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enti vontade de cavar um buraco e me esconder para o resto da
minha vida. Como o Víctor teve a coragem de dar bandeira daquele jeito?

- Opa – é claro que o Fabrício se enrolou novamente na toalha, né?
- Desculpa – o cara de pau do meu amigo ficou muito vermelho. – Eu não sabia que você estava... desse jeito!
Que vontade de matá-lo, estrangulá-lo, esquartejá-lo... Primeiro com o Vinícius e depois com o Fabrício... Se eu não tomasse cuidado, ele daria em cima de todos os moradores daquela república, talvez daria em cima até de mim!
- Não tem problema – o Fabrício não olhou diretamente pra ele e continuou a fazer o que estava fazendo antes do intruso aparecer.
- Hã... vocês vão demorar muito? – perguntou Víctor.
- Não, Víctor – eu estava com muita raiva dele. – Não vamos demorar, espera a gente na sala, beleza?
- Tudo bem. Desculpa de novo, cara...
- Tranquilo – Fabrício respondeu enquanto passava desodorante aerosol nas axilas.
Quando ele saiu, eu suspirei profundamente. Eu gostava muito do Víctor, mas às vezes ele passava dos limites. Eu estava torcendo para o Fabrício não ter percebido nada referente a homossexualidade do meu amigo.
- Desculpa, Fabrício – eu falei depois de uns minutos. – Ele é muito sem noção.
- Não tem problema não, Caio.
- Desculpa mesmo.
- Que nada, nem fica grilado com isso, é normal. Já me acostumei com essas coisas.
- Que bom que você não é grilado.
- Que nada. Se eu fosse grilado não ficaria pelado na sua frente, ou na frente do Vini. Tranquilo.
- Menos mal.
É claro que ele não era idiota, com certeza percebeu o olhar que o Víctor lançou ao que ele tinha no meio das pernas, mas como ele era muito discreto, não falou nada a esse respeito, o que me deixou muito aliviado.
Só o que ele não podia saber, era que o Víctor e eu éramos gays. Esse era meu maior medo... E se ele descobrisse? Será que reagiria bem?
- Estou pronto. Vamos?
- Vamos sim – eu levantei e fechei meu notebook. – Preciso muito de uma bebida.
- Somos dois. E aí? Como estou?
Eu passei os olhos pelo visual do cara e aprovei na hora. Ele estava gatíssimo com uma regata branca bem colada ao corpo, uma calça jeans azul-marinho e um par de tênis na mesma cor da camiseta. Os cabelos estavam arrepiados e por incrível que pareça, ele estava deixando a barba crescer. Um perfeito gato que com certeza chamaria a atenção de muitas mulheres. E de alguns homens também, é claro.
- Aprovado. Vamos?
- Posso chamar o Vini?
- Deve – eu até fiquei animado. Ter o médico por perto seria bom, porque ele sempre me fazia rir.
- E os outros caras? Não vai chamar?
- Rodrigo saiu. Não sei para onde foi e os outros ainda não chegaram. Aliás, falando nisso, por que você chegou mais cedo hoje?
- Não tive as duas últimas aulas.
- Hum, está explicado!
- Opa – é claro que o Fabrício se enrolou novamente na toalha, né?
- Desculpa – o cara de pau do meu amigo ficou muito vermelho. – Eu não sabia que você estava... desse jeito!
Que vontade de matá-lo, estrangulá-lo, esquartejá-lo... Primeiro com o Vinícius e depois com o Fabrício... Se eu não tomasse cuidado, ele daria em cima de todos os moradores daquela república, talvez daria em cima até de mim!
- Não tem problema – o Fabrício não olhou diretamente pra ele e continuou a fazer o que estava fazendo antes do intruso aparecer.
- Hã... vocês vão demorar muito? – perguntou Víctor.
- Não, Víctor – eu estava com muita raiva dele. – Não vamos demorar, espera a gente na sala, beleza?
- Tudo bem. Desculpa de novo, cara...
- Tranquilo – Fabrício respondeu enquanto passava desodorante aerosol nas axilas.
