sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Capítulo 45

- Q
uem está falando? – o meu ciúme aflorou na hora.
O Rodrigo me olhou com uma cara de intriga, mas não parou de fazer o que estava fazendo no meu notebook.
- Quem é? – ele retrucou.
- Eu perguntei primeiro! Quem está falando? – me revoltei e fiquei de pé de uma vez.
- Quer falar com quem?
- Por que você está com o celular do Bruno?
Rodrigo me fitou novamente, desta vez com as sobrancelhas erguidas.
- Ele está dormindo, liga depois.
- QUEM ESTÁ FALANDO? – meu coração acelerou.
- O pai dele – o cara respondeu de má-vontade.
Eu não sabia onde enfiar a minha cara. Por que ele não disse logo?
- Ah! Desculpe. Eu... eu ligo depois. Obrigado.
Ele não me respondeu e desligou o telefone na minha face.
- Algum problema? – o futuro engenheiro quis saber.
- Não – minha dor de cabeça voltou com força total. – Está tudo bem.
A veia da minha testa estava pulsando no mesmo ritmo do meu coração. Eu sentei na cama, respirei fundo e fechei meus olhos. A dor estava simplesmente insuportável.
Senti a maior necessidade de tomar um banhp. Além de estar sentindo calor, eu tinha certeza que depois da ducha eu ia me sentir melhor.
E me senti mesmo. Foi como tirar uma tonelada de cima das minhas costas. A dor na têmpora até diminuiu um pouco.
- Sente-se bem? – ele indagou novamente.
- Com dor de cabeça, cara – resmunguei.
- Bem feito. Quam mandou beber tanto?
- Olha quem fala, né?!
- Mas eu nunca fiquei bêbado.
- Isso é verdade. Acho que eu exagerei um pouquinho.
- Um pouquinho? – Rodrigo riu.
- Tudo bem... Eu exagerei!
- Ah, ainda bem que reconhece.
- Não vai mais acontecer.
Era o que eu achava. Depois de tomar uma bela dose de um remédio amargo que o Vinícius me deu, eu criei coragem e fui para o trabalho.
Por sorte, antes de chegar na rua onde eu trabalhava, o Bruno me ligou e eu pude entender direitinho o que havia acontecido.
- Desculpa não ter te atendido, eu estava dormindo – ele se justificou.
- Fiquei muito enciumado, viu?
- Que lindo – ele se derreteu. – Foi meu pai que atendeu, amor.
- Ele disse. Fiquei super sem graça porque eu gritei com ele.
- Gritou?
- Ah, eu perguntei quinhentas vezes quem era e ele não respondeu!
- Adoro – ele gargalhou.
- Você ri, né safado?
- Já estou morrendo de saudades, sabia?
- Eu também – informei.
- Vamos sair de novo?
- Até podemos sair sim, desde que seja só nós dois.
- Não gostou dos meus amigos?
- Gostei sim, mas eu queria ficar só com você, né? Namorar um pouquinho... A gente já se vê tão pouco!
- Eu te entendo. Também queria ter ficado só com você, mas você viu que foi a maior coincidência!
- Verdade. Está se sentindo bem? – eu mudei de assunto.
- Tirando a ressaca, bem e você?
- Digo o mesmo. A minha cabeça está doendo.
- A minha também. Está quase explodindo... Coitadinho, você vai ter que trabalhar assim?
- Não me resta escapatória. Vou enrolar a noite toda.
- Derruba as ligações, bobo.
- Ah, não posso. É muito pouco para eu derrubar. Vai ficar muito na cara.
- Eu derrubo várias.
- Pensa que eu não sei? – dei risada. – Meu lindão!
- Você que é. Amor, eu vou tomar um banho, tá?
- Me leva?
Ele deu uma risadinha baixa e safada.
- Vem!
- Ah, se eu pudesse...
- É... Bem que eu queria!
- Você é muito insaciável, garoto. Nunca vi igual!
- Quero mais é aproveitar a vida!
- Minha nossa, acaba comigo mesmo!
- Quem vê pensa que você não curte.
- Claro que eu curto, mas isso me deixa cansado.
- Quer parar? A gente pode parar...
- De jeito nenhum! Eu quero é mais, muito mais!
- Então vem pegar mais, vem?
- Não me deixa com vontade, garoto...
- Vem? Vem me pegar, vem?
