sábado, 11 de abril de 2015

Capítulo 92

  A
s portas da igreja se abriram tão vagarosamente que isso só fez a nossa tensão e expectativa aumentarem ainda mais. Ao fundo, nós ouvimos o som dos violinos tocando uma música de suspense e isso me deixou chocado. A noiva estava sendo extremamente audaciosa.



A Bruna só apareceu quando a Marcha começou a ser tocada e ela estava DESLUMBRANTE!




Na frente dela, havia duas meninas que aparentavam ter mais ou menos 6 ou 7 anos de idade. Elas jogavam pétalas de rosas brancas por todo o tapete vermelho e estavam lindas, com vestido branco, mas não era de noiva.

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E a Bruna por sua vez, deixou todos os convidados boquiabertos com um vestido tomara-que-caia espetacular. Ela usava véu, grinalda e estava com um buquê de rosas vermelhas também em cascata, mas este era com a cascata maior que a dos bancos. Linda, perfeita. O pai dela estava visivelmente controlando a emoção. Eles andavam a passos lentos e ela não tirou os olhos do noivo um segundo sequer. A mulher manteve o sorriso durante todo o trajeto, que diga-se de passagem, demorou muito a ser finalizado.
Quando eles chegaram na frente do altar, as meninas que estava jogando as pétalas de flores foram cada uma para um lado e o Vinícius desceu para receber a noiva dos braços do sogro.
Ele beijou a testa da amada e em seguida abraçou o sogro e abaixou ligeiramente a cabeça, como se estivesse fazendo uma reverência. Bruna e Vinícius subiram no altar, o pai dela foi para o lado da esposa e nesse momento, depois de sabe-se lá quanto tempo de atraso, a cerimônia começpu. Ninguém falava nada.

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- Em nome do Pai, em nome do Filho, em Nome do Espírito Santo...
- AMÉM.
Eu via vários flashes vindos de todos os lados. Ninguém estava tirando fotos, mas eles tinham contratado dois fotógrafos profissionais, fora a filmagem que estava sendo realizada.
- Meus queridos irmãos – falou o Padre. – Minhas queridas irmãs...
Nesse momento as coisas começaram pra valer. Os convidados sentaram e o sacerdote começou com o casamento, que até então estava sendo lindíssimo.
Bruna e Vinícius estavam virados de frente para o altar e por causa disso, eu pude olhar com mais atenção para o cabelo da noiva.
Estava solto e em formato de cachos. Ela tinha uma tiara branca no topo da cabeça e eu desconfiei que aquilo fosse uma simples bijuteria. Quando será que o Vini gastou naquele casamento?
A igreja estava um silêncio total e só o que a gente ouvia era a voz do Padre, que fazia o sermão. Eu estava querendo chorar e acho que o Rodrigo também. Bruno estava sério, muito sério.
E foi no meio do casamento que o Padre parou de falar e os noivos viraram um de frente um para o outro. Eles ficaram se olhando fixamente e nós não entendemos nada. O que estava acontecendo?


Foi aí que a música “From This Moment On” começou a tocar e eu quase fui ao pranto. Eu amo essa música!

Vinícius e Bruna continuavam se olhando, de mãos dadas. Eles nem piscar piscavam, mas por que aquilo estava acontecendo?
Só que de repente, não mais que de repente, os dois olharam para o fundo da igreja ao mesmo tempo. Ao mesmíssimo tempo, sem errar um segundo sequer. Com certeza eles sabiam o momento exato de fazer isso.
Todos nós acompanhamos o olhar dos pombinhos e só nesse momento eu entendi que era a hora do Nícolas entrar.
E como ele estava LINDO! Eu simplesmente não pude acreditar que aquele menino era normal. Ele parecia um adulto e sabia exatamente o que tinha que fazer.
E a noivinha então? Ela era do mesmo tamanho que o Nícolas e também parecia gente grande. Aquilo não era comum.
Se fossem crianças comuns, normalmente eles teriam saído correndo ou nem entrariam, mas aquele casal mirim de noivos não. Eles entraram e o tempo todo não aceleraram o passo. Eles caminharam com uma elegância, com uma exatidão que eu custei a acreditar que aquilo fosse verdade. E ambos nem 2 anos de idade tinham.

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- Isso não é normal – falei comigo mesmo.
Ouvi o Bruno fungando atrás de mim. Que lindinho! A maioria dos convidados chorou com eles, mas alguns riram. Ninguém estava acreditando que aquilo fosse verdade.
As crianças estavam de braços dados e ficaram assim até chegarem no altar. Quando isso aconteceu, Vinícius e Bruna ajoelharam e os abraçaram. Foi lindo, foi mágico.
Os noivos de verdade receberam as alianças e à partir desse momento, o espetáculo daqueles dois tinha acabado. Eu realmente fiquei perplexo com o que vi. Continuo achando que essas crianças têm super poderes ou são dotadas de uma inteligência fora do comum.
Nícolas ficou meio perdidinho, mas ouviu o chamado do Bruno e saiu correndo até o nosso banco. Meu namorado foi buscá-lo e o noivinho ficou no colo dele o resto da cerimônia. Inacreditável.
Passada a emoção dos noivinhos, todos nós voltamos a prestar a atenção no casamento. O padre falou mais algumas coisas e enfim fez a tão esperada pergunta crucial:
- Vinícius, é de livre e espontânea vontade que aqui estás para receber a Bruna como sua legítima esposa?
O sacerdote aproximou o microfone do rosto do Vini e ele respondeu imediatamente:
- Sim!!!
Pausa de alguns segundos.
- Bruna, é de livre e espontânea vontade que aqui estás para receber o Vinícius como seu legítimo esposo?
O Padre aproximou o microfone do rosto da noiva e...
Silêncio. Bruna olhou para o Padre, olhou para o Vinícius e depois de alguns segundos, que pareceram horas, respondeu:
- Sim – ela falou com um sorriso no rosto. Ela deixou o povo esperando de propósito.

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Respirei aliviado. A Bruna estava sendo muito ousada naquele dia, como eu nunca pensei que ela seria capaz de ser.
- Vinícius, você aceita a Bruna como sua legítima esposa e promete ser fiel, amá-la e respeitá-la, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza até que a morte os separe?
- Sim.
- Bruna, você aceita o Vinícius como seu legítimo esposo e promete ser fiel, amá-lo e respeitá-lo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza até que a morte os separe?
- Sim.
Nesse momento iria acontecer a troca das alianças. Os músicos começaram a tocar os arranjos de “Eu Sei Que Vou Te Amar” e o Vinícius falou:
- Bruna, recebe essa aliança como prova do meu amor e da minha fidelidade. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, amém!!!
O médico colocou a aliança no dedo anelar da mão esquerda da esposa e depois foi a vez dela fazer o mesmo com ele:

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- Vinícius, recebe essa aliança como prova do meu amor e da minha fidelidade. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, amém!!!
Ela colocou a aliança no dedo dele e eu dei uma olhada no anel dourado. Pelo que me constava, era liso e brilhava bastante. Gostei da aliança do casal.
Chegou o momento dos pais dos noivos e os padrinhos os cumprimentarem, ali mesmo no altar. Os músicos passaram a tocar uma canção diferente e deu pra notar que essa era internacional, mas eu não soube identificar qual era em si, mas era linda. Não podia ser diferente.
Primeiro foram os pais dela. O pai a abraçou e a mãe abraçou o Vinícius. Claro que a mulher estava chorando. Eu também não estava conseguindo segurar e emoção.
Depois eles trocaram. A mãe abraçou a filha, o pai abraçou o genro e assim foi acontecendo. Os pais do noivo fizeram o mesmo e depois foram os padrinhos.
Fabrício e a companheira foram o quarto ou quinto casal a cumprimentar os recém-casados. O meu amigo abraçou a Bruna e eu percebi que ela falava alguma coisa com ele, mas não deu pra entender o que era. Depois o Fabrício abraçou o Vinícius e foi um abraço bem caloroso entre os dois. Dava pra notar o quanto eles se gostavam e se respeitavam.
Passado esse momento de confraternização entre todos que estavam no altar, o Padre deu a bênção final e disse:
- O que o que Deus uniu o homem não separe, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo...
- AMÉM.
- Pode beijar a noiva!
Vinícius sorriu, virou para a amada e a beijou com muita, muita suavidade. A igreja entrou em êxtase e eles foram simplesmente ovacionados com uma salva de palmas de mais ou menos 5 minutos. Foi um casamento simplesmente lindíssimo.
- Muito lindo! Muito lindo! – Bruno exclamou ao meu lado.
- Lindo mesmo – eu continuei aplaudindo até o beijo terminar. – Acho melhor você soltar o Nícolas porque ele vai ter que sair da igreja antes dos noivos.

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- Ah, é mesmo!
Após o beijo, os pais e padrinhos foram saindo e de dois em dois segundos eu via os flashes das máquinas aparecendo no ar. Que cerimônia maravilhosa!
Quando todos os padrinhos já tinham abandonado o altar, foi a hora do Nícolas e da companheirinha saírem, mas daquela vez eles foram quase que correndo. Ninguém deu importância, o melhor já tinha acontecido.
Os recém-casados deixaram a igreja com a mesma música da entrada dos noivinhos. Foi lindo, muito lindo.
E aí sim foi a nossa vez de sair, mas saímos pela lateral. Quando Bruno, Rodrigo e eu chegamos na porta da igreja, quase não conseguimos sair, tamanha a muvuca que se instaurou ao lado dos noivos.
- Acho que deve ter umas quinze mil pessoas nesse casamento – brinquei. – To fora de cumprimentar quem quer que seja aqui. Eu vou é pra festa!!!
- Demorou – Rodrigo colou nos meus mocotós e nós saímos de fininho pelo meio da aglomeração.
- Cadê seu carro lindo? – perguntou o meu namorado.
- À disposição dos noivos hoje. Eu vou no seu mesmo.
- Espera lá... Você simplesmente se convida assim do nada?
- Já sou da família mesmo. Vamos?
Cara de pau definia o Rodrigo naquele momento. Bruno, ele e eu nos dirigimos até o automóvel de meu namorado e seguimos rapidamente até o salão onde seria realizada a festa de casamento do Vini e da Bruna.
- E o carro da Bruna? – perguntei.
- Quebrado, pobre coitado.
- Jura? Logo hoje?
- Pois é! Mas não tem problema não. Eu deixei o meu com eles por quanto tempo eles quiserem.
- Isso é que é amigo!
- Tem certeza que você sabe onde fica esse salão?
- Claro que sei, Rodrigo! Tá me tirando, irmão?
- Yes!
- Vai te lascar, vai – Bruno não deu atenção e continuou focado no trânsito.
- Nossa, como foi lindo o casamento, né? – suspirei.
- Demais, demais, demais! – Bruno exclamou. – Não pensei que seria tão lindo desse jeito, de verdade.
- Vinícius e Bruna não pouparam gastos, né? Caramba! – Rodrigo se espantou.
- Verdade. Ela está uma deusa – dei a minha opinião.
- Uma verdadeira deusa – concordou Rodrigo.
- Mas quem está lindo de verdade é o Nícolas. E aqueles sapatinhos, meu Jesus?
- Não, pelo amor de Deus, alguém me explica como ele conseguiu entrar na igreja tão direitinho? – Rodrigo deu risada. – Parecia até um homenzinho!
- Parecia mesmo – eu ri também. – Lindo demais! Lindo demais!!!
Fomos uns dos primeiros a chegar na festa e graças a isso, conseguimos pegar uma boa mesa, na verdade uma excelente mesa. Será que os noivos iam demorar?
O salão era imenso e ficava em uma área bem arborizada. Com isso, nós tínhamos a impressão que estávamos no interior, mas não. Continuávamos firmes e fortes na cidade do Rio de Janeiro.
Pouco a pouco os convidados foram chegando e quando não faltou mais ninguém, o DJ da festa informou que os noivos saíram para uma sessão de fotos pela cidade. Eles iam demorar um pouco.
- Dá licença, dá licença, eu estou chegando!!!

