S
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enti um arrepio percorrer todo o meu corpo e foi
como se eu estivesse ficando fora de órbita.
Desde que me entendo por gente, eu nunca tinha ouvido uma música que se encaixasse tão perfeitamente na minha vida como aquela.
Se eu pudesse, teria voltado a música mais uma vez. Não estava acreditando no que eu tinha ouvido. Impossível uma letra ser tão perfeita como aquela.
Quem eram aqueles cantores? E por que eu nunca havia ouvido aquela música antes? Por que nunca havia ouvido aquelas vozes antes?

- Moço? – a mulher estava gesticulando na minha frente.
- Hã? Desculpa, moça! Eu me perdi em pensamentos ouvindo essa música...
- Te entendo – ela riu. – Nós vamos levar uma do mostruário mesmo.
- Do mostruário? Perfeito, mas qual vocês vão querer?
Eu me levantei e tentei desvencilhar meus pensamentos. Eu não podia me influenciar por uma simples música logo no meu primeiro dia de trabalho.
- Aí vai depender, você terá que nos ajudar a escolher – o cara falou pela primeira vez. Ele tinha uma voz muito bonita.
Ele não tinha me pedido aquilo, tinha? Claro que eu ia fazer eles escolherem a mais cara...
- Ajudo com prazer, mas vai depender muito da necessidade de vocês. Querem uma pequena, média ou grande?
- Grande – responderam.
- As maiores que temos são essas aqui...
O casal demorou, mas acabou optando por um dos refrigeradores que estavam no mostruário.
- Não são clientes, correto?
- Não, não somos – disse a moça.
- E a compra vai ficar no nome de quem?
- No meu – disse o cara.
- Perfeito. Pode me emprestar seu RG e CPF, por favor?
O rapaz abriu a carteira e me entregou os documentos. Ele era xará do Vinícius, mas o Vini era muito mais bonito que ele. Dava de 10 à 0 sem a menor sombra de dúvidas.
- Me informa o endereço, por favor?
Dessa vez a Eduarda não ficou na minha cola e eu tive um pouco mais de tranquilidade para fazer as coisas.
- Telefones de contato?
As músicas continuaram tocando, mas nenhuma foi como aquela cujo nome eu ainda não sabia. Quem cantava aquela canção?
- Qual a empresa onde você trabalha?
Demorou meia hora, mas deu tudo certo.
- Assina aqui, por favor?
- Aqui embaixo?
- Isso!
- Quando vai entregar, moço? – perguntou a cliente.
- Deixa eu ver aqui... Daqui 2 dias. Vai ter alguém no local?
- Então, não! Só tem gente aos finais de semana. Tem como trocar a data?
- Tem sim. Pode ser sábado agora?
- Perfeito!
Alterei a data de entrega do produto dos meus clientes. No que dependesse de mim, todos iriam sair satisfeitos daquela loja.
- É só isso então? – perguntou Vinícius.
- Sim, agora é só passar no caixa para fazer o pagamento e aguardar a entrega no sábado agora.
- Beleza! Muito obrigado... Você é o?
- Caio. Parabéns pela compra e voltem sempre!
- Muito obrigado – eles agradeceram. – Onde ficam os caixas?
- No final da loja.
- Obrigado.
- Por nada!
Vasculhei a loja com os olhos. O Gabriel, a Jana e o Henrique estavam atendendo. Só quem estava ociosa era a Alexia.
- Está arrepiando nas vendas, hein? – ela foi falar comigo.
- Duas só e você?
- Uma.
- Pra começo está bom, né?
- Primeiro dia é assim mesmo. Eu estou toda perdida nas telas ainda.
- Também estou meio sonso nisso, mas com o tempo a gente pega a prática.
- Tenho certeza disso. Acho que vou almoçar, estou morrendo de fome...
- Tem que ver com a Duda qual vai ser seu horário.
- E tem essa também é?
- Uhum. Ela é nossa superiora, pô.
- Vou conversar com ela, mas onde ela está?
- Ali, nos móveis com aquela menina que não lembro o nome.
- Se não me engano ela se chama Fernanda...
Ela disse isso e foi atrás da nossa chefe. Eu queria trocar ideia com a Jana, mas ela estava atendendo e eu não podia atrapalhar. Um cliente chegou no meu setor, mas outro vendedor foi atendê-lo e eu fiquei chupando o dedo. Pelo jeito o tempo ia demorar a passar.
- Vou almoçar sozinha, mas vou – a Alexia foi ao meu encontro.
- Bom almoço!
- Muito obrigada.
Fiquei pensando naquela música boa parte do meu dia. Ela era feita pra mim, só podia.
“Quase que acabo com a minha vida...”; eu quase acabei mesmo. Tentar colocar um ponto final na minha vida foi a maior burrada que eu já fiz em toda a minha existência.
“Você me pôs num beco sem saída...”; e ele coloocu mesmo. Foi assim que eu me senti. Em um beco sem saída, onde a minha única alternativa era cometer o suicídio.
“Por que fez isso comigo?”; aquela era uma pergunta sem resposta, pelo menos até aquele momento. Será que um dia eu ia saber por que o Bruno me abandonou?

- Tudo bem aí, Caio? – Eduarda foi falar comigo.
- Tudo em ordem, patroa.
- Gostando do seu primeiro dia?
- Muito. Muito divertido.
- Sério mesmo? – Eduarda era muito simpática e legal.
- Sim. Ainda mais depois que você ligou o rádio e essas músicas animadas começaram a tocar.
- Eu tinha esquecido, acredita? Acho que estou ficando gagá.
- Que horror! – dei risada.
- Seu topete está caindo, viu?
- Ah, eu sei. É por isso que eu não gosto de arrepiar meu cabelo, ele não segura gel.
- É porque ele é bem lisinho. Queria eu ter um cabelo assim.
- Seu cabelo é muito lindo – falei.
- Ah, muito obrigada. Você é um gentleman!
- Quem me dera!
- Duda, tem um cliente querendo falar contigo – uma vendedora muito bonita deu dois cutucões nas costas da minha gerente.
- Por que? O que houve?
- Uma troca que eu neguei.
- Negou? Mas negou por que, Bia?
- Porque ele comprou o produto na semana passada. Já passou das 72 horas, agora é com o fabricante.
- Vamos ver lá...
Percebi que o Carlos estava sem cliente e não pensei duas vezes em ir falar com ele. O garoto estava muito bonitinho com aquele uniforme novinho em folha.
- E aí, vendendo muito?
- Acabei de vender uma televisão e você?
- Já vendi pra dois.
- Hum, mandando bem como sempre, né?
- Que nada, é meu primeiro dia, estou apenas engatinhando ainda.
- Você vai chegar longe aqui.
- Por que diz isso?
- Porque você é inteligente e eu sinto que você vai crescer na empresa.
- Tomara!
- Acho que vou almoçar, estou morrendo de fome!
- Imagino. Esse horário deve ser ruim.
- Um pouco, mas logo eu acostumo. Eu poderia ter almoçado antes de vir, mas eu preciso acostumar meu organismo a comer um pouco mais tarde até começar a faculdade.
- Verdade. Vai fazer qual curso?
- Farmácia.
- Hum, bacana. Mas dizem que mexe com defunto, é verdade?
- É sim, mas eu nem ligo. Não me importo com isso não.
- Deus me livre e guarde!
Ele riu.
- Você tem medo?
- Não é exatamente medo, é pavor!
- Eles nem fazem nada com você, Caio – Carlos riu de novo.
- Mesmo assim. Deixa eles lá e eu aqui!
- Bobo, até com medo você fica lindo, sabia?
Não consegui responder nada. Abri a boca pra falar alguma coisa, mas não saiu nenhum som. Senti minhas bochechas queimarem de vergonha novamente.
- Assim você me deixa sem graça! – falei depois de um tempo.
- Não é a minha intenção, acredite.
- Obrigado pelo elogio...
- Eu só falei a verdade. Um cliente, vou atender...
- Vai lá, boa sorte!
Desde que me entendo por gente, eu nunca tinha ouvido uma música que se encaixasse tão perfeitamente na minha vida como aquela.
Se eu pudesse, teria voltado a música mais uma vez. Não estava acreditando no que eu tinha ouvido. Impossível uma letra ser tão perfeita como aquela.
Quem eram aqueles cantores? E por que eu nunca havia ouvido aquela música antes? Por que nunca havia ouvido aquelas vozes antes?
- Moço? – a mulher estava gesticulando na minha frente.
- Hã? Desculpa, moça! Eu me perdi em pensamentos ouvindo essa música...
