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implesmente não pude acreditar no que meus olhos viam e meus
ouvidos ouviam. Eu não estava acreditando que o Bruno estava com ciúmes de uma
mulher!
- Você tá falando sério? – eu tentei não explodir. – Você tá me mandando embora por causa de uma garota? É isso mesmo, assistente de palco?
- Eu estou com ciúmes!
- De uma garota? De uma mulher? Você acha mesmo que eu me interessaria por uma mulher sendo que eu sou completamente apaixonado por você?
- Foi você mesmo que disse que se fosse hetero ficaria com ela!
- Se fosse hetero eu ficaria, mas eu não sou! É pra mim sair? Se for eu não volto, hein?
- Não! – ele me agarrou. – Fica aqui comigo!
- Então melhora essa cara de bunda!
- É a única que eu tenho!
- Não é não, seu mal-educado. Não gosto quando você fica assim. Eu amo seus ciúmes, mas agora pra mim já foi demais. Ciúmes de uma garota? Por favor, né?
- Eu fiquei sim e daí? Não posso tomar conta do que é meu?
Que bonitinho!
- Pode sim, mas você sabe muito bem que eu nunca ficaria com uma rapariga daquelas sendo que eu amo você. Se eu não te amasse, até poderia pensar e se eu gostasse da fruta, mas não gosto. Quer provas que eu não gosto?
- E se eu quiser?
- Eu te dou! Fala o que quer? Que eu faça uma faixa onde esteja escrito “eu amo o Bruno”?
- Bobo!
- Você que é!
- Desculpa!
- Está desculpado, amor. Eu amo você, não esquece!
- Também te amo e não quero te perder nunca.
- Não vai me perder nunca. Nunca mesmo.
- Promete?
- O que nós combinamos? Que vamos ficar juntos pra sempre não foi?
- Foi.
- Então não duvide de minha palavra. Eu não vou te abandonar.
- Também não. Nunca mais!
Eu tinha certeza disso. Bruno e eu nos beijamos por muito tempo, mas resolvemos não fazer nada porquê não estávamos na nossa cama. Seria cafajestagem demais usufruir da hospedagem da Dona Inês para fazer outra coisa além de dormir. Seria até falta de respeito.
Por isso nós dormimos agarradinhos a noite toda. Confesso que achei aquela cama pequena demais para nós dois, eu já estava acostumado com a cama de casal.
- Como passaram a noite? – perguntou o pai do Diguinho.
- Muito bem, obrigado pela preocupação!
- Estou muito contente coma presença de vocês. É uma honra ter vocês aqui conosco.
- A honra é nossa – eu fiquei todo sem graça. – Obrigado pela hospitalidade.
- O que vocês vão fazer hoje? – perguntou a mãe do meu melhor amigo.
- Vou levá-los pra conhecer a cidade. O Bruno nunca veio aqui.
- E o que está achando, Bruno?
- Por enquanto estou gostando, Dona Inês. A cidade é muito bonita, principalmente esse bairro.
- É verdade. Eu adoro Curitiba, mas ela não chega aos pés do Rio de Janeiro.
- O Rio de Janeiro é lindo, mas só o litoral. Vai no morro pra senhora ver – falou Rodrigo. – Lá é horrível!
- Eu faço ideia!!!
Rodrigo realmente nos levou para conhecer a cidade e nós fizemos isso de bicicleta. Há muito tempo eu não dava uma corridinha de bike, já estava ficando com saudades.
- Estou com saudades de andar de skate – comentei com os meninos.
- Você sabe andar de skate? – perguntou a ex-namorada do Rodrigo.
- Sei sim. Bom, na verdade fazem uns 10 anos que eu não ando, mas acho que não esqueci.
- O Rodrigo andava bem de skate na época que a gente namorada, né Rodrigo?
- É, mas acho que eu perdi o treino. Nem skate mais eu tenho. Minha onda agora é surfar, diz aí Bruno?
- É! Ele pensa que surfa, sabe Babí?
- Essa eu quero ver, Digow! Essa eu quero ver!
- Quem sabe um dia?
Aqueles dois se olhavam de um jeito tão esquisito que eu tinha era certeza que iria rolar um repeteco. Eu acho que o meu irmão estava mesmo gostando daquela garota. Ele merecia uma pessoa como a Bárbara. Ela era linda!
- Vamos pra casa almoçar? – perguntou o anfitrião.
- Sim – respondi. – Preciso de um banho.
- Você vai com a gente, né? – ele se dirigiu à garota.
- Não quero incomodar...
- Vai incomodar não! Vem, por favor?
- Então tá – ela deu de ombros.
Mas nós não fomos almoçar. Ao invés disso, Rodrigo ligou pra mãe pra ela não fazer comida e nós resolvemos comer cachorro quente em uma barraquinha na rua.
- Que merda! – reclamei quando engoli a primeira mordida.
- Que foi? – perguntou meu namorado.
- Ficou tudo grudado no meu aparelho!
