B
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runo ficou duro
feito uma estátua e só entendeu o que de fato estava acontecendo quando a
música parou e o povo começou a rir da cara dele.

- Eu não acredito que você mentiu pra mim!!! – ele foi ao meu encontro, com cara de poucos amigos.
Coloquei o Nícolas no chão e ele saiu correndo ao encontro do pai. Que gracinha!
- Feliz aniversário, meu amor! – eu o abracei.
- Você me paga, Caio! – Bruno sibilou baixinho no meu ouvido.
- Feliz aniversário, muitos anos de vida, muita saúde, muito amor...
- Obrigado, seu chato! Quase me matou de susto, sabia?
- Desculpa! É que se não fosse assim você desconfiaria...
- Não precisava ter mentido desse jeito! Eu fiquei muito preocupado com você!
- Me perdoa, por favor! Eu não fiz por mal!

- Nunca mais brinque assim comigo – ele estava bravo. – Eu quase tive um troço!
- Desculpa, é sério! Eu precisava fazer essa surpresa pra você!
- Você é foda... Deixa eu falar com esse povo...
Bruno foi falando com todos que estavam presentes e abraçou um a um, até o Rodrigo.
- Não tem que agradecer, cunhado – falou o meu irmão postiço. – Eu gosto de você, fazer o quê?
- Também gosto de você. Gosto desgostando, mas gosto.
- Pois estamos quites nessa então. Vai, some daqui. Eu já fiquei abraçado com você tempo demais. Tenho alergia à homens!
- Como é? – me intrometi. – Tem alergia a mim também?
- Não! Você não! Só você pode me abraçar e mais ninguém. Na verdade, só você, meu pai, o Nico e meu sobrinho. SÓ!
- Ah, pois eu amei saber que você é alérgico a nossa raça! À partir de hoje então você não gruda mais no meu namorado...
- Não, não! Não inventa moda! O Caio não me causa alergia, mas você causa. Ele eu posso abraçar a hora que eu quiser!
Rodrigo se deu mal nessa! Quem mandou ele querer dar uma de gostosão pra cima do Bruno? É claro que meu namorado não ia deixar barato, né?
Lá pela 1 e pouca da manhã o Vítor e o Dani chegaram na festa. O outro aniversariante estava radiante, feliz da vida. Fazia muito tempo que eu não via aquele garoto tão feliz como ele estava naquela madrugada de 30 de outubro.

- Onde você estava, hein seu veado mal-educado? Senti sua falta!
- Eu estava por aí com o meu amorzão, mas cá estou pra comemorar o nosso aniversário!
- Oi? – eu me intrometi de novo. – O que nós combinamos mesmo, Vítor?
- Ah, é! Essa festa não é minha, é só sua! Esqueci disso. Desculpa aí, moleque chato!
- Não é questão de ser chato, eu organizei a festa pra ele, não pra você. mas ora vejam só! Ainda ouço que sou chato!
- Não fala assim dele – Bruno me defendeu. – Essa festa é minha, vai tirando os olhos. Invejoso!
- E eu não vou receber um feliz aniversário não, CHATO?
- Feliz aniversário – eu abracei o garoto, mas bem rapidamente. – Tudo de bom!
- Ah, obrigado! Pensei que não me cumprimentaria nunca.
- Eu não sou mal-educado, Vitinho!
- Quem te deu autorização pra me chamar assim? Não pode não! Só meu namorado pode me chamar assim.
- Desculpa aí, Vitão! Não tá mais aqui quem falou!
Na maior parte do tempo, o Bruno ficou sentado ao lado dos amigos e dos sobrinhos. Ele se divertiu muito, riu bastante e ganhou muitos, muitos presentes mesmo.
Nícolas e Camila ficaram brincando até cansarem. Eles correram por todos os lados e ficaram conversando no dialeto deles. Eu não entendia quase nada do que eles falavam.
Era um pouco tarde para eles estarem ali, é verdade, mas os pais não tinham com quem deixar as crianças e por isso, foram obrigados a levá-los.
- Será que eles se entendem? – perguntei.
- Acho que sim – Alexia não tirava os olhos da filha. – A Camila é muito esperta!
- Eu acho que isso ainda vai dar namoro.
- Não brinca, Caio! – Diego ficou até branco. – Eu morreria de ciúmes!
A Mila estava com quase 1 ano e 8 meses e o Nícolas tinha 1 ano e quase 5 meses. Eles já falavam bastante palavras e corriam por todos os lados, mas não sabiam formular uma frase completa ainda. Eles eram lindos, verdadeiramente lindos.
Lá pelas 3 da matina nós cantamos parabéns novamente pro Bruno e ele cortou o bolo, porque alguns convidados, inclusive a Alexia, queriam ir embora.
- Obrigado, obrigado – ele estava todo sem graça. – Quero dar o primeiro pedaço pro Caio, é claro. Essa festa foi invenção dele e mesmo ele quase tendo me matado mais cedo, ele merece esse bolo. Pra você!
- Obrigado... – eu quase chorei. Que lindo!
- O segundo pedaço é meu, né? – Vítor estava com o maior olho gordo pro bolo.
- Claro... Que não! É meu! Você que fique na fila e pegue, porque esse pedação aqui é meu!
- Porra, Bi! Tu já foi meu amigo, né?

- Ai, que dramático! Espera, eu vou dar o terceiro pedaço pra você!
- É o mínimo que você poderia fazer por mim.
Eu optei por comprar bolo Floresta Negra pro aniversário do meu amor. Naquele ano tinha acontecido tantas festas de aniversário, eu tinha comido tanto bolo que já estava ficando até enjoado. E olha que eu sou fanático por bolo.
- Vou levar um meio quilo pra casa – falou Janaína. – Que bolo bom!
- Como é, Janaína? Que gulodice é essa?
- Mas meu filho, até parece que você não me conhece! Eu por chocolate faço até cambalhota numa cama de pregos. Delícia!!!