- Te entendo – ela riu. – Nós vamos levar uma do mostruário mesmo.
- Do mostruário? Perfeito, mas qual vocês vão querer?
Eu me levantei e tentei desvencilhar meus pensamentos. Eu não podia me influenciar por uma simples música logo no meu primeiro dia de trabalho.
- Aí vai depender, você terá que nos ajudar a escolher – o cara falou pela primeira vez. Ele tinha uma voz muito bonita.
Ele não tinha me pedido aquilo, tinha? Claro que eu ia fazer eles escolherem a mais cara...
- Ajudo com prazer, mas vai depender muito da necessidade de vocês. Querem uma pequena, média ou grande?
- Grande – responderam.
- As maiores que temos são essas aqui...
O casal demorou, mas acabou optando por um dos refrigeradores que estavam no mostruário.
- Não são clientes, correto?
- Não, não somos – disse a moça.
- E a compra vai ficar no nome de quem?
- No meu – disse o cara.
- Perfeito. Pode me emprestar seu RG e CPF, por favor?
O rapaz abriu a carteira e me entregou os documentos. Ele era xará do Vinícius, mas o Vini era muito mais bonito que ele. Dava de 10 à 0 sem a menor sombra de dúvidas.
- Me informa o endereço, por favor?
Dessa vez a Eduarda não ficou na minha cola e eu tive um pouco mais de tranquilidade para fazer as coisas.
- Telefones de contato?
As músicas continuaram tocando, mas nenhuma foi como aquela cujo nome eu ainda não sabia. Quem cantava aquela canção?
- Qual a empresa onde você trabalha?
Demorou meia hora, mas deu tudo certo.
- Assina aqui, por favor?
- Aqui embaixo?
- Isso!
- Quando vai entregar, moço? – perguntou a cliente.
- Deixa eu ver aqui... Daqui 2 dias. Vai ter alguém no local?
- Então, não! Só tem gente aos finais de semana. Tem como trocar a data?
- Tem sim. Pode ser sábado agora?
- Perfeito!
Alterei a data de entrega do produto dos meus clientes. No que dependesse de mim, todos iriam sair satisfeitos daquela loja.
- É só isso então? – perguntou Vinícius.
- Sim, agora é só passar no caixa para fazer o pagamento e aguardar a entrega no sábado agora.
- Beleza! Muito obrigado... Você é o?
- Caio. Parabéns pela compra e voltem sempre!
- Muito obrigado – eles agradeceram. – Onde ficam os caixas?
- No final da loja.
- Obrigado.
- Por nada!
Vasculhei a loja com os olhos. O Gabriel, a Jana e o Henrique estavam atendendo. Só quem estava ociosa era a Alexia.
- Está arrepiando nas vendas, hein? – ela foi falar comigo.
- Duas só e você?
- Uma.
- Pra começo está bom, né?
- Primeiro dia é assim mesmo. Eu estou toda perdida nas telas ainda.
- Também estou meio sonso nisso, mas com o tempo a gente pega a prática.
- Tenho certeza disso. Acho que vou almoçar, estou morrendo de fome...
- Tem que ver com a Duda qual vai ser seu horário.
- E tem essa também é?
- Uhum. Ela é nossa superiora, pô.
- Vou conversar com ela, mas onde ela está?
- Ali, nos móveis com aquela menina que não lembro o nome.
- Se não me engano ela se chama Fernanda...
Ela disse isso e foi atrás da nossa chefe. Eu queria trocar ideia com a Jana, mas ela estava atendendo e eu não podia atrapalhar. Um cliente chegou no meu setor, mas outro vendedor foi atendê-lo e eu fiquei chupando o dedo. Pelo jeito o tempo ia demorar a passar.
- Vou almoçar sozinha, mas vou – a Alexia foi ao meu encontro.
- Bom almoço!
- Muito obrigada.
Fiquei pensando naquela música boa parte do meu dia. Ela era feita pra mim, só podia.
“Quase que acabo com a minha vida...”; eu quase acabei mesmo. Tentar colocar um ponto final na minha vida foi a maior burrada que eu já fiz em toda a minha existência.
“Você me pôs num beco sem saída...”; e ele coloocu mesmo. Foi assim que eu me senti. Em um beco sem saída, onde a minha única alternativa era cometer o suicídio.
“Por que fez isso comigo?”; aquela era uma pergunta sem resposta, pelo menos até aquele momento. Será que um dia eu ia saber por que o Bruno me abandonou?
- Tudo bem aí, Caio? – Eduarda foi falar comigo.
- Tudo em ordem, patroa.
- Gostando do seu primeiro dia?
- Muito. Muito divertido.
- Sério mesmo? – Eduarda era muito simpática e legal.
- Sim. Ainda mais depois que você ligou o rádio e essas músicas animadas começaram a tocar.
- Eu tinha esquecido, acredita? Acho que estou ficando gagá.
- Que horror! – dei risada.
- Seu topete está caindo, viu?
- Ah, eu sei. É por isso que eu não gosto de arrepiar meu cabelo, ele não segura gel.
- É porque ele é bem lisinho. Queria eu ter um cabelo assim.
- Seu cabelo é muito lindo – falei.
- Ah, muito obrigada. Você é um gentleman!
- Quem me dera!
- Duda, tem um cliente querendo falar contigo – uma vendedora muito bonita deu dois cutucões nas costas da minha gerente.
- Por que? O que houve?
- Uma troca que eu neguei.
- Negou? Mas negou por que, Bia?
- Porque ele comprou o produto na semana passada. Já passou das 72 horas, agora é com o fabricante.
- Vamos ver lá...
Percebi que o Carlos estava sem cliente e não pensei duas vezes em ir falar com ele. O garoto estava muito bonitinho com aquele uniforme novinho em folha.
- E aí, vendendo muito?
- Acabei de vender uma televisão e você?
- Já vendi pra dois.
- Hum, mandando bem como sempre, né?
- Que nada, é meu primeiro dia, estou apenas engatinhando ainda.
- Você vai chegar longe aqui.
- Por que diz isso?
- Porque você é inteligente e eu sinto que você vai crescer na empresa.
- Tomara!
- Acho que vou almoçar, estou morrendo de fome!
- Imagino. Esse horário deve ser ruim.
- Um pouco, mas logo eu acostumo. Eu poderia ter almoçado antes de vir, mas eu preciso acostumar meu organismo a comer um pouco mais tarde até começar a faculdade.
- Verdade. Vai fazer qual curso?
- Farmácia.
- Hum, bacana. Mas dizem que mexe com defunto, é verdade?
- É sim, mas eu nem ligo. Não me importo com isso não.
- Deus me livre e guarde!
Ele riu.
- Você tem medo?
- Não é exatamente medo, é pavor!
- Eles nem fazem nada com você, Caio – Carlos riu de novo.
- Mesmo assim. Deixa eles lá e eu aqui!
- Bobo, até com medo você fica lindo, sabia?
Não consegui responder nada. Abri a boca pra falar alguma coisa, mas não saiu nenhum som. Senti minhas bochechas queimarem de vergonha novamente.
- Assim você me deixa sem graça! – falei depois de um tempo.
- Não é a minha intenção, acredite.
- Obrigado pelo elogio...
- Eu só falei a verdade. Um cliente, vou atender...
- Vai lá, boa sorte!
Não consegui vender mais nada durante todo o dia e
também não tirei mais aquela música de dentro da minha cabeça.
- Pode chorar, mas eu não volto pra você... – cantarolei no final do expediente.
- Desde quando você gosta de sertanejo, Caio Monteiro, Monteiro, Monteiro? – perguntou Janaína.
- É um Monteiro só, Janaína Santos, Santos, Santos.
- Me responde Caio Monteiro, Monteiro, Monteiro!
- E essa música é sertanejo, é?
- Claro que é!
- A letra é incrível, incrível, incrível! Ela foi escrita pra mim, juro por Deus.
- Boa, né? Não tinha ouvido antes?
- Foi a primeira vez que ouvi hoje. E eu amei!
- Boa mesmo. E aí, quantos milhões de reais você vendeu hoje?
- Não cheguei nem nos 3 mil, minha filha. Que dirá em milhões. E você?
- Vendi uma mesa, duas cozinhas completas e uma cômoda.
- Vadia!
Ela caiu na gargalhada.
- Sou vendedora desde que nasci, meu querido. Eu tenho muita lábia!
- Coitados dos clientes, eles compram pra você calar a boca e não encher mais o saco deles.
- Bem por aí mesmo, mas tá valendo. O importante é receber minha comissão no final do mês.
- Desse jeito você vai levar a loja à falência, de tanto que vai receber comissão!
