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T
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ive pouquíssimo tempo pra dizer sim ou não e acabei optando pela segunda
alternativa.
- Por que não? – perguntou meu xará.
- Porque não oras – eu respondi.
- Eu sei que você quer – Pedro mordiscou a minha orelha e deu um tapa na minha bunda.
Fiquei ainda mais excitado e com mais vontade de aceitar aquela proposta, mas eu tinha que dizer não.
- Não – falei baixinho.
- Qual é, xará? Qual o problema? Nunca fez isso?
- Já fiz sim – confessei –, mas não estou a fim de fazer de novo.
- Aham – Caio segurou no meu pau. – Acredito!
Beijei de novo o meu xará e fiquei louco de vontade pra aceitar aquele convite. Fazia um tempinho que eu não aproveitava da forma que deveria aproveitar...
- Eu quero – falei depois de um tempão.
- É assim que se fala – Pedro me puxou pra um beijo.
- Vem com a gente – o meu xará começou a me puxar pela mão e nós descemos as escadas.
Na claridade eu consegui ver a beleza dos dois amigos. O mais novo era branco, magricela, tinha os cabelos espetados e o rosto um pouco juvenil demais. Já o mais velho, era negro, tinha o corpo extremamente definido, um rosto um tanto quanto másculo demais e traços muito marcantes. Gostei dos dois.
- Você é lindo – meu xará me encarou.
- Obrigado – senti o meu rosto queimar. Eu não concordava com o que ele disse.
- Lindo mesmo – Pedro concordou com o amigo e começou a andar na nossa frente.
- Pra onde nós vamos? – eu perguntei.
- Então – Caio me olhou. – Nós podemos ir pra sauna aqui em cima, o que acha?
- Pra sauna? – eu arregalei meus olhos.
- É!
- Quero não, obrigado!
- Por quê?
- Porque eu não curto essas coisas...
- Já foi alguma vez?
- Não...
- Então? Como você pode dizer que não curte se nem conhece?
- Mas deve ser zoado...
- É nada! É tranquilo.
- Mas sei lá... – eu estava com o pé atrás.
- Qual o seu medo?
- Não sei nem como é o bagulho...
- É que lá tem cabine, xará. Lá a gente vai poder ficar numa boa...
- Mas os outros vão ver não vão?
- Não. A não ser que você queira sexo explícito!
- Cruzes – imitei o Rodrigo. Meu xará gargalhou.
- Relaxa! Você vai ver que lá é bem legal... Vamos aí...
Confesso que a curiosidade falou bem mais alto e eu acebi topando. O Caio não precisou nem fazer muito esforço pra me convencer a entrar na tal thermas que havia sob a boate.
Nós subimos dois lances de escadas e assim que eu cruzei a porta já senti uma atmosfera muito mais quente da que estava no interior da danceteria.
- Boa noite – disse o atendente. – É R$ 15,00.
O primeiro a pagar foi o Pedro. O funcionário entregou uma espécie de ficha para o cara e este logo sumiu no meio de duas cortinas de plástico. O meu coração estava acelerado.
Quando chegou a minha vez eu não sabia o que fazer. Nunca tinha entrado em uma sauna em toda a minha vida e estava mais perdido do que aluno em escola nova.
- Boa noite – o funcionário tornou a repetir. – É R$ 15,00.
Abri a minha carteira, peguei o meu cartão do banco e entreguei ao menino que não era lá muito bonito.
- Débito.
- Sua senha? – ele entregou a maquinha do cartão.
Digitei a minha senha e o papelzinho azul saiu logo em seguida.
- Entregue ao rapaz da recepção, por favor.
- Ah, tudo bem...
Que rapaz? Para melhorar, o Pedro e o Caio não me esperaram e isso me deixou mais perdido ainda. Decidi entrar por onde eles entraram e logo de cara eu vi o rapaz da recepção.
- Olá, boa noite – ele me encarou.
- Boa noite – eu respondi e deixei o papel que o outro funcionário me deu em cima da bancada.
- Qual o seu número de chinelo?
- Chinelo? – eu não entendi nada.
- Sim?
- 41 – dei de ombros.
Ele abaixou e voltou em seguida com um par de chinelos pretos e uma toalha de banho branca. Para que aquilo servia?
- Seu armário é o 34 – o carinha me entregou também uma chave.
- Hã... Está bem...
Acho que era notório a minha dificuldade em entender o que estava acontecendo. Eu me virei e vi o Pedro e o Caio em frente a vários armários e entendi que eu deveria fazer o que eles estavam fazendo.
Claro que eu entendi também que o armário era pra guardar as minhas roupas, mas eu não queria ficar pelado... Não ali, não na frente de tanta gente...
Engoli em seco e senti uma gota de suor descer pela lateral do meu rosto. Eu estava muito nervoso e cheguei a conclusão que não deveria ter aceito o pedido daqueles dois.
- Fica à vontade – Pedro já estava só de toalha. Ele deu um tapinha no meu ombro.
- Hã... Aham!
Demorei para criar coragem e só me despi quando não tinha ninguém olhando pra mim. Aproveitei que o carinha da recepção não estava mais lá pra tirar a roupa e colocar tudo dentro do armário.
- A gente está te esperando lá em cima – meu xará também deu um tapinha no meu ombro.
- Lá em cima onde? – eu perguntei.
- Lá em cima. É só subir as escadas que você vai ver as cabines. A gente te espera por lá.
- Hã... Beleza – suspirei.
Como foi difícil controlar a timidez. Fiquei pensando se eu poderia ficar de cueca, mas essa hipótese foi rapidamente descartada. Se era sauna, era pra ficar pelado mesmo.