Meu pau ficou duro na hora!
- Você fez alguém acordar aqui.
- É mesmo? – a voz dele ficou bem sexy. – Acordou, é?
- Acordou sim.
- Que delícia, hein? Vem colocar na minha boca, vem?
Ah, se eu tivesse oportunidade...
- Safado!
- Você gosta?
- Amo – respondi de imediato. – Amo muito.
- Então vem me experimentar mais, vem?
- Olha que eu vou, hein?
- Vem, amor. Vem pra cá comigo...
Eu só não fui porque tinha que trabalhar.
- Não posso, bebê. Já cheguei na empresa.
Meu namorado suspirou.
- Que pena. Seria bom demais para ser verdade.
- Nâo faltarão oportunidades.
- Eu sei disso, mas eu quero você agora.
- Também te quero agora, mas sabe que não é possível.
- Droga, viu?
- Não fica bravo. A gente se vê assim que eu puder.
- Assim espero. É o mínimo!
- Meu lindão – como eu estava apaixonado.
- Te amo, bebê. Vou para o meu banho, bater uma pensando em você...
Quis morrer de tanta vergonha.
- Caio?
- Você me deixou sem graça – respondi baixinho.
- Que lindo! Eu amo quando você fica com vergonha!
- Ama?
- Eu te amo de qualquer jeito, mas quando você fica vermelho, eu amo ainda mais. Fica muito lindo...
- Para...
Eu sentia meu rosto em chamas.
- Lindo, lindo e lindo – ele falou.
- Você que é. Deixa eu entrar, amor. A gente se fala amanhã.
- Beleza, vai lá. Bom trabalho para você.
- Bom descanso aí. Se cuida.
- Pensarei em você.
- E eu em você – prometi.
- Te amo muito, tá?
- Amo também.
- Levou uma pancada nos olhos, Caio? – meu supervisor indagou.
- Não – fiquei chateado. Estava tão ruim assim? – Estou de ressaca.
- E você bebe? – ele se chocou.
- E por acaso tem algum problema nisso? Posso te pedir um favor?
- Claro.
- Estou com a minha cabeça explodindo, posso ficar fora do corredor hoje? Queria ficar sozinho para descansar a cabeça um pouco.
- Desde que você não durma...
- Não dormirei – na verdade eu estava duvidando disso. – Prometo.
- Não vejo problema algum. Pode sentar nessa primeira PA aqui ao lado da minha mesa.
Filho da puta! Eu queria ficar bem longe da mesa dele pra poder tirar um cochilinho...
- Valeu – resmunguei, de má-vontade.
Sentei, loguei e abri os meus sistemas. 5 minutos depois, caiu a primeira ligação do dia.
- Não está dormindo não, né Caio? – Breno perguntou, depois de umas 2 horas.
- Não – mas eu estava com os olhos fechados. A Central de Relacionamento estava extremamente silenciosa.
- Acho bom.
A minha dor de cabeça estava tão intensa que nem consegui cumprir a minha palavra. Quase não pensei no Bruno naquela madrugada. A única coisa que eu desejava com todas as minhas forças, era que aquela maldita ressaca fosse embora.
Mas ela não foi, pelo contrário: ficou pior. Em determinado momento da madrugada, enquanto eu estava concentrado no silêncio para tentar me acalmar, senti como se alguém tivesse dado um tapa no encosto da cadeira giratória onde eu estava sentado e isso fez com que o meu coração fosse parar na boca de tão assustado que eu fiquei.
- AI QUE SUSTO! – não pude conter o grito de espanto.
- Tá tudo bem aí, Caio? – Breno levantou da mesa e ficou me olhando fixamente.
- Está... eu acho...
- Que grito foi esse então?
Toda a equipe estava me olhando.
- Eu... eu... tive a impressão que alguém deu um tapa no encosto da minha cadeira!
Minha dor de cabeça ia me matar...
Breno deu risada e voltou a se sentar.
- Relaxa. Isso às vezes acontece mesmo. Já aconteceu comigo algumas vezes.
Como assim já tinha acontecido algumas vezes? E ele achava normal? Não tinha ninguém atrás de mim... Como poderia ter aquela sensação sendo que não havia nenhuma pessoa ao meu redor?