Era a primeira vez que eu comia hot dog depois que coloquei o aparelho. Metade do pão ficou grudado nos ferrinhos, eu fiquei com muita raiva.
- É horrível isso, mas daqui a pouco sai.
Não saiu. Só saiu por completo quando eu escovei meus dentes e passei o fio dental. Aí sim ficou limpo. Eu já escovava meus dentes 3 vezes antes do aparelho, depois dele passei a escovar bem mais.
- Agora sim – comuniquei.
- Deixa eu ver...
Eu sorri pro meu namorado e ele aprovou.
- Você ficou lindo com esse aparelho!
- Eu também gostei – confessou Dona Inês. – Ficou lindo mesmo. Seu sorriso é lindo na verdade.
- Obrigado, Dona Inês!
O sobrinho do Rodrigo estava correndo pela casa e a ex-namorada dele não parava de correr atrás dele. Eles estavam brincando.
- Não deixa ele colocar o dedo na tomada, Babí.
- Pode deixar, Dona Inês.
O que tinha o Nícolas de calmo tinha o Cadu de travesso. O garotinho era um verdadeiro demônio em forma de gente e só não mexia na lua porque não alcançava.
- CHEGA! – Rodrigo se estressou quando viu que o menino estava tentando subir no carro. – DESCE JÁ DAÍ!
- Isso aí, filho! Dá bronca nele mesmo porque ele é terrível!
- Mas, tio...
- DESCE JÁ DAÍ! NÃO AGUENTO MAIS! VOCÊ TEM QUE OBEDECER, ENTENDEU?
- Não briga comigo!
- VAI PRO SEU QUARTO! VOCÊ ESTÁ DE CASTIGO!
O menino chorou e fez um escândalo, mas o titio lindo não deu trégua e colocou mesmo o menino de castigo. Ele só saiu do quarto quando o Rodrigo autorizou.
- Pede desculpas pra sua avó!
- Desculpa, vovó.
- Só vou desculpar se você prometer que não vai mais me desobedecer!
- Eu prometo!
- Então vem aqui me dar um beijo!
Eu fiquei pensando em como seria quando Bruno e eu tivéssemos o nosso filho. Será que ele seria levado como o sobrinho do Rodrigo? Ou será que ele seria calmo como o filho do Fabrício? Isso só o tempo diria.
Durante toda a semana nós não paramos em casa. Rodrigo me reapresentou todos os seus amigos e eu conheci alguns que ainda não tinha conhecido. Eram todos muito legais.
No prazo de 1 semana eu conheci Curitiba de cabo à rabo. A cidade era grande e realmente muito bonita. Eu gostei do local.
- Aqui quando é inverno é muito frio – explicou o meu irmão. – Às vezes a temperatura chega perto do 0.
- Ai que delícia!!!
- Lá na Argentina a gente chegou a ficar com – 4º C não foi, Caio?
- É sim! Por isso que nevou.
- A minha mãe amou aquelas fotos. Ela pediu pro meu pai levá-la pra lá.
- Ah, é?
- Uhum. Disse ela que quer uma terceira ou quarta lua de mel. Só a minha mãe mesmo.
- Ela está certíssima! Tem mais é que aproveitar a vida enquanto pode.
- Isso é, né?
Foi na véspera da nossa volta pro Rio que o Rodrigo e eu conversamos a respeito da volta dele. Eu ainda não sabia se ele iria ficar de vez no Paraná ou se ia ficar mais uma temporada no Rio de Janeiro.
- Eu vou ficar aqui, Caio – ele estava sério.
- Ah, sério? – já senti vontade de chorar. – Então amanhã a gente vai ter que se despedir?
- É isso aí. Eu não vou mais voltar pro Rio de Janeiro, mano. A gente vai ter que se separar.
- MENTIROSO! – eu me revoltei.
- Hã? Por que está falando isso?
- Seu mentiroso! Você está mentindo pra mim?
- Não estou não!
- Tá sim! Você está mentindo! Você tremeu a sobrancelha e desviou os olhos de mim!
- Não é mentira... Eu vou ficar...
- Não vai não! Você mentiu!
- Qual é? Virou detector de mentiras agora?
- Não! Mas eu sei quando alguém está mentindo pra mim!
- Porra... Como é que você sabe?
- Já disse! Você desviou os olhos e sua sobrancelha tremeu. Sempre que você mente a sua sobrancelha treme!
- Caralho, Caio! Você me conhece mesmo, hein?
- Eu sabia que você não ia, eu sabia! – fiquei feliz da vida.
- Não vou, não vou! Vou continuar lá por mais um ano, mas esse será o último! Já fui aceito no doutorado.
- Eu sabia que você não ia me desapontar, eu sabia!
- Mas esse será meu último ano lá, de verdade.
- O importante é a gente ficar por perto por mais um ano! Quando você for embora, aí a gente vê.
Mal sabia eu que naquele ano eu também sairia do Rio de Janeiro.
