quarta-feira, 1 de abril de 2015

Capítulo 69²

P
ensei mil coisas ao mesmo tempo e continuei achando que aquela história não era verdade.
Que delírio era aquele? Morta? Como a mãe do filho do Fabrício poderia estar morta? Como isso pôde acontecer?

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Que país era esse em que nós vivíamos? Que cidade era aquela em que nem uma grávida era poupada da violência? Simplesmente não dava para acreditar que fosse verdade. era tristeza demais. Tragédia demais.
- Isso é sério?
- Ah, puta merda! Eu tenho mais o que fazer do que ficar brincando com essas coisas, Caio. É sério, infelizmente é sério sim.
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O que mais me preocupava naquele momento era o neném. Como será que o Nícolas estava? Será que tinha acontecido alguma coisa com ele?
- O que a gente faz? – perguntei.
- O jeito é esperar – Rodrigo estava sentado ao meu lado nesse momento.
- Por que as coisas têm que ser desse jeito?
- Porque Deus quis assim.
- Será? Será que Deus quis assim? Será que Ele quis que um recém-nascido perdesse a mãe antes mesmo de chegar ao mundo?
- Isso é algo que eu não sei responder.
- Isso é muito injusto, Rodrigo! Muito injusto! O Nícolas não pediu pra vir ao mundo e já está sofrendo assim? Não acho isso justo!
- Não temos como discutir sobre isso, Caio. Ninguém manda nos desígnios de Deus, cara.
Isso era verdade, mas mesmo assim eu achei a situação injusta. O Nícolas não merecia viver sem a presença da mãe, não merecia!


Pensei tanto no menino que não pensei duas vezes e resolvi ligar pro Vini pra saber se havia alguma novidade:
- Não, nenhuma novidade, Caio.
- Mas e o neném? Eu quero saber do neném...
- Ah... É aquela velha história, sabe? Ele nasceu prematuro, abaixo do peso e tem a saúde frágil. O Nícolas está internado na UTI neonatal, na incubadora e só vai sair de lá quando tiver o peso normal para um recém-nascido.
- E o Fabrício?
- Acabado. Ele já viu o filho e saiu de lá desesperado. Ele foi até medicado. O menino é muito magrinho, muito frágil. A situação é difícil.
- Ah, meu Deus... E vocês vêm pra casa?
- Sim. Já estamos voltando daqui a pouco. O Fabrício está falando com os pais e nós já vamos voltar.
- Os pais dele vieram?
- Sim. É natural que venham, né?
- Verdade. Então a gente espera vocês aqui, Vini.
- Beleza. Acho que a gente não demora.
Quando os meninos chegaram, eu pude ter uma noção mais ampla de como o Fabrício estava. O marmanjo estava inerte e extremamente emocionado.
- Ele é tão... Tão pequeno... Tão frágil... Tão fraquinho...
- Mas vai ficar tudo bem – Rodrigo tentou acalmar o nosso amigo. – Vai ficar tudo bem!
- Você tem que ter fé, amigo – eu também tentei consolá-lo. – E tem que confiar em Deus. O seu menino vai sair dessa.
- Ele é tão frágil... Por que isso teve que acontecer, meu Deus? Por quê?!
Era uma situação realmente muito complicada pra ser administrada. Eu no lugar do Fabrício ficaria da mesma forma. Eu imaginava a dor que o cara deveria estar sentindo por ver o sangue de seu sangue lutando pela vida.
Liguei pro Bruno e contei o que estava acontecendo. Meu namorado mostrou-se preocupado com meu amigo e se colocou totalmente à disposição para problemas ou eventualidades. Eu não podia esperar menos do Bruno.
- Vai dormir, bebê – eu falei. – Não quero que você fique preocupado, tá?
- Por favor, qualquer novidade me avisa, tá?
- Pode deixar!!!
- Boa noite, príncipe.
- Boa noite, anjinho. Eu te amo.
- Eu te amo também.
Desligamos e eu voltei pro quarto, ainda pensando em tudo o que estava acontecendo. Eu queria saber quais seriam os reflexos daquele fatídico acontecimento.
- O enterro vai ser amanhã à tarde – comunicou Vinícius. – Vocês vão?
- Não – respondi. – Não posso faltar na empresa, mas eu vou no velório amanhã cedo.
- Então vamos todos juntos – disse Éverton.
Até os meninos do outro quarto estavam solidários ao Fabrício. Todos estavam ao lado do homem e não poderia ser diferente. A situação exigia máxima atenção de todos nós.
Eu não consegui dormir direito pensando no Nícolas. Eu queria saber notícias dele, queria saber se ele estava reagindo, se estava pegando peso e se ia sobreviver. Ele tinha que sobreviver!
O que eu podia fazer naquele momento era esperar e orar e era isso que eu estava fazendo. Eu incluí o pequeno garotinho nas minhas orações e pedi pra Deus cuidar daquele anjinho. Pedi também pra Nossa Senhora envolvê-lo em Seus braços e eu sabia que Ela não ia me negar aquele pedido. Eu tinha fé e acreditava que o garoto ia sair da UTI neonatal o mais rápido possível.