Estava mesmo muito bom, mas pelo visto não ia sobrar muita coisa. O pessoal caiu matando em cima do bolo e a sobrinha do Bruno estava sendo bem generosa nas fatias. Eu não me importei.
Eu aproveitei que o Fabrício ia embora para pegar uma carona até o meu prédio, para levar o carro do Bruno pra festa pra buscar os presentes. Por causa daquela confusão que eu armei, ele tinha deixado o carro em casa e nós estávamos à pé. Não dava pra pegar táxi, né?
- Dá tchau pro tio, filho.
- Titio?
- É, amor! O titio Bruno! Dá tchau e um beijo nele.
Nícolas pulou pro colo do meu namorado e deitou a cabecinha no ombro dele. Bruno ficou com o menino no colo e deu uma baita bronca no Fabrício:
- Não tinha que mentir pra mim desse jeito, eu quase morri do coração!
- Culpa é dele aí, não minha!
- Mesmo assim! Você não teria que ter entrado nesse jogo. Eu quase enfartei. Se eu tivesse morrido a culpa era sua!
- Ele é sempre dramático desse jeito, Caio?
- Só de vez em quando.
- E você cala a boca! – ele se dirigiu a mim. – Eu só não mato os dois porque eu te amo, Caio e porque o Nícolas precisa de você, Fabrício. Se não fosse isso, eu mataria os dois! É sério.
- Desculpa – Fabrício e eu falamos ao mesmo tempo.
- Dois sem graças vocês!
- Dá meu filho aqui, eu tenho que ir – Fabrício roubou o Nico do colo do Bruno e nós notamos que o menino literalmente apagou no colo do meu namorado. O coitadinho deveria estar muito cansado.
- Ai, coitadinho... É muito tarde pra ele ficar acordado...
- Mas agora ele vai dormir até tarde – falou o pai. – Ele não é lindo?
- Ele é perfeito – Bruno suspirou. – Obrigado por tudo, tá?
- Imagina, não tem nada que agradecer.
- Obrigado pelo presente!
- Você merece. Eu aprendi a gostar de você e gosto mais ainda porque você adora meu filho!
- Adoro mesmo. Leva ele lá em casa qualquer dia desses pra ele brincar com os gatinhos.
- Pode deixar, eu levo sim. Vamos, Caio?
- Aham. Eu não demoro.
- Acho bom.
Fabrício, Nícolas e eu saímos e o meu amigo teve a decência e a humildade de me levar até meu prédio para eu buscar o carro do meu namorado.
- Obrigado por tudo, Fabrício. Muito obrigado mesmo. Você foi demais.
- De nada, Caio! Que bom que deu tudo certo. A festa foi ótima, parabéns!
- Obrigado mais uma vez. Você pegou bolo, né?
- Peguei sim, claro. O Nícolas adora bolo.
- Ele dormiu mesmo... Coitado!
- É, mas agora eu vou colocá-lo no berço e ele vai dormir até tarde. Deixa eu ir nessa...
- Vai lá! Obrigado por tudo novamente.
- Não precisa agradecer. Conta comigo sempre que você precisar.
- Pode deixar. Digo o mesmo.
- Até mais!
- Até!
Eu entrei no prédio, cumprimentei o porteiro que estava de plantão naquela madrugada, subi até o meu apartamento, entrei, usei o banheiro, lavei o rosto, peguei a chave do carro que estava na mesinha de centro da sala, desci até a garagem, entrei, coloquei o cinto de segurança, liguei o motor, dei ré e saí rumo ao salão de festas onde estava acontecendo o aniversário do Bruno, mas antes eu tive que passar em um posto de gasolina para completar o tanque.
- Completa pra mim, por favor.
Enquanto o frentista enchia o tanque do carro do Bruno eu coloquei o DVD que ganhei dele no meu aniversário. Fiquei cantando as músicas do Jorge e Mateus enquanto dirigi até o salão. Eu fiz tudo direitinho, graças a Deus.
- Que demora foi essa?
- Tive que passar no posto pra colocar gasolina.
- Ah, é! Estava vazio. Depois eu te pago...
- Cala a boca, Bruno!
Estava tocando Britney Spears e eu me lembrei que ainda não tinha dado o presente dele. Só faria isso quando nós chegássemos em casa.
Pouco a pouco um por um foi saindo do salão, até que restamos apenas Janaína, Bruno, Vítor, Daniel, Rodrigo e eu. Já passava das 5 e nós estávamos pra lá de acabados.
- Não falta mais nada? – perguntei.
- Não, já pegamos tudo – respondeu Vítor.
- Então vamos embora.
- É VOCÊ QUE VAI DIRIGIR, CAIO? – Janaína arregalou os olhos.
- Sim! Qual é, vai começar a rezar também?
Rodrigo deu risada.
- Prefiro ir de ônibus mesmo, com licença...
- Vai de ônibus é o caralho – eu puxei a morena pela cintura e a obriguei a ficar onde estava.
- SOCORRO, TARADO, TARADO!
- Tarado é o cacete! Vai, entra nesse carro!
- Não, eu quero ir de ônibus!
- ENTRA NESSE CARRO AGORA, JANAÍNA!
- Ui... Adoro quando você vira macho desse jeito! Fico toda arrepiada...
- Louca! Entra logo e cala essa boca!
- Adoro! Ui, que delícia... Pena que você não gosta da fruta, senão você não me escapava!
- Ela cheirou meia? – Bruno estava com sono.
- Acho que sim!
Daniel e Vítor iam no carro do Daniel e por isso houve espaço suficiente para o Rodrigo e a Jana.
- E lá vamos nós...
Eu pisei no acelerador e o carro voou rua acima. Fiz isso de propósito só pra ver a reação da Janaína.
- SOCOOOOOOOOOOORRO, QUEREM ME MATAR!!!
- Calada! – sibilei.
- Ai, minha Virgem Santa... Me protege...
- Reza aí, Janaína. Eu rezei na primeira vez que andei com o Caio e deu certo – brincou Rodrigo.
