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N
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ão fiquei surpreso com o diagnóstico e tampouco esbocei alguma
reação quando recebi a notícia da minha doença.
- E qual o procedimento, doutor? – Rodrigo perguntou.
- Irei receitar alguns remédios e nós iremos fazer um acompanhamento com o paciente – respondeu o médico.
- Acompanhamento de quanto tempo? – meu amigo quis saber.
- Depende da evolutiva no caso. Eu calculo uns 6 meses.
Eles ficaram conversando entre si, mas eu estava tão alienado que nem estava prestando atenção nas informações que estavam sendo passadas.
- Então muito obrigado, doutor! – Rodrigo levantou e estendeu a mão.
- Por nada. Espero que fique tudo bem com você.
- Hum?
O médico sorriu compreensivamente e deu um tapinha no meu ombro.
- Vai ficar tudo bem, pode apostar.
- Assim espero – suspirei.
É claro que eu queria ficar bem, queria melhorar e queria esquecer do Bruno para sempre, mas não era nada fácil colocar as palavras em prática.
- Até mais – nós nos despedimos e eu saí do consultório.
- Viu só no que deu? – Rodrigo me cutucou nas costelas. – Depressão por quem não te merece!
- Eu sei, Rodrigo! Mas juntou tudo de uma vez, não é só por causa do Bruno não!
- Mas ele é o carro chefe nessa história toda aí.
- Infelizmente.
- Vamos comprar esses remédios.
- Não tenho mais dinheiro, lembra?
- Eu pago para você e não esquenta com nada.
Ele era um excelente amigo. O que seria de mim sem o Rodrigo?
- O que seria de mim sem você? – falei.
- Nada – ele deu um sorriso enorme. – Provavelmente você nem estaris aqui para contar história!
- Nem me lembra!
Só depois de um tempo a gente começa a entender e perceber a burrada que ia cometer. Eu estava arrependido até o fundo da minha alma de ter tentado me suicidar e todas as vezes em que esse pensamento voltava para a minha mente, eu rapidamente tentava focar em alguma coisa para não ficar pensando nesse assunto.
- Pelo menos você se arrependeu – disse Rodrigo.
- Muito. Muito mesmo, você não sabe o quanto.
- Já é um começo. Sabe, Caio, você precisa se ajudar também. Não adianta ficar chorando mais. Não adianta ficar pensando nele nem nada. Eu garanto para você que ele nem está sofrendo lá “nas Europas”.
E eu sempre me fazia essa pergunta. Será que ele estava sofrendo tanto quanto eu sofria? Será que ele pensava em mim tanto quanto eu pensava nele?
Ou será que ele já tinha me esquecido, superado e continuado a viver? Provavelmente essa fosse a resposta certa.
Eu estava sofrendo por uma pessoa que não merecia o meu amor. É claro que eu também estava sofrendo pela saudade que estava sentindo da minha família, mas nada comparado a ausência que meu ex tinha na minha vida.
Eu sentia falta do Bitch em todos os momentos do meu dia. Desde o amanhecer até o anoitecer. Desde a hora em que eu acordava até a hora em que ia dormrir e como de costume, ele era a primeira pessoa que eu pensava quando acordava e a última que eu pensava antes de dormir.
Era um amor incondicional. Um amor imenso que, mesmo com tantos acontecimentos negativos, ainda estava lá dentro do meu peito, quietinho, silencioso...
- Eu prometo que vou tentar dar a volta por cima – falei depois de uns minutos pensando.
- Assim é que eu gosto de te ver. Você teve motivos suficientes para se entregar a depressão quando foi expulso de casa e não se entregou. Bobagem ficar desse jeito por um cara que não te merece.
- Você tem razão, Rodrigo. Eu sei que você tem razão, mas é fácil falar. Você não sentiu o que eu senti, sabe?
- Posso imaginar que esteja sendo imensamente difícil lidar com essa situação, Caio! Porém, você tem que dar a volta por cima.
E eu tinha mesmo. Eu estava perdendo a minha vida. Já haviam se passado quase 3 meses e eu não estava trabalhando e estava indo super mal na escola. Era capaz até de repetir de ano!
- Vamos para casa – ele passou a mão sobre meu ombro e me prensou. – Vai ficar tudo bem.
- É, vai sim.
Mesmo que se passassem 2 milhões de anos, eu sempre seria grato ao meu amigo por tudo o que ele havia feito e estava fazendo por mim. Eu realmente não saberia dizer o que seria de mim sem ele naquele instante tão conturbado da minha vida.
Dezembro já havia chegado e as aulas estavam prestes a terminar.
Meu amigo Rogério estava ansioso para que as férias chegassem logo.
- Não vejo a hora de sair desse lugar. Não vejo a hora!
- Agora falta pouco.
- Graças a Deus.
A professora de Geografia inventou de passar o último trabalho valendo nota do ano e como eu estava devendo alguns pontinhos, fui obrigado a fazer aquela tarefa que por sorte, era em dupla.
- Podemos fazer lá em casa se você quiser – Rogério me convidou.
- Por mim tudo bem. Quando pode ser?
- No dia que você quiser.
- Por mim tanto faz, eu não tenho nada pra fazer mesmo!
- Pode ser hoje então? Depois daqui?
- Por mim – dei de ombros. – Quanto antes me livrar disso, melhor.