Entreguei tudo nas mãos de Deus, suspirei e tirei a cueca. Rapidamente me enrolei com a toalha pra ninguém me ver desnudo e quando tudo estava devidamente guardado, eu procurei o local que o Caio tinha indicado e rapidamente o encontrei.
Subi mais dois lances de escadas e me deparei com um ambiente escuro. Minhas vistas tiveram um pouco de dificuldade em encontrar as coisas naquele ambiente mal-iluminado, mas quando eles se acostumaram com a escuridão, eu rapidamente consegui explorar o local.
Subi mais uma escadinha e aí sim encontrei as cabines que o Caio tinha falado. Andei até a primeira e eles já estavam lá dentro. Será que eu poderia entrar?
- Entra, garoto – Pedro me chamou e sorriu.
Ele era muito bonito. Eu hesitei, mas entrei e quando o fiz, o negro fechou a porta com o trinco e foi logo me jogando contra a divisória de madeira e me beijou.
Senti o pau dele endurecer aos poucos e isso me deixou louco. Sentir o tesão daquele negão mexeu muito comigo e me fez esquecer qualquer tipo de receio que eu pudesse ter naquele momento.
Depois foi a vez do Caio. Ele também me beijou e eu também senti o pau dele endurecer junto ao meu. Não precisou de muito tempo pra nós tirarmos as toalhas e ficarmos nus.
O pau do meu xará era menor que o meu e o do amigo dele era maior. Não quis me apegar a detalhes, mas senti vontade de perguntar quanto media, porque era grandinho.
Fizemos uma espécie de sanduíche e eu fiquei no meio dos dois. Enquanto beijava o mais velho, o mais novo lambia o meu pescoço e acariciava a minha bunda. Eu estava curioso pra saber o que ia acontecer naquela cabine da sauna da boate que eu frequentava.
Eu pensei que o Pedro seria o ativo da relação, mas me enganei. Ele foi o primeiro a me chupar, mas fez isso com camisinha e eu não senti muito prazer.
Claro que eu concordei com aquele método de prevenção, mas não senti muito prazer com aquele sexo oral.
- Você é muito gostoso – o negro levantou e me deu um beijo. Eu senti gosto de plástico na minha boca.
Em seguida, o meu xará também me chupou, mas também com camisinha. Pelo jeito eles eram bem cautelosos quando o assunto era pegação. E estavam certos.
Eu pedi pro Pedro deitar numa espécie de maca e quando ele fez o que eu pedi, não tardei a colocar a camisinha e iniciar o boquete.
Quase não consegui abocanhar. Não sei se era pelo fato dele ser negro ou não, mas o cara era dotadinho.
O mesmo não podia se dizer do meu xará. Acredito que a diferença entre um e outro fosse de uns 5 centímetros mais ou menos. E 5 centímetros faz sim muita diferença!
Também chupei o Caio e depois os amigos se chuparam entre si e eu fiquei só olhando. Foi uma pegação muito gostosa.
- Quero sentir essa rola dentro de mim – o Caio segurou meu pau, mas olhou nos meus olhos.
- Quer é? – mordi meus lábios.
- Quero!
- Então vem, safado!
Não precisei pedir duas vezes. Ele foi até onde eu estava e me entregou um sachê com gel lubrificante. Molhei todo o meu sexo com o produto e em seguida comecei a penetrá-lo.
Foi fácil introduzir tudo e foi mais fácil ainda começar o vai-e-vem. Como fazia tempo que eu não fazia aquilo, me senti um pouco devasso demais e meti com força e sem dó nem piedade.
Enquanto eu comia o meu xará, ele chupava o amigo e ambos começaram a gemer. Eu me segurei até quando pude, mas quando comecei a sentir prazer também resolvi liberar a fera que havia dentro de mim.
Bati na bunda do novinho e ele rebolou no meu dote. Ouvir os gemidos do ninfetinho me alucinou e só me deixou ainda mais descontrolado.
Parecia até que era a minha primeira vez. Só nesse momento eu não me arrependi em ter aceito aquele convite inusitado.
Caio trocou de posição. Ele deitou no colchão e eu fiquei por cima. Enquanto eu era ativo, o Pedro só ficou na punheta e de vez em quando ele passava a mão na minha bunda.
- Delícia, meu... – o carinha estava com uma puta cara de safado e isso me deixou enlouquecido.
- Quer pica, quer filho da puta? – perguntei.
- Quero! Mete, gostoso!
Assim eu fiz. Não sei como eu não gozei em menos de 5 minutos. O meu pau estava ficando sensível demais.
- Deita aqui – Caio estava suado e ofegante.
Eu deitei de barriga pra cima e ele sentou no meu colo com muita facilidade. O garoto me beijou e eu novamente senti gosto de camisinha na minha boca.
Fiquei entretido com os beijos do Caio e só parei de beijá-lo quando senti um peso anormal em cima daquela espécie de cama. Era o Pedro que tinha subido em cima das costas do amigo.
Arregalei meus olhos e senti vontade de sair correndo. Ele era louco? Aquele negócio poderia cair a qualquer momento com o nosso peso...
- Ai que delícia... – Caio rebolou.
Eu senti o pau do negão invadir o meu xará e nós dois tivemos que disputar o interior daquele menino. Aquilo pra mim foi muito esquisito e só nesse momento eu senti vontade de desistir e voltar pra minha casa.
Mas ao mesmo tempo que eu queria desistir, algo dentro de mim pareceu me possuir e eu me soltei mais ainda – se é que isso ainda era possível.
- ARGH – gemi e senti outra gota de suor descer pelo meu rosto.
Eu estava ofegante, com muito calor e com vontade de gozar. Se eles ficassem ali por muito tempo, eu não ia me segurar mais.
