B
|
runo. Então o nome dele era Bruno... Até aquele momento eu não
conhecia nenhum garoto com aquele nome...

- Que mal-educado, desculpa. Muito prazer, Bruno.
- O prazer foi meu.
- Bem-vindo à equipe. Se precisar de ajuda, pode contar.
- Valeu.
Nós ficamos parados um olhando nos olhos do outro. Não sabia o que eu estava sentindo por aquele garoto, mas definitivamente eu não conseguia parar de olhar pra ele. Bruno... Por que será que ele tinha me chamado tanto a atenção???


- Que mal-educado, desculpa. Muito prazer, Bruno.
- O prazer foi meu.
- Bem-vindo à equipe. Se precisar de ajuda, pode contar.
- Valeu.
Nós ficamos parados um olhando nos olhos do outro. Não sabia o que eu estava sentindo por aquele garoto, mas definitivamente eu não conseguia parar de olhar pra ele. Bruno... Por que será que ele tinha me chamado tanto a atenção???
- Você não vai embora? – perguntou Leonardo.
|
- Vou sim – respondi. – Até amanhã então, Bruno.
- Até – ele respondeu e sorriu.
Eu e o meu amigo saímos da Central de Atendimento e fomos direto aos armários pra pegar as nossas coisas. O corredor estava abarrotado de pessoas por causa do fim do expediente.

- Gostou dele? – Léo me perguntou quando nós já estávamos na rua.
- Hã?
- Você gostou dele, não gostou?
- De quem? Tá doido, é?
- Do menino que estava fazendo escuta com você...
- Ah, é claro que não. Não seja idiota.
- Sei... Eu percebi o jeito que você estava olhando pra ele!
- Jeito? Que jeito? Você está vendo demais, isso sim!
- Jeito de quem está apaixonado – ele soltou. Meu coração parou de bater.
- Eu? Apaixonado? Bebeu? Eu nem conheço o cara, como posso estar apaixonado? Se liga, moleque!
- Nunca ouviu falar em “amor à primeira vista”?
Não tive argumentos para responder o meu amigo. Será? Será que eu tinha me apaixonado pelo Bruno sem nem ao menos conhecê-lo?

Nós entramos na estação do metrô e começamos a descer as escadas rolantes. Eu me dirigi ao mesmo lugar de sempre e fiquei esperando o trem chegar, o que não demorou a acontecer.
Como ele era lindo! O que mais me chamou a atenção naquele garoto foram os olhos azuis. Eu sempre tive uma quedinha por olhos claros. E o olhar dele era tão penetrante... Como se ele pudesse falar com os olhos...

- Caio? Vai me deixar falando sozinho? – Léo reclamou e me deu um cutucão no braço esquerdo.
- O que foi?
- Você está no mundo da lua?
- Não, eu só tô pensando.
- Pensando no Bruno?
- É claro que não!!! – senti minha pele esquentar.
- Por que não vai falar com ele? Ele está ali na frente.
- Onde? – meu coração acelerou e minha barriga gelou.
Meu amigo indicou o local e o meu estômago revirou de excitação quando meus olhos bateram em seu rosto. Ele estava rodeado de amigos e dava risada sem parar.
- Vai lá – Léo me incentivou.
- Não, Léo. Para de ser idiota, garoto. Eu não estava pensando nele.
- E estava pensando em quê então?
- Em uns problemas.
- Problemas de nome Bruno? – ele deu risada.
- Não vi a menor graça.
- Tá bom, parei. Anda, a próxima estação é a sua.
- Já? – me surpreendi.
- Já. Você realmente está no mundo da lua.
Quando eu desci do trem, fiquei olhando discretamente para saber se o Bruno havia descido, mas me decepcionei.
Enquanto eu caminhava pela calçada, fiquei pensando naquele garoto. Sempre que a voz dele ecoava na minha cabeça, um iceberg descia pela minha garganta e se alojava na minha barriga. Eu queria saber que sentimento era aquele...

- Boa noite, Seu Manollo.
- Boa noite – disse, meio rabugento.
- Na quinta-feira eu vou receber e trago o dinheiro pro resto do mês, tá bom?
- Vou ficar aguardando. Chegou essa carta pra você.
- Deve ser do Víctor – falei, mais pra mim mesmo.
Ele me entregou a correspondência e eu me surpreendi quando vi que era um cartão do banco onde eu era correntista. Só que eu não havia solicitado cartão nenhum...
- Obrigado, Seu Manollo. Boa noite.
Enquanto eu subia as escadas até meus aposentos, abri o envelope e percebi que era um cartão de crédito. Nem ousei a desbloqueá-lo, meu dinheiro mal dava pra pagar as minhas contas, que dirá ter luxo com aquele tipo de coisa...
Quando me deitei naquela noite, não pude deixar de pensar naquele menino que fez escuta comigo no trabalho. Bruno...

Por que ele tinha mexido tanto comigo? Será que o que o Leonardo dissera era realmente verdade? Será que eu tinha me apaixonado pelo Bruno?

Mas tão cedo? Tão rapidamente? Nós nem nos conhecíamos direito... Como eu poderia estar apaixonado por um cara que eu nem conhecia?
Não... Não era paixão... Eu só estava achando o carinha bonito. Bonito até demais, diga-se de passagem...
Por mais que eu tentesse, não consegui parar de pensar nele um segundo sequer. O que estava acontecendo comigo, meu Deus?
- Até – ele respondeu e sorriu.
Eu e o meu amigo saímos da Central de Atendimento e fomos direto aos armários pra pegar as nossas coisas. O corredor estava abarrotado de pessoas por causa do fim do expediente.
- Gostou dele? – Léo me perguntou quando nós já estávamos na rua.
- Hã?
- Você gostou dele, não gostou?
- De quem? Tá doido, é?
- Do menino que estava fazendo escuta com você...
- Ah, é claro que não. Não seja idiota.
- Sei... Eu percebi o jeito que você estava olhando pra ele!
- Jeito? Que jeito? Você está vendo demais, isso sim!
- Jeito de quem está apaixonado – ele soltou. Meu coração parou de bater.
- Eu? Apaixonado? Bebeu? Eu nem conheço o cara, como posso estar apaixonado? Se liga, moleque!
- Nunca ouviu falar em “amor à primeira vista”?
Não tive argumentos para responder o meu amigo. Será? Será que eu tinha me apaixonado pelo Bruno sem nem ao menos conhecê-lo?

Nós entramos na estação do metrô e começamos a descer as escadas rolantes. Eu me dirigi ao mesmo lugar de sempre e fiquei esperando o trem chegar, o que não demorou a acontecer.
Como ele era lindo! O que mais me chamou a atenção naquele garoto foram os olhos azuis. Eu sempre tive uma quedinha por olhos claros. E o olhar dele era tão penetrante... Como se ele pudesse falar com os olhos...
- Caio? Vai me deixar falando sozinho? – Léo reclamou e me deu um cutucão no braço esquerdo.
- O que foi?
- Você está no mundo da lua?
- Não, eu só tô pensando.
- Pensando no Bruno?
- É claro que não!!! – senti minha pele esquentar.
- Por que não vai falar com ele? Ele está ali na frente.
- Onde? – meu coração acelerou e minha barriga gelou.
Meu amigo indicou o local e o meu estômago revirou de excitação quando meus olhos bateram em seu rosto. Ele estava rodeado de amigos e dava risada sem parar.
- Vai lá – Léo me incentivou.
- Não, Léo. Para de ser idiota, garoto. Eu não estava pensando nele.
- E estava pensando em quê então?
- Em uns problemas.
- Problemas de nome Bruno? – ele deu risada.
- Não vi a menor graça.
- Tá bom, parei. Anda, a próxima estação é a sua.
- Já? – me surpreendi.
- Já. Você realmente está no mundo da lua.
Quando eu desci do trem, fiquei olhando discretamente para saber se o Bruno havia descido, mas me decepcionei.
Enquanto eu caminhava pela calçada, fiquei pensando naquele garoto. Sempre que a voz dele ecoava na minha cabeça, um iceberg descia pela minha garganta e se alojava na minha barriga. Eu queria saber que sentimento era aquele...
- Boa noite, Seu Manollo.
- Boa noite – disse, meio rabugento.
- Na quinta-feira eu vou receber e trago o dinheiro pro resto do mês, tá bom?
- Vou ficar aguardando. Chegou essa carta pra você.
- Deve ser do Víctor – falei, mais pra mim mesmo.
Ele me entregou a correspondência e eu me surpreendi quando vi que era um cartão do banco onde eu era correntista. Só que eu não havia solicitado cartão nenhum...
- Obrigado, Seu Manollo. Boa noite.
Enquanto eu subia as escadas até meus aposentos, abri o envelope e percebi que era um cartão de crédito. Nem ousei a desbloqueá-lo, meu dinheiro mal dava pra pagar as minhas contas, que dirá ter luxo com aquele tipo de coisa...
Quando me deitei naquela noite, não pude deixar de pensar naquele menino que fez escuta comigo no trabalho. Bruno...

Por que ele tinha mexido tanto comigo? Será que o que o Leonardo dissera era realmente verdade? Será que eu tinha me apaixonado pelo Bruno?
Mas tão cedo? Tão rapidamente? Nós nem nos conhecíamos direito... Como eu poderia estar apaixonado por um cara que eu nem conhecia?
Não... Não era paixão... Eu só estava achando o carinha bonito. Bonito até demais, diga-se de passagem...
Por mais que eu tentesse, não consegui parar de pensar nele um segundo sequer. O que estava acontecendo comigo, meu Deus?
N
|
o dia seguinte, eu me arrumei mais do que de costume. Fiquei horas
em frente ao espelho do banheiro pra poder modelar o meu cabelo do jeito que eu
queria, mas quando acabei, me senti satisfeito com o resultado.

Ao voltar pro meu quarto, percebi que o meu perfume estava acabando. Nunca gostei de ficar sem perfume... Na minha opinião, a higiene era primordial e onde quer que eu fosse, sempre gostava de estar apresentável.
Nossa, caprichou no visual hoje, hein? – meu amigo tirou o sarro.

- Vai se lascar!
- Atenção, pessoal – a Márcia começou a falar. – Todo mundo mudou de lugar. Procurem os nomes de vocês nas PAs.
Foi o maior burburinho. Ninguém gostava quando ela tomava aquele tipo de atitude, mas eu a compreendia. Se ela deixasse que a gente escolhesse os nossos lugares, o trabalho não ia render.
Quando achei o meu lugar, tratei de me sentar e começar a abrir os sistemas, não queria perder tempo, mas fui surpreendido por dois olhos azuis e acabei me atrapalhando:
- Boa tarde – disse ele, com um sorriso lindo nos lábios. – Vou ficar na sua frente.
Eu abri um sorriso espontâneo.
- Que bom!!!
- Vai me ajudar hoje?
- Sempre que você precisar – respondi de imediato.
Ele sentou e começou a mexer no computador. Eu estava tão entusiasmado por ele ter ficado na minha frente, que realmente foi difícil me concentrar no trabalho naquele dia.