- Pai NOOOOOOOOOSSO...
- Bate nela pra mim, amor?
- Eu não! – Bruno exclamou. – Eu tenho medo dela!
- E é pra ter mesmo... SOCOOOOOOORRO...
- Pois agora só de raiva eu vou deixar primeiro o Digow em casa.
- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃO, POR FAVOR...
- Quanto mais você gritar mais eu vou demorar pra te levar.
- Não, Caiozinho! É brincadeirinha, amor da minha vida! Me leve, vá?
- Não! Primeiro o Digow. Eu gosto mais dele do que de você.
Eu levei foi um murro na nuca. Janaína fez aquela cara de “não brinca comigo” e todos nós caímos na gargalhada.
- Me leva pra casa agora, Caio Monteiro! Eu estou mandando!
- Quem vê pensa ela manda em alguma coisa...
Fiz de propósito e levei primeiro o Rodrigo. A negra ficou foi louca!
- Obrigado pela carona, Caio! Feliz aniversário, Bruno.
- Obrigado, Digow!
- Tchau, mano! – falei. – Me liga amanhã, tá?
- Ligo! Beijo pra vocês. Boa sorte, Jana!
- Obrigada, lindo! Ele vai me pagar.
Levei a Janaína pra casa sem maiores transtornos. Modéstia à parte, eu já estava mandando bem no volante e grande parte desse meu sucesso, eu devia ao Bruno porque ele me ajudou muito, me ensinou como deveria me portar no trânsito e teve paciência para me dar várias dicas. Ele foi um lindo!
- Morreu? Não, então cala a boca – falei.
- Graças a Deus cheguei no meu palacete!
- Até segunda, tá gatona?
- Até segunda. Bruno, feliz aniversário novamente e que Deus te dê muita paciência pra aguentar esse daí.
- Obrigado, Janaína! Bom descanso, tá?
- Obrigada! Te vejo segunda, cara pálida.
- Te vejo segunda, cara preta.
Dei meia volta com o carro e aí sim dirigi até o nosso ninho de amor. Ele estava todo feliz da vida, dava pra sentir só ao olhar pra carinha dele.
- Feliz? – perguntei.
- Muito! – ele exclamou, mas só foi isso o que ele disse. Bruno fechou os olhos e fingiu que estava dormindo. Eu me perguntei porquê ele estava fazendo isso.
- Brunô? Alô? Planeta Terra chamando!
- Hum?
- Por que o senhor não está falando comigo?
- Já falei que a gente vai conversar em casa. Me deixa cochilar.
Dei de ombros. Ele estava feliz, eu sabia e só por causa disso eu tinha certeza que ele não ia brigar comigo. Ou ia?
Eu tirei a minha dúvida quando entrei no nosso apartamento. Bruno estava de braços cruzados na sala e me olhou com cara de poucos amigos.
- Que cara é essa? – perguntei.
- Quer dizer que você foi atropelado?
- Pois é... – senti meu rosto queimar.
- E você não morreu?
- Acho que não, né?
- MAS VAI MORRER AGORA, SEU IDIOTA! – Bruno foi pra cima de mim e começou a me bater nos braços, nas costas, no tórax... E não bateu pouco não...
- Calma, amor...
- CALMA É O CACETE, SEU FILHO DA PUTA – ele falava e me batia. – VOCÊ QUASE ME MATOU DE SUSTO!
- Me desculpa...
- DESCULPA É O CARALHO! – dessa vez ele bateu no braço direito. – EU QUASE TIVE UM TROÇO QUANDO SOUBE QUE VOCÊ ESTAVA NO HOSPITAL...
- ME DESCULPA, BRUNO!
- Ai que ÓDIO que eu fiquei quando te vi com a maior cara de pau me olhando no salão... Eu só não te dei uns tapas naquela hora porque havia muita gente olhando... MAS AGORA VOCÊ NÃO ME ESCAPA!
- Você não vai me perdoar? – eu já ia chorar.
- CACHORRO! NUNCA MAIS BRINCA COM UMA COISA DESSAS!
Bruno me puxou e me deu um abraço bem apertado. Eu estava com o corpo dolorido, ele pegou pesado!
- Desculpa... – falei baixinho.
- Nunca mais brinca assim, por favor. Eu fiquei com muito medo, de verdade! Fiquei horrível pensando que você tinha sido atropelado!
- Por favor, me perdoa...
- Claro que eu te perdoo – ele afastou e grudou a testa na minha. – Mas eu fiquei com muita raiva!
- Eu sei – abaixei os olhos –, mas esse era o único jeito de te enrolar, amor!
- Fiquei com tanto medo, com tanto medo de te perder, de ter acontecido alguma coisa mais séria com você, Caio...
- Eu prometo que nunca mais vou fazer nada disso! Eu juro por Deus!
- Acho bom! Espero que tenha aprendido a lição!
- Depois desses tapas... Doeu! – fiz bico.
- Era pra doer mesmo, seu cachorro! Quem manda brincar comigo?
Dei um beijo no meu namorado, o primeiro dele com 22 anos.
- Te amo, feliz aniversário!
- Obrigado! Eu te amo também.
- Você gostou do seu presente?
- Claro que gostei, gostei muito!
Mais um beijo. Será que eu deveria entregar os ingressos pro show naquele momento? NÃÃÃÃÃÃÃO! Eu ia aprontar mais uma com ele, mas daquela vez não seria nada de grave.
Em poucos minutos eu resolvi que ia esconder os ingressos do show em algum lugar da casa. Eu iria fazer ele procurar pelos presentes em todos os lugares, até ele encontrar. E se não encontrasse, eu daria na véspera do show. Eu sabia que ele ia pirar quando encontrasse aqueles ingressos.
O beijo evoluiu e nós fomos pra cama. Ele tirou a minha roupa, me lambeu inteirinho, me mordeu todo e daí por diante eu nem preciso falar o que aconteceu. Esta foi a primeira vez dele com 22 anos.