- Eu também. Então combinado. A gente vai hoje depois da aula.
- Beleza.
- Não vejo a hora de sair desse lugar. Não vejo a hora!
- Agora falta pouco.
- Graças a Deus.
A professora de Geografia inventou de passar o último trabalho valendo nota do ano e como eu estava devendo alguns pontinhos, fui obrigado a fazer aquela tarefa que por sorte, era em dupla.
- Podemos fazer lá em casa se você quiser – Rogério me convidou.
- Por mim tudo bem. Quando pode ser?
- No dia que você quiser.
- Por mim tanto faz, eu não tenho nada pra fazer mesmo!
- Pode ser hoje então? Depois daqui?
- Por mim – dei de ombros. – Quanto antes me livrar disso, melhor.
- Eu também. Então combinado. A gente vai hoje depois da aula.
- Beleza.
Como estávamos no final da primavera, o sol estava mais forte que nunca na Cidade Maravilhosa. Às vezes eu me sentia em pleno Deserto do Saara de tanto calor que sentia.
- Porra, hoje tá quente demais – ele colocou a mochila no chão e tirou a camiseta.
Instintivamente, meus olhos voaram até aquela barriguinha branquela e se detiveram em uma parte da cueca vermelha que teimava em sair pelo cós da calça jeans que o Rogério usava.
- Sua calça está caindo – eu falei, sem tirar os olhos daquele tecido.
- Deixa assim, eu gosto.
Além de gatinho, ele tinha um corpinho em dia. Não era nada sarado como o Vini e o Maicon, mas tinha um corpinho legal.
- Você vai ficar todo vermelho do sol – eu comentei.
- Vou nada.
- Duvido que não fique!
A caminhada até a casa do meu colega foi bem tranquila. A cidade estava muito movimentada como de costume, mas ao mesmo tempo, estava tranquila e pacata.
- Chegamos – ele abriu o portão. – Entra aí.
- Com licença!
A casa estava fechada. Provavelmente a mãe dele estava trabalhando.
- Sua mãe não está?
- No trabalho. Estamos sozinhos – ele abriu um sorrisinho.
- Hum. Espero não incomodar.
- Incômodo algum. Entra aí, fica à vontade.
A casa estava adoravelmente gelada. Eu me senti muito melhor quando coloquei meus pés dentro daquela sala de estar.
- Pode tirar os tênis e a camiseta se quiser.
- Não, estou bem assim, obrigado.
- Aceita uma água? Um suco? Uma Coca?
- Um copo de água eu aceito sim...
- Vem comigo!
Eu segui o garoto até a cozinha e enquanto a gente caminhava eu fiquei de olho na cueca vermelha que ele estava usando.
- Pode se servir!
Ele colocou uma garrafa de vidro e um copo em cima da mesa. Eu bebi dois copos de água gelada e me senti muito melhor depois de acabar com a minha sede.
- Obrigado.
- De nada. Vamos estudar já ou quer fazer outra coisa?
- Que outra coisa? – eu achei estranho.
- Jogar vídeo-game por exemplo.
- Ah, por mim tanto faz. Você é que manda!
- Então vamos jogar uma partidinha? Preciso desestressar um pouco.
Desestressar do quê se ele não fazia nada o dia inteiro?
- Então vamos – dei de ombros.
Ele me conduziu até o quarto e a gente sentou no chão mesmo, um ao lado do outro.
- Qual você quer?
Tinham tantos jogos que eu fiquei em dúvida.
- Qual você gosta mais?
- Esse – ele me mostrou um de luta.
- Então pode ser esse.
Rogério levantou e colocou o CD para rodar. Quando meu amigo sentou novamente ao meu lado, eu senti o perfume que ele estava usando entrar pelas minhas narinas. Fiquei um pouco alienado.
- Que foi? Não vai escolher o lutador?
- Hã? – nem tinha percebido que era a minha vez. – Ah, sim...
Jogamos por boa parte da tarde e só começamos a fazer o trabalho de Geografia quando a noite ia começar a cair.
- Nossa como eu sou mal-educado! Nem te ofereci almoço... Deve estar faminto, né?
- Não – fui sincero. – Não sinto fome.
- Desculpa, Caio. Eu não estava com fome também e acabei esquecendo de perguntar se você queria comer. Foi mal mesmo.
- Sem crise – eu sorri. – Realmente não sinto fome.
Comer era algo que eu raramente fazia naquela época de depressão. Raramente sentia fome e quando sentia, bastava ingerir algumas colheres de comida que já me sentia saciado.
- Se quiser, tem comida pronta – ele insistiu.
- Não. Não se preocupa, eu estou bem.
- Então tá bom, se quiser é só falar. Não precisa ter vergonha.
- Uhum, mas eu não quero. Obrigado.
Foi difícil entender o que a professora pediu, mas quando entendemos conseguimos terminar o trabalhinho bem rapidinho.
- Pronto – repousei a caneta no chão. – Finalizado.
- Que rápido. Não demorou nada.
- Verdade. Ainda bem!
- Aham.
Ele ficou calado por um instante e nossos olhos acabaram grudando. Ele era tão bonitinho e eu nunca tinha me interessado por ele antes.
- O que esta olhando? – indaguei.
- Nada. Estou pensando apenas.
- Pensando em quê?