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Nós oito chegamos no velório da mãe e da avó do Nícolas quando ainda estava escuro. A sala do cemitério estava extremamente lotada e os corpos estavam um ao lado do outro.
E quando eu vi a garota que tinha engravidado do meu amigo, eu fiquei ainda mais revoltado. Ela deveria ter mais ou menos a minha idade, ou até menos. Eu já a conhecia, mas não lembrava direito de sua fisionomia. Vê-la ali naquele caixão me deixou muito entristecido e revoltado.
O que deu mais pena, foi o irmão dela. Ele foi o único que sobreviveu, foi o único que não sofreu um arranhão e à partir daquele momento, ele estava sozinho no mundo.
- Meus sentimentos – eu falei apenas isso. Não tinha mais nada que pudesse ser dito naquele instante.
- Obrigado.
O cara se chamava Thiago e ainda era adolescente. Eu me perguntei como seria a vida daquele garoto dali em diante. Como ele iria sobreviver? Com quem ele iria morar? Será que ele tinha algum parente que pudesse “adotá-lo”?
Fiquei no cemitério o máximo que pude. Alguns meninos já tinham até ido embora e isso incluía o Rodrigo. Eu saí para o trabalho a sós e fiquei todo arrepiado quando cruzei o portão que dava acesso a rua.
- Sai morte que eu estou forte!!!

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Segui para a loja o mais rápido que pude, mas mesmo assim cheguei atrasado. Me troquei o mais rápido que pude, bati o meu crachá e fui logo falando com a minha nova superiora, para explicar o que estava acontecendo.
- Jesus, Maria José! Eu vi na tevê!!! Coitado do Fabrício!!!
- Pois é. Por isso eu me atrasei, Jana. Me desculpa.
- Não, imagina. Não tem problema. Eu vou mandar e-mail justificando o seu atraso e não vai gerar desconto em folha. Pode ficar tranquilo.
- Obrigado! É por isso que eu te amo!
- Por nada, querido. Qualquer coisa me avisa, tá?
- Sim senhora.
- Senhora é a sua avó! Odeio quando você me chama assim, quem vê pensa que eu tenho 80 anos.
- Pra isso só falta uns 2 ou 3...
- Vou te expulsar daqui em 3, 2, 1...
Eu nem esperei ela fazer alguma coisa e saí por si só, dando risada. Só a minha melhor amiga pra me fazer rir em um momento de total preocupação.

NA SEMANA SEGUINTE...

Já fazia uma semana que o nascimento do Nícolas tinha ocorrido e nós já sabíamos que os assassinatos tinham acontecido em uma troca de tiros de facções criminosas de duas favelas rivais do Rio de Janeiro.
As mulheres foram vítimas de balas perdidas. Essa foi a explicação que a polícia teve para o ocorrido e foi o que o Thiago falou também.
Fosse como fosse, a situação não deixava de ser impune. E pelo que constava, a polícia não tinha nenhuma pista de quem cometeu essa atrocidade. E essa era a realidade do Rio de Janeiro.
Fabrício já estava mais conformado, mas mesmo assim ele continuava preocupado com o filho e não era pra menos. O Nìcolas não estava conseguindo pegar muito peso e em uma semana, ele conseguiu engordar apenas 50 gramas.
- Como ele está? – eu resolvi dar uma passada no hospital para saber notícias do garoto.
- Está na mesma, Caio. Eu acabei de vê-lo, ele não está chorando, não está se mexendo... Continua fraquinho, continua lutando pela vida.
- Ele vai sair dessa – eu tentei tranquilizar meu amigo. – Confie em Deus.
- Eu sei que ele vai sair. Eu tenho certeza disso.
Era véspera dia dos namorados e eu pedi pra Jana pra ela deixar eu entrar no período da tarde, só para poder comprar o presente do meu namorado.
Com a correria dos últimos dias, eu nem tinha tido tempo pra correr atrás da lembrancinha do Bruno e eu não podia deixar a data passar em branco, né?
Vasculhei o centro da cidade atrás de algo bacana para presenteá-lo, mas no fim das contas não encontrei nada que me chamasse a atenção. Com isso, acabei ficando com a minha primeira opção e resolvi comprar um celular novo para o meu príncipe encantado.
Porém, não comprei o celular na loja que eu trabalhava. Os preços não me agradaram e automaticamente eu fui obrigado a ir pra concorrência. Lá eu consegui um desconto maior do que eu conseguiria na loja onde trabalhava. Isso me deixou bem feliz!