- Eu não acredito que você mentiu pra mim!!! – ele foi ao meu encontro, com cara de poucos amigos.
Coloquei o Nícolas no chão e ele saiu correndo ao encontro do pai. Que gracinha!
- Feliz aniversário, meu amor! – eu o abracei.
- Você me paga, Caio! – Bruno sibilou baixinho no meu ouvido.
- Feliz aniversário, muitos anos de vida, muita saúde, muito amor...
- Obrigado, seu chato! Quase me matou de susto, sabia?
- Desculpa! É que se não fosse assim você desconfiaria...
- Não precisava ter mentido desse jeito! Eu fiquei muito preocupado com você!
- Me perdoa, por favor! Eu não fiz por mal!
- Nunca mais brinque assim comigo – ele estava bravo. – Eu quase tive um troço!
- Desculpa, é sério! Eu precisava fazer essa surpresa pra você!
- Você é foda... Deixa eu falar com esse povo...
Bruno foi falando com todos que estavam presentes e abraçou um a um, até o Rodrigo.
- Não tem que agradecer, cunhado – falou o meu irmão postiço. – Eu gosto de você, fazer o quê?
- Também gosto de você. Gosto desgostando, mas gosto.
- Pois estamos quites nessa então. Vai, some daqui. Eu já fiquei abraçado com você tempo demais. Tenho alergia à homens!
- Como é? – me intrometi. – Tem alergia a mim também?
- Não! Você não! Só você pode me abraçar e mais ninguém. Na verdade, só você, meu pai, o Nico e meu sobrinho. SÓ!
- Ah, pois eu amei saber que você é alérgico a nossa raça! À partir de hoje então você não gruda mais no meu namorado...
- Não, não! Não inventa moda! O Caio não me causa alergia, mas você causa. Ele eu posso abraçar a hora que eu quiser!
Rodrigo se deu mal nessa! Quem mandou ele querer dar uma de gostosão pra cima do Bruno? É claro que meu namorado não ia deixar barato, né?
Lá pela 1 e pouca da manhã o Vítor e o Dani chegaram na festa. O outro aniversariante estava radiante, feliz da vida. Fazia muito tempo que eu não via aquele garoto tão feliz como ele estava naquela madrugada de 30 de outubro.
- Onde você estava, hein seu veado mal-educado? Senti sua falta!
- Eu estava por aí com o meu amorzão, mas cá estou pra comemorar o nosso aniversário!
- Oi? – eu me intrometi de novo. – O que nós combinamos mesmo, Vítor?
- Ah, é! Essa festa não é minha, é só sua! Esqueci disso. Desculpa aí, moleque chato!
- Não é questão de ser chato, eu organizei a festa pra ele, não pra você. mas ora vejam só! Ainda ouço que sou chato!
- Não fala assim dele – Bruno me defendeu. – Essa festa é minha, vai tirando os olhos. Invejoso!
- E eu não vou receber um feliz aniversário não, CHATO?
- Feliz aniversário – eu abracei o garoto, mas bem rapidamente. – Tudo de bom!
- Ah, obrigado! Pensei que não me cumprimentaria nunca.
- Eu não sou mal-educado, Vitinho!
- Quem te deu autorização pra me chamar assim? Não pode não! Só meu namorado pode me chamar assim.
- Desculpa aí, Vitão! Não tá mais aqui quem falou!
Na maior parte do tempo, o Bruno ficou sentado ao lado dos amigos e dos sobrinhos. Ele se divertiu muito, riu bastante e ganhou muitos, muitos presentes mesmo.
Nícolas e Camila ficaram brincando até cansarem. Eles correram por todos os lados e ficaram conversando no dialeto deles. Eu não entendia quase nada do que eles falavam.
Era um pouco tarde para eles estarem ali, é verdade, mas os pais não tinham com quem deixar as crianças e por isso, foram obrigados a levá-los.
- Será que eles se entendem? – perguntei.
- Acho que sim – Alexia não tirava os olhos da filha. – A Camila é muito esperta!
- Eu acho que isso ainda vai dar namoro.
- Não brinca, Caio! – Diego ficou até branco. – Eu morreria de ciúmes!
A Mila estava com quase 1 ano e 8 meses e o Nícolas tinha 1 ano e quase 5 meses. Eles já falavam bastante palavras e corriam por todos os lados, mas não sabiam formular uma frase completa ainda. Eles eram lindos, verdadeiramente lindos.
Lá pelas 3 da matina nós cantamos parabéns novamente pro Bruno e ele cortou o bolo, porque alguns convidados, inclusive a Alexia, queriam ir embora.
- Obrigado, obrigado – ele estava todo sem graça. – Quero dar o primeiro pedaço pro Caio, é claro. Essa festa foi invenção dele e mesmo ele quase tendo me matado mais cedo, ele merece esse bolo. Pra você!
- Obrigado... – eu quase chorei. Que lindo!
- O segundo pedaço é meu, né? – Vítor estava com o maior olho gordo pro bolo.
- Claro... Que não! É meu! Você que fique na fila e pegue, porque esse pedação aqui é meu!
- Porra, Bi! Tu já foi meu amigo, né?
- Ai, que dramático! Espera, eu vou dar o terceiro pedaço pra você!
- É o mínimo que você poderia fazer por mim.
Eu optei por comprar bolo Floresta Negra pro aniversário do meu amor. Naquele ano tinha acontecido tantas festas de aniversário, eu tinha comido tanto bolo que já estava ficando até enjoado. E olha que eu sou fanático por bolo.
- Vou levar um meio quilo pra casa – falou Janaína. – Que bolo bom!
- Como é, Janaína? Que gulodice é essa?
- Mas meu filho, até parece que você não me conhece! Eu por chocolate faço até cambalhota numa cama de pregos. Delícia!!!
Estava mesmo muito bom, mas pelo visto não ia sobrar muita coisa. O pessoal caiu matando em cima do bolo e a sobrinha do Bruno estava sendo bem generosa nas fatias. Eu não me importei.