- Pensando que eu vou sentir sua falta quano as aulas acabarem.
Foi a primeira vez que ele confessou aquilo para mim.
- Eu também vou sentir a sua falta, Rogério!
- Espero que a gente possa manter a amizade, Caio.
- Se depender de mim a gente vai manter sim!
- De mim também. Você é um bom amigo.
- Digo o mesmo, Rogério.
E ele era mesmo um bom amigo, embora de vez em quando fosse curioso demais.
Aqueles olhos me fitaram por um longo período e eu acabei me sentindo um pouco incomodado.
- Que foi? – quis saber.
- Nada – ele respondeu.
- Então por que está me olhando com essa cara de peixe morto?
Meu amigo abriu um sorriso.
- É a única cara que eu tenho!
- Cada um tem o que merece, mano – eu tentei brincar.
E me surpreendi. Talvez os remédios que o médico receitou já estivessem fazendo efeito, porque durante todo o dia eu quase não pensei no Bruno.
- Sente-se melhor, pelo jeito? – ele puxou assunto.
- Hum? – não entendi.
- Você está se sentindo melhor, não está? Já está até brincando!
- Ah! Não sei como, mas me sinto um pouco melhorzinho sim.
- Finalmente! Pensei que não ia esquecer da Bruna nunca.
Bruno. O certo era Bruno. O meu Bruninho que eu tanto amava e que tinha me abandonado...
- Não vamos falar disso? Eu não me sinto bem falando nisso.
- Ah, é claro. Me desculpa!
- Tudo bem. Então acho que eu vou embora. Já terminamos o trabalho mesmo.
- Não quer jantar?
E quem disse que eu estava com fome?
- Não, muito obrigado. Eu não estou com fome mesmo.
- Mentiroso! Onde é que já se viu ficar sem fome durante o dia todo?
- É só você ficar com depressão que você vai entender o que eu estou falando.
- Deus me livre! Quero não, tô bem assim.
- Não queira mesmo, é horrível!
- Posso imaginar.
- Vou nessa, Rogério. Obrigado pela hospitalidade.
- Venha sempre que quiser.
- Pode deixar.
Ele me levou até o portão e na hora de me despedir, deixei meus olhos caírem de novo em cima da cueca vermelha.
- Vá direto para casa, hein? – ele falou.
- Vou sim. Pode deixar.
Além do Rodrigo, o Rogério também se preocupava comigo e com meu bem estar. Ele era mesmo um excelente amigo e eu só percebi isso quando mais precisei de apoio. Não teve um dia em que ele tenha me virado as costas naqueles 3 longos e horríveis meses.
- Até amanhã então – eu estendi a mão.
- Até – ele apertou minha mão, sem tirar os olhos do meu rosto.
Que rostinho lindo ele tinha... – Qualquer coisa me liga.
- Pode deixar.
DOIS DIAS DEPOIS...
Foi uma festa linda e extremamente animada. Quase todos os
professores participaram e eu já estava me cansando de ver tantos flashes serem
disparados por todos os lados.
- Tem noção que é nosso último dia de aula? – ele abriu um sorriso lindo.
- Tenho.
Era o término de um longo clclo. Daquele dia em diante, eu estaria apto a cursar o ensino superior, mas não estava me sentindo preparado para escolher uma profissão, muito menos me sentindo animado para continuar os estudos. Tudo o que eu precisava era de um time (leia a palavra em inglês) para colocar a minha cabeça e a minha vida em ordem.
- Finalmente – ele suspirou aliviado. – Agora vou poder viajar para Santa Catarina e ficar lá com meus primos.
- Vai morar lá? – achei estranho.
- Não. Só vou passar o final do ano. Volto em janeiro.
- Muito bom, hein? Aproveita bastante.
- Certeza. Vou passar o rodo em todas as primas – ele riu.
Eu ri também e me surpreendi mais uma vez. Talvez o Bruno estivesse mesmo ficando no passado, porque até rindo eu estava!
- Nossa, faz tanto tempo que eu não te vejo rindo que nem lembrava como era sua risada – ele comentou.
- Não exagera, vai?
- É verdade, Caio! Nunca mais te vi rindo, mano. Que bom que está melhorando...
E era assim mesmo que eu me sentia. Parecia que a cada dia que passava eu estava me sentindo melhor e mais vivo.
- Graças a Deus estou superando – comentei.
- Aleluia! Já era tempo.
A hora mais triste do dia foi quando tivemos que nos despedir. Foi um chororô geral. Até os meninos estavam chorando.
- Posso te dar um abraço? – Rogério perguntou, timidamente.
Eu senti as minhas bochechas esquentarem.
- Claro! – respondi.
Foi um abraço silencioso e muito tímido. Ele me apertou bem suavemente contra o corpo dele e eu senti o perfume do meu amigo invadir meu nariz mais uma vez.
- Obrigado por tudo – eu falei e senti meus olhos encherem de lágrimas.
- Por nada. Eu é que agradeço por você ter me aturado durante todo esse ano!
- Foi um prazer. Você se mostrou um grande amigo que eu vou querer levar pro resto da minha vida.
- Eu também vou querer ter amizade com você para sempre, Caio! Pode ter certeza disso.
Era tão bom ouvir aquilo! Nada melhor do que se sentir querido pelas pessoas para poder esquecer os problemas e as perdas do passado.
