quinta-feira, 2 de abril de 2015

Capítulo 72²

D
esacreditei no que eu acabara de ouvir. Eu não pude acreditar que aquilo estava acontecendo comigo.

- Como é, Janaína???
- Oi? Eu falei alguma coisa?
- DESGRAÇAAAAAAAAAAAADA!!!
Eu senti vontade de sentar no meio do asfalto pra coçar minhas nádegas. A coceira era insuportável e já estava me deixando sem reação.
- Ai que delícia – ela secou as lágrimas de tanto rir. – Como o sabor da vingança é doce!
- Isso não vai ficar barato, entendeu? Não vai!
Janaína pegou pesado. Tudo bem que eu fui malvado ao empurrá-la do avião, mas ela não precisava se vingar daquela forma, não é?
- Tchau, querido amigo!
- VACA! EU TE ODEIO, JANAÍNA SANTOS!!!
- Eu também te amo, delícia! Beijo!
Entrei no ônibus com vontade de chorar. Eu estava com coceira por todos os lados e isso já estava me deixando constrangido, porque eu não parava de mexer as minhas pernas um segundo sequer.
Sentei em uma cadeira e ao meu lado sentou um homem, de idade mediana. Eu estava tão desesperado que não pensei duas vezes em mexer a minha poupança pra cima e pra baixo pra amenizar o meu sofrimento.
- Ah... – fechei os olhos e sorri de felicidade, por ter conseguido aliviar aquela coceira maldita.
- Eu, hein? – ouvi o cara falando baixinho.

Com a mochila no colo, eu pude literalmente enfiar a mão dentro da cueca e coçar o meu companheirinho. E foi uma sensação maravilhosa.
- Que alívio!!!
A Janaína ia me pegar e bem caro. Eu ainda não sabia o que ia aprontar com ela, mas algo eu iria fazer.
- Bruh?
- Oi, anjinho! Tudo bem?
- Bruh, adivinha o que a Jana aprontou comigo?
- Ih... Posso esperar qualquer coisa daquela mulher, amor. Eu não sei!
- Antes de ir pra academia, eu pedi para ela segurar a minha mochila e adivinha o que ela aprontou?
- Ai, ai, ai... O quê?
- Ela colocou pó de mico na minha cueca – falei bem baixinho.
- Oi?
- Ela colocou pó de mico na minha cueca!!!
- Hã? Não entendi nada!
- Não posso falar alto, meu filho. Presta atenção: ela colocou pó de mico na minha cueca!!!
- Anjo, não entendi nada.
- Espera aí, Bruh. Eu vou te mandar por mensagem de texto.
- Beleza. Eu to esperando.
Desliguei, abri o menu do celular, selecionei a opção das mensagens e escrevi o que tanto tentei falar para o meu namorado. Não deu 5 segundos e ele me ligou:
- Não creio?
- Pois é! Eu to lascado aqui no ônibus!
- Que vaca – ele gargalhou. – E aí?
- E aí que tá coçando aqui! E eu nem sei como me livro disso...
- Banho, bebê. Acho que resolve.
- Deus te ouça! Eu não to aguentando mais, de verdade!
- Falta muito pra chegar em casa?
- Falta – quase chorei de novo.
- Coitadinho do meu namorado!!! Eu vou matar a Janaína!
- Eu também!
- Deixa estar. A gente bola alguma coisa pra vingar o que ela fez com você, amor!
- É... Eu to possesso com aquela vadia!
- Agora eu também fiquei! Ela não precisava ter feito isso com você!
- Não mesmo...
Nós dois falamos até a hora em que eu cheguei na minha casa. Quando isso aconteceu, eu fui direto pro banheiro, tirei a roupa e me enfiei debaixo do chuveiro.

- Ah, que coceira horrorosa!
- Que está aí? – era o Fabrício.
- Sou eu!
- Ah... Posso fazer xixi?
- Claro! E o Nícolas?
Simplesmente cocei a bunda na parede. Eu dei um pulo quando senti um beliscão no saco. Cocei tanto a pele que já estava vermelha.
- Melhorando. Pegou mais um pouco de peso e já cresceu mais um pouquinho. O médico disse que é só pegar mais 300 gramas pra receber alta.
- Graças a DEUS! – pulei e continuei coçando a genitália.
- Que foi, Caio? Por que esses berros esporádicos?
- Janaína enfiou pó de mico na minha cueca. To com uma coceira do CÃO... AI, JESUS ME ACOOOOOOOODE...

