O
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u eu aceitava a proposta, ou ficava
desempregado.
Talvez eu tenha sido precipitado demais ao pedir as contas do meu emprego antigo, porque naquele momento, eu percebi que não era bom trocar o certo pelo duvidoso. E se eles me mandassem embora depois de 3 meses?
- Eu aceito ir para São Paulo sim – falei depois de alguns minutos pensando no assunto.
- Que bom, eu fico muito contente. Não se preocupe que todas as despesas serão pagas pela empresa, você não precisa se preocupar com absolutamente nada.
- Não, não estou preocupado com isso.
- E com o que seria? – perguntou Eduarda.
- Motivos pessoais.
- Hum, mas não fique preocupado que dará tudo certo. Eu vou mandar seu nome para a área responsável para que seja providenciado a hospedagem, a passagem de avião e tudo mais que você necessitar, está bem?
- Tudo bem, Eduarda. Muito obrigado.
- Mas eu só vou te pedir uma gentileza.
- Qual seria?
- Por favor, me informa um número de telefone onde eu possa te encontrar.
- Eu já deixei o da minha casa na fichinha que preenchi quando fiz a entrevista...
- Deixou? Pois então eu não vi! Falha minha, desculpa...
- Imagina!
- Mas de toda forma eu vou anotar de novo, vai que eu perco... Pode falar?
Eu disse o número do telefone da república pausadamente e a minha futura gerente anotou em um papel cor-de-rosa. Eu achei aquele gesto infantil demais para uma gerente de uma loja tão conceituada como aquela.
- Anotado – ela abriu um sorriso. – Agora eu sei onde posso ligar. Você estará perto do telefone sempre?
- Ah, depende. Não vou ficar 24 horas ao lado dele, mas eu sempre estou em casa.
- Posso deixar recado com alguém caso eu não te encontre?
- Pode, pode sim.
- Você não tem celular, não?
- Não. O meu quebrou e eu ainda não comprei outro.
- Não quer aproveitar a oportunidade e levar um? – ela sorriu e em seguida riu.
- Não, ainda não – eu retribuí a risada. – Vamos esperar o meu primeiro salário, né?
- É brincadeira, mas quando resolver comprar, não hesite em me procurar. Eu te dou um descontinho a mais.
- Aí sim, hein? Estou gostando de ver.
- Você já tem 5% por ser funcionário, eu aumento seu desconto para uns 10%, mas vai depender das suas vendas!
- Nisso eu me garanto, ainda mais porque sei que a comissão é ótima!
- E é mesmo. Você veio através de indicação de alguém?
- Sim. Da minha amiga Janaína. Ela fez entrevista recentemente.
- Ah, sim. Eu sei quem é... Bacana que vocês sejam amigos.
- Tem um monte de gente que eu quero trazer pra cá – dei risada.
- É mesmo?
- Meus amigos da empresa antiga. Posso pedir para eles trazerem currículo?
- Pode não, deve! Nós precisamos com a máxima urgência. A loja aqui é nova e o quadro de funcionários ainda não está completo.
- Ah, que bom. Eu falarei com eles ainda hoje.
- Fale mesmo. É sério, eu estou louca atrás de funcionários.
- Nossa, imagino. Falo sim, pode deixar.
- Então estamos combinados, meu lindo. Ainda essa semana eu te ligo para combinarmos como será a viagem, está bem?
- Perfeito. Sabe me dizer que horas vai ligar?
- Não. Tem algum horário específico?
- Se você puder ligar pela manhã, eu agradeço, porque como já pedi as contas do outro emprego, vou aproveitar a semana livre para curtir umas férias.
- Faz muito bem. Então eu te ligarei no primeiro horário, pode ser?
- Perfeito.
- Combinado então, Caio. Obrigada por tudo.
- Eu que agradeço por tudo.
- Mais uma vez, seja bem-vindo!
- Muitíssimo obrigado, Eduarda. Até mais.