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Fabrício puxou a cadeira e sentou ao meu lado. O Nícolas estava no colo dele, lindo e todo esperto.
- Pelo amor de Deus... Me explica como esse garoto conseguiu ser elegante desse jeito?!
- Nossa... Quase urrei de tanta emoção! Meu filho é um galã, né filhão?
- É!
- Vem com o tio! – chamei. O menino pulou pro meu colo e ficou com o dedo na boca.
- Tira o dedo da boca! – o pai mandou, mas ele não obedeceu. – Tira o dedo da boca, filho!
- Por quê?
- Porque é feio! Não pode!
- Deixa ele, Fabrício – Bruno reclamou.
- Não! Ele tem que perder esse costume.
- Ei, Nico? Você gostou de entrar na igreja pro casamento do tio Vinícius? – perguntou Rodrigo.
- É!
- E você não chorou por quê?
- Papai falou que eu não podia “chola”!
QUE LIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIINDO! Bruno quase matou o menino de tanto que curtiu o que ele falou, ou melhor, tentou falar. Saiu tudo errado, mas foi isso que ele disse.
- Coisa mais linda!
- “Bigado”!
- Tira o dedo da boca, Nico! Já falei!
- Como você é malvado com ele, Fabrício! – Bruno reclamou de novo.
- Não é isso, é que é feio. Ele tem que perder esse costume! Anda, tira o dedo da boca.
- Papai...
A música que estava sendo tocada parou, as luzes apagaram e um telão acendeu. No centro da tela apareceu a seguinte mensagem:
“O Dia dos Noivos”
Era uma filmagem dos noivos, desde o horário em que eles acordaram até a hora que chegaram na igreja. Eu achei a filmagem extremamente criativa e inovadora. Aquilo com certeza era invenção do Vinícius.
Quando o médico levantou da cama, apenas de cueca, as meninas que estavam no salão entraram em desespero total. Ainda bem que a Bruna não estava lá, senão ela teria morrido de raiva no dia do próprio casamento.
Nós vimos os dois tomando café, vimos eles seguindo para os salões de beleza onde se arrumaram, vimos o Vinícius fazendo massagem, vimos a Bruna arrumando o cabelo e fazendo hidratação na pele e vimos no momento em que eles se separaram, para cada um seguir de volta para casa para finalizar a arrumação.
- Te vejo no altar – falou a mulher.
- Estarei fantasiado de pinguim!
- Palhaço! Comporte-se.
- Sim, senhora!
Nós rimos e continuamos assistindo ao vídeo, mas ele parou quando eles foram tomar banho e à partir desse momento, nós vimos várias fotos do casal e cada uma representava uma época da vida deles.
A primeira de todas era deles após o nascimento. Ambos estavam com o curativo no umbigo e eu achei os dois as coisas mais lindas do mundo.
- Quem é, papai? – perguntou Nicolas. Ele achou estranho aqueles bebês no telão.
- É o padrinho e a madrinha, filho.
- O “padim Vinixu”?
Pra que ele foi falar isso? Bruno quase teve um AVC de tanto que gostou daquela frase mal falada. O Nícolas era tão lindo!
- Coisa mais linda!
- “Bigado”!
Era incrível como ele sabia que era com ele. Eu realmente não acreditava que aquele garotinho não tinha nem 2 anos de idade e já estava se portando como gente grande. Que fofura!
O vídeo terminou com uma foto dos dois que foi tirada pouco antes da cerimônia na igreja. Após isso, separadamente nós vimos a linha cronológica da Bruna e do Vinny e pudemos ter uma perfeita noção de como foi o crescimento dos dois. Eles mudaram muito, mas continuaram lindos até aquele momento.
Aquele vídeo foi a sensação entre os convidados e não houve nada a não ser comentários a respeito disso. Todo mundo adorou, foi unânime!
quando eles voltaram sabe-se lá de onde, todos nós levantamos e recebemos os protagonistas da festa com uma salva de palmas novamente. Eles estavam divinos e felizes da vida.
- Papai?
- Que foi, meu filho?
- Eu “quelo” fazer xixi!
- Opa, então vamos no banheiro!
- Ele não está de fralda? – perguntei.
- Que nada. Eu já estou tirando aos pouquinhos. O pediatra orientou a acostumar com o peniquinho. Só deixo à noite mesmo. Fala pro tio que você já é um homem, filho!
- Papai falou que eu sou “homi”!
Me derreti todinho. Eu queria um Nícolas pra mim!
- Onde eu compro um Nícolas? – perguntei pro Bruno.
- Não sei, mas também queria um desses.
Rodrigo estava no celular e depois de uns minutos eu descobri que era a namorada dele, a Bárbara.
- Ela vai vir amanhã!
- Ah, é? E por que virá, hein? Só porque a casa é só sua?
- Não, nada a ver. Ela vem à trabalho.
- Ela ainda é modelo?
- Aham, voltou a modelar. Não é pra menos, né?
- Não, realmente não.

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Nós comemos, bebemos, nos divertimos e dançamos muito na festa dos noivos. Como eles tinham convidado metade do Brasil para aquele casamento – só que não –, só tive a oportunidade de cumprimentá-los quando eles foram até a nossa mesa.
- Parabéns! – agarrei o gostoso do Vinícius. – Você está lindo e seu casamento foi show de bola!
- Gostou mesmo?
- Gostei ao cubo. Sensacional a decoração, o salão, o vídeo que nós vimos... A comida, a bebida, a música... Tudo sublime! Impecável! Parabéns, parabéns. Que você seja muito feliz.
- Obrigado, amigão! Saiba que eu gosto muito de você!
- A recíproca é verdadeira. Sempre. Deus abençoe o seu relacionamento.
- Amém! Obrigado por tudo.
- Imagina. Perfeito define isso daqui!
Depois foi a vez da Bruna. Ela ainda estava lindíssima e não tinha sinal de maquiagem borrada, mesmo tendo se emocionado em alguns momentos.
- Você está uma deusa, Bruna! Linda, perfeita, deslumbrante! Parabéns por tudo, eu amei tudo, absolutamente tudo!
- Obrigada, Caio! Muito obrigada!
- E menina? Que ousadia foi aquela na hora de entrar na igreja? Fiquei pretérito!
- Ai, você viu? Graças a Deus deu tudo certo! Eu vi essa entrada em um vídeo na internet e resolvi copiar. Ficou bom?
- Não, ficou perfeito! Parabéns pela ousadia. Eu não teria coragem.
- Ninguém sabia, nem mesmo o Vini! Ainda bem que deu tudo certo.
- Sua festa está perfeita também. Adorei o vídeo com as fotos de vocês.
- Que bom que está gostando, obrigada por ter vindo!
- Não perderia esse casamento por nada.
Estava tudo bom, estava tudo ótimo, mas quando o DJ começou a tocar Jorge e Mateus o negócio ficou perfeito de vez. Bruno e eu dançamos até não querer mais.
- Desculpa – uma moça se desculpou quando trombou comigo na pista de dança.
- Não tem problema.
- Desculpa, mas quem é você? Você é convidado do noivo ou da noiva?
- Sou amigo do Vinícius e você?
- Prima da Bruna. Prazer, eu me chamo Gláucia!
- Prazer, Caio.
- E você está sozinho?
Percebi que aquele “encontrão” não foi por acaso, foi proposital. A menina estava interessada em mim.
- Não! Estou com meus amigos e meu namorado.
- Namorado? – ela ficou visivelmente frustrada.
- Sim! Algum problema?
- não, não. Nenhum. É que... Ah, deixa pra lá! Até mais.
- Até mais!
- Essa quenga do cabelo de milho estava dando em cima de você, né?
- Não necessariamente. É pra mim? – roubei a bebida dele. – Obrigado.
- Ei! É minha, seu ladrãozinho!
- Pode pegando outra porque agora essa é minha!
- Ladrão! Onde tem uma delegacia por aqui?
- Seria capaz de me denunciar por um copo de suco? Quer me ver atrás das grades? É isso mesmo, diretor?

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- Quem manda você ser ladrão? Vou te denunciar sim!
- Experimente. Eu faço greve de 5 anos.
- Tá louco? Nem a pau, Juvenal!
- Mas eu me chamo Caio!
- Não importa. Dá meu suco aqui!
Ele pegou de volta, mas eu já tinha bebido metade e estava satisfeito. Ele nem ligou no fim das contas.
Já era madrugada e nada do casal cortar o bolo e nada da Bruna jogar o buquê. As encalhadas de plantão estavam desesperadas já. Algo me dizia que eu ia rir muito vendo as solteironas se desesperarem para saber quem seria a próxima noiva.
Antes desse ritual todo, houve a tradicional valsa e eu me espantei com a destreza que os casados tiveram com aquela dança. De jeito nenhum que eu imaginava que o Vinícius tinha tanto swing como estava mostrando ter.
- Será que eles fizeram aula de dança?
- Capaz que sim – Rodrigo deu de ombros.
Com que tempo? Eu pensei comigo. O coitado do Vinícius trabalhava mais que burro de carga e a Bruna por sua vez estudava feito uma louca. Com que tempo eles fizeram aulas de dança?
Da valsa eles passaram pro tango, do tango passaram pro samba, do samba passaram pro rock, do rock pro eletrônico e do eletrônico pros anos 60. Eles tinham feito aula, não é possível.

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Todo mundo gritou quando o Vinícius e a Bruna seguraram um ao outro pelas mãos, penderam o corpo pra trás e giraram na pista de dança com muita velocidade. Foi massa, mas me deixou tonto!
- Uhuuuuuuuuuuuuuul – eu gritei. – Estou tontinho da Silva!
Rodrigo caiu na gargalhada.
Depois de mais alguns ritmos, eles voltaram para a valsa e nesse momento a pista foi liberada para os outros convidados, mas primeiramente dançaram os pais, depois todos os padrinhos e só depois os reles mortais. Eu não dancei.

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- Quando chegar em casa eu vou dançar com a Gertrudes – falei.
- Ai, coitada! Ela vai ficar tonta!
- Ai, que lástima. Ela vai ficar com labirintite – revirei meus olhos.
Rodrigo também não dançou a valsa, mas se jogou nos outros ritmos, principalmente no rock.
- Isso é da sua época, né? – zombei.
- Qual é? Está me chamando de velho?
- Bom, considerando o fato que você nasceu em 1.924 e já tem até um cabelo branco aqui perto da orelha, sim eu estou te chamando de velho.
- HEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEIN?
Juro que eu pensei que ele fosse chorar. Ele não tinha cabelo branco nenhum, eu estava brincando.
- Diz que é mentira! Diz que é mentira!
- Calma, é mentira!
- Sua peste... Sua peste!!!
- Mas que você nasceu em 1.924 é verdade!!!
- NÃO É NÃO, TÁ BOM? Eu nasci em 1.994!
- Meu ovo, que nem diz a Janaína! Até parece que você é 6 anos mais novo que eu!!!
- Tenho sim, pô!
- Tem... Tem é 4 a mais, isso sim!
- São 3 anos, 2 meses e 11 dias, tá legal?!
- Depois eu que sou metódico.
Rodrigo tinha 3 anos há mais que eu, mas nem parecia. Ele tinha cara de novinho e aparentava ter a mesma idade que eu. Tudo o que eu falei a respeito dele era brincadeira, é claro.
Eu estava muito feliz com aquele casamento, muito feliz mesmo, mas de repente eu passei a me sentir vazio, muito vazio. Vazio e nostálgico.
- Que carinha é essa, hein?
- Ai, Bruh... De repente me deu um vazio aqui dentro... Um aperto no coração, sei lá! Estou angustiado!
- Por que? – ele se preocupou.