Quando ele saiu, eu suspirei profundamente. Eu gostava muito do Víctor, mas às vezes ele passava dos limites. Eu estava torcendo para o Fabrício não ter percebido nada referente a homossexualidade do meu amigo.
- Desculpa, Fabrício – eu falei depois de uns minutos. – Ele é muito sem noção.
- Não tem problema não, Caio.
- Desculpa mesmo.
- Que nada, nem fica grilado com isso, é normal. Já me acostumei com essas coisas.
- Que bom que você não é grilado.
- Que nada. Se eu fosse grilado não ficaria pelado na sua frente, ou na frente do Vini. Tranquilo.
- Menos mal.
É claro que ele não era idiota, com certeza percebeu o olhar que o Víctor lançou ao que ele tinha no meio das pernas, mas como ele era muito discreto, não falou nada a esse respeito, o que me deixou muito aliviado.
Só o que ele não podia saber, era que o Víctor e eu éramos gays. Esse era meu maior medo... E se ele descobrisse? Será que reagiria bem?
- Estou pronto. Vamos?
- Vamos sim – eu levantei e fechei meu notebook. – Preciso muito de uma bebida.
- Somos dois. E aí? Como estou?
Eu passei os olhos pelo visual do cara e aprovei na hora. Ele estava gatíssimo com uma regata branca bem colada ao corpo, uma calça jeans azul-marinho e um par de tênis na mesma cor da camiseta. Os cabelos estavam arrepiados e por incrível que pareça, ele estava deixando a barba crescer. Um perfeito gato que com certeza chamaria a atenção de muitas mulheres. E de alguns homens também, é claro.
- Aprovado. Vamos?
- Posso chamar o Vini?
- Deve – eu até fiquei animado. Ter o médico por perto seria bom, porque ele sempre me fazia rir.
- E os outros caras? Não vai chamar?
- Rodrigo saiu. Não sei para onde foi e os outros ainda não chegaram. Aliás, falando nisso, por que você chegou mais cedo hoje?
- Não tive as duas últimas aulas.
- Hum, está explicado!
- Se soubesse que a gente ia vir pra praia, não teria vindo de
tênis – Fabrício reclamou.
- Mas daqui a gente pode colar em uma baladinha, pô – falei.
- Isso é...
- Que horas seus amigos vão chegar, Caio? – perguntou Víctor.
- Lá pelas 23. Por?
- Não, por nada. Só estou achando isso aqui muito vazio. Com mais pessoas é mais legal pra gente dar risada.
- Hum.
- Vai querer beber alguma coisa, Caio? – perguntou Fabrício.
- Quero uma caipirinha. Vai pegar?
- Vou sim. Quer, Víctor?
- Não, Fabrício. Muito obrigado.
- Já volto.
Deixei o Fabrício se alonjar o suficiente para poder conversar com o Víctor sem que ele nos escutasse. Aquela foi a oportunidade perfeita para falar tudo o que estava engasgado na minha garganta:

- Às vezes eu tenho vontade de te matar, sabia?
- O que eu fiz? – ele ficou espantado.
- Ah, pelo amor de Deus, não se faça de sonso pra cima de mim!
- Menino, o que eu fiz? Eu, hein?
- Precisava ter entrado no quarto sem bater? Precisava ter olhando pro Fabrício do jeito que você olhou? Quer que ele descubra que eu sou gay?
- Ah, Caio... Que é aquilo, hein?
- NÃO, eu não estou ouvindo isso, estou?
Sem mais nem menos ele come;ou a se abanar feito uma velha que estava na menopausa. Eu não estava acreditando que ele estava fazendo aquilo. Não era possível!
- Não acredito que você está brincando, Víctor.
- Caio do céu, o que é aquilo? Por que não me disse que ele fica pelado na sua frente, meu filho? Se eu soubesse...
- Se você soubesse você teria feito o quê? Teria invadido meu quarto na madrugada pra ficar olhando pra ele? Teria ajoelhado e chupado o pau dele mesmo sem ele querer? Víctor, você está brincando com fogo, moleque. Eu não moro com um monte de viados, eu moro com heteros. E não dá pra ficar cutucando a onça com vara curta, não dá!
- Mas...