Aquele assunto durou a madrugada toda. A equipe inteira ficou comentando sobre aquele acontecimento misterioso; Pode parecer mentira de minha parte, mas não é! Eu realmente senti alguém batendo na minha cadeira... Ou será que tinha sido imaginação ou um delírio por causa da enxaqueca? Era melhor optar por essa segunda opção e parar de pensar naquilo, senão eu ia ficar louco de vez.
- Virou vampiro, cara? – Rogério brincou.
- Bem capaz – eu bocejei.
Não consegui prestar atenção nas aulas aquela manhã. Passei a maior parte do tempo dormindo e na hora de ir embora, comecei a me sentir um pouco melhor.
- Mais uma vez não cumpriu a promessa – Rogério me lembrou.
- Me perdoa. Eu não vou prometer mais porque nunca consigo cumprir!
- Por que não foi ontem?
- Estava de ressaca – fiquei constrangido.
- Ah, muito bonito!
- Acontece, né?
- Não sabia que vocêbebia.
- Bebo quando saio. Não deveria, mas...
- Cara de pau. Deixa eu ir que a minha barriga está pedindo comida.
- A minha também e eu preciso da minha cama o quanto antes.
Depois de almoçar, me senti quase recuperado. Deitei na minha cama, me cobri com meu edredom e parece que um segundo depois de fechar meus olhos, eu já estava mergulhado no mundo dos sonhos.
Aquela cama estava tão quentinha e aconchegante que quase não tive coragem de levantar para ir na academia.
Embora estivesse me sentindo descansado, meu corpo estava meio molenga e as minhas pernas não obedeciam muito bem aos meus comandos.
- Boa noite – Felipe apertou a minha mão. – Que cara de sono é essa?
- Deve ser porquê eu estou com sono?
Mas eu não estava tão sonolento assim. Talvez tudo não passasse de um reflexo da minha bebedeira de final de semana.
- Tenho uma novidade para você.
- Não me diga que você mudou meu treino?
- Não, não se trata disso.
- E o que é então?
- Vou entrar de férias amanhã.
- E não me falou nada? – fiquei decepcionado. Quem ia ser meu professor?
- Esqueci – ele deu um sorriso tímido.
- Vou ficar sem professor? – reclamei.
- Então, não! Um novo personal vai me substituir.
- Quem? – me interessei. Será que era tão bonito e gostoso quanto o Felipe?
- Ele se chama Frederico. Vou te apresentar, vem comigo.
Se decepção matasse, eu teria morrido naquele instante. O cara não era nada parecido com o meu instrutor... Era baixo, magro e não tinha olhos verdes. Fiquei frustrado.
- Fred, esse é o Caio. Ele é meu aluno assíduo há meses. Preciso que você o acompanhe, beleza?
- E aí, Caio?
Ele apertou a minha mão. Eu estava incrédulo.
- Tudo bom?
- Bem e você?
- Bem.
- Então, ele é bem comprometido, quase nunca falta. Acompanha ele de perto – disse Felipe.
- Pode deixar. Vou acompanhá-lo.
- Vamos treinar, Caio?
- Vamos sim, Felipe.
Que ódio. Por que ele tinha que sair de férias e me deixar com aquele cara? Eu não ia mais ter inspiração para pegar os pesos da academia.
- Vai aquecendo lá na esteira. Pode fazer meia hora.
- Corrida ou caminhada? – perguntei.
- Corrida, é claro. Tá ficando mole, é?
Dei risada e me dirigi até às esteiras. Enquanto corria comecei a pensar no meu Bruno. O que será que ele estava fazendo naquela momento?
Antes de sair, me despedi do meu personal e desejei que ele tivesse boas férias. Já estava mais que acostumado com o Felipe e ficar 30 dias longe dele não seria nada fácil. Para quem eu ia olhar enquanto treinava?
Fiquei surpreso e muito feliz em ver meu namorado encostado em um poste na frente do prédio da academia.
- O que você está fazendo aqui? – meu estômago revirou e ficou gelado.
- Não gostou? Se quiser eu posso ir embora.
Me aproximei e dei um selinho naquela boquinha deliciosa.
- Palhaço! Que surpresa boa!
- Não estava mais aguentando de saudade – ele não se seguru e me deu um abraço bem apertado.
- Também estava com saudade, amor.
- Treinou muito, bebê?
- Bastante, mas já me acostumei e me sinto muito bem. E você? Veio hoje?