- Ou eu ganho bem agora ou eu não me chamo Janaína Santos!
Antes de sair da loja, fui me despedir da minha chefe e também dos meus amigos, que ainda iam ficar trabalhando.
- Boa noite, Caio! Parabéns pelo dia de hoje. Você foi muito bem.
- Obrigado, Duda! Até amanhã então.
- Até amanhã e bom descanso!
- Posso falar com meus amigos rapidinho?
- Claro que pode, fica tranquilo.
A Alexia estava cantarolando uma música do Víctor e Léo. Automaticamente lembrei do meu melhor amigo e o idiota do Leonardo.
- Amo essa música – ela abriu um sorriso tímido.
- Eu já ouvi várias vezes, mas ela não agrega nada à minha vida não. Como se chama?
- Fada.
- Ah, sim. Eu curti muito uma que tocou hoje no começo do dia, mas não sei o nome não.
- Nem pra isso você serve, criatura!
- Olha só, eu ia me despedir de você, mas depois dessa eu quero é que você se lasque todinha aí até o final do expediente, viu?
Ela riu e me agarrou.
- Brincadeira, amor meu! Sabe que eu te amo, né?
- Deixa seu namorado ouvir isso, ele te mata e me mata por tabela.
- Mata nada! Ele é inofensivo.
- Tenho medo daquele monte de músculos ambulante. Vou nessa, boa noite e bom término aí.
- Obrigada, bom descanso e vai pela sombra.
- Pode deixar, a essa hora não tem mais sol mesmo.
- Idiota!!!
Ele ficou me olhando fixamente até eu chegar onde ele estava. Como estava bonitinho com aquele uniforme!
- Já vai?
- Uhum.
- Que pena, não terei mais estímulos para trabalhar – Henrique suspirou.
- Bobo! Vou me despedir que tenho que sair...
- Boa noite então...
- Boa noite e bom término. Amanhã a gente se vê!
- Com certeza. Vou dormir pensando em você hoje.
- Vai?
- Vou. Você está lindo demais com esse cabelinho arrepiado.
- O gel já saiu e ele já voltou ao normal.
- Mas mesmo assim você continua muito lindo!
- Já disse que assim você me deixa sem graça.
- E eu já disse que estou sendo sincero.
- Você também é lindo – falei baixinho. – E eu vou nessa. Até amanhã!
- Até amanhã, se cuida e boa noite.
- Boa noite!

- Pode chorar, mas eu não volto pra você... – cantarolei no final do expediente.
- Desde quando você gosta de sertanejo, Caio Monteiro, Monteiro, Monteiro? – perguntou Janaína.
- É um Monteiro só, Janaína Santos, Santos, Santos.
- Me responde Caio Monteiro, Monteiro, Monteiro!
- E essa música é sertanejo, é?
- Claro que é!
- A letra é incrível, incrível, incrível! Ela foi escrita pra mim, juro por Deus.
- Boa, né? Não tinha ouvido antes?
- Foi a primeira vez que ouvi hoje. E eu amei!
- Boa mesmo. E aí, quantos milhões de reais você vendeu hoje?
- Não cheguei nem nos 3 mil, minha filha. Que dirá em milhões. E você?
- Vendi uma mesa, duas cozinhas completas e uma cômoda.
- Vadia!
Ela caiu na gargalhada.
- Sou vendedora desde que nasci, meu querido. Eu tenho muita lábia!
- Coitados dos clientes, eles compram pra você calar a boca e não encher mais o saco deles.
- Bem por aí mesmo, mas tá valendo. O importante é receber minha comissão no final do mês.
- Desse jeito você vai levar a loja à falência, de tanto que vai receber comissão!
- Ou eu ganho bem agora ou eu não me chamo Janaína Santos!
Antes de sair da loja, fui me despedir da minha chefe e também dos meus amigos, que ainda iam ficar trabalhando.
- Boa noite, Caio! Parabéns pelo dia de hoje. Você foi muito bem.
- Obrigado, Duda! Até amanhã então.
- Até amanhã e bom descanso!
- Posso falar com meus amigos rapidinho?
- Claro que pode, fica tranquilo.
A Alexia estava cantarolando uma música do Víctor e Léo. Automaticamente lembrei do meu melhor amigo e o idiota do Leonardo.
- Amo essa música – ela abriu um sorriso tímido.
- Eu já ouvi várias vezes, mas ela não agrega nada à minha vida não. Como se chama?
- Fada.
- Ah, sim. Eu curti muito uma que tocou hoje no começo do dia, mas não sei o nome não.
- Nem pra isso você serve, criatura!
- Olha só, eu ia me despedir de você, mas depois dessa eu quero é que você se lasque todinha aí até o final do expediente, viu?
Ela riu e me agarrou.
- Brincadeira, amor meu! Sabe que eu te amo, né?
- Deixa seu namorado ouvir isso, ele te mata e me mata por tabela.
- Mata nada! Ele é inofensivo.
- Tenho medo daquele monte de músculos ambulante. Vou nessa, boa noite e bom término aí.
- Obrigada, bom descanso e vai pela sombra.
- Pode deixar, a essa hora não tem mais sol mesmo.
- Idiota!!!
Ele ficou me olhando fixamente até eu chegar onde ele estava. Como estava bonitinho com aquele uniforme!
- Já vai?
- Uhum.
- Que pena, não terei mais estímulos para trabalhar – Henrique suspirou.
- Bobo! Vou me despedir que tenho que sair...
- Boa noite então...
- Boa noite e bom término. Amanhã a gente se vê!
- Com certeza. Vou dormir pensando em você hoje.
- Vai?
- Vou. Você está lindo demais com esse cabelinho arrepiado.
- O gel já saiu e ele já voltou ao normal.
- Mas mesmo assim você continua muito lindo!
- Já disse que assim você me deixa sem graça.
- E eu já disse que estou sendo sincero.
- Você também é lindo – falei baixinho. – E eu vou nessa. Até amanhã!
- Até amanhã, se cuida e boa noite.
- Boa noite!
Fiquei surpreso ao chegar em casa e encontrar o
Rodrigo lavando a garagem. Por que será que ele estava fazendo aquilo aquela
hora da noite?
- Por que está lavando a garagem essa hora?
- Porque um gato filho da puta cagou aqui na porta de casa. Odeio gatos! – ele bufou.
- Ah, não fala assim – me derreti. – Eu sou apaixonado por gatos!
- Ah, é? Pois você caiu no meu conceito!
- O bichinho não tem culpa não, culpado é quem não educou o pobrezinho!
- Gato desgraçado, se eu pego eu mato uma porra dessas!
- Coitadinho! Quero vê-lo!
- Coitado de mim que abri a porta e vi aquela nojeira no batente. Da próxima vez vou fazer você limpar!
- Coitadinho, será que é bonito?
- Bonito? Bonito? Faz favor, né Caiô? Aqui não é lugar pra gato cagar não!
- Coitadinho, eu quero conhecê-lo. Será que é de algum vizinho?
- Por mim pode ser do Papa, continuo não gostando de gatos!
Ele estava bravo mesmo, mas o gatinho não tinha culpa nessa história.
- Vou caçá-lo na vizinhança – falei. – Adoro gatos! Tomara que não tenha dono.
- Pra quê? – Rodrigo arregalou os olhos. – Você não vai me inventar de criar gatos, vai?
- Se for bonitinho, novinho e não tiver dono eu vou sim. O bichinho deve estar passando fome...
- É o gato entrar pela porta da frente e você sair pela janela da sala – ele foi firme e eu caí na risada.
- Vai ter coragem de me mandar embora?
- Sem nem pensar duas vezes. Coloca uma porra de gato dentro de casa pra você ver!
- O que você tem contra os felinos? – comecei a me frustrar.
- Tudo! Gato não serve pra nada. Bicho inútil, viu?
- Inútil é você! Para de falar mal dos coitados dos gatos que eles não têm culpa do seu desprezo.
- Olha o respeito, hein?
- Nós vamos mesmo brigar por causa desse gato?
- Não, não vamos, mas estou falando sério! Não me invente de vir com um animal desses pra dentro de casa, por favor!
- Eu adoraria, mas isso infelizmente não depende só de mim não é?
- Ainda bem que você reconhece.
- Você é muito chato!
- Mudando de assunto, como foi seu primeiro dia?
- Bacana. Adorei o local, o ambiente é muito gostoso. Pessoal animado.
- Aí vale a pena!
- Você bem que podia trabalhar lá comigo.
- Não, obrigado. Quero fazer meu estágio.