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- Não faço a menor ideia. Eu estava bem há 5 minutos e agora estou me sentindo tão... Esquisito!
- Você tem que procurar um médico, Caio! Isso não é normal e tem acontecido com muita frequência. Por que não marca uma consulta com um psicólogo?
- Não é nada de saúde, isso é sei lá... De repente me deu uma saudade do passado, sabe?
- Será que não é algo relacionado ao Cauã, não? Você tem sonhado com ele ultimamente.
- Não sei, mas pode ser. Há muito tempo eu não sinto nada com relação ao meu irmão.
- Pode ser alguma coisa com ele. Por que não liga?
- Não, que nada! Isso passa, isso vai passar.
E ia mesmo. Sempre passava. Aquele sentimento durava alguns dias, mas passava. Poderia sim ser algo relacionado ao meu gêmeo. Será?
A minha sensação ruim passou rapidinho daquela vez. Quando a Bruna anunciou que ia jogar o buquê, eu me animei um pouquinho e o vazio passou com a risada do Nícolas e do Bruno.

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Mas ela não jogou. Eu só vi as solteironas pulando em grupo e depois ficando todas frustradas. O Nícolas riu tão alto, tão gostoso que chamou a atenção da Bruna.
- Agora eu vou jogar, hein?
- JOGA LOGO, MINHA FILHA! – alguém gritou lá do meio.
- Vai lá, Rodrigo, vai lá!
- Tá louco, Bruno? Tá me tirando?
- Vai lá, que custa?
- Por que não vai você?
- Porque eu já sou casado!
Foi um belo argumento.
- Deveria ter trazido a Gertrudes – brinquei.
- Credo! Aquela gata fedorenta...
- Não fala mal da minha filha! – Bruno brigou com o Rodrigo e o Nícolas riu mais ainda.
A vontade que eu tinha era de levar aquele garoto pra casa pra deixar na estante. Como ele era esperto e lindo! Incrível!

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Nossa atenção foi desviada, porque finalmente a noiva jogou o buquê, mas ela usou de muita força e as flores foram parar lá na casa do chapéu.
Eu caí na risada quando vi que o ramo de flores caiu literalmente na cara de uma mulher de idade. Ninguém esperava por isso.
As solteironas entraram em pânico e exigiram que a Bruna jogasse novamente, mas ela não fez isso. A mulher que pegou o buquê foi tirar uma foto com a noiva e deu uma declaração falando que aquele buquê era assassino.
Só pra fechar o assunto, a senhora que foi obrigada a pegar o buquê da noiva era viúva e só por causa disso a Bruna não jogou novamente.
Depois desse show de humor, finalmente Vinícius e Bruna cortaram o bolo. Bastou esse momento acontecer para os convidados resolverem ir embora da festa.

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- Eu amo bolo – comentei e me joguei naquela delícia.
- Nem precisava falar – Rodrigo falou com a boca cheia. – A gente nem sabe disso.
- Eu “quelo maisi”!
- Papai já vai dar mais pra você, Nícolas. Você tem que saber esperar.
- Eu “quelo maisi”, papai! – o menino estava com os olhinhos no bolo.
- Calma! Que pressa é essa?
- Esqueceu que ele nasceu de 7 meses? – perguntei.
- E o que tem isso a ver com o assunto?
- Normalmente quem nasceu de 7 meses é meio apressado pra tudo.
- Experiência própria, Caio? – Rodrigo zombou de mim.
- Certeza que sim – eu mesmo respondi, antes que o Bruno o fizesse.
- Abra e boca – mandou Fabrício.
Ele colocou um pedacinho de bolo na boca do filho e o Nícolas pediu mais. Bruno só deu risada.
- “Maisi”, papai, “maisi”!
- Só mais essa, hein?
- Por quê?
- Porque nós temos que ir pra casa, mocinho. Já está bem tarde.
- “Maisi” eu “num” to com “xono”!!!
Bruno entrou em crise com o charme daquele menino. Eu estava vendo a hora do meu namorado ir até a casa do Fabrício para sequestrar aquele garoto.
- Eu posso com isso? – até o pai do menino deu risada.
- Me dá “maisi”, papai!
- Não senhor! Chega de bolo, você já comeu muito!
- “Maisi” eu “quelo maisi”!
- Não! Nós já vamos.
- Dá mais pro coitadinho, seu ruim – Bruno ficou todo derretido.
- Não. Ele tem que me obedecer. Não pode ficar comendo muita besteira.
Nesse momento, o menino pareceu irritado e tentou exigir mais bolo do pai, mas a frase saiu toda errada. Ele não sabia falar muito bem ainda.
- Não!
- Tio Buno...?
- AAAAAAAAAAAAH, QUE COISA MAIS LINDA!!! Vem com o tio, coisa linda!
- Não! Nós vamos embora – Fabrício foi categórico. – Ele já comeu demais.
- Mas, Fabrício...
- Melhor não se meter – falei no ouvido dele.
- Que ruindade! – Bruno ficou muito bravo.
- Dá tchau pros seus tios, filho.
Nícolas deu a entender que não queria ir e que queria ficar com a gente.
- Não, filho! Já está tarde e o papai está cansado. Papai precisa dormir. Dá tchau pro tio Caio, pro tio Bruno e pro tio Rodrigo.
O menino foi no colo de nós três e deu um beijinho em nossos rostos. Bruno quase agarrou o Nícolas, mas Fabrício não deixou.

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- Até mais, rapaziada! Apareçam lá em casa, tá?
- Pode deixar, Fabrício! Tchau Nícolas!!!
Depois que eles saíram, nós também resolvemos ir. Já estava tarde, eu estava cansado e queria descansar um pouco. Aquela semana na loja seria bem complicada.
- A gente veio se despedir – falei.
- Já vão? – Vinícius levantou e foi ao nosso encontro.
- Sim! Está meio tarde.
- Curtiram a festa?
- Muito! – respondeu meu namorado. – Parabéns! Tudo muito bonito.
- Realmente – concordei. – Vocês estão de parabéns!
- Obrigado, Bruno. Obrigado, Caio!
- Parabéns pelo casamento, sejam muito felizes!
- Obrigada – Bruna agradeceu e abraçou nós dois. – Muito obrigada!
- E vocês estão lindíssimos. O casal mais lindo que eu conheço – falei.
- Ah, que exagero! – o médico sorriu.
- É exagero não, é verdade. Vocês só perdem pro Cauã Reymond e pra Grazi Massafera.
Pra mim esse é o casal hetero mais lindo do Brasil. Ainda bem que hoje em dia eles estão reatando o relacionamento. Eu amo os dois juntos.
O casal também se despediu do Rodrigo e o Vinícius aproveitou para devolver a chave do carro do nosso amigo. Ele usou, mas não precisava mais à partir daquele momento.
- Muito obrigado por ter emprestado.
- De nada, Vini! Disponha sempre que precisar. Se quiser, pode ficar com ele.
- Não, não. Vou ficar com o carro do sogrão porque logo iremos pra lua de mel e depois eu não tenho como te devolver. Fica tranquilo!
- Você é que sabe! Felicidades aí.
- Obrigado, Rods. Valeu por tudo e pelo tempo que moramos juntos. Vou sentir sua falta.
- Vou sentir a sua também, curandeiro!
- Curandeiro não, hein?!
Para nós o casamento do ano acabou desse jeito. Saímos e na porta do salão recebemos as lembrancinhas. Era um casal de bonecos em resina, um noivo e uma noiva. A noiva estava puxando o noivo por uma corda que estava amarrada em sua cintura. Eu adorei!
- Tchau, Digow! Se cuida, hein?
- Você também, nego! Cuida dele, Bruh!
- Sempre.
- Vai me visitar. Quer dormir lá em casa qualquer dia desses?
- Eu posso? – perguntei pro Bruno, mas só pra ver a reação dele.
- Hum... Vou pensar se deixo!
- E ele tem que deixar? – Rodrigo franziu o cenho.
- Sim! Claro que sim!!!
Mas era brincadeira. É claro que o Bruno não precisava autorizar a minha saída de casa, mas eu precisava comunicar, né? Respeito acima de tudo, sempre!
Rodrigo entrou no carro dele e Bruno e eu entramos no dele. Eu não gostava de chamar o veículo de “nosso” porque não era nosso, era dele. Mas com o apartamento eu até chamava.
- O casamento foi muito lindo – suspirei.
- Muito lindo mesmo!!! O que será que aconteceu com o Fabrício? Por que será que ele brigou com o Nícolas?
- Sei lá. Vai ver ele está estressado.
- Não gostei disso. Coitadinho do Nico!
- Mas a gente não tem que se meter, Bruh. O filho é dele, ele sabe o que é melhor pro menino.
Meu namorado ficou calado. Quando nós chegamos em casa, fomos direto pra cama e tivemos a nossa noite de núpcias, mesmo não tendo nos casado como o Vinícius e a Bruna.

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Era segunda e o ritmo de trabalho estava acelerado. Desde que cheguei, não tive tempo de parar na minha mesa nem para responder os e-mails.
- Pessoal, foco nas vendas, por favor – falei.
- Desculpa, Caio!
Aos pouquinhos eu estava conquistando o carinho de alguns funcionários, mas existiam outros que ainda me odiavam, principalmente a Rita.
E foi justamente com ela que eu comecei os feedbacks naquela semana. Ela tinha faltado e até aquele momento não tinha me entregado o atestado médico.
- O que você quer?
- Só quero entender por qual motivo você faltou na sexta-feira e se você tem atestado.
- Não. Eu não tenho atestado.
- E por que você faltou?
- Porque eu não queria ver a sua cara. Você é um purgante!
Deu vontade de responder, mas eu não fiz nada.
- Perfeito. Eu gosto de trabalhar com transparência.
- Você já falou isso umas quinhentas vezes. Tá na hora de mudar o discurso.
- Eu mudo na hora que achar que tenho que mudar. Assina aqui pra mim.
- Advertência?
- Exato. Você não tem atestado, então está sendo advertida por sua falta injustificada.
- De novo com essa palhaçada?
- Não é palhaçada, é o procedimento da empresa e eu só estou cumprindo com o mesmo. Por favor, assine.
- E se eu não quiser? Você vai armar o mesmo escândalo da outra vez?
- Não armei escândalo nenhum, pelo contrário. Eu mantive a discrição e a calma e continuarei fazendo isso.
- Uma hora você vai estourar, aí eu quero ver.
- Tenha certeza que isso não vai acontecer, mas o foco aqui não sou eu, é você. Assine a sanção, por favor.
- Deixa eu ler essa merda.
- Documento – eu a corrigi.
- Ai, Caio! Você é tão insignificante pra mim.
- Quer um conselho? Meça bem as suas palavras ao falar de mim. Aqui dentro para todos os defeitos, eu sou seu superior e exijo respeito. Pense o que quiser pensar ao meu respeito, mas meça as suas palavras. A não ser que você queira ir pra casa por indisciplina e desrespeito.
- Vai me suspender por eu falar a verdade? Você é insignificante e não passa de um purgante.
- Se eu fosse insignificante, eu não estaria onde estou. Atenção com sua postura. Essa é sua segunda sanção em menos de um mês.
- Grande merda. Posso voltar pro trabalho ou vai querer me falar mais alguma porcaria?
- Se o que eu falo pra você é porcaria, pra mim não importa. Faça a sua parte que eu farei a minha. Pode voltar pro trabalho sim. Obrigado, Rita.
- Ridículo!!!
Eu poderia ter mandado a vagabunda pra casa por desrespeito, mas relevei. Ela ia se lascar na minha mão ou eu não me chamaria Caio Monteiro.
Aproveitei que estava sentado e apliquei mais 7 sanções disciplinares, entre advertências e suspensões. Uma delas foi por atendimento inadequado de uma vendedora do setor de móveis. Ela xingou um cliente.
- Você vai pra casa hoje, volta só quarta-feira. Espero que tenha compreendido que essa não é a melhor postura dentro da filial, Carla!
- Mais uma vez eu peço desculpas, mas eu realmente perdi as estribeiras quando ele xingou a minha mãe.

