domingo, 8 de março de 2015

Capítulo 17

F
iquei confuso e ao mesmo tempo perplexo por ter esquecido o meu prório aniversário. Como isso pôde acontecer?
- Caio? – a voz do Bruno estava longe porque eu ainda estava olhando o calendário.
- Oi, Bruno – eu voltei a atendê-lo.
- Parabéns!
- Muito obrigado – nesse momento eu esqueci toda a raiva que pudesse estar sentindo do meu ex. Eu estava era incrédulo comigo mesmo.
- Te desejo muitas felicidades, muitos aninhos de vida, muita saúde, paz, dinheiro... E amor...
Amor? Meio difícil, mas tudo bem.
- Obrigado, viu?
- Que Deus te abençoe e que você seja muito feliz.
- Obrigado, Bruno.
- De nada.
Pausa.
- Alguma novidade?
- Novidade? Não. Por quê? – respondi.
- Não, por nada. Só curiosidade mesmo.
- Hum... Obrigado por ter lembrado. Agora se não se importar eu vou voltar a dormir porque estou muito cansado!
- Tudo bem, lindo – a voz dele estava bem tranquila. – Fica com Deus, tá bom?
- Amém. Você também.
- Tchau.
- Tchau – eu respondi com os olhos fechados.
- Beijo...
- Um aperto de mãos pra você também.
Puft. Desliguei.
- Idiota – bufei, mas em seguida ri.
O quarto estava vazio porque os meninos tinham ido pra balada. Eu estava sozinho no meu próprio aniversário... Isso que eram amigos!
Suspirei, bocejei, abracei um travesseiro e fechei de novo os olhos. Graças a Deus o sono voltou a me envolver e eu adormeci rapidamente.
Acordei por volta das 9 horas com o meu celular vibrando e tocando. Era alguém me ligando.
- Alô? – atendi com a voz grogue.
- PARABÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉNS!!! – reconheci a voz da louca da Alexia.
- Obrigado, amor – bocejei.
Alexia me felicitou e desejou tudo o que queria desejar. Eu ouvi o que ela falava com os olhos fechados porque ainda estava com sono.
- Muito obrigado, amiga.
- AI que lindo, chegou na casa dos 30!
- Vai te lascar, agora que eu to fazendo 20, palhaça!
- Só isso, amigo? Jurava que você já tinha 30!
- Vai te catar morena de farmácia – bufei. – 30 é o caralho. Idiota!
- É brincadeirinha – ela riu. – Curte aí o seu dia e pena que a gente só vá se ver daqui 30 dias, né?
- Ah, é verdade... Eu esqueço que você vai sair de férias!
- Graças a Deus. Já estou na verdade não é? Hoje é folga  e eu já vou viajar!
- Vai pra onde, doida?
- Vou pra Búzios ficar na casa da minha tia. Acho que vou ficar lá umas duas semanas só curtindo as praias. Já foi em Búzios?
- Ainda não, mas pretendo ir em breve. Várias pessoas estão dizendo que lá é lindo e tal...
- É muito lindo sim. Eu vou voltar negra, você vai ver!
- Branquela do jeito que é? Duvido!
- Agora é questão de honra. Eu volto preta nem que tenha que me pintar com carvão. Cachorro!
Dei risada. A gente conversou mais uns 2 minutinhos e depois eu desliguei. Por culpa da Alexia acabei perdendo o sono.
Mesmo tendo perdido o sono eu não quis me levantar. Fiquei deitadinho na minha cama, abraçado com um travesseiro e olhando pra parede. Fiz um retrospecto do meu último ano astrológico e ponderei quais tinham sido os meus ganhos, as minhas perdas e os meus aprendizados.
O que eu fiz dos 19 aos 20? Sem sombra de dúvida o meu maior ganho foi a faculdade. Perdas eu não tive tantas e aprendizados eu nem consigo mensurar.