Depois de alguns segundos eu senti um líquido quente e pegajoso molhar a minha barriga e entendi que o meu xará tinha chegado ao orgasmo. – AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH – ele deu um grito que quase me deixou surdo.
- Vou gozar... Vou gozar... – Pedro saiu de cima do amigo e caiu no chão.
- Goza, negão... Goza gostoso... – o passivo gemeu.
- Vou gozar também – falei e também desci da maca.
Caio ajoelhou no chão e ficou brincando com os dois paus. Pedro e eu gozamos praticamente juntos. Ele foi o primeiro da fila.
- ARGH, ARGH...
De repente eu senti como se o meu corpo fosse um vulcão prestes a entrar em erupção. Todo o meu tronco começou a suar desesperadamente, o meu pau ficou extremamente sensível e em seguida o primeiro jato caiu no rosto e no cabelo do meu xará.
- PUUUUUUUUUTA QUE PARIIIIIIIIIIIU – eu urrei de prazer com os olhos fechados. – AAAAAAH, AAAAAH...
Foi pra lá de bom. Aquela transa foi ótima. Depois do orgasmo eu senti meu tronco relaxar e fiquei automaticamente cansado e com sono.
O Caio levantou, pegou um papel toalha e limpou todo o rosto. A cabine ficou impregnada com o cheiro do sexo que tinha acabado de acontecer.
- Valeu ou não valeu a pena? – Pedro acariciou a minha bunda.
- Valeu – arfei.
- Quero mais – Caio me beijou.
- Safado – eu falei no meio do beijo.
Não foi nada difícil voltar a sentir tesão. Assim que o meu pau endureceu, os dois começaram a me acariciar e eu voltei a ficar com vontade de continuar o sexo.
Naquele momento foi a vez do Pedro ser o passivo. O primeiro a penetrá-lo foi o meu xará e depois nós fizemos um revezamento. Eu já estava me preparando psicologicamente pra quando chegasse a minha vez.
Mas isso não aconteceu. Naquela noite eu só fiz ativo e me dei por satisfeito. Não senti a menor necessidade de ser passivo, porque o prazer que eu senti comendo aqueles dois compensou a falta da penetração.
Após a 2ª rodada de gozo, nós demos um beijo triplo e depois cada um pegou o seu devido rumo. Os meninos me ensinaram como eu fazia pra chegar aos chuveiros e depois de recuperar totalmente as minhas forças eu resolvi tomar um banho.
As duchas eram abertas e qualquer um poderia me ver tomando banho. Aquilo me deixou envergonhado, porque toda hora alguém passava e ficava me olhando.
- Que merda é essa? – eu desliguei o chuveiro com raiva, me sequei e me enrolei na toalha que o funcionário me dera na entrada da sauna.
Olhei pra um lado, olhei pro outro e fiquei morrendo de curiosidade pra investigar aquele lugar. Dei de ombros... Ainda estava cedo e eu tinha todo o direito do mundo de conhecer aquela sauna. Eu já estava lá mesmo...
Saindo das duchas eu percebi que logo ao lado havia uma porta de madeira. O que seria ali dentro? Puxei a maçaneta e quando a porta abriu, eu vi vários caras dentro de uma espécie de quarto muito quente. Confesso que naquela hora eu não entendi o que era aquele quarto.
Fechei a porta assustado. O sexo estava rolando solto naquele lugar. Como as pessoas podiam fazer sexo na frente de tanta gente?
Na outra parede, um pouco à frente das duchas, havia outra porta, mas essa era de vidro. Eu empurrei esse vidro e um calor insuportável envolveu todo o meu corpo.
- Isso daqui deve ser o inferno. Cruz credo! – falei comigo mesmo.
Mesmo sendo muito quente eu fiquei com vontade de conhecer. E entrei. Entrei e pela primeira vez entendi o que era uma sauna. Aquilo era a sauna. Eu só não imaginava que fosse tão quente daquele jeito...
Naquela não tinha ninguém. Eu sentei em uma espécie de banco revestido em azulejo e rapidamente fiquei sem fôlego, mas mesmo assim não abandonei o local de imediato.
Só o fiz quando um velho entrou e ficou me encarando. Quando ele sentou ao meu lado e colocou a mão por debxaido da minha toalha, eu me irritei e saí daquele lugar.
- Fica aqui... – até a voz era de velho.
- Não, vovô. Muito obrigado!
Saí e quando coloquei os pés pra fora da sauna à vapor, senti o choque térmico no meu corpo e isso me deixou amedrontado. E se eu começasse a passar mal?
Mas isso não aconteceu. Eu me recuperei rapidamente e continuei conhecendo aquele estabelecimento. Um pouco mais pra frente encontrei uma academia e fiquei simplesmente perplexo. Uma academia dentro de uma thermas? Pra quê?
Mas é claro que era pra treinar, né? Não tinha nenhum cara nos equipamentos. Dei a volta e entrei em um bar, onde havia dois caras conversando.
Dei a volta de novo e me deparei novamente com a recepção. Voltei para o local das cabines, entrei em um corredor e encontrei um telão enorme onde estava passando um filme erótico. Dois jovens estavam assistindo e ambos estavam se masturbando. Eu fiquei excitado.
Desci novamente e resolvi entrar naquele quarto com porta de madeira. O local já estava um pouco mais vazio e eu consegui entrar e sentar em um banco de madeira.
Um cara começou a chupar um homem bem bonito e eu fiquei só olhando pelo canto do olho. Bastou ouvir gemidos pra eu ficar com vontade de gozar de novo. Quando percebi, já estava me masturbando.
Alguns carinhas tentaram ficar comigo, mas eu não deixei. Bati minha punheta sem que ninguém me atrapalhasse e quando gozei resolvi sair da sauna seca para tomar outro banho.