Eu aproveitei que o Fabrício ia embora para pegar uma carona até o meu prédio, para levar o carro do Bruno pra festa pra buscar os presentes. Por causa daquela confusão que eu armei, ele tinha deixado o carro em casa e nós estávamos à pé. Não dava pra pegar táxi, né?
- Dá tchau pro tio, filho.
- Titio?
- É, amor! O titio Bruno! Dá tchau e um beijo nele.
Nícolas pulou pro colo do meu namorado e deitou a cabecinha no ombro dele. Bruno ficou com o menino no colo e deu uma baita bronca no Fabrício:
- Não tinha que mentir pra mim desse jeito, eu quase morri do coração!
- Culpa é dele aí, não minha!
- Mesmo assim! Você não teria que ter entrado nesse jogo. Eu quase enfartei. Se eu tivesse morrido a culpa era sua!
- Ele é sempre dramático desse jeito, Caio?
- Só de vez em quando.
- E você cala a boca! – ele se dirigiu a mim. – Eu só não mato os dois porque eu te amo, Caio e porque o Nícolas precisa de você, Fabrício. Se não fosse isso, eu mataria os dois! É sério.
- Desculpa – Fabrício e eu falamos ao mesmo tempo.
- Dois sem graças vocês!
- Dá meu filho aqui, eu tenho que ir – Fabrício roubou o Nico do colo do Bruno e nós notamos que o menino literalmente apagou no colo do meu namorado. O coitadinho deveria estar muito cansado.
- Ai, coitadinho... É muito tarde pra ele ficar acordado...
- Mas agora ele vai dormir até tarde – falou o pai. – Ele não é lindo?
- Ele é perfeito – Bruno suspirou. – Obrigado por tudo, tá?
- Imagina, não tem nada que agradecer.
- Obrigado pelo presente!
- Você merece. Eu aprendi a gostar de você e gosto mais ainda porque você adora meu filho!
- Adoro mesmo. Leva ele lá em casa qualquer dia desses pra ele brincar com os gatinhos.
- Pode deixar, eu levo sim. Vamos, Caio?
- Aham. Eu não demoro.
- Acho bom.
Fabrício, Nícolas e eu saímos e o meu amigo teve a decência e a humildade de me levar até meu prédio para eu buscar o carro do meu namorado.
- Obrigado por tudo, Fabrício. Muito obrigado mesmo. Você foi demais.
- De nada, Caio! Que bom que deu tudo certo. A festa foi ótima, parabéns!
- Obrigado mais uma vez. Você pegou bolo, né?
- Peguei sim, claro. O Nícolas adora bolo.
- Ele dormiu mesmo... Coitado!
- É, mas agora eu vou colocá-lo no berço e ele vai dormir até tarde. Deixa eu ir nessa...
- Vai lá! Obrigado por tudo novamente.
- Não precisa agradecer. Conta comigo sempre que você precisar.
- Pode deixar. Digo o mesmo.
- Até mais!
- Até!
Eu entrei no prédio, cumprimentei o porteiro que estava de plantão naquela madrugada, subi até o meu apartamento, entrei, usei o banheiro, lavei o rosto, peguei a chave do carro que estava na mesinha de centro da sala, desci até a garagem, entrei, coloquei o cinto de segurança, liguei o motor, dei ré e saí rumo ao salão de festas onde estava acontecendo o aniversário do Bruno, mas antes eu tive que passar em um posto de gasolina para completar o tanque.
- Completa pra mim, por favor.
Enquanto o frentista enchia o tanque do carro do Bruno eu coloquei o DVD que ganhei dele no meu aniversário. Fiquei cantando as músicas do Jorge e Mateus enquanto dirigi até o salão. Eu fiz tudo direitinho, graças a Deus.
- Que demora foi essa?
- Tive que passar no posto pra colocar gasolina.
- Ah, é! Estava vazio. Depois eu te pago...
- Cala a boca, Bruno!
Estava tocando Britney Spears e eu me lembrei que ainda não tinha dado o presente dele. Só faria isso quando nós chegássemos em casa.
Pouco a pouco um por um foi saindo do salão, até que restamos apenas Janaína, Bruno, Vítor, Daniel, Rodrigo e eu. Já passava das 5 e nós estávamos pra lá de acabados.
- Não falta mais nada? – perguntei.
- Não, já pegamos tudo – respondeu Vítor.
- Então vamos embora.
- É VOCÊ QUE VAI DIRIGIR, CAIO? – Janaína arregalou os olhos.
- Sim! Qual é, vai começar a rezar também?
Rodrigo deu risada.
- Prefiro ir de ônibus mesmo, com licença...
- Vai de ônibus é o caralho – eu puxei a morena pela cintura e a obriguei a ficar onde estava.
- SOCORRO, TARADO, TARADO!
- Tarado é o cacete! Vai, entra nesse carro!
- Não, eu quero ir de ônibus!
- ENTRA NESSE CARRO AGORA, JANAÍNA!
- Ui... Adoro quando você vira macho desse jeito! Fico toda arrepiada...
- Louca! Entra logo e cala essa boca!
- Adoro! Ui, que delícia... Pena que você não gosta da fruta, senão você não me escapava!
- Ela cheirou meia? – Bruno estava com sono.
- Acho que sim!
Daniel e Vítor iam no carro do Daniel e por isso houve espaço suficiente para o Rodrigo e a Jana.
- E lá vamos nós...
Eu pisei no acelerador e o carro voou rua acima. Fiz isso de propósito só pra ver a reação da Janaína.
- SOCOOOOOOOOOOORRO, QUEREM ME MATAR!!!
- Calada! – sibilei.
- Ai, minha Virgem Santa... Me protege...
- Reza aí, Janaína. Eu rezei na primeira vez que andei com o Caio e deu certo – brincou Rodrigo.
- Pai NOOOOOOOOOSSO...