Aprendi muito de 31 de agosto de 2.007 à 31 de agosto de 2.008. Posso dizer que aprendi muitas coisas e com isso acabei amadurecendo.
Isso era o que eu achava, mas se eu tivesse parado pra pensar um pouquinho, eu poderia ter percebido o quanto imaturo eu era e ainda mais tratando-se do meu ex-namorado.
O que eu queria mudar na minha vida daquele dia em diante? Quais seriam os pontos a melhorar? A resposta era: muitos.
Primeiro de tudo: eu precisava ser mais paciente e gentil com algumas pessoas, principalmente com o Bruno.
Acho que eu já tinha descontado toda a minha raiva no garoto e não precisava mais agredí-lo fisicamente ou com palavras. Eu não podia esquecer que por pior que ele tivesse sido comigo, dentro daquele corpo havia um coração e no fundo ele era uma boa pessoa.
Segundo: eu precisava me dedicar mais aos estudos e ao meu trabalho. É claro que eu era um bom funcionário, mas eu podia melhorar em alguns aspectos e era isso que eu ia fazer.
Com relação a faculdade, eu teria que me dedicar ainda mais para não ficar com a preocupação que fiquei no semestre passado.
Acho que no geral eu tinha que melhorar como pessoa, como ser humano. Eu precisava evoluir, amar mais o meu próximo, me tornar uma pessoa melhor... Não que eu fosse uma pessoa ruim, é claro.
Bocejei uma ou duas vezes, cocei os olhos e nesse mesmo momento a campainha tocou. Quem seria? Será que algum dos meninos estava esperando alguma visita?
Será que algum filho de Deus ia atender a porta? Eu estava torcendo para que isso acontecesse, mas minha torcida foi fraca demais, porque tocaram a campainha umas 5 vezes e ninguém acordou.
- Já vai – eu desci as escadas lentamente.
Quando abri a porta dei de cara com um homem negro. Na frente da minha casa havia uma Fiorino branca estacionada com o piscalerta ligado. Quem seria aquele moço?
- Pois não? – falei.
- Bom dia. É aqui que mora o Caio?
- Sim sou eu. Posso ajudar? – fiquei encucado.
- Só um momento que eu tenho uma entrega pra você.
- Entrega?
Que entrega? Eu não me lembrava de ter comprado nada...
Quando vi a cesta saindo do interior do automóvel eu fiquei até assustado. Era enorme e tinha um laço vermelho gigantesco.
- Mandaram entregar. Feliz aniversário – o cara esticou os braços.
- Pra mim? – fiquei sem entender nada. – Quem mandou isso?
- Nâo sei. Eu sou apenas o entregador.
Segurei o meu presente e fiquei curioso. Quem teria feito aquilo comigo?
- Puxa, muito obrigado.
- Por nada. Bom dia.
- Bom dia...
Acho que fiquei mais de 5 minutos olhando para aquele presente. Só lembrei de voltar pra dentro de casa quando algumas pessoas na rua ficaram me olhando.
- Quem me mandou isso? – me perguntei enquanto subia as escadas.
Fui direto pro quarto. A curiosidade estava monstruosa. Era uma cesta de café da manhã enorme e cheia de guloseimas. Confesso que vendo aquelas delícias eu acabei ficando com fome.
Sentei na minha cama e não pensei duas vezes em abrir o laço vermelho. Era uma pena desmanchar aquela embalagem perfeita, mas era a única alternativa que eu tinha.
Peguei um iogurte e enquanto o degustei puxei o cartãozinho para ver quem tinha mandado aquele presente:
“Caio,
Só quero te desejar um feliz aniversário. Beijos, te amo.”
Não tinha assinatura e isso me deixou grilado demais. Quem teria mandado aquela cesta pra mim?
Fui obrigado a fazer um jogo de eliminatórias. O Murilo foi a minha 1ª opção, mas eu rapidamente descartei o garoto porque ele não sabia o meu endereço e também não conhecia nenhum dos meus amigos para pegar em segredo. Ele era carta fora do baralho.