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- Eu entendo, Carlinha, eu entendo. Espero que não me leve a mal por ter aplicado essa sanção, mas é que tenho que seguir com o procedimento da empresa. Me perdoa, tá?
- Não, não tem problema. Eu assumi o risco quando xinguei aquele... Senhor!
- Ainda bem que você compreende. Por favor, tente não cometer mais esse erro. É que realmente é muito difícil quando isso acontece, mas a gente tem que engolir o sapo, a cobra, a rã... E ficar quieto.
- É verdade.
- Quando for assim, vem aqui na minha mesa, desabafa... Respira... Se for o caso eu até libero você pra dar uma volta por aí, respirar um ar puro...
- Poxa! Muito obrigada por ser tão compreensivo...
- Não sou o carrasco que pareço, Carla! Sou justo, já falei isso. E acima de tudo, sou humano!
- Sim, eu já percebi isso, Caio. Você é gente boa, só está colocando ordem na casa. É isso aí.
- Obrigado por compreender. Espero você aqui na quarta-feira, hein?
- Estarei aqui, querido! Obrigada pelo apoio.
- Conte comigo sempre.
Sempre que eles me davam oportunidade, eu interagia de uma forma mais branda com todos, mas nem sempre isso era possível.
- EQUIPE, VAMOS FOCAR NO NOSSO ATENDIMENTO, POR FAVOR – gritei da minha mesa e uns clientes me olharam com ar de aprovação. Eles estavam parados, esperando alguém pra atender.
Voltei aos meus afazeres e aproveitei um curto momento de ociosidade para extrair mais um relatório para encaminhar pra Duda.
Em comparativo com o anterior, notei mais uma melhora no índice de vendas. Daquela vez foi de 2,4%, se não me engano.
Mandei o e-mail e fui ousado, copiando logo o meu diretor. Segundos depois a Duda me ligou:
- Que audácia foi essa de copiar o Antony no e-mail?
- Não podia?
- Não, claro que podia. Mas que você foi ousado, você foi.
- Não é ousadia, é segurança. Estou seguro nas informações.
- Assim é que eu gosto. Vamos ver o que ele vai responder à partir deste e-mail. De antemão quero te parabenizar, você está fazendo um excelente trabalho.
- Obrigado, Duda! Quando você vier aqui, você vai ter que assinar umas mil sanções, hein?
- Ah, é? – ela riu. – Quem foram as vítimas?
Disse o nome dos colaboradores e ela ficou espantada pela Rita ter assinado a advertência.
- Isso significa que ela está começando a temer você. Muito bom!!!
- Ela não precisa ter medo de mim, me respeitando já é mais que suficiente.
- Depois dessa eu vou até desligar, viu? Tchau!!!
Ainda no mês de março eu bolei mais duas campanhas motivacionais para elevar o índice de vendas das minhas equipes e ambas deram super certo.
Quando eu fiz a entrega dos prêmios, nas reuniões de começo e final de expediente, os ganhadores saíram de lá com um sorriso de orelha à orelha.
- Parabéns, Deise! Você mereceu.
- Obrigado, Caio! Nem acredito que eu vou ficar em casa sexta, sábado e domingo!!!
- Vai sim, mas isso é graças ao seu esforço. Meus parabéns.
- Muito obrigada, chefe! Obrigada mesmo!
- Por nada, conte sempre comigo.
As coisas estavam melhorando, mas a passo de tartaruga. Contudo, eu preferia fazer mudanças pequenas, mas significativas, do que mudanças grandes que não dessem certo. A Duda estava adorando o meu trabalho e vivia cobrando mais e mais de mim.
- Não sei se vai dar tempo...
- Não quero saber. Eu quero isso pra amanhã no primeiro horário.
- Farei o possível...
- Eu quero, Caio! Você consegue, confie em você.
Ela queria uma prospecção de como ficaria a loja dali 6 meses, caso eu continuasse entregando os mesmos resultados que estava entregando. Eu me matei trabalhando no que ela pediu, mas consegui entregar conforme solicitado.
- Eu sabia que você ia me entregar. Ficou muito bom, parabéns.
- Obrigado, patroa. Veremos se eu conseguirei esses resultados.
- Conseguirá sim. Confio e acredito em você.
- Muito obrigado. Duda?
- Que foi? Que cara de pidão é essa?
- Como você sabe que eu vou pedir uma coisa?
- Porque você sempre faz essa cara quando quer trocar de horário. Pra quando é?
- Na verdade não é bem uma troca...
- E o que é então? Se for outra folga pode tirando o cavalinho da chuva...
- Não, não é folga não! É dentista. Eu tenho que apertar o aparelho...
- Ah! E não pode ir fora do horário de trabalho?
- Minha dentista não atende fora do meu horário de expediente. E eu até poderia ir aos sábados, mas chegaria aqui muito tarde!
- Esquece. Sábado nem pensar. Quando você precisa?
- Hoje...
- HOJE? Por que não me falou antes?
- Eu mandei e-mail, lembra?
- Mandou? Quando?
- Semana passada, Duda!
- Ah, Caio! Quando for assim me liga ou fala pessoalmente. Não lembro desse e-mail não.
- Desculpa, Duda! Mas eu posso ir? É só pra apertar, não vai demorar nada...
- Onde é?
- Aqui em Copa mesmo!
- Vai demorar quanto tempo?
- Meia hora mais ou menos. Um pouco mais talvez.
- Então vai, mas deixa alguém responsável na loja e deixa seus liderados cientes.
- Pode deixar! Obrigado, Duda! Eu trago o atestado...
- Não precisa. Nem bate o crachá.
- Demorou então! Obrigado! Te adoro!
- Idem. Vá num pé e volte no outro.
-  Pode deixar.
Fiz o que a minha chefe pediu e saí correndo da loja, porque já estava atrasado. Ainda bem que a dentista era pertinho e eu não perdi a consulta.
- Desculpa o atraso, Patrícia. Eu me enrolei na loja.
- Se preocupa não! E aí, como estão esses dentinhos?
- Por enquanto bem, mas sei que amanhã estarão doloridos!
- Ainda bem que você sabe. Vamos lá? Abre o bocão!
Abri e ela fez a manutenção do meu aparelho ortodôntico. Troquei as borrachinhas por outras de cor azul bem escuro. Ficou legal.
- Eu pago com a sua secretária, né?
- Isso aí. Marca pra daqui 30 dias, por favor. E não esqueça de deixar os elásticos durante a noite.
- Pode deixar. Até o mês que vem então.
- Até!
Os elásticos a que ela se referiu, eram literalmente elásticos. Eu teria que colocar um elástico em formato transversal na minha boca enquanto eu dormia. Um lado eu prendia na banda, no fundo da boca e o outro lado eu prendia nas “presas”, aquele famoso dente de vampiro. Algo me dizia que isso ia doer muito.
Não deu outra! Quando eu fiz o teste em casa, não deu 5 minutos e o elástico explodiu na minha boca.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAI – gritei e o Bruno saiu correndo pra ver o que tinha acontecido.
- O que aconteceu? O que aconteceu? Que grito foi esse? Você está bem? Está passando mal?
- Não – choraminguei. – O negócio explodiu na minha boca e machucou minha língua!
- Oh... – Bruno ficou todo preocupado e me abraçou. – Que dó do meu amor!
- Doeu muito!
- Coitadinho! Eu posso fazer alguma coisa pra melhorar essa dor?
- Pode – fiz “O” bico pra ele ter mais dó de mim. – Me dá um beijo?
- Um? Eu te dou todos os beijos do mundo!
Meu namorado era perfeito. Perfeito demais. Eu não poderia querer mais nada. Foi só ele me beijar e a dor foi embora. Não paramos no beijo, é claro. Foi uma noite quente no apartamento do Recreio.
Na manhã seguinte, eu acordei, bocejei e estourei novamente os elásticos transversair que estavam na minha boca. Dei mais um grito de dor, mas o Bruno não me acodiu porque não estava mais no nosso apartamento. Suportei a dor sozinho.
- Desgraça de aparelho!
Eu fui tão burro, mas tão burro que sofri com os elásticos e esqueci completamente que tinha apertado o aparelho na tarde do dia anterior e fui morder uma maça com a maior vontade do mundo.

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- JESUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUS...
Saí pulando pelo meio do apartamento e gemendo de dor. Eu tinha a impressão que meus dentes iam cair de tanto que estavam doendo. Enzo e Gertrudes ficaram olhando pra mim com cara de “esse cara é louco!”.

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Meus olhos até lacrimejaram. A dor só parou depois de mais ou menos meia hora. Doeu muito, muito mesmo.
Já perto da hora do almoço, a louca da Janaína apareceu na minha loja. Nós íamos almoçar juntos.
- Podemos ir, gerente Caio?
- Ainda não, gerente Janaína. Senta aí!
- O que está fazendo?
- Respondendo um e-mail pro SAC.
- Odeio fazer isso.
- Idem.
Não demorei nem 5 minutos e nós saímos para comer.
- Que cara é essa, hein?
- Apertei o aparelho. Estou com a boca lascada.
- Ai, que dó! Quer um torrone, amigo?
- Nossa, Jana! Como você é amiga da onça, cara.
- É que eu te amo, você sabe, né?
- Imagina se me odiasse!
Em 1º de abril de 2.012 eu fui obrigado a me dividir entre dois acontecimentos. Primeiro, tinha que almoçar na casa do Rodrigo, para comemorar a chegada dos seus pais do Paraná e depois, um pouco mais tarde, tinha que ir até a casa da Alexia e do Diego para comemorar os 2 aninhos da Camila. Ainda bem que eu estava de folga!
- Dona Inês!!! Como é bom revê-la!!!
- Eu que o diga! Você está lindo como sempre!
- Olha quem fala, hein? Tudo bem?
- Eu estou ótima e você?
- Bem, obrigado! Seja bem-vinda ao Rio de Janeiro!
- Muito obrigada, querido.
- Seu Renato! Prazer em revê-lo!!!
- Como vai, Caio?
- Muito bem e você?
- Bem, obrigado.
- Seja bem-vindo ao Rio de Janeiro. Espero que se habitue rapidamente.
- Eu também espero me habituar.
- Vai ver que em breve já vai conhecer toda a cidade e ficará apaixonado por ela.
- É, acredito que sim.
- Caio, adivinha quem está aqui também? – Rodrigo abriu aquele sorriso safado.
- A Bárbara. Eu sei.
- Como você sabe?
- Nem precisava falar, seu sorriso denunciou você. Onde ela está?
- No meu quarto. Pode ir lá falar com ela.
- Eu vou mesmo.
Eu fui porque gostava da Bárbara. Independente de qualquer coisa, ela me passava uma boa impressão. - Oi, linda! Posso entrar?
- Oi, lindo! Claro que pode. Você está bem?
- Muito bem e você? Lembra do Bruno?
- Claro! Tudo bem, Bruno?
- Uhum.
- Veio pra ficar?
- Não, que nada. Vim só por esse final de semana. Hoje mesmo eu tenho que viajar pra Santa Catarina.
- Pra Santa Catarina?
- Vou ter um desfile lá amanhã.
- Ah, bacana. Essa vida de modelo deve ser legal, né? Ficar viajando para vários lugares diferentes...
- É bacana, mas uma hora a gente cansa. Eu já quero me aposentar.
- Mas por que? Você é tão linda! Deveria continuar nessa carreira.
- Obrigada pelo linda, mas não posso mais continuar por muito tempo. Eu já estou ficando velha e as agências preferem modelos mais novas.
Parei pra pensar e fiquei relembrando do passado. Quando eu conheci o Rodrigo, ele tinha 20 anos de idade e já estava com 26. O tempo estava voando! Ele já era um homem feito. Formado, pós-graduado, mestre e em breve se tornaria doutor. Deu muito orgulho do meu amigo.
- Que banquete é esse, Dona Inês? – perguntou o meu namorado.
- Que banquete que nada, menino. Comidinha simples.
Simples nada. Tinha de um tudo naquela mesa. E tinha também um dos meus pratos favoritos: polenta.
- Adoro polenta frita! – me deliciei com aquele prato.
- Que bom que gostaram.
- Eu sentia tanta falta da sua comida, mãe!
- Então come mais, filho. Pega mais um pedacinho de bife!
- Não, obrigado. Eu já estou satisfeito.
Foi uma tarde bem tranquila a que nós passamos ao lado daquela família linda. Eu me sentia muito à vontede com eles, me sentia literalmente parte da família. E eu era mesmo parte da família. Eles viviam dizendo isso.