- Mas nada! Já falei pra você se controlar, será que é tão difícil assim? Só por que você está rodeado de caras interessantes você não precisa soltar a franga que existe dentro de você não, muito pelo contrário! Já pensou se ele percebe? O que seria de mim? Ser expulso mais uma vez? Não quero isso pra mim de novo, Víctor; portanto, faz favor de se controlar e não dar pinta que você curte a parada. Eu não quero pagar mico de novo, entendeu?
- Nossa! Não precisa falar assim comigo, mano...
- Precisa sim. Precisa sim porque parece que é só assim que você entende.
- Está me chamando de burro?
- Não, estou te chamando de sem noção.
- Eu não sou sem noção!
- Imagina se fosse.
- Pelo amor, Caio. Você está fazendo tempestade em um copo d’água.
- Você fala isso porque não é com você. Recado dado. Espero que você se policie.
- Sem comentários. Isso foi totalmente desnecessário – ele ficou com cara feia.
- Cara feia pra mim é fome, meu filho. Desnecessário foi o jeito que você olhou pro Fabrício. Isso sim foi desnecessário.
- Ai, tá bom, Caio. Já entendi.
- Acho bom.
Eu só parei de brigar com o Víctor porque o Fabrício apareceu com as nossas bebidas.
- Obrigado, mano.
- Por nada. Bem gelada, hein?
- Do jeito que eu gosto, valeu.
- Cuidado para não ficar bêbado – Víctor me lançou um olhar fuminante.
- Não ficarei, eu sei me controlar.
- Caio, já falei com o Vinícius e com o Éverton. Eles vão vir depois da faculdade – disse Fabrício.
- Ah, que bom! E com o Maicon? Você não falou?
- O anão de jardim vai chamá-lo. Eles estudam na mesma sala, esqueceu?
- Ah, pode crer.
- Mudando de assunto, você está animado para ir pra São Paulo?
- Não muito – fui sincero.
- Mas vai ser bom, não vai? Você vai poder ver a sua família. Ou não?
- Na verdade, não.
- Por que?! – ele se surpreendeu.
- Uma história muito longa, parceiro. Qualquer dia desses eu te conto.
- Desculpa, não queria ser indiscreto.
- Imagina, você não foi indiscreto – eu sorri. – Prometo que qualquer dia desses eu te conto tudo sobre a minha família.
- Quando quiser.
- Queria muito que você fosse trabalhar comigo, mano.
- Não posso, Caio. Já te disse que não troco o certo pelo duvidoso. E tem outra: eu não poderia fazer esse treinamento em São Paulo, cara.
- Por que não? – o tonto do Víctor se meteu na nossa conversa.
- Por causa da faculdade – ele respondeu.
- Ah, é – eu não havia pensado naquilo. – Uma pena, porque você iria se dar muito bem lá.
- Quem sabe mais pra frente?
- Fabrício, você faz faculdade de quê? – indagou Víctor.
- Engenharia Química.
- Nossa. E está em qual ano?
- 5º semestre. Eu me formo ano que vem, se Deus quiser.
- Você e o Vini, né? – eu falei.
- Isso. Nós terminaremos juntos. Não vejo a hora.
- E isso significa que no ano que vem vocês vão embora do Rio? – eu fiquei triste.
- É provável que sim – ele deu risada. – Passa rápido, né?
- Muito rápido. Já vai fazer 2 anos que eu cheguei aqui.
- Sério?
- Uhum. Nem dá pra acreditar.
E não dava mesmo. Já iria completar 2 anos que eu havia sido expulso da minha casa... Como o tempo estava passando rápido!
- Mas daqui a gente pode colar em uma baladinha, pô – falei.
- Isso é...
- Que horas seus amigos vão chegar, Caio? – perguntou Víctor.
- Lá pelas 23. Por?
- Não, por nada. Só estou achando isso aqui muito vazio. Com mais pessoas é mais legal pra gente dar risada.
- Hum.
- Vai querer beber alguma coisa, Caio? – perguntou Fabrício.
- Quero uma caipirinha. Vai pegar?
- Vou sim. Quer, Víctor?