Ao voltar pro meu quarto, percebi que o meu perfume estava acabando. Nunca gostei de ficar sem perfume... Na minha opinião, a higiene era primordial e onde quer que eu fosse, sempre gostava de estar apresentável.
Nossa, caprichou no visual hoje, hein? – meu amigo tirou o sarro.
- Vai se lascar!
- Atenção, pessoal – a Márcia começou a falar. – Todo mundo mudou de lugar. Procurem os nomes de vocês nas PAs.
Foi o maior burburinho. Ninguém gostava quando ela tomava aquele tipo de atitude, mas eu a compreendia. Se ela deixasse que a gente escolhesse os nossos lugares, o trabalho não ia render.
Quando achei o meu lugar, tratei de me sentar e começar a abrir os sistemas, não queria perder tempo, mas fui surpreendido por dois olhos azuis e acabei me atrapalhando:
- Boa tarde – disse ele, com um sorriso lindo nos lábios. – Vou ficar na sua frente.
Eu abri um sorriso espontâneo.
- Que bom!!!
- Vai me ajudar hoje?
- Sempre que você precisar – respondi de imediato.
Ele sentou e começou a mexer no computador. Eu estava tão entusiasmado por ele ter ficado na minha frente, que realmente foi difícil me concentrar no trabalho naquele dia.
- Gostou do seu novo lugar? – Leonardo perguntou, no nosso
intervalo.
- Amei e você?
- Não gostei muito não. Fiquei longe de todos os meus amigos.
- Ah...
Nós comemos rapidamente e quando voltamos pra Central, o Léo começou a rir.
- Agora entendi porquê você amou o seu novo lugar – ele lançou um olhar ao Bruno e deu uma risadinha.
- Não seja idiota. Vai sentar que já estamos estourando...
Sempre que eu podia, jogava meus olhos para ele e quando ele retribuía, eu desviava meus olhos com vergonha. Eu precisava achar um jeito de me aproximar daquele garoto...
- Posso te fazer uma pergunta? – ele indagou.
Pedi um momento pro meu cliente, coloquei a ligação no “mute” e dei atenção ao Bruno.
- Lógico, pode falar.
Ele me fez a pergunta e eu expliquei como ele tinha que proceder naquele caso.
- Muito obrigado.
- De nada, se precisar pode me chamar.
- Caio, tudo bem aí? – perguntou a minha supervisora.
- Tudo, por quê?
- Volta com o seu cliente, você tá há muito tempo com ele na linha. Agiliza.
- Eu estava ajudando o Bruno – me justifiquei.
- Mesmo assim, volta com o cliente.
Eu retornei com a minha cliente e dei prosseguimento ao meu atendimento, mas fiquei de olho nele, caso ele quisesse me perguntar alguma coisa.
- Amei e você?
- Não gostei muito não. Fiquei longe de todos os meus amigos.
- Ah...
Nós comemos rapidamente e quando voltamos pra Central, o Léo começou a rir.
- Agora entendi porquê você amou o seu novo lugar – ele lançou um olhar ao Bruno e deu uma risadinha.
- Não seja idiota. Vai sentar que já estamos estourando...
Sempre que eu podia, jogava meus olhos para ele e quando ele retribuía, eu desviava meus olhos com vergonha. Eu precisava achar um jeito de me aproximar daquele garoto...
- Posso te fazer uma pergunta? – ele indagou.
Pedi um momento pro meu cliente, coloquei a ligação no “mute” e dei atenção ao Bruno.
- Lógico, pode falar.
Ele me fez a pergunta e eu expliquei como ele tinha que proceder naquele caso.
- Muito obrigado.
- De nada, se precisar pode me chamar.
- Caio, tudo bem aí? – perguntou a minha supervisora.
- Tudo, por quê?
- Volta com o seu cliente, você tá há muito tempo com ele na linha. Agiliza.
- Eu estava ajudando o Bruno – me justifiquei.
- Mesmo assim, volta com o cliente.
Eu retornei com a minha cliente e dei prosseguimento ao meu atendimento, mas fiquei de olho nele, caso ele quisesse me perguntar alguma coisa.
- Hoje o dia foi puxado – o Léo comentou.
- Foi mesmo – concordou Luana.
- O que o Caio tem? – sondou Mônica.
- Ih, esse daí deu PT. Né, Caio?
- Hum? O que tem o Lula?
Todos caíram na gargalhada e eu não entendi o motivo de tanta risada.

- Do que estão rindo?
- Tô falando que ele deu PT – repetiu o Léo.
- Você está bem, Caio? – perguntou Mônica.
- Sim, por quê?
- Tem certeza? – Luana se intrometeu.
- Tenho, ué. Mas o que vocês estavam falando do Lula?
- Ninguém tá falando do Lula não, menino – riu Luana.
- A gente tá falando que você deu PT – riu Léo. – Perda total.
- Ah, entendi. Mas por que? O que eu fiz?
- Gente, ele não tá bem...
- Eu sei o que ele tem. Tá apaixonado!
- Jura? – as meninas se interessaram.
- Não começa, Léo. Não começa – eu fechei a cara.
- Por quem você está apaixonado, Caio? – minha amiga Mônica quis saber.
- Conta pra gente – a Luana ficou curiosa.
- Não estou apaixonado por ninguém, meninas. É coisa da cabeça desse idiota...
- Ah, fala... Não confia na gente?
- Eu falaria, se estivesse apaixonado. Não estou.
- Pois não é o que parece – uma delas afirmou.
- Quer saber? Me deixem am paz, tá legal? – me irritei. – Que saco, não posso nem pensar em paz...
Eles riram.
- Não fica bravo, amigo – disse Leonardo.
Não respondi e comecei a descer as escadas rolantes. Que chatice aqueles três me atrapalhando e me fazendo um monte de perguntas...
- Até amanhã, meninos – disseram as duas.
- Até.
Nós nos despedimos e elas foram pra um lado e nós pro outro.
- Não precisa ficar com essa cara – ele tentou puxar assunto.
- Me deixa quieto, tá bom?
- Prometo que não vou falar mais disso.
- Acho bom.
- Mas que você tá apaixonado, você tá – ele brincou.
- Chega, Léo. Já deu por hoje, tá legal?
Eu estava realmente irritado.
- É brincadeira, criatura... Não leve tudo ao pé da letra...
- Brincadeira tem limite.
Nós entramos no metrô e rapidamente este começou a andar.

- Quer dormir lá em casa? Meus pais foram viajar, eu estou sozinho.
- E por que a sua irmã não fica com você?
- Porque ela é enfermeira e tem plantão de madrugada hoje.
- Fica com seu cunhado, oras.
- Não rola – ele deu risada.
- Não sei não...
- Vamos, por favor?
- Não sei.
- O que custa? Eu tô te pedindo numa boa, não vou ficar falando dele não... Prometo!!!
- Tá, tá bom. Se serve pra você calar a boca eu vou.
- Isso aí. Assim que eu gosto.
- Licença? – disse uma voz masculina atrás de mim.
Quando eu me virei, meu coração foi parar no cérebro. Era ele. Era o Bruno...

- Oi – me virei para falar com ele. – Que coincidência...
- Pois é... Não quero atrapalhar, eu só vim agradecer pela ajuda que você me deu mais cedo e também pra pedir desculpas...
- Desculpas? – achei estranho.
- É que por minha causa você levou bronca da Márcia...
- Ah, que nada. Nem fica grilado com isso.
- Foi mau...
- Imagina, fica tranquilo, Bruno.
- Obrigado pela ajuda. Boa noite.
- Boa noite – eu respondi.
Ele virou e se dirigiu ao seu grupo de amigos e eu fiquei olhando ele de longe. Muito lindo...
- Alô? Alô? Planeta Terra chamando – meu amigo me sacudiu.
- O que foi?
- Acorda, chegamos!!!
- Já?
- Já... Vai descer ou vai continuar olhando pra ele?
Eu me dei conta que o trem estava parado e rapidamente comecei a andar em direção as portas automáticas. Se eu tivesse demorado um segundo a mais, não teria conseguido desembarcar na estação correta.
- Mas essa não é a sua estação – me lembrei.
- Vou te acompanhar pra você pegar as suas coisas e depoois a gente vai até a minha casa.
- Ah...
- Sonso.
- Me respeita!!!
- Foi mesmo – concordou Luana.
- O que o Caio tem? – sondou Mônica.
- Ih, esse daí deu PT. Né, Caio?
- Hum? O que tem o Lula?
Todos caíram na gargalhada e eu não entendi o motivo de tanta risada.