- Claro! Eu não falto mais não. Treinei perna hoje.
- Hum...
Eu passei meus olhos pelas pernas do meu neném. Elas estavam ficando um pouco mais torneadas mesmo.
- E braço você não faz?
- Faço, mas hoje foi treino das pernas.
- Ah, tá. O meu é tudo junto.
- Você aguenta?
- Que nem eu te falei, já acostumei. É bom. Faz bem pra alma.
- É verdade. Amor, seu contrato está acabando, né?
- Contrato do quê? – perguntei.
- Da empresa.
- Ah, é. Mas ainda faltam 2 meses, amor.
- Hum... Melhor já ir pensando em outro emprego. Ou vai querer renovar?
- Não. Eles não renovam, lembra? Eu ia ter que passar por processo seletivo para ser efetivado, mas não quero mais essa vida de telemarketing. Vou procurar alguma coisa melhor.
- Faz muito bem.
- O seu ainda vai acabar no final do ano que vem, né?
- Aham, mas eu não vou aguentar ficar lá até esse tempo. Deus me livre, já não estou aguentando mais.
- Eu estou porque o meu produto é tranquilo. Se eu ainda estivesse na cobrança, acho que estaria pirando.
- Pois é. Eu também vou procurar algo melhor – ele falou
Bruno e eu fomos conversando sobre diversos assuntos e tivemos dificuldade para nos despedir quando eu tive que entrar no trabalho.
- Não vai... – Bitch pediu.
- Quem me dera eu pudesse faltar.
- Quando você vai dormir lá em casa, hein?
- Que tal na minha próxima folga?
- Combinadíssimo. Vou contar os dias ansiosamente.
- Lindo! Te amo, tá? Preciso entrar.
A Aline passou e nos olhos dos pés à cabeça.
- Quem é essa daí?
- Uma menina da minha equipe.
- Precisava olhar assim pra gente?
- Pois é... Preciso entrar, Bruno. a gente se fala depois.
- Beleza. Eu te ligo quando você sair.
- Vou esperar.
Olhei pra um lado, olhei pro outro e como não vinha ninguém na rua, não pensei duas vezes em dar um beijo rápido no meu namorado.
- Assim é que eu gosto – ele sorriu.
- Bobão. Te amo muito.
- Também, amor. Fica com Deus e bom trabelho.
- Obrigado, amor.
Tive que correr e por sorte, cheguei em cima da hora.
- Bom dia, senhor Caio – meu supervisor parecia de bom-humor. – Sente-se melhor?
- Aham. Bom dia.
Eu sentei na minha PA e abri todos os meus sistemas. Como ele tinha sido lindo em ter ido me esperar na frente da academia aquela noite...
- Bom dia, Caio – Aline falou com aquela voz enjoativa.
- Bom dia.
- Quem era o menino que estava com você?
Por que será que eu não estava surpreso em ela ter me perguntado aquilo?
- Um amigo, por quê?
- Por nada. Curiosidade mesmo.
- Percebi.
Pela primeira vez eu pensei na minha saída daquela empresa. O Bruno tinha razão. Por mais que faltassem 2 meses para o término do meu contrato como menor aprendiz, eu já tinha que começar a procurar outra coisa.
No meio da madrugada eu fui contemplado com um pepino enorme para resolver. A cliente me estressou tanto que eu fui obrigado a pedir que o Breno atendesse a ligação.
- Cliente quer falar com você – eu comuniquei. Eu estava muito nervoso.
- Por qual motivo? – ele me olhou.
- Porque ela não acredita no que eu estou falando. Não vou mais atendê-la não. Ela me tirou do sério.
- Vamos lá ver o que está acontecendo.
O Breno me obrigou a voltar com a cliente e a passar o procedimento todo novamente. Eu fiquei possuído de tanta raiva.
- Ela não aceita. Exige falar com o supervisor – eu cruzei os braços e coloquei meu head set em cima do monitor.
- Calma, Caio. Não é assim que as coisas funcionam.
- E o que você quer que eu faça? Eu já falei com ela mil vezes e ela não aceita a posição. Eu não vou atender porque ela quer falar com você. Eu não sou supervisor!
Ele respirou fundo e colocou o fone no ouvido, mas com muita má-vontade.
- Deixa eu sentar aí e aproveita e vai beber uma água.