- Não, Fabrício. Muito obrigado.
- Já volto.
Deixei o Fabrício se alonjar o suficiente para poder conversar com o Víctor sem que ele nos escutasse. Aquela foi a oportunidade perfeita para falar tudo o que estava engasgado na minha garganta:
- Às vezes eu tenho vontade de te matar, sabia?
- O que eu fiz? – ele ficou espantado.
- Ah, pelo amor de Deus, não se faça de sonso pra cima de mim!
- Menino, o que eu fiz? Eu, hein?
- Precisava ter entrado no quarto sem bater? Precisava ter olhando pro Fabrício do jeito que você olhou? Quer que ele descubra que eu sou gay?
- Ah, Caio... Que é aquilo, hein?
- NÃO, eu não estou ouvindo isso, estou?
Sem mais nem menos ele come;ou a se abanar feito uma velha que estava na menopausa. Eu não estava acreditando que ele estava fazendo aquilo. Não era possível!
- Não acredito que você está brincando, Víctor.
- Caio do céu, o que é aquilo? Por que não me disse que ele fica pelado na sua frente, meu filho? Se eu soubesse...
- Se você soubesse você teria feito o quê? Teria invadido meu quarto na madrugada pra ficar olhando pra ele? Teria ajoelhado e chupado o pau dele mesmo sem ele querer? Víctor, você está brincando com fogo, moleque. Eu não moro com um monte de viados, eu moro com heteros. E não dá pra ficar cutucando a onça com vara curta, não dá!
- Mas...
- Mas nada! Já falei pra você se controlar, será que é tão difícil assim? Só por que você está rodeado de caras interessantes você não precisa soltar a franga que existe dentro de você não, muito pelo contrário! Já pensou se ele percebe? O que seria de mim? Ser expulso mais uma vez? Não quero isso pra mim de novo, Víctor; portanto, faz favor de se controlar e não dar pinta que você curte a parada. Eu não quero pagar mico de novo, entendeu?
- Nossa! Não precisa falar assim comigo, mano...
- Precisa sim. Precisa sim porque parece que é só assim que você entende.
- Está me chamando de burro?
- Não, estou te chamando de sem noção.
- Eu não sou sem noção!
- Imagina se fosse.
- Pelo amor, Caio. Você está fazendo tempestade em um copo d’água.
- Você fala isso porque não é com você. Recado dado. Espero que você se policie.
- Sem comentários. Isso foi totalmente desnecessário – ele ficou com cara feia.
- Cara feia pra mim é fome, meu filho. Desnecessário foi o jeito que você olhou pro Fabrício. Isso sim foi desnecessário.
- Ai, tá bom, Caio. Já entendi.
- Acho bom.
Eu só parei de brigar com o Víctor porque o Fabrício apareceu com as nossas bebidas.
- Obrigado, mano.
- Por nada. Bem gelada, hein?
- Do jeito que eu gosto, valeu.
- Cuidado para não ficar bêbado – Víctor me lançou um olhar fuminante.
- Não ficarei, eu sei me controlar.
- Caio, já falei com o Vinícius e com o Éverton. Eles vão vir depois da faculdade – disse Fabrício.
- Ah, que bom! E com o Maicon? Você não falou?
- O anão de jardim vai chamá-lo. Eles estudam na mesma sala, esqueceu?
- Ah, pode crer.
- Mudando de assunto, você está animado para ir pra São Paulo?
- Não muito – fui sincero.
- Mas vai ser bom, não vai? Você vai poder ver a sua família. Ou não?
- Na verdade, não.
- Por que?! – ele se surpreendeu.
- Uma história muito longa, parceiro. Qualquer dia desses eu te conto.
- Desculpa, não queria ser indiscreto.
- Imagina, você não foi indiscreto – eu sorri. – Prometo que qualquer dia desses eu te conto tudo sobre a minha família.
- Quando quiser.
- Queria muito que você fosse trabalhar comigo, mano.
- Não posso, Caio. Já te disse que não troco o certo pelo duvidoso. E tem outra: eu não poderia fazer esse treinamento em São Paulo, cara.
- Por que não? – o tonto do Víctor se meteu na nossa conversa.