- Você é quem sabe, né? Vou pra ducha, estou mortinho. Amanhã eu procuro meu vizinho.
- Que vizinho?
- O gatinho!
- Só Jesus na causa, só Jesus na causa!
- Por que está lavando a garagem essa hora?
- Porque um gato filho da puta cagou aqui na porta de casa. Odeio gatos! – ele bufou.
- Ah, não fala assim – me derreti. – Eu sou apaixonado por gatos!
- Ah, é? Pois você caiu no meu conceito!
- O bichinho não tem culpa não, culpado é quem não educou o pobrezinho!
- Gato desgraçado, se eu pego eu mato uma porra dessas!
- Coitadinho! Quero vê-lo!
- Coitado de mim que abri a porta e vi aquela nojeira no batente. Da próxima vez vou fazer você limpar!
- Coitadinho, será que é bonito?
- Bonito? Bonito? Faz favor, né Caiô? Aqui não é lugar pra gato cagar não!
- Coitadinho, eu quero conhecê-lo. Será que é de algum vizinho?
- Por mim pode ser do Papa, continuo não gostando de gatos!
Ele estava bravo mesmo, mas o gatinho não tinha culpa nessa história.
- Vou caçá-lo na vizinhança – falei. – Adoro gatos! Tomara que não tenha dono.
- Pra quê? – Rodrigo arregalou os olhos. – Você não vai me inventar de criar gatos, vai?
- Se for bonitinho, novinho e não tiver dono eu vou sim. O bichinho deve estar passando fome...
- É o gato entrar pela porta da frente e você sair pela janela da sala – ele foi firme e eu caí na risada.
- Vai ter coragem de me mandar embora?
- Sem nem pensar duas vezes. Coloca uma porra de gato dentro de casa pra você ver!
- O que você tem contra os felinos? – comecei a me frustrar.
- Tudo! Gato não serve pra nada. Bicho inútil, viu?
- Inútil é você! Para de falar mal dos coitados dos gatos que eles não têm culpa do seu desprezo.
- Olha o respeito, hein?
- Nós vamos mesmo brigar por causa desse gato?
- Não, não vamos, mas estou falando sério! Não me invente de vir com um animal desses pra dentro de casa, por favor!
- Eu adoraria, mas isso infelizmente não depende só de mim não é?
- Ainda bem que você reconhece.
- Você é muito chato!
- Mudando de assunto, como foi seu primeiro dia?
- Bacana. Adorei o local, o ambiente é muito gostoso. Pessoal animado.
- Aí vale a pena!
- Você bem que podia trabalhar lá comigo.
- Não, obrigado. Quero fazer meu estágio.
- Você é quem sabe, né? Vou pra ducha, estou mortinho. Amanhã eu procuro meu vizinho.
- Que vizinho?
- O gatinho!
- Só Jesus na causa, só Jesus na causa!
Parece que eu pisquei os olhos e acordei na manhã
seguinte. Mais uma vez o Fabrício estava deitado pro meu lado, mas naquela
manhã ele não estava excitado.
- Delícia... – suspirei baixinho.
Nada melhor que acordar com uma visão daquelas. Ainda bem que ele confiava em mim e não tinha vergonha em ficar pelado na minha frente. Queria eu que todos os integrantes da república fossem como ele.
Levantei com vontade de continuar na cama. Quando engoli a saliva da minha boca, senti novamente dor na minha garganta. Será que eu ia ficar doente de novo?
Só era o que me faltava ficar doente no começo da minha jornada de trabalho! Isso definitivamente não poderia acontecer.
- Bom dia, Caio – Fabrício se mexeu e em seguida coçou os olhos.
- Bom dia, mano. Dormiu bem?
- Bem e você?
- Bem também.
- Joga minha bermuda aí, por favor?
Peguei a bermuda dele que estava jogada no chão e joguei em cima da cama do meu amigo.
- Valeu.
- Vai levantar não?
- Vou, mas tenho que me vestir, né? Vou sair peladão pela casa por acaso?
- Nem teria problema – deduzi.
- Prefiro evitar o choque – ele sorriu.
Foi uma briga pra entrar no chuveiro. Eu, o próprio Fabrício, o Vini e o Éverton ficamos disputando o banheiro e quase perdemos a hora por conta disso.
- Menos de 5 minutos – mandou o pintor de rodapé.
- Pode deixar, é rápido – Fabrício garantiu.
- Enquanto você toma banho deixa eu escovar os dentes? – perguntou Vinícius.
- Não, pô! Que falta de privacidade é essa?
- Ah, pelo amor! Vai ficar com frescura agora? – o médico entrou no banheiro junto com meu colega de quarto.
- Ih – Éverton gemeu e me olhou. – Aí tem coisa.
- Que coisa?
- Os dois no banheiro ao mesmo tempo? Eu, hein?! – ele abriu um sorriso sarcástico.
- Nada a ver, eles são amigos. Isso é normal.
- Sei...
Só por esses sinais eu percebi que ele era preconceituoso. Não senti que o nanico estivesse brincando. Isso me deixou com a orelha em pé, eu tinha que ter uma atenção redobrada perto daquele garoto.
Fui o último a entrar e isso fez com que eu pudesse ficar um pouco a mais debaixo do chuveiro, embora já estivesse quase atrasado.
- Vai demorar, Caio? – Fabrício bateu na porta e tentou abrir o trinco. Lembrei que o Gabriel sempre fazia isso no hotel em São Paulo.
- Só mais dois minutinhos, por quê?
- Quero escovar os dentes. Abre aí...
- Espera, eu já estou terminando!
E terminei rapidinho mesmo. Antes de abrir, coloquei minha cueca e me enrolei na toalha. Por mais que todos ali fossem amigos, eu não queria que ninguém me visse pelado. Não mesmo!
- Pronto. Todo seu.
- Muito obrigado!
- Por nada. Anda logo, senão a gente se atrasa.
- Vai arrepiar os cabelos hoje?
- Hoje não porque não dá mais tempo. Quem sabe amanhã?!
- Quase perdemos a hora hoje, hein?
- O problema foi essa briga no banheiro. Amanhã vou levantar um pouco mais cedo.

- Delícia... – suspirei baixinho.
Nada melhor que acordar com uma visão daquelas. Ainda bem que ele confiava em mim e não tinha vergonha em ficar pelado na minha frente. Queria eu que todos os integrantes da república fossem como ele.
Levantei com vontade de continuar na cama. Quando engoli a saliva da minha boca, senti novamente dor na minha garganta. Será que eu ia ficar doente de novo?
Só era o que me faltava ficar doente no começo da minha jornada de trabalho! Isso definitivamente não poderia acontecer.
- Bom dia, Caio – Fabrício se mexeu e em seguida coçou os olhos.
- Bom dia, mano. Dormiu bem?
- Bem e você?
- Bem também.
- Joga minha bermuda aí, por favor?
Peguei a bermuda dele que estava jogada no chão e joguei em cima da cama do meu amigo.
- Valeu.
- Vai levantar não?
- Vou, mas tenho que me vestir, né? Vou sair peladão pela casa por acaso?
- Nem teria problema – deduzi.
- Prefiro evitar o choque – ele sorriu.
Foi uma briga pra entrar no chuveiro. Eu, o próprio Fabrício, o Vini e o Éverton ficamos disputando o banheiro e quase perdemos a hora por conta disso.
- Menos de 5 minutos – mandou o pintor de rodapé.
- Pode deixar, é rápido – Fabrício garantiu.
- Enquanto você toma banho deixa eu escovar os dentes? – perguntou Vinícius.
- Não, pô! Que falta de privacidade é essa?
- Ah, pelo amor! Vai ficar com frescura agora? – o médico entrou no banheiro junto com meu colega de quarto.
- Ih – Éverton gemeu e me olhou. – Aí tem coisa.
- Que coisa?
- Os dois no banheiro ao mesmo tempo? Eu, hein?! – ele abriu um sorriso sarcástico.
- Nada a ver, eles são amigos. Isso é normal.
- Sei...
Só por esses sinais eu percebi que ele era preconceituoso. Não senti que o nanico estivesse brincando. Isso me deixou com a orelha em pé, eu tinha que ter uma atenção redobrada perto daquele garoto.
Fui o último a entrar e isso fez com que eu pudesse ficar um pouco a mais debaixo do chuveiro, embora já estivesse quase atrasado.
- Vai demorar, Caio? – Fabrício bateu na porta e tentou abrir o trinco. Lembrei que o Gabriel sempre fazia isso no hotel em São Paulo.
- Só mais dois minutinhos, por quê?
- Quero escovar os dentes. Abre aí...