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- Muito obrigado, viu?
- Por nada. O prazo pra troca na loja é de 72 horas, após esse prazo é com o fabricante.
- Sim eu sei. Obrigado.
- Volte sempre!
Saí da loja e fui direto pra minha loja. Ainda faltava um tempo para o início do meu expediente e por causa disso, me senti na obrigação de comer alguma coisa na praça de alimentação do Shopping da Barra, senão não ia aguentar o tranco até o meu horário de almoço.
- Boa tarde – uma voz masculina apareceu atrás de mim. – Posso me sentar aqui com você?
- Bruno? – eu quase caí pra trás quando vi meu namorado parado atrás de mim. Ele estava com um sorriso enorme nos lábios. – O que está fazendo aqui?
- Eu vim comer, oras. Posso ou não posso me sentar com você?

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- Você ainda pergunta? – eu levantei e fui abraçá-lo. – Que surpresa maravilhosa, amor!
- Coincidência te encontrar aqui, anjo!
- Ou não! Vai ver que é o destino! Mas o que faz aqui? Não vai trabalhar hoje?
- Hoje eu só vou fazer meio período, amor.
- Ah! Mas você ainda não me respondeu! O que faz aqui?
- Vim dar uma volta. Não posso?
- Claro que pode! Por que não me avisou? Eu teria te esperado pra comermos juntos.
- Porque imaginei que o senhor estava na loja. O seu horário de almoço é mais tarde, não?
- É que eu ainda não entrei – confessei.
- Não? Trocou de horário?
- Troquei!
- E você tem quanto tempo pra entrar?
- 15 minutos.
- Hum... Acho que dá tempo!
- Pra?
- Pra gente namorar um poquinho, oras.
- Onde?
- Vem comigo!
- O que você está aprontando?
- Me segue, você já vai entender.
Eu já sabia onde ele queria ir: nas escadas. Só podia ser lá. Eu lembrei da vez em que fui no mesmo lugar com o Murilo. Pela primeira vez pensei nesse garoto, em meses.
- Sabia que você ia vir aqui, safado! – fui logo abraçando o Bruno.
- Temos que aproveitar os minutinhos, amor – ele me jogou contra a parede, prensou o corpo no meu e começou a me beijar.
- Safado! – abri o zíper da calça do meu namorado e coloquei o negócio dele pra fora.
- Chupa!
Agachei e colquei tudo na boca. Eu tinha que ser rápido, por isso suguei o pau do meu namorado com vontade e rapidamente ele chegou ao orgasmo.
- Ah... – ele gemeu bem baixinho.
- Delícia – voltei pra cima e suspirei profundamente.
- Abre a calça, vai?
- Acho que não vai dar tempo...
- Abre a calça agora!
Ele também me chupou e não parou de me olhar um segundo sequer. Eu gozei rapidamente e senti um prazer indescritível por causa do perigo. Foi tudo muito bom, de verdade.
- Eu preciso voltar – beijei o pescoço do Bruno.
- Então vai. Eu não quero te prejudicar.
- Foi muito bom te encontrar aqui, viu?
- Digo o mesmo. Adorei a coincidência.
- O destino – eu o corrigi e saí. – Até mais tarde, tá?
- Eu venho te buscar pra gente comemorar o dia dos namorados fora, tá bom?
- Uhum! Estarei esperando ansiosamente. Saio no mesmo horário de antes.
- Perfeito. Bom trabalho!
- Pra você também. Eu te amo.
- Eu também te amo!
- Oi... – fui ao encontro do meu namorado.
- Oi... – ele sorriu quando me viu. – Seu lindo!
- Você que é! Onde nós vamos?
- Hum... Que tal pra um motel? – ele falou baixinho no meu ouvido.
- Safado! – eu fiquei todo arrepiado com aquela voz grossa no meu ouvido.
- Você não viu nada!
- Não?
- Hoje a noite vai ser daquele jeito!
- Podemos passar no apartamento para eu tomar banho e trocar de roupa?
- Claro! Eu também vou fazer a mesma coisa.
Fomos pro apê e no caminho eu liguei pro papai Fabrício, pra saber como estava o Nícolas. Tudo estava na mesma, infelizmente.
- Ele vai sair dessa sim – comentou meu namorado. – Deus é muito bom e justo. Ele não vai deixar o Fabrício perder o filho.
- Assim seja!