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Conversei muito com a Dona Inês a respeito da minha família de sangue. Ela me fez muitas perguntas e queria saber se eu tinha tido alguma notícia deles.
- Não, nada de notícias. E nem quero.
- Entendo.
- Porém, ultimamente eu tenho pensado muito no meu irmão, sabe? Não sei, acho que algo está acontecendo com ele.
- Por que diz isso?
- É que tem dias em que de repente eu estou feliz e no momento seguinte eu fico triste, fico angustiado. Não sei direito o que acontece, mas eu sempre penso neles nesse momento.
- Pode ser algo com ele sim. Irmãos gêmeos normalmente têm dessas coisas. Por que não liga pra ele?
- O Bruno falou a mesma coisa esses dias, mas acho melhor não. Não quero me frustrar novamente.
- Eu entendo, filho. Eu realmente te entendo.
- Sabe, não sinto a menor falta deles.
- Jura que não?
- Sim. Bom, não posso negar que de vez em quando eu ainda penso, ainda bate aquele sentimento de “por quê?”, mas logo passa. O Bruno, o Rodrigo, meus amigos, você, Dona Elvira... Todos preencheram o espaço que eles deixaram.
- Deus é maravilhoso, meu filho. Ele tirou seus pais, mas te deu uma família nova.
- Família essa que me aceita do jeito que sou. Com meus defeitos, com minhas manias de organização, com minha chatice...

- Você não é chato!
- É que você não convive comigo diariamente. Pergunta pro Bruno como eu sou quando vejo alguma coisa fora do lugar.
- Todos nós temos nossos defeitos e nossas qualidades. Suas qualidades ultrapassam seus defeitos.
- Obrigado, Dona Inês. Você é uma verdadeira mãe pra mim.
- Eu te considero como meu filho. Um filho que veio completar a minha família. Agora eu tenho dois filhos adotivos e o Rodrigo.
- Você tem um coração maravilhoso, Dona Inês. Deus a abençoe eternamente.
- Amém. Que Ele abençoe a você também, Caio. E que dê tudo certo com sua família um dia.
Não sei por qual motivo esse papo aconteceu, mas talvez ele não tenha acontecido por acaso. Talvez algo ou alguém quisesse me mostrar que um dia haveria o reencontro com os meus pais e meu irmão. Será que era isso?
- Bom, o papo está ótimo, mas agora eu tenho que ir pro aniversário da filha de uma amiga minha.
- Que pena! Estava adorando falar com você.
- Eu virei aqui sempre que possível e você pode ir me visitar também, sempre que quiser. Precisa conhecer meus filhos.
- Os gatinhos? – Dona Inês riu.
- É! São tão lindos! Rodrigo os odeia, coitados. Vive chamando a Gertrudes de endiabrada.
- Ele não gosta de gatos. Desde pequeno. Não entendo o motivo, mas enfim. Gosto não se discute.
- Verdade.
Antes de sair pro aniversário da Mila, o Fabrício me ligou e perguntou se o Bruno e eu poderíamos dormir na casa dele naquela noite.
- Mas por que esse convite tão inusitado?
- É que eu vou ter um congresso muito importante amanhã e vou ter que viajar. Não tenho com quem deixar o Nícolas. Eu ia deixá-lo com meus pais, mas a minha mãe foi pra casa da minha tia lá em Mato Grosso...
- Ah, claro que a gente pode! O Bruno vai adorar!
- É só por hoje. Eu volto amanhã à noite!
- Claro, sem problemas. Só que tem um porém.
- Que foi?
- Bruno e eu vamos no aniversário da filha da Alexia...
- Ah! Putz... E agora?
- Podemos levar o Nícolas?
- Claro! – Fabrício aprovou na hora. – Ele vai adorar!
Foi tudo muito em cima da hora, mas deu tempo. Quando falei pro meu namorado o que estava acontecendo, ele ficou maluco de tanta felicidade.
- Que maravilha! Adorei a ideia. Vamos pegá-lo, vamos?
- Calma! Que pressa! A gente ainda nem se despediu do pessoal... Apressado!
- É que eu quero vê-lo...
- A gente já vai!
Nós dois nos despedimos de todos, em particular da Babí e depois seguimos até a casa do Fabrício, que ficava naquele bairro mesmo. Quando chegamos lá, ele já tinha dado banho no menino, só faltava arrumá-lo.
- Titio Caio...
Daquela vez o Nico foi me abraçar primeiro e o Bruno ficou morrendo de ciúmes.
- Cadê meu beijo? – perguntei.
Nícolas beijou meu rosto e deitou a cabeça no meu ombro.
- Ei, Nico? E eu? Não vai me dar um abraço também?
- Tio “Buno”!
Claro que o menino foi ficar com meu namorado também. Nícolas gostava muito dele e adorava brincar com ele.
- Vem, campeão! Vamos trocar de roupa que você vai no aniversário da Camila.
- Camila?
- É! Você lembra dela?
O menino fez cara de quem estava pensando e depois falou muitas coisas, todas sem sentido. Eu e Bruno demos risada e ficamos esperando o Fabrício na sala.
- Vou adorar passar a noite com ele.
- Sabia que você ia gostar – sorri.
- Pronto. Ele já está arrumado.
Fabrício conseguiu deixar o filho mais bonito do que já era. O garotinho estava com um macacão jeans, tênis branco e uma camiseta listrada. Além disso, tinha um boné virado pra direita. A coisa mais linda do mundo.
- Ô, que fofo! – Bruno se apaixonou por ele.
- Cuidem bem dele, tá?
- Claro! Alguma recomendação? – perguntei.
Eu nem deveria ter feito essa pergunta. Fabrício não deu uma, mas várias recomendações de como nós deveríamos cuidar do filho dele.
- E amanhã ele entra na creche às 7 horas. Tem que arrumar a mochila dele e colocar fruta, porque ele tem que comer direitinho. Coloquem também uma toalhinha e fralda. A gente nunca sabe, né?
- Compreendido.
- Acho que é só.
- Aleluia!
- Vão com Deus e aqui estão as chaves. Essa é do portão e essa é a da casa. Qualquer coisa me liguem, seja a hora que for.
- Podemos ir?
- Podem. Vão com Deus!
- A gente vai cuidar bem dele – falei.
- Acho bom. Confio em vocês.
- Obrigado pela confiança.
Bruno já ia saindo com o Nícolas no colo, mas Fabrício lembrou-nos que era necessário a cadeirinha da criança no carro. Tivemos que tirá-la do automóvel do engenheiro químico para colocar no do meu namorado.
- Agora sim. Ainda bem que eu lembrei.
- É.
- Nícolas? Promete que vai se comportar?
O menino ficou quieto. Acho que ele não entendeu o que o pai quis dizer com aquela frase.
- Ai, meu Deus... Eu vou sentir tanta saudades!
- Papai?
- Vem aqui me dar um beijo, vem?
O menino saiu correndo e foi direto abraçar e beijar o pai. O amor dos dois era tão lindo!
- Papai te ama, tá bom?
- Tá!
- Amanhã o papai volta, hoje você vai dormir com o tio Bruno e com o tio Caio. Tá bom? Papai vai viajar. Papai tem um congresso importante e o papai só volta amanhã. Promete que vai se comportar bem? Que vai obedecer o titio Caio e o titio Bruno?
- Tio Buno?
Meu namorado riu baixinho.
- É! Você tem que ser bonzinho, tá bom?
- Tá!
- Cadê meu beijo? Me dá um beijo, campeão! Isso... Agora vai, vai... Vai pra sua festinha, antes que eu me arrependa e te leve pro congresso. Vai... Papai te ama.
- Tá, papai!
- Tchau, meu filho... Ai que dor no meu coração, meu Deus...
- Calma! Eu vou cuidar muito bem dele.
- Por favor, me liga assim que vocês voltarem pra cá, tá? Eu vou morrer de saudades dele.
- Calma! Eu ligo, prometo que ligo.
- E depois eu mando o presentinho da Camila. Me perdoem por ter feito vocês virem tão em cima da hora.
- Não se preocupe. Cuidaremos de tudo. Boa viagem.
- Obrigado, Caio! Cuida bem do meu campeão!
- Cuidarei dele como cuido da minha vida, prometo. Até mais, Fabrício.
- Até! Boa festinha.
- Obrigado.
Entrei no carro, coloquei o cinto e o Bruno partiu. Meu namorado estava feliz da vida por ser a babá do Nícolas por uma noite.
- Feliz?
- Muito! Eu amo esse menino.
O bichinho se comportou como gente grande no carro e ficou olhando para todos os lados o tempo todo.
- O que é aquilo ali, Nico? – perguntei.
- “Camião”.
- Isso aí! Mas a palavra certa é caminhão!
- “Camião”.
- Caminhão – eu corrigi o menino.
- “Camião”.
Ele ainda não sabia falar direito. Era melhor não forçar.
- E aquilo ali na frente? O que é aquilo?
- “Oinibu”!
- Mas... Mas eu mereço uma coisa dessas, Bruno?
- Vai! Vai brincando com ele.
- “Oia... Um au, au...”.
- Você gosta de au, au? – perguntei.
- É!
- E de miau você gosta também?
- É!
- Você lembra da Gertrudes e do Enzo?
- Ge...? – ele tentou falar o nome da gata, mas parou na metade do caminho.
- Aquela miau branca lá do nosso apartamento, lembra? Lembra que o tio Caio deu banho nela?
- É!
- Eu ainda vou matar esse menino – Bruno deu muita risada. – Ele é fofo demais.
- Tio Caio?
- Que foi, Nico?
O menino tentou falar alguma coisa, mas nós não entendemos. Ele falou tudo errado.
- Sim! Sabia que você é lindo de morrer?
- “Bigado”!
- AAAAH, LINDO!
- Tio Caio?
- Oi, Nico?
De novo ele falou algo incompreensível, tadinho.
- Tio Caio?
- Que foi, Nico? – eu dei risada.
- Papai falou que eu sou um “homi”!
Não sei quem deu mais risada: o meu namorado ou eu. Seria bom demais ficar com aquele menino durante aquela noite.