- Espero que você melhore – ele comentou. – Espero mesmo, de coração.
- Eu vou melhorar. Prometo que vou dar a volta por cima!
- Assim que tem que ser. Assim que tem que ser!
Depois que ele me soltou, eu fui falar com meus professores preferidos e aproveitei para cumprimentar algumas pessoas da minha sala.
Mesmo não tendo muitos amigos naquela escola, eu gostava da minha classe e querendo ou não, ia acabar sentindo falta de toda aquela algazarra matinal que eu era obrigado a presenciar.
- Missão cumprida – ele falou. – Agora nós somos desempregados.
- Como assim? – eu achei esquisito.
- Até às 12h20, nós éramos estudantes. À partir de agora, nós somos desempregados. Não somos mais estudantes porque não vamos pra faculdade ano que vem e não temos emprego. Somos dois vagabundos!
Eu ri de novo e me senti extremamente leve com aquela pequena gargalhada.
- Você tem razão.
Eu já estava desempregado há quase 4 meses. Meu dinheiro já tinha acabado e quem estava me sustentando era meu amigo Rodrigo, o que me deixava muito envergonhado. Estava mais do que na hora de criar vergonha na cara e procurar um emprego.
Às vezes, mas só às vezes, eu fazia meus bicos na lojinha da Dona Elvira. Porém, como ela não me pagava muito, o dinheiro que eu recebia dela só dava para pagar algumas de minhas dívidas. O resto quem custeava era o Rodrigo.
- Então é isso – ele falou, assim que chegou na esquina da rua da casa onde morava.
- Então é isso!
- A gente se vê?
- Com certeza. Já disse que não vou querer perder a sua amizade.
- Nem eu. Pode ter certeza.
Rogério e eu nos abraçamos novamente.
- Boas férias – falei. – Boa viagem e aproveita bastante.
- Pode deixar. Boas férias também.
- Que férias? Como você mesmo disse, somos dois desempregados.
- Verdade. Então bom final de ano.
- Para você também.
Senti vontade de chorar quando vi meu amigo indo embora. E se a gente não se visse mais? E se a nossa amizade não fosse mais a mesma depois do fim das aulas?
- Tem noção que é nosso último dia de aula? – ele abriu um sorriso lindo.
- Tenho.
Era o término de um longo clclo. Daquele dia em diante, eu estaria apto a cursar o ensino superior, mas não estava me sentindo preparado para escolher uma profissão, muito menos me sentindo animado para continuar os estudos. Tudo o que eu precisava era de um time (leia a palavra em inglês) para colocar a minha cabeça e a minha vida em ordem.
- Finalmente – ele suspirou aliviado. – Agora vou poder viajar para Santa Catarina e ficar lá com meus primos.
- Vai morar lá? – achei estranho.
- Não. Só vou passar o final do ano. Volto em janeiro.
- Muito bom, hein? Aproveita bastante.
- Certeza. Vou passar o rodo em todas as primas – ele riu.
Eu ri também e me surpreendi mais uma vez. Talvez o Bruno estivesse mesmo ficando no passado, porque até rindo eu estava!
- Nossa, faz tanto tempo que eu não te vejo rindo que nem lembrava como era sua risada – ele comentou.
- Não exagera, vai?
- É verdade, Caio! Nunca mais te vi rindo, mano. Que bom que está melhorando...
E era assim mesmo que eu me sentia. Parecia que a cada dia que passava eu estava me sentindo melhor e mais vivo.
- Graças a Deus estou superando – comentei.
- Aleluia! Já era tempo.
A hora mais triste do dia foi quando tivemos que nos despedir. Foi um chororô geral. Até os meninos estavam chorando.
- Posso te dar um abraço? – Rogério perguntou, timidamente.
Eu senti as minhas bochechas esquentarem.
- Claro! – respondi.
Foi um abraço silencioso e muito tímido. Ele me apertou bem suavemente contra o corpo dele e eu senti o perfume do meu amigo invadir meu nariz mais uma vez.
- Obrigado por tudo – eu falei e senti meus olhos encherem de lágrimas.
- Por nada. Eu é que agradeço por você ter me aturado durante todo esse ano!
- Foi um prazer. Você se mostrou um grande amigo que eu vou querer levar pro resto da minha vida.
- Eu também vou querer ter amizade com você para sempre, Caio! Pode ter certeza disso.
Era tão bom ouvir aquilo! Nada melhor do que se sentir querido pelas pessoas para poder esquecer os problemas e as perdas do passado.
- Espero que você melhore – ele comentou. – Espero mesmo, de coração.
- Eu vou melhorar. Prometo que vou dar a volta por cima!
- Assim que tem que ser. Assim que tem que ser!
Depois que ele me soltou, eu fui falar com meus professores preferidos e aproveitei para cumprimentar algumas pessoas da minha sala.
Mesmo não tendo muitos amigos naquela escola, eu gostava da minha classe e querendo ou não, ia acabar sentindo falta de toda aquela algazarra matinal que eu era obrigado a presenciar.
- Missão cumprida – ele falou. – Agora nós somos desempregados.
- Como assim? – eu achei esquisito.
- Até às 12h20, nós éramos estudantes. À partir de agora, nós somos desempregados. Não somos mais estudantes porque não vamos pra faculdade ano que vem e não temos emprego. Somos dois vagabundos!