Talvez eu tenha sido precipitado demais ao pedir as contas do meu emprego antigo, porque naquele momento, eu percebi que não era bom trocar o certo pelo duvidoso. E se eles me mandassem embora depois de 3 meses?
- Eu aceito ir para São Paulo sim – falei depois de alguns minutos pensando no assunto.
- Que bom, eu fico muito contente. Não se preocupe que todas as despesas serão pagas pela empresa, você não precisa se preocupar com absolutamente nada.
- Não, não estou preocupado com isso.
- E com o que seria? – perguntou Eduarda.
- Motivos pessoais.
- Hum, mas não fique preocupado que dará tudo certo. Eu vou mandar seu nome para a área responsável para que seja providenciado a hospedagem, a passagem de avião e tudo mais que você necessitar, está bem?
- Tudo bem, Eduarda. Muito obrigado.
- Mas eu só vou te pedir uma gentileza.
- Qual seria?
- Por favor, me informa um número de telefone onde eu possa te encontrar.
- Eu já deixei o da minha casa na fichinha que preenchi quando fiz a entrevista...
- Deixou? Pois então eu não vi! Falha minha, desculpa...
- Imagina!
- Mas de toda forma eu vou anotar de novo, vai que eu perco... Pode falar?
Eu disse o número do telefone da república pausadamente e a minha futura gerente anotou em um papel cor-de-rosa. Eu achei aquele gesto infantil demais para uma gerente de uma loja tão conceituada como aquela.
- Anotado – ela abriu um sorriso. – Agora eu sei onde posso ligar. Você estará perto do telefone sempre?
- Ah, depende. Não vou ficar 24 horas ao lado dele, mas eu sempre estou em casa.
- Posso deixar recado com alguém caso eu não te encontre?
- Pode, pode sim.
- Você não tem celular, não?
- Não. O meu quebrou e eu ainda não comprei outro.
- Não quer aproveitar a oportunidade e levar um? – ela sorriu e em seguida riu.
- Não, ainda não – eu retribuí a risada. – Vamos esperar o meu primeiro salário, né?
- É brincadeira, mas quando resolver comprar, não hesite em me procurar. Eu te dou um descontinho a mais.
- Aí sim, hein? Estou gostando de ver.
- Você já tem 5% por ser funcionário, eu aumento seu desconto para uns 10%, mas vai depender das suas vendas!
- Nisso eu me garanto, ainda mais porque sei que a comissão é ótima!
- E é mesmo. Você veio através de indicação de alguém?
- Sim. Da minha amiga Janaína. Ela fez entrevista recentemente.
- Ah, sim. Eu sei quem é... Bacana que vocês sejam amigos.
- Tem um monte de gente que eu quero trazer pra cá – dei risada.
- É mesmo?
- Meus amigos da empresa antiga. Posso pedir para eles trazerem currículo?
- Pode não, deve! Nós precisamos com a máxima urgência. A loja aqui é nova e o quadro de funcionários ainda não está completo.
- Ah, que bom. Eu falarei com eles ainda hoje.
- Fale mesmo. É sério, eu estou louca atrás de funcionários.
- Nossa, imagino. Falo sim, pode deixar.
- Então estamos combinados, meu lindo. Ainda essa semana eu te ligo para combinarmos como será a viagem, está bem?
- Perfeito. Sabe me dizer que horas vai ligar?
- Não. Tem algum horário específico?
- Se você puder ligar pela manhã, eu agradeço, porque como já pedi as contas do outro emprego, vou aproveitar a semana livre para curtir umas férias.
- Faz muito bem. Então eu te ligarei no primeiro horário, pode ser?
- Perfeito.
- Combinado então, Caio. Obrigada por tudo.
- Eu que agradeço por tudo.
- Mais uma vez, seja bem-vindo!
- Muitíssimo obrigado, Eduarda. Até mais.