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Chegamos na festa por volta das 18 horas, igual ao ano anterior. Novamente a casa estava bem lotada e o clima estava muito animado.
- Providenciaram a cegonha, Caio? – Diego brincou comigo e com meu namorado.
- Ainda não, Diego. É o Nícolas, lembra?
- Ah, é verdade. O do seu aniversário.
- Seu futuro genro – Bruno brincou.
- Tá louco? Nem sonhando!
- Tio Caio?
- O que foi, Nico?
- Eu “quelo” fazer xixi!
- Eu vou te levar ao banheiro.
- Vai lá, Caio – Alexia liberou. – Pode ficar à vontede.
- Obrigado, Alexia.
Levei o menino pra fazer xixi e logo em seguida levei a criança pra brincar com os outros que estavam na casa.
- Vai brincar, mas não fique muito longe, tá?
- Tá, tio!
Ele foi direto falar com a Camila. Pelo visto ele lembrava dela e ela lembrava dele. Eles se deram muito bem.
- Janaína Santos! – cutuquei minha amiga. – Mal-educada! Nem me cumprimentou.
- Oi, meu filho! Quem tem que me cumprimentar é você. Você que chegou agora, não eu.
- Como vai, ex-personal Wellington?
- Muito bem ex-aluno Caio. E você?
- Maravilhosamente bem, cunhado.
- Aquele menino é seu filho?
- Não. Quem me dera. Ele é só meu sobrinho de consideração. Ele é filho de um amigo meu.
- Não me diga que é o Nícolas? – Janaína arregalou os olhos.
- O próprio.
- Sangue de Cristo, como ele é lindo!!!
Janaína saiu e foi falar com o Nícolas. O menino olhou pra ela e ficou sem entender quem ela era.
- Tio Caio, tio Caio?
- Que foi, Nico?
- Quem é “echa xinhola”?
- Senhora? – Janaína ficou amargurada. – Sou tão velha assim?
Bruno quase enfartou de tanto rir.
- Ela é a Janaína. É uma amiga do tio Caio.
- “Zanaína”?
- Isso. Diz oi pra ela, Nico.
- Oi!
- Oi seu lindo. Mas eu não sou senhora, viu?
- É “xinhô”?
Ela se rendeu ao charme do menino e não ficou mais brava. Era impossível resistir ao Nícolas.
- Vai brincar, Nícolas – Bruno liberou o menino pra brincar. – Mas fica por perto.
- Tá, tio “Buno”!
- Quantos anos ele tem, hein? – perguntou Wellington.
- Vai fazer 2 em junho. Não é lindo?
- Ele é incrível!
- Vocês tinham que vê-lo como noivinho. Foi a maior graça.
- Ele fala direitinho pra quem tem tão pouco tempo de vida – ponderou Janaína. – Eu só aprendi a falar direitinho aos 3 anos de idade.
- Acho que você não aprendeu até hoje – brinquei.
E por causa dessa brincadeira eu levei uma porrada.
- Me respeita, senão vai levar meia hora de tapa na cara!
- Isso é agressão! Você vai ser enquadrada na Maria da Penha!
- Experimenta brincar comigo, experimenta! Estou de TPM, hein?
- Cruz credo. Se normal você já é irritada, imagina com TPM!
- Amanhã meus “kremlins” vão estar lascados na minha mão!
- Os meus também, tenho muita coisa pra fazer amanhã.
- Ai, nem fala. Só pela reunião que teremos...
- Vocês dois vão ficar falando de trabalho mesmo? – Bruno se irritou.
- Desculpa – falei e fiquei calado. – É melhor não falar mais sobre isso. Ele tem razão.
- Tem mesmo. Ai, ai.
O aniversário foi divertido e o Nícolas brincou até não querer mais. Lá pelas 20:30, Alexia resolveu cortar o bolo e o Nícolas ficou lá, cantando parabéns pra Camila:
- Coisa mais linda! – ri comigo mesmo.
- Hoje ele vai comer quanto bolo ele quiser! – exclamou o meu namorado.
Mas naquele dia o menino se contentou com um pedaço de bolo. Ele queria mesmo eram os brigadeiros.
- Dá “maisi” um?
- Abre a boca então – falou meu namorado.
Bruno colocou o brigadeiro na boquinha do Nícolas e ele ficou todo feliz.
- “Bigado”!
Essa era a parte que eu mais gostava: quando ele tentava falar obrigado. Era lindo!

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- Dá “maisi”?
- Dou! – Bruno deixou.
- Olha o exagero, Bruno!!!
- Só mais esse.
Janaína estava vindo da mesa para o sofá quando de repente nós ouvimos o barulho de uma bexiga estourando. Era a bexiga que estava grudada no teto.
- AAAAAAI – a morena gritou.
Eu fiquei alguns segundos sem entender o que tinha acontecido. Eu não entendi de imediato que dentro da bexiga tinha confete e muitas balas. Caiu tudo em cima da Janaína.
Camila, Nícolas e todas as outras crianças saíram correndo pra pegar as balas e a Janaína ficou lá, parada, só piscando os olhos.
- Janaína, desculpa... – Alexia foi logo se justificando.
- Meu cabelo... – a morena choramingou com a voz bem baixinha. – Meu cabelo...
Não aguentei e soltei o riso que estava preso na minha garganta. O cabelo da Janaína estava entupido de confete, entupido mesmo. Ela ia ter um trabalho do cão pra tirar tudo aquilo das madeixas.
- Meu cabelinho... Meu cabelinho...
- Desculpa, amiga!
A morena quase chorou e tentou tirar os confetes da cabeça, mas não teve muito êxito não.
- PAREM DE RIR!
Eu já estava chorando e com dor na barriga de tanto que ri. O mais legal de tudo foi a cara de pavor que ela fez quando entendeu que o cabelo estava arruinado.
- Vou demorar um mês pra tirar essas porcarias dessa desgraça de cabelo... – Janaína choramingou de novo.
- Bem feito – continuei rindo.
- Desgraçado! Vou esfregar sua cara no asfalto, filho da mãe!
Só por esse acontecimento bobo, o aniversário da Mila valeu a pena. Eu ri e ri muito da Janaína naquela noite de domingo. Foi muito engraçado.
- Te vejo amanhã, filho da mãe!
- Até amanhã, chatona! Ah, tem um confete aqui ó...
- DESGRAÇADO! Vamos embora daqui logo, bofe.
Ela puxou o Wellington e saiu resmungando algo incompreensível. Eu continuei rindo e o Bruno me disse que eu era muito mau.
- Mau nada. Eu me divirto com a Jana.
- Vamos embora também? O Nícolas tem que dormir, já está tarde.
- Vamos sim!
Pegamos o Nícolas e fomos nos despedir dos donos da casa. Camila estava comendo bolo no colo do pai.
- Está cedo, fiquem mais um pouco – pediu Alexia.
- Que nada. A gente ficou responsável por ele e temos que levá-lo pra casa.
- Então eu te vejo amanhã. Vou lá na sua loja te visitar.
- Tá bom! Eu fico te esperando.
- Beleza.
- Dá tchau pra Camila, Nícolas!
- Tchau!
- Tchau – ela respondeu.
Eles não paravam de se olhar.
- Agradece o presente do tio Caio, filha!
- “Bigada”!
- De nada, coisa linda! Parabéns pelo seu aniversário, tá?
- “Bigada”!
- Colo, tio! – Nícolas levantou as mãozinhas pra cima.
- Você está com sono, né? Vem... Vamos pra casa!
Nos despedimos em definitivo de todo mundo e saímos rumo a casa do Fabrício, mas antes Bruno e eu passamos no nosso apartamento.
- Poderíamos dormir aqui com ele – falou Bruno.
- Não! O Fabrício disse que é pra gente ficar lá por causa das coisinhas dele. É melhor obedecer, lá é mais confortável pra ele.
Pegamos tudo o que tínhamos que pegar e descemos. O menino estava com tanto sono que nem quis brincar com os gatinhos.
- Papai, tio Caio?
- Ele foi viajar, lembra? Ele volta amanhã.
Nícolas bocejou.
- Quer tomar banho?
- É!
Bruno e eu demos um banho rápido no menino, colocamos a fralda e o levamos até o berço.
- Boa noite, Nico – falei e dei um beijo no rosto dele.
- É.
- Você não vem, Bruno?
- Vou ficar aqui mais um pouco, amor. Quero vê-lo dormindo um pouquinho. Já vou, já.
- Não demora. Dorme bem, Nico!
- Tá!
Saí e fui tomar meu banho. Fiquei me sentindo esquisito na casa do Fabrício, mas enfim. Era por uma causa nobre.
Deitei na cama dele e me senti mais estranho ainda. Eu queria namorar o Bruno, mas ia respeitar a cama do meu amigo.

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Passou mais de meia hora e meu namorado não apareceu. Eu tive que ir atrás dele e quando entrei no quarto do menino, vi que ele estava olhando fixamente pro Nícolas, sem nem piscar os olhos azuis.
- Ei...
- Oi, amor!
- Vamos deitar... Já está tarde!
- Ele não é lindo?
- Muito lindo – eu também velei o sono do Nícolas. – Mas vamos dormir... Amanhã você vai acordar cedo!
- Vamos... Vamos sim...
Bruno levantou e foi beijar o rosto do menino. Eu me derreti com esse gesto.
- Vem, amor – puxei meu namorado. – Vamos dormir que amanhã vai ser um longo dia.
- Vai mesmo!
Nos deitamos.
- Queria ficar com você – ele fez carinho no meu rosto.
- Eu também, mas é melhor não.
- Uhum. Já ligou pro Fabrício?
- Mandei mensagem e disse que está tudo bem.
- Ele respondeu?
- Sim! Disse que ficou aliviado.
- Hum.
Bruno dormiu feliz naquela noite e eu dormi realizado. Ver meu namorado feliz me deixava feliz e isso era bom demais.
Era mais um dia tenso na loja de Copacabana. Por mais que a maioria dos funcionários já estivesse gostando de mim e me respeitando, ainda existiam as laranjas podres que faziam de tudo para estragar o meu dia.
- Rita, por favor, atenda aquele cliente pra mim?
- Não!
- Por favor?
- Não. Eu não vou atender. Acabei de sair de uma venda e vou respirar um pouco.
- Rita, eu estou pedindo numa boa! Eu vi que você não saiu de venda coisa nenhuma. Você já está parada há mais de meia hora.
- Controlando meus passos agora, garoto?
- Não sou garoto, tenho nome e é Caio. Você não vai atender ao cliente? É isso mesmo?
- Isso aí, queridinho. Se você quiser, você mesmo atenda. Duvido que você seja capaz de vender uma agulha nessa porcaria de loja.
- Pode deixar, Rita. Não se preocupe. Eu mesmo atendo.
Atendi ao cliente e esfreguei na cara daquela vadia que eu conseguia vender muito mais do que ela imaginava. O cliente comprou duas televisões de plasma. A vendedora ficou dando risada da minha cara e isso foi me deixando irritado.
- Obrigado e volte sempre! – falei ao cliente.
- Obrigado, Caio! Obrigado mesmo.
- Por nada! Eu é que agradeço.
Passei pela frente da fulana e não falei nada, mas não falei de propósito. Eu ia mandá-la pra casa por dois dias e seria naquele momento.
Fui pra minha mesa cuspindo fogo e nem percebi quando a Janaína apareceu para falar comigo.
- Que cara é essa? – ela foi logo sentando.
- Oi, Jana! Desculpa, nem te vi aí.
- Está tudo bem? Por que você está com essa cara?
- Uma vaca que eu tenho que aguentar aqui nessa porra dessa loja. Me tirou do sério. Vou mandá-la pra casa por dois dias.
- Arrasou! Mas o que ela fez?
- Pedi pra atender um cliente e ela se negou e ainda por cima me chamou de garoto. Ela não me respeita por nada, mas agora ela vai conhecer quem é Caio Monteiro. Ainda bem que a Duda não tá aí, vou usar a sala dela. Me acompanha?
- Claro!
Fiz a suspensão da vadia e mentalizei energias positivas. Aquele feedback seria complicado.