Fiz o Fabrício gargalhar. Ele saiu rindo do banheiro e eu fiquei lá, com a minha coceira insuportável.
Já fazia mais de um mês que o Nícolas tinha nascido e desde então ele não saiu da incubadora. A rotina do Fabrício estava toda alterada, coitado.
- Por que não foi na loja hoje? – perguntei quando ele voltou para colocar papel higiênico no porta-rolos.
- Não tive tempo! Hoje era o dia que eu podia ir e nem assim eu tive como. A minha vida tá virada de cabeça pra baixo.
- Quando quiser ir, é só aparecer.
- Beleza! Falou. Melhoras.
Gastei boa parte do meu sabonete íntimo. Deixei o produto agir no meio das minhas pernas e aos poucos, muito aos poucos, eu me senti aliviado. A Janaína ia me pagar!
Quando saí do banho e sequei o meu corpo, notei que toda a minha pele na área em questão estava pra lá de vermelha. Eu cocei muito o local durante o banho.
- Droga!
- Pode entrar? – dessa vez era o Éverton.
- Entra.
Eu ainda estava dentro do box, por isso eu deixei o garoto entrar. Fiquei olhando pra região e fiquei preocupado com aquela vermelhidão.
Saí, fui pro quarto e resolvi não colocar roupa, pra não irritar mais a pele. Só quem estava no quarto era o Fabrício e como ele ficava pelado na minha frente, eu não pensei duas vezes em ficar pelado na frente dele também.
Eu deitei, me cobri e continuei com um pouco de coceira no lugar. Se essa irritação não passasse até o dia seguinte, eu iria procurar um médico.
E era tudo por culpa da Janaína. Ela ia me pagar, ah ia! Eu só não sabia o que ia fazer com ela, mas eu deveria pagar na mesma moeda, só pra ela sentir o que eu estava sentindo.
- Oi, gente – Rodrigo entrou no quarto.
- E aí? – Fabrício cumprimentou o nosso amigo.
- Como está o Nícolas, Fabrício?
- Melhorando, graças a Deus.
- Já podemos vê-lo?
- Ainda não. Eles não deixam ninguém entrar. Eu só entro porque sou o pai.
- Que foi, Caio? Que cara é essa?
- A Janaína, aquela piranha mal-comida, colocou pó de mico na minha cueca! To todo trabalhado na coceira aqui.

Eu não sei qual dos dois riu mais. Rodrigo até tentou puxar o meu lençol pra olhar a minha pele, mas eu não deixei.
- Para de graça – me cobri até a cabeça.
- Adoro a Jana! Ela é minha ídola – ele riu.
- Aquela quenga mal-amada... Ela vai me pagar!
- Mas por que ela fez isso? – perguntou Fabrício.
- Porque eu a empurrei do avião no dia em que a gente foi pular de paraquedas.
- Ah, é mesmo! Eu nem lembrava que você foi saltar de paraquedas. Como foi?
- Incrível. Não viu o vídeo no meu Orkut e no Twitter?
- Não! Você postou?
- Aham.
- Essa eu preciso ver – o naturista levantou e pegou o meu notebook.
- Eu vi. Muito massa – Rodrigo estava tirando a roupa pra tomar banho.
- Tem coragem de pular?
- Claro.
- Então vamos marcar, oras. É muito legal.
- Bem feito que ela tenha feito isso com você. A coitada deve ter ficado louca quando você a empurrou.
- Ela quase me quebrou todo, mano.
- Bem feito!
Eu não tinha visto o Rodrigo no final de semana. Ele tinha dormido fora do domingo pra segunda, provavelmente na casa de alguma rapariga.
- Onde o senhor dormiu ontem, hein?
- Num motel! – ele teve a pachorra de me responder com um sorriso na cara.
- Aí sim, hein parceiro? – Fabrício sorriu.
Ele só fez rir e saiu pro banho. Eu fiquei com ciúmes do meu melhor amigo.
- Caraca, Caio! Que maneiro! Pagou caro?
- Não muito, Fabrício. O instrutor é conhecido do Bruno e ele deu um bom desconto.
- Da hora. É bom, né?
- Maravilhoso! Eu amei. Quero saltar de novo, mas só Deus sabe quando isso vai acontecer.
- Da próxima vez me chama?
- Pode deixar que eu chamo sim!

ALGUM TEMPO DEPOIS...