Eu ri de novo e me senti extremamente leve com aquela pequena gargalhada.
- Você tem razão.
Eu já estava desempregado há quase 4 meses. Meu dinheiro já tinha acabado e quem estava me sustentando era meu amigo Rodrigo, o que me deixava muito envergonhado. Estava mais do que na hora de criar vergonha na cara e procurar um emprego.
Às vezes, mas só às vezes, eu fazia meus bicos na lojinha da Dona Elvira. Porém, como ela não me pagava muito, o dinheiro que eu recebia dela só dava para pagar algumas de minhas dívidas. O resto quem custeava era o Rodrigo.
- Então é isso – ele falou, assim que chegou na esquina da rua da casa onde morava.
- Então é isso!
- A gente se vê?
- Com certeza. Já disse que não vou querer perder a sua amizade.
- Nem eu. Pode ter certeza.
Rogério e eu nos abraçamos novamente.
- Boas férias – falei. – Boa viagem e aproveita bastante.
- Pode deixar. Boas férias também.
- Que férias? Como você mesmo disse, somos dois desempregados.
- Verdade. Então bom final de ano.
- Para você também.
Senti vontade de chorar quando vi meu amigo indo embora. E se a gente não se visse mais? E se a nossa amizade não fosse mais a mesma depois do fim das aulas?
Eu me sentia em um mundo escuro, onde não existia luz. A minha
mania era ficar deitado na minha cama, com a janela do quarto fechada e a luz
apagada. Nem do meu notebook eu lembrava mais.
- Acorda – ele abriu a janela e puxou o meu cobertor. – Hora de levantar.
- Me deixa em paz, Rodrigo – eu coloquei o travesseiro em cima do rosto. – Não quero levantar!
- A Dona Elvira ligou e quer te ver – ele tirou o travesseiro de cima da minha face. – Anda! Levanta e vai lá falar com ela.
- Não quero...
- Vai sim. Chega de ficar em cima dessa cama!
Ele me puxou e me obrigou a sentar na cama.
- Chato.
- Olha! – ele resmungou. – Já tomou seus remédios?
- Não.
- Como não, Caio? Como você quer se curar desse jeito? Será que eu vou ser obrigado a enfiar o comprimido na sua goela?
Ele pegou meu remédio e colocou na palma da minha mão.
- Bebe! – mandou.
Bufei de raiva a engoli os comprimidos.
- Assim que eu gosto. Agora vai tomar banho, trocar de roupa e falar com a Dona Elvira!
- Você tá achando que é meu pai, né? Que inferno!
- É assim que eu me sinto de vez em quando. Seu pai. Porque se você não tem responsabilidade, alguém tem que ter por você. Já pro banho!
- INFERNO – reclamei com raiva, mas acabei obedecendo.
- Acorda – ele abriu a janela e puxou o meu cobertor. – Hora de levantar.
- Me deixa em paz, Rodrigo – eu coloquei o travesseiro em cima do rosto. – Não quero levantar!
- A Dona Elvira ligou e quer te ver – ele tirou o travesseiro de cima da minha face. – Anda! Levanta e vai lá falar com ela.
- Não quero...
- Vai sim. Chega de ficar em cima dessa cama!
Ele me puxou e me obrigou a sentar na cama.
- Chato.
- Olha! – ele resmungou. – Já tomou seus remédios?
- Não.
- Como não, Caio? Como você quer se curar desse jeito? Será que eu vou ser obrigado a enfiar o comprimido na sua goela?
Ele pegou meu remédio e colocou na palma da minha mão.
- Bebe! – mandou.
Bufei de raiva a engoli os comprimidos.
- Assim que eu gosto. Agora vai tomar banho, trocar de roupa e falar com a Dona Elvira!
- Você tá achando que é meu pai, né? Que inferno!
- É assim que eu me sinto de vez em quando. Seu pai. Porque se você não tem responsabilidade, alguém tem que ter por você. Já pro banho!
- INFERNO – reclamei com raiva, mas acabei obedecendo.
- Caio! – ela foi ao meu encontro de braços abertos e me abraçou.
– Como está, meu filho?
- Vivendo – suspirei.
- Como é bom te ver! Sinto tanto a sua falta aqui...
- Sinto a sua falta também.
- Como está se sentindo? Melhor?
- Às vezes sim, às vezes não... Depende do dia.
- Mas vai ficar tudo bem, querido! Você vai ver.
- Assim espero, Dona Elvira.
Minha patroa e eu ficamos conversando horas e horas e eu acabei me sentindo um pouco melhor por ter desabafado com ela.
Ela era mesmo como uma segunda mãe e por incrível que pareça, talvez fosse melhor que a minha própria genitora. Pelo menos ela não me julgava e me entendia!
De vez em quando, quando eu me sentia um pouco melhor, eu voltava a trabalhar naquele mercadinho só para ganhar uns trocados e ajudar nas despesas da república, mas o fato é que eu não queria mais ficar ali. Não sei o motivo, mas me sentia mal de ficar naquele armazém. Só me sentia confortável quando a Dona Elvira estava por perto.
- Tenho uma novidade para você.
- Qual? – eu fingi interesse.
- Vou embora para Minas – ela soltou de uma vez.
- Vai embora? Vai morar lá?
- Vou sim. Encontrei uma casinha para morar e já tenho até um lugar para montar meu mercadinho. Vai ser melhor pra mim.