- Do que estão rindo?
- Tô falando que ele deu PT – repetiu o Léo.
- Você está bem, Caio? – perguntou Mônica.
- Sim, por quê?
- Tem certeza? – Luana se intrometeu.
- Tenho, ué. Mas o que vocês estavam falando do Lula?
- Ninguém tá falando do Lula não, menino – riu Luana.
- A gente tá falando que você deu PT – riu Léo. – Perda total.
- Ah, entendi. Mas por que? O que eu fiz?
- Gente, ele não tá bem...
- Eu sei o que ele tem. Tá apaixonado!
- Jura? – as meninas se interessaram.
- Não começa, Léo. Não começa – eu fechei a cara.
- Por quem você está apaixonado, Caio? – minha amiga Mônica quis saber.
- Conta pra gente – a Luana ficou curiosa.
- Não estou apaixonado por ninguém, meninas. É coisa da cabeça desse idiota...
- Ah, fala... Não confia na gente?
- Eu falaria, se estivesse apaixonado. Não estou.
- Pois não é o que parece – uma delas afirmou.
- Quer saber? Me deixem am paz, tá legal? – me irritei. – Que saco, não posso nem pensar em paz...
Eles riram.
- Não fica bravo, amigo – disse Leonardo.
Não respondi e comecei a descer as escadas rolantes. Que chatice aqueles três me atrapalhando e me fazendo um monte de perguntas...
- Até amanhã, meninos – disseram as duas.
- Até.
Nós nos despedimos e elas foram pra um lado e nós pro outro.
- Não precisa ficar com essa cara – ele tentou puxar assunto.
- Me deixa quieto, tá bom?
- Prometo que não vou falar mais disso.
- Acho bom.
- Mas que você tá apaixonado, você tá – ele brincou.
- Chega, Léo. Já deu por hoje, tá legal?
Eu estava realmente irritado.
- É brincadeira, criatura... Não leve tudo ao pé da letra...
- Brincadeira tem limite.
Nós entramos no metrô e rapidamente este começou a andar.
- Quer dormir lá em casa? Meus pais foram viajar, eu estou sozinho.
- E por que a sua irmã não fica com você?
- Porque ela é enfermeira e tem plantão de madrugada hoje.
- Fica com seu cunhado, oras.
- Não rola – ele deu risada.
- Não sei não...
- Vamos, por favor?
- Não sei.
- O que custa? Eu tô te pedindo numa boa, não vou ficar falando dele não... Prometo!!!
- Tá, tá bom. Se serve pra você calar a boca eu vou.
- Isso aí. Assim que eu gosto.
- Licença? – disse uma voz masculina atrás de mim.
Quando eu me virei, meu coração foi parar no cérebro. Era ele. Era o Bruno...
- Oi – me virei para falar com ele. – Que coincidência...
- Pois é... Não quero atrapalhar, eu só vim agradecer pela ajuda que você me deu mais cedo e também pra pedir desculpas...
- Desculpas? – achei estranho.
- É que por minha causa você levou bronca da Márcia...
- Ah, que nada. Nem fica grilado com isso.
- Foi mau...
- Imagina, fica tranquilo, Bruno.
- Obrigado pela ajuda. Boa noite.
- Boa noite – eu respondi.
Ele virou e se dirigiu ao seu grupo de amigos e eu fiquei olhando ele de longe. Muito lindo...
- Alô? Alô? Planeta Terra chamando – meu amigo me sacudiu.
- O que foi?
- Acorda, chegamos!!!
- Já?
- Já... Vai descer ou vai continuar olhando pra ele?
Eu me dei conta que o trem estava parado e rapidamente comecei a andar em direção as portas automáticas. Se eu tivesse demorado um segundo a mais, não teria conseguido desembarcar na estação correta.
- Mas essa não é a sua estação – me lembrei.
- Vou te acompanhar pra você pegar as suas coisas e depoois a gente vai até a minha casa.
- Ah...
- Sonso.
- Me respeita!!!
Eu coloquei a minha mochila no quarto do meu amigo e em seguida
nós fomos jantar.
- Cadê seu irmãozinho?
- Meus pais deixaram na casa dos meus avós.
- Ah. E por que você não foi ficar na casa dos seus avós?
- Eles moram lá em Nova Iguaçu.
- Ah.
- Daí ia ficar ruim para eu vir trabalhar no Rio todos os dias.
- É muito longe essa cidade?
- Depende do ponto de vista.
Não entendi, mas resolvi não me estender naquele assunto.
- Quando você volta a trabalhar no mercado?
- Só quando a Dona Elvira voltar de viagem.
- E quando vai ser isso?
- Acho que só na semana que vem.
- Ah, tá. Vamos até a praia?
- Agora?
- Aham, queria ver o mar...
- Mas tão tarde?
- Que tarde que nada, garoto. Não são nem dez da noite!
- E a que praia nós vamos?
- Pode ser Botafogo, Flamengo, sei lá. Qualquer uma que não seja muito longe daqui.
- Por mim tudo bem.
Ver o mar seria uma ótima terapia.
- Depois a gente pode jogar vídeo-game ou navegar na internet...
- Se não se importar eu queria ver como anda o meu Orkut – naquela época o Twitter e o Facebook nem sonhavam em existir.
- Sem problema algum.
Depois que a gente jantou, colocamos os pratos sujos na pia e saímos. A noite estava muito quente e bem agradável. Eu já tinha acostumado com a vida dos cariocas, que era bem diferente da vida dos paulistanos. No Rio de Janeiro, era mais do que comum ver as pessoas andando de chinelo, bermuda e regata; o que não ocorria com muita frequência em São Paulo.
A praia não estava lotada, porém também não estava vazia. Meu amigo e eu ficamos na beira do mar por um longo período de tempo, o que serviu de apoio para eu colocar as minhas ideias em ordem.

- Vamos? – ele perguntou, depois de um tempão.
- Vamos sim.
Quando chegamos, fomos direto pro quarto dele. Ele deixou eu mexer na internet e depois que respondi todos os meus recados, me joguei no colchão que estava no meio do quarto.

- Não vai mais mexer?
- Não. Obrigado.
- Se quiser, pode ficar à vontade.
- Não, não. Já respondi todo mundo.
- Algum recado do seu irmão?
- Não, mas percebi que ele entrou no meu perfil recentemente.
- Talvez ele queira saber de alguma notícia sua.
- Pois ele vai ficar querendo.
- Posso ver o perfil dele?
- Pode, ué.
- Qual é?
- Cauã Monteiro. Mas acho melhor você entrar pelo meu perfil, porque senão ele pode perceber que eu tô morando aqui no Rio.
- Ah, é mesmo...
Levantei e entrei de novo no meu Orkut. Meu amigo ficou abismado com a semelhança de nós dois.
- Isso só pode ser brincadeira. É você nessa foto.
- Não, é ele.
- Mas como pode? Vocês são idênticos mesmo...
- Claro, nós somos gêmeos!
- Mas mesmo sendo irmãos gêmeos, alguma coisa tem que diferenciar vocês... Uma pinta, uma mancha, a cor do cabelo...
- Nada de diferente – eu já tinha falado isso ao Léo antes.
- Tem certeza? Vai que tem alguma coisa escondida e você não saiba – ele abriu um sorriso safado.
- Bom, aparentemente não tem nada de diferente entre nós dois. Só a personalidade.
- A voz?
- Igual.
- Tem foto de vocês dois juntos?
- No meu álbum tem sim.
- Essa eu preciso ver.
Ele vasculhou o meu perfil e encontrou uma foto em que eu e meu irmão estávamos abraçados.


- São clones. Muito maneiro!
- Queria poder achar o mesmo.
- Relaxa, um dia vocês fazem as pazes.
- Será?
- Dê tempo ao tempo.
- Tempo... Sempre esse maldito tempo...
Fiquei pensando no que ele disse até a hora de dormir. Será mesmo que eu ia voltar a falar com o Cauã? Será que um dia meus pais iam me aceitar de volta?

- Cadê seu irmãozinho?
- Meus pais deixaram na casa dos meus avós.
- Ah. E por que você não foi ficar na casa dos seus avós?
- Eles moram lá em Nova Iguaçu.
- Ah.
- Daí ia ficar ruim para eu vir trabalhar no Rio todos os dias.
- É muito longe essa cidade?
- Depende do ponto de vista.
Não entendi, mas resolvi não me estender naquele assunto.
- Quando você volta a trabalhar no mercado?
- Só quando a Dona Elvira voltar de viagem.
- E quando vai ser isso?
- Acho que só na semana que vem.
- Ah, tá. Vamos até a praia?
- Agora?
- Aham, queria ver o mar...
- Mas tão tarde?
- Que tarde que nada, garoto. Não são nem dez da noite!
- E a que praia nós vamos?
- Pode ser Botafogo, Flamengo, sei lá. Qualquer uma que não seja muito longe daqui.
- Por mim tudo bem.
Ver o mar seria uma ótima terapia.
- Depois a gente pode jogar vídeo-game ou navegar na internet...
- Se não se importar eu queria ver como anda o meu Orkut – naquela época o Twitter e o Facebook nem sonhavam em existir.
- Sem problema algum.
Depois que a gente jantou, colocamos os pratos sujos na pia e saímos. A noite estava muito quente e bem agradável. Eu já tinha acostumado com a vida dos cariocas, que era bem diferente da vida dos paulistanos. No Rio de Janeiro, era mais do que comum ver as pessoas andando de chinelo, bermuda e regata; o que não ocorria com muita frequência em São Paulo.
A praia não estava lotada, porém também não estava vazia. Meu amigo e eu ficamos na beira do mar por um longo período de tempo, o que serviu de apoio para eu colocar as minhas ideias em ordem.
- Vamos? – ele perguntou, depois de um tempão.
- Vamos sim.
Quando chegamos, fomos direto pro quarto dele. Ele deixou eu mexer na internet e depois que respondi todos os meus recados, me joguei no colchão que estava no meio do quarto.
- Não vai mais mexer?
- Não. Obrigado.
- Se quiser, pode ficar à vontade.
- Não, não. Já respondi todo mundo.
- Algum recado do seu irmão?
- Não, mas percebi que ele entrou no meu perfil recentemente.
- Talvez ele queira saber de alguma notícia sua.
- Pois ele vai ficar querendo.
- Posso ver o perfil dele?
- Pode, ué.
- Qual é?
- Cauã Monteiro. Mas acho melhor você entrar pelo meu perfil, porque senão ele pode perceber que eu tô morando aqui no Rio.
- Ah, é mesmo...
Levantei e entrei de novo no meu Orkut. Meu amigo ficou abismado com a semelhança de nós dois.
- Isso só pode ser brincadeira. É você nessa foto.
- Não, é ele.
- Mas como pode? Vocês são idênticos mesmo...
- Claro, nós somos gêmeos!
- Mas mesmo sendo irmãos gêmeos, alguma coisa tem que diferenciar vocês... Uma pinta, uma mancha, a cor do cabelo...
- Nada de diferente – eu já tinha falado isso ao Léo antes.
- Tem certeza? Vai que tem alguma coisa escondida e você não saiba – ele abriu um sorriso safado.
- Bom, aparentemente não tem nada de diferente entre nós dois. Só a personalidade.
- A voz?
- Igual.
- Tem foto de vocês dois juntos?
- No meu álbum tem sim.
- Essa eu preciso ver.
Ele vasculhou o meu perfil e encontrou uma foto em que eu e meu irmão estávamos abraçados.
- São clones. Muito maneiro!
- Queria poder achar o mesmo.
- Relaxa, um dia vocês fazem as pazes.
- Será?
- Dê tempo ao tempo.
- Tempo... Sempre esse maldito tempo...
Fiquei pensando no que ele disse até a hora de dormir. Será mesmo que eu ia voltar a falar com o Cauã? Será que um dia meus pais iam me aceitar de volta?
A rotina foi a mesma durante o resto da semana. No domingo, a Dona
Elvira voltou e me ligou para saber se estava tudo bem. Combinamos que eu
voltaria a trabalhar no mercado já na manhã seguinte.
- Feliz ano novo – ela me recepcionou com um abraço.
- Feliz ano novo, Dona Elvira!
- Nossa como você está bem, hein? Os olhinhos brilhando, o que aconteceu?
- Nada de anormal. Tudo na mesma.
- Tem certeza?
- Absoluta.
Por que ela estava falando aquilo?
- Como foi lá em Minas?
- Ah, muito bem. Aproveitei para tirar umas férias.
- Fez muito bem.