- Vou terminar meus estudos lá e depois venho pra cá em definitivo. Já estou vendo um apartamento pra mim comprar.
- Não vai mais morar com seus pais?
- Não. Eu já estou velho pra morar com meus pais. Quero morar sozinho ou com a namorada.
- Q-U-E N-A-M-O-R-A-D-A?
- Eu e a Bárbara voltamos, Caio!
Não sabia se chorava ou se batia naquele cachorro. Que ciúmes!
- Vadia, rapariga, prostituta mal-comida, retardada da 3ª idade... Ela me paga!
- Eu amo quando você fala essas coisas, sabia?
- Ama, é?
- Eu dou risada lembrando de vez em quando. E essa sua cara... Ela é incrível!
- Eu morro de ciúmes dessas meninas, sério.
- Eu morro de ciúmes do Bruno, então a gente está quite.
- Você não sente ciúmes do Bruno!
- Você que pensa. Eu não demonstro, mas sinto. Sempre que você vai embora pra ficar com ele eu fico pensando que você poderia ficar comigo. Isso me deixa péssimo, mas passa rapidinho.
- A gente só não ficou porquê você não quis!
- Eu sei – ele ficou tímido. – No fundo eu não teria coragem.
- Uhum!
- Você é só meu irmãozinho.
- Você também, Diguinho! Eu te amo como um irmão.
- Quero que saiba que independentemente do que acontecer, eu sempre estarei ao seu lado, tá?
- Eu sei disso! Eu sei disso!
A minha amizade com ele nunca esfriou. Rodrigo e eu poderíamos ficar dias, semanas ou meses sem nos ver, mas a nossa amizade permanecia intacta. Naquele momento, naquela época, as nossas vidas estavam caminhando em rumos contrários, mas nem por isso a gente deixava de se ver, nem por isso a gente deixava de se falar.
Realmente, eu não posso negar que não era a mesma coisa do começo, na época em que nós morávamos juntos, mas era muito melhor do que nós dois poderíamos imaginar.
Quando estávamos separados, Rodrigo e eu nos falávamos por telefone a todo momento. Eu ligava pra ele pelo menos uma três vezes ao dia e ele idem. E quando não nos falávamos por telefone, falávamos por torpedo, por MSN, por Facebook ou qualquer outro meio de contato, mas nós nos falávamos. E quando nos víamos, matávamos as saudades e colocávamos o papo em dia. Era sempre assim.
- Te amo, tá?
- Também te amo, Caio! Boa noite.
- Boa noite, amigo. Dorme com Deus.
- Amém. Você também.
Voltei pro quarto, deitei e conversei com o Bruno:
- Ele vai ficar ou vai voltar?
- Vai voltar. Ele tentou me enganar falando que ia ficar, mas eu peguei no pulo. Ele volta porque vai fazer doutorado.
- O Digow é um cara muito esforçado. Eu quero ser que nem ele um dia!
- E você será. Eu sei que será!
O que o Bruno falou era verdade. Rodrigo era mesmo um garoto muito esforçado, muito batalhador. Desde que foi pro Rio ele não parou de estudar um ano sequer. Ele era muito esforçado e só por isso merecia o meu carinho, meu respeito e minha admiração. Minha e do Bruno, é claro.
- Muito obrigado por tudo, Dona Inês!
- Imagina, Caio! Foi um prazer imenso ter você aqui conosco.
- Obrigado, o prazer foi todo meu!
Nos despedimos e o Digão nos levou até o aeroporto. Ele ia ficar mais uma semana, porque ainda estava de férias na empresa.
- Foi bom demais passar essa semana com vocês – ele nos abraçou ao mesmo tempo.
- Foi bom também – falou Bruno.
- Foi ótimo! Obrigado pelo convite!
- Venham sempre que quiserem. A minha casa é de vocês.
- E a nossa é sua!
Nos despedimos e embarcamos. Pouco tempo depois já estávamos no Rio novamente.
- Você tá falando sério? – eu tentei não explodir. – Você tá me mandando embora por causa de uma garota? É isso mesmo, assistente de palco?
- Eu estou com ciúmes!
- De uma garota? De uma mulher? Você acha mesmo que eu me interessaria por uma mulher sendo que eu sou completamente apaixonado por você?
- Foi você mesmo que disse que se fosse hetero ficaria com ela!
- Se fosse hetero eu ficaria, mas eu não sou! É pra mim sair? Se for eu não volto, hein?
- Não! – ele me agarrou. – Fica aqui comigo!
- Então melhora essa cara de bunda!
- É a única que eu tenho!
- Não é não, seu mal-educado. Não gosto quando você fica assim. Eu amo seus ciúmes, mas agora pra mim já foi demais. Ciúmes de uma garota? Por favor, né?
- Eu fiquei sim e daí? Não posso tomar conta do que é meu?
Que bonitinho!
- Pode sim, mas você sabe muito bem que eu nunca ficaria com uma rapariga daquelas sendo que eu amo você. Se eu não te amasse, até poderia pensar e se eu gostasse da fruta, mas não gosto. Quer provas que eu não gosto?