Acordei melhor, mas assado. Eu tive que dar uma de Fabrício naquele dia e fui trabalhar sem cueca.
E quando eu vi a vaca da minha melhor amiga, a minha vontade foi quebrar o focinho dela com um soco.
- Eu te odeio, piranha!
- Obrigada, eu também te amo. Você está bem?
- Estou todo assado, sua vagabunda! Mas você me paga, pode deixar que você me paga!
- Coçou muito, amiguinho?
- Pouca coisa. Quase arranquei a minha pele. Vadia!
- Assim é que eu gosto. Da próxima vez você vai pensar duas vezes antes de mexer comigo.
- Isso é o que você pensa. Vai ter troco e não vai demorar muito!
Saí e deixei a minha gerente falando sozinha. Fui pro meu setor e comecei a atender os meus clientes. Aquele dia o movimento foi intenso, como de costume.
Para piorar a situação, no meio do expediente daquela terça-feira, a Janaína simplesmente começou a demitir vários funcionários. A tensão ficou no ar.
- Caio?
- Que é? Vai me mandar embora também?
- Não, querido. Eu posso pedir pra você ficar nos móveis por enquanto? Lá está muito desfalcado.
Saí andando, sem falar com ela. Eu ainda estava bravo.

Por sorte ou coincidência, o Fabrício e a mãe apareceram na loja naquele dia mesmo, quase no final do meu expediente:
- Você deu sorte. Hoje eu estou aqui nos móveis.
- É Deus na minha vida, só pode. Me ajuda a escolher meus móveis, mano?
- Claro! Vai querer o quê?
- Tudo o que for necessário para a minha casa. Vou comprar muita coisa, Caio, mas vai ter que ter um bom desconto, senão eu me fodo todinho.
- Deixa comigo que eu vejo com a Jana um bom desconto pra você, parceiro. E o Nìcolas?
- Melhor, graças a Deus. A cada dia ele fica melhor e mais saudável. Se Deus quiser daqui uma semana ele tem alta.
- Amém. Eu não disse que ia dar tudo certo?
- Pois é, mas eu quase perdi as esperanças. Vamos começar pelo quartinho dele?
- Vocês não tinham nada comprado ainda, amigo?
- Não, não. De móveis não. A gente ia começar a comprar justamente nessa época. Roupinha ele tem até dizer chega, mas móveis... Nenhum!
- Pro quarto você vai querer um berço e uma cômoda?
- E aí, mãe? O que eu levo?
- Deixa eu dar uma olhada nas opções, filho.
A mãe do Fabrício era uma senhorinha muito simpática e educada. Ela ajudou o filho a comprar todos os móveis da casa e também os eletrodomésticos.
- Janaína?
- Hum?
- Preciso que você conceda um desconto para um cliente.
- E é assim? Intimando?
- É assim sim. Se você não me ajudar eu peço pro Jonas, sem problema.
- Quer parar de graça? Cadê o cliente? O que ele comprou?
- A casa toda. O cliente é o Fabrício, nosso amigo.
- Jura?! E o neném dele?
- Melhorando, graças a Deus. Pode dar o desconto?
- Vamos lá, eu preciso ver o que ele comprou.
Ele tinha comprado tudo, tudo mesmo. Desde os móveis do quarto do bebê até os móveis da cozinha. A compra do meu amigo não ficou nada, nada, nada barata.
- Tudo bem, Fabrício? Quanto tempo, seu lindo!
- Bem, Jana e você? Adorei o que você fez com o Caio, hein?
- Ele mereceu – ela riu e beijou nosso amigo.
- Chata!
- Olha o respeito. Deixa eu ver a lista de compras dele.
Abri o sistema.
- Uau! Arrasou, hein gato?
- Eu vou morar sozinho agora, preciso de tudo.
- Quanto deu tudo, Caio?
Informei o valor.
- Vou te conceder 5%!
- Só? Isso não me ajuda em nada, Janaína! Por favor, seja boazinha e me ajude, vai... Em nome dos velhos tempos na loja antiga!
Eles começaram a negociar e essa negociação demorou mais de meia hora. Enquanto eles conversavam, eu efetivei duas compras com outros dois clientes.
- Pronto, Caio – ela me chamou. – Entramos em um acordo. Vou conceder 30% pra ele, mas não vai pensando que isso vai acontecer com frequência, hein?
- É pra te agradecer agora ou mais pra frente?
- Pode ser agora.
- Obrigado!
- Disponha e não fica com essa carinha, tá?
- Quenga maldita – eu falei no ouvido dela.
- Te amo!!!
Finalizei as compras do meu amigo e pedi para ele passar no crediário, uma vez que ele ia pagar os produtos através do carnê.
- Não entrou jurus não, né?
- Não. Eu tirei o jurus.
- Beleza. Valeu, parça. O que eu faço?
- Com esses papeis você vai no crediário para eles fazerem o carnê. Com esses daqui você vai no caixa para passar o cartão de débito. Enquanto isso eu vou liberar a entrega e agendar uma data única pra você.
- Demorou. Já volto.
Tive um trabalho do cão pra colocar todos os pedidos na mesma data, mas no fim deu tudo certo.
- Vão entregar daqui uma semana, beleza?
- Você vai poder esperar, mãe?
- Posso sim, filho.
- Então beleza. E a montagem?
- Coloquei pra ser realizada no dia seguinte.
- Perfeito. Eu te agradeço muito, Caio.
- Imagina. É um prazer poder te ajudar. Valeu pela preferência, Você salvou a minha comissão no final do mês!
- Você me ajuda que eu te ajudo e assim a gente vai caminhando.
- Verdade. Já vai?
- Uhum.
- Me espera, rapidão... Eu já vou também, só vou bater o crachá e trocar de roupa.
- Então eu espero lá na porta.
- Beleza! Eu não demoro.
Antes de bater o crachá eu fui me despedir dos meus superiores. A Janaína me abraçou e enfim pediu desculpas por ter exagerado do jeito que exagerou.
- Vai ter volta – eu dei risada.
- Não judia de mim, por favor!
- Odeio você!
- Me perdoa! Está muito machucado?
- Ardendo agora.
- Bem feito! Você mereceu.
- Vaca!
- Eu te amo.
- Eu também, vadia!
- Quanto amor... É assim que você trata sua superiora?
- Se você soubesse o que ela fez comigo, Jonas...
- O que você aprontou?
- Coloquei pó de mico na cueca dele, só porquê ele inventou de me empurrar de um avião no final de semana.
- O QUÊ?
Explicamos que nós tínhamos saltado de paraquedas. O Jonas estava branco. Ele riu muito de mim.
- Você mereceu, brother.
- Pior que eu sei disso. Deixem eu ir, que meu amigo está esperando. Tchau!

