É, ele vai se chamar Enzo. Enzo Monteiro da Silva!
- Taí! Enzo! Gostei!
- E a sua? Como vai se chamar?
- Ainda não decidi. Acho que Quitéria.
- Cruzes! Que horror... Ela tem cara de Filó!
E não é que ela me olhou.
- Ai não! Deixa eu ver... Psiu, olha pra mim, neném... Ai! Já sei! Ela vai se chamar Gertrudes!
- Ai, Bruno! Ela vai ficar depressiva, coitada!
- Não vai não! O nome dela é Gertrudes. Gertrudes Filomena Monteiro Duarte da Silva e Silva.
- Gertrudes Filomena... Se ela fosse ser humano ela mudaria de nome quando completasse 18 anos, fato!
- Seu chato! O nome dela não é feio!
- Imagina se fosse. Eu só vou chamá-la de Filó!
- Pois tomara que ela não te atenda!
- Ela vai me atender, né filha?
Gertrudes Filomena hoje em dia se chama Gertrudes Filomena Quitéria Claraíde Medeiros de Mendonça e Albuquerque Monteiro Duarte da Silva e Silva. Só que não.
Pronto. Bruno e eu já tínhamos nossos filhos. Tanto ele quanto eu adorávamos gatos.
- Sua maldita! – esbravejei.
- Gostou da surpresa, amigo? – Alexia riu.
- Amei! Você tinha que ter me contado, sua chata.
- Não, não! Bruno pediu segredo e eu guardei.
- Muito lindos eles dois!
- Não são? Mimosa só teve eles, coitada. Está aqui toda tristonha.
- Pobrezinha!
- Cuide bem dos meus netinhos, hein?
- Não tanha dúvidas disso!
Eu ia cuidar mesmo. Eu amava – e amo – gatos.
- Rodrigo, eu tenho uma surpresa!
- Que surpresa? – meu amigo estava no meu apartamento.
- Bruno e eu viramos papais.
- O QUÊ?
- Nós adotamos duas crianças...
- COMO É QUE É, CAIO? QUE HISTÓRIA É ESSA?
- É isso mesmo! Bruno e eu viramos papais! Ele adorou um casal de gêmeos e fez uma surpresa pra mim semana passada.
- Não... Eu não acredito... Isso não é verdade... Não pode ser verdade!!!
- É verdade sim! Você quer apostar?
- E cadê essas crianças que eu não to vendo?
- Bruno? Traz os meninos pro Digow ver, por favor!
Ele estava boquiaberto e com os olhos arregalados. Quando o Bruno apareceu com os gatinhos no colo, o Rodrigo foi murchando gradativamente. Ele ficou com uma cara de “não acredito que são gatos” que me fez rir.
- Esses são os filhos de vocês? Dois gatos? Que nojo!!!
- É! Não são lindos? – eu peguei o Enzo no colo e ele me mordeu.
- São... Ridículos!
- Não fala assim, Digow! Eles são lindos! Esse é o Enzo e aquela é a Gertrudes Filomena.
- Affe! Que coisa mais nojenta, Caio! Nunca mais eu venho aqui nesse apartamento!
- Digow... Eles não são nojentos! E tem mais, eu quero que você seja o padrinho!
- DEUS ME LIVRE! Odeio gatos!
- Fala oi pro titio, filha! – Bruno tentou colocar Gertrudes perto do Digow.
- Titio é a puta que pariu. Sai daqui com esse saco de pulgas, cunhado! Eu, hein?!
Quando eu abri o meu
holerite no final de março e vi o meu salário cair mais de cinco vezes, eu
fiquei deprimido. A comissão que eu recebi no final de fevereiro foi estrondosa
e superou todas as minhas expectativas. Já a de março...
- Que cara é essa, amigo?
- Acabei de abrir meu holerite e vi que meu salário caiu cinco vezes. To triste!
- É, tá vendo? Ficou tão relutante pra aceitar a gerência, mas bem que gostou, né?
- Não pensei que eu fosse ganhar tão bem, Jana.
- É porque você ficou com as duas equipes, é por isso. Mas não esquenta não, a Duda ainda está vendo a sua promoção. Logo você vira gerente em uma das lojas dela. Dê tempo ao tempo.
- É isso que eu vou fazer.
- Falando em tempo ao tempo, você viu que vai ter mais um show do Jorge e Mateus?
- Quando?
- Mês que vem. Vamos?
- Óbvio que sim! Pode contar comigo e com o Bruno.
- Adoro! Vai ser muito divertido.
Nesse momento meu celular começou a tocar.
- Meu celular... Posso atender?
- Pode, mas finge que é um cliente.
- Alô?
- Alô? – era uma mulher. – É o Caio?
- Isso mesmo! Quem fala?
- Oi, Caio... Eu sou a Angélica, amiga do Bruno. Lembra de mim?
Angélica, Angélica...? Eu não estava lembrando, mas depois me toquei que ela era uma colega de trabalho do meu namorado.
- Claro! Oi, Angélica! Aconteceu alguma coisa com o Bruno?
- Então, Caio... É justamente por isso que eu estou ligando!
Eu gelei.
- O que aconteceu? – fiquei preocupado.
- Então... Não fique preocupado...
- Fala, Angélica! O que aconteceu com o Bruno?
- O Bruno desmaiou, Caio. Nós estamos no hospital!

- Que cara é essa, amigo?
- Acabei de abrir meu holerite e vi que meu salário caiu cinco vezes. To triste!
- É, tá vendo? Ficou tão relutante pra aceitar a gerência, mas bem que gostou, né?
- Não pensei que eu fosse ganhar tão bem, Jana.
- É porque você ficou com as duas equipes, é por isso. Mas não esquenta não, a Duda ainda está vendo a sua promoção. Logo você vira gerente em uma das lojas dela. Dê tempo ao tempo.
- É isso que eu vou fazer.
- Falando em tempo ao tempo, você viu que vai ter mais um show do Jorge e Mateus?
- Quando?
- Mês que vem. Vamos?
- Óbvio que sim! Pode contar comigo e com o Bruno.
- Adoro! Vai ser muito divertido.
Nesse momento meu celular começou a tocar.
- Meu celular... Posso atender?
- Pode, mas finge que é um cliente.
- Alô?
- Alô? – era uma mulher. – É o Caio?
- Isso mesmo! Quem fala?
- Oi, Caio... Eu sou a Angélica, amiga do Bruno. Lembra de mim?
Angélica, Angélica...? Eu não estava lembrando, mas depois me toquei que ela era uma colega de trabalho do meu namorado.
- Claro! Oi, Angélica! Aconteceu alguma coisa com o Bruno?
- Então, Caio... É justamente por isso que eu estou ligando!
Eu gelei.
- O que aconteceu? – fiquei preocupado.
- Então... Não fique preocupado...
- Fala, Angélica! O que aconteceu com o Bruno?
- O Bruno desmaiou, Caio. Nós estamos no hospital!
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