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- Pode sentar – eu mandei. – Essa daqui é a Janaína, ela é gerente da loja de Ipanema e vai acompanhar o nosso feedback.
- Hã? E o que é dessa vez? Vai me dar bronca por não ter atendido ao cliente?
- Bom, eu te chamei aqui por diversos motivos e eu vou direto ao ponto. Primeiro de tudo: não quero que você se dirija à mim me chamando de “garoto”. Eu tenho nome, me chamo Caio e é assim que você tem que me chamar.
- Hã?
- Não terminei, portanto não me interrompa. Rita, não é de hoje que eu venho chamando a sua atenção com relação a sua postura. Você já foi sancionada por insubordinação, já foi advertida por falta injustificada. O que você quer da vida? Me diz?
- Ser mandada embora.
- Disso eu já sei, mas você acha mesmo que eu vou mandar você embora você tendo essa postura? A resposta é não. Primeiro que nem estamos em época de corte, segundo que até pra mandar embora o funcionário tem que ter postura e isso você não tem. Eu falo com você e você faz tudo pra me tirar do sério. Com quem você pensa que está lidando? Com uma criança de 5 anos de idade? Não! Eu posso ser jovem sim, eu posso aparentar ser novo sim, mas eu sou um homem feito, sei bem o que estou fazendo aqui e à partir de agora a tratativa vai ser outra. Se você acha que pode brincar comigo você está muito enganada!
- Calma! Está nervoso?
- Eu ainda não terminei e acho que falei pra você não me interromper. Não, eu não estou nervoso – fiz de tudo para não tremer, nem gaguejar e consegui. – Só estou impondo o respeito que eu tenho por direito. Quantas vezes você quer que eu fale que sou o gerente dessa loja? Eu estou falando com uma mulher ou com uma menina? Nem o meu sobrinho de 2 anos age como você, Rita!
- Já terminou? Já posso voltar pro meu setor?
- Não, ainda não acabei. Eu vou deixar uma coisa bem clara pra você, querida: eu não sou idiota, eu não sou burro e eu não estou aqui pra brincadeira. Enquanto você vem com o fubá, eu já fiz o bolo. Se você não quer nada com a vida, o problema não é meu, mas enquanto eu aqui estiver você vai me respeitar e vai obedecer as minhas ordens. Se é assim que você quer, é assim que vai ser. Eu falei uma, falei duas, falei três vezes e você não melhorou. Se você não vai melhorar por conta, vai melhorar através das sanções disciplinares...
- Ah, não...
- Ah, sim! Que nem eu disse, você foi suspensa por um dia por insubordinação e hoje novamente foi insubordinada. Eu pedi para você atender ao cliente e você se recusou. Então por esse motivo, eu vou te mandar pra casa por dois dias...
- Nunca!
- Sim, sim. Você vai embora agora e só voltará daqui dois dias!
- Não vou assinar essa porra!
- E olha o palavreado que você não está na sua casa, você está numa empresa. Você sabia que eu poderia te mandar embora por justa causa só pelo fato de você ter se recusado a atender ao cliente?
- Sonha em fazer isso!
- Eu posso fazer isso sim! Basta encaminhar um e-mail ao departamento jurídico que eles irão analisar o caso. Nós temos as câmeras de segurança e lá vai ser comprovado que eu pedi para você atender e você se recusou. Você se recusou a fazer a tarefa que você é obrigada a fazer, pois caso você não lembre, seu contrato é de vendedora. E você se negou a fazer uma venda. Só por causa disso a empresa pode aplicar uma justa causa. Não é isso, Janaína?
- Exatamente!
- Portanto, Rita, da próxima vez que eu pedir para você fazer algo, eu não recusaria se fosse você. Eu não estou lidando com uma criança, estou lidando com uma mulher feita. O mínimo que você tem que ter aqui dentro é postura e isso você não tem. Por favor, assina pra mim onde está o seu nome.
- Não vou assinar porcaria nenhuma, garoto.
- Caio – eu a corrigi. – Não vai assinar? Não tem problema. A Janaína assinará como testemunha e outro gerente assinará como a outra testemunha, do mesmo jeito que aconteceu da primeira vez. Só que agora são dois dias em casa. O que vai ser ótimo pra você, já que você não está com vontade de trabalhar.
- Nisso você tem toda razão. Mas eu não vou sair daqui.
- Sim, sairá sim. Nós faremos da mesma forma que antes: o seu crachá será bloqueado, sua matricula também e dessa forma você não venderá nada. Assina pra mim, Janaína, por favor.
- Claro!
- Quero te deixar ciente que à partir desse momento a cobrança será outra. Eu te dei oportunidade para você melhorar, mas você não quis. À partir desse momento você está suspensa. Estou encaminhando um e-mail ao RH pedindo o bloqueio de seu crachá e de sua matrícula e você volta daqui dois dias. Janaína, acompanha a Rita até o ponto, por favor.
- Claro. Rita, me acompanhe, por gentileza.
- Ai, Caio... Como você é tosco.
- Ah, só pra completar: se continuar me ofendendo com palavras de baixo calão, quando você voltar vou aplicar uma suspensão por indisciplina e desrespeito. Lembrando que a cada dia que você fica em casa por suspensão você gera desconto em folha de pagamento. Serão dois dias mais o domingo. Boa tarde, Rita. Bom descanso e vai com Deus.
Ela saiu bufando de raiva. Quando a Janaína fechou a porta, eu respirei fundo, debrucei a cabeça na mesa e tentei me acalmar. A minha vontade era de meter a mão na cara daquela vadia.
- Estou preta passada na chapinha! – Janaína voltou rindo. – Menino... Como você é bravo!
- Janaína do céu... Pisa no meu calo pra você ver! Essa vadia tá me tirando, gata!
- Caio!!! Nunca pensei que você fosse tão acertivo desse jeito! Que orgulho!
- Aprendi isso com você!
- Vem comigo que é sucesso! Caraca... Fiquei pretérita com você!
- Tá pensando que eu sou idiota? Sou não, gata!
- Arrasou! Vem comigo que a sua estrela brilha!
- Mas me diz, por que veio aqui?
- Pra te pedir uma gentileza!
- Que foi, amiga?
- Dia 15 de abril minha família vai para Aparecida do Norte e eu queria saber se você pode trabalhar na minha loja para cobrir a minha ausência? Por favor?
- Nossa... Eu ia dizer não, mas se é por causa dessa viagem é claro que eu fico! Mas você vem ficar aqui que dia?
- Domingo agora se você topar.
- Lógico que topo. A Duda sabe?
- Sabe. Ela deixou.
- Então tranquilo. Você formaliza por e-mail?
- Claro!
- Então tá bom.
- Obrigada, amigo!
- De nada, princesa. Deixa eu voltar pra minha mesa, antes que meu telefone toque.
Ele já estava tocando. Atendi e era o Jonas. Ele queria que eu fosse até a filial para servir de testemunha para uma sanção. Eu aceitei.
- Vou sim. Eu chego aí em 40 hora.
- Esperando você então. Obrigado, parceiro.
- Por nada!
- Quem era?
- Jonas. Ele quer que eu vá na loja pra servir de testemunha.
- Hoje é dia, hein?
- Pois é! E eu estou cheio de coisas pra fazer. Só vou porque quero falar com a Duda pessoalmente.
- E quem vai ficar aqui?
- Vou pedir para uma menina do crediário assumir aqui pra mim.
- É de confiança?
- Olha, é uma das poucas que eu confio.
- Então assim sim.
Lembrei do Chaves. Os personagens viviam falando essa frase. Arrumei tudo, deixei a colaboradora responsável pela loja, me despedi da Jana e fui pra loja do Barra Shopping. Foi bom rever todos os meus amigos.
- Caio!!! Não me diga que você voltou?
- Não, Alexia. Eu só vim falar com o Jonas e com a Duda. Você está bem?
- Eu estou e você? E o brinquedinho?
Ela se referia a um dado de posições que eu comprei na revista dela.
- Menina, fez sucesso! Muito bom. Depois eu quero o folheto, tá?
- Pode deixar que eu levo quando ela chegar.
- Então tá. Deixa eu ir lá falar com eles. Beijo, amiga.
- Outro!!!
Falei com todos. Mesmo estando em um patamar diferenciado, nunca curti deixar meus amigos no vácuo. Eu era o mesmo e deixei a humildade controlar a minha vida de gerente. Eu nunca pisaria em alguém que foi meu colega, né?