Era pra mim ir pro apê do Bruno, mas antes eu tinha que passar em casa para pegar algumas roupas, já que nós dois íamos viajar para Búzios naquele final de semana.

Por mais que eu tivesse roupas na casa do meu namorado, as que eu queria usar na viagem estavam em casa e por isso eu fui obrigado a voltar até a república. Isso me fez perder algum tempo.
- Por que você não liga pro Bruno e pede pra ele te buscar aqui em casa? – perguntou Vinícius.
- Hum... Não tinha pensado nisso! A gente pode ir direto da minha casa, né?
- Claro! Se não sou eu na sua vida...
- Menos, viu? Vai pro seu plantão, vai.
- Eu vou mesmo, que já estou me atrasando. Boa noite, bom final de semana.
- Pra ti também. Lembranças pra patroa.
- Pode deixar que eu mando.
Fabrício foi outro que resolveu sair de casa naquela sexta à noite e ele precisava fazer isso. A tensão, o estresse, o nervosismo e a expectativa por causa de tudo o que estava acontecendo com o Nícolas, deixavam o meu amigo pra baixo e era a hora dele levantar aquele astral. E nada melhor do que sair para espairecer e relaxar, né?
Com a saída do papai, eu fiquei sozinho no quarto. Liguei pro Bruno e pedi para ele ir me buscar em casa e este topou na hora.
- Então eu to te esperando. Quando chegar pode subir direto, a porta está aberta.
- Não é perigoso?
- Eu vou estar por aqui, é tranquilo.
- Se você diz.
Desliguei e arrumei as minhas coisas. Optei por não levar muita roupa, afinal Bruno e eu só ficaríamos fora por dois dias. Na segunda tudo voltaria ao normal.
Eu não sabia que horas ele ia me buscar, então o jeito era esperar e ficar curtindo a noite na internet, até o meu namorado aparecer. E isso demorou a acontecer.
Fiquei no Twitter e MSN e através da rede social, fiquei trocando ideia com meus amigos. Aos poucos, o site já estava virando febre entre os internautas. Eu já me considerava um viciado.