- Espera, eu já estou terminando!
E terminei rapidinho mesmo. Antes de abrir, coloquei minha cueca e me enrolei na toalha. Por mais que todos ali fossem amigos, eu não queria que ninguém me visse pelado. Não mesmo!
- Pronto. Todo seu.
- Muito obrigado!
- Por nada. Anda logo, senão a gente se atrasa.
- Vai arrepiar os cabelos hoje?
- Hoje não porque não dá mais tempo. Quem sabe amanhã?!
- Quase perdemos a hora hoje, hein?
- O problema foi essa briga no banheiro. Amanhã vou levantar um pouco mais cedo.
Quando entrei na loja, o som já estava ligado.
Ainda faltavam 10 minutos pro shopping abrir e os únicos que ocupavam toda a
filial eram os funcionários.
- Bom dia! – Eduarda me cumprimentou.
- Bom dia, chefa! Tudo bom?
- Tudo ótimo e com você?
- Bem também.
- E esses olhinhos inchados?
- Acho que foi excesso ou falta de sono, não sei.
A minha garganta ainda estava arranhando e eu senti um calafrio percorrer o meu corpo. Algo me dizia que eu ia mesmo ficar doente.
- Hoje nós teremos a apresentação do novo gerente, viu?
- Como assim novo gerente? Você vai sair? – fiquei com medo.
- Não, não vou – ela sorriu. – Ele vai vir somar forças comigo. Seremos dois.
- Nossa, mas por que dois?
- Porque eu não posso ficar trabalhando 12 horas por dia, Caio. É muito tempo e eu fico doidinha.
- Ah, entendi. É um homem?
- Sim. é um homem. Por quê?
- Prefiro trabalhar com mulheres – falei a verdade. Acho que fiquei com trauma do Ivan.
- Ele é muito gente fina, você vai adorá-lo.
- Duvido que ele seja mais legal que você!
Fui dar um beijo na Janaína e aproveitei que a loja estava vazia pra prosear um pouco com minha amiga:
- E aí, como tem se sentido? – ela me perguntou.
- Muito bem e você?
- Ótima. Ultimamente a gente não teve mais oportunidade de conversar direito. E aí, como anda seu coraçãozinho com relação ao que aconteceu lá em São Paulo?
- Em ordem, Jana. Desde aquele sonho eu coloquei na minha cabeça que não devo mais chorar por eles e não tenho chorado mesmo. É claro que a saudade continua aqui dentro do meu peito, mas não vou mais chorar.
- Isso é o que importa, porque eles não merecem mesmo seus sentimentos. Sua mãe é uma cobra, ela é uma naja daquelas bem venenosas.
- Não fala assim dela!
- É verdade, não a defenda, por favor. Mas de uma coisa eu tenho certeza!
- Do quê?
- Pode apostar, pode escrever o que eu estou te falando: um dia eles ainda vão precisar de você.
- Duvido. Eles me odeiam!
- Eles vão precisar de você, pode apostar. E aqui se faz, aqui se paga. Tudo o que eles te fizeram, toda a humilhação que eles fizeram você passar, cairá sobre todos eles um dia. Deus é muito justo, Caio.
- Não quero que eles paguem não. Eu não guardo rancor.
- Justamente, você não quer, mas Deus fará que isso aconteça.
- Por que você está me falando isso só agora? – perguntei.
- Porque eu quis dar um tempo pra você digerir tudo e também porque não tive oportunidade de te falar isso antes – ela arrumou a gola da minha camisa.
- Gosto muito de você, sabia?
- Eu também, te adoro! – a gente se abraçou.
A Janaína estava se saindo uma excelente amiga. Acho que eu já poderia considerá-la minha “best friend” do sexo feminino.
- Sempre conte comigo – ela falou baixinho. – Sempre, sempre, sempre, sempre!
- Você também pode contar comigo sempre!
- Sei disso, seu lindo!
- Que romântico – o Gabriel apareceu perto da gente. – Aqui não é lugar de namorar, meninos.
- Eu? Namorar esse pivete? Olha pra minha cara, né Gabo?
- Obrigado, Jana! Eu também te amo. E eu não vou querer namorar uma Dercy Gonçalves como ela, né Gabo?
- Dercy Gonçalves é o caralho! – ela bufou de raiva e me deu um peteleco na cabeça. – Você me respeita, tá ouvindo?
Gabriel só deu risada. Ele estava tão bombado que as mangas da camisa estavam extremamente apertadas.
- Fiquei sabendo que nós teremos um novo gerente – comentei.
- É mesmo? E a Eduarda? – sondou Gabriel.
- Serão dois, um pra cada turno. Ela disse que não aguenta ficar os dois períodos sozinha.
- A coitada fica muito sobrecarregada mesmo – falou Janaína. – Mais do que merecido ganhar uma ajudinha.
- Bom dia! – Eduarda me cumprimentou.
- Bom dia, chefa! Tudo bom?
- Tudo ótimo e com você?
- Bem também.
- E esses olhinhos inchados?
- Acho que foi excesso ou falta de sono, não sei.
A minha garganta ainda estava arranhando e eu senti um calafrio percorrer o meu corpo. Algo me dizia que eu ia mesmo ficar doente.
- Hoje nós teremos a apresentação do novo gerente, viu?
- Como assim novo gerente? Você vai sair? – fiquei com medo.
- Não, não vou – ela sorriu. – Ele vai vir somar forças comigo. Seremos dois.
- Nossa, mas por que dois?
- Porque eu não posso ficar trabalhando 12 horas por dia, Caio. É muito tempo e eu fico doidinha.
- Ah, entendi. É um homem?
- Sim. é um homem. Por quê?
- Prefiro trabalhar com mulheres – falei a verdade. Acho que fiquei com trauma do Ivan.
- Ele é muito gente fina, você vai adorá-lo.
- Duvido que ele seja mais legal que você!
Fui dar um beijo na Janaína e aproveitei que a loja estava vazia pra prosear um pouco com minha amiga:
- E aí, como tem se sentido? – ela me perguntou.
- Muito bem e você?
- Ótima. Ultimamente a gente não teve mais oportunidade de conversar direito. E aí, como anda seu coraçãozinho com relação ao que aconteceu lá em São Paulo?
- Em ordem, Jana. Desde aquele sonho eu coloquei na minha cabeça que não devo mais chorar por eles e não tenho chorado mesmo. É claro que a saudade continua aqui dentro do meu peito, mas não vou mais chorar.
- Isso é o que importa, porque eles não merecem mesmo seus sentimentos. Sua mãe é uma cobra, ela é uma naja daquelas bem venenosas.
- Não fala assim dela!
- É verdade, não a defenda, por favor. Mas de uma coisa eu tenho certeza!
- Do quê?
- Pode apostar, pode escrever o que eu estou te falando: um dia eles ainda vão precisar de você.
- Duvido. Eles me odeiam!
- Eles vão precisar de você, pode apostar. E aqui se faz, aqui se paga. Tudo o que eles te fizeram, toda a humilhação que eles fizeram você passar, cairá sobre todos eles um dia. Deus é muito justo, Caio.
- Não quero que eles paguem não. Eu não guardo rancor.
- Justamente, você não quer, mas Deus fará que isso aconteça.
- Por que você está me falando isso só agora? – perguntei.
- Porque eu quis dar um tempo pra você digerir tudo e também porque não tive oportunidade de te falar isso antes – ela arrumou a gola da minha camisa.
- Gosto muito de você, sabia?
- Eu também, te adoro! – a gente se abraçou.
A Janaína estava se saindo uma excelente amiga. Acho que eu já poderia considerá-la minha “best friend” do sexo feminino.
- Sempre conte comigo – ela falou baixinho. – Sempre, sempre, sempre, sempre!
- Você também pode contar comigo sempre!
- Sei disso, seu lindo!
- Que romântico – o Gabriel apareceu perto da gente. – Aqui não é lugar de namorar, meninos.
- Eu? Namorar esse pivete? Olha pra minha cara, né Gabo?
- Obrigado, Jana! Eu também te amo. E eu não vou querer namorar uma Dercy Gonçalves como ela, né Gabo?
- Dercy Gonçalves é o caralho! – ela bufou de raiva e me deu um peteleco na cabeça. – Você me respeita, tá ouvindo?
Gabriel só deu risada. Ele estava tão bombado que as mangas da camisa estavam extremamente apertadas.
- Fiquei sabendo que nós teremos um novo gerente – comentei.
- É mesmo? E a Eduarda? – sondou Gabriel.
- Serão dois, um pra cada turno. Ela disse que não aguenta ficar os dois períodos sozinha.