Levantei e saí bufando. Quem ele pensava que era para me tratar daquele jeito? Era obrigação dele atender a ligação quando um cliente pedia para ele assumir.
- Mais calmo? – perguntou Geruza assim que eu voltei para meu lugar.
- Um pouco – respondi.
O Breno estava argumentando sem parar com a cliente, mas eu percebi que ele também estava perdendo a paciência.
- Não, senhora, o atendimento limita-se a mim. Não existe outra pessoa superior a mim que a senhora possa falar.
Aquele atendimento demorou quase uma hora e quando ele finalizou, respirou fundo e disse:
- Cliente desgraçada.
- Eu disse! – exclamei.
- Preciso mandar um e-mail. Anota os dados do cadastro dela pra mim, Caio.
Fiz o que ele me pediu e por sorte, até o final do expediente não peguei outra ligação. Mais do que nunca, fiquei decidido a abandonar aquela vida de operador de telemarketing.
Por sorte, naquele dia não houve nada de anormal ao meu redor, mas eu também não estava mais me lembrando daquele acontecimento idiota.
DIAS DEPOIS...                                                                                                     
Ele tirou a minha cueca e começou a me chupar bem devagar.
- Delícia – falei baixinho.
Bruno era muito safado e não ficava quieto enquanto não tirava a derradeira gota de esperma do meu cacete.
- Ah... – eu gemi baixinho.
- Como você é delicioso – ele foi me dar um beijo.
- Te amo – falei.
- Também.
Foi uma longa noite de amor. Antes de dormir, nós tomamos um banho juntos, trocamos o lençol da cama e tomamos café da manhã. Era bom demais ficar ao lado daquele garoto, ainda mais durante todo o meu dia de folga.
- Me abraça? – eu pedi.
Não sei por qual motivo, mas repentinamente senti uma carência enorme.
- Está tristinho? – ele passou os braços por cima do meu corpo e me deu um beijo no rosto.
- Não sei. Fiquei carente de repente...
- Oh, amor – ele me apertou. – Eu estou aqui!
Bruno e eu dormimos agarradinhos naquela manhã e só conseguimos acordar quase na hora do jantar.
NA PRIMEIRA SEMANA DE JULHO...
Ricardo decidiu abandonar a república de uma hora para outra.
- Não é de uma hora para outra, Will – ele falou. – Já estou pensando nisso há meses.
- Tem certeza? – Willian indagou.
- Absoluta. Vai ser melhor pra mim, pô.
- Então é você que sabe.
Com a saída do garoto, ia sobrar uma vaga que teria que ser preenchida, senão nós íamos sair no prejuízo.
Quando chegou o dia dele se mudar, Ricardo se despediu de todos nós, agradeceu pelo tempo que passou conosco e deixou bem claro que se não desse certo na casa da namorada, iria voltar a morar com a gente.
- Então pensa rápido porque a sua vaga tem que ser preenchida – Fabrício falou.
- Relaxa – ele riu. – Eu tenho certeza que vai dar tudo certo.
Na mesma semana em que ele decidiu ir embora, Fabrício e Vinícius anunciaram que iam passar as férias da faculdade na casa dos pais. A casa seria minha, do Willian e do Rodrigo. Liberdade e privacidade total.
- A casa é nossa – Willian sentou de vez no sofá.
- Queria poder viajar também – Rodrigo falou.
- Eu também, mas não dá – ele suspirou.
Eu também queria viajar. Queria voltar para São Paulo e rever meus amigos, minha família... Mas eu me lembrei que a minha família não queria saber de mim!
- Que cara é essa, Caio? – Rodrigo perguntou.
- Nada – menti. – Nada não. Com licença.
Era duro lembrar deles. Por mais que já tivesse passado um ano e eu já estivesse acostumado com o Rio de Janeiro, eu ainda sentia falta da minha casa, do meu quarto e da minha família.
Meu celular começou a tocar e eu fiquei contente quando vi o nome do meu amor no centro da tela.
- Oi, lindão – atendi.
- Oi, bebê. Tudo bem?
- Uhum. E você?
- Ótimo. Tá livre hoje à tarde, né?
- Sim.
Depois que eu fiquei de férias da escola, eu conseguia dormir pela manhã e a tarde ficava sempre livre. Não quis trabalhar no mercado da Dona Elvira. Eu precisava descansar um pouco.