- E se eu quiser?
- Eu te dou! Fala o que quer? Que eu faça uma faixa onde esteja escrito “eu amo o Bruno”?
- Bobo!
- Você que é!
- Desculpa!
- Está desculpado, amor. Eu amo você, não esquece!
- Também te amo e não quero te perder nunca.
- Não vai me perder nunca. Nunca mesmo.
- Promete?
- O que nós combinamos? Que vamos ficar juntos pra sempre não foi?
- Foi.
- Então não duvide de minha palavra. Eu não vou te abandonar.
- Também não. Nunca mais!
Eu tinha certeza disso. Bruno e eu nos beijamos por muito tempo, mas resolvemos não fazer nada porquê não estávamos na nossa cama. Seria cafajestagem demais usufruir da hospedagem da Dona Inês para fazer outra coisa além de dormir. Seria até falta de respeito.
Por isso nós dormimos agarradinhos a noite toda. Confesso que achei aquela cama pequena demais para nós dois, eu já estava acostumado com a cama de casal.
- Como passaram a noite? – perguntou o pai do Diguinho.
- Muito bem, obrigado pela preocupação!
- Estou muito contente coma presença de vocês. É uma honra ter vocês aqui conosco.
- A honra é nossa – eu fiquei todo sem graça. – Obrigado pela hospitalidade.
- O que vocês vão fazer hoje? – perguntou a mãe do meu melhor amigo.
- Vou levá-los pra conhecer a cidade. O Bruno nunca veio aqui.
- E o que está achando, Bruno?
- Por enquanto estou gostando, Dona Inês. A cidade é muito bonita, principalmente esse bairro.
- É verdade. Eu adoro Curitiba, mas ela não chega aos pés do Rio de Janeiro.
- O Rio de Janeiro é lindo, mas só o litoral. Vai no morro pra senhora ver – falou Rodrigo. – Lá é horrível!
- Eu faço ideia!!!
Rodrigo realmente nos levou para conhecer a cidade e nós fizemos isso de bicicleta. Há muito tempo eu não dava uma corridinha de bike, já estava ficando com saudades.
- Estou com saudades de andar de skate – comentei com os meninos.
- Você sabe andar de skate? – perguntou a ex-namorada do Rodrigo.
- Sei sim. Bom, na verdade fazem uns 10 anos que eu não ando, mas acho que não esqueci.
- O Rodrigo andava bem de skate na época que a gente namorada, né Rodrigo?
- É, mas acho que eu perdi o treino. Nem skate mais eu tenho. Minha onda agora é surfar, diz aí Bruno?
- É! Ele pensa que surfa, sabe Babí?
- Essa eu quero ver, Digow! Essa eu quero ver!
- Quem sabe um dia?
Aqueles dois se olhavam de um jeito tão esquisito que eu tinha era certeza que iria rolar um repeteco. Eu acho que o meu irmão estava mesmo gostando daquela garota. Ele merecia uma pessoa como a Bárbara. Ela era linda!
- Vamos pra casa almoçar? – perguntou o anfitrião.
- Sim – respondi. – Preciso de um banho.
- Você vai com a gente, né? – ele se dirigiu à garota.
- Não quero incomodar...
- Vai incomodar não! Vem, por favor?
- Então tá – ela deu de ombros.
Mas nós não fomos almoçar. Ao invés disso, Rodrigo ligou pra mãe pra ela não fazer comida e nós resolvemos comer cachorro quente em uma barraquinha na rua.
- Que merda! – reclamei quando engoli a primeira mordida.
- Que foi? – perguntou meu namorado.
- Ficou tudo grudado no meu aparelho!
Era a primeira vez que eu comia hot dog depois que coloquei o aparelho. Metade do pão ficou grudado nos ferrinhos, eu fiquei com muita raiva.
- É horrível isso, mas daqui a pouco sai.
Não saiu. Só saiu por completo quando eu escovei meus dentes e passei o fio dental. Aí sim ficou limpo. Eu já escovava meus dentes 3 vezes antes do aparelho, depois dele passei a escovar bem mais.
- Agora sim – comuniquei.
- Deixa eu ver...
Eu sorri pro meu namorado e ele aprovou.
- Você ficou lindo com esse aparelho!
- Eu também gostei – confessou Dona Inês. – Ficou lindo mesmo. Seu sorriso é lindo na verdade.
- Obrigado, Dona Inês!
O sobrinho do Rodrigo estava correndo pela casa e a ex-namorada dele não parava de correr atrás dele. Eles estavam brincando.
- Não deixa ele colocar o dedo na tomada, Babí.
- Pode deixar, Dona Inês.
O que tinha o Nícolas de calmo tinha o Cadu de travesso. O garotinho era um verdadeiro demônio em forma de gente e só não mexia na lua porque não alcançava.