- Como assim vai para São Paulo? De
uma hora para outra, sem mais nem menos? – Alexia ficou inconformada.
- Calma que é só por 21 dias. Vou fazer o treinamento da outra empresa.
- Mas em São Paulo? Não pode fazer aqui no Rio, não?
- Não tem como. A matriz é em Sampa e o treinamento é lá. Eles não tiveram como trazer a equipe que ministra o treinamento para o Rio e acho que também não deve ter espaço físico na filial para isso. Por isso nós vamos para lá.
- A Jana vai também?
- Bem provável que sim, ainda não falei com ela.
- Olha quem eu vejo? – o Gabriel se aproximou com aquele corpaço malhado. – O meu ex-pupilo!

- Tudo bom, Gabo? Quanto tempo...
- Bem sim, seu traíra e você?
- Muito bem.
- Acredita que esse nojento vai para São Paulo? – Alexia comentou.
- Cheirar o quê lá?
- Vou fazer o treinamento da empresa nova. Aliás, eu vim aqui para falar com vocês sobre um assunto muito sério.
- Que assunto? – Alexia indagou.
- Como eu disse, a loja aqui é nova e o quadro ainda não foi completo. A Duda precisa urgentemente de novos vendedores. Por que vocês não vão lá fazer uma entrevista?
- Será? – ela cruzou os braços. – É bom mesmo o salário?
- Claro que é, infeliz. Não acredita em mim não?
- E os benefícios? Tem comissão? – perguntou Gabriel.
- Claro que tem.
- A gente pode ver, não custa tentar – ele deu de ombros.
- Vocês vão gostar. E assim a gente vai poder ir para São Paulo juntos. Já penseou que legal?
- Isso seria da hora – meu ex-instrutor comentou.
- E onde você vai ficar lá nessa terra? – Alexia sondou.
- Eles vão pagar hotel e tudo o que tenho direito.
- Jura?!
- Foi o que a Duda me disse.
- Essa Duda é a gerente? – perguntou Gabriel.
- Uhum.
- E ela é bonita?
- Ao extremo – fui sincero.
- Gostosa?
- Pra caralho – nisso eu também fui sincero. Ela era bem afeiçoada.
- Hum, o negócio está melhorando...
- Vão lá, meninos... É sério! Eu quero voltar a trabalhar com vocês...
- Eu vou – Gabriel se decidiu. – É só levar um currículo aí mesmo?
- Uhum. Fala que fui eu que indicou, mas entrega nas mãos da Eduarda.
- Fechou!
- O que você está fazendo aqui, Caio? – perguntou Ivan.
- Tudo bem, Ivan?
- Posso saber o que você está fazendo aqui? Por que está atrapalhando os meus vendedores?
- Eu só estou passando umas informações para os meus amigos, mas já estou de saída. Não se preocupe.
- Acho bom, pois assim você atrapalha o rendimento deles.
- Já disse que já estou de saída. Relaxa.
- Acho bom! Nâo gostei que você pediu as contas, viu?
- Mas eu gostei. Agora eu vou trabalhar no paraíso! Beijo, meninos. Pensem no que eu falei.

- Calma que é só por 21 dias. Vou fazer o treinamento da outra empresa.
- Mas em São Paulo? Não pode fazer aqui no Rio, não?
- Não tem como. A matriz é em Sampa e o treinamento é lá. Eles não tiveram como trazer a equipe que ministra o treinamento para o Rio e acho que também não deve ter espaço físico na filial para isso. Por isso nós vamos para lá.
- A Jana vai também?
- Bem provável que sim, ainda não falei com ela.
- Olha quem eu vejo? – o Gabriel se aproximou com aquele corpaço malhado. – O meu ex-pupilo!
- Tudo bom, Gabo? Quanto tempo...
- Bem sim, seu traíra e você?
- Muito bem.
- Acredita que esse nojento vai para São Paulo? – Alexia comentou.