- A coitada fica muito sobrecarregada mesmo – falou Janaína. – Mais do que merecido ganhar uma ajudinha.
Quando meus amigos e eu voltamos do nosso horário
de almoço, os demais funcionários já haviam entrado na empresa. Percebemos que
a Alexia tinha pintado os cabelos e havia ficado ruiva.

- Que máximo – Janaína aprovou o resultado. – Ficou excelente!
- Obrigada. Gostaram meninos?
- Ficou legal – aprovei.
- Você fica linda de qualquer jeito, só não me apareça careca.
- Não é a minha intenção, fique tranquilo – ela riu. – Caio, cadê seu cabelo arrepiado?
- De folga. Acordei atrasado, não tive tempo de fazer.
- O Caio poderia fazer umas luzes, né? – Janaína passou a mão no meu cabelo. – Ia ficar lindo, porque seu cabelo é lisinho. AI QUE INVEJA!
- Já me falaram isso, mas eu não tenho vontade.
- Fresco!
Eduarda foi ao nosso encontro já com ar de cansaço. Ela encostou na Janaína, suspirou e disse:
- Meninos, venham comigo que eu tenho que apresentar o novo gerente. Alexia, seu cabelo ficou lindo.
- Obrigada, patroa!
Nós a acompanhamos até o fundo da loja. Era um cara alto, magro e com aparência de bonachão. Ele tinha o rosto bonito e usava barba. Era um homem bonito.
- Equipe, esse é o Jonas. À partir de hoje ele faz parte da nossa loja e também será o gerente de vocês. Ele veio pra me dar um suporte porque eu não dou conta da loja sozinha e também não consigo mais ficar os dois turnos aqui. Então, se precisarem também podem recorrer a ele, tudo bem?
- Sim – nós concordamos.
- Quer falar alguma coisa, Jonas? – perguntou Duda.
- Não, Duda. Você disse tudo. Precisando, falem comigo.
O cara tinha a voz bem calma. Ele aparentava ser tão legal quanto a nossa chefa.
- Que gato – a Janaína murmurou quando a gente saiu de perto dele.
- Você achou? – perguntei baixinho.
- Você não?
- Não faz meu tipo, é magro demais.
- Sou louca por homem de barba. Adoro quando a barba roça em determinadas partes do meu corpo...
- Poupe-me dos detalhes sórdidos.
- Algo me diz que eu vou me dar muito bem com ele!
- Só era o que me faltava...
Henrique foi falar comigo pouco tempo depois. Ele estendeu a mão, olhou no fundo dos meus olhos e disse:
- Eu quero falar com você.
- Sobre? – apertei a mão dele.
- Você ainda pergunta?
- Só me falar quando e onde.
- Você gosta de chocolate?
- Amo – confessei.
- Pra você então – ele tirou uma barrinha de chocolate do bolso da camisa.
- Pra mim? – meus olhos brilharam.
- Sim! Pra adoçar o seu dia...
- Nossa, muito obrigado! Acertou em cheio.
- Que bom.
Não tivemos tempo de conversar muito pois a loja estava bem movimentada. Minutos depois de falar com o Henrique, fechei a primeira venda do dia.

- Que máximo – Janaína aprovou o resultado. – Ficou excelente!
- Obrigada. Gostaram meninos?
- Ficou legal – aprovei.
- Você fica linda de qualquer jeito, só não me apareça careca.
- Não é a minha intenção, fique tranquilo – ela riu. – Caio, cadê seu cabelo arrepiado?
- De folga. Acordei atrasado, não tive tempo de fazer.
- O Caio poderia fazer umas luzes, né? – Janaína passou a mão no meu cabelo. – Ia ficar lindo, porque seu cabelo é lisinho. AI QUE INVEJA!
- Já me falaram isso, mas eu não tenho vontade.
- Fresco!
Eduarda foi ao nosso encontro já com ar de cansaço. Ela encostou na Janaína, suspirou e disse:
- Meninos, venham comigo que eu tenho que apresentar o novo gerente. Alexia, seu cabelo ficou lindo.
- Obrigada, patroa!
Nós a acompanhamos até o fundo da loja. Era um cara alto, magro e com aparência de bonachão. Ele tinha o rosto bonito e usava barba. Era um homem bonito.
- Equipe, esse é o Jonas. À partir de hoje ele faz parte da nossa loja e também será o gerente de vocês. Ele veio pra me dar um suporte porque eu não dou conta da loja sozinha e também não consigo mais ficar os dois turnos aqui. Então, se precisarem também podem recorrer a ele, tudo bem?
- Sim – nós concordamos.
- Quer falar alguma coisa, Jonas? – perguntou Duda.
- Não, Duda. Você disse tudo. Precisando, falem comigo.
O cara tinha a voz bem calma. Ele aparentava ser tão legal quanto a nossa chefa.
- Que gato – a Janaína murmurou quando a gente saiu de perto dele.
- Você achou? – perguntei baixinho.
- Você não?
- Não faz meu tipo, é magro demais.
- Sou louca por homem de barba. Adoro quando a barba roça em determinadas partes do meu corpo...
- Poupe-me dos detalhes sórdidos.
- Algo me diz que eu vou me dar muito bem com ele!
- Só era o que me faltava...
Henrique foi falar comigo pouco tempo depois. Ele estendeu a mão, olhou no fundo dos meus olhos e disse:
- Eu quero falar com você.
- Sobre? – apertei a mão dele.
- Você ainda pergunta?
- Só me falar quando e onde.
- Você gosta de chocolate?
- Amo – confessei.
- Pra você então – ele tirou uma barrinha de chocolate do bolso da camisa.
- Pra mim? – meus olhos brilharam.
- Sim! Pra adoçar o seu dia...
- Nossa, muito obrigado! Acertou em cheio.
- Que bom.
Não tivemos tempo de conversar muito pois a loja estava bem movimentada. Minutos depois de falar com o Henrique, fechei a primeira venda do dia.
E foi assim durante toda a semana. Todos os dias o
Carlos apareceu com um chocolate para mim. Será que ele queria me engordar?
O tempo estava passando rápido demais e quando eu me dei conta, nós já estávamos na sexta-feira e a Eduarda já estava fechando a escala do final de semana.
- Vai querer trabalhar domingo, Caio? – perguntou minha gerente.
- Como assim? Eu tenho direito a escolha?
- Claro que tem. É hora extra!
- Ah, é? Disso eu não sabia.
- Sabia porque eu falei no ato da sua contratação.
- Então eu não me lembrei. Sendo assim, quero. Pode colocar meu nome.
- Pode ser no mesmo horário de sempre?
- Pode! Quem vai vir?
- O Jonas. Eu vou estar de folga.
- Merecidamente, diga-se de passagem.
- Obrigada, querido.
- E aí? – ele foi falar comigo. – Você vem trabalhar ou vai folgar?
- Venho e você?
- Também venho e venho no seu horário.
- Que bom, vamos ter o dia inteiro pra conversar.
- Verdade. E vamos poder ir para casa juntos também.
- Isso depende. Onde você mora mesmo?
- Acabei de me mudar para o Catete.
- Sério? Moro lá!
- Eu sei, já te vi lá. E você também já tinha comendado.
- Como assim? Você me vê nas boates, você me vê no meu bairro... Estou começando a pensar que você anda me seguindo!
- Claro que não – ele riu. – Foi uma mera coincidência.
- Coincidência até demais.
- Relaxa, eu não vou te fazer nenhum mal, tá?
- Assim espero – brinquei e sorri.
- Posso te fazer um convite?
- Convite? Que convite?
- Quer conhecer minha casa depois do expediente no domingo?
- Conhecer sua casa? Quem vai estar lá?
- Ninguém, eu moro sozinho. Por isso disse que me mudei recentemente. Acabei de sair da casa do meu irmão.
- Sério? Só eu e você? – engoli em seco.
- Uhum – ele assentiu sorrindo.
- Vou pensar e te falo.
- Qual é? Está com medo de mim?
- Não. É que a gente nem se conhece direito, Carlos...
- Por isso estou te convidando, pra você me conhecer melhor e eu também te conhecer melhor. Aceita, vai?
- Vou pensar no seu caso, tá bom?
- Promete que pensa com carinho?
- Prometo!
O tempo estava passando rápido demais e quando eu me dei conta, nós já estávamos na sexta-feira e a Eduarda já estava fechando a escala do final de semana.
- Vai querer trabalhar domingo, Caio? – perguntou minha gerente.
- Como assim? Eu tenho direito a escolha?
- Claro que tem. É hora extra!