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Chegamos no apto. e fomos direto pro banho. Lá não aconteceu nada, mas não faltou vontade. Tanto eu quanto o meu namorado ficamos “daquele jeito”, mas resolvemos esperar para mais tarde.
Uma vez na rua, resolvemos jantar antes de ir pra noitada romântica que ia acontecer. Bruno me levou até um restaurante no centro da cidade e lá nós podemos curtir um bom som, saborear uma boa comida e colocar o assunto em dia.
- Falta só duas semanas para o senhor ficar de férias – comentei.
- Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, amém! Mal posso esperar. As férias prometem!
- Prometem, é?
- Sim! Pode programar todos os finais de semana de julho de folga, meu filho. A gente vai aproveitar o mês inteirinho juntos!
- Aí eu gostei!!! Quero muito aproveitar ao máximo com você, amor!
- Eu também. Nós vamos viajar, vamos voar de asa delta, andar de lancha, quero fazer rapel também...
- Altos programas, hein?
- Vamos pular de bung-jump?
- Lógico! Sempre quis fazer isso. Mas onde?
- A gente vê algum lugar. Ei, deixa eu te perguntar... Daqui pra Campos do Jordão vai dar mais ou menos quantas horas de carro?
- Ah, Bruno... Sei não, hein? Acho que umas 5?
- Teria coragem de ir até lá comigo?
- Claro!
Se toda a programação que ele estava fazendo fosse cumprida, o mês de julho seria o melhor mês desde a nossa volta, tirando é claro, o mês em que meu namoradoe e eu viajamos pra Fortaleza. Julho seria quando nós iríamos fazer um ano de namoro.
Após o jantar, eu paguei a conta e em seguida nós fomos curtir a noite dos namorados um pouco mais à vontade. Bruno nos levou até um motel no centro da cidade, mas não era o mesmo que nós tínhamos ido na vez anterior.
- Uau – eu delirei quando entrei no quarto. – Esse é melhor que o outro!
- Tem até frigobar...
E o banheiro tinha banheira. Não era de hidromassagem, mas tinha banheira e isso era bem significante pra nós dois. Aquela noite com certeza iria ficar pra história.
Nos beijamos pouco tempo depois e ele foi logo me levando pra cama, que estava vestida em um lençol de seda na cor azul.
- Feliz dia dos namorados – eu falei baixinho.
- Feliz dia dos namorados.
Aquele era o primeiro dia dos namorados que o Bruno e eu passávamos de fato juntos. E se Deus quisesse seria o primeiro de muitos. Eu ia fazer tudo o que estava ao meu alcance para tornar aquela noite inesquecível pra nós dois.
Bruno foi tão carinhoso comigo que eu fiquei todo derretido por ele, mais do que eu já era. Ele me tratou com tanto carinho, com tanta delicadeza que eu me senti no céu. Ele foi um verdadeiro príncipe naquela noite.
- Eu te amo muito, amor da minha vida – ele falou, depois do prazer.
- Eu te amo muito mais!
Usamos a banheira ao mesmo tempo. Deixamos a água bem morna e ficamos dentro dela até a mesma ficar fria. O banho foi delicioso, cheio de espuma e nós ficamos a maior parte do tempo nos beijando.
- Vem – eu falei. – Eu quero mais!