- CHEGA! – Rodrigo se estressou quando viu que o menino estava tentando subir no carro. – DESCE JÁ DAÍ!
- Isso aí, filho! Dá bronca nele mesmo porque ele é terrível!
- Mas, tio...
- DESCE JÁ DAÍ! NÃO AGUENTO MAIS! VOCÊ TEM QUE OBEDECER, ENTENDEU?
- Não briga comigo!
- VAI PRO SEU QUARTO! VOCÊ ESTÁ DE CASTIGO!
O menino chorou e fez um escândalo, mas o titio lindo não deu trégua e colocou mesmo o menino de castigo. Ele só saiu do quarto quando o Rodrigo autorizou.
- Pede desculpas pra sua avó!
- Desculpa, vovó.
- Só vou desculpar se você prometer que não vai mais me desobedecer!
- Eu prometo!
- Então vem aqui me dar um beijo!
Eu fiquei pensando em como seria quando Bruno e eu tivéssemos o nosso filho. Será que ele seria levado como o sobrinho do Rodrigo? Ou será que ele seria calmo como o filho do Fabrício? Isso só o tempo diria.
Durante toda a semana nós não paramos em casa. Rodrigo me reapresentou todos os seus amigos e eu conheci alguns que ainda não tinha conhecido. Eram todos muito legais.
No prazo de 1 semana eu conheci Curitiba de cabo à rabo. A cidade era grande e realmente muito bonita. Eu gostei do local.
- Aqui quando é inverno é muito frio – explicou o meu irmão. – Às vezes a temperatura chega perto do 0.
- Ai que delícia!!!
- Lá na Argentina a gente chegou a ficar com – 4º C não foi, Caio?
- É sim! Por isso que nevou.
- A minha mãe amou aquelas fotos. Ela pediu pro meu pai levá-la pra lá.
- Ah, é?
- Uhum. Disse ela que quer uma terceira ou quarta lua de mel. Só a minha mãe mesmo.
- Ela está certíssima! Tem mais é que aproveitar a vida enquanto pode.
- Isso é, né?
Foi na véspera da nossa volta pro Rio que o Rodrigo e eu conversamos a respeito da volta dele. Eu ainda não sabia se ele iria ficar de vez no Paraná ou se ia ficar mais uma temporada no Rio de Janeiro.
- Eu vou ficar aqui, Caio – ele estava sério.
- Ah, sério? – já senti vontade de chorar. – Então amanhã a gente vai ter que se despedir?
- É isso aí. Eu não vou mais voltar pro Rio de Janeiro, mano. A gente vai ter que se separar.
- MENTIROSO! – eu me revoltei.
- Hã? Por que está falando isso?
- Seu mentiroso! Você está mentindo pra mim?
- Não estou não!
- Tá sim! Você está mentindo! Você tremeu a sobrancelha e desviou os olhos de mim!
- Não é mentira... Eu vou ficar...
- Não vai não! Você mentiu!
- Qual é? Virou detector de mentiras agora?
- Não! Mas eu sei quando alguém está mentindo pra mim!
- Porra... Como é que você sabe?
- Já disse! Você desviou os olhos e sua sobrancelha tremeu. Sempre que você mente a sua sobrancelha treme!
- Caralho, Caio! Você me conhece mesmo, hein?
- Eu sabia que você não ia, eu sabia! – fiquei feliz da vida.
- Não vou, não vou! Vou continuar lá por mais um ano, mas esse será o último! Já fui aceito no doutorado.
- Eu sabia que você não ia me desapontar, eu sabia!
- Mas esse será meu último ano lá, de verdade.
- O importante é a gente ficar por perto por mais um ano! Quando você for embora, aí a gente vê.
Mal sabia eu que naquele ano eu também sairia do Rio de Janeiro.
- Vou terminar meus estudos lá e depois venho pra cá em definitivo. Já estou vendo um apartamento pra mim comprar.
- Não vai mais morar com seus pais?
- Não. Eu já estou velho pra morar com meus pais. Quero morar sozinho ou com a namorada.
- Q-U-E N-A-M-O-R-A-D-A?
- Eu e a Bárbara voltamos, Caio!
Não sabia se chorava ou se batia naquele cachorro. Que ciúmes!
- Vadia, rapariga, prostituta mal-comida, retardada da 3ª idade... Ela me paga!
- Eu amo quando você fala essas coisas, sabia?
- Ama, é?
- Eu dou risada lembrando de vez em quando. E essa sua cara... Ela é incrível!
- Eu morro de ciúmes dessas meninas, sério.
- Eu morro de ciúmes do Bruno, então a gente está quite.
- Você não sente ciúmes do Bruno!
- Você que pensa. Eu não demonstro, mas sinto. Sempre que você vai embora pra ficar com ele eu fico pensando que você poderia ficar comigo. Isso me deixa péssimo, mas passa rapidinho.
- A gente só não ficou porquê você não quis!
- Eu sei – ele ficou tímido. – No fundo eu não teria coragem.
- Uhum!