- Quer vir aqui em casa?
- Você ainda pergunta?
Ele deu risada.
- Que horas você chega?
- Umas 6. Pode ser?
- Pode. Vou estar te esperando.
E ele esperou mesmo. Bruno me recebeu com um baita beijo na boca e ali mesmo, na garagem, começou a passar a mão por debaixo da minha camiseta e em seguida segurou no meu pênis por cima da calça.
- Calma, Bruno! Olha onde a gente está...
- Vamos pro quarto, vamos?
- Que apressado! – dei risada.
Ele me empurrou para dentro de casa e na sala, me beijou novamente.
- Caraca, Bruno! O que você tem hoje?
- Tesão! Quero sexo, quero muito sexo!
- Cala a boca, criatura! A sua avó pode ouvir...
- Ela está na casa dos meus pais – ele me puxou pela escada.
Assim que entramos no quarto, ele me jogou em cima da cama com tudo.
- Nossa – fiquei extremamente excitado. Ele estava com uma pegada forte naquele dia.
- Tira a roupa!
- Vem tirar.
- Ah, é?
Ele subiu em cima de mim e arrancou a minha camiseta.
- Safado – falei.
- Não viu nada.
Foi uma das melhores – senão a melhor – transa da minha vida, até aquele momento, é claro. Minha Bitch estava mais do que insaciável, parecia que ele estava no cio!
- Quero mais – ele disse depois de 5 minutos, subindo em cima de mim novamente.
- Calma, deixa eu me recuperar...
Mal tinha acabado e ele queria de novo. Era mesmo um putinho!
- Quero agora!
Ele passou a língua por todo o meu corpo e abocanhou meu pau mais uma vez.
- AAAAAH... – dei um grito de prazer.
- Vem! Eu quero você agora!
Bruno colocou uma camisinha em mim e ficou de quatro na minha frente. Eu fiquei louco de tanto tesão vendo aquela bunda empinada pedindo pra ser fodida!
- Vem? – ele chamou, rebolando.
- Agora!
Aquele dia foi sexo. Não posso considerar aquela noite como uma noite de amor. Só o que ele queria e precisava era sentir prazer. E foi tudo muito, muito bom.
- Agora chega – eu caí exausto em cima da cama.
- Já cansou? – ele me deu um beijo no rosto.
- Pelo amor de Deus, não aguento mais – brinquei. – Você é muito ninfomaníaco!
- É por isso que meu apelido é Bitch, amor – ele me beijou demoradamente.
- Seu safado!!!
Ainda naquela noite, antes de ir pro trabalho, Bruno me presenteou com um álbum de fotos lindo que quase me fez chorar de tanta emoção:
- É lindo! – eu exclamei, com os olhos cheios de lágrimas.
Só havia fotos nossas naquele álbum. Uma mais legal que a outra.
- Gostou?
- Amei – falei. – Muito lindo. Não sabia que a gente tinha tanta foto juntos!
- E eu nem coloquei todas, separei só as mais legais.
- Muito lindo, amor. Obrigado.
Eu o beijei lentamente. Além de lindo, ele era muito fofo de vez em quando.
- Te amo – falamos juntos.
- Me acompanha até o metrô?
- Lógico!
UM MÊS DEPOIS...
Voltar para a escola não foi nada fácil. A única coisa que me deu forças foi saber que aquele era meu último semestre naquele colégio.
- Como foram suas férias? – perguntei ao Rogério.
- Da hora e as suas?
- Monótonas. Viajou?
- Viajei. Fui para Santa Catarina ficar na casa dos meus tios.
- Que legal. Lá é bonito?
- Tão bonito quanto o Rio.
- Duvido!
- Pelo menos é o que eu acho!
- Se você diz...
Encontrar o Vini em casa aquela tarde me fez lembrar de tudo o que havia acontecido entre nós dois.
- E aí? – eu o cumprimentei.
- Tudo bom, parceiro?
Apertamos as mãos.
- Bem e você?
- Ótimo. Como foram as férias?
- Monótonas e as suas?
- Maravilhosas. Bom demais rever a família.
- Voltou mais moreno ou é impressão minha?
- Peguei um bronze – ele deu um sorriso. – Precisava renovar a marca da sunga.
Engoli em seco. Que saudade de ver aquela marquinha de sunga...