Rodrigo, Vinícius ou Fabrício? Até poderia ser, mas eu duvidava muitíssimo que um dos três pudesse colocar um “eu te amo” naquele cartão. Eles também eram cartas fora do baralho.
Alguém da loja? Ninguém tinha o meu endereço também. Alexia, Janaína, Eduarda, Jonas ou quem quer que fosse também estava fora do jogo.
Cheguei a pensar até no Carlos Henrique, porém ele também não tinha meu endereço e eu não falava mais com ele há um ano. Quem teria mandado aquilo então?
O Víctor não teria feito isso de São Paulo, teria? Meu melhor amigo paulistano até tinha meu novo endereço, mas ele não teria como me mandar um presente morando em outro Estado... Não uma cesta de café da manhã como aquela...
- Será que foi o Rodrigo?
Se tivesse sido o Rodrigo eu ia largar tudo pra ficar com ele... Quis muito acreditar que fosse o meu amigo, mas algo me dizia que não era ele.
Quem era então? Quem era aquela pessoa que me mandou um presente lindo daqueles?
Fiquei com um milhão de pulgas atrás da orelha. Pensei em todas as pessoas que eu conhecia e não pensei na principal.
Só quando eu terminei de comer o 2º pão com frios foi que pensei no Bruno. Arragalei os meus olhos e até fiquei engasgado por cogitar que aquele presente tivesse partido dele!
Mas o Bruno não tinha o meu endereço... Como ele poderia ter me mandado aquele presente? Impossível... Impossível que fosse ele, impossível...
Meu coração disparou muito e eu fiquei até sem fome. Não poderia ser dele, não poderia!!!
Mas era a única explicação que eu tinha. Só poderia ser dele, meu Deus... Do meu ex-namorado...
Olhei no interior da cesta e não vi nada de cunho romântico. Não tinha um ursinho, não tinha uma caneca... Será que era dele mesmo?
- Que droga, viu? – bufei e levantei da cama com tudo.
Fiz o maior barulho e os meninos não acordaram. Pelo jeito a noitada tinha sido boa pros 3, porque nem mesmo o barulho do plástico da cesta fez com que eles acordassem.
Fui pro banho e fiquei pensando em quem teria mandado aquele presente. Será que era mesmo do Bruno? Eu não queria acreditar nisso...
Tive uma manhã cheia de indagações e contradições. Quanto mais eu tentava tirar o Bruno do jogo, mais as circunstâncias me faziam crer que ele era o autor daquela cesta enorme.
- Feliz aniversário – Vinícius sussurrou no meu ouvido e eu quase tive um ataque fulminante do miocárdio. Até deixei a caixa de sabão em pó cair dentro do tanque.
- QUE SUSTO, CRIATURA – meu coração foi parar na nuca. – QUER ME MATAR DE SUSTO?
Vinícius deu risada e me puxou para um abraço.
- Parabéns, moleque!
- Obrigado, mas você quase me matou no dia do meu aniversário – reclamei.
- Não era a minha intenção, mas bem que eu gostei de ver a sua cara de susto!
- Engraçadinho...
Vinícius me disse palavras doces e me felicitou de todas as formas possíveis e inimagináveis. Meu amigo me desejou muitas coisas e quando me soltou, deu um beijo estalado na minha bochecha.
- Curte aí o seu aniversário, hein?
- Pode deixar. Obrigado por ter lembrado, mas no próximo ano não me assuste desse jeito.
- Vou pensar no seu caso – o bonitão me fitou e depois saiu para algum canto da casa.
Todos os meninos da república lembraram do meu dia e todos me felicitaram e me deram presentes, mas é claro que dentre todos o melhor abraço foi o do Rodrigo não é mesmo?
- Hum – eu caí nos braços dele e fechei meus olhos. O menino estava muito cheiroso.