- Você é só meu irmãozinho.
- Você também, Diguinho! Eu te amo como um irmão.
- Quero que saiba que independentemente do que acontecer, eu sempre estarei ao seu lado, tá?
- Eu sei disso! Eu sei disso!
A minha amizade com ele nunca esfriou. Rodrigo e eu poderíamos ficar dias, semanas ou meses sem nos ver, mas a nossa amizade permanecia intacta. Naquele momento, naquela época, as nossas vidas estavam caminhando em rumos contrários, mas nem por isso a gente deixava de se ver, nem por isso a gente deixava de se falar.
Realmente, eu não posso negar que não era a mesma coisa do começo, na época em que nós morávamos juntos, mas era muito melhor do que nós dois poderíamos imaginar.
Quando estávamos separados, Rodrigo e eu nos falávamos por telefone a todo momento. Eu ligava pra ele pelo menos uma três vezes ao dia e ele idem. E quando não nos falávamos por telefone, falávamos por torpedo, por MSN, por Facebook ou qualquer outro meio de contato, mas nós nos falávamos. E quando nos víamos, matávamos as saudades e colocávamos o papo em dia. Era sempre assim.
- Te amo, tá?
- Também te amo, Caio! Boa noite.
- Boa noite, amigo. Dorme com Deus.
- Amém. Você também.
Voltei pro quarto, deitei e conversei com o Bruno:
- Ele vai ficar ou vai voltar?
- Vai voltar. Ele tentou me enganar falando que ia ficar, mas eu peguei no pulo. Ele volta porque vai fazer doutorado.
- O Digow é um cara muito esforçado. Eu quero ser que nem ele um dia!
- E você será. Eu sei que será!
O que o Bruno falou era verdade. Rodrigo era mesmo um garoto muito esforçado, muito batalhador. Desde que foi pro Rio ele não parou de estudar um ano sequer. Ele era muito esforçado e só por isso merecia o meu carinho, meu respeito e minha admiração. Minha e do Bruno, é claro.
- Muito obrigado por tudo, Dona Inês!
- Imagina, Caio! Foi um prazer imenso ter você aqui conosco.
- Obrigado, o prazer foi todo meu!
Nos despedimos e o Digão nos levou até o aeroporto. Ele ia ficar mais uma semana, porque ainda estava de férias na empresa.
- Foi bom demais passar essa semana com vocês – ele nos abraçou ao mesmo tempo.
- Foi bom também – falou Bruno.
- Foi ótimo! Obrigado pelo convite!
- Venham sempre que quiserem. A minha casa é de vocês.
- E a nossa é sua!
Nos despedimos e embarcamos. Pouco tempo depois já estávamos no Rio novamente.
Eu não fui na dentista no dia marcado
porque estava viajando, mas fui assim que pude e rapidamente eu me vi com
aparelho na boca toda.
- Qual elástico você vai querer?
- Pode ser na cor vermelha dessa vez.
- Perfeito.
Daquela vez eu me senti um pouco incomodado, até mesmo porque toda a boca estava cheia de ferros. Será que ia demorar muito para eu me acostumar?
- Dra.?
- Sim?
- Tem um negócio furando minha bochecha aqui em cima!
- Deixa eu ver! Abre o bocão.
Eu abri.
- Ah, é o fio. Ele ficou largo demais. Eu vou cortar.
Ela cortou e eu me senti muito melhor.
- Melhorou?
- Agora sim, obrigado!
- De nada! Você volta aqui daqui um mês pra gente apertar, está bem?
- Combinado! Obrigado!
- Por nada!!!
Saí e Bruno ordenou que eu sorrisse. Eu obedeci e ele tirou foto.
- Ficou lindo demais, meu Deus! Você é lindo demais, ai, ai...
- Bobo! Vamos colocar o piercing mocinho?
- Sim, vamos sim!!!
Foi naquele dia que ele colocou o alargador e o piercing na língua. Bruno disse que não doeu nada, mas eu sabia que tinha doído. Ele não colocou o piercing no centro da língua, colocou na lateral e ficou um charme!
- Amei, amei, amei!!!
- Você vai mesmo fazer a tatuagem?
- Vou sim! Você me espera?
- Espero!
Ele não sabia o que eu ia fazer. Eu ia tatuar no tornozelo um B e um C entrelaçados. Será que ele ia gostar?
- Não mexe com a perna, tá bom? – pediu o tatuador.
- Pode deixar.
Conheci Jesus Cristo em poucos minutos. A dor da tatuagem só perdeu para a dor da retirada de meus sisos. Eu fiquei bastante incomodado com a maquininha, mas valeu a pena. Ele terminou tudo em mais ou menos uma hora.
- Nossa! – fiquei boquiaberto. – ADOREI!
- Gostou?
- Perfeito, cara! Muito perfeito mesmo! Valeu...
- Disponha.
O profissional me fez algumas recomendações e pediu para eu voltar quando desbotasse. Eu fiquei realmente bem contente com o resultado.