Era a hora de ir embora. A noita já tinha rendido demais e eu estava cansado e com sono. Eu precisava da minha cama.
Após tomar meu banho eu voltei até o meu armário, abri, me vesti e por fim devolvi as coisas na recepção.
- É só isso? – perguntei.
- É só isso – o cara confirmou. – Volte sempre.
- Obrigado.
Eu não sabia se ia voltar, mas que eu tinha gostado, ah isso sim. Gostei da experiência. Valeu a pena adquirir aquele novo conhecimento. Não ia dizer que ia virar frequentador assíduo daquele lugar, mas sempre que me desse vontade eu ia voltar e eu não via problema nenhum nisso.
- Por que não? – perguntou meu xará.
- Porque não oras – eu respondi.
- Eu sei que você quer – Pedro mordiscou a minha orelha e deu um tapa na minha bunda.
Fiquei ainda mais excitado e com mais vontade de aceitar aquela proposta, mas eu tinha que dizer não.
- Não – falei baixinho.
- Qual é, xará? Qual o problema? Nunca fez isso?
- Já fiz sim – confessei –, mas não estou a fim de fazer de novo.
- Aham – Caio segurou no meu pau. – Acredito!
Beijei de novo o meu xará e fiquei louco de vontade pra aceitar aquele convite. Fazia um tempinho que eu não aproveitava da forma que deveria aproveitar...
- Eu quero – falei depois de um tempão.
- É assim que se fala – Pedro me puxou pra um beijo.
- Vem com a gente – o meu xará começou a me puxar pela mão e nós descemos as escadas.
Na claridade eu consegui ver a beleza dos dois amigos. O mais novo era branco, magricela, tinha os cabelos espetados e o rosto um pouco juvenil demais. Já o mais velho, era negro, tinha o corpo extremamente definido, um rosto um tanto quanto másculo demais e traços muito marcantes. Gostei dos dois.
- Você é lindo – meu xará me encarou.
- Obrigado – senti o meu rosto queimar. Eu não concordava com o que ele disse.
- Lindo mesmo – Pedro concordou com o amigo e começou a andar na nossa frente.
- Pra onde nós vamos? – eu perguntei.
- Então – Caio me olhou. – Nós podemos ir pra sauna aqui em cima, o que acha?
- Pra sauna? – eu arregalei meus olhos.
- É!
- Quero não, obrigado!
- Por quê?
- Porque eu não curto essas coisas...
- Já foi alguma vez?
- Não...
- Então? Como você pode dizer que não curte se nem conhece?
- Mas deve ser zoado...
- É nada! É tranquilo.
- Mas sei lá... – eu estava com o pé atrás.
- Qual o seu medo?
- Não sei nem como é o bagulho...
- É que lá tem cabine, xará. Lá a gente vai poder ficar numa boa...
- Mas os outros vão ver não vão?
- Não. A não ser que você queira sexo explícito!
- Cruzes – imitei o Rodrigo. Meu xará gargalhou.
- Relaxa! Você vai ver que lá é bem legal... Vamos aí...
Confesso que a curiosidade falou bem mais alto e eu acebi topando. O Caio não precisou nem fazer muito esforço pra me convencer a entrar na tal thermas que havia sob a boate.
Nós subimos dois lances de escadas e assim que eu cruzei a porta já senti uma atmosfera muito mais quente da que estava no interior da danceteria.
- Boa noite – disse o atendente. – É R$ 15,00.
O primeiro a pagar foi o Pedro. O funcionário entregou uma espécie de ficha para o cara e este logo sumiu no meio de duas cortinas de plástico. O meu coração estava acelerado.
Quando chegou a minha vez eu não sabia o que fazer. Nunca tinha entrado em uma sauna em toda a minha vida e estava mais perdido do que aluno em escola nova.
- Boa noite – o funcionário tornou a repetir. – É R$ 15,00.
Abri a minha carteira, peguei o meu cartão do banco e entreguei ao menino que não era lá muito bonito.
- Débito.
- Sua senha? – ele entregou a maquinha do cartão.
Digitei a minha senha e o papelzinho azul saiu logo em seguida.
- Entregue ao rapaz da recepção, por favor.
- Ah, tudo bem...
Que rapaz? Para melhorar, o Pedro e o Caio não me esperaram e isso me deixou mais perdido ainda. Decidi entrar por onde eles entraram e logo de cara eu vi o rapaz da recepção.
- Olá, boa noite – ele me encarou.
- Boa noite – eu respondi e deixei o papel que o outro funcionário me deu em cima da bancada.
- Qual o seu número de chinelo?
- Chinelo? – eu não entendi nada.
- Sim?
- 41 – dei de ombros.
Ele abaixou e voltou em seguida com um par de chinelos pretos e uma toalha de banho branca. Para que aquilo servia?
- Seu armário é o 34 – o carinha me entregou também uma chave.
- Hã... Está bem...
Acho que era notório a minha dificuldade em entender o que estava acontecendo. Eu me virei e vi o Pedro e o Caio em frente a vários armários e entendi que eu deveria fazer o que eles estavam fazendo.
Claro que eu entendi também que o armário era pra guardar as minhas roupas, mas eu não queria ficar pelado... Não ali, não na frente de tanta gente...
Engoli em seco e senti uma gota de suor descer pela lateral do meu rosto. Eu estava muito nervoso e cheguei a conclusão que não deveria ter aceito o pedido daqueles dois.
- Fica à vontade – Pedro já estava só de toalha. Ele deu um tapinha no meu ombro.
- Hã... Aham!
Demorei para criar coragem e só me despi quando não tinha ninguém olhando pra mim. Aproveitei que o carinha da recepção não estava mais lá pra tirar a roupa e colocar tudo dentro do armário.