- Nossa, Dona Elvira! Não acredito! Que triste. Vou sentir muito a falta da senhora.
- Eu também vou, querido. Me acostumei com você aqui todos os finais de semana. Vai ser difícil para mim.
- Por que tomou essa decisão?
- Ah, Caio! Estou velha e não tenho ninguém nessa cidade. Lá eu tenho conhecidos, amigos e parentes, então vai ser melhor pra mim. Quero terminar meus dias de vida perto de pessoas amadas.
- A senhora ainda vai viver muito, Dona Elvira!
- Nâo vou não, Caio. Não vou não. Quando a gente chega na velhice, o tempo passa muito depressa. Eu sei que a minha hora vai chegar mais cedo ou mais tarde!
- Que horror, não fale uma coisa dessas!
Eu nem parecia o mesmo adolescente burro que tentou se matar por causa de um namorado!
- É verdade, meu querido. É verdade...
- E quando a senhora vai?
- Vou daqui uma semana. Já vendi a casa e esse mercado. Só estou esperando o dinheiro cair na minha conta.
- Nossa, vou sentir tanto a sua fala!
- Eu também, Caio. Eu também.
- Vivendo – suspirei.
- Como é bom te ver! Sinto tanto a sua falta aqui...
- Sinto a sua falta também.
- Como está se sentindo? Melhor?
- Às vezes sim, às vezes não... Depende do dia.
- Mas vai ficar tudo bem, querido! Você vai ver.
- Assim espero, Dona Elvira.
Minha patroa e eu ficamos conversando horas e horas e eu acabei me sentindo um pouco melhor por ter desabafado com ela.
Ela era mesmo como uma segunda mãe e por incrível que pareça, talvez fosse melhor que a minha própria genitora. Pelo menos ela não me julgava e me entendia!
De vez em quando, quando eu me sentia um pouco melhor, eu voltava a trabalhar naquele mercadinho só para ganhar uns trocados e ajudar nas despesas da república, mas o fato é que eu não queria mais ficar ali. Não sei o motivo, mas me sentia mal de ficar naquele armazém. Só me sentia confortável quando a Dona Elvira estava por perto.
- Tenho uma novidade para você.
- Qual? – eu fingi interesse.
- Vou embora para Minas – ela soltou de uma vez.
- Vai embora? Vai morar lá?
- Vou sim. Encontrei uma casinha para morar e já tenho até um lugar para montar meu mercadinho. Vai ser melhor pra mim.
- Nossa, Dona Elvira! Não acredito! Que triste. Vou sentir muito a falta da senhora.
- Eu também vou, querido. Me acostumei com você aqui todos os finais de semana. Vai ser difícil para mim.
- Por que tomou essa decisão?
- Ah, Caio! Estou velha e não tenho ninguém nessa cidade. Lá eu tenho conhecidos, amigos e parentes, então vai ser melhor pra mim. Quero terminar meus dias de vida perto de pessoas amadas.
- A senhora ainda vai viver muito, Dona Elvira!
- Nâo vou não, Caio. Não vou não. Quando a gente chega na velhice, o tempo passa muito depressa. Eu sei que a minha hora vai chegar mais cedo ou mais tarde!
- Que horror, não fale uma coisa dessas!
Eu nem parecia o mesmo adolescente burro que tentou se matar por causa de um namorado!
- É verdade, meu querido. É verdade...
- E quando a senhora vai?
- Vou daqui uma semana. Já vendi a casa e esse mercado. Só estou esperando o dinheiro cair na minha conta.
- Nossa, vou sentir tanto a sua fala!
- Eu também, Caio. Eu também.
Parecia que era a época de despedidas, porque naquele mesmo dia à
noite, Willian anunciou que iria voltar a morar na casa dos pais.
Como todos os estudantes da república já estavam de férias, a casa estava cheia, barulhenta e muito bagunçada.
- E quando você vai mudar? – perguntou Fabrício.
- Sábado. Não vejo a hora de voltar pra minha casa!
- E quem vai cozinhar pra gente? – Maicon interagiu.
- Vocês que são brancos que se virem – ele deu risada. – Brincadeira. Não sei quem vai cozinhar, mas vocês se viram sem mim.
E assim as coisas aconteceram. Um dia antes do Will ir embora, nós improvisamos uma festinha de despedida e ficamos bebendo até altas horas da madrugada.
- Chega, né? – Rodrigo triou a latinha de cerveja da minha mão. – Já bebeu demais.
- Mas...
- Não. Chega, Caio. De verdade!
Fiquei frustrado. Beber me ajudava a esquecer do Bruno, mas me deixava me sentindo péssimo fisicamente falando.
Quase todos ficaram bêbados, inclusive o próprio Willian. Foi uma farra total com o maior clima de despedida.
Na tarde do dia seguinte, o nosso cozinheiro fez as malas, pegou todos os pertences e se despediu de todos nós:
- Prazer te conhecer, Caio – ele me deu um abraço rápido. – Espero que fique tudo bem contigo.
- Valeu, Will.
Eu ia sentir falta do cara. Ele era legal, divertido e cozinhava bem. Eu tinha lá as minhas dúvidas se a gente ia conseguir sobreviver sem ele.
E com a saída do Willian, mais uma vez a república ficou com uma vaga em aberto.
Como todos os estudantes da república já estavam de férias, a casa estava cheia, barulhenta e muito bagunçada.
- E quando você vai mudar? – perguntou Fabrício.
- Sábado. Não vejo a hora de voltar pra minha casa!
- E quem vai cozinhar pra gente? – Maicon interagiu.
- Vocês que são brancos que se virem – ele deu risada. – Brincadeira. Não sei quem vai cozinhar, mas vocês se viram sem mim.
E assim as coisas aconteceram. Um dia antes do Will ir embora, nós improvisamos uma festinha de despedida e ficamos bebendo até altas horas da madrugada.
- Chega, né? – Rodrigo triou a latinha de cerveja da minha mão. – Já bebeu demais.
- Mas...
- Não. Chega, Caio. De verdade!
Fiquei frustrado. Beber me ajudava a esquecer do Bruno, mas me deixava me sentindo péssimo fisicamente falando.
Quase todos ficaram bêbados, inclusive o próprio Willian. Foi uma farra total com o maior clima de despedida.
Na tarde do dia seguinte, o nosso cozinheiro fez as malas, pegou todos os pertences e se despediu de todos nós:
- Prazer te conhecer, Caio – ele me deu um abraço rápido. – Espero que fique tudo bem contigo.
- Valeu, Will.
Eu ia sentir falta do cara. Ele era legal, divertido e cozinhava bem. Eu tinha lá as minhas dúvidas se a gente ia conseguir sobreviver sem ele.
E com a saída do Willian, mais uma vez a república ficou com uma vaga em aberto.
- Precisamos achar alguém – disse Fabrício.
- Só em fevereiro – Vini terminou de ingerir a cerveja que estava em sua mão.
- Verdade, só em fevereiro – concordou Maicon.
- Até mesmo porque nós vamos viajar também, Fabrício. Lembra? – comentou Rodrigo.
- Ah, é.
Como assim eles iam viajar? E eu? Ia ficar sozinho?
Percebendo a minha cara de espanto, Rodrigo disse:
- Caio, vem cá, preciso falar com você.
Ele me empurrou até o quarto, fechou a porta e desembuchou de uma vez:
- Você vai viajar pro Paraná comigo, tá bom?
- Oi? – eu não acreditei no que ele estava me dizendo.
- É isso mesmo. Eu vou passar o final de ano lá com minha família e quero que você venha comigo.
- Como? Eu não tenho dinheiro!
- Eu falei se você ia pagar alguma coisa? Eu estou convidando!
- Nem pensar. Não vou deixar você gastar comigo não.
- E você pensa que eu vou te deixar sozinho no Rio de Janeiro? Até parece que você não me conhece, cara. Você vem comigo e está decidido!
- Não, eu não vou.
- Vai sim e não se fala mais nisso. Quero ver você passar por cima da minha decisão!
Ela me deu um abraço tão forte, mas tão forte que senti os meus
ossos serem comprimidos com aquele aperto.
- Obrigado por tudo – eu senti uma lágrima escorrer.
Ela não disse nada e caiu no choro.
- A senhora me ajudou no momento em que eu mais precisava. Nunca vou esquecer o que a senhora fez por mim. Nunca!
- Você é como se fosse meu filho, Caio. Já te disse que foi um prazer te ajudar.
- Sentirei a sua falta e espero que fique tudo bem com a senhora lá em Minas.
- Sentirei a sua falta também, filho. Vou rezar por você todos os dias e tenho certeza que todos os seus problemas serão resolvidos. Confie em Deus!
- Sim. Eu confio.
E só naquele momento de despedida eu me dei conta de quanto tempo havia passado. Eu estava no Rio há quase um ano e meio. O tempo estava passando rápido demais...
- Promete que vai se cuidar? – ela secou uma lágrima no meu rosto.
- Prometo!
Dona Elvira me deu outro abraço de mãe e enfim se despediu.
- Fique com Deus. Eu vou te ligar qualquer dia desses. Posso?
- Ai, é claro que pode, né? Vai ser muito bom falar com a senhora!
Parecia que eu estava me despedindo da minha própria mãe. Foi muito complicado dar tchau para a pessoa que abriu portas para mim quando eu cheguei naquela cidade...
- Posso... Posso falar uma coisa? – minha garganta deu um nó.
- Claro que pode, meu filho!!!
- Eu... eu... eu amo muito a senhora... Dona... Elvira!
Ela caiu no choro de vez quando ouviu isso.
- Oh, meu menino – a senhora me deu um abraço muito, muito carinhoso. – Eu também te amo, meu lindo! Não queria te deixar aqui...
- Quero que a senhora saiba que eu nunca vou esquecer da ajuda que a senhora me deu. Nunca! Se não fosse a senhora, eu teria morrido de fome...
- Não fale assim...
- É verdade! A senhora é uma mãe pra mim, minha segunda mãe! Obrigado, tá? Obrigado... mãe!
Foi o maior chororô. Não sei como consegui me despedir dela, mas tive que fazê-lo. Eu sabia que era melhor era morar junto da família e só por causa disso, deixei ela ir. Eu só queria o bem da Dona Elvira, nada mais que isso.
- Obrigado por tudo – eu senti uma lágrima escorrer.
Ela não disse nada e caiu no choro.
- A senhora me ajudou no momento em que eu mais precisava. Nunca vou esquecer o que a senhora fez por mim. Nunca!
- Você é como se fosse meu filho, Caio. Já te disse que foi um prazer te ajudar.
- Sentirei a sua falta e espero que fique tudo bem com a senhora lá em Minas.
- Sentirei a sua falta também, filho. Vou rezar por você todos os dias e tenho certeza que todos os seus problemas serão resolvidos. Confie em Deus!
- Sim. Eu confio.
E só naquele momento de despedida eu me dei conta de quanto tempo havia passado. Eu estava no Rio há quase um ano e meio. O tempo estava passando rápido demais...
- Promete que vai se cuidar? – ela secou uma lágrima no meu rosto.
- Prometo!
Dona Elvira me deu outro abraço de mãe e enfim se despediu.
- Fique com Deus. Eu vou te ligar qualquer dia desses. Posso?
- Ai, é claro que pode, né? Vai ser muito bom falar com a senhora!
Parecia que eu estava me despedindo da minha própria mãe. Foi muito complicado dar tchau para a pessoa que abriu portas para mim quando eu cheguei naquela cidade...
- Posso... Posso falar uma coisa? – minha garganta deu um nó.
- Claro que pode, meu filho!!!
- Eu... eu... eu amo muito a senhora... Dona... Elvira!
Ela caiu no choro de vez quando ouviu isso.
- Oh, meu menino – a senhora me deu um abraço muito, muito carinhoso. – Eu também te amo, meu lindo! Não queria te deixar aqui...
- Quero que a senhora saiba que eu nunca vou esquecer da ajuda que a senhora me deu. Nunca! Se não fosse a senhora, eu teria morrido de fome...
- Não fale assim...
- É verdade! A senhora é uma mãe pra mim, minha segunda mãe! Obrigado, tá? Obrigado... mãe!
Foi o maior chororô. Não sei como consegui me despedir dela, mas tive que fazê-lo. Eu sabia que era melhor era morar junto da família e só por causa disso, deixei ela ir. Eu só queria o bem da Dona Elvira, nada mais que isso.
Aos poucos, cada um foi seguindo seu rumo. O primeiro foi o
novato. Ele saiu de viagem duas semanas antes do natal.
Fabrício e Vinícius foram para as suas respectivas cidades dois dias depois do Maicon, deixando o Rodrigo e eu sozinhos naquela república de estudantes.
- A sua mala já está pronta? – ele perguntou.
- Eu já disse que não vou!
- Ah, você vai! Você vai ou eu não me chamo Rodrigo Carvalho!
- Você não pode me obrigar, Rodrigo!
- Ah, posso sim. Como é que você vai ficar sozinho aqui, Caio? Onde é que já se viu?
- Prefiro ficar sozinho com a minha solidão. Eu já estou acostumado mesmo.
- Não se faça de vítima. Além do mais, a sua passagem já está comprada!
Eu arregalei os olhos. Ele era louco?
- Você tá louco?
- Não. Só não vou deixar meu melhor amigo ficar sozinho no Rio de Janeiro. Apronte-se. O nosso voo sai em 2 horas!
Fabrício e Vinícius foram para as suas respectivas cidades dois dias depois do Maicon, deixando o Rodrigo e eu sozinhos naquela república de estudantes.
- A sua mala já está pronta? – ele perguntou.
- Eu já disse que não vou!
- Ah, você vai! Você vai ou eu não me chamo Rodrigo Carvalho!
- Você não pode me obrigar, Rodrigo!
- Ah, posso sim. Como é que você vai ficar sozinho aqui, Caio? Onde é que já se viu?
- Prefiro ficar sozinho com a minha solidão. Eu já estou acostumado mesmo.
- Não se faça de vítima. Além do mais, a sua passagem já está comprada!
Eu arregalei os olhos. Ele era louco?
- Você tá louco?
- Não. Só não vou deixar meu melhor amigo ficar sozinho no Rio de Janeiro. Apronte-se. O nosso voo sai em 2 horas!
10 comentários:
Hummm essa viagem promete
Nota 10 caio
Gh30
Q lindo esse Rogerio hein,amei a musica do comeco ,perfeita pro trecho essa viagem com rodrigo sei nao hein será q rola
Ensohenry
Rodrigo vai catar caio ,muda o nome do conto pra rodrigo kkk
Amando cada vez mais o Rodrigo s2 kkkkkkkk caio tem que ficar com ele :D
Amo o Rodrigo.... Será que Ele vai acabar gostando, vai ir além da amizade.... Que curiosidade!
Amei...escreva logo o capitulo 50 estou ansiosa...
"Lukka"
Eu choro muito com esse conto eu to passando quasse pelo mesmo sofrimento e sei que e difícil ficar longe da pessoa que se *AMA* sabe se fosse eu no lugar dele já teria me matado muito antes o Caio e uma pessoa muito forte.
_"AMO MUITO ESSE CONTO"_
Bem que o Rodrigo poderia namorar o Biel... Ele é um fofo!! *-*
adorando a sua historia de vida e superação a cada dia.o ser humano tem uma força que desconhece dentro de si,que so vem a tona quando se e necessario e ao mesmo tempo se tem um carater formidavel a se moldar.parabens a vc!bjs.
Eu queria o Caio com o Vitor, quando o Vitor vai aparacer de novo?
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