- Bate nela pra mim, amor?
- Eu não! – Bruno exclamou. – Eu tenho medo dela!
- E é pra ter mesmo... SOCOOOOOOORRO...
- Pois agora só de raiva eu vou deixar primeiro o Digow em casa.
- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃO, POR FAVOR...
- Quanto mais você gritar mais eu vou demorar pra te levar.
- Não, Caiozinho! É brincadeirinha, amor da minha vida! Me leve, vá?
- Não! Primeiro o Digow. Eu gosto mais dele do que de você.
Eu levei foi um murro na nuca. Janaína fez aquela cara de “não brinca comigo” e todos nós caímos na gargalhada.
- Me leva pra casa agora, Caio Monteiro! Eu estou mandando!
- Quem vê pensa ela manda em alguma coisa...
Fiz de propósito e levei primeiro o Rodrigo. A negra ficou foi louca!
- Obrigado pela carona, Caio! Feliz aniversário, Bruno.
- Obrigado, Digow!
- Tchau, mano! – falei. – Me liga amanhã, tá?
- Ligo! Beijo pra vocês. Boa sorte, Jana!
- Obrigada, lindo! Ele vai me pagar.
Levei a Janaína pra casa sem maiores transtornos. Modéstia à parte, eu já estava mandando bem no volante e grande parte desse meu sucesso, eu devia ao Bruno porque ele me ajudou muito, me ensinou como deveria me portar no trânsito e teve paciência para me dar várias dicas. Ele foi um lindo!
- Morreu? Não, então cala a boca – falei.
- Graças a Deus cheguei no meu palacete!
- Até segunda, tá gatona?
- Até segunda. Bruno, feliz aniversário novamente e que Deus te dê muita paciência pra aguentar esse daí.
- Obrigado, Janaína! Bom descanso, tá?
- Obrigada! Te vejo segunda, cara pálida.
- Te vejo segunda, cara preta.
Dei meia volta com o carro e aí sim dirigi até o nosso ninho de amor. Ele estava todo feliz da vida, dava pra sentir só ao olhar pra carinha dele.
- Feliz? – perguntei.
- Muito! – ele exclamou, mas só foi isso o que ele disse. Bruno fechou os olhos e fingiu que estava dormindo. Eu me perguntei porquê ele estava fazendo isso.
- Brunô? Alô? Planeta Terra chamando!
- Hum?
- Por que o senhor não está falando comigo?
- Já falei que a gente vai conversar em casa. Me deixa cochilar.
Dei de ombros. Ele estava feliz, eu sabia e só por causa disso eu tinha certeza que ele não ia brigar comigo. Ou ia?
Eu tirei a minha dúvida quando entrei no nosso apartamento. Bruno estava de braços cruzados na sala e me olhou com cara de poucos amigos.
- Que cara é essa? – perguntei.
- Quer dizer que você foi atropelado?
- Pois é... – senti meu rosto queimar.
- E você não morreu?
- Acho que não, né?
- MAS VAI MORRER AGORA, SEU IDIOTA! – Bruno foi pra cima de mim e começou a me bater nos braços, nas costas, no tórax... E não bateu pouco não...
- Calma, amor...
- CALMA É O CACETE, SEU FILHO DA PUTA – ele falava e me batia. – VOCÊ QUASE ME MATOU DE SUSTO!
- Me desculpa...
- DESCULPA É O CARALHO! – dessa vez ele bateu no braço direito. – EU QUASE TIVE UM TROÇO QUANDO SOUBE QUE VOCÊ ESTAVA NO HOSPITAL...
- ME DESCULPA, BRUNO!
- Ai que ÓDIO que eu fiquei quando te vi com a maior cara de pau me olhando no salão... Eu só não te dei uns tapas naquela hora porque havia muita gente olhando... MAS AGORA VOCÊ NÃO ME ESCAPA!
- Você não vai me perdoar? – eu já ia chorar.
- CACHORRO! NUNCA MAIS BRINCA COM UMA COISA DESSAS!
Bruno me puxou e me deu um abraço bem apertado. Eu estava com o corpo dolorido, ele pegou pesado!
- Desculpa... – falei baixinho.
- Nunca mais brinca assim, por favor. Eu fiquei com muito medo, de verdade! Fiquei horrível pensando que você tinha sido atropelado!
- Por favor, me perdoa...
- Claro que eu te perdoo – ele afastou e grudou a testa na minha. – Mas eu fiquei com muita raiva!
- Eu sei – abaixei os olhos –, mas esse era o único jeito de te enrolar, amor!
- Fiquei com tanto medo, com tanto medo de te perder, de ter acontecido alguma coisa mais séria com você, Caio...
- Eu prometo que nunca mais vou fazer nada disso! Eu juro por Deus!
- Acho bom! Espero que tenha aprendido a lição!
- Depois desses tapas... Doeu! – fiz bico.
- Era pra doer mesmo, seu cachorro! Quem manda brincar comigo?
Dei um beijo no meu namorado, o primeiro dele com 22 anos.
- Te amo, feliz aniversário!
- Obrigado! Eu te amo também.
- Você gostou do seu presente?
- Claro que gostei, gostei muito!
Mais um beijo. Será que eu deveria entregar os ingressos pro show naquele momento? NÃÃÃÃÃÃÃO! Eu ia aprontar mais uma com ele, mas daquela vez não seria nada de grave.
Em poucos minutos eu resolvi que ia esconder os ingressos do show em algum lugar da casa. Eu iria fazer ele procurar pelos presentes em todos os lugares, até ele encontrar. E se não encontrasse, eu daria na véspera do show. Eu sabia que ele ia pirar quando encontrasse aqueles ingressos.
O beijo evoluiu e nós fomos pra cama. Ele tirou a minha roupa, me lambeu inteirinho, me mordeu todo e daí por diante eu nem preciso falar o que aconteceu. Esta foi a primeira vez dele com 22 anos.