- Feliz ano novo – ela me recepcionou com um abraço.
- Feliz ano novo, Dona Elvira!
- Nossa como você está bem, hein? Os olhinhos brilhando, o que aconteceu?
- Nada de anormal. Tudo na mesma.
- Tem certeza?
- Absoluta.
Por que ela estava falando aquilo?
- Como foi lá em Minas?
- Ah, muito bem. Aproveitei para tirar umas férias.
- Fez muito bem.
Com o passar dos dias, o que eu sentia pelo Bruno só foi
aumentando. Toda vez que ele passava perto de mim ou falava comigo, as minhas
mãos começavam a suar, minhas pernas ficavam bambas e eu não tinha olhos pra
mais nada.
Aos poucos, consegui me aproximar do Bruno e fui conquistando o seu carinho – pelo menos eu achei que estava conquistando o seu carinho –. Nós fomos criando um elo de amizade, mas nada muito além disso. Talvez fossemos apenas colegas de trabalho.
Porém consegui fazer amizade com todo o seu grupinho de amigos e quando ganhei a confiança deles, começamos a sair juntos.
E foi em uma dessas escapulidas aos bares depois do expediente de trabalho que eu comecei a descobrir as qualidades e os defeitos daquele garoto que mexia tanto comigo.
Certo dia, uma sexta-feira calorenta, nós resolvemos ir a um bar pra tomar alguma coisa e ele acabou passando dos limites e ficou meio bêbado.

- Chega, Bruno. Você já bebeu demais – disse Tamires. – Seus pais vão ficar loucos com você.
- Me deixa, Tami. Preciso esquecer o meu ex.
“O meu ex”? Eu arregalei os olhos e quase cuspi a Smirnoff que estava bebendo. O meu ex? Foi aquilo mesmo que eu escutei?
- Melhor a gente ir embora – disse Priscila. – Já está ficando tarde e mesmo sendo sábado, amanhã nós temos que trabalhar...
- É verdade – concordou Rodrigo, que também já tinha bebido além da conta, mas não estava tão mal como o Bruno.
- Vamos, Bi – Bi era como ele era chamado pelos amigos e eu nunca tinha percebido o real motivo daquele apelido.
- Só mais um chopinho?
- Nem meio – disse Tamires. – Vamos embora!
Então o meu “amor platônico” era gay? Aquilo significava que talvez eu pudesse ter alguma chance com ele? Quem sabe ele pudesse ser o primeiro cara com quem eu ia ficar?
Pronto. Aquilo foi suficiente para que eu começasse a pensar em demasia naquele garoto. Se eu já pensava nele antes, à partir daquele momento passaria a pensar muito mais.
E como eu fiquei feliz com aquela possibilidade. Bruno era gay... Não posso negar que estava explodindo por dentro com aquela novidade!

- No que está pensando? – indagou Rodrigo.

- Hum? Em uns problemas aí...
- Pensando na namorada, né? – ele abriu um sorriso.
- Não, que nada. Eu não namoro.
- Hum... Eu também não.
- Hum...
- Mora onde?
- Em uma hospedaria na Lapa e você?
- Moro em uma república lá no Catete.

- Ah, pertinho do meu bairro.
- Por que você mora em uma hospedaria?
- É que eu não sou daqui do Rio, sou de São Paulo. Vim morar aqui faz pouco tempo.
As meninas e o Bruno estavam atrás de nós e eles riam à toa.
- Ah, sim.
- E você? Também não parece ser carioca. Estou certo?
- Sim. Eu sou do Paraná. Me mudei agora no começo do ano mesmo. É que eu vou começar a faculdade agora em fevereiro.
- Ah, que bacana. Vai fazer o quê?
- Engenharia Civil.
- Nossa, que legal. Parabéns.
- Obrigado.
Nós fomos conversando até eu chegar na minha estação. Me despedi de todos e desci, mas não consegui parar de pensar nele um segundo sequer.
Ele era gay... E tinha terminado com o namorado... Provavelmente estava carente, tadinho... Será que seria uma boa ideia eu tentar uma aproximação naquele momento?
Pensei tanto no Bruno que naquela noite mesmo, tive o meu primeiro sonho com ele. Um sonho lindo, onde nós estávamos juntos e éramos felizes. Mas será que aquele sonho poderia se tornar uma realidade ou só ficaria no sonho mesmo?
Aos poucos, consegui me aproximar do Bruno e fui conquistando o seu carinho – pelo menos eu achei que estava conquistando o seu carinho –. Nós fomos criando um elo de amizade, mas nada muito além disso. Talvez fossemos apenas colegas de trabalho.
Porém consegui fazer amizade com todo o seu grupinho de amigos e quando ganhei a confiança deles, começamos a sair juntos.
E foi em uma dessas escapulidas aos bares depois do expediente de trabalho que eu comecei a descobrir as qualidades e os defeitos daquele garoto que mexia tanto comigo.
Certo dia, uma sexta-feira calorenta, nós resolvemos ir a um bar pra tomar alguma coisa e ele acabou passando dos limites e ficou meio bêbado.
- Chega, Bruno. Você já bebeu demais – disse Tamires. – Seus pais vão ficar loucos com você.
- Me deixa, Tami. Preciso esquecer o meu ex.
“O meu ex”? Eu arregalei os olhos e quase cuspi a Smirnoff que estava bebendo. O meu ex? Foi aquilo mesmo que eu escutei?
- Melhor a gente ir embora – disse Priscila. – Já está ficando tarde e mesmo sendo sábado, amanhã nós temos que trabalhar...
- É verdade – concordou Rodrigo, que também já tinha bebido além da conta, mas não estava tão mal como o Bruno.
- Vamos, Bi – Bi era como ele era chamado pelos amigos e eu nunca tinha percebido o real motivo daquele apelido.
- Só mais um chopinho?
- Nem meio – disse Tamires. – Vamos embora!
Então o meu “amor platônico” era gay? Aquilo significava que talvez eu pudesse ter alguma chance com ele? Quem sabe ele pudesse ser o primeiro cara com quem eu ia ficar?
Pronto. Aquilo foi suficiente para que eu começasse a pensar em demasia naquele garoto. Se eu já pensava nele antes, à partir daquele momento passaria a pensar muito mais.
E como eu fiquei feliz com aquela possibilidade. Bruno era gay... Não posso negar que estava explodindo por dentro com aquela novidade!

- No que está pensando? – indagou Rodrigo.
- Hum? Em uns problemas aí...
- Pensando na namorada, né? – ele abriu um sorriso.
- Não, que nada. Eu não namoro.
- Hum... Eu também não.
- Hum...
- Mora onde?
- Em uma hospedaria na Lapa e você?
- Moro em uma república lá no Catete.
- Ah, pertinho do meu bairro.
- Por que você mora em uma hospedaria?
- É que eu não sou daqui do Rio, sou de São Paulo. Vim morar aqui faz pouco tempo.
As meninas e o Bruno estavam atrás de nós e eles riam à toa.
- Ah, sim.
- E você? Também não parece ser carioca. Estou certo?
- Sim. Eu sou do Paraná. Me mudei agora no começo do ano mesmo. É que eu vou começar a faculdade agora em fevereiro.
- Ah, que bacana. Vai fazer o quê?
- Engenharia Civil.
- Nossa, que legal. Parabéns.
- Obrigado.
Nós fomos conversando até eu chegar na minha estação. Me despedi de todos e desci, mas não consegui parar de pensar nele um segundo sequer.
Ele era gay... E tinha terminado com o namorado... Provavelmente estava carente, tadinho... Será que seria uma boa ideia eu tentar uma aproximação naquele momento?
Pensei tanto no Bruno que naquela noite mesmo, tive o meu primeiro sonho com ele. Um sonho lindo, onde nós estávamos juntos e éramos felizes. Mas será que aquele sonho poderia se tornar uma realidade ou só ficaria no sonho mesmo?
Quando levantei, troquei de roupa e resolvi ir até a praia. Ouvir
as ondas do mar sempre me ajudava a refletir sobre os meus problemas e dúvidas.
Quando cheguei em Ipanema, caminhei um pouco pelo calçadão e depois resolvi sentar na areia e ficar vendo as ondas. Não sei por quanto tempo eu fiquei ali, parado, só olhando o vai-e-vem daquela imensidão azul. Azul da cor dos olhos do Bruno.

- Caio? – ouvi uma voz rouca soar atrás de mim.
Quando me virei, o meu coração bateu irregular e o meu estômago gelou. Era ele. Era o Bruno.
- Bruno? Você por aqui? – me espantei com a coincidência.
- Digo o mesmo.
- Ah, precisava ver o mar...
- Eu também. Posso me sentar com você?
- Claro que pode – eu abri um sorriso enorme. Era bom demais pra ser verdade.
Quando ele sentou, um cheiro insuportável de cigarro entrou no meu nariz. Não era possível que ele fumasse...
- Como você está? – perguntei.
- Mais ou menos e você?
- Também.
- Acordei com uma ressaca do caramba hoje.
- Você exagerou ontem à noite.
- É eu sei, mas é a única coisa que me faz esquecer do idiota do meu ex...
Então eu não tinha ouvido errado. Ele tinha mesmo um ex-namorado. Ele era gay sim!
- Quer conversar? – tentei ajudá-lo.
Ele suspirou e ficou olhando o mar.
- Não vale a pena falar disso, Caio. Não quero ficar lembrando do passado.
- Eu entendo.
- Mas por que você veio até aqui? Você mora na Lapa, não é?
- É sim, mas eu não consigo vir em outra praia. Essa é linda demais.
- É verdade. Você parece triste. Aconteceu alguma coisa?
- Não – respondi de imediato. – É a saudade da minha família.
- Imagino. Posso saber por que você saiu de casa?
Contar ou não contar? Essa era a questão.
- Briguei com meus pais.
- Hum... Que triste.
- Já acostumei. Eles sempre preferiram o meu irmão.
- Não fale isso. Os pais amam os filhos da mesma forma.
- Os meus não. Eles sempre idolatraram o Cauã. Tudo o que eu faço é errado pra eles...
- Sei bem o que é isso, viu? Já me desentendi com a minha família também.
- Complicado.
- Uhum.
- Qual a idade do seu irmão?
- Somos gêmeos.
- Mentira? – ele deu pinta de sua homossexualidade e eu sorri.
- É sim.
- Que bacana. Eu não sei se ia gostar de ter um irmão gêmeo não. Odeio ser copiado, sou único.
- É eu também não gosto não, mas fazer o quê?
- Vocês se dão bem?
- Acho que nem na barriga da nossa mãe a gente se dava bem – exagerei um pouquinho. Ele riu.
- Vocês são daqueles gêmeos que se vestem com a mesma roupa?
- Não – eu sorri. – Só quando pequenos. Mas nós somos idênticos. Nada nos diferencia.
- Que da hora... Então ele é muito bonito, viu?
Minhas bochechas esquentaram.
- Valeu.
Ficamos calados por um tempo. Eu não acreditei que ele estava ali ao meu lado, tão pertinho de mim... E muito menos que nós estávamos a sós e que ele tinha falado que eu era bonito...
- Posso te perguntar uma coisa?
- Pode sim – ele falou.
Estava muito curioso.
- Você fuma?
- Fumo. Por que? Tô cheirando a cigarro?
- Para ser sincero com você, está sim.
- Nossa, que horror... Odeio ficar cheirando a cigarro...
Então por que ele não parava de fumar?