- Ah, você está aí? – Rodrigo entrou e falou comigo.
- Não era pra estar?
- Não! Hoje é sexta e você nunca fica em casa durante o final de semana. Brigou com o Bruno?
- Não, não. Eu estou esperando ele vir me buscar pra gente ir pra Búzios.
- Lua de mel?
- Pois é. Nós estamos completando 1 ano de namoro e vamos comemorar.
- JÁ?
- Uhum! Passou rápido, né?
- Cacete, parece que foi ontem que você voltou com esse...
- Esse?
- Garoto!
- Mas já faz um ano. Fez um ano quarta-feira na verdade.
- Meu Deus... Como o tempo voa! E o que você comprou pra ele?
- Comprei uma camiseta que só vou entregar mais tarde.
- Que romântico!
- O senhor está bem?
- Eu estou e o senhor?
- Feliz por demais da conta.
- Já melhorou da irritação na pele?
- Já!
- Essa Janaína não vale nada, né?
- Não, ela não vale. Deixou a porta aberta lá embaixo?
- Não. Era pra deixar?
- Uhum, o Bruno vai vir.
- Vou lá abrir então.
- Por favor!
- O que está fazendo? Deixa eu adivinhar: Twitter?
- Isso!
- Viciado!
- Eu gostei do site, meu.
- Dá pra perceber. Usa logo, que depois é a minha vez.
- Não vai sair hoje?
- Vou, claro. Acha que eu vou ficar sozinho aqui em casa no final de semana? Até parece! Eu vou é comer alguma gatinha!
- Você fala isso só pra me deixar com ciúmes, seu infeliz – eu joguei um travesseiro na testa do Rodrigo.
- Eu também fico com ciúmes quando você sai com o Bruno. Chumbo trocado não dói!
- Some daqui, Rodrigo!
Digão foi pro banho e voltou depois de mais ou menos 10 minutos, com os cabelos pingando. Ele sempre ficava pra lá de lindo nessas situações.
- Que é que tá olhando, cara de sapo?
- Você fica lindo com esse cabelo molhado!
- Eu sei. Eu também gosto, cara.
- Modéstia parou e ficou em você, filho.
- Ei, deixa eu usar aí?
- Ainda não terminei.
- Chato!
- É rapidinho.
- Vai demorar pra sair?
- Um pouco e você?
- Só vou mais tarde. Deita comigo?
- Hã?
- Deita comigo? Faz tempo que eu não fico pertinho de você, mano!
Que bonitinho!!! Eu nem pensei duas vezes: desci, fui pra cama dele e lá nós ficamos juntos por um tempão!

- Sinto sua falta, sabia? – ele falou.
- Eu também sinto, meu chato.
- Chato?
- Você é chato!
- Então você é insuportável. Deixa eu usar, vai?
- Usa, inferno. Usa logo essa merda!
- Muito obrigado pela gentileza – ele roubou meu notebook e começou a mexer na internet.
- Pra onde você vai hoje?
- Barril.
- Vai sozinho?
- Vou com alguns amigos da faculdade e da pós.
- Hum... Hoje tem!
- Certeza que sim.
- E as gêmeas?
- Só peguei uma por enquanto, mas ainda estou investindo. Uma hora vai rolar.
- Me conta, hein?
- Certeza. Vai pra Búzios, é?
- Uhum. Andar de lancha e de jet-ski.
- Caralho, Caio! Você tá aproveitando a vida, hein?
- Tem que ser assim, meu filho. Eu tenho que aproveitar as férias do meu amor. Daqui a pouco o bichinho volta pra faculdade e aí não vai ter tempo pra mais nada.
- Isso é. Então aproveita muito.
- Claro que eu vou aproveitar.
- Notebook lento, hein Cacs?
- É, eu preciso mandar formatar.
- Também, ele é da época do rococó!
- Calado! Não fala mal do meu computador, eu gosto muito dele!

Meu notebook era – e é – o mesmo que eu ganhei na época em que trabalhei no Call Center. Ele estava funcionando perfeitamente, só estava lento.
Digow e eu conversamos por muito, muito tempo. Falamos de tudo um pouco e eu nem vi o tempo passar. Quando menos esperei, a porta do meu quarto foi aberta e eu só ouvi uma voz grave e extremamente irritada entrar nos meus ouvidos:
- CAIO MONTEIRO?!

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