- Cheirar o quê lá?
- Vou fazer o treinamento da empresa nova. Aliás, eu vim aqui para falar com vocês sobre um assunto muito sério.
- Que assunto? – Alexia indagou.
- Como eu disse, a loja aqui é nova e o quadro ainda não foi completo. A Duda precisa urgentemente de novos vendedores. Por que vocês não vão lá fazer uma entrevista?
- Será? – ela cruzou os braços. – É bom mesmo o salário?
- Claro que é, infeliz. Não acredita em mim não?
- E os benefícios? Tem comissão? – perguntou Gabriel.
- Claro que tem.
- A gente pode ver, não custa tentar – ele deu de ombros.
- Vocês vão gostar. E assim a gente vai poder ir para São Paulo juntos. Já penseou que legal?
- Isso seria da hora – meu ex-instrutor comentou.
- E onde você vai ficar lá nessa terra? – Alexia sondou.
- Eles vão pagar hotel e tudo o que tenho direito.
- Jura?!
- Foi o que a Duda me disse.
- Essa Duda é a gerente? – perguntou Gabriel.
- Uhum.
- E ela é bonita?
- Ao extremo – fui sincero.
- Gostosa?
- Pra caralho – nisso eu também fui sincero. Ela era bem afeiçoada.
- Hum, o negócio está melhorando...
- Vão lá, meninos... É sério! Eu quero voltar a trabalhar com vocês...
- Eu vou – Gabriel se decidiu. – É só levar um currículo aí mesmo?
- Uhum. Fala que fui eu que indicou, mas entrega nas mãos da Eduarda.
- Fechou!
- O que você está fazendo aqui, Caio? – perguntou Ivan.
- Tudo bem, Ivan?
- Posso saber o que você está fazendo aqui? Por que está atrapalhando os meus vendedores?
- Eu só estou passando umas informações para os meus amigos, mas já estou de saída. Não se preocupe.
- Acho bom, pois assim você atrapalha o rendimento deles.
- Já disse que já estou de saída. Relaxa.
- Acho bom! Nâo gostei que você pediu as contas, viu?
- Mas eu gostei. Agora eu vou trabalhar no paraíso! Beijo, meninos. Pensem no que eu falei.
- Nossa, já voltou? – ele estava
sentado no sofá, assistindo televisão.
- Já. Onde estão os meninos?
- Não tem ninguém em casa, eu estou aqui... Abandonado, largado, sem ninguém para conversar...
- Agora você tem companhia.
- Por que chegou tão cedo? Não ia trabalhar?
- Ia, mas não comecei hoje. Vou começar semana que vem. E eu vou para São Paulo no domingo.
- Vai? Como assim? Não entendi...
Expliquei o que havia acontecido e o Víctor só não fez começar a pular no meio da sala de tanta felicidade.
- Me solta – eu resmunguei quando ele me abraçou. – Eu estou com calor e com raiva de você!
- Com raiva de mim? – a fisionomia do cara foi da felicidade à tristeza em um segundo. – O que eu fiz?
- O que eu fiz? – imitei a voz dele. – Não se lembra não?!
- Não... Você está me preocupando!
- Da próxima vez que você der em cima do Vini ou de qualquer outro cara aqui da república, eu quero os seus dentes!
- Eu? Mas eu não dei em cima de ninguém, Caio...
- Imagina se tivesse dado...
- Meu, juro por Deus... O que eu fiz? – ele ficou vermelho.
- “Vini, vem me examinar?” – imitei a voz dele de novo.
- Ah... Mas Caio, só foi uma brincadeira...
- Brincadeira? Sei bem que foi... Foi porra nenhuma! O cara não sacou que você é do babado, Víctor... Onde é que já se viu? Dar em cima dele na maior cara dura...
- Não dei em cima dele, Caio! Eu juro por Deus!
- Faça-me o favor, né? Você acha mesmo que eu sou idiota?