- Parabéns, maninho – ele também suspirou. – Eu queria te dizer muitas coisas, mas como não sou bom nisso eu vou resumir tudo com o meu abraço, tá bom?
- Não precisa falar nada – eu mantive meus olhos fechados. – Só de receber o seu abraço eu já me sinto muito feliz!
Mas ele não ficou só naquele abraço de urso. Assim como Vinícius fez, Rodrigo também me deu um beijo bem estalado na bochecha e isso me deixou feliz por demais da conta.
- Te amo, garoto – ele sussurrou no meu ouvido.
- Eu também te amo, Digow!
- Gostou do meu presente?
Meu coração parou! ERA DELE...
- Aquela cesta é sua? – minha voz quase não saiu.
- Uhum. Você gostou?
- EU AMEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEI – comecei a saltitar feito um idiota. – OBRIGADO, OBRIGADO, OBRIGADO... AI QUE LIIIIIIIIIIIIIIINDO!!!
- Calma – ele começou a dar risada. – Não precisa me esmagar todo...
- Você é muito lindo! – meus olhos se encheram de lágrimas. – Muito lindo!
Fiquei muito feliz em saber que o presente partiu do Rodrigo e não do Bruno. Isso me deixou aliviado e sem preocupações. Eu não sei o que seria de mim se aquela cesta fosse do meu ex-namorado.
Só por causa disso, não dei um, mas vários e vários beijos no rosto do meu irmão. Ele foi um fofo e me deixou muito, muito feliz de verdade!
Ao longo do dia eu recebi muitos telefonemas, incluindo da Janaína, do Víctor e é claro do Murilo. Além de um telefonema, meu namorado mandou também uma telemensagem que eu achei muito fofa, mas também antiquada demais,
Naquela noite a gente não ia se encontrar porque ele tinha um jantar na casa de um parente qualquer, mas isso não me deixou chateado porque os meninos da república teimaram porque teimaram que iam me levar em uma churrascaria.
E levaram mesmo. Nós chegamos lá por volta das 20 horas e o melhor de tudo é que não foi nada planejado e acabou dando certo. O Vinícius convidou a Bruna, o Rodrigo convidou a Marcela e eu chamei a Alexia e a Janaína. No fim das contas ficou a maior galera no restaurante e a farra foi boa demais.
- Pra quem vai o 1º pedaço de bolo? – perguntou Alexia.
- Como pra quem? – eu olhei pra morena. – Vai pra mim mesmo!
Eles ficaram me zoando a noite toda. Acho que todo mundo pensou que o bolo ia ser destinado ao Rodrigo; e ia mesmo, se ele não tivesse levado a vadia da namorada para o meu aniversário.
Naquele dia eu recebi presentes de todos os meus amigos, algo que eu não esperava que fosse acontecer, mas aconteceu.
Pensei que os presentes iam parar nos meninos da república, mas me enganei redondamente.
Quando cheguei na faculdade na manhã da segunda-feira, me surpreendi com uma caixa de bombons que foi dada pelo Fernando, pela namorada e pela Jéssica.
- Obrigado, gente... Não precisavam se preocupar.
O mesmo aconteceu na loja. Eduarda e Jonas juntaram-se e me deram um vale-compras da Americanas no valor de R$ 50,00.
- Obrigado, chefa – abracei a Duda. – Não precisava!
- Imagina que eu ia deixar passar em branco o seu aniversário, Caio?
- Boba... Não precisava mesmo ter se preocupado. Obrigado de coração!
- Imagina. Te desejo toda a felicidade do mundo.
- Muito obrigado.
Em seguida abracei o Jonas. Meu chefe estava usando o mesmo perfume que eu.
- Parabéns, campeão. Deus te abençoe nesse novo ano, viu? Sucesso aí.
- Muito obrigado, chefe. Não precisava ter se preocupado comigo. De verdade!
- Imagina. É um prazer. Você merece...
- Valeu mesmo!