- A gente está te esperando lá em cima – meu xará também deu um tapinha no meu ombro.
- Lá em cima onde? – eu perguntei.
- Lá em cima. É só subir as escadas que você vai ver as cabines. A gente te espera por lá.
- Hã... Beleza – suspirei.
Como foi difícil controlar a timidez. Fiquei pensando se eu poderia ficar de cueca, mas essa hipótese foi rapidamente descartada. Se era sauna, era pra ficar pelado mesmo.
Entreguei tudo nas mãos de Deus, suspirei e tirei a cueca. Rapidamente me enrolei com a toalha pra ninguém me ver desnudo e quando tudo estava devidamente guardado, eu procurei o local que o Caio tinha indicado e rapidamente o encontrei.
Subi mais dois lances de escadas e me deparei com um ambiente escuro. Minhas vistas tiveram um pouco de dificuldade em encontrar as coisas naquele ambiente mal-iluminado, mas quando eles se acostumaram com a escuridão, eu rapidamente consegui explorar o local.
Subi mais uma escadinha e aí sim encontrei as cabines que o Caio tinha falado. Andei até a primeira e eles já estavam lá dentro. Será que eu poderia entrar?
- Entra, garoto – Pedro me chamou e sorriu.
Ele era muito bonito. Eu hesitei, mas entrei e quando o fiz, o negro fechou a porta com o trinco e foi logo me jogando contra a divisória de madeira e me beijou.
Senti o pau dele endurecer aos poucos e isso me deixou louco. Sentir o tesão daquele negão mexeu muito comigo e me fez esquecer qualquer tipo de receio que eu pudesse ter naquele momento.
Depois foi a vez do Caio. Ele também me beijou e eu também senti o pau dele endurecer junto ao meu. Não precisou de muito tempo pra nós tirarmos as toalhas e ficarmos nus.
O pau do meu xará era menor que o meu e o do amigo dele era maior. Não quis me apegar a detalhes, mas senti vontade de perguntar quanto media, porque era grandinho.
Fizemos uma espécie de sanduíche e eu fiquei no meio dos dois. Enquanto beijava o mais velho, o mais novo lambia o meu pescoço e acariciava a minha bunda. Eu estava curioso pra saber o que ia acontecer naquela cabine da sauna da boate que eu frequentava.
Eu pensei que o Pedro seria o ativo da relação, mas me enganei. Ele foi o primeiro a me chupar, mas fez isso com camisinha e eu não senti muito prazer.
Claro que eu concordei com aquele método de prevenção, mas não senti muito prazer com aquele sexo oral.
- Você é muito gostoso – o negro levantou e me deu um beijo. Eu senti gosto de plástico na minha boca.
Em seguida, o meu xará também me chupou, mas também com camisinha. Pelo jeito eles eram bem cautelosos quando o assunto era pegação. E estavam certos.
Eu pedi pro Pedro deitar numa espécie de maca e quando ele fez o que eu pedi, não tardei a colocar a camisinha e iniciar o boquete.
Quase não consegui abocanhar. Não sei se era pelo fato dele ser negro ou não, mas o cara era dotadinho.
O mesmo não podia se dizer do meu xará. Acredito que a diferença entre um e outro fosse de uns 5 centímetros mais ou menos. E 5 centímetros faz sim muita diferença!
Também chupei o Caio e depois os amigos se chuparam entre si e eu fiquei só olhando. Foi uma pegação muito gostosa.
- Quero sentir essa rola dentro de mim – o Caio segurou meu pau, mas olhou nos meus olhos.
- Quer é? – mordi meus lábios.
- Quero!
- Então vem, safado!
Não precisei pedir duas vezes. Ele foi até onde eu estava e me entregou um sachê com gel lubrificante. Molhei todo o meu sexo com o produto e em seguida comecei a penetrá-lo.
Foi fácil introduzir tudo e foi mais fácil ainda começar o vai-e-vem. Como fazia tempo que eu não fazia aquilo, me senti um pouco devasso demais e meti com força e sem dó nem piedade.
Enquanto eu comia o meu xará, ele chupava o amigo e ambos começaram a gemer. Eu me segurei até quando pude, mas quando comecei a sentir prazer também resolvi liberar a fera que havia dentro de mim.
Bati na bunda do novinho e ele rebolou no meu dote. Ouvir os gemidos do ninfetinho me alucinou e só me deixou ainda mais descontrolado.
Parecia até que era a minha primeira vez. Só nesse momento eu não me arrependi em ter aceito aquele convite inusitado.
Caio trocou de posição. Ele deitou no colchão e eu fiquei por cima. Enquanto eu era ativo, o Pedro só ficou na punheta e de vez em quando ele passava a mão na minha bunda.
- Delícia, meu... – o carinha estava com uma puta cara de safado e isso me deixou enlouquecido.
- Quer pica, quer filho da puta? – perguntei.
- Quero! Mete, gostoso!
Assim eu fiz. Não sei como eu não gozei em menos de 5 minutos. O meu pau estava ficando sensível demais.
- Deita aqui – Caio estava suado e ofegante.
Eu deitei de barriga pra cima e ele sentou no meu colo com muita facilidade. O garoto me beijou e eu novamente senti gosto de camisinha na minha boca.
Fiquei entretido com os beijos do Caio e só parei de beijá-lo quando senti um peso anormal em cima daquela espécie de cama. Era o Pedro que tinha subido em cima das costas do amigo.
Arregalei meus olhos e senti vontade de sair correndo. Ele era louco? Aquele negócio poderia cair a qualquer momento com o nosso peso...
- Ai que delícia... – Caio rebolou.