- Ah, é? Disso eu não sabia.
- Sabia porque eu falei no ato da sua contratação.
- Então eu não me lembrei. Sendo assim, quero. Pode colocar meu nome.
- Pode ser no mesmo horário de sempre?
- Pode! Quem vai vir?
- O Jonas. Eu vou estar de folga.
- Merecidamente, diga-se de passagem.
- Obrigada, querido.
- E aí? – ele foi falar comigo. – Você vem trabalhar ou vai folgar?
- Venho e você?
- Também venho e venho no seu horário.
- Que bom, vamos ter o dia inteiro pra conversar.
- Verdade. E vamos poder ir para casa juntos também.
- Isso depende. Onde você mora mesmo?
- Acabei de me mudar para o Catete.
- Sério? Moro lá!
- Eu sei, já te vi lá. E você também já tinha comendado.
- Como assim? Você me vê nas boates, você me vê no meu bairro... Estou começando a pensar que você anda me seguindo!
- Claro que não – ele riu. – Foi uma mera coincidência.
- Coincidência até demais.
- Relaxa, eu não vou te fazer nenhum mal, tá?
- Assim espero – brinquei e sorri.
- Posso te fazer um convite?
- Convite? Que convite?
- Quer conhecer minha casa depois do expediente no domingo?
- Conhecer sua casa? Quem vai estar lá?
- Ninguém, eu moro sozinho. Por isso disse que me mudei recentemente. Acabei de sair da casa do meu irmão.
- Sério? Só eu e você? – engoli em seco.
- Uhum – ele assentiu sorrindo.
- Vou pensar e te falo.
- Qual é? Está com medo de mim?
- Não. É que a gente nem se conhece direito, Carlos...
- Por isso estou te convidando, pra você me conhecer melhor e eu também te conhecer melhor. Aceita, vai?
- Vou pensar no seu caso, tá bom?
- Promete que pensa com carinho?
- Prometo!
- Ai, ai. Ainda bem que amanhã eu estou de folga e
vou poder dar um mergulho no Piscinão de Ramos – disse Janaína, no sábado à
noite.
- Você vai nesse lugar? – me espantei. – Credo!
- Credo por que? Qual é o seu problema com o Piscinão de Ramos?
- Dizem que lá só cola gente feia. Eu, hein?!
Alexia e Gabriel caíram na risada. Eles também estavam de folga no domingo.
- Feio é você, seu ridículo – Jana virou a cara pra mim.
- Ele tem razão, amiga – falou Alexia. – Só fui lá uma vez pra nunca mais.
- Lá só vai gente linda! Eu vou, olha que coisa mais linda, olha que espetáculo!
- Deus é mais – falou Gabriel. – Prefiro a Praia de Ipanema mesmo.
- Por isso que eu te amo, amor – Alexia deu um beijinho no rosto do amado.
- Vocês todos calem a boca e me respeitem! Vou dar meia hora de tapa na cara de cada um pra vocês aprenderem o que é bom.
- Deixa eu fazendo a minha extra mesmo, é bem melhor!
- Pelego – os três falaram ao mesmo tempo.
- Nem é questão disso, só preciso de dinheiro para comprar meu celular.
- Lembre-se desse pobre vendedor aqui – Gabriel ergueu o braço. – Tenho dois pitbulls para criar...
- Tem mesmo? – Jana se interessou.
- Tenho. Um casal. Peguei semana passada. Lindos!
- Credo – franzi o nariz. – Odeio cachorros!
Eles ficaram brigando comigo durante o resto do expediente. Será possível que eu não tinha o direito de não gostar de cães e amar gatos?
- Boa noite, Duda! Até segunda – falei.
- Boa noite, Caio. Bom descanso e boa extra amanhã!
- Muito obrigado. Boa folga.
Percorri a loja toda atrás do Jonas, mas não o encontrei então fui me despedir do Carlos e da Alexia. Meu corpo ansiava pela minha cama.
- Decidiu? – ele perguntou.
- Ainda não.
- Como você é ruim comigo, viu?
- Sou nada – mostrei a língua de brincadeira. – Tchau, até amanhã!
- Até. Pensa com carinho na minha proposta, por favor.
- Beleza. Eu penso sim.
Eu me despedi da Alexia e aproveitei para sondar se ela tinha visto nosso gerente.
- Ele avisou que ia ao banheiro.
- Ah, obrigado!
E ele estava lá mesmo. Entrei no vestiário dos homens e percebi que o Jonas estava urinando com a porta aberta.
- E aí, Caio? – ele falou quando saiu da cabine. – Indo embora?
- Sim! Passando para me despedir.
- Ah, parceiro! Que educado. Até amanhã!
Apertamos as mãos e ele me fitou.
- Até. Bom término.

- Você vai nesse lugar? – me espantei. – Credo!
- Credo por que? Qual é o seu problema com o Piscinão de Ramos?
- Dizem que lá só cola gente feia. Eu, hein?!
Alexia e Gabriel caíram na risada. Eles também estavam de folga no domingo.
- Feio é você, seu ridículo – Jana virou a cara pra mim.
- Ele tem razão, amiga – falou Alexia. – Só fui lá uma vez pra nunca mais.
- Lá só vai gente linda! Eu vou, olha que coisa mais linda, olha que espetáculo!
- Deus é mais – falou Gabriel. – Prefiro a Praia de Ipanema mesmo.
- Por isso que eu te amo, amor – Alexia deu um beijinho no rosto do amado.
- Vocês todos calem a boca e me respeitem! Vou dar meia hora de tapa na cara de cada um pra vocês aprenderem o que é bom.
- Deixa eu fazendo a minha extra mesmo, é bem melhor!
- Pelego – os três falaram ao mesmo tempo.
- Nem é questão disso, só preciso de dinheiro para comprar meu celular.
- Lembre-se desse pobre vendedor aqui – Gabriel ergueu o braço. – Tenho dois pitbulls para criar...
- Tem mesmo? – Jana se interessou.
- Tenho. Um casal. Peguei semana passada. Lindos!
- Credo – franzi o nariz. – Odeio cachorros!
Eles ficaram brigando comigo durante o resto do expediente. Será possível que eu não tinha o direito de não gostar de cães e amar gatos?
- Boa noite, Duda! Até segunda – falei.
- Boa noite, Caio. Bom descanso e boa extra amanhã!
- Muito obrigado. Boa folga.
Percorri a loja toda atrás do Jonas, mas não o encontrei então fui me despedir do Carlos e da Alexia. Meu corpo ansiava pela minha cama.
- Decidiu? – ele perguntou.
- Ainda não.
- Como você é ruim comigo, viu?
- Sou nada – mostrei a língua de brincadeira. – Tchau, até amanhã!
- Até. Pensa com carinho na minha proposta, por favor.
- Beleza. Eu penso sim.
Eu me despedi da Alexia e aproveitei para sondar se ela tinha visto nosso gerente.
- Ele avisou que ia ao banheiro.
- Ah, obrigado!
E ele estava lá mesmo. Entrei no vestiário dos homens e percebi que o Jonas estava urinando com a porta aberta.
- E aí, Caio? – ele falou quando saiu da cabine. – Indo embora?
- Sim! Passando para me despedir.
- Ah, parceiro! Que educado. Até amanhã!
Apertamos as mãos e ele me fitou.
- Até. Bom término.
Quando cheguei em casa, todos inclusive o Fabrício
estavam sentados na sala.
- Nós estávamos te esperando – falou Vinícius.
- É mesmo? Qual o motivo da reunião?
- Queremos saber se você topa dividir uma pizza – falou Maicon.
- Certeza!
- Qual você quer?
- De milho – minha barriga até roncou.
- Beleza, já vamos pedir – Fabrício tirou o telefone do gancho e discou o número da pizzaria.
Enquanto a janta não chegava, tomei meu banho e dei um jeito na minha roupa suja. Enquanto lavava minhas peças, ouvi miados e fiquei com o ouvido alerta.
- Rodrigo? – chamei pelo meu amigo. – Vem cá!
- Que foi? – ele apareceu rapidamente.
- Ouve só.
Nós ficamos em silêncio.
- O quê?!
- Fica calado que você vai ouvir.
Demorou mas o gato desconhecido miou.
- Credo! Gato desgraçado, não esqueci mais do que ele aprontou esses dias...
- O bichinho deve estar com fome... Onde será que ele está?
- Não me invente de ir atrás dele, hein?
Como éramos em 6, pedimos duas pizzas. Uma metade mussarela e metade milho e a outra metade portuguesa e metade calabresa.
Comi três pedaços: um de milho, um de mussarela e um de calabresa. Não soubrou nenhum pedaço para contar história.