Mas o melhor presente de todos que eu recebi foi saber que a empresa finalmente tinha depositado o valor das minhas férias.
- Graças a Deus – abri um sorriso. – Agora vou poder gastar um pouquinho a mais.
- Isso aí – Jonas me apoiou. – A breja do final da semana é por sua conta!
- Até parece – eu dei risada.
- Quer dizer que o dinheiro das férias foi o melhor presente que você recebeu nesse aniversário?
- Um deles.
- Quais os outros?
- Uma cesta de café da manhã e um CD do Jorge e Mateus!!!
7 DE SETEMBRO DE 2.008
Eu até tive a oportunidade de ficar em casa no feriado, mas a tentação de ganhar hora extra dois dias seguidos acabou falando mais alto.
E o mais gostoso foi o fato da loja quase não ter tido movimento, o que me deixou ocioso praticamente o dia inteiro.
- Já estou com saudades da Alexia – Janaína suspirou.
- Deixa a menina curtir as férias dela. Numa hora dessas ela deve estar torrando em uma praia de Búzios.
- Branquela azeda – a negra bufou. – Que inveja daquela piranha de porta de boteco.

Finalmente eu ia encontrar o meu namorado. A gente não se via há alguns dias e eu já estava até com saudades.
O que me deixou grilado foi o fato dele ter solicitado a minha presença na casa dele, mas eu não tive como negar.
Se eu estava namorando com o primo do Bruno a culpa era toda minha e eu não podia me privar de encontrar com o Murilo por causa do meu ex.
Por esse motivo, eu cheguei a conclusão que se eu encontrasse com o Bruno, o melhor a ser feito era não fazer nenhum escândalo e agir como se nada tivesse acontecido entre nós dois. Eu só queria ver se na prática ia acontecer desse jeito.
E não é que naquela noite mesmo eu tive a oportunidade de testar a minha teoria? Quando eu dobrei a esquina da rua do Murilo, percebi que toda a molecada da rua estava jogando vôlei. Inclusive o Murilo e o Bruno.
- Finalmente você chegou – o novinho saiu ao meu encontro e me deu um abraço.
Eu abracei o meu namorado e fiquei olhando pro Bruno. Ele fechou a cara na hora e ficou muito vermelho. Não sei se era vergonha ou raiva.
- Que saudades – eu falei.
- Eu também...
Vítor também estava na rua e não parou de me olhar um segundo sequer. Não gostei de ser o centro das atenções.
- Vamos pra casa? – Murilo me fitou.
- Vamos sim. Não quero ficar aqui na rua com o Bruno por aí.
- Ah, é verdade. Então vem comigo. Eu vou tomar banho pra gente poder namorar um pouco.
Foi a minha vez de ficar vermelho. Murilo e eu começamos a andar e os melhores amigos não pararam de me encarar um segundo sequer.
- Eles estão falando de mim – falei.
- Como você sabe?
- Porque é óbvio – dei risada.
- Foda-se. Deixa esse idiota pra lá.
- Com certeza é o melhor a ser feito.
Entramos na casa do garoto e ele foi logo pra ducha, o que me deixou agradecido, uma vez que ele estava suado demais.
Eu queria entender porque aquele menino ficava tão sozinho em casa. Até então eu não conhecia o pai dele e só tinha visto a mãe umas duas ou três vezes no máximo.
- Desculpa a demora – ele saiu do banheiro só com uma toalha e quando entrou no quarto foi logo fechando a porta.
- Não tem problema.
Murilo me beijou. Foi um beijo extremamente apaixonado e não demorou nada pra ele tirar a toalha e ficar completamente nu.
- Safadinho – eu segurei no pau dele enquanto o beijava.
- Sou nada, pô – o menino ficou vermelho.
Como na outra vez não aconteceu nada a não ser um sexo oral e mais uma vez eu fiquei literalmente na mão.
- Você gosta de rede? – Murilo terminou de se arrumar.