- Eu queria parar, mas é um pouco complicado.
- Imagino. Fuma faz muito tempo?
- Desde os 14.
- Bastante já.
- Uhum.
- Não queria trabalhar hoje – tentei continuar o assunto.
- Ai, nem me fala. Eu também não.
- Ainda bem que amanhã estamos de folga.
- Verdade.
- O que acha da Central?
- Ah, não gosto muito não, mas preciso de um dinheirinho. Foi a única coisa que apareceu.
- Pra mim também. Na verdade, eu precisava estar no meu outro emprego agora, mas nem quis ir hoje.
- Você trabalha em dois lugares? – ele se espantou.
- Sim. Trabalho em um mercadinho perto da hospedaria onde eu moro. Preciso de dinheiro...
- Que tenso, hein?
- É, mas lá é tranquilo. Amanhã eu vou lá me justificar com a Dona Elvira.
- Hum.
Eu suspirei. Como era bom ter o Bruno pertinho de mim. Aquilo me fazia muito bem, embora ele não soubesse de nada.
Ficamos calados por um longo período e quando o sol começou a esquentar demais, resolvemos voltar para nossas respectivas casas.

- Você vai de metrô?
- Vou sim – respondi.
- Então a gente pode ir juntos, meu apartamento fica no caminho do metrô.
- Ah, legal...
Ficar pertinho dele era tudo o que eu mais queria naquele momento.

- Esse ano você faz 18, né?
- Sim, por quê?
- Já se alistou no exército?
- Putz, bem lembrado – eu ainda não tinha me tocado que estava no ano de me apresentar ao exército. – Ainda não.
- Ainda bem que eu só faço isso no ano que vem.
- Deve ser um porre.
- É também acho. Meu primo é soldado, mas ele curte essas paradas.
- Não me daria bem lá não – só de pensar em um monte de carinha da minha idade pelado no banho, meu pinto começou a crescer.
- Somos dois.
Atravessamos a Avenida Atlântica e começamos a subir a rua que dava acesso ao metrô.

- Sempre que escuto o mar fico mais relaxado – ele comentou.
- Comigo acontece o mesmo.
Um ponto em comum.
- Amo a natureza. Sou fissurado por praia.
- Também adoro.
- Muita coincidência ter te encontrado aí hoje.
- Pois é.
Talvez fosse o destino querendo nos unir. Será?
- Bom, cheguei no meu prédio.
Era um condomínio muito chique. Com certeza a família dele tinha posses.

- Muito lindo esse condomínio.
- Quer entrar e conhecer?
Fiquei tentado, mas olhei no relógio e percebi que se eu não corresse, ia chegar atrasado na empresa.
- Adoraria, mas se eu entrar eu vou me atrasar pro trabalho.
- Que pena, fica para uma próxima então.
- Uhum. Obrigado pelo convite.
- Imagina.
- Até mais tarde então – abri um sorriso
.
- Até – ele retribuiu e apertou a minha mão.

Nossos olhos ficaram grudados por uma fração de segundo. Como aquele olhar mexia comigo, meu Deus.

- A gente se vê – falei.
- Uhum.
- Tchau.
- Tchau.
Mais uma olhada rápida e eu voltei a andar. Enquanto caminhava, senti vontade de olhar pra trás, mas não o fiz. Seria dar bandeira demais...
Mais uma vez parecia que eu estava flutuando, pisando em nuvens. O Bruno me chamava muito a atenção, mas ele fumava e bebia demais... Sempre tive aversão a cigarro. Bebida alcoolica até que dava pra tolerar, mas o tabagismo não. Só de pensar no mau-hálito, meu estômago revirou.
Mas aquele era um defeito pequeno demais para que eu pudesse desistir de conquistar aquele garoto.
Quando cheguei em Ipanema, caminhei um pouco pelo calçadão e depois resolvi sentar na areia e ficar vendo as ondas. Não sei por quanto tempo eu fiquei ali, parado, só olhando o vai-e-vem daquela imensidão azul. Azul da cor dos olhos do Bruno.
- Caio? – ouvi uma voz rouca soar atrás de mim.
Quando me virei, o meu coração bateu irregular e o meu estômago gelou. Era ele. Era o Bruno.
- Bruno? Você por aqui? – me espantei com a coincidência.
- Digo o mesmo.
- Ah, precisava ver o mar...
- Eu também. Posso me sentar com você?
- Claro que pode – eu abri um sorriso enorme. Era bom demais pra ser verdade.
Quando ele sentou, um cheiro insuportável de cigarro entrou no meu nariz. Não era possível que ele fumasse...
- Como você está? – perguntei.
- Mais ou menos e você?
- Também.
- Acordei com uma ressaca do caramba hoje.
- Você exagerou ontem à noite.
- É eu sei, mas é a única coisa que me faz esquecer do idiota do meu ex...
Então eu não tinha ouvido errado. Ele tinha mesmo um ex-namorado. Ele era gay sim!
- Quer conversar? – tentei ajudá-lo.
Ele suspirou e ficou olhando o mar.
- Não vale a pena falar disso, Caio. Não quero ficar lembrando do passado.
- Eu entendo.
- Mas por que você veio até aqui? Você mora na Lapa, não é?
- É sim, mas eu não consigo vir em outra praia. Essa é linda demais.
- É verdade. Você parece triste. Aconteceu alguma coisa?
- Não – respondi de imediato. – É a saudade da minha família.
- Imagino. Posso saber por que você saiu de casa?
Contar ou não contar? Essa era a questão.
- Briguei com meus pais.
- Hum... Que triste.
- Já acostumei. Eles sempre preferiram o meu irmão.
- Não fale isso. Os pais amam os filhos da mesma forma.
- Os meus não. Eles sempre idolatraram o Cauã. Tudo o que eu faço é errado pra eles...
- Sei bem o que é isso, viu? Já me desentendi com a minha família também.
- Complicado.
- Uhum.
- Qual a idade do seu irmão?
- Somos gêmeos.
- Mentira? – ele deu pinta de sua homossexualidade e eu sorri.
- É sim.
- Que bacana. Eu não sei se ia gostar de ter um irmão gêmeo não. Odeio ser copiado, sou único.
- É eu também não gosto não, mas fazer o quê?
- Vocês se dão bem?
- Acho que nem na barriga da nossa mãe a gente se dava bem – exagerei um pouquinho. Ele riu.
- Vocês são daqueles gêmeos que se vestem com a mesma roupa?
- Não – eu sorri. – Só quando pequenos. Mas nós somos idênticos. Nada nos diferencia.
- Que da hora... Então ele é muito bonito, viu?
Minhas bochechas esquentaram.
- Valeu.
Ficamos calados por um tempo. Eu não acreditei que ele estava ali ao meu lado, tão pertinho de mim... E muito menos que nós estávamos a sós e que ele tinha falado que eu era bonito...
- Posso te perguntar uma coisa?
- Pode sim – ele falou.
Estava muito curioso.
- Você fuma?
- Fumo. Por que? Tô cheirando a cigarro?
- Para ser sincero com você, está sim.
- Nossa, que horror... Odeio ficar cheirando a cigarro...
Então por que ele não parava de fumar?
- Eu queria parar, mas é um pouco complicado.
- Imagino. Fuma faz muito tempo?
- Desde os 14.
- Bastante já.
- Uhum.
- Não queria trabalhar hoje – tentei continuar o assunto.
- Ai, nem me fala. Eu também não.
- Ainda bem que amanhã estamos de folga.
- Verdade.
- O que acha da Central?
- Ah, não gosto muito não, mas preciso de um dinheirinho. Foi a única coisa que apareceu.
- Pra mim também. Na verdade, eu precisava estar no meu outro emprego agora, mas nem quis ir hoje.
- Você trabalha em dois lugares? – ele se espantou.
- Sim. Trabalho em um mercadinho perto da hospedaria onde eu moro. Preciso de dinheiro...
- Que tenso, hein?
- É, mas lá é tranquilo. Amanhã eu vou lá me justificar com a Dona Elvira.
- Hum.
Eu suspirei. Como era bom ter o Bruno pertinho de mim. Aquilo me fazia muito bem, embora ele não soubesse de nada.
Ficamos calados por um longo período e quando o sol começou a esquentar demais, resolvemos voltar para nossas respectivas casas.
- Você vai de metrô?
- Vou sim – respondi.
- Então a gente pode ir juntos, meu apartamento fica no caminho do metrô.
- Ah, legal...
Ficar pertinho dele era tudo o que eu mais queria naquele momento.
- Esse ano você faz 18, né?
- Sim, por quê?
- Já se alistou no exército?
- Putz, bem lembrado – eu ainda não tinha me tocado que estava no ano de me apresentar ao exército. – Ainda não.
- Ainda bem que eu só faço isso no ano que vem.
- Deve ser um porre.
- É também acho. Meu primo é soldado, mas ele curte essas paradas.
- Não me daria bem lá não – só de pensar em um monte de carinha da minha idade pelado no banho, meu pinto começou a crescer.
- Somos dois.
Atravessamos a Avenida Atlântica e começamos a subir a rua que dava acesso ao metrô.
- Sempre que escuto o mar fico mais relaxado – ele comentou.
- Comigo acontece o mesmo.
Um ponto em comum.
- Amo a natureza. Sou fissurado por praia.
- Também adoro.
- Muita coincidência ter te encontrado aí hoje.
- Pois é.
Talvez fosse o destino querendo nos unir. Será?
- Bom, cheguei no meu prédio.
Era um condomínio muito chique. Com certeza a família dele tinha posses.
- Muito lindo esse condomínio.
- Quer entrar e conhecer?
Fiquei tentado, mas olhei no relógio e percebi que se eu não corresse, ia chegar atrasado na empresa.
- Adoraria, mas se eu entrar eu vou me atrasar pro trabalho.
- Que pena, fica para uma próxima então.
- Uhum. Obrigado pelo convite.
- Imagina.
- Até mais tarde então – abri um sorriso
.
- Até – ele retribuiu e apertou a minha mão.
Nossos olhos ficaram grudados por uma fração de segundo. Como aquele olhar mexia comigo, meu Deus.
- A gente se vê – falei.
- Uhum.
- Tchau.
- Tchau.
Mais uma olhada rápida e eu voltei a andar. Enquanto caminhava, senti vontade de olhar pra trás, mas não o fiz. Seria dar bandeira demais...
Mais uma vez parecia que eu estava flutuando, pisando em nuvens. O Bruno me chamava muito a atenção, mas ele fumava e bebia demais... Sempre tive aversão a cigarro. Bebida alcoolica até que dava pra tolerar, mas o tabagismo não. Só de pensar no mau-hálito, meu estômago revirou.
Mas aquele era um defeito pequeno demais para que eu pudesse desistir de conquistar aquele garoto.
Quando cheguei no Call Center, trombei com meu amigo Léo e nós
ficamos trocando ideia enquanto não dava o horário de entrada.