- Mas Caio...
- Não me vem com essa. Já dei o meu recado e você está avisado. Na próxima você apanha.
- Nossa... Sem comentários!
- É sem comentários mesmo. E agora se arruma que eu vou te levar para conhecer a cidade.
- Depois dessa eu perdi até a vontade.
- Perdeu? Problema seu! Melhor pra mim, pelo menos eu descanso um pouco.
- Você é muito chato, meu. Eu nem fiz nada.
- Imagina se tivesse feito.
Nesse momento, a porta da sala foi aberta e o Rodrigo apareceu com algumas sacolas na mão. Meu coração disparou e eu fiquei morrendo de vontade de conversar com meu amigo.

- Oi, Rodrigo – eu falei com a voz um pouco tímida, mas ele não se deu ao trabalho de me responder.
Quando o cara fechou a porta do quarto dele, eu suspirei e joguei a minha cabeça para trás. Não queria ficar brigado com ele...
- Bem feito. Eu acho é pouco! Isso é que dá ficar nutrindo amizade com quem não gosta de você! – disse Víctor.
- Cala a boca e não se mete na minha amizade com ele. Deixa que a gente se resolve sem você se meter, beleza?
- Só estou dando a minha opinião – ele falou.
- Opinião totalmente desnecessária – eu suspirei de novo e me pus de pé em um salto. – Vou mexer na internet. Qualquer coisa me chama.
- Eu pensei que você ia me levar para ver a cidade!
- Você disse que perdeu a vontade, então não levo mais.
- Era brincadeira, né?
- Problema é seu! Perdeu, playboy. Quem sabe mais tarde?
- Você está um chato hoje, sabia?
- Você também.

- Já. Onde estão os meninos?
- Não tem ninguém em casa, eu estou aqui... Abandonado, largado, sem ninguém para conversar...
- Agora você tem companhia.
- Por que chegou tão cedo? Não ia trabalhar?
- Ia, mas não comecei hoje. Vou começar semana que vem. E eu vou para São Paulo no domingo.
- Vai? Como assim? Não entendi...
Expliquei o que havia acontecido e o Víctor só não fez começar a pular no meio da sala de tanta felicidade.
- Me solta – eu resmunguei quando ele me abraçou. – Eu estou com calor e com raiva de você!
- Com raiva de mim? – a fisionomia do cara foi da felicidade à tristeza em um segundo. – O que eu fiz?
- O que eu fiz? – imitei a voz dele. – Não se lembra não?!
- Não... Você está me preocupando!
- Da próxima vez que você der em cima do Vini ou de qualquer outro cara aqui da república, eu quero os seus dentes!
- Eu? Mas eu não dei em cima de ninguém, Caio...
- Imagina se tivesse dado...
- Meu, juro por Deus... O que eu fiz? – ele ficou vermelho.
- “Vini, vem me examinar?” – imitei a voz dele de novo.
- Ah... Mas Caio, só foi uma brincadeira...
- Brincadeira? Sei bem que foi... Foi porra nenhuma! O cara não sacou que você é do babado, Víctor... Onde é que já se viu? Dar em cima dele na maior cara dura...
- Não dei em cima dele, Caio! Eu juro por Deus!
- Faça-me o favor, né? Você acha mesmo que eu sou idiota?
- Mas Caio...
- Não me vem com essa. Já dei o meu recado e você está avisado. Na próxima você apanha.
- Nossa... Sem comentários!
- É sem comentários mesmo. E agora se arruma que eu vou te levar para conhecer a cidade.
- Depois dessa eu perdi até a vontade.
- Perdeu? Problema seu! Melhor pra mim, pelo menos eu descanso um pouco.
- Você é muito chato, meu. Eu nem fiz nada.
- Imagina se tivesse feito.
Nesse momento, a porta da sala foi aberta e o Rodrigo apareceu com algumas sacolas na mão. Meu coração disparou e eu fiquei morrendo de vontade de conversar com meu amigo.