Eu senti o pau do negão invadir o meu xará e nós dois tivemos que disputar o interior daquele menino. Aquilo pra mim foi muito esquisito e só nesse momento eu senti vontade de desistir e voltar pra minha casa.
Mas ao mesmo tempo que eu queria desistir, algo dentro de mim pareceu me possuir e eu me soltei mais ainda – se é que isso ainda era possível.
- ARGH – gemi e senti outra gota de suor descer pelo meu rosto.
Eu estava ofegante, com muito calor e com vontade de gozar. Se eles ficassem ali por muito tempo, eu não ia me segurar mais.
Depois de alguns segundos eu senti um líquido quente e pegajoso molhar a minha barriga e entendi que o meu xará tinha chegado ao orgasmo. – AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH – ele deu um grito que quase me deixou surdo.
- Vou gozar... Vou gozar... – Pedro saiu de cima do amigo e caiu no chão.
- Goza, negão... Goza gostoso... – o passivo gemeu.
- Vou gozar também – falei e também desci da maca.
Caio ajoelhou no chão e ficou brincando com os dois paus. Pedro e eu gozamos praticamente juntos. Ele foi o primeiro da fila.
- ARGH, ARGH...
De repente eu senti como se o meu corpo fosse um vulcão prestes a entrar em erupção. Todo o meu tronco começou a suar desesperadamente, o meu pau ficou extremamente sensível e em seguida o primeiro jato caiu no rosto e no cabelo do meu xará.
- PUUUUUUUUUTA QUE PARIIIIIIIIIIIU – eu urrei de prazer com os olhos fechados. – AAAAAAH, AAAAAH...
Foi pra lá de bom. Aquela transa foi ótima. Depois do orgasmo eu senti meu tronco relaxar e fiquei automaticamente cansado e com sono.
O Caio levantou, pegou um papel toalha e limpou todo o rosto. A cabine ficou impregnada com o cheiro do sexo que tinha acabado de acontecer.
- Valeu ou não valeu a pena? – Pedro acariciou a minha bunda.
- Valeu – arfei.
- Quero mais – Caio me beijou.
- Safado – eu falei no meio do beijo.
Não foi nada difícil voltar a sentir tesão. Assim que o meu pau endureceu, os dois começaram a me acariciar e eu voltei a ficar com vontade de continuar o sexo.
Naquele momento foi a vez do Pedro ser o passivo. O primeiro a penetrá-lo foi o meu xará e depois nós fizemos um revezamento. Eu já estava me preparando psicologicamente pra quando chegasse a minha vez.
Mas isso não aconteceu. Naquela noite eu só fiz ativo e me dei por satisfeito. Não senti a menor necessidade de ser passivo, porque o prazer que eu senti comendo aqueles dois compensou a falta da penetração.
Após a 2ª rodada de gozo, nós demos um beijo triplo e depois cada um pegou o seu devido rumo. Os meninos me ensinaram como eu fazia pra chegar aos chuveiros e depois de recuperar totalmente as minhas forças eu resolvi tomar um banho.
As duchas eram abertas e qualquer um poderia me ver tomando banho. Aquilo me deixou envergonhado, porque toda hora alguém passava e ficava me olhando.
- Que merda é essa? – eu desliguei o chuveiro com raiva, me sequei e me enrolei na toalha que o funcionário me dera na entrada da sauna.
Olhei pra um lado, olhei pro outro e fiquei morrendo de curiosidade pra investigar aquele lugar. Dei de ombros... Ainda estava cedo e eu tinha todo o direito do mundo de conhecer aquela sauna. Eu já estava lá mesmo...
Saindo das duchas eu percebi que logo ao lado havia uma porta de madeira. O que seria ali dentro? Puxei a maçaneta e quando a porta abriu, eu vi vários caras dentro de uma espécie de quarto muito quente. Confesso que naquela hora eu não entendi o que era aquele quarto.
Fechei a porta assustado. O sexo estava rolando solto naquele lugar. Como as pessoas podiam fazer sexo na frente de tanta gente?
Na outra parede, um pouco à frente das duchas, havia outra porta, mas essa era de vidro. Eu empurrei esse vidro e um calor insuportável envolveu todo o meu corpo.
- Isso daqui deve ser o inferno. Cruz credo! – falei comigo mesmo.
Mesmo sendo muito quente eu fiquei com vontade de conhecer. E entrei. Entrei e pela primeira vez entendi o que era uma sauna. Aquilo era a sauna. Eu só não imaginava que fosse tão quente daquele jeito...
Naquela não tinha ninguém. Eu sentei em uma espécie de banco revestido em azulejo e rapidamente fiquei sem fôlego, mas mesmo assim não abandonei o local de imediato.
Só o fiz quando um velho entrou e ficou me encarando. Quando ele sentou ao meu lado e colocou a mão por debxaido da minha toalha, eu me irritei e saí daquele lugar.
- Fica aqui... – até a voz era de velho.
- Não, vovô. Muito obrigado!
Saí e quando coloquei os pés pra fora da sauna à vapor, senti o choque térmico no meu corpo e isso me deixou amedrontado. E se eu começasse a passar mal?
Mas isso não aconteceu. Eu me recuperei rapidamente e continuei conhecendo aquele estabelecimento. Um pouco mais pra frente encontrei uma academia e fiquei simplesmente perplexo. Uma academia dentro de uma thermas? Pra quê?
Mas é claro que era pra treinar, né? Não tinha nenhum cara nos equipamentos. Dei a volta e entrei em um bar, onde havia dois caras conversando.
Dei a volta de novo e me deparei novamente com a recepção. Voltei para o local das cabines, entrei em um corredor e encontrei um telão enorme onde estava passando um filme erótico. Dois jovens estavam assistindo e ambos estavam se masturbando. Eu fiquei excitado.
