segunda-feira, 13 de abril de 2015

Capítulo 94²

E
u não sabia se continuava com o banho, se desmaiava ou se não acreditava no que o Bruno estava falando. Que piada era aquela?

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- Que piada é essa, Bruno?
- Não é piada. Ele disse que é o Cauã! Você pode atender ou quer que eu desligue?
- O Cauã? Mas... Por que ele está me ligando?
Desliguei o chuveiro e fiquei sem reação, completamente sem reação. Eu não sabia o que fazer, essa era a verdade.

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- Caio? Você está bem?
- E-estou...
- O que eu digo pra ele? Digo que você não quer atender?
- Ai... Não sei! Me aconselha?
- Eu atenderia se fosse você. Se ele está ligando é porque algo aconteceu. Ultimamente você tem pensado tanto nele, ainda mais depois do dia em que ele te adicionou no Facebook, te seguiu no Twitter... Atende! Não custa nada.
Bruno me passou o celular e eu olhei o identificador. Era o número dele. Era meu irmão mesmo! Será que eu deveria atender? Será?
- Vai, atende! – Bruno me incentivou.

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Coloquei o celular no ouvido e não ouvi nada. O outro lado da linha estava em silêncio.
- Ah, eu deixei a ligação muda – meu namorado explicou.
Tirei do mudo e ouvi a voz dele:
- Alô? Alô?
Engoli em seco. Era ele sim! Eu tinha certeza!
- Alô? – meu irmão chamou de novo.
- Alô? – falei em um tom quase inaudível.
Silêncio.
- Caio? – a voz dele mudou da água pro vinho. Ficou muito carregada de repente.
- Cauã? – falei no mesmo tom.
- Isso... Sou eu sim... Tudo... Bem?
Demorei uns segundos pra processar a pergunta.
- Tudo... E... Você?
- Não tão bem quanto gostaria...
A voz dele estava carregada de emoção. Era o que me parecia.
Eu também estava emocionado por ouvir aquela voz depois de tanto tempo, por saber que era ele que estava falando comigo...
Era meu gêmeo... Meu irmão gêmeo... Mas o que ele queria comigo? E como tinha descoberto meu telefone? Por que estava me ligando depois de tanto tempo? Eu não estava entendendo nada... Eu queria chorar...
- Me... Desculpa te ligar assim... Do nada...
- Quem te deu meu número?
De repente toda a emoção, toda a surpresa virou raiva. Quem tinha dado meu número pra ele? Quem?
- Hã... Eu consegui o seu número com seus amigos...
Com meus amigos?  Fiquei furioso com o Víctor e com a Amanda. Quem tinha dado autorização pra eles passarem meu número pro Cauã? Eu não fui!
- Me... Desculpa te incomodar assim... Mas é que eu tenho... Uma coisa pra te contar...
- Hã? – bati o pé com raiva no chão. – E o que é que você quer?
Era como se toda a emoção tivesse virado ódio de repente. Eu senti pelo Cauã a mesma raiva que senti pelo Bruno quando ele voltou da Europa. A mesmíssima raiva.

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- Sabe o que é, Caio... Eu tenho algo muito importante pra te falar...
- E o que é tão importante pra ligado, Cauã?
- É a nossa mãe...
Pausa. A voz dele ainda estava emotiva. Muito mais emotiva quando ele chegou nesse ponto.
Nossa mãe? O que tinha a nossa mãe? Ou melhor, a mãe dele, porque eu não tinha mãe biológica há anos!!!
- A... Fátima? – eu falei baixinho. Bruno estava me olhando atentamente. Não consegui falar “mãe”.
- Sim...
- O que tem ela?
Um misto de sensações tomou conta do meu peito. Em um segundo eu me enchia de saudades e esperança, no outro eu me enchia de ódio e revolta... O que tinha acontecido afinal de contas?
Será que a minha mãe, será que a Fátima, estava com algum problema? Algum problema de saúde?
Era provável. Para Cauã me ligar depois de 7 anos, a coisa tinha que ser bem grave.
Mas o que seria? Será que ela estava com alguma coisa grave? Será que era isso?! Só podia ser isso.
Não havia outra explicação. Não havia outro motivo para ele me ligar se não fosse isso. Ou havia?
Será que era só saudade? Será que os corações de Cauã e Fátima amoleceram e eles queriam me pedir perdão?
Não! Não era isso. Era algo mais grave. Muito mais grave. Meu coração me dizia isso.
- É que ela está... Querendo te ver...
Pausa. Uma pausa muito longa.
Querendo me ver? DEPOIS DE ANOS ELA QUERIA ME VER? QUERIA ME VER DEPOIS DE 7 ANOS, 1 MÊS E 20 E TANTOS DIAS? É ISSO QUE EU ESTAVA ENTENDENDO?
- Ela quer me ver? – eu fiquei sério. – Depois de... Tanto tempo?
Só podia ser uma brincadeira. Uma brincadeira de muito mau gosto, uma piada!
Se ela estava pensando, se eles estavam pensando, que eu voltaria depois de tudo o que vivi ao lado deles, eles estavam muito enganados!
Eu já tinha madurecido sim e muito, mas o meu orgulho me impediria de voltar assim tão de repente. Não mesmo!
Quando eu fui em São Paulo, no ano de 2.007, Fátima não quis me ver. Por que ela queria justamente naquele momento?
Será que era de fato alguma doença? Será que era de fato alguma coisa mais grave?!
- Sim... É que ela está... Grávida...