- Rede? Gosto, por quê?
- Porque tem rede aqui em casa. Quer deitar?
- Ah, legal. Eu aceito sim.
- Então vem comigo.
Nós fomos pra garagem e ele colocou a rede. Era um tecido de xadrez na cor vermelha. Eu adorava balançar pra um lado e pro outro e fazia muito tempo que eu não tinha essa oportunidade.
- Senta aí – ele falou.
- E você?
- Eu não gosto muito. Prefiro ficar na cadeira de balanço.
- Hum... E se a sua mãe chegar? Ela não vai achar ruim?
- Vai nada. A minha mãe é tranquila.
Eu sentei e comecei a balançar e isso me deixou sonolento demais. Murilo e eu ficamos conversando boa parte do tempo e quando eu percebi que estava tarde demais, achei melhor voltar pra minha casa.
- Já? Cedo ainda, Caio.
- Cedo nada! Amanhã eu ainda vou trabalhar.
- Que droga, hein?
- É, mas faz parte.
- Quer que eu te acompanhe até o ponto?
- Precisa não, Murilo. Você ainda tem que fazer a lição de casa. Pode deixar que eu vou sozinho mesmo.
- Tem certeza?
- Uhum. Absoluta. Fica tranquilo.
- Então você me liga na hora que chegar em casa?
- Ligo sim. Pode deixar.
Nos despedimos e eu saí rapidinho. Segui pelas ruas de Ipanema e me dirigi ao meu ponto de ônibus. Fazia uma noite calma e nublada no Rio de Janeiro.
- Ei – ouvi uma voz atrás de mim e quando me virei percebi que era o Bruno.
- Ah, é você? – só falei isso.
- Quer dizer que você está mesmo namorando com o Murilo?
- Estou sim – tentei não armar barraco. – Algum problema?
- O que você viu naquele pivete, Caio? Pelo amor, né?
- O que eu vi ou deixei de ver não te diz respeito – voltei a olhar pro horizonte na espera do meu busão.
- Aposto que você está fazendo isso só pra me atingir, não é? – ele voltou a tocar no meu ombro.
- Claro que não – eu dei um passo à frente. – O meu mundo não gira ao seu redor.
- Pois eu não acredito em você!
- Você não tem que acreditar em mim. Eu não devo satisfação da minha vida pra ninguém e eu namoro com quem eu quiser, já que sou livre pra escolher.
- Sem comentários, Caio – ele deu risada.
- Eu que o diga. Sem comentários, Bruno.
Pelo menos daquela vez a gente não estava brigando, mas eu também não dei a menor trela pra ele. Fiquei de costas a maior parte do tempo.
- Ei? – ele me tocou de novo. – Sabia que você está muito lindo hoje?
Bufei. O Bruno já estava começando a me irritar. Não respondi nada e andei mais uns 5 centímetros.
O meu ex aproveitou a hora que o ponto ficou vazio para se aproveitar de mim:
- Fala comigo, Caio – ele segurou na minha cintura.
- Me solta, Bruno – eu tirei a mão dele de cima do meu corpo.
- Não – nesse momento ele segurou na minha mão e me puxou com toda a força que teve.
Meu coração disparou e eu fiquei com as pernas bambas quando o nosso corpo se encontrou.
- O QUE É ISSO? FICOU LOUCO? – eu o empurrei com força. – NÃO ENCOSTA EM MIM NUNCA MAIS!
- Isso... Grita... Você fica lindo demais quando está com raiva!!!
- Idiota – eu sibilei com os dentes apertados. – Você é muito sem noção!
- Aposto que aquele idiota do Murilo não te faz feliz... Aposto...
- Cala a boca e deixa o Murilo longe disso!
- Vem fazer eu calar a boca – Bruno me puxou de novo e mais uma vez os nossos corpos ficaram entrelaçados, mas dessa vez ele foi mais rápido do que eu podia imaginar e acabou beijando a minha boca.

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