Desci novamente e resolvi entrar naquele quarto com porta de madeira. O local já estava um pouco mais vazio e eu consegui entrar e sentar em um banco de madeira.
Um cara começou a chupar um homem bem bonito e eu fiquei só olhando pelo canto do olho. Bastou ouvir gemidos pra eu ficar com vontade de gozar de novo. Quando percebi, já estava me masturbando.
Alguns carinhas tentaram ficar comigo, mas eu não deixei. Bati minha punheta sem que ninguém me atrapalhasse e quando gozei resolvi sair da sauna seca para tomar outro banho.
Era a hora de ir embora. A noita já tinha rendido demais e eu estava cansado e com sono. Eu precisava da minha cama.
Após tomar meu banho eu voltei até o meu armário, abri, me vesti e por fim devolvi as coisas na recepção.
- É só isso? – perguntei.
- É só isso – o cara confirmou. – Volte sempre.
- Obrigado.
Eu não sabia se ia voltar, mas que eu tinha gostado, ah isso sim. Gostei da experiência. Valeu a pena adquirir aquele novo conhecimento. Não ia dizer que ia virar frequentador assíduo daquele lugar, mas sempre que me desse vontade eu ia voltar e eu não via problema nenhum nisso.
ALGUNS DIAS DEPOIS...
Tanto gostei da experiência que tive naquele sábado, que decidi voltar no
sábado seguinte, mas daquela vez eu não ia na sauna. Pelo menos não era essa a
minha intenção.
Comentei com o Kléber o que tinha acontecido e ele ficou com vontade de conhecer o local. Só isso foi suficiente para eu arranjar uma desculpa pra voltar até a boate.
Como o Murilo ainda não tinha dado sinal de vida, continuei entendendo que eu estava solteiro. O problema seria se eu não estivesse solteiro... Mas isso eu ia ter que ver mais pra frente.
Aquele era momento para me divertir. Algumas das provas da faculdade já tinham acontecido e isso foi mais um motivo decisivo para eu querer ir pra danceteria. Eu queria beijar, me divertir e não queria pensar em nenhum problama.
Justamente por isso, no outro sábado eu refiz o mesmo processo do anterior. Ao chegar em casa, tomei banho, coloquei uma roupa bacana, me arrumei da melhor forma possível e acelerei o Kléber pra gente sair logo de casa:
- Vamos logo, Kléber!
- Já estou terminando de me arrumar, Caio!
Voltei pro meu quarto, me olhei no espelho e senti falta de algum apetrecho pra dar um “tchan” no meu visual.
Acabei colocando uma corrente que eu tinha e não usava há muito tempo. Ela era de prata e não tinha nenhuma espécie de pingente.
Coloquei o perfume que o Bruno tinha me dado e enfim me senti pronto para sair de casa. Isso não demorou a acontecer.
Kléber e eu chegamos na boate deppis da meia noite. Mais uma vez o local estava movimentado e cheio de gente bonita. Algo estava me dizendo que eu ia me divertir muito naquela noite.
Na hora H o Kléber amarelou e não quis entrar na sauna. Eu deixei claro pro cara que não ia entrar, que queria ficar só na boate e acho que foi por isso que ele desencanou.
- Isso daqui é da hora, hein? – ele olhou pra todos os lados.
- Eu gosto.
- Vou pegar uma bebida. Você quer alguma coisa?
- Vou com você. Eu quero ver se tem alguma coisa nova.
Meu amigo e eu nos dirigimos até o caixa e eu passei meus olhos pelas opções de drink, mas a minha atenção foi rapidamente desviada porque eu reconheci uma voz no meio de tantas outras...
- Eu não... Acredito! – exclamei e fitei o garoto que estava praticamente na minha frente.
- O que foi, Caio? – perguntou Kléber.
- O meu ex está bem ali...
- Seu ex? Quem é? Me mostra?
- Aquele ali que está de camiseta preta – eu apontei com o queixo.
- Uau! – Kléber olhou fixamente pro Bruno. – Ele é lindo, Caio!
- Lindo e um idiota!
Nesse momento o Bruno me olhou e ficou tão ou mais surpreso do que eu. No mesmo momento em que os nossos olhos se cruzaram eu senti uma onda elétrica tomar conta de todo o meu corpo.
Minha boca ficou seca, minhas pernas bambas, minhas mãos frias e suadas, meu coração disparou e eu tive uma ligeira sensação que só estávamos nós dois naquela danceteria.
- Caio! – ouvi a voz dele.
Abaixei meus olhos e suspirei. Aquele seria o último lugar que eu poderia encontrar com o Bruno...
A sensação de divertimento foi embora na mesma velocidade que chegou. Naquele momento, eu tive a sensação que todos os meus planos iam dar errado.
Mas eu não ia deixar isso acontecer. Eu ia me divertir e não ia ser o Bruno que ia me impedir.
- É, ele vem aqui de vez em quando – disse Vítor.
- Caio... – Bruno foi falar comigo. – Não pensei que ia te encontrar aqui... Tudo bem?
- Uhum e você? – eu tentei não fazer escândalo no meio da danceteria.
- Muito melhor agora... Que bom te encontrar...
Não falei nada, mas fiquei olhando aqueles olhos incrivelmente lindos. Como estavam perfeitos naquela noite...
- Eu... Estou muito feliz em te ver... – ele suspirou.
- Que bom – foi o que saiu da minha boca.
O Kléber pigarreou. Acho que ele queria ser apresentado pro Bruno.
- Ah... Bruno, esse é o Kléber.
- Kléber? – pela primeira vez o meu ex olhou pro meu amigo. – Ele é seu amigo?
- Aham – confirmei.
- Hum... Só amigo mesmo?