- O que fez hoje? – ele perguntou.
- Fui na Praia de Ipanema.
- Hum, o que você foi cherar lá?
- O mar. Estava precisando.
- Não sabia que você pudia se dar ao luxo de faltar no mercado.
- Poder eu não posso, mas era questão de necessidade. Precisava respirar um pouco de ar puro.
- E como foi o barzinho ontem com seus amiguinhos? – ele disse com um quê de ciúme na voz.
- Muito bom – abri um sorriso.
- Já ficou com ele?
- Cala a boca, infeliz. Não começa, hein?
- Por que não se declara logo de uma vez? Qual o seu medo? Você sabe que ele curte, pô.
- Como você pode ter tanta certeza assim?
- Ah, Caiô... Um gay conhece outro gay no meio de uma multidão, meu filho.
- Palhaço.
- Tô falando sério. Isso se chama “gaydar”.
Dei risada.

- Gaydar?
- O radar dos gays – ele me explicou.
- Fala sério...
- Você nem parece ser do babado, meu. Não sabe nada do mundo gay.
- Talvez seja pelo fato que eu não tenho experiência? – lembrei.
- Isso não justifica.
- Vamos entrar que a gente ganha mais...
Empurrei aquele idiota pelos ombros e nós entramos na operação, que pra variar, estava lotada e movimentada.
- Pessoal, prestem atenção – minha supervisora começou a gritar. – Temos uma campanha motivacional.
- Que campanha? – uma das integrantes da nossa equipe perguntou.
Meus olhos cruzaram com os dele e nós abrimos um sorriso ao mesmo tempo. A Márcia foi explicando como funcionava a campanha, mas eu não prestei muita atenção por causa do Bruno.
Era muito simples: quem atingisse a meta de atendimento do mês ia ser contemplado com alguns prêmios. O primeiro lugar era uma televisão de tela plana. Segundo lugar era um notebook e terceiro lugar um celular. Eu fiquei bem interessado quando enfim entendi como funcionava o negócio.
- Mas pra ganhar vocês têm que atingir a meta individual e a meta da equipe – Márcia continuou a explicação.
Foi um alvoroço total. Todos ficaram muito entusiasmados com a campanha e era justamente aquele o objetivo. Entusiasmo, motivação.
Na hora de ir embora, Bruno foi falar comigo e nós ficamos conversando por um tempinho.
- O que achou da campanha? – perguntou.
- Adorei. E você?
- Também.
- Bem que eu queria ganhar o notebook...
- E eu a televisão.
- Vamos batalhar pra isso então...
- É vamos sim. Bom, até segunda então. Bom final de semana...
- Obrigado, pra você também.
Apertamos as mãos e sorrimos um pro outro. Percebi que os dentes dele estavam um pouco amarelados. Aquilo me deixou frustrado.
- Que cara é essa? – perguntou minha amiga Mônica.
- Que cara? – sondei.
- Cara de quem comeu e não gostou.
- Ah, impressão sua.
Mas eu era transparente demais. Ou talvez exigente demais.
- Vamos? – perguntou Léo.
- Vamos sim – respondi.
- Que foi? Brigou com seu love?
- Como você é idiota, Leonardo.
Ele deu risada.
Por que ele era tão lindo e tinha que fumar? Um garoto tão bonito com os dentes feios daquele jeito? Não combinava com a imagem que ele transmitia.
- No que está pensando?
- Nada.
- Sei. Bruno. Bruno. Bruno – ele riu.
Não respondi. Eu estava pensando nele mesmo. Em como ele era lindo e em como eu estava gostando dele.
- Vai fazer o que amanhã?
- Trabalhar – respondi.
- O dia todo?
- Não, só até a uma. E você?
- Vou almoçar na casa da minha irmã e depois não sei. Acho que vou procurar um bofe pra me divertir.
Dei risada.
- Você deveria fazer o mesmo, viu?
- Não enche o saco...
O único bofe que eu queria tinha nome, sobrenome e um par de olhos lindos que me deixava enlouquecidamente fascinado.
- Quero só ver quando vai perder essa virgindade.
- Cala a boca, inferno. A gente tá no meio do metrô!
- E qual o problema? Ou você tem vergonha que as pessoas saibam que você é virgem?
- Fica quieto, demônio – eu sibilei e ele deu risada.
- Você é muito encucado, Caio.
- E você é muito boca aberta, Leonardo!
Ele revirou os olhos e virou o rosto. Naquele dia, o Bruno não estava no mesmo vagão que nós.
- Seu amiguinho não está aqui hoje. Estranho, não?
- Depois sou eu que fica pensando nele, né?
Ele ficou quieto, não soube o que responder.
- Sua estação. Beijo, amigo.
Eu levantei, lancei um olhar de desaprovação ao Léo e fui até a porta.
- Até segunda – respondi, com a cara fechada.
- Até. Se cuida.
Se o Leonardo não mudasse as suas atitudes, eu ia ter uma conversa muito franca com ele. Não dava mais pra ele ficar falando a torto e a direita o que ele bem entendia. Quando eu resolvi abrir o jogo com ele, foi porquê pensei que ele não ia falar pra ninguém e eu já estava começando a desconfiar de sua lealdade.
Tudo o que eu menos precisava era de um amigo que não guardasse os meus segredos. Se fosse pra ele falar o que eu era, era melhor eu não ter contado nada.


- O que fez hoje? – ele perguntou.
- Fui na Praia de Ipanema.
- Hum, o que você foi cherar lá?
- O mar. Estava precisando.
- Não sabia que você pudia se dar ao luxo de faltar no mercado.
- Poder eu não posso, mas era questão de necessidade. Precisava respirar um pouco de ar puro.
- E como foi o barzinho ontem com seus amiguinhos? – ele disse com um quê de ciúme na voz.
- Muito bom – abri um sorriso.
- Já ficou com ele?
- Cala a boca, infeliz. Não começa, hein?
- Por que não se declara logo de uma vez? Qual o seu medo? Você sabe que ele curte, pô.
- Como você pode ter tanta certeza assim?
- Ah, Caiô... Um gay conhece outro gay no meio de uma multidão, meu filho.
- Palhaço.
- Tô falando sério. Isso se chama “gaydar”.
Dei risada.
- Gaydar?
- O radar dos gays – ele me explicou.
- Fala sério...
- Você nem parece ser do babado, meu. Não sabe nada do mundo gay.
- Talvez seja pelo fato que eu não tenho experiência? – lembrei.
- Isso não justifica.
- Vamos entrar que a gente ganha mais...
Empurrei aquele idiota pelos ombros e nós entramos na operação, que pra variar, estava lotada e movimentada.
- Pessoal, prestem atenção – minha supervisora começou a gritar. – Temos uma campanha motivacional.
- Que campanha? – uma das integrantes da nossa equipe perguntou.
Meus olhos cruzaram com os dele e nós abrimos um sorriso ao mesmo tempo. A Márcia foi explicando como funcionava a campanha, mas eu não prestei muita atenção por causa do Bruno.
Era muito simples: quem atingisse a meta de atendimento do mês ia ser contemplado com alguns prêmios. O primeiro lugar era uma televisão de tela plana. Segundo lugar era um notebook e terceiro lugar um celular. Eu fiquei bem interessado quando enfim entendi como funcionava o negócio.
- Mas pra ganhar vocês têm que atingir a meta individual e a meta da equipe – Márcia continuou a explicação.
Foi um alvoroço total. Todos ficaram muito entusiasmados com a campanha e era justamente aquele o objetivo. Entusiasmo, motivação.
Na hora de ir embora, Bruno foi falar comigo e nós ficamos conversando por um tempinho.
- O que achou da campanha? – perguntou.
- Adorei. E você?
- Também.
- Bem que eu queria ganhar o notebook...
- E eu a televisão.
- Vamos batalhar pra isso então...
- É vamos sim. Bom, até segunda então. Bom final de semana...
- Obrigado, pra você também.
Apertamos as mãos e sorrimos um pro outro. Percebi que os dentes dele estavam um pouco amarelados. Aquilo me deixou frustrado.
- Que cara é essa? – perguntou minha amiga Mônica.
- Que cara? – sondei.
- Cara de quem comeu e não gostou.
- Ah, impressão sua.
Mas eu era transparente demais. Ou talvez exigente demais.
- Vamos? – perguntou Léo.
- Vamos sim – respondi.
- Que foi? Brigou com seu love?
- Como você é idiota, Leonardo.
Ele deu risada.
Por que ele era tão lindo e tinha que fumar? Um garoto tão bonito com os dentes feios daquele jeito? Não combinava com a imagem que ele transmitia.
- No que está pensando?
- Nada.
- Sei. Bruno. Bruno. Bruno – ele riu.
Não respondi. Eu estava pensando nele mesmo. Em como ele era lindo e em como eu estava gostando dele.
- Vai fazer o que amanhã?
- Trabalhar – respondi.
- O dia todo?
- Não, só até a uma. E você?
- Vou almoçar na casa da minha irmã e depois não sei. Acho que vou procurar um bofe pra me divertir.
Dei risada.
- Você deveria fazer o mesmo, viu?
- Não enche o saco...
O único bofe que eu queria tinha nome, sobrenome e um par de olhos lindos que me deixava enlouquecidamente fascinado.
- Quero só ver quando vai perder essa virgindade.
- Cala a boca, inferno. A gente tá no meio do metrô!
- E qual o problema? Ou você tem vergonha que as pessoas saibam que você é virgem?
- Fica quieto, demônio – eu sibilei e ele deu risada.
- Você é muito encucado, Caio.
- E você é muito boca aberta, Leonardo!
Ele revirou os olhos e virou o rosto. Naquele dia, o Bruno não estava no mesmo vagão que nós.
- Seu amiguinho não está aqui hoje. Estranho, não?
- Depois sou eu que fica pensando nele, né?
Ele ficou quieto, não soube o que responder.
- Sua estação. Beijo, amigo.
Eu levantei, lancei um olhar de desaprovação ao Léo e fui até a porta.
- Até segunda – respondi, com a cara fechada.
- Até. Se cuida.
Se o Leonardo não mudasse as suas atitudes, eu ia ter uma conversa muito franca com ele. Não dava mais pra ele ficar falando a torto e a direita o que ele bem entendia. Quando eu resolvi abrir o jogo com ele, foi porquê pensei que ele não ia falar pra ninguém e eu já estava começando a desconfiar de sua lealdade.
Tudo o que eu menos precisava era de um amigo que não guardasse os meus segredos. Se fosse pra ele falar o que eu era, era melhor eu não ter contado nada.
- Dona Elvira, me desculpa não ter vindo aqui ontem. Eu precisava
ficar um pouco sozinho e resolvi ir até a praia.
- Tudo bem, querido. Não se preocupe. Algum problema?
- Não, nenhum em especial. Os mesmos de sempre pra falar a verdade.
- Acho que está na hora do senhor procurar a sua família, mocinho.
- Por que a senhora acha isso?
Era sempre bom ouvir os conselhos dos mais velhos.
- Porque você não consegue parar de pensar neles. Talvez eles também não parem de pensar em você. Principalmente a sua mãe.
- A senhora acha?
- Tenho certeza.
Será que eu deveria ligar?
- Não sei se devo, Dona Elvira.
- Tente. Não custa tentar...
- Não sei. Não sei mesmo.
- Vamos, faça um esforço. Vai te fazer bem...
- Tenho certeza que eles não querem saber de mim...
- Como você pode ter tanta certeza assim? Só vai saber quando ligar. Ande, ligue na sua casa. Pode ligar daqui mesmo.
Mordi meu lábio. Talvez aquela não fosse a escolha certa.
- Ande, estou esperando – ela tirou o telefone do gancho e me entregou.
Eu suspirei e comecei a digitar o número da minha casa. Quando deu o primeiro toque, meu coração se retraiu...