- Por causa da faculdade – ele respondeu.
- Ah, é – eu não havia pensado naquilo. – Uma pena, porque você iria se dar muito bem lá.
- Quem sabe mais pra frente?
- Fabrício, você faz faculdade de quê? – indagou Víctor.
- Engenharia Química.
- Nossa. E está em qual ano?
- 5º semestre. Eu me formo ano que vem, se Deus quiser.
- Você e o Vini, né? – eu falei.
- Isso. Nós terminaremos juntos. Não vejo a hora.
- E isso significa que no ano que vem vocês vão embora do Rio? – eu fiquei triste.
- É provável que sim – ele deu risada. – Passa rápido, né?
- Muito rápido. Já vai fazer 2 anos que eu cheguei aqui.
- Sério?
- Uhum. Nem dá pra acreditar.
E não dava mesmo. Já iria completar 2 anos que eu havia sido expulso da minha casa... Como o tempo estava passando rápido!
Vinícius e os demais chegaram no quiosque por volta das 11 da
noite e para a minha total surpresa, o estudante de medicina levou a namorada.
- Deixa eu fazer as apresentações – ele estava tão gostoso todo de branco... – Bruna, esse é o Caio e esse é o Víctor. Rapaziada, essa é a Bruna, minha namorada.
Aparentemente, eles faziam um casal perfeito. A garota era tão linda quanto ele. Não era muito alta, tinha a pele branca, os cabelos muito pretos, os olhos castanhos e uma forma física invejável. Com certeza a Bruna era aquele tipo de pessoa que deixava as outras mulheres morrendo de inveja. A única coisa que eu não gostei nela foi o nome.
- Muito prazer – ela deu dois beijos nas minhas bochechas, um de cada lado como de praxe. – Tudo bom?
- Bem e você?
- Muito bem, obrigada.
Mesmo eu não tendo um relacionamento com o Vinícius, confesso que foi impossível não sentir um pouco de ciúmes dele. A Bruna ia ter algo que eu já tivera e que por causa dele, não teria mais.
Os futuros professores de Educação Física foram logo enchendo a cara e não precisou de muito para eles ficarem um tanto quanto “alegres” demais.
- Aí galera – o Vini pediu a atenção de todos. – Olhem lá pra praia...
- O que é que tem? – perguntou Fabrício.
- Olhem aquele casal de idosos correndo, que visão do inferno.
Eu caí na gargalhada. Como ele era idiota! Um casal de velhinhos estava correndo na beira do mar em um ritmo um pouco lento demais e conforme corriam, as barrigas subiam, desciam e ficavam balançando. Para piorar, o cara ainda estava sem camisa. Realmente não foi algo agradável de se ver.
Eu me perguntei o motivo pelo qual aquele casal estava correndo na praia em um horário tão inoportuno. Era um pouco tarde demais pára eles se exercitarem fora de casa!
- Como você é idiota, Vinícius – Maicon riu.
- Mas não é? Parceiros, onde está o Rodrigo?
- Ele saiu – eu falei. – Por isso não convidamos.
- Ah... Vou ligar pra ele!
Ele ligou e conseguiu convencer o meu outro melhor amigo a nos fazer companhia, mas ele só chegou quando nós decidimos sair do quiosque pra ir em uma boate qualquer do bairro de Copacabana.
- Pensei que não ia chegar nunca – Vini reclamou.
- Quem manda me convidarem tarde? – ele reclamou. – Tudo bem, Bruna?
- Tudo, Rodrigo. E você?
- Bem também.
Ele só cumprimentou a namorada do Vinícius porque os demais ele já havia visto naquele dia.
- Vão sair? Só por que eu cheguei?
- Vamos pra uma boate. Vem com a gente – disse Éverton.
- Tenho escolha?
- Não – Maicon, Éverton, Vinícius, Fabrício e eu falamos ao mesmo tempo. Ele não dirigiu a palavra a mim.

- Deixa eu fazer as apresentações – ele estava tão gostoso todo de branco... – Bruna, esse é o Caio e esse é o Víctor. Rapaziada, essa é a Bruna, minha namorada.