- Quer dar uma conferida? – ele riu.
- Palhaço – fiquei sem graça.
- Amor? – ele me chamou.
- Hum?
- Eu te amo, tá?
- Eu te amo também.
Bruno me deu um beijo mega carinhoso.
- Obrigado por ser tão perfeito – ele deitou a cabeça no meu ombro.
- Você que é perfeito, lindão.
Eu achei estranho o fato dele não querer transar. A noite toda ele ficou deitado com a cabeça no meu peito, ouvindo o barulho do meu coração e pensando.
- Está tudo bem, Bruno?
- Uhum – ele sonorizou.
- Tem certeza?
- Sim – a voz dele soou baixo.
- Quer conversar?
- Não, amor. Eu só estou precisando de você. Faz cafuné?
Obedeci de imediato e ele acabou pegando no sono. Será que estava acontecendo alguma coisa e eu não sabia? Aquela atitude era muito esquisita.
Parecia que algo estava me alertando sobre alguma coisa que ia acontecer.
Quando chegou o momento de me despedir, ele me abraçou tão forte, mas tão forte que eu fiquei até sem ar.
- Que abraço gostoso – eu falei.
- Amor?
- Oi?
- Eu te amo. Não esquece disso, tá?
Eu me afastei e olhei aqueles olhos azuis imensamente lindos.
- Está acontecendo alguma coisa? – perguntei novamente.
- Não faz perguntas. Só me abraça e me beija!
Eu estava sentindo algo muito esquisito no ar.
Os beijos do meu namorado não eram mais os mesmos. Eles estavam lentos, cautelosos e totalmente contrários aos anteriores.
- Te amo – ele falou de novo.
- Também, amor. Tem certeza que não está acontecendo nada?
- Uhum.
Eu suspirei. Talvez ele só estivesse carente.
Mas o meu sexto sentido me dizia que não era carência. Eu sabia que algo de errado estava acontecendo com meu namorado, mas não sabia o quê!
- Caio?
- Que foi, meu lindão?
- Posso te pedir uma coisa?
- Lógico! O que você quiser.
- Me dá mais um beijo?
Aquele pedido eu não ia negar nunca! Nós nos beijamos e algo, bem no fundo do meu coração, me fez pensar que aquele seria o nosso último beijo.
Mas, por que eu estava pensando aquilo? Por que eu estava com aquela sensação idiota? É claro que aquele não seria o nosso último beijo...
Me senti mal com aqueles pensamentos ruins. Será que eu estava imaginando coisas? Ou será que algo de errado estava realmente acontecendo?
E se o Bruno estivesse escondendo alguma coisa de mim? E se o meu sexto sentido estivesse certo? E se aquele fosse realmente o nosso último beijo?
É claro que era imaginação de minha parte... Não havia nada de errado! Não poderia haver nada de errado! Meu namorado só estava carente, nada mais que isso... E era nisso que eu ia pensar.
Entretanto, quanto mais o beijo demorava, mais eu tinha sensação de despedida. O que estava acontecendo afinal de contas, meu Deus do céu?
Tive uma semana inteira de sono inquieto e quando faltava uma semana para a chegada do meu aniversário, tudo começou a acontecer.
- Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagem... – disse a gravação da operadora.
Estranho. Desde que eu tinha começado a namorar com o Bruno, o celular dele nunca ficou na caixa postal. Será que estava sem bateria?
É... Deveria ser isso. Só podia ser isso...
Mas foi assim nos dias seguintes. Todas as vezes que eu ligava, o celular estava desligado.
- Estou ficando preocupado já – comentei com o Rodrigo.
- Calma. Não há de ser nada.
Mas eu tinha certeza que algo tinha acontecido. Ele não podia simplesmente sumir do nada...
Nem na internet ele estava entrando mais. Deixei várias mensagens no Orkut e no MSN, mas não recebi nenhuma resposta. Parecia que o Bruno tinha levado chá de sumiço.
Extremamente preocupado, não conseguia mais me concentrar em nada e na véspera do meu aniversário, fiquei tão preocupado com o Bruno que nem sequer me lembrei que aquele seria o dia do meu desligamento da empresa.
- Caio, senta aqui – o Breno pediu.
- Para quê?
- Hoje acaba seu contrato, esqueceu?
- Ah, é verdade!!!