- Alô? – era a minha mãe.

Não consegui responder nada. Dona Elvira balançou a cabeça positivamente.
- Alô? – minha mãe repetiu.
- Ande, vamos...
- Mã-mãe?
Silêncio.
- Ca-caio?
Senti uma pressão no rosto. Eu ia chorar...

- É sou eu...
- Meu filho? Louvado seja Deus... Onde você está, meu filho? – ela começou a chorar.
- Isso não importa, mãe.
- Me disseram que você saiu de São Paulo – ela continuou chorando.
- Saí sim, mas onde eu estou não vem ao caso.
- Meu filho... Que saudade de você...
- É, eu também sinto falta de vocês. Por mais que tenham me machucado, eu sinto falta.
- Por que não volta, Caio? Vem pra cá, vem pra sua casa, filho...
- Pra quê? Pra ser espancado até a morte pelo meu pai?
Dona Elvira se benzeu e arregalou os olhos.
- Não fale assim, Caio...
- Como estão as coisas por aí?
Ela suspirou e fungou.
- Não são mais as mesmas sem você. Seu pai continua bebendo, seu irmão continua na mesma e eu vou tentando sobreviver...

- Hum... Podia ser tudo diferente, não podia?
- Podia, se você não tivesse feito essas escolhas erradas...
- Quer dizer que a culpa é minha? – comecei a me irritar.
Ela ficou calada e depois resmungou.
- Estou colocando seu nome nas novenas da igreja e já procurei um pastor para ele rezar pra você voltar ao normal.
Dei risada.
- Fala sério. Olha mãe, liguei só pra dar notícias e falar que eu tô vivo. Vou desligar porque a ligação é muito cara.
- Não – Dona Elvira sussurrou. – Continue falando, continue falando.
- Me diz onde você tá, meu filho, pelo amor de Deus...
- Dizer pra quê? Não vai mudar em nada a sua vida.
- Não seja mal-agradecido...
- Ah, não. Fique tranquila, sou muito grato por ter sido expulso de casa – falei com ar irônico.
- Você não sabe o quanto isso está me doendo...
- Dói muito mais em mim, pode ter certeza. É isso mãe. Um dia eu ligo de novo. Até mais...
- Não desliga, Caio...
- Não temos mais o que conversar, mãe. Já dei notícias, não dei? Isso é o suficiente.
Ela voltou a chorar.
- Sinto tanto a sua falta.
- Imagino que deva sentir mesmo.
- Não duvide dos meus sentimentos!!!
- Tudo bem mãe. Vou desligar, viu? Até mais.
- Se cuida, Caio. Vê se me manda notícias, pelo amor de Deus.
- Tudo bem. Qualquer dia desses eu ligo de novo.
- Fica com Deus.
- Você também.
Não me despedi e coloquei o telefone no gancho. Eu não sabia até onde ela estava sendo sincera naquelas palavras.
- Viu? Doeu?
- Um pouquinho – confessei –, mas ao mesmo tempo eu me sinto mais leve.
- Pode ter certeza que a sua mãe também.
- Será?
- Não sou mãe, mas posso imaginar a dor que ela está sentindo.
- Tenho as minhas dúvidas...
- Você é muito irredutível, menino. Mas o que ela disse?
- Que colocou meu nome nas novenas da igreja e que procurou um pastor pra ele rezar por mim. Vê se pode. Ela pensa que fiz uma escolha.
- Coitadinha. Ela ainda tem esperanças que você volte pra casa.
- Eu até voltaria. Se meu pai não estivesse mais lá.
- Que absurdo, Caio. Não fale assim.
- É verdade, Dona Elvira. Não tem condições de viver embaixo do mesmo teto que ele não...
- Um dia as coisas vão voltar ao normal entre vocês, você vai ver.
- Não tenho tanta certeza assim.
Preconceituoso do jeito que o meu pai era, só um milagre ia fazer com que ele mudasse seus pensamentos, mas para Deus nada é impossível.
- Tudo bem, querido. Não se preocupe. Algum problema?
- Não, nenhum em especial. Os mesmos de sempre pra falar a verdade.
- Acho que está na hora do senhor procurar a sua família, mocinho.
- Por que a senhora acha isso?
Era sempre bom ouvir os conselhos dos mais velhos.
- Porque você não consegue parar de pensar neles. Talvez eles também não parem de pensar em você. Principalmente a sua mãe.
- A senhora acha?
- Tenho certeza.
Será que eu deveria ligar?
- Não sei se devo, Dona Elvira.
- Tente. Não custa tentar...
- Não sei. Não sei mesmo.
- Vamos, faça um esforço. Vai te fazer bem...
- Tenho certeza que eles não querem saber de mim...
- Como você pode ter tanta certeza assim? Só vai saber quando ligar. Ande, ligue na sua casa. Pode ligar daqui mesmo.
Mordi meu lábio. Talvez aquela não fosse a escolha certa.
- Ande, estou esperando – ela tirou o telefone do gancho e me entregou.
Eu suspirei e comecei a digitar o número da minha casa. Quando deu o primeiro toque, meu coração se retraiu...
- Alô? – era a minha mãe.
Não consegui responder nada. Dona Elvira balançou a cabeça positivamente.
- Alô? – minha mãe repetiu.
- Ande, vamos...
- Mã-mãe?
Silêncio.
- Ca-caio?
Senti uma pressão no rosto. Eu ia chorar...

- É sou eu...
- Meu filho? Louvado seja Deus... Onde você está, meu filho? – ela começou a chorar.
- Isso não importa, mãe.
- Me disseram que você saiu de São Paulo – ela continuou chorando.
- Saí sim, mas onde eu estou não vem ao caso.
- Meu filho... Que saudade de você...
- É, eu também sinto falta de vocês. Por mais que tenham me machucado, eu sinto falta.
- Por que não volta, Caio? Vem pra cá, vem pra sua casa, filho...
- Pra quê? Pra ser espancado até a morte pelo meu pai?
Dona Elvira se benzeu e arregalou os olhos.
- Não fale assim, Caio...
- Como estão as coisas por aí?
Ela suspirou e fungou.
- Não são mais as mesmas sem você. Seu pai continua bebendo, seu irmão continua na mesma e eu vou tentando sobreviver...
- Hum... Podia ser tudo diferente, não podia?
- Podia, se você não tivesse feito essas escolhas erradas...
- Quer dizer que a culpa é minha? – comecei a me irritar.
Ela ficou calada e depois resmungou.
- Estou colocando seu nome nas novenas da igreja e já procurei um pastor para ele rezar pra você voltar ao normal.
Dei risada.
- Fala sério. Olha mãe, liguei só pra dar notícias e falar que eu tô vivo. Vou desligar porque a ligação é muito cara.
- Não – Dona Elvira sussurrou. – Continue falando, continue falando.
- Me diz onde você tá, meu filho, pelo amor de Deus...
- Dizer pra quê? Não vai mudar em nada a sua vida.
- Não seja mal-agradecido...
- Ah, não. Fique tranquila, sou muito grato por ter sido expulso de casa – falei com ar irônico.
- Você não sabe o quanto isso está me doendo...
- Dói muito mais em mim, pode ter certeza. É isso mãe. Um dia eu ligo de novo. Até mais...
- Não desliga, Caio...
- Não temos mais o que conversar, mãe. Já dei notícias, não dei? Isso é o suficiente.
Ela voltou a chorar.
- Sinto tanto a sua falta.
- Imagino que deva sentir mesmo.
- Não duvide dos meus sentimentos!!!
- Tudo bem mãe. Vou desligar, viu? Até mais.
- Se cuida, Caio. Vê se me manda notícias, pelo amor de Deus.
- Tudo bem. Qualquer dia desses eu ligo de novo.
- Fica com Deus.
- Você também.
Não me despedi e coloquei o telefone no gancho. Eu não sabia até onde ela estava sendo sincera naquelas palavras.
- Viu? Doeu?
- Um pouquinho – confessei –, mas ao mesmo tempo eu me sinto mais leve.
- Pode ter certeza que a sua mãe também.
- Será?
- Não sou mãe, mas posso imaginar a dor que ela está sentindo.
- Tenho as minhas dúvidas...
- Você é muito irredutível, menino. Mas o que ela disse?
- Que colocou meu nome nas novenas da igreja e que procurou um pastor pra ele rezar por mim. Vê se pode. Ela pensa que fiz uma escolha.
- Coitadinha. Ela ainda tem esperanças que você volte pra casa.
- Eu até voltaria. Se meu pai não estivesse mais lá.
- Que absurdo, Caio. Não fale assim.
- É verdade, Dona Elvira. Não tem condições de viver embaixo do mesmo teto que ele não...
- Um dia as coisas vão voltar ao normal entre vocês, você vai ver.
- Não tenho tanta certeza assim.
Preconceituoso do jeito que o meu pai era, só um milagre ia fazer com que ele mudasse seus pensamentos, mas para Deus nada é impossível.
Durante as três semanas seguintes, meu relacionamento com o Bruno
ficou estagnado na amizade. A cada dia que passava, o meu sentimento por ele
aumentava, mas eu não tinha a menor coragem de assumir o que estava sentindo.
- O Rodrigo disse que quer falar com você – Bruno esticou o pescoço por cima da PA e me falou.
- Sobre o quê? – achei estranho.
- Não faço ideia. Que horas você vai pra pausa?
- Daqui vinte minutos.
- Espera por ele, daí vocês conversam.
- Que horas ele vai?
Ele virou o pescoço e perguntou ao garoto que horas ele sairia.
- Daqui meia hora.
- Eu espero sim.
- Beleza.
Fiquei curioso e intrigado. O que o Rodrigo queria afinal de contas?
- O que foi? – perguntei curioso.
- Ah, quero te fazer um convite.
- Que convite? – estranhei.
- Na hospedaria onde você mora, você paga quanto por mês?
- R$ 300,00. Por quê?
- O que acha de morar na minha república?
- Na sua república?
Nós subimos as escadas até o refeitório>
- Deixa eu te explicar, somos em 6, mas um dos garotos desistiu, então estamos em 5 e tem uma vaga em aberto.
- E?
- E eu pensei em você para ocupá-la. Imagino que lá onde você vive não seja tão confortável assim não é mesmo?
- Confortável não é mesmo, mas até já me acostumei, sabia?
- Mas não sente vontade de voltar a morar no conforto de uma casa? Com televisão, internet e toda infra-estrutura que você precisa?
- É claro que eu quero, mas quanto isso vai me custar por mês?
- Não vai passar do valor que você paga na hospedaria, isso eu te garanto.
- Sério?
- Sim. É que lá a gente divide o aluguel, a água, a luz, o telefone a internet. A comida e as coisas de higiene é individual.
- Hum, entendi. Mas será que seus amigos vão aceitar?
- Ah, eles são tranquilos. Estamos precisando de alguém para cobrir a vaga do Juan, eles vão aceitar sim.
- Ah, gostei da ideia – só de pensar em morar de novo em uma casa, meus olhos brilharam.
- Então quer ir lá conhecer?
- Quero. Quando posso ir?
- Hoje mesmo depois do expediente. Pode ser?
- Fechado!
- Você vai adorar. Os caras são muito gente fina. Prometo que vai se divertir muito.
- Imagino que seja a maior zona. 5 homens juntos não dá muito certo.
Ele deu risada.
- Até que somos organizados.
- Bom, adorei o convite. Muito obrigado por ter pensado em mim.
- Imagina, amigos são pra essas coisas.
- O Rodrigo disse que quer falar com você – Bruno esticou o pescoço por cima da PA e me falou.
- Sobre o quê? – achei estranho.
- Não faço ideia. Que horas você vai pra pausa?
- Daqui vinte minutos.
- Espera por ele, daí vocês conversam.
- Que horas ele vai?
Ele virou o pescoço e perguntou ao garoto que horas ele sairia.
- Daqui meia hora.
- Eu espero sim.
- Beleza.
Fiquei curioso e intrigado. O que o Rodrigo queria afinal de contas?
- O que foi? – perguntei curioso.
- Ah, quero te fazer um convite.
- Que convite? – estranhei.
- Na hospedaria onde você mora, você paga quanto por mês?
- R$ 300,00. Por quê?
- O que acha de morar na minha república?
- Na sua república?
Nós subimos as escadas até o refeitório>
- Deixa eu te explicar, somos em 6, mas um dos garotos desistiu, então estamos em 5 e tem uma vaga em aberto.
- E?
- E eu pensei em você para ocupá-la. Imagino que lá onde você vive não seja tão confortável assim não é mesmo?
- Confortável não é mesmo, mas até já me acostumei, sabia?
- Mas não sente vontade de voltar a morar no conforto de uma casa? Com televisão, internet e toda infra-estrutura que você precisa?
- É claro que eu quero, mas quanto isso vai me custar por mês?
- Não vai passar do valor que você paga na hospedaria, isso eu te garanto.
- Sério?
- Sim. É que lá a gente divide o aluguel, a água, a luz, o telefone a internet. A comida e as coisas de higiene é individual.
- Hum, entendi. Mas será que seus amigos vão aceitar?
- Ah, eles são tranquilos. Estamos precisando de alguém para cobrir a vaga do Juan, eles vão aceitar sim.
- Ah, gostei da ideia – só de pensar em morar de novo em uma casa, meus olhos brilharam.
- Então quer ir lá conhecer?
- Quero. Quando posso ir?
- Hoje mesmo depois do expediente. Pode ser?
- Fechado!
- Você vai adorar. Os caras são muito gente fina. Prometo que vai se divertir muito.
- Imagino que seja a maior zona. 5 homens juntos não dá muito certo.
Ele deu risada.
- Até que somos organizados.
- Bom, adorei o convite. Muito obrigado por ter pensado em mim.
- Imagina, amigos são pra essas coisas.
- Léo, vamos com os meninos hoje, tá bom?
- Vamos é? – ele perguntou.
- Uhum, vou ver uma parada com o Rodrigo.
- Vai, é?
- Vou.
- Que parada? Posso saber?
- Não, não pode – resolvi não abrir o jogo. Ele estava boca aberta demais ultimamente.
- Segredinhos pra cima de mim agora?
- Quando você aprender a fechar essa boca, quem sabe eu te conto.
Ele não respondeu e nós fomos até onde eles estavam.