Aparentemente, eles faziam um casal perfeito. A garota era tão linda quanto ele. Não era muito alta, tinha a pele branca, os cabelos muito pretos, os olhos castanhos e uma forma física invejável. Com certeza a Bruna era aquele tipo de pessoa que deixava as outras mulheres morrendo de inveja. A única coisa que eu não gostei nela foi o nome.
- Muito prazer – ela deu dois beijos nas minhas bochechas, um de cada lado como de praxe. – Tudo bom?
- Bem e você?
- Muito bem, obrigada.
Mesmo eu não tendo um relacionamento com o Vinícius, confesso que foi impossível não sentir um pouco de ciúmes dele. A Bruna ia ter algo que eu já tivera e que por causa dele, não teria mais.
Os futuros professores de Educação Física foram logo enchendo a cara e não precisou de muito para eles ficarem um tanto quanto “alegres” demais.
- Aí galera – o Vini pediu a atenção de todos. – Olhem lá pra praia...
- O que é que tem? – perguntou Fabrício.
- Olhem aquele casal de idosos correndo, que visão do inferno.
Eu caí na gargalhada. Como ele era idiota! Um casal de velhinhos estava correndo na beira do mar em um ritmo um pouco lento demais e conforme corriam, as barrigas subiam, desciam e ficavam balançando. Para piorar, o cara ainda estava sem camisa. Realmente não foi algo agradável de se ver.
Eu me perguntei o motivo pelo qual aquele casal estava correndo na praia em um horário tão inoportuno. Era um pouco tarde demais pára eles se exercitarem fora de casa!
- Como você é idiota, Vinícius – Maicon riu.
- Mas não é? Parceiros, onde está o Rodrigo?
- Ele saiu – eu falei. – Por isso não convidamos.
- Ah... Vou ligar pra ele!
Ele ligou e conseguiu convencer o meu outro melhor amigo a nos fazer companhia, mas ele só chegou quando nós decidimos sair do quiosque pra ir em uma boate qualquer do bairro de Copacabana.
- Pensei que não ia chegar nunca – Vini reclamou.
- Quem manda me convidarem tarde? – ele reclamou. – Tudo bem, Bruna?
- Tudo, Rodrigo. E você?
- Bem também.
Ele só cumprimentou a namorada do Vinícius porque os demais ele já havia visto naquele dia.
- Vão sair? Só por que eu cheguei?
- Vamos pra uma boate. Vem com a gente – disse Éverton.
- Tenho escolha?
- Não – Maicon, Éverton, Vinícius, Fabrício e eu falamos ao mesmo tempo. Ele não dirigiu a palavra a mim.
NO DIA SEGUINTE...
Acordei quase no final da tarde. A minha cabeça estava um pouco
“pesada” e eu estava vendo tudo girar, mesmo estando deitado.
- Tudo bem aí, Caio? – a voz do Fabrício estava grogue de sono.
- Estou tonto e você?
- Também. Acabei de vomitar lá no banheiro.
- Você bebeu demais, hein?!
- Verdade, mas valeu a pena.
- É bom para desestressar. Não foi trabalhar?
- Graças a Deus hoje é minha folga.
- Sorte sua.
- Sorte nada, foi programado. Por isso eu aceitei sair com vocês ontem.
- Hum, entendi. Vou tentar me levantar...
Eu não cheguei a ficar bêbado, mas mesmo assim fiquei de ressaca. Passei dos limites, mas graças a Deus não dei vexame na frente de ninguém.
- Você pegou quantas, mano? – ele estava com os olhos fechados.
- Nenhuma e você?
- 7. Como assim nenhuma, Caio? Tá mole, hein parceiro?
- Não queria ficar com ninguém ontem, só isso.
- Saquei.
Se eu não tivesse segurando na parede, com toda certeza do mundo teria caído com a testa no chão. Será que aquela tontura não ia passar nunca?
Caminhei lentamente até o banheiro e quando passei pela sala, percebi que o Víctor ainda estava dormindo. Ele foi o único que não ingeriu bebida alcoolica na noite anterior.