- Quem vai lavar a louça?
- Hoje é dia do Éverton – falou Rodrigo.
- Já vou começar – falou o nanico.
- Pra completar só faltou um pedaço do bolo do Caio – comentou Vinícius.
- Ah, nem inventa. Eu não vou fazer bolo a essa hora da noite não. Estou cansado, com sono e preciso dormir.
- Molenga!
- Nós estávamos te esperando – falou Vinícius.
- É mesmo? Qual o motivo da reunião?
- Queremos saber se você topa dividir uma pizza – falou Maicon.
- Certeza!
- Qual você quer?
- De milho – minha barriga até roncou.
- Beleza, já vamos pedir – Fabrício tirou o telefone do gancho e discou o número da pizzaria.
Enquanto a janta não chegava, tomei meu banho e dei um jeito na minha roupa suja. Enquanto lavava minhas peças, ouvi miados e fiquei com o ouvido alerta.
- Rodrigo? – chamei pelo meu amigo. – Vem cá!
- Que foi? – ele apareceu rapidamente.
- Ouve só.
Nós ficamos em silêncio.
- O quê?!
- Fica calado que você vai ouvir.
Demorou mas o gato desconhecido miou.
- Credo! Gato desgraçado, não esqueci mais do que ele aprontou esses dias...
- O bichinho deve estar com fome... Onde será que ele está?
- Não me invente de ir atrás dele, hein?
Como éramos em 6, pedimos duas pizzas. Uma metade mussarela e metade milho e a outra metade portuguesa e metade calabresa.
Comi três pedaços: um de milho, um de mussarela e um de calabresa. Não soubrou nenhum pedaço para contar história.
- Quem vai lavar a louça?
- Hoje é dia do Éverton – falou Rodrigo.
- Já vou começar – falou o nanico.
- Pra completar só faltou um pedaço do bolo do Caio – comentou Vinícius.
- Ah, nem inventa. Eu não vou fazer bolo a essa hora da noite não. Estou cansado, com sono e preciso dormir.
- Molenga!
Cheguei na loja às 09:59. Tive que me trocar
correndo no vestiário da filial mesmo e logo de cara nós nos trombamos:
- Bom dia – falamos ao mesmo tempo.
- Bom dia – falamos de novo.
- Vai ficar me imitando mesmo? – brinquei.
- Você que está me imitando!
- Claro que não. Como vai?
- Vou bem e você?
- Bem também!
- Pensou em mim com carinho? – ele abriu um sorriso enorme.
- Pensei – suspirei. Ele era bem insistente.
- E então? Você vai na minha casa hoje?
- Vou! Mas só 5 minutinhos – falei.
- 5 minutos é insuficiente para eu beijar você, Caio – ele falou com a voz baixa.
- Bobo!
Fiquei o resto do dia ansioso e ao mesmo tempo constrangido. O que será que ia rolar entre nós dois naquela casa?
- Bom dia, equipe – falou Jonas. – Bom dia, bom dia!
Foi um dia muito tranquilo e eu consegui vender bastante. Fechei a minha primeira semana com mais de quinze vendas realizadas. Um número bom, levando-se em conta que eu era novo na empresa.
- Foi ótimo hoje, Caio – Jonas apertou meu ombro. – Obrigado por vir e parabéns pelo comprometimento.
- Conte comigo sempre que precisar!
Carlos e eu fomos embora juntos. Quando chegou no nosso bairro eu fiquei esperto. Queria saber onde ele ia descer.
Foi dois pontos depois do meu. Nós saltamos, atravessamos a rua, viramos à esquerda e logo chegamos na residência dele.
Era uma casa muito simples, mas bem arrumadinha. Havia apenas uma cozinha e um quarto. A cama dele era de casal e estava muito bem arrumada.
- Não olha a bagunça!
- Imagina, está tudo bem arrumadinho.
- Obrigado. Quer beber algo? Uma água? Um suco? Um refrigerante?
- Não, obrigado. Eu estou bem.
- Tem certeza?
- Absoluta!
Ele foi logo me beijando. Foi um beijo muito calmo, muito sereno e tranquilo. Ele acariciou meu rosto com muita cautela e aos poucos foi deslizando a mão pelas minhas costas até chegar na minha cintura.
Será que ele ia querer transar comigo logo de cara? Será que isso ia acontecer?
Henrique deitou e me puxou para cima dele. Eu tirei meus sapatos para ficar mais à vontade e deixei as coisas acontecerem naturalmente.
Ao contrário do que eu imaginei, ele não avançou o sinal comigo. As coisas foram acontecendo naturalmente e a gente só tirou a camiseta depois de mais de meia hora de beijo.
- Você é lindo demais – ele deslizou os olhos pelo meu corpo.
- Você também é! – eu estava muito excitado.
Outro beijo, este um pouco mais rápido e assanhado. Senti pelo toque do nosso corpo que ele também estava com o pau duro, mas em nenhum momento o garoto fez menção de colocá-lo pra fora.
De duas uma: ou ele era tímido, ou não queria que aquilo acontecesse tão depressa. Não sabia se ficava frustrado ou ainda mais encantado com a situação.
- Tem algo que eu quero te perguntar desde o dia em que a gente ficou pela primeira vez – ele acariciou meu rosto novamente.
- O que é?
Pausa. Carlos não tirou os olhos do meu um segundo sequer.
- Você quer namorar comigo?



- Bom dia – falamos ao mesmo tempo.
- Bom dia – falamos de novo.
- Vai ficar me imitando mesmo? – brinquei.
- Você que está me imitando!
- Claro que não. Como vai?
- Vou bem e você?
- Bem também!
- Pensou em mim com carinho? – ele abriu um sorriso enorme.
- Pensei – suspirei. Ele era bem insistente.
- E então? Você vai na minha casa hoje?
- Vou! Mas só 5 minutinhos – falei.
- 5 minutos é insuficiente para eu beijar você, Caio – ele falou com a voz baixa.
- Bobo!
Fiquei o resto do dia ansioso e ao mesmo tempo constrangido. O que será que ia rolar entre nós dois naquela casa?
- Bom dia, equipe – falou Jonas. – Bom dia, bom dia!
Foi um dia muito tranquilo e eu consegui vender bastante. Fechei a minha primeira semana com mais de quinze vendas realizadas. Um número bom, levando-se em conta que eu era novo na empresa.
- Foi ótimo hoje, Caio – Jonas apertou meu ombro. – Obrigado por vir e parabéns pelo comprometimento.
- Conte comigo sempre que precisar!
Carlos e eu fomos embora juntos. Quando chegou no nosso bairro eu fiquei esperto. Queria saber onde ele ia descer.
Foi dois pontos depois do meu. Nós saltamos, atravessamos a rua, viramos à esquerda e logo chegamos na residência dele.
Era uma casa muito simples, mas bem arrumadinha. Havia apenas uma cozinha e um quarto. A cama dele era de casal e estava muito bem arrumada.
- Não olha a bagunça!
- Imagina, está tudo bem arrumadinho.
- Obrigado. Quer beber algo? Uma água? Um suco? Um refrigerante?
- Não, obrigado. Eu estou bem.
- Tem certeza?
- Absoluta!
Ele foi logo me beijando. Foi um beijo muito calmo, muito sereno e tranquilo. Ele acariciou meu rosto com muita cautela e aos poucos foi deslizando a mão pelas minhas costas até chegar na minha cintura.
Será que ele ia querer transar comigo logo de cara? Será que isso ia acontecer?
Henrique deitou e me puxou para cima dele. Eu tirei meus sapatos para ficar mais à vontade e deixei as coisas acontecerem naturalmente.
Ao contrário do que eu imaginei, ele não avançou o sinal comigo. As coisas foram acontecendo naturalmente e a gente só tirou a camiseta depois de mais de meia hora de beijo.
- Você é lindo demais – ele deslizou os olhos pelo meu corpo.
- Você também é! – eu estava muito excitado.
Outro beijo, este um pouco mais rápido e assanhado. Senti pelo toque do nosso corpo que ele também estava com o pau duro, mas em nenhum momento o garoto fez menção de colocá-lo pra fora.
De duas uma: ou ele era tímido, ou não queria que aquilo acontecesse tão depressa. Não sabia se ficava frustrado ou ainda mais encantado com a situação.
- Tem algo que eu quero te perguntar desde o dia em que a gente ficou pela primeira vez – ele acariciou meu rosto novamente.
- O que é?
Pausa. Carlos não tirou os olhos do meu um segundo sequer.
- Você quer namorar comigo?
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