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Rolou quase que o nosso recorde naquele 12 de junho de 2.010. Será que em algum dia a gente ia conseguir ultrapassar as oito transas em uma única noite? Provavelmente sim.
Bruno deixou a temperatura mínima no ar condicionado, mas ainda assim eu estava sentindo calor. Eu tinha uma ligeira sensação que o meu corpo estava pegando fogo quando ele encostava em mim.
O garoto dos olhos azuis pediu uma garrafa de champanhe e quando ela chegou, nós dois brindamos o nosso dia. Ele ia ser perfeito, eu sabia, mas mesmo assim um desejou pro outro toda a felicidade do mundo.
- Eu estou cada dia mais apaixonado por você – falei, quando eu estava deitado em seu peito.
- É mesmo?
- Sim! Eu te amo mais do que ontem e menos do que amanhã, meu amor!
- Comigo também acontece isso – Bruno ergueu a minha cabeça através do meu queixo. – Eu te amo cada dia mais, cada segundo mais...
- Eu te quero pra sempre, Bruno...
- Eu também te quero pra sempre, Caio!
E assim foi o meu dia dos namorados. Por sorte, a minha gerente Janaína me concedeu uma folga naquele dia e isso me proporcionou curtir o Bruno ao máximo, uma vez que ele também estava de folga.
Nós dois só entregamos os presentes no sábado à tarde. Quando o meu namorado viu a caixa do celular, ele quase desmaiou de susto e ao mesmo tempo de felicidade:
- VOCÊ É LOUCO?
- Não! – respondi imediatamente.
- Não acredito que você fez isso, Caio...
- Você merece, poxa!
- Não precisava ter comprado algo tão caro, na verdade não precisava ter comprado nada!
- Você acha mesmo que eu ia deixar a data passar em branco? É claro que não!
- Eu nem sei o que falar!
- Não precisa falar nada, bobinho – fiz carinho em seu rosto e senti a barba do Bruno furar as costas da minha mão direita.
- Obrigado! Você é nota mil, sabia?
- Eu faço porque te amo, você sabe disso!
- Eu também te amo! Eu tenho uma coisa pra você, mas não chega nem aos pés desse celular!
- Bruno... Você é o maior presente que eu poderia ter!
- Fecha os olhinhos!
Eu obedeci e ele colocou várias sacolas em cima do meu colo. Eu abri meus olhos e me deparei com vários embrulhos, um de cada tamanho.
- Tudo isso?
- E ainda é pouco! Você merece muito mais!
Suspirei e comecei a abrir os embrulhos. Primeiro, encontrei uma camisa polo cor de abóbora que eu simplesmente amei. Depois, encontrei uma caixa de bombons em formato de coração e por fim, encontrei um livro: a continuação da saga “Crepúsculo”, “Lua Nova”.
- Como você sabe que eu ia comprar esse livro?
- Imaginei que iria, porque você já terminou o primeiro!
- Ah, amor... Você é tão fofo! Obrigado por tudo! Eu amei!!!
- De nada! Eu é que agradeço pelo celular... Não precisava!
- Precisava sim. Eu te amo, tá?
- Eu também te amo!
A troca de presentes foi um incentivo pra rolar mais sexo naquele dia dos namorados, mas só foi uma vez e aconteceu na sala mesmo. Eu não poderia estar mais feliz do que estava. Seria pedir demais.

Cheguei em casa no domingo e fui logo perguntando pros meninos como estava o Nícolas:
- Ele pegou mais um pouquinho de peso, mas pouca coisa – disse Vinícius. – Aos pouquinhos ele está reagindo. Já cresceu um centímetro!
O menino tinha nascido com míseros 40 centímetros... Tão pequenininho, tão indefeso, tão miudinho...
- Eu nasci com 45 centímetros – falei.
- Nasceu grande para 7 meses, ainda mais gêmeo – comentou Vinícius.
- E com 2 quilos certinho.
- Ficou na encubadora? – perguntou Rodrigo.
- Minha mãe diz que sim, eu não me lembro!
- Se você lembrar eu te dou 1 milhão de dólares, Caio!
Nesse momento chegou o pai do Nícolas. Ele estava cansado, com olheiras e ainda muito preocupado.
- E aí? – Vinícius, Rodrigo e eu falamos ao mesmo tempo.
- Tudo na mesma. Eu não aguento mais ver o meu filho passando frio naquele lugar. Poderiam deixar pelo menos eu levar uma roupa pra ele.
- É complicado! – Vinícius suspirou.
- Gente... Eu não sei se eu estou me precipitando ou não, mas eu tenho algo pra falar pra vocês...
- O que foi? – perguntou Rodrigo.
- Eu sei que ele vai sair dessa. Meu coração diz isso. E assim... Vai doer muito o que eu vou falar, mas...
- Mas? – Vinícius incentivou o melhor amigo a continuar.
- Mas vai ser necessário! Eu queria dizer que... Quando o Nícolas sair da UTI... Eu vou morar com ele e... Eu vou ter que sair da república!

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