- Ah, pensei que não ia vir – o Rodrigo sorriu.
- Você acha que eu ia perder essa oportunidade?


Lancei um olhar rápido ao Bruno, mas logo desviei meus olhos pro Rodrigo.
.

- Que bom.
- Pode entrar, fica à vontade – ele pediu.

- Com licença.
Assim que eu entrei, já dei de cara com um dos donos da casa.

- Ah, Fabrício, esse é o Caio.
- Beleza?
Apertamos as mãos.
- Tranquilo e você?
- Bem.
- Cadê os meninos?
- Nos quartos.
- Espera aí, Caio. Vou chamar os caras pra você conhecer.
Fui apresentado aos marmanjos. Um mais bonito que o outro. Vinícius, Ricardo, Willian, Fabrício e o próprio Rodrigo. O único que não me chamava a atenção, era o Ricardo.






Eles me explicaram detalhadamente como era a rotina daquela república e em
seguida, me mostraram a casa, que não era muito grande.
A cozinha era o maior cômodo daquele local. A sala era um pouco apertada e tinha só um conjunto de estofados e uma estante com televisão e som. Eram 3 quartos, cada um com duas camas de solteiro e um guarda-roupa.

- O que achou?
- Muito bom – respondi. – O banheiro, onde é?
- Ah, é. O banheiro e a lavanderia são juntos. Vem cá...
Eu segui o meu colega e ele me mostrou a lavanderia, que tinha um tanque de cimento e uma máquina de lavar e o banheiro, que era bem simples.
- É tudo bem organizadinho, né?
- A gente tenta deixar o mais organizado possível – explicou Willian.
- Ah, eu gostei sim.
- Tá interessado?
- Tô, mas eu posso mesmo vir?
- Claro que pode – disse Rodrigo. – Pode vir quando você quiser.
- Por mim então está fechado.
E todos ficaram de acordo com a minha mudança para a república. Meu coração bateu feliz aquela noite. Finalmente eu ia poder sair daquele cubículo que era o quartinho da hospedaria do Seu Manollo...
- Quando você se muda? – Fabrício perguntou.
- Então, só no dia 1º, porque eu já paguei até o final do mês e não quero ter prejuízo. Pode ser?
- Tranquilo. A gente segura a vaga pra você.
- O dia 1º tá perto já – Ricardo interagiu.
Eu fiz as contas mentalmente. Estava perto mesmo.
- Então ficamos combinados assim. Dia 1º você muda.
- Fechado. Onde vai ser meu quarto?
- Comigo – disse Vinícius.
Um dos mais gatinhos... Meu coração acelerou.
- Mas se você quiser, a gente pode remanejar pra você ficar com o Rodrigo, já que você conhece ele mais do que a gente, né?
- Por mim não tem problema, mas depois a gente vê isso direitinho.
- Combinado.
Me despedi dos garotos e enquanto ia andando pro meu quartinho, fiquei pensando em como seria a minha vida depois que eu mudasse pra república.
Ia viver com 5 rapazes... Como seria aquela convivência? Como seria o meu dia-a-dia? Eu nunca tinha morado com desconhecidos antes, será que ia me adaptar? E se eles descobrissem a minha homossexualidade? O que eles iam fazer comigo? Sera que eu corria o risco de ser expulso de novo???

- Vamos é? – ele perguntou.
- Uhum, vou ver uma parada com o Rodrigo.
- Vai, é?
- Vou.
- Que parada? Posso saber?
- Não, não pode – resolvi não abrir o jogo. Ele estava boca aberta demais ultimamente.
- Segredinhos pra cima de mim agora?
- Quando você aprender a fechar essa boca, quem sabe eu te conto.
Ele não respondeu e nós fomos até onde eles estavam.
- Ah, pensei que não ia vir – o Rodrigo sorriu.
- Você acha que eu ia perder essa oportunidade?
Lancei um olhar rápido ao Bruno, mas logo desviei meus olhos pro Rodrigo.
.
- Que bom.
- Pode entrar, fica à vontade – ele pediu.
- Com licença.
Assim que eu entrei, já dei de cara com um dos donos da casa.
- Ah, Fabrício, esse é o Caio.
- Beleza?
Apertamos as mãos.
- Tranquilo e você?
- Bem.
- Cadê os meninos?
- Nos quartos.
- Espera aí, Caio. Vou chamar os caras pra você conhecer.
Fui apresentado aos marmanjos. Um mais bonito que o outro. Vinícius, Ricardo, Willian, Fabrício e o próprio Rodrigo. O único que não me chamava a atenção, era o Ricardo.

A cozinha era o maior cômodo daquele local. A sala era um pouco apertada e tinha só um conjunto de estofados e uma estante com televisão e som. Eram 3 quartos, cada um com duas camas de solteiro e um guarda-roupa.
- O que achou?
- Muito bom – respondi. – O banheiro, onde é?
- Ah, é. O banheiro e a lavanderia são juntos. Vem cá...
Eu segui o meu colega e ele me mostrou a lavanderia, que tinha um tanque de cimento e uma máquina de lavar e o banheiro, que era bem simples.
- É tudo bem organizadinho, né?
- A gente tenta deixar o mais organizado possível – explicou Willian.
- Ah, eu gostei sim.
- Tá interessado?
- Tô, mas eu posso mesmo vir?
- Claro que pode – disse Rodrigo. – Pode vir quando você quiser.
- Por mim então está fechado.
E todos ficaram de acordo com a minha mudança para a república. Meu coração bateu feliz aquela noite. Finalmente eu ia poder sair daquele cubículo que era o quartinho da hospedaria do Seu Manollo...
- Quando você se muda? – Fabrício perguntou.
- Então, só no dia 1º, porque eu já paguei até o final do mês e não quero ter prejuízo. Pode ser?
- Tranquilo. A gente segura a vaga pra você.
- O dia 1º tá perto já – Ricardo interagiu.
Eu fiz as contas mentalmente. Estava perto mesmo.
- Então ficamos combinados assim. Dia 1º você muda.
- Fechado. Onde vai ser meu quarto?
- Comigo – disse Vinícius.
Um dos mais gatinhos... Meu coração acelerou.
- Mas se você quiser, a gente pode remanejar pra você ficar com o Rodrigo, já que você conhece ele mais do que a gente, né?
- Por mim não tem problema, mas depois a gente vê isso direitinho.
- Combinado.
Me despedi dos garotos e enquanto ia andando pro meu quartinho, fiquei pensando em como seria a minha vida depois que eu mudasse pra república.
Ia viver com 5 rapazes... Como seria aquela convivência? Como seria o meu dia-a-dia? Eu nunca tinha morado com desconhecidos antes, será que ia me adaptar? E se eles descobrissem a minha homossexualidade? O que eles iam fazer comigo? Sera que eu corria o risco de ser expulso de novo???

Nenhum comentário:
Postar um comentário