Para o meu total desagrado, o banheiro estava ocupado. Bati na porta duas vezes e uma voz extremamente sonolenta falou:
- Quem é?
- Sou eu.
- Já vou sair.
Será que todos estavam no mesmo estado que eu? Quando a porta foi aberta, me deparei com o Rodrigo. Ele estava com duas olheiras enormes e trajava apenas uma bermuda de tactel laranja.
- Bom dia – falou.
- Bom dia.
Bom dia? Já era quase boa noite!
- Como se sente? – perguntei.
- Com muito sono e você?
- Estou tontinho, mas tirando isso estou bem.
- Você bebeu demais.
- Olha quem fala!
- Vou dormir, boa noite – ele bocejou e saiu andando.
- Boa noite.
Acho que ele estava com um parafuso a menos, coitado.
Quando entrei no banheiro senti a maior ânsia de vômito. O local estava com um cheiro de álcool insuportável. Provavelmente era por causa do Fabrício que tinha vomitado.
Lavei meu rosto umas três vezes na água gelada e em seguida escovei meus dentes. No final das contas, acabei me sentindo um pouco melhor. Pelo menos eu tinha certeza que não ia vomitar como o meu colega de quarto.
- Posso usar, Caio? – perguntou Éverton.
Nem me toquei que havia deixado a porta aberta.
- Pode sim, mano. Já estou de saída...
- Relaxa, eu só vou mijar.
Ele entrou e não se importou com a minha presença: foi direto para o vaso sanitário, levantou a tampa de plástico, abaixou o cós da bermuda e começou a urinar.
- Alguém vomitou aqui.
- Foi o Fabrício.
- Ah! E você está bem?
- Só um pouco tonto e você?
- Na maior ressaca, mas sou acostumado.
- Hum. Vou nessa...
- Falou.
Como ele estava de costas, não vi nada indevido. Será que o pau era proporcional ao tamanho do corpo? Se fosse, deveria ser bem pequenininho...
- Caio? – Víctor chamou.
- Oi, Ví?
- Nós vamos sair hoje, né?
- Vamos sim, mas só se eu melhorar – brinquei.
- Pelo amor de Deus, me toma um remédio! Eu já disse que não vou sair do Rio...
- Relaxa – eu o cortei, senão ele ia falar merda. – É brincadeira. Nós vamos sair sim.
- Ah, tá. Que bom!
- Vou dormir mais um pouco, depois a gente combina direitinho.
- Combinado.

- Tudo bem aí, Caio? – a voz do Fabrício estava grogue de sono.
- Estou tonto e você?
- Também. Acabei de vomitar lá no banheiro.
- Você bebeu demais, hein?!
- Verdade, mas valeu a pena.
- É bom para desestressar. Não foi trabalhar?
- Graças a Deus hoje é minha folga.
- Sorte sua.
- Sorte nada, foi programado. Por isso eu aceitei sair com vocês ontem.
- Hum, entendi. Vou tentar me levantar...
Eu não cheguei a ficar bêbado, mas mesmo assim fiquei de ressaca. Passei dos limites, mas graças a Deus não dei vexame na frente de ninguém.
- Você pegou quantas, mano? – ele estava com os olhos fechados.
- Nenhuma e você?
- 7. Como assim nenhuma, Caio? Tá mole, hein parceiro?
- Não queria ficar com ninguém ontem, só isso.
- Saquei.
Se eu não tivesse segurando na parede, com toda certeza do mundo teria caído com a testa no chão. Será que aquela tontura não ia passar nunca?
Caminhei lentamente até o banheiro e quando passei pela sala, percebi que o Víctor ainda estava dormindo. Ele foi o único que não ingeriu bebida alcoolica na noite anterior.
Para o meu total desagrado, o banheiro estava ocupado. Bati na porta duas vezes e uma voz extremamente sonolenta falou:
- Quem é?
- Sou eu.
- Já vou sair.
Será que todos estavam no mesmo estado que eu? Quando a porta foi aberta, me deparei com o Rodrigo. Ele estava com duas olheiras enormes e trajava apenas uma bermuda de tactel laranja.
- Bom dia – falou.
- Bom dia.
Bom dia? Já era quase boa noite!