Ele me fez assinar várias folhas e recolheu o meu crachá.
- Foi bom trabalhar com você – ele falou.
- Foi bom trabalhar com você também, Breno. Posso me despedir da equipe?
- Claro!
Me despedi de todos os meus amigos e depois saí daquele lugar. Uma etapa da minha vida estava concluída.
Por que ele não estava com o celular ligado? Pensei em ir na casa dele, mas como estava muito tarde, achei melhor não fazê-lo.
Fui obrigado a pegar um táxi porque já não havia mais ônibus nem metrô naquela hora da madrugada.
Meu coração estava muito apertado. Eu estava prestes a completar 18 anos, mas a preocupação não me deixou pensar em nada. Nada a não ser no Bruno.
- Feliz aniversário – Rodrigo foi o primeiro a me abraçar.
- Obrigado, cara.
- Muitos anos de vida, muita saúde...
- Obrigado mesmo.

Recebi os cumprimentos de todos os meus amigos, menos de quem eu mais queria. O Bruno tinha mesmo sumido...
Foi o pior aniversário da minha vida. Eu tinha completado a maioridade, mas ele não estava presente. Eu estava me sentindo vazio e parecia que uma parte de mim estava faltando.
Dona Elvira me ligou para me parabenizar e pela minha voz, percebeu que algo estava errado, mas não quis entrar em detalhes.
Quando chegou da empresa, Rodrigo foi direto para o nosso quarto e pediu para falar comigo.
- O que foi? Alguma noticia?
- Tenho sim, Caio. Senta aí...
- Fala logo!
Ele suspirou e soltou tudo de uma vez:
- O Bruno pediu as contas na semana passada.
Meu coração parou e eu não senti mais as minhas pernas. Como ele tinha pedido as contas e não me falou nada?
- Mas...
- Por isso eu não o via mais – Rodrigo explicou. – Eu não sabia...
- Mas como? – eu estava incrédulo!
Não conseguia mais pensar em nada. O que tinha acontecido com o meu namorado?
- Esse número de telefone está programado para não receber chamadas, obrigada – disse a voz da operadora.
Algo estava muito, muito errado. Ele não podia sumir assim do nada sem deixar rastros.
Foi por esse motivo que no dia seguinte, eu resolvi ir atrás dele na casa da avó.
Não pensei duas vezes em sair de casa assim que o dia amanheceu. Eu precisava saber o que estava acontecendo e precisava entender por qual motivo ele havia sumido daquele jeito. Talvez algo de grave estivesse acontecendo.
- BRUNO? – eu chamei no portão.
Chamei uma, duas, três, quatro vezes e ninguém apareceu.
- BRUNÔ? – berrei novamente.
- Caio? – Vítor apareceu atrás de mim. Não notei a sua chegada.
- Oi, Vítor. Cadê o Bruno?
O menino me fitou com a fisionomia muito séria.
- A gente precisa conversar, Caio.
- Está acontecendo alguma coisa com o Bruno? Por que ele sumiu assim? O que está acontecendo, Vítor?
- Eu preciso falar com você...
- Fala logo! O que aconteceu com ele?
Meu coração estava a mil por hora. Vendo que ele não tinha coragem de responder, eu fui um pouco mais enérgico:
- Fala logo, Vítor! O que houve com o Bruno?
- Ele viajou, Caio!
- Viajou? – achei estranho. – Viajou pra onde?
O garoto estava muito sério. Eu nunca havia visto o Vítor daquela forma antes.
- Ele foi para a Espanha.
- Pelo amor de Deus, Vítor. Conta outra! – não acreditei.
- Não estou mentindo, Caio. Ele foi morar na casa dos padrinhos.
Engoli em seco e senti o iceberg descer pelas minhas entranhas. Meus olhos encheram-se de lágrimas na hora.
- Não acredito – falei.
- É verdade. Eu não estou mentindo.
- Co-conta outra. Fala a verdade, por favor...
Eu comecei a chorar. Não podia ser verdade, não podia!
- Infelizmente é verdade, Caio. Ele pediu para eu te entregar isso.
O rapaz me mostrou a aliança de compromisso com as minhas iniciais.
Rapidamente eu senti o meu mundo desabar, as minhas pernas tremerem e a minha respiração parar.
Aquilo não podia ser verdade. O Bruno não podia ter me abandonado... Não podia...

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