- Oi, Rodrigo – eu falei com a voz um pouco tímida, mas ele não se deu ao trabalho de me responder.
Quando o cara fechou a porta do quarto dele, eu suspirei e joguei a minha cabeça para trás. Não queria ficar brigado com ele...
- Bem feito. Eu acho é pouco! Isso é que dá ficar nutrindo amizade com quem não gosta de você! – disse Víctor.
- Cala a boca e não se mete na minha amizade com ele. Deixa que a gente se resolve sem você se meter, beleza?
- Só estou dando a minha opinião – ele falou.
- Opinião totalmente desnecessária – eu suspirei de novo e me pus de pé em um salto. – Vou mexer na internet. Qualquer coisa me chama.
- Eu pensei que você ia me levar para ver a cidade!
- Você disse que perdeu a vontade, então não levo mais.
- Era brincadeira, né?
- Problema é seu! Perdeu, playboy. Quem sabe mais tarde?
- Você está um chato hoje, sabia?
- Você também.
Assim que entrei no meu Orkut, percebi
que havia vários depoimentos do Bruno que eu ainda não havia aceitado.
Aquilo significava que ele havia mandado há pouco tempo.
- Rejeitar, rejeitar, rejeitar, REJEITAR, REJEITAR... – eu bufei de raiva.
No total eram sete e eu não li nenhum. O que ele queria? Me pedir desculpas? Acho que era tarde demais para aquilo.
Além de bravo, fiquei irritado e ao mesmo tempo com saudades dele.
Saudades do cheiro dele, da voz até então indefinida... Da pele, do cabelos e principalmente, dos olhos do meu ex-namorado.
Deixei o lap-top de lado, deitei de barriga pra cima e fiquei fitando o teto. Por que ele tinha feito aquilo comigo?
A saudade apertou a tal ponto que eu não me segurei e tive que entrar no perfil dele para ver uma foto e me lembrar daquele rostinho angelical...
Como era lindo. Como estava lindo...
Por um lado, eu estava puto da vida, mas por outro, eu estava sentindo falta dele. O que será que estava acontecendo comigo?
O perfil informava que ele estava solteiro. Pelo menos isso! Já pensou se eu tivesse entrado e visto que ele estava namorando? Provavelmente teria ficado pior e com mais raiva ainda.
- Por que você fez isso comigo? Por quê?!
Quando cansei de ficar olhando para aquele garoto lindo, mas ao mesmo tempo desumano, fui direto para a minha caixa de e-mail e foi aí que fiquei ainda mais surpreso.
Existiam nada mais, nada menos do que 37 mensagens dele. Eu passei os olhos por cada título e conforme fui lendo, minha revolta foi aumentando. Os assuntos eram diversos, mas em praticamente todos o assunto era: “Por favor, LEIA!”.
Mas é claro que eu não li, mas também não apaguei. Em dado momento, eu deixei o cursor do mouse em cima de uma das mensagens, mas não consegui reunir forças o suficiente para abrir o link e começar a ler o que estava escrito no corpo do e-mail.
Eu queria saber o que ele queria, mas não havia como ter coragem de abrir os e-mails. Era pedir demais. Acho que o fato dele ter me abandonado nas vésperas do meu aniversário, me deixou muito mais irritado do que a saudade que eu estava sentindo naquele momento.
Não. Eu não ia abrir os e-mails. Não ia ler as mensagens e não ia sofrer por algo que já havia passado.
Eu queria ser feliz e não sofrer. Já tinha sofrido demais antes e não tinha porque sofrer de novo, afinal eu não era sadomasoquista.
Eu sempre acreditei na força do pensamento. Sempre acreditei que nossa mente é capaz de mover montahas e acho que pelo fato de estar pensando tanto no Bruno, as coisas acabaram acontecendo naturalmente.