O aniversário do
Bruno não parou naquela festa. Como era domingo, nós pudemos curtir o dia
inteiro juntos, já que ambos estávamos de folga.
Curtimos na praia. Era primavera, mas o Rio estava com clima de verão, como sempre. Bruno e eu ficamos no mar a maior parte do tempo. Rodrigo e Vítor estavam com a gente.

- Por que o Daniel não veio? – questionei.
- É que ele tem que estudar.
- Ah, tá. Entendi.
- Mas que delícia... – ouvi a voz do Rodrigo.
- RODRIGO!
Ele não estava esperando por esse grito e deu um salto de susto. Eu fiquei fodido com aquele descaramento do garoto.
- Quer me matar de susto?
- Seja mais discreto, meu filho! – eu gargalhei da cara que ele fez.
- Caraca, quase enfartei agora! Você é muito mau comigo, Caio!
- Eu? Sou nada, menino! Você que é louco e não sabe disfarçar. Seja discreto, homem de Deus!
- Eu nem fiz nada! Eu, hein?
- Não, né cara de pau? Imagina se tivesse feito.
Ele nem ligou. Digão colocou os óculos escuros e ficou analisando todas as bundas femininas que passavam em sua frente. Eu ri demais naquele dia por causa dos comentários que ele fazia.
Foi um dia tranquilo e gostoso. Bruno e eu aproveitamos cada segundo do aniversário dele da melhor forma e segundo ele, este dia ficou e ficará para sempre em sua memória. Eu fiquei feliz por ter dado tudo certo.
O feriado de finados naquele ano seria na terça-feira e por causa disso Bruno e eu não fomos pra faculdade na segunda. Essa foi a oportunidade perfeita para esconder o presente dele. Será que ele ia encontrar?
- Eu tenho uma surpresa pra você – falei.
- Mais uma?
- É sim! Mas você vai ter que achar.
- Como assim eu vou ter que achar?
- É o seu presente de aniversário.
- Pensei que a festa fosse meu presente.
- Também, mas tem algo a mais. Eu ia te entregar ontem, mas resolvi deixar você encontrar.
- E onde eu devo procurar?
- Não sei. Você é que vai ter que encontrar.
- Mas você não vai me dar nenhuma pista?
- Nenhuma – eu sorri. – Eu quero que você ache por conta própria.
- Mas me dá pelo menos alguma dica do que seja...
- A única coisa que eu posso dizer é que é algo que você vai amar. Nada mais que isso.
- Me deixou curioso... Você vai dizendo se está frio ou quente, tá?
- Não! Nem isso eu vou dizer. Se vira, neném. Você vai encontrar.
- Onde estará? Onde estará?
Bruno começou procurando os ingressos pelo quarto. Ele pediu para eu levantar e até debaixo do lençol de elástico do box ele procurou. Não estava em lugar nenhum do quarto. Eu deixei escondido na cozinha, dentro do pote de arroz. Ele ia achar, eu tinha certeza.
Depois de vasculhar o quarto todo, depois de tirar todas as roupas do guarda-roupa, depois de revirar todas as gavetas, de olhar debaixo dos móveis e constatar que não havia nada de diferente ali, ele passou pra sala. E eu fui atrás dele.
- Me dá uma dica, por favor!
- Não está no banheiro.
- Não? Já ia pra lá... Então ou está na sala, ou na cozinha.
- Talvez... Procure!
O meu gatinho vasculhou na estante, debaixo da televisão, debaixo do som, dentro do DVD, dentro dos livros, das revistas, das caixas, debaixo dos sofás, atrás dos quadros e nada. Ele já estava ficando chateado.

- Me fala onde está, por favor...
- Não! Você já procurou em vários lugares e não achou. Está chegando perto.
- Ah... Então está aqui na cozinha!
Eu e meu bocão, mas tudo bem. Ele já estava cansando e merecia encontrar os ingressos logo.
- Vou começar pela geladeira...
Meu namorado olhou tudo atentamente e pensou que o presente fosse um chocolate que estava na 3ª prateleira do refrigerador.
- Não é isso, amor! Esse chocolate está aí há dias já. Continue procurando.
- Droga!
O menino subiu em uma das cadeiras e vasculhou em cima do armário. Ele estava chegando bem perto, mas em nenhum momento pegou nas latas de mantimentos. Ao invés disso, ele caçou dentro do armário, dentro dos potes, das panelas e continuou sem encontrar o meu presente.
- Está difícil, hein? Gertrudes, me ajuda!
- MÃÃÃÃÃÃÃÃÃE!!!
- Essa gata tem a mania de chamar a gente de mãe! Será que ela não percebe que nós somos homens? Vem aqui, filha!
Ela foi pra perto de mim e ficou se enroscando nas minhas pernas. Eu peguei a menina no colo, a deitei em meus braços e ela colocou a mãozinha no meu queixo.
- Como você é safada, filha! Tá me batendo, é?
- MÃÃÃÃÃÃÃÃÃE!!!
- Eu vou te ensinar a falar pai, gata! Você é tão inteligente que é capaz que aprenda.
Ergui o corpinho dela e a coloquei no colo como se fosse uma criança de colo. A gata colocou uma patinha no meu ombro e ficou olhando pro Bruno. Ela era muito esperta.
- Vamos sentar, Gertrudes. Seu pai está demorando muito pra encontrar o presente dele.
- Já estou quase desistindo.
Ele não achou e foi pra lavanderia, mas rapidamente voltou porque lá também não estava.
- Onde falta procurar? Onde falta procurar?
Foi aí que ele olhou pras latas de mantimentos.
- Não é possível que esteja aí...
O danado pegou a cadeira de novo e abriu lata por lata, até chegar na de arroz.
- Opa... Acho que encontrei...
Bruno tirou o envelope de dentro da lata, a guardou, desceu e abriu o envelope. Eu assisti a reação dele de camarote.
Primeiro ele ficou mais branco do que a nossa filha, depois, os olhos dele arregalaram e ele aparentemente começou a tremer. Até que de repente ele abriu a boca e...
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH...

Curtimos na praia. Era primavera, mas o Rio estava com clima de verão, como sempre. Bruno e eu ficamos no mar a maior parte do tempo. Rodrigo e Vítor estavam com a gente.
- Por que o Daniel não veio? – questionei.
- É que ele tem que estudar.
- Ah, tá. Entendi.
- Mas que delícia... – ouvi a voz do Rodrigo.
- RODRIGO!
Ele não estava esperando por esse grito e deu um salto de susto. Eu fiquei fodido com aquele descaramento do garoto.
- Quer me matar de susto?
- Seja mais discreto, meu filho! – eu gargalhei da cara que ele fez.
- Caraca, quase enfartei agora! Você é muito mau comigo, Caio!
- Eu? Sou nada, menino! Você que é louco e não sabe disfarçar. Seja discreto, homem de Deus!
- Eu nem fiz nada! Eu, hein?
- Não, né cara de pau? Imagina se tivesse feito.
Ele nem ligou. Digão colocou os óculos escuros e ficou analisando todas as bundas femininas que passavam em sua frente. Eu ri demais naquele dia por causa dos comentários que ele fazia.
Foi um dia tranquilo e gostoso. Bruno e eu aproveitamos cada segundo do aniversário dele da melhor forma e segundo ele, este dia ficou e ficará para sempre em sua memória. Eu fiquei feliz por ter dado tudo certo.
O feriado de finados naquele ano seria na terça-feira e por causa disso Bruno e eu não fomos pra faculdade na segunda. Essa foi a oportunidade perfeita para esconder o presente dele. Será que ele ia encontrar?
- Eu tenho uma surpresa pra você – falei.
- Mais uma?
- É sim! Mas você vai ter que achar.
- Como assim eu vou ter que achar?
- É o seu presente de aniversário.
- Pensei que a festa fosse meu presente.
- Também, mas tem algo a mais. Eu ia te entregar ontem, mas resolvi deixar você encontrar.
- E onde eu devo procurar?
- Não sei. Você é que vai ter que encontrar.
- Mas você não vai me dar nenhuma pista?
- Nenhuma – eu sorri. – Eu quero que você ache por conta própria.
- Mas me dá pelo menos alguma dica do que seja...
- A única coisa que eu posso dizer é que é algo que você vai amar. Nada mais que isso.
- Me deixou curioso... Você vai dizendo se está frio ou quente, tá?
- Não! Nem isso eu vou dizer. Se vira, neném. Você vai encontrar.
- Onde estará? Onde estará?
Bruno começou procurando os ingressos pelo quarto. Ele pediu para eu levantar e até debaixo do lençol de elástico do box ele procurou. Não estava em lugar nenhum do quarto. Eu deixei escondido na cozinha, dentro do pote de arroz. Ele ia achar, eu tinha certeza.
Depois de vasculhar o quarto todo, depois de tirar todas as roupas do guarda-roupa, depois de revirar todas as gavetas, de olhar debaixo dos móveis e constatar que não havia nada de diferente ali, ele passou pra sala. E eu fui atrás dele.
- Me dá uma dica, por favor!
- Não está no banheiro.
- Não? Já ia pra lá... Então ou está na sala, ou na cozinha.
- Talvez... Procure!
O meu gatinho vasculhou na estante, debaixo da televisão, debaixo do som, dentro do DVD, dentro dos livros, das revistas, das caixas, debaixo dos sofás, atrás dos quadros e nada. Ele já estava ficando chateado.
- Me fala onde está, por favor...
- Não! Você já procurou em vários lugares e não achou. Está chegando perto.
- Ah... Então está aqui na cozinha!
Eu e meu bocão, mas tudo bem. Ele já estava cansando e merecia encontrar os ingressos logo.
- Vou começar pela geladeira...
Meu namorado olhou tudo atentamente e pensou que o presente fosse um chocolate que estava na 3ª prateleira do refrigerador.
- Não é isso, amor! Esse chocolate está aí há dias já. Continue procurando.
- Droga!
O menino subiu em uma das cadeiras e vasculhou em cima do armário. Ele estava chegando bem perto, mas em nenhum momento pegou nas latas de mantimentos. Ao invés disso, ele caçou dentro do armário, dentro dos potes, das panelas e continuou sem encontrar o meu presente.
- Está difícil, hein? Gertrudes, me ajuda!
- MÃÃÃÃÃÃÃÃÃE!!!
- Essa gata tem a mania de chamar a gente de mãe! Será que ela não percebe que nós somos homens? Vem aqui, filha!
Ela foi pra perto de mim e ficou se enroscando nas minhas pernas. Eu peguei a menina no colo, a deitei em meus braços e ela colocou a mãozinha no meu queixo.
- Como você é safada, filha! Tá me batendo, é?
- MÃÃÃÃÃÃÃÃÃE!!!
- Eu vou te ensinar a falar pai, gata! Você é tão inteligente que é capaz que aprenda.
Ergui o corpinho dela e a coloquei no colo como se fosse uma criança de colo. A gata colocou uma patinha no meu ombro e ficou olhando pro Bruno. Ela era muito esperta.
- Vamos sentar, Gertrudes. Seu pai está demorando muito pra encontrar o presente dele.
- Já estou quase desistindo.
Ele não achou e foi pra lavanderia, mas rapidamente voltou porque lá também não estava.
- Onde falta procurar? Onde falta procurar?
Foi aí que ele olhou pras latas de mantimentos.
- Não é possível que esteja aí...
O danado pegou a cadeira de novo e abriu lata por lata, até chegar na de arroz.
- Opa... Acho que encontrei...
Bruno tirou o envelope de dentro da lata, a guardou, desceu e abriu o envelope. Eu assisti a reação dele de camarote.
Primeiro ele ficou mais branco do que a nossa filha, depois, os olhos dele arregalaram e ele aparentemente começou a tremer. Até que de repente ele abriu a boca e...
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH...
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