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- Olá, olá – entrei na sala da Duda. – Boa tarde!
- Boa tarde, Caio – Duda me olhou.
- Boa tarde, Caio – Jonas me cumprimentou.
- Desculpem a demora. Está um trânsito danado.
- Não se preocupe, querido – Duda sorriu.
- Cadê o colaborador? Quem é? Eu ajudo em quê?
- Nada – Jonas riu. – É só pra assinar como testeminha em uma sanção. Ele não quis assinar.
- Tenho uma pra você também. Duda, precisamos falar.
Falei tudo o que tinha acontecido e ela me orientou a continuar agindo da mesma forma. Ainda bem que a minha gerente estava do meu lado.
- Todas essas daqui são suas – falei. – Já estão todas assinadas.
- Caraca! – Jonas se espantou. – Usou um pacote de quinhentas folhas só em sanções?
- Meus liderados não são fáceis, chefe – falei. – Eles são muito desordeiros.
- Verdade – a regional concordou. – Se não for assim eles não melhoram nunca.
- Pois é. Obrigado por ter assinado, Jonas.
- Imagina! Eu é que te agradeço.
Voltei para a minha filial e como as coisas estavam um pouco mais tranquilas, aproveitei para mais uma vez extrair um relatório de vendas das minhas equipes. Para a minha surpresa, o índice aumentou novamente.
Mandei e-mail com os gráficos e depois de meia hora recebi um e-mail do Antony me parabenizando. Ele disse que estava feliz com a melhor nos resultados da loja e isso me deixou orgulhoso e feliz da vida.
Por causa disso, eu até fiz uma reunião com minha equipe e passei o que estava acontecendo.
- Eu quero agradecê-los por terem mais uma vez arrasado nos índices de vendas. Eu extraí mais um relatório e vi que houve um aumento de mais de 3% comparado com a quinzena passada. Parabéns equipe!
- Uhul – alguém comemorou.
- Por causa disso eu vou passar um vídeo pra vocês, para que vocês entendam como é bom fazermos um bom trabalho em equipe. Prestem atenção.
O vídeo que eu mostrei era emocionante. Tratava-se de uma corrida de crianças que tinham alguma espécie de deficiência. Em um determinado momento, uma das crianças acabou caindo e ficando para trás. Todos os outros pararam, voltaram, ajudaram a criança e todos passaram a linha de chegada ao mesmo tempo. Teve gente que chorou.
- Isso resume o que é trabalho em equipe, pessoal. As cenas são meio fortes, mas é bem isso que eu queria retratar. Eu sei que cada um é cada um, que nem sempre nós nos damos bem com algumas pessoas, mas o que eu queria que vocês entendessem é que nós somos um time. Eu não faço resultado sozinhos e nem vocês. Eu preciso de vocês, vocês precisam de mim. Por favor, pensem nisso. Eu não vim pra essa loja pra ser o carrasco, pra ser ruim com ninguém. Eu vim pra melhorar os resultados e já estou conseguindo, mas eu não faria nada se não fossem vocês, entendem?
Eu bebi um gole de água.
- Não quero que vocês pensem que eu estou aqui apenas para advertir e suspender vocês. Muito pelo contrário, eu estou aqui para ajudá-los, mas eu também preciso ser ajudado! Uma andorinha só não faz verão! Eu quero que essa loja fique sendo conhecida como a loja que mais vende na região e não a loja que é fracassada, porque essa era a imagem que nós tínhamos. Olha que coisa mais chata! Gente, vamos continuar focados no nosso trabalho, vamos continuar correndo atrás de nossas metas. Não é fácil, mas se todos dermos as mãos, a gente vai conseguir... Pensem nisso! Estão todos liberados! Boa noite e até amanhã, se Deus quiser.
Todos, absolutamente todos se despediram de mim. Mais uma vez eu atingi meu objetivo, mais uma vez eu consegui conquistar os meus funcionários. Isso me deixou feliz da vida.
NA SEGUNDA QUINZENA DE ABRIL...
Vinícius e Bruna já tinham voltado da lua de mel há um tempão, mas até aquele momento eu não tinha encontrado tempo para ir conhecer a casa dos pombinhos.
- Pensei que você não viria nunca! – Vinícius reclamou.
- Me perdoa, Vini! Eu estava todo enrolado.
- Cadê o Bruno?
- Ele pediu desculpas, mas não pôde vir. Ele está todo enrolado com um seminário da faculdade.
- Eu entendo o meu xará!
- Oi, Bruna! Como está?
- Muito bem, querido! Entra, fica à vontade.
- Obrigado. Os meninos já chegaram?
- Já sim. Estão lá no quintal brincando com o Nícolas.
- Uau... Que decoração linda!
A casa do casal ficava em Laranjeiras e era simplesmente linda e aconchegante. A sala era revestida por quadros, tinha uma cortina lindíssima de seda vinho, um conjunto de estofados, um tapete, estante, televisão de plasma, som... De um tudo!
Depois conheci a cozinha. Era grande e bem ampla, toda em cerâmica branca e com móveis na cor cinza com preto.
- Gostei. Bem sóbreo.
E depois conheci os dois quartos. Um era deles e outro era destinado a um futuro bebê que eles queriam ter, mas ainda estava vazio. Tudo muito bem arrumado, muito bem organizado.
E enfim cheguei ao quintal. Era enorme, simplesmente enorme. Tinha até uma árvore, na verdade era um pé de acerola.
- Nícolaaaaaaaaas? – chamei.
- Tio Caio!!!
O menino saiu correndo e me abraçou. Eu levantei o danadinho e fiquei brincando com ele, jogando-o pra cima.
- Tio Buno?
- Ele não pôde vir, Nico. Ele está estudando.
- Oi, mano! – Rodrigo foi falar comigo. – Como você está?
- Oi, mano! Eu estou bem e você?
- Bem também.
- Oi, Fabrício!
- E aí, Caio? Na paz?
- Como sempre, graças a Deus.
Nós almoçamos na casa dos recém-casados e ficamos lá durante todo o domingo. Assistimos filme, comemos pipoca e brincamos muito com o Nícolas. O menino saiu de lá acabado e dormindo no colo do pai. Bons tempos.
Era noite de sábado e eu estava me sentindo extremamente cansado, mas mesmo assim resolvi atender ao pedido do Bruno e nós fomos até a “Le Boy”, a mesma boate que eu sempre frequentava quando era solteiro.
Vítor, Daniel, Mário, João e todos os outros amigos do Bruno estavam lá para comemorar o aniversário do Dani.
- Parabéns, Dani! Deus te abençoe com muitos anos de vida.
- Obrigado, Caio!
- Sucesso pra você.
- Pra nós todos.
- Amor, quer uma bebida? – perguntou meu namorado.
- Quero sim, Bruh. Pega uma vodca pra mim por favor.
- Eu não demoro.
Bebi, dancei e namorei muito naquela madrugada de final de abril. Quando o dark room foi aberto, Bruno e eu subimos e ficamos namorando por lá, relembrando o dia em que nos beijamos por sabe-se lá quanto tempo sem eu saber que na verdade era ele.
- Eu adorei aquele dia – ele falou.
- Eu também adorei, mas eu fiquei com muita raiva quando vi que era você.
- Você me odiava, né?
- Não, amor – beijei o pescoço dele. – Nunca te odiei de verdade, nunca! Na verdade, tudo aquilo era o amor que eu sentia por você. Eu só não queria aceitar e muito menos mostrar o quanto eu te amava.
- Não vamos mais pensar naquela época, tá? Vamos curtir o hoje, vamos curtir o agora!
- Acho uma ótima ideia.
Como nós dois estávamos na sala da pegacão, o que mais ouvimos foram gemidos e barulho de beijos. Bruno estava encostado na parede, eu nele e eu perdi as contas de quantos caras quiseram passar a mão na minha bunda. Claro que eu não deixei que nenhum fizesse isso.
Quando o dia 1º de maio chegou eu fiquei ansioso e ao mesmo tempo amedrontado, afinal estava chegando ao fim os 90 dias de experiência que me propuseram e ainda naquele dia eu saberia se estava aprovado ou não na função de gerente da loja de Copacabana, mesmo sendo um feriado.
- Gerência, Caio?
- Caio, sou eu.
- Oi, Duda!
- Sabe que dia é hoje, não sabe?
- Claro que sei.
- Que bom. Vou precisar de dois favores seus.
- Pode falar.
- Preciso que você extraia o relatório de desempenho das duas equipes desde que você assumiu a loja, mas preciso também que você faça um comparativo com os últimos três meses antes de sua chegada.
- Já tenho isso.
- Mentira?
- Não! Eu já imaginei que você ia pedir e já fiz isso. Terminei ontem.
- Menino! Assim que eu gosto.
- E que mais que você precisa?
- Preciso que você monte uma apresentação de resultados desses relatórios para apresentar pra mim e pro Antony daqui 2 horas.
- Perfeito. Faço isso sim.
- Preciso também que você exponha nessa apresentação de resultados qual foi a porcentagem total de melhora na filial e se você atingiu ou não o objetivo que nós propusemos.
- Já tenho essa resposta também.
- Porra, Caio! Desse jeito eu não vou te pedir mais nada. Fiquei brava agora, tchau!
Ela não desligou. Eu fiquei rindo.
- Meu... Fala sério! Eu vou pedir e ele já fez... Assim que eu gosto! Parabéns!
- Obrigado, chefa. Vocês vêm aqui?
- Sim! Prepara tudo na sala de reuniões.
- Combinado. Até já.
- Até!
Fiz tudo o que ela mandou e modéstia à parte, fiz um excelente trabalho no Power Point. Até animação eu coloquei e ousei no final, colocando barulho de palmas para mim mesmo. Será que eles iam reclamar?
- EQUIPE, VENHAM AQUI POR FAVOR?
Juntei os vendedores e informei que o Antony e a Duda viriam para a filial e que era para eles se comportarem e acima de tudo, para não ficarem com conversas paralelas e nem parados. Todos entenderam e se propuseram a fazer a sua parte.
- Obrigado, equipe! Voltem aos postos de trabalho e arrasem nas vendas. Eu vou ficar fora por alguns minutos.
Quando os meus chefes chegaram, eu os levei até a sala de reuniões e lá nós começamos de uma vez por todas com a apresentação de resultados.
- Como vocês podem ver, nesses três últimos meses eu consegui aumentar o número de vendas em mais de 25%, lembrando que a proposta estabelecida foi de 15%. Isso se deu ao fato do início das campanhas motivacionais, reunião em grupo e gestão de pessoas que fiz com meus colaboradores.
- Excelente – Antony não estava nem piscando.
- Com relação ao meu absenteísmo, tive uma melhora de 7% com relação aos últimos três meses antes do início da minha gestão. Devo ressaltar que nesse período apliquei diversas sanções disciplinares e que isso aumentou o meu número de faltas.
- E como está a questão das sanções, Caio?
- Antony, devo confessar que no começo foi um pouco complicado, mas hoje 90% do quadro me vê como seu líder imediato e essa mesma porcentagem passou a me respeitar como tal. Claro que eu tenho meus casos pontuais, mas estes são tratados individualmente. A Eduarda está ciente de todos.
- Isso mesmo – ela concordou.
Eles me fizeram algumas perguntas e eu respondi todas imediatamente. A reunião acabou com o Antony me parabenizando pelo trabalho que fiz e dizendo que eu estava aprovado no cargo.
- Muito obrigado – respirei aliviado.
- Que nada, você merece! Meus parabéns e espero que continue sempre assim!!!
- Obrigado, obrigado mesmo.
- Caio, agora nós temos uma novidade para você.
- Novidade? Que novidade?
- Como você mesmo sabe, a Janaína também assumiu uma loja similar a essa e ela passou pelos mesmos desafios. Nós acabamos de sair de uma reunião com ela e eu fiquei impressionado com a forma de gestão dela e também com a sua. Eu quero que saiba que à partir de amanhã ela dividirá a liderança dessa loja com você.
- Ah, é? – eu sorri.
- Sim! Ela ficará no período manhã e você ficará no período tarde. Alguma objeção?
- Não. De jeito nenhum. Pra mim é perfeito.
- Então está ótimo. Vocês dividirão as responsabilidades e tenho certeza que executarão um excelente trabalho juntos.
- No que depender de mim tenha certeza disso, Antony.
- Perfeito! Eu sabia que você iria aceitar a novidade.
Até parece que eu ia recusar aquela novidade. Tudo o que eu mais queria naquele momento era alguém para me ajudar e ninguém melhor que a Janaína. Algo me dizia que nós iríamos nos divertir muito naquela loja.
 “Eu estava andando por uma rua deserta e cheia de casas bonitas. Eu não sabia que rua era aquela, mas estava seguro que sabia para onde estava indo.
Continuei caminhando a ritmo lento e admirei aquelas casas, aquelas árvores e a tranquilidade daquele lugar. Aquele era realmente um bairro muito tranquilo.
- Caio...
Alguém estava me chamando, mas eu não sabia quem era.
- Caio...
Olhei para um lado, olhei para o outro e não vi ninguém.
- Quem é?
- Caio...
A voz estava se aproximando mais de mim a cada segundo, mas eu não sabia que voz era aquela...
- Caio... Caio...
- Quem está aí?
Comecei a ficar desesperado e saí correndo. Saí correndo sem olhar pra trás... Eu estava com medo daquela voz, eu estava ficando com pavor daquela voz...
- Caio... Caio...
- ME DEIXA EM PAZ...
- Caio... Sou eu... Sou eu, Caio... Sou eu...
- Quem? Eu quem? Fala quem é...
- Me ajuda, Caio... Me ajuda... Eu estou precisando de você... Me ajuda... Caio, me ajuda...
- Quem é você? Quem é você? O que você quer?
Eu girava e girava, mas não via ninguém. A voz estava me deixando com mais medo a cada segundo...
- Caio...Vem me ajudar, Caio... Vem, Caio...
- QUEM É VOCÊ?
- Caio... Vem me ajudar, Caio... Vem, Caio...
- ME DEIXA EM PAZ...
- Vem, Caio... Eu preciso de você, Caio...
A voz estava atrás de mim. Eu sabia que ela estava atrás de mim, bem atrás de mim...
- Quem é você e o que você quer comigo?
- Sou eu, Caio... Sou eu... Não reconhece mais a minha voz?
Nesse momento eu reconheci a voz. Era do Cauã. Era do meu irmão...
- Cauã?
- Isso, Caio... Sou eu... Seu irmão... Vem me ajudar, Caio... Vem me ajudar...
- Cauã? Cauã? Cadê você, Cauã?
- Caio...
A voz do meu irmão ecoava muito, muito mesmo. Parecia até que nós estávamos em uma caverna de tanto que a voz dele ecoava.
- Cauã? Cadê você? Cauã?
- Caio... Me ajuda, por favor... Eu preciso de você... Eu precieo de você... Volta... Volta... Voooooooolta...”.
- Caio... Caio, acorda – Bruno estava mexendo comigo.
- CAUÃ!!! – eu abri meus olhos imediatamente e me vi ao lado do Bruno, deitado em nossa cama. Meu corpo suava muito e meu coração batia acelerado.
- O que você tem, Caio? O que você estava sonhando?
- Bruno... Bruno...
Meu coração estava apertado e minha alma doía muito. Alguma coisa tinha acontecido com meu irmão gêmeo, eu sabia disso!
- Que foi, amor? Que foi? Eu estou ficando preocupado...
- Bruno... Amor... Meu irmão... Aconteceu alguma coisa com meu irmão... Eu tenho certeza que aconteceu alguma coisa com... Com o Cauã...

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Um comentário:

nevertonnitoly@gmail.com disse...

Nossa Caio oq será que aconteceu com seu gêmeo ansioso pelo próximo bjkasssss❤