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GRÁVIDA? Eu tinha ouvido isso? GRÁVIDA? A minha mãe estava grávida?
- Grávida? – eu fiquei incrédulo, incrédulo ao extremo.
Minha mãe? Estava grávida? Com a idade que ela tinha ela estava grávida? É isso que eu estava entendendo? Era por isso que ela queria me ver? Que história era aquela???
- Isso... – Cauã suspirou. – Ela precisa te ver, Caio...
Precisava me ver? DEPOIS DE MAIS DE 7 ANOS ELA QUERIA ME VER? Quer dizer que naquele momento ela lembrou de mim? Naquele momento ela lembrou que tinha um filho que foi expulso de casa? Que não a via há mais de 7 anos?
- Ela... Precisa me ver? Por que? Pra me humilhar ainda mais?
- Não...
Eu fui ficando furioso aos poucos.
- Pra que ela quer me ver? Pra jogar na minha cara que eu sou a vergonha da família?
- Não, não é isso...
- Então o que é? Ela quer me ver pra me humilhar mais um pouco? Pra repetir em alto e bom som que eu não sou filho dela como ela já fez antes? Desculpa, Cauã, mas ela não vai me ver não...
Bruno estava muito sério e com os olhos bem arregalados.
- Não é nada disso... Caio...
- Claro que é isso, Cauã! Claro que é isso! Ah, por favor, né? Vocês acham que eu sou o quê? Capacho? Acham que eu vou voltar agora só porque ela está... Grávida? Não mesmo!
E não ia mesmo!!! Eu não tinha nada a ver com aquela gravidez. O que eu faria lá?
Só por que ela estava esperando uma criança eu voltaria? Para conhecer meu irmão ou minha irmã?
Era só o que me faltava! Era só o que faltava para estragar de vez com o meu dia, que já tinha sido bem cansativo.
Eu não ia voltar. Não depois de tudo o que aquela família me fez. Não depois de toda a humilhação que eu sofri no passado.
Humilhação causada por todos eles. Pelo Edson, pelo Cauã e também pela Fátima, que me virou as costas no momento em que eu precisava dela, no momento em que seu colo de mãe me fez falta.
Que especie era essa? Só pór causa de uma criança que viria ao mundo ela queria saber de mim? Sem chance!!!
Não estava escrito idiota na minha testa. Não estava escrito trouxa na minha testa. Eu não podia simplesmente passar por cima de tudo o que me aconteceu por causa de uma criança.
E que bela novidade! Um irmão depois de 24 anos. Parecia brincadeira. Parecia piada. E uma piada de muito mau gosto!
- Caio, a nossa mãe está morrendo!!!

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3 comentários:

Anônimo disse...

Espero q tenha outro capitulo hj.

davi disse...

Poxa, muito emocionante, mais ficamos muitos ansiosos pra um capítulo tao curto 😖😖😖😖

nevertonnitoly@gmail.com disse...

Nossa Caio que triste, fiquei bastante chocado agora será que sua mãe vai morrer? Muito triste isso tadinha deve ser uma gravidez de muito risco.como se diz eclampsia acho que deve ser assim que se escreve.to muito triste aki bjkas até o próximo 😥