- Depende – eu olhei pro Kléber. – Isso é muito relativo.
- Oi? – meu amigo não entendeu nada.
- Vocês querem ficar com a gente? – Bruno voltou a me encarar. – Só estamos eu e o Vítor...
- Não, obrigado – eu respondi de imediato. – Nós estamos bem sozinhos.
- Que pena...
- Vamos pegar alguma coisa pra beber? – me virei pro Kléber.
- Vamos sim...
- Até mais, Bruno – engoli em seco e encarei a boca dele. – Bom divertimento.
- Pra você também...
Fiquei com raiva por ele estar ali. Não era pra ele estar ali. Ele não podia ficar com ninguém...
Que história era essa? É claro que ele poderia ficar com quem ele quisesse... Ele era livre, desempedido e tinha todo o direito do mundo de ficar com quem ele quisesse, menos comigo.
Não! Ele era meu e ia ficar apenas comigo. Se eu visse o meu ex com algum cara, eu tinha certeza que ia fazer um verdadeiro barraco naquela pista de dança.
Que barraco que nada. Eu ia é dar graças a Deus por ter me livrado dele. Ia ficar na minha e ia me divertir o máximo possível.
Que espécie de diversão seria essa? O meu Bruno estaria com outro cara ao invés de estar comigo? Eu não ia conseguir me divertir ao vê-lo aos beijos com outro cara que não fosse eu!
Lógico que eu ia me divertir. Eu tanto ia me divertir que ia ficar com vários caras na frente dele só para ele perceber que a minha página já tinha virado há muito tempo.
Eu não ia ficar com ninguém a não ser o Bruno. Eu ia ter que dar um jeito de ficar com ele naquela noite...
Ficar com o Bruno coisíssima nenhuma! Eu ia ficar com quem quer que fosse, menos com ele. Se fosse o caso, eu poderia pegar até o Kléber, mas o Bruno eu não ia pegar!
Que pegar o Kléber que nada, eu tinha é que pegar qualquer cara que estivesse na balada, mas não o meu amigo. Ele não tinha nada a ver com a minha história com o Bruno e não merecia pagar por um erro que era meu e de meu ex-namorado.
Mas ele seria perfeito pra eu esfregar na cara do Bruno que eu não estava sozinho. O Kléber seria perfeito para eu ficar naquela noite.
Perfeito nada. O menino não tinha nada comigo, nós éramos apenas amigos. Está certo, nós tivemos um trelelê no passado, mas nada sério e nada que ultrapassasse as barreiras da amizade.
Nada sério é? Amigos não ficam da forma que o Kléber e eu ficamos. Nós éramos apenas bons amigos e nada mais que isso.
Concordo, amigos não ficam. Mas eu tentei ficar com o Rodrigo, não tentei?
Sim, tentei. Porém o Digão era um caso à parte.
Por que um caso à parte? Só porquê ele era meu melhor amigo?
Não, não só por isso. Mas também pelo fato de nós dois nos darmos super bem.
E desde quando isso é motivo pra ficar com um amigo?
Desde o momento em que rolou interesse por ambas as partes.
E quem disse que o Diguinho se interessou por mim?
Se ele não tivesse se interessado por mim, ele não teria feito o que fez.
Se ele fez o que fez talvez foi por pura curiosidade.
Curiosidade estranha pra um hetero, né?
Estranha sim, mas se ele quis matar a curiosidade comigo foi porque ele gostava de mim.
Sim, ele gostava. Isso é inquestionável.
Se isso era inquestionável, por que eu estava me fazendo tantas perguntas?
E porque eu mesmo estava dando as respostas?
Você está ficando louco, Caio?
Não, não estou. Estou?
- Que cara é essa, pelo amor de Deus? – Kléber segurou no meu braço.
- Oi?
- Eu estou falando contigo há um tempão e você não responde nada! Que cara de sonso é essa?
- É a única que eu tenho!
- No que está pensando? Que cara de peixe morto – Kléber riu.
- Eu estava me fazendo umas perguntas e eu mesmo estava me dando as respostas. Acho que o meu anjinho estava conversando com meu diabinho.
- Credo, que coisa mais esquisita. Eu, hein?
- Enfim, esse sou eu. Está gostando?
- Adorando. Perguntei mil vezes se você quer ir pra pista?
- Ai, demorou!
Eu fiquei tão absorto em pensamentos que nem percebi que já tinha terminado a minha caipirinha de saquê.
Kléber e eu fomos pro centro da pista de dança e nos soltamos completamente. O meu colega de república dançava muito bem. Confesso que fiquei até com um pouquinho de inveja dele.
- Você dança muito bem – falei.
- Obrigado. Posso te falar uma coisa?
- O quê?
- Seu ex não para de olhar pra gente.
- É? Onde ele está?
- Bem atrás de você, encostado na parede e com uma cara de bunda.
- Essa normalmente é a cara que ele tem.
- Eu queria saber o que existiu entre vocês dois. Me conta?
- Um dia eu te conto, prometo. Agora eu estou com vontade de fazer outra coisa.
- O quê?
- Quer repetir a dose?
- Que dose, Caio? Da caipirinha?
- Não, seu bobão – eu puxei o Kléber pra perto de mim. – Essa dose.
Acho que a minha razão falou mais alto que a emoção. Eu fiquei com o Kléber.
Fiquei com o Kléber pra fazer ciúmes pro Bruno. Eu tinha certeza que era por isso que eu estava ficando com ele.
Nada a ver. Eu estava ficando com ele por puro interesse de minha parte. Eu fiquei porque quis ficar e não porque quis causar ciúmes ao Bruno.
Se eu não quisesse causar ciúmes ao Bruno, provavelmente eu não teria ficