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Q
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uando o diagnóstico foi decretado negativo eu senti que comecei a
pesar mil quilos a menos
- Graças a Deus – eu respirei aliviado.
- Viu só? Eu falei que tudo ia dar certo – o Rodrigo me deu um tapinha no ombro.
- Você fala isso porque não era com você!!!
- Sei que esses dias foram muito difíceis, mas tudo deu certo e agora nós temos que comemorar!
- Comemorar? Como?
- Bebendo, é claro – Rodrigo deu risada.
- Pingunço. Se continuar bebendo desse jeito, daqui 2 anos não vai ter mais fígado.
- Quem vê pensa que eu só vivo no bar, né?
A gente deu risada. Eu estava grato por ele não ter me virado as costas. O Rodrigo estava sendo um bom amigo.
- Obrigado por ter me apoiado nesses dias – eu agradeci com sinceridade.
- Imagina! Pode contar comigo sempre. Somos ou não somos melhores amigos?
- É claro que somos – eu sorri.
Ele passou o braço pelo meu pescoço e me enforcou de brincadeira. Eu fiquei um pouco sem jeito, mas gostei da brincadeira.
Quando a gente ia virar a esquina, eu ouvi alguém gritar pelo meu nome e quando me virei, notei que o Bruno estava correndo em nossa direção.
- O que ele está fazendo aqui? – Rodrigo achou estranho.
- Sei lá – eu daria tudo para não dar de cara com o Bruno. Tudo o que eu não precisava naquele momento era me encontrar com ele.
- Caio... – ele estava sem ar e com o rosto bem vermelho.
- O que você quer? – eu não estava com paciência.
- Oi, Rodrigo...
- Tudo bom?
- Tudo ótimo... Caio, você fez o exame, não fez?
- Fiz – eu respondi.
- Eu fiz também. E deu negativo! – ele abriu um sorriso enorme.
- Eu sei. O meu também deu negativo.
- Graças a Deus, Caio! Eu estou tão aliviado!
- Também estou – mas eu não estava conseguindo demonstrar a minha felicidade. – O que você faz tão longe de casa?
- Eu não queria que ninguém me visse.
- Ah, sim. Eu vou indo então. A gente se fala...
- Eu também vou, preciso ir até a empresa...
- Hum...
- Eu posso te ligar?
- Não sei se é uma boa ideia!
- Por favor?
- Não sei. Faça o que você achar melhor.
Ele pareceu decepcionado.
- Tudo bem então... A gente se fala...
- É. A gente se fala!
Bruno e eu trocamos um olhar longo e não falamos mais nada. Ele abaixou a cabeça e foi para o outro lado da rua. Rodrigo e eu continuamos o nosso percurso.
- Infeliz – sussurrei para mim mesmo.
- Está com raiva dele ou é impressão minha? – Rodrigo não se conteve e perguntou.
- Não diria raiva. Acho que... Não sei! Não quero mais saber dele.
- Tem certeza? Seus olhinhos estão brilhando...
- É de felicidade pelo resultado, idiota!
- Sei... Vou fingir que acredito...
- Estou falando sério!
- Eu também! Anda, vamos pro bar que eu quero uma cervejinha!
- É muito cedo, homem... E você já está atrasado para a faculdade!
- Quem disse? Não estou não e é só uma cervejinha para comemorar! Não seja estraga prazeres!
E eu acabei fazendo a vontade do garoto. Ele parecia uma criança chupando pirulito quando começou a ingerir a bebida extremamente gelada.
- Delícia! Só tem uma coisa melhor que cerveja.
- E o que seria?
- Mulher, é claro – Rodrigo foi firme.
- Pena não poder compartilhar de sua opinião – só de pensar me deu nojo.
- Não sei como pode não gostar de mulher. Eu, hein!
Eu tinha sorte dele não ser homofóbico, mas definitivamente não tinha coragem de conversar sobre homens com meu amigo. Era pedir demais.
- Bom, agora eu vou pra minha aula. Hoje o dia vai ser tenso!
- Imagino. Eu vou é dormir que quase não consegui descansar nesses últimos dias.
- Faça isso. Você merece.
Ele me deu um abraço apertado e eu senti a fragrância inconfundível do desodorante do Rodrigo entrar pelas minhas narinas. O cheiro era muito bom.
- Estou muito feliz por você.
- Valeu, mano – eu estava muito grato por todo o apoio que ele estava me concedendo.
- Disponha. A gente se vê mais tarde. Até mais.
- Até. Obrigado de novo.
Ele ficou no ponto de ônibus e eu segui meu caminho até a república. Estava mais do que decidido a não ir para a escola naquela manhã. A única coisa que eu queria era descansar.
Para a minha grande infelicidade, tive a má sorte de trombar com o Vinícius quando cheguei na república. Aquela era a primeira vez que nós nos encontramos a sós depois do que houve.
- Bom dia – ele estava com a voz muito sonolenta.
- Bom dia – eu não olhei diretamente em seus olhos, abaixei a cabeça e comecei a andar até meu quarto.
Vini não falou mais nada e foi fazer o que ele tinha que fazer. Eu passei a chave no quarto e caí na cama. Eu estava me sentindo envergonhado e arrependido por ter transado com aquele macho gostoso.
- Graças a Deus – eu respirei aliviado.
- Viu só? Eu falei que tudo ia dar certo – o Rodrigo me deu um tapinha no ombro.
- Você fala isso porque não era com você!!!
- Sei que esses dias foram muito difíceis, mas tudo deu certo e agora nós temos que comemorar!
- Comemorar? Como?
- Bebendo, é claro – Rodrigo deu risada.
- Pingunço. Se continuar bebendo desse jeito, daqui 2 anos não vai ter mais fígado.
- Quem vê pensa que eu só vivo no bar, né?
A gente deu risada. Eu estava grato por ele não ter me virado as costas. O Rodrigo estava sendo um bom amigo.
- Obrigado por ter me apoiado nesses dias – eu agradeci com sinceridade.
- Imagina! Pode contar comigo sempre. Somos ou não somos melhores amigos?
- É claro que somos – eu sorri.
Ele passou o braço pelo meu pescoço e me enforcou de brincadeira. Eu fiquei um pouco sem jeito, mas gostei da brincadeira.
Quando a gente ia virar a esquina, eu ouvi alguém gritar pelo meu nome e quando me virei, notei que o Bruno estava correndo em nossa direção.
- O que ele está fazendo aqui? – Rodrigo achou estranho.
- Sei lá – eu daria tudo para não dar de cara com o Bruno. Tudo o que eu não precisava naquele momento era me encontrar com ele.
- Caio... – ele estava sem ar e com o rosto bem vermelho.
- O que você quer? – eu não estava com paciência.
- Oi, Rodrigo...
- Tudo bom?
- Tudo ótimo... Caio, você fez o exame, não fez?
- Fiz – eu respondi.
- Eu fiz também. E deu negativo! – ele abriu um sorriso enorme.
- Eu sei. O meu também deu negativo.
- Graças a Deus, Caio! Eu estou tão aliviado!
- Também estou – mas eu não estava conseguindo demonstrar a minha felicidade. – O que você faz tão longe de casa?
- Eu não queria que ninguém me visse.
- Ah, sim. Eu vou indo então. A gente se fala...
- Eu também vou, preciso ir até a empresa...
- Hum...
- Eu posso te ligar?
- Não sei se é uma boa ideia!
- Por favor?
- Não sei. Faça o que você achar melhor.
Ele pareceu decepcionado.
- Tudo bem então... A gente se fala...
- É. A gente se fala!
Bruno e eu trocamos um olhar longo e não falamos mais nada. Ele abaixou a cabeça e foi para o outro lado da rua. Rodrigo e eu continuamos o nosso percurso.
- Infeliz – sussurrei para mim mesmo.
- Está com raiva dele ou é impressão minha? – Rodrigo não se conteve e perguntou.
- Não diria raiva. Acho que... Não sei! Não quero mais saber dele.
- Tem certeza? Seus olhinhos estão brilhando...
- É de felicidade pelo resultado, idiota!
- Sei... Vou fingir que acredito...
- Estou falando sério!
- Eu também! Anda, vamos pro bar que eu quero uma cervejinha!
- É muito cedo, homem... E você já está atrasado para a faculdade!
- Quem disse? Não estou não e é só uma cervejinha para comemorar! Não seja estraga prazeres!
E eu acabei fazendo a vontade do garoto. Ele parecia uma criança chupando pirulito quando começou a ingerir a bebida extremamente gelada.
- Delícia! Só tem uma coisa melhor que cerveja.
- E o que seria?
- Mulher, é claro – Rodrigo foi firme.
- Pena não poder compartilhar de sua opinião – só de pensar me deu nojo.
- Não sei como pode não gostar de mulher. Eu, hein!
Eu tinha sorte dele não ser homofóbico, mas definitivamente não tinha coragem de conversar sobre homens com meu amigo. Era pedir demais.
- Bom, agora eu vou pra minha aula. Hoje o dia vai ser tenso!
- Imagino. Eu vou é dormir que quase não consegui descansar nesses últimos dias.
- Faça isso. Você merece.
Ele me deu um abraço apertado e eu senti a fragrância inconfundível do desodorante do Rodrigo entrar pelas minhas narinas. O cheiro era muito bom.
- Estou muito feliz por você.
- Valeu, mano – eu estava muito grato por todo o apoio que ele estava me concedendo.
- Disponha. A gente se vê mais tarde. Até mais.
- Até. Obrigado de novo.
Ele ficou no ponto de ônibus e eu segui meu caminho até a república. Estava mais do que decidido a não ir para a escola naquela manhã. A única coisa que eu queria era descansar.
Para a minha grande infelicidade, tive a má sorte de trombar com o Vinícius quando cheguei na república. Aquela era a primeira vez que nós nos encontramos a sós depois do que houve.
- Bom dia – ele estava com a voz muito sonolenta.
- Bom dia – eu não olhei diretamente em seus olhos, abaixei a cabeça e comecei a andar até meu quarto.
Vini não falou mais nada e foi fazer o que ele tinha que fazer. Eu passei a chave no quarto e caí na cama. Eu estava me sentindo envergonhado e arrependido por ter transado com aquele macho gostoso.
Meu celular despertou às 7 horas da noite. Eu respirei bem fundo e
quando soltei o ar, quase fiz xixi na cama. Tive que sair correndo para o
banheiro para que não acontecesse um acidente no meio do caminho.
A república estava vazia e eu não precisava me preocupar com nenhuma tarefa doméstica. Aparentemente tudo estava arrumado e em seus devidos lugares, o que me deixou aliviado.
Fui até o fogão e dei uma olhada no que tinha para comer. Encontrei arroz, feijão, macarrão e carne cozida. Me servi e fui até a sala para assistir televisão.
Acabei colocando na novela que a Aline era fã e relembrei o tempo em que eu assistia. Fiquei completamente perdido no enredo, mas não dei muita importância.
- Até que ele é gatinho – comentei comigo mesmo, me referindo ao ator principal.
Em seguida, coloquei o prato sujo dentro da pia e comecei a arrumar as minhas coisas para ir até a academia.
Eu já estava sentindo uma leve mudança em meu corpo. Meus músculos já não doíam mais quando eu fazia os exercícios e a musculatura em geral já estava ficando mais rígida. O treino estava dando resultado afinal de contas.
A república estava vazia e eu não precisava me preocupar com nenhuma tarefa doméstica. Aparentemente tudo estava arrumado e em seus devidos lugares, o que me deixou aliviado.
Fui até o fogão e dei uma olhada no que tinha para comer. Encontrei arroz, feijão, macarrão e carne cozida. Me servi e fui até a sala para assistir televisão.
Acabei colocando na novela que a Aline era fã e relembrei o tempo em que eu assistia. Fiquei completamente perdido no enredo, mas não dei muita importância.
- Até que ele é gatinho – comentei comigo mesmo, me referindo ao ator principal.
Em seguida, coloquei o prato sujo dentro da pia e comecei a arrumar as minhas coisas para ir até a academia.
Eu já estava sentindo uma leve mudança em meu corpo. Meus músculos já não doíam mais quando eu fazia os exercícios e a musculatura em geral já estava ficando mais rígida. O treino estava dando resultado afinal de contas.
- E aí, dormiu? – ele perguntou.
- Como uma pedra. Como foi lá na empresa?
- O Leonardo pediu as contas.
Senti uma pontada no meu coração. Será que havia acontecido alguma coisa?
- Por que? – quis saber.
- Não sei informar. O Michel não divulgou o motivo.
- Como ele estava?
- Como assim?
- Como estava a aparência dele?
- Não se preocupe – Rodrigo me tranquilizou. – Ele não sofreu nenhuma agressão em casa.
- Como você pode ter tanta certeza?
- Porque ele não faltou nenhum dia e não tinha nenhum roxo aparente.
- Mas isso não significa que ele não tenha apanhado, ué.
- Se ele apanhou foi porque mereceu. Se eu fosse você não ficaria com essa história na cabça!
Mas era impossível. Por menor que tivesse sido a minha parcela de culpa naquela história, eu me sentia responsável pelos pais do Léo terem descoberto a verdade sobre a homossexualidade do garoto.
- A culpa não é sua – Rodrigo me apoiou. – Nâo fica grilado.
Meu amigo e eu subimos as escadas e entramos na academia. Mais uma vez o pamonha ficou de olho na professora e ficou travado na catraca.
- Seca a baba que ela está escorrendo – eu falei no ouvido direito dele.
- Hã?
- Anda logo, moleque! – dei um empurrão nos ombros do Rodrigo e ele passou pela roleta.
- Calma aí, apressado – ele reclamou.
- Ficou empacado que nem uma mula!
- Tenho meus motivos...
- Todo mundo já sabe, não precisa ficar dando bandeira!
- Sem graça!
Jà com a roupa adequada para o treino e com os músculos devidamente alongados, nós procuramos o Felipe para iniciarmos mais um dia de malhação. Só de olhar para aquelas máquinas eu comecei a ficar cansado.
- Boa noite – o personal apertou as nossas mãos.
- Boa noite – Rodrigo e eu respondemos.
- Preparados?
- Preparados para quê? – o tom de voz dele me deixou preocupado.
- Eu mudei a ficha de treino de vocês! – Felipe sorriu. O aparelho ortodôntico estava com as borrachinhas na cor azul-marinho.
- Como assim? Você muda e não nos comunica? – Rodrigo brincou.
- Estão devidamente comunicados. Venham comigo!
Nós o seguimos e eu fiquei olhando discaradamente o corpo malhado daquele ser humano. Ele era ainda mais gostoso que o Vinícius.
- Preparem o psicológico porque hoje é perna, braço e aeróbico.
- Você vai encomendar os caixões? – foi a minha vez de brincar.
- Não exagera, vai. Uns exercícios a mais não vai matar ninguém. O primeiro é esse aqui.
Ele sentou em uma máquina e nos explicou detalhadamente o que devíamos fazer. Não parecia ser muito difícil, mas quando eu sentei e imitei o que ele havia feito, acabei me perdendo.
- Não – ele se aproximou. – Está errado. É assim...
Felipe me ajudou com os movimentos e depois me incentivou para que eu os continuasse sozinho. Antes de chegar na 3ª série já estava sentindo meus braços fracos.
- Como uma pedra. Como foi lá na empresa?
- O Leonardo pediu as contas.
Senti uma pontada no meu coração. Será que havia acontecido alguma coisa?
- Por que? – quis saber.
- Não sei informar. O Michel não divulgou o motivo.
- Como ele estava?
- Como assim?
- Como estava a aparência dele?
- Não se preocupe – Rodrigo me tranquilizou. – Ele não sofreu nenhuma agressão em casa.
- Como você pode ter tanta certeza?
- Porque ele não faltou nenhum dia e não tinha nenhum roxo aparente.
- Mas isso não significa que ele não tenha apanhado, ué.
- Se ele apanhou foi porque mereceu. Se eu fosse você não ficaria com essa história na cabça!
Mas era impossível. Por menor que tivesse sido a minha parcela de culpa naquela história, eu me sentia responsável pelos pais do Léo terem descoberto a verdade sobre a homossexualidade do garoto.
- A culpa não é sua – Rodrigo me apoiou. – Nâo fica grilado.
Meu amigo e eu subimos as escadas e entramos na academia. Mais uma vez o pamonha ficou de olho na professora e ficou travado na catraca.
- Seca a baba que ela está escorrendo – eu falei no ouvido direito dele.
- Hã?
- Anda logo, moleque! – dei um empurrão nos ombros do Rodrigo e ele passou pela roleta.
- Calma aí, apressado – ele reclamou.
- Ficou empacado que nem uma mula!
- Tenho meus motivos...
- Todo mundo já sabe, não precisa ficar dando bandeira!
- Sem graça!
Jà com a roupa adequada para o treino e com os músculos devidamente alongados, nós procuramos o Felipe para iniciarmos mais um dia de malhação. Só de olhar para aquelas máquinas eu comecei a ficar cansado.
- Boa noite – o personal apertou as nossas mãos.
- Boa noite – Rodrigo e eu respondemos.
- Preparados?
- Preparados para quê? – o tom de voz dele me deixou preocupado.
- Eu mudei a ficha de treino de vocês! – Felipe sorriu. O aparelho ortodôntico estava com as borrachinhas na cor azul-marinho.
- Como assim? Você muda e não nos comunica? – Rodrigo brincou.
- Estão devidamente comunicados. Venham comigo!
Nós o seguimos e eu fiquei olhando discaradamente o corpo malhado daquele ser humano. Ele era ainda mais gostoso que o Vinícius.
- Preparem o psicológico porque hoje é perna, braço e aeróbico.
- Você vai encomendar os caixões? – foi a minha vez de brincar.
- Não exagera, vai. Uns exercícios a mais não vai matar ninguém. O primeiro é esse aqui.
Ele sentou em uma máquina e nos explicou detalhadamente o que devíamos fazer. Não parecia ser muito difícil, mas quando eu sentei e imitei o que ele havia feito, acabei me perdendo.
- Não – ele se aproximou. – Está errado. É assim...
Felipe me ajudou com os movimentos e depois me incentivou para que eu os continuasse sozinho. Antes de chegar na 3ª série já estava sentindo meus braços fracos.
- 3, 2, 1. Acabou.
Uma gota de suor desceu pela lateral do rosto do meu companheiro de quarto. Nós já estávamos exaustos.
- Agora é o último – o professor anunciou. – Me acompanhem!
Sem forças físicas, Rodrigo e eu seguimos o Felipe até o piso superior. Eu me deparei com uma sala totalmente espelhada. Nunca havia feito exercícios ali antes.
- Já ouviram falar em agachamento? – o bombadão perguntou.
- Oi? – Rodrigo fez uma cara de terror.
- Agachamento? – ele repetiu.
- Isso daí é exercício de mina. Eu não vou fazer essa parada não! – meu amigo cruzou os braços e balançou a cabeça negativamente.
- Vai sim e não venha com uma de machão! Todo mundo tem que fazer agachamento e não é exercício só de mina não. Os caras também têm que fazer.
- Nem a pau!
- Vai fazer sim senhor. Caio, você pode começar?
- Sei não, hein? Tô tão cansado...
- Não reclama e vem até aqui...
Eu tive que obedecer até mesmo porquê ficar mais perto daquele gato me proporcionava uma excelente visão de seu corpo escultural.
O personal trainer me explicou como eu deveria proceder com o movimento e eu fiquei horrorizado. Aquilo ia doer demais!
- Isso vai doer pra porra – reclamei.
- Nunca que eu vou fazer uma coisa dessas – o Rodrigo sentou no chão.
- Para de ser criança, Rodrigo – Felipe reclamou. – Se não fizer vai colocar todo o treino a perder!
Ele não respondeu nada. O Felipe me incentivou a começar e eu acabei cedendo. No começo tive muita dificuldade, mas à partir da 3ª série, já me saí melhor.
- Isso aí. Agora está certinho!
- Isso... Dói... Muito... – eu estava completamente sem fôlego.
- Logo você acostuma. 3, 2, 1... Pronto! Pode relaxar. Agora é a sua vez!
- Nem vem...
- Venha até aqui! – ele foi autoritário e o Rodrigo acabou obedecendo.
Foi muito engraçado vê-lo com aquela cara de repúdio. Eu não me controlei e caí na gargalhada, porque ele estava realmente engraçado.
- Muito engraçado, viado – ele reclamou com a cara fechada.
- Sua cara está hilária! – eu não levei em consideração o que ele disse, porque sabia que ele estava nervoso.
- 5, 4, 3, 2 e 1... Pronto! Descansa.
Rodrigo sentou de frente pro espelho e soltou todo o ar de uma vez. Ele estava mesmo muito suado.
- Agora é abdominal – Felipe anunciou.
- Nem inventa, você disse que era o último – eu fui contra.
- Opa, acho que me enganei então. Vou trazer os colchonetes...
Eu estava exaurido de forças e não conseguia nem mexer o dedo mindinho de tão cansado que estava. Felipe voltou em seguida com dois colchonetes, colocando-os um ao lado do outro perto de onde nós estávamos.
- Vanham – a voz dele era definitiva.
Eu só fui porque seria uma boa oportunidade para me deitar, mas se soubesse que aqueles abdominais iam doer tanto eu tinha desistido no ato.
- Só mais uma de 20 – o professor falou.
- A gente tá morrendo, não podemos deixar para amanhã? – perguntei.
- Nâo. Amanhã tem tudo de novo, podem ficar tranquilos.
- Puta que pariu, vou é desistir dessa porra – Rodrigo estava exaltado.
- Vai nada. Já que começou vai até o fim – eu o incentivei.
- Isso aí Caio! Vamos lá... 1, 2, 3... 19 e 20. Finalizou, meninos! Podem descansar e ir embora se quiserem.
- Não precisa pedir duas vezes – Rodrigo estava ofegante.
- Eu preciso de um banho – eu estava fedendo a suor e aquilo me deixou enojado.
- Deixa o sangue esfriar um pouco – Felipe me recomendou. – Não foi tão difícil, foi?
Difícil era apelido. Eu não pensei que em tão pouco tempo ele fosse mudar a nossa série para uma tão complicada. Naquele momento eu me arrependi de ter pensado que meus músculos já estavam acostumados com os exercícios.
- Amanhã tem aula de jump e eu quero que vocês participem.
- Desde que eu não tenha que fazer esse agachamento de novo – Rodrigo sinalizou.
- Vai fazer sim senhor. Não seja machista! Vou descer que tem aluno me esperando. Até amanhã rapaziada.
Ele apertou as nossas mãos e em seguida nós fomos até o vestiário. Quando eu tirei a camiseta, senti vontade de mergulhar na pia de tanto calor que estava sentindo.
- Acho que vou tomar um banho aqui mesmo – Rodrigo comentou. – Tô fedendo muito.
- Eu também, mas é justificável.
- Essa meia hora de esteira aí acabou com a gente.
- Pior foi esse tal de agachamento...
- Porra nem me fala – ele tirou os tênis e em seguida a bermuda. A cueca era branca. – Nunca mais quero fazer essa palhaçada!
- Não seja machista.
- Humilhante.
- Logo você acostuma.
- Eu? Acostumar com isso? Nem a pau!
Eu tirei a minha bermuda, peguei a minha toalha na mochila e fui até as duchas. Rodrigo me seguiu de perto.
- Porra. Não tenho toalha!
- E agora?
- Você me empresta? – ele perguntou.
- Empresto sim...
Foi a única solução que encontramos. O Rodrigo nunca tomava banho na academia porque ele ia direto pra casa.
Ficamos em cabines vizinhas. A água estava agradavelmente morna e eu senti o corpo relaxar por completo.
- Caio?
- Oi?
- Me empresta o xampu?
Peguei o frasco de xampu e passei por cima da divisória das duchas. Eu passei sabonete pelo meu corpo e me senti aliviado em saber que não estava mais com cheiro de suor.
- Caio?
- O quê? – me irritei.
- Me empresta o sabonete?
- Então me devolve o xampu!
Fizemos as trocas. Eu lavei meus cabelos e percebi que estava na hora de cortá-los novamente. Estava pensando em fazer as luzes que o Bruno havia me recomendado.
Nós dois desligamos as duchas no mesmo momento. Eu peguei a toalha e comecei a me secar, mas antes de terminar, ele me chamou novamente:
- Caio?
- O que é, Rodrigo?
- Me empresta a toalha?
- Espera aí que eu estou me secando!
- Beleza...
Quando terminei, joguei a toalha para o meu amigo, coloquei a minha cueca e saí da área dos chuveiros e voltei até os armários. Se eu não corresse, ia chegar atrasado na empresa.
Quando o Rodrigo desenrolou a toalha, percebi que não estava usando nada por baixo. Era a primeira vez que eu estava vendo a bunda do meu amigo.
- Usar cueca pra quê, né?
- Para de olhar pra minha bunda, filho da puta – ele disse.
- Desculpa, é inevitável – eu dei uma risadinha baixa.
Ainda bem que a gente estava sozinho no vestiário e eu não tinha que me preocupar com nada.
- Não quer se virar não? – eu brinquei.
- Tá doido pra ver minha pica, né?
Não respondi nada e ele também não se virou. O rapaz colocou a calça rapidamente e quando estava completamente vestido, jogou a toalha molhada na minha cabeça.
- Me respeita, filho da mãe! – o tom era de brincadeira.
- Eu não...
- Ah, seu sabonete!
- Põe na minha mochila, por favor.
- Obrigado por me emprestar suas coisas.
- Da próxima vez traga roupa limpa.
- Agora que esse treino mudou eu vou ser obrigado. Pode me emprestar seu desodorante? – ele abriu um sorriso.
- Só hoje, hein? – eu joguei o frasco, mas ele não conseguiu pegar. – Lerdo!
- É o sono.
- Sei.
Uma gota de suor desceu pela lateral do rosto do meu companheiro de quarto. Nós já estávamos exaustos.
- Agora é o último – o professor anunciou. – Me acompanhem!
Sem forças físicas, Rodrigo e eu seguimos o Felipe até o piso superior. Eu me deparei com uma sala totalmente espelhada. Nunca havia feito exercícios ali antes.
- Já ouviram falar em agachamento? – o bombadão perguntou.
- Oi? – Rodrigo fez uma cara de terror.
- Agachamento? – ele repetiu.
- Isso daí é exercício de mina. Eu não vou fazer essa parada não! – meu amigo cruzou os braços e balançou a cabeça negativamente.
- Vai sim e não venha com uma de machão! Todo mundo tem que fazer agachamento e não é exercício só de mina não. Os caras também têm que fazer.
- Nem a pau!
- Vai fazer sim senhor. Caio, você pode começar?
- Sei não, hein? Tô tão cansado...
- Não reclama e vem até aqui...
Eu tive que obedecer até mesmo porquê ficar mais perto daquele gato me proporcionava uma excelente visão de seu corpo escultural.
O personal trainer me explicou como eu deveria proceder com o movimento e eu fiquei horrorizado. Aquilo ia doer demais!
- Isso vai doer pra porra – reclamei.
- Nunca que eu vou fazer uma coisa dessas – o Rodrigo sentou no chão.
- Para de ser criança, Rodrigo – Felipe reclamou. – Se não fizer vai colocar todo o treino a perder!
Ele não respondeu nada. O Felipe me incentivou a começar e eu acabei cedendo. No começo tive muita dificuldade, mas à partir da 3ª série, já me saí melhor.
- Isso aí. Agora está certinho!
- Isso... Dói... Muito... – eu estava completamente sem fôlego.
- Logo você acostuma. 3, 2, 1... Pronto! Pode relaxar. Agora é a sua vez!
- Nem vem...
- Venha até aqui! – ele foi autoritário e o Rodrigo acabou obedecendo.
Foi muito engraçado vê-lo com aquela cara de repúdio. Eu não me controlei e caí na gargalhada, porque ele estava realmente engraçado.
- Muito engraçado, viado – ele reclamou com a cara fechada.
- Sua cara está hilária! – eu não levei em consideração o que ele disse, porque sabia que ele estava nervoso.
- 5, 4, 3, 2 e 1... Pronto! Descansa.
Rodrigo sentou de frente pro espelho e soltou todo o ar de uma vez. Ele estava mesmo muito suado.
- Agora é abdominal – Felipe anunciou.
- Nem inventa, você disse que era o último – eu fui contra.
- Opa, acho que me enganei então. Vou trazer os colchonetes...
Eu estava exaurido de forças e não conseguia nem mexer o dedo mindinho de tão cansado que estava. Felipe voltou em seguida com dois colchonetes, colocando-os um ao lado do outro perto de onde nós estávamos.
- Vanham – a voz dele era definitiva.
Eu só fui porque seria uma boa oportunidade para me deitar, mas se soubesse que aqueles abdominais iam doer tanto eu tinha desistido no ato.
- Só mais uma de 20 – o professor falou.
- A gente tá morrendo, não podemos deixar para amanhã? – perguntei.
- Nâo. Amanhã tem tudo de novo, podem ficar tranquilos.
- Puta que pariu, vou é desistir dessa porra – Rodrigo estava exaltado.
- Vai nada. Já que começou vai até o fim – eu o incentivei.
- Isso aí Caio! Vamos lá... 1, 2, 3... 19 e 20. Finalizou, meninos! Podem descansar e ir embora se quiserem.
- Não precisa pedir duas vezes – Rodrigo estava ofegante.
- Eu preciso de um banho – eu estava fedendo a suor e aquilo me deixou enojado.
- Deixa o sangue esfriar um pouco – Felipe me recomendou. – Não foi tão difícil, foi?
Difícil era apelido. Eu não pensei que em tão pouco tempo ele fosse mudar a nossa série para uma tão complicada. Naquele momento eu me arrependi de ter pensado que meus músculos já estavam acostumados com os exercícios.
- Amanhã tem aula de jump e eu quero que vocês participem.
- Desde que eu não tenha que fazer esse agachamento de novo – Rodrigo sinalizou.
- Vai fazer sim senhor. Não seja machista! Vou descer que tem aluno me esperando. Até amanhã rapaziada.
Ele apertou as nossas mãos e em seguida nós fomos até o vestiário. Quando eu tirei a camiseta, senti vontade de mergulhar na pia de tanto calor que estava sentindo.
- Acho que vou tomar um banho aqui mesmo – Rodrigo comentou. – Tô fedendo muito.
- Eu também, mas é justificável.
- Essa meia hora de esteira aí acabou com a gente.
- Pior foi esse tal de agachamento...
- Porra nem me fala – ele tirou os tênis e em seguida a bermuda. A cueca era branca. – Nunca mais quero fazer essa palhaçada!
- Não seja machista.
- Humilhante.
- Logo você acostuma.
- Eu? Acostumar com isso? Nem a pau!
Eu tirei a minha bermuda, peguei a minha toalha na mochila e fui até as duchas. Rodrigo me seguiu de perto.
- Porra. Não tenho toalha!
- E agora?
- Você me empresta? – ele perguntou.
- Empresto sim...
Foi a única solução que encontramos. O Rodrigo nunca tomava banho na academia porque ele ia direto pra casa.
Ficamos em cabines vizinhas. A água estava agradavelmente morna e eu senti o corpo relaxar por completo.
- Caio?
- Oi?
- Me empresta o xampu?
Peguei o frasco de xampu e passei por cima da divisória das duchas. Eu passei sabonete pelo meu corpo e me senti aliviado em saber que não estava mais com cheiro de suor.
- Caio?
- O quê? – me irritei.
- Me empresta o sabonete?
- Então me devolve o xampu!
Fizemos as trocas. Eu lavei meus cabelos e percebi que estava na hora de cortá-los novamente. Estava pensando em fazer as luzes que o Bruno havia me recomendado.
Nós dois desligamos as duchas no mesmo momento. Eu peguei a toalha e comecei a me secar, mas antes de terminar, ele me chamou novamente:
- Caio?
- O que é, Rodrigo?
- Me empresta a toalha?
- Espera aí que eu estou me secando!
- Beleza...
Quando terminei, joguei a toalha para o meu amigo, coloquei a minha cueca e saí da área dos chuveiros e voltei até os armários. Se eu não corresse, ia chegar atrasado na empresa.
Quando o Rodrigo desenrolou a toalha, percebi que não estava usando nada por baixo. Era a primeira vez que eu estava vendo a bunda do meu amigo.
- Usar cueca pra quê, né?
- Para de olhar pra minha bunda, filho da puta – ele disse.
- Desculpa, é inevitável – eu dei uma risadinha baixa.
Ainda bem que a gente estava sozinho no vestiário e eu não tinha que me preocupar com nada.
- Não quer se virar não? – eu brinquei.
- Tá doido pra ver minha pica, né?
Não respondi nada e ele também não se virou. O rapaz colocou a calça rapidamente e quando estava completamente vestido, jogou a toalha molhada na minha cabeça.
- Me respeita, filho da mãe! – o tom era de brincadeira.
- Eu não...
- Ah, seu sabonete!
- Põe na minha mochila, por favor.
- Obrigado por me emprestar suas coisas.
- Da próxima vez traga roupa limpa.
- Agora que esse treino mudou eu vou ser obrigado. Pode me emprestar seu desodorante? – ele abriu um sorriso.
- Só hoje, hein? – eu joguei o frasco, mas ele não conseguiu pegar. – Lerdo!
- É o sono.
- Sei.
- Tudo bem, Caio? – Breno perguntou.
- Melhor impossível, super!
- Deu tudo certo, então?
- Graças ao meu bom Deus!!!
- Fico feliz por você.
- Obrigado, super. Eu estou grato por seu apoio.
- Conte comigo sempre que precisar.
- Muito obrigado.
- Ah, antes que eu me esqueça: hoje nós iremos pedir esfihas. Você gosta?
- Adoro!
- Depois eu passo a lista e você faz seus pedidos, tá bom?
- AHam.
Por volta das 3 da manhã, meu supervisor passou o cardápio. Eu acabei escolhendo uma de milho. A esfiha a que ele se referia era do tamanho de uma pizza brotinho. Uma seria mais que suficiente.
- Vai chegar daqui meia hora – ele anunciou da mesa. – Aline, recolhe o dinheiro pra mim, filha?
- Pode deixar, super. Giovanni, fica de olho se cai ligação pra mim?
- Fico – ele resmungou com sono.
- Obrigada.
Eu paguei a minha parte e fiquei esperando ansiosamente pelo lanche. A minha barriga roncava sem parar.
- Melhor impossível, super!
- Deu tudo certo, então?
- Graças ao meu bom Deus!!!
- Fico feliz por você.
- Obrigado, super. Eu estou grato por seu apoio.
- Conte comigo sempre que precisar.
- Muito obrigado.
- Ah, antes que eu me esqueça: hoje nós iremos pedir esfihas. Você gosta?
- Adoro!
- Depois eu passo a lista e você faz seus pedidos, tá bom?
- AHam.
Por volta das 3 da manhã, meu supervisor passou o cardápio. Eu acabei escolhendo uma de milho. A esfiha a que ele se referia era do tamanho de uma pizza brotinho. Uma seria mais que suficiente.
- Vai chegar daqui meia hora – ele anunciou da mesa. – Aline, recolhe o dinheiro pra mim, filha?
- Pode deixar, super. Giovanni, fica de olho se cai ligação pra mim?
- Fico – ele resmungou com sono.
- Obrigada.
Eu paguei a minha parte e fiquei esperando ansiosamente pelo lanche. A minha barriga roncava sem parar.
- Finalmente você apareceu – Rogério me deu um aperto de mão.
- Estava com uns problemas aí.
- Tudo bem?
- Agora está. Perdi muita coisa?
- Perdeu uma atividade de matemática.
- Depois eu converso com a professora. Tem muita lição?
- Muita – ele me informou.
- Me empresta?
- Claro!
- E aí, comeu mais alguma mina? – quis saber.
- Não. Por que o interesse?
- Por nada. Só curiosidade.
- Ah, tá. Você comeu?
- Não – era óbvio.
- Hum. Não tá interessado em ninguém?
- Tô nada.
- Agora eu também tô suave. Já comi a Ana Paula mesmo.
- Mas você disse que queria comer de novo, não disse?
- É, mas acabei mudando de ideia. Quero variar o cardápio um pouco.
- Saquei.
- Aí, você quer ir lá em casa domingo?
- Fazer?
- Trocar ideia, jogar bola, jogar vídeo-game...
- Se eu não estiver muito cansado eu vou sim, mas só à noite.
- Que horas?
- Depois das 20:00. Pode ser?
- Ah, tranquilo. Meu pai vai estar em casa assim você aproveita e o conhece!
Conhecer um capitão do exército? Ai, ai, ai, ai, ai...
- Ele é capitão do exército, não é?
- Não é bem capitão. Ele é meio que soldado, às vezes capitão.
- Como assim?
- Ele só ajuda mesmo. Não é o capitão oficial.
- Ah, entendi. Bacana.
- Você vai lá prestar contas quando?
- Acho que é em abril, não sei. Tenho que dar uma olhada...
- Hum.
Naquele dia eu tive duas atividades valendo nota e agradeci por não ter faltado, senão ia acabar me complicando.
- Estava com uns problemas aí.
- Tudo bem?
- Agora está. Perdi muita coisa?
- Perdeu uma atividade de matemática.
- Depois eu converso com a professora. Tem muita lição?
- Muita – ele me informou.
- Me empresta?
- Claro!
- E aí, comeu mais alguma mina? – quis saber.
- Não. Por que o interesse?
- Por nada. Só curiosidade.
- Ah, tá. Você comeu?
- Não – era óbvio.
- Hum. Não tá interessado em ninguém?
- Tô nada.
- Agora eu também tô suave. Já comi a Ana Paula mesmo.
- Mas você disse que queria comer de novo, não disse?
- É, mas acabei mudando de ideia. Quero variar o cardápio um pouco.
- Saquei.
- Aí, você quer ir lá em casa domingo?
- Fazer?
- Trocar ideia, jogar bola, jogar vídeo-game...
- Se eu não estiver muito cansado eu vou sim, mas só à noite.
- Que horas?
- Depois das 20:00. Pode ser?
- Ah, tranquilo. Meu pai vai estar em casa assim você aproveita e o conhece!
Conhecer um capitão do exército? Ai, ai, ai, ai, ai...
- Ele é capitão do exército, não é?
- Não é bem capitão. Ele é meio que soldado, às vezes capitão.
- Como assim?
- Ele só ajuda mesmo. Não é o capitão oficial.
- Ah, entendi. Bacana.
- Você vai lá prestar contas quando?
- Acho que é em abril, não sei. Tenho que dar uma olhada...
- Hum.
Naquele dia eu tive duas atividades valendo nota e agradeci por não ter faltado, senão ia acabar me complicando.
Naquela tarde, fui obrigado a sair da cama mais cedo para beber um
pouco de água, mas fiquei surpreso quando abri a geladeira e só encontrei
cervejas.
- Cacete, cadê a água gelada?
- O que você tá reclamando aí, cara? – Vini apareceu todo de branco.
Eu abaixei a cabeça rapidamente e senti o meu rosto esquentar. Que vergonha!
- Não é nada – fechei a geladeira e tentei sair da cozinha, mas ele me impediu:
- O que você tem? Por que está me evitando?
- Por nada – eu não olhei no rosto do Vinícius. Estava sentindo muita vergonha de tudo o que havia acontecido.
- Olha pra mim! – ele mandou com aquela voz grossa e autoritária.
- Não – falei baixinho e tentei sair de novo, mas ele me segurou pelos braços e me fez parar.
- Está com vergonha, é?
- O que você acha?
Ele deu uma risada safada.
- Relaxa, Caio – ele levantou o meu queixo e nossos olhos se encontraram. – Não vou contar nada do que aconteceu pra ninguém!
Eu desviei os meus olhos e senti meu rosto ficar ainda mais quente. Por mais que ele não fosse contar, eu estava me sentindo muito constrangido.
- Não tem que ficar desse jeito não.
- É tenso!
- Bobagem. Aconteceu, foi bom e você queria. Então relaxa, beleza?
- Eu... Vou tentar!
- Isso aí. A nossa amizade não vai mudar em nada, pode confiar em mim.
- Beleza.
Mas era fato que eu não ia conseguir voltar a fitá-lo por um bom tempo. Talvez quando eu tivesse certeza que as coisas estivessem normais entre nós dois, tudo voltasse a ser como era antes.
- Não fica assim, filhote – ele riu de novo. – Já aconteceu e não tem como voltar atrás. O que foi? Não gostou por acaso?
Não tive coragem de responder nada.
- Sabia que você foi o primeiro carinha que eu comi?
- Não – respondi baixinho.
- Pois é, sinta-se privilegiado. Você me fez perder o cabaço com caras.
- Hã...
- Vai relaxar ou tá difícil?
- Tá difícil – eu respondi.
- Bundão! – ele deu um pedala na minha nuca. – Não fica grilado desse jeito.
- Eu vou tentar – respondi de novo.
- Beleza. Quero só ver, hein?
- Sim.
- Confia em mim que eu não vou falar, tá?
- Sim.
- Vou pra faculdade. A gente se fala!
- Tá.
Antes de sair ele deu um tapinha na minha bunda e deu uma risadinha baixa. Eu estava morto de tanta vergonha e não sabia como agir na frente daquele cara.
- Cacete, cadê a água gelada?
- O que você tá reclamando aí, cara? – Vini apareceu todo de branco.
Eu abaixei a cabeça rapidamente e senti o meu rosto esquentar. Que vergonha!
- Não é nada – fechei a geladeira e tentei sair da cozinha, mas ele me impediu:
- O que você tem? Por que está me evitando?
- Por nada – eu não olhei no rosto do Vinícius. Estava sentindo muita vergonha de tudo o que havia acontecido.
- Olha pra mim! – ele mandou com aquela voz grossa e autoritária.
- Não – falei baixinho e tentei sair de novo, mas ele me segurou pelos braços e me fez parar.
- Está com vergonha, é?
- O que você acha?
Ele deu uma risada safada.
- Relaxa, Caio – ele levantou o meu queixo e nossos olhos se encontraram. – Não vou contar nada do que aconteceu pra ninguém!
Eu desviei os meus olhos e senti meu rosto ficar ainda mais quente. Por mais que ele não fosse contar, eu estava me sentindo muito constrangido.
- Não tem que ficar desse jeito não.
- É tenso!
- Bobagem. Aconteceu, foi bom e você queria. Então relaxa, beleza?
- Eu... Vou tentar!
- Isso aí. A nossa amizade não vai mudar em nada, pode confiar em mim.
- Beleza.
Mas era fato que eu não ia conseguir voltar a fitá-lo por um bom tempo. Talvez quando eu tivesse certeza que as coisas estivessem normais entre nós dois, tudo voltasse a ser como era antes.
- Não fica assim, filhote – ele riu de novo. – Já aconteceu e não tem como voltar atrás. O que foi? Não gostou por acaso?
Não tive coragem de responder nada.
- Sabia que você foi o primeiro carinha que eu comi?
- Não – respondi baixinho.
- Pois é, sinta-se privilegiado. Você me fez perder o cabaço com caras.
- Hã...
- Vai relaxar ou tá difícil?
- Tá difícil – eu respondi.
- Bundão! – ele deu um pedala na minha nuca. – Não fica grilado desse jeito.
- Eu vou tentar – respondi de novo.
- Beleza. Quero só ver, hein?
- Sim.
- Confia em mim que eu não vou falar, tá?
- Sim.
- Vou pra faculdade. A gente se fala!
- Tá.
Antes de sair ele deu um tapinha na minha bunda e deu uma risadinha baixa. Eu estava morto de tanta vergonha e não sabia como agir na frente daquele cara.
- Vamos pro agachamento! – Felipe mandou.
- Não – Rodrigo choramingou. – Pula essa, vai?
- Não. Vamos logo!
Mesmo contra a sua vontade, meu amigo fez novamente o exercício. Cada vez que ele subia eu dava risada porque a cara que ele fazia era muito engraçada e eu não conseguia me segurar.
- 2 e 1. Pronto! Doeu?
- Pra caralho!
Meu corpo estava moído. Eu estava sentindo dores por todos os lados, mas elas não eram tão intensas como as primeiras que senti quando tinha começado a treinar naquela academia.
- Não – Rodrigo choramingou. – Pula essa, vai?
- Não. Vamos logo!
Mesmo contra a sua vontade, meu amigo fez novamente o exercício. Cada vez que ele subia eu dava risada porque a cara que ele fazia era muito engraçada e eu não conseguia me segurar.
- 2 e 1. Pronto! Doeu?
- Pra caralho!
Meu corpo estava moído. Eu estava sentindo dores por todos os lados, mas elas não eram tão intensas como as primeiras que senti quando tinha começado a treinar naquela academia.
DIAS DEPOIS...
Quando eu cheguei da escola e entrei no meu quarto, me deparei com
uma cesta enorme de café da manhã em cima da minha cama.
- O que é isso? – me surpreendi.
Será que era para mim? Eu olhei dentro da embalagem e vi muitas coisas em seu interior. Havia um envelope azul com o meu nome escrito em letra de fôrma. Sim, aquela cesta era minha!
Mas quem havia mandado? A minha curiosidade era tanta que nem pensei duas vezes e detonei o papel transparente. Eu queria saber quem tinha me dado aquele presente enorme.
Antes de abrir o cartão, peguei uma maça e dei uma dentada porque estava faminto. Só depois eu me lembrei que não havia lavado a fruta.
Enquanto comia, abri o lacre do envelope, puxei o cartão e comecei a ler o que estava escrito:
- O que é isso? – me surpreendi.
Será que era para mim? Eu olhei dentro da embalagem e vi muitas coisas em seu interior. Havia um envelope azul com o meu nome escrito em letra de fôrma. Sim, aquela cesta era minha!
Mas quem havia mandado? A minha curiosidade era tanta que nem pensei duas vezes e detonei o papel transparente. Eu queria saber quem tinha me dado aquele presente enorme.
Antes de abrir o cartão, peguei uma maça e dei uma dentada porque estava faminto. Só depois eu me lembrei que não havia lavado a fruta.
Enquanto comia, abri o lacre do envelope, puxei o cartão e comecei a ler o que estava escrito:
“Você é a pessoa mais importante da minha
vida. Mesmo não parecendo, mesmo eu não demonstrando muito, você é único para
mim.
Queria te pedir desculpas por todos os meus erros e te pedir uma nova oportunidade para te fazer feliz.
Por favor, vamos conversar?
Espero uma resposta, nem que seja negativa. Tomara que goste do presente.
Queria te pedir desculpas por todos os meus erros e te pedir uma nova oportunidade para te fazer feliz.
Por favor, vamos conversar?
Espero uma resposta, nem que seja negativa. Tomara que goste do presente.
Atenciosamente,
Bruno Silva.”
Bruno Silva.”
Por que ele tinha feito aquilo? Será que ele não percebia que eu
não queria mais saber dele? Desde o dia em que o Bruno havia me contato que
possivelmente estava com AIDS, eu não o via mais com os mesmos olhos.
Não que eu estivesse sendo preconceituoso, mas o fato dele ser tão inconsequente me tirava do sério.
Primeiro tinha sido a história da maconha e depois a do HIV. Qual seria a próxima? Qual seria o próximo erro que ele ia cometer?
Será que eu estava sendo injusto com o garoto? Ele era adolescente e tinha todo o direito do mundo de errar! Quem não erra nesse mundo? Eu mesmo havia sido precipitado quando resolvi me mudar para o Rio de Janeiro! Quem era eu para julgá-lo?
Fiquei em dúvida sobre o que deveria fazer. Ligar ou não ligar? Ficar ou não ficar com aquela cesta? Será que eu deveria voltar atrás e reatar o meu relacionamento com o Bruno?
Mais uma vez eu estava entrando em um beco sem saída e precisava urgentemente tomar uma decisão. Eu só não sabia qual.
Não que eu estivesse sendo preconceituoso, mas o fato dele ser tão inconsequente me tirava do sério.
Primeiro tinha sido a história da maconha e depois a do HIV. Qual seria a próxima? Qual seria o próximo erro que ele ia cometer?
Será que eu estava sendo injusto com o garoto? Ele era adolescente e tinha todo o direito do mundo de errar! Quem não erra nesse mundo? Eu mesmo havia sido precipitado quando resolvi me mudar para o Rio de Janeiro! Quem era eu para julgá-lo?
Fiquei em dúvida sobre o que deveria fazer. Ligar ou não ligar? Ficar ou não ficar com aquela cesta? Será que eu deveria voltar atrás e reatar o meu relacionamento com o Bruno?
Mais uma vez eu estava entrando em um beco sem saída e precisava urgentemente tomar uma decisão. Eu só não sabia qual.
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