A tatuagem era tão pequena, tão discreta, tão simples que em uma única sessão o homem fez tudo. O B era na cor azul e o C na cor verde e eles eram entrelaçados. Não peçam para eu explicar como o cara fez isso porquê eu não sei.
- O que você fez? Deixa eu ver? Deixa?
- Deixo, mas só no carro.
- Ah...
Fomos pro carro e lá dentro ele me encheu o saco de verdade para mostrar a tatuagem.
- Adivinha onde eu fiz?
- Não faço ideia!
- Na virilha – falei no ouvido dele.
- OI? MENTIRA SUA!
- E se for?
- EU TE MATO! NÃO ACREDITO QUE FICOU PELADO NA FRENTE DAQUELE CARA, CAIO MONTEIRO!
- Calma! – gargalhei. – É brincadeira! Eu fiz em outro lugar.
- E onde foi então?
- Por que você não procura?
- Ah... Adorei a ideia!
Meu namorado dirigiu até uma rua deserta e foi me despindo aos poucos. Ele só achou a tatuagem quando tirou as minhas meias.
- NÃO CREIO?
- SURPRESA!!!
- CAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAIO...
- Esse é meu nome!!!
Ele ficou todo bobo, me abraçou, me beijou, me mordeu, me agarrou e não me soltou por uns 5 minutos.
- Ficou lindo! Lindo! Eu quero uma igual... Eu quero!
- É só você fazer, amor!
- Amanhã mesmo eu vou fazer. Doeu muito? Doeu?
- Doeu, mas a dor valeu a pena. Agora eu vou ter um pouquinho de você comigo pra sempre, mesmo que esse pouquinho seja só a inicial do seu nome!
- Você é perfeito! Você é extremamente perfeito!
- Você que é! Vamos almoçar?
- Vamos! Vamos almoçar... Meu amor!
- Qual elástico você vai querer?
- Pode ser na cor vermelha dessa vez.
- Perfeito.
Daquela vez eu me senti um pouco incomodado, até mesmo porque toda a boca estava cheia de ferros. Será que ia demorar muito para eu me acostumar?
- Dra.?
- Sim?
- Tem um negócio furando minha bochecha aqui em cima!
- Deixa eu ver! Abre o bocão.
Eu abri.
- Ah, é o fio. Ele ficou largo demais. Eu vou cortar.
Ela cortou e eu me senti muito melhor.
- Melhorou?
- Agora sim, obrigado!
- De nada! Você volta aqui daqui um mês pra gente apertar, está bem?
- Combinado! Obrigado!
- Por nada!!!
Saí e Bruno ordenou que eu sorrisse. Eu obedeci e ele tirou foto.
- Ficou lindo demais, meu Deus! Você é lindo demais, ai, ai...
- Bobo! Vamos colocar o piercing mocinho?
- Sim, vamos sim!!!
Foi naquele dia que ele colocou o alargador e o piercing na língua. Bruno disse que não doeu nada, mas eu sabia que tinha doído. Ele não colocou o piercing no centro da língua, colocou na lateral e ficou um charme!
- Amei, amei, amei!!!
- Você vai mesmo fazer a tatuagem?
- Vou sim! Você me espera?
- Espero!
Ele não sabia o que eu ia fazer. Eu ia tatuar no tornozelo um B e um C entrelaçados. Será que ele ia gostar?
- Não mexe com a perna, tá bom? – pediu o tatuador.
- Pode deixar.
Conheci Jesus Cristo em poucos minutos. A dor da tatuagem só perdeu para a dor da retirada de meus sisos. Eu fiquei bastante incomodado com a maquininha, mas valeu a pena. Ele terminou tudo em mais ou menos uma hora.
- Nossa! – fiquei boquiaberto. – ADOREI!
- Gostou?
- Perfeito, cara! Muito perfeito mesmo! Valeu...
- Disponha.
O profissional me fez algumas recomendações e pediu para eu voltar quando desbotasse. Eu fiquei realmente bem contente com o resultado.
A tatuagem era tão pequena, tão discreta, tão simples que em uma única sessão o homem fez tudo. O B era na cor azul e o C na cor verde e eles eram entrelaçados. Não peçam para eu explicar como o cara fez isso porquê eu não sei.
- O que você fez? Deixa eu ver? Deixa?
- Deixo, mas só no carro.
- Ah...
Fomos pro carro e lá dentro ele me encheu o saco de verdade para mostrar a tatuagem.
- Adivinha onde eu fiz?
- Não faço ideia!
- Na virilha – falei no ouvido dele.
- OI? MENTIRA SUA!
- E se for?
- EU TE MATO! NÃO ACREDITO QUE FICOU PELADO NA FRENTE DAQUELE CARA, CAIO MONTEIRO!
- Calma! – gargalhei. – É brincadeira! Eu fiz em outro lugar.
- E onde foi então?
- Por que você não procura?
- Ah... Adorei a ideia!