- Como se sente? – perguntei.
- Com muito sono e você?
- Estou tontinho, mas tirando isso estou bem.
- Você bebeu demais.
- Olha quem fala!
- Vou dormir, boa noite – ele bocejou e saiu andando.
- Boa noite.
Acho que ele estava com um parafuso a menos, coitado.
Quando entrei no banheiro senti a maior ânsia de vômito. O local estava com um cheiro de álcool insuportável. Provavelmente era por causa do Fabrício que tinha vomitado.
Lavei meu rosto umas três vezes na água gelada e em seguida escovei meus dentes. No final das contas, acabei me sentindo um pouco melhor. Pelo menos eu tinha certeza que não ia vomitar como o meu colega de quarto.
- Posso usar, Caio? – perguntou Éverton.
Nem me toquei que havia deixado a porta aberta.
- Pode sim, mano. Já estou de saída...
- Relaxa, eu só vou mijar.
Ele entrou e não se importou com a minha presença: foi direto para o vaso sanitário, levantou a tampa de plástico, abaixou o cós da bermuda e começou a urinar.
- Alguém vomitou aqui.
- Foi o Fabrício.
- Ah! E você está bem?
- Só um pouco tonto e você?
- Na maior ressaca, mas sou acostumado.
- Hum. Vou nessa...
- Falou.
Como ele estava de costas, não vi nada indevido. Será que o pau era proporcional ao tamanho do corpo? Se fosse, deveria ser bem pequenininho...
- Caio? – Víctor chamou.
- Oi, Ví?
- Nós vamos sair hoje, né?
- Vamos sim, mas só se eu melhorar – brinquei.
- Pelo amor de Deus, me toma um remédio! Eu já disse que não vou sair do Rio...
- Relaxa – eu o cortei, senão ele ia falar merda. – É brincadeira. Nós vamos sair sim.
- Ah, tá. Que bom!
- Vou dormir mais um pouco, depois a gente combina direitinho.
- Combinado.
Víctor e eu chegamos na frente da boate GLS que eu costumava ir
por volta das 22h30. Cedo demais para entrar, tarde demais para ficar parado na
rua sem fazer nada.
- Vamos entrar – ele estava ansioso.
- Calma, é cedo demais.
- E daí? Vamos? Eu quero conhecer...
- Como você é insuportável!
- É por isso que você me ama – ele riu e me puxou pelo braço.
Fui obrigado a entrar e conforme eu desconfiava, o lugar estava totalmente vazio.
- Viu só? Eu falei que era cedo para entrar – reclamei.
- Não importa. Só tem isso? Não tem mais nenhum lugar?
Nós já havíamos ido para as duas pistas e não tinha ninguém.
- Só. Essa é a pista, mas não vai lotar antes da 1 da manhã.
- Está experiente, hein?
- Claro – eu sorri –, eu venho aqui direto.
- Safado.
- Sou mesmo – mostrei a língua.
- E lá em cima? O que term lá em cima? Eu vi que tem uma escada...
- Lá em cima dizem que é a sauna.
- Sauna?
- É – confirmei. – Eu falei grego?
- Vamos entrar – ele estava ansioso.
- Calma, é cedo demais.
- E daí? Vamos? Eu quero conhecer...
- Como você é insuportável!
- É por isso que você me ama – ele riu e me puxou pelo braço.
Fui obrigado a entrar e conforme eu desconfiava, o lugar estava totalmente vazio.
- Viu só? Eu falei que era cedo para entrar – reclamei.
- Não importa. Só tem isso? Não tem mais nenhum lugar?
Nós já havíamos ido para as duas pistas e não tinha ninguém.
- Só. Essa é a pista, mas não vai lotar antes da 1 da manhã.
- Está experiente, hein?
- Claro – eu sorri –, eu venho aqui direto.
- Safado.
- Sou mesmo – mostrei a língua.
- E lá em cima? O que term lá em cima? Eu vi que tem uma escada...
- Lá em cima dizem que é a sauna.
- Sauna?
- É – confirmei. – Eu falei grego?
- E o que você está fazendo parado aí? O que está esperando pra me
levar lá em cima?

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