De repente a porta do meu quarto foi aberta e o Rodrigo apareceu, com aquele ar de desagrado na face:
- Oi, mano! – eu fiquei tão feliz em vê-lo... – Que bom que você veio conversar comigo!
- Telefone para você – ele jogou o celular no meu colo, deu as costas e saiu andando sem falar mais nada.
- Telefone? – eu achei estranho. – E quem é?
Quem teria ligado no celular do Rodrigo? Por que não havia ligado na minha casa? Eu não tinha dado o número do meu amigo para ninguém!
- É o Bruno – ele falou e desapareceu da minha frente sem falar mais nada.


Aquilo significava que ele havia mandado há pouco tempo.
- Rejeitar, rejeitar, rejeitar, REJEITAR, REJEITAR... – eu bufei de raiva.
No total eram sete e eu não li nenhum. O que ele queria? Me pedir desculpas? Acho que era tarde demais para aquilo.
Além de bravo, fiquei irritado e ao mesmo tempo com saudades dele.
Saudades do cheiro dele, da voz até então indefinida... Da pele, do cabelos e principalmente, dos olhos do meu ex-namorado.
Deixei o lap-top de lado, deitei de barriga pra cima e fiquei fitando o teto. Por que ele tinha feito aquilo comigo?
A saudade apertou a tal ponto que eu não me segurei e tive que entrar no perfil dele para ver uma foto e me lembrar daquele rostinho angelical...
Como era lindo. Como estava lindo...
Por um lado, eu estava puto da vida, mas por outro, eu estava sentindo falta dele. O que será que estava acontecendo comigo?
O perfil informava que ele estava solteiro. Pelo menos isso! Já pensou se eu tivesse entrado e visto que ele estava namorando? Provavelmente teria ficado pior e com mais raiva ainda.
- Por que você fez isso comigo? Por quê?!
Quando cansei de ficar olhando para aquele garoto lindo, mas ao mesmo tempo desumano, fui direto para a minha caixa de e-mail e foi aí que fiquei ainda mais surpreso.
Existiam nada mais, nada menos do que 37 mensagens dele. Eu passei os olhos por cada título e conforme fui lendo, minha revolta foi aumentando. Os assuntos eram diversos, mas em praticamente todos o assunto era: “Por favor, LEIA!”.
Mas é claro que eu não li, mas também não apaguei. Em dado momento, eu deixei o cursor do mouse em cima de uma das mensagens, mas não consegui reunir forças o suficiente para abrir o link e começar a ler o que estava escrito no corpo do e-mail.
Eu queria saber o que ele queria, mas não havia como ter coragem de abrir os e-mails. Era pedir demais. Acho que o fato dele ter me abandonado nas vésperas do meu aniversário, me deixou muito mais irritado do que a saudade que eu estava sentindo naquele momento.
Não. Eu não ia abrir os e-mails. Não ia ler as mensagens e não ia sofrer por algo que já havia passado.
Eu queria ser feliz e não sofrer. Já tinha sofrido demais antes e não tinha porque sofrer de novo, afinal eu não era sadomasoquista.
Eu sempre acreditei na força do pensamento. Sempre acreditei que nossa mente é capaz de mover montahas e acho que pelo fato de estar pensando tanto no Bruno, as coisas acabaram acontecendo naturalmente.
De repente a porta do meu quarto foi aberta e o Rodrigo apareceu, com aquele ar de desagrado na face:
- Oi, mano! – eu fiquei tão feliz em vê-lo... – Que bom que você veio conversar comigo!
- Telefone para você – ele jogou o celular no meu colo, deu as costas e saiu andando sem falar mais nada.
- Telefone? – eu achei estranho. – E quem é?
Quem teria ligado no celular do Rodrigo? Por que não havia ligado na minha casa? Eu não tinha dado o número do meu amigo para ninguém!
- É o Bruno – ele falou e desapareceu da minha frente sem falar mais nada.
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