Meu namorado dirigiu até uma rua deserta e foi me despindo aos poucos. Ele só achou a tatuagem quando tirou as minhas meias.
- NÃO CREIO?
- SURPRESA!!!
- CAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAIO...
- Esse é meu nome!!!
Ele ficou todo bobo, me abraçou, me beijou, me mordeu, me agarrou e não me soltou por uns 5 minutos.
- Ficou lindo! Lindo! Eu quero uma igual... Eu quero!
- É só você fazer, amor!
- Amanhã mesmo eu vou fazer. Doeu muito? Doeu?
- Doeu, mas a dor valeu a pena. Agora eu vou ter um pouquinho de você comigo pra sempre, mesmo que esse pouquinho seja só a inicial do seu nome!
- Você é perfeito! Você é extremamente perfeito!
- Você que é! Vamos almoçar?
- Vamos! Vamos almoçar... Meu amor!
Cheguei na loja e vi que a Janaína
estava correndo pra um lado e pro outro feito uma barata tonta. Aquele seria o
último dia dela antes das tão sonhadas férias de verão.
- Me ajuda, Caio?
- Diga, amada?
- Autoriza um desconto pra mim? É pra Alexia. Eu não estou tendo tempo.
- Passa a matrícula e a senha.
- Pode colocar com a sua mesmo.
- Com a minha? – estranhei.
- É, é. Faz o que eu estou te pedindo!
- Mas...
- Vai, Caio! Eu estou louca nessa loja hoje!
Fiz o que ela mandou, mas não entendi por qual motivo eu coloquei a minha matrícula e minha senha para autorizar o desconto da Alexia. O que estava acontecendo?
- Obrigado, amigo!
- Por nada...
Eu estava desconfiado. Alguma coisa de errado estava acontecendo e à partir daquele momento eu não sosseguei enquanto não descobri o que era.
- Caio, Caio... – Juliana foi ao meu encontro.
- Que foi, Jú?
- Você já abriu seu holerite? O nosso aumento já veio!
- Sério? Mentira?
- Nada, é verdade! Vai lá ver!
Eu fui mesmo. Falou em dinheiro me deixou feliz. Eu sentei na minha máquina, abri o sistema, coloquei os dados para abrir meu holerite e dei uma olhada na folha.
- PUTA QUE PARIU...
Eu dei esse grito porque meu salário aumentou e aumentou muito! Quanto será que nós teríamos tido de dissídio naquele ano? Eu não estava acreditando que fosse tudo aquilo até que...
Eu saí andando pela loja sem saber por onde estava pisando. As minhas pernas estavam tremendo muito e meu coração estava batendo mais rápido que as asas de um beija-flor. Eu fiquei com dor de cabeça.
Abri a porta da Duda com ferocidade e fui logo sentando na frente dela. Eu precisava tirar satisfação do que estava acontecendo.
- Oi, Caio!
- Preciso falar com você, Eduarda.
- Eu também preciso falar com você...
- Por qual motivo está constando no meu holerite que a minha função é gerente de vendas???
- Me ajuda, Caio?
- Diga, amada?
- Autoriza um desconto pra mim? É pra Alexia. Eu não estou tendo tempo.
- Passa a matrícula e a senha.
- Pode colocar com a sua mesmo.
- Com a minha? – estranhei.
- É, é. Faz o que eu estou te pedindo!
- Mas...
- Vai, Caio! Eu estou louca nessa loja hoje!
Fiz o que ela mandou, mas não entendi por qual motivo eu coloquei a minha matrícula e minha senha para autorizar o desconto da Alexia. O que estava acontecendo?
- Obrigado, amigo!
- Por nada...
Eu estava desconfiado. Alguma coisa de errado estava acontecendo e à partir daquele momento eu não sosseguei enquanto não descobri o que era.
- Caio, Caio... – Juliana foi ao meu encontro.
- Que foi, Jú?
- Você já abriu seu holerite? O nosso aumento já veio!
- Sério? Mentira?
- Nada, é verdade! Vai lá ver!
Eu fui mesmo. Falou em dinheiro me deixou feliz. Eu sentei na minha máquina, abri o sistema, coloquei os dados para abrir meu holerite e dei uma olhada na folha.
- PUTA QUE PARIU...
Eu dei esse grito porque meu salário aumentou e aumentou muito! Quanto será que nós teríamos tido de dissídio naquele ano? Eu não estava acreditando que fosse tudo aquilo até que...
Eu saí andando pela loja sem saber por onde estava pisando. As minhas pernas estavam tremendo muito e meu coração estava batendo mais rápido que as asas de um beija-flor. Eu fiquei com dor de cabeça.
Abri a porta da Duda com ferocidade e fui logo sentando na frente dela. Eu precisava tirar satisfação do que estava acontecendo.
- Oi, Caio!
- Preciso falar com você, Eduarda.
- Eu também preciso falar com você...
- Por qual motivo está constando no meu holerite que a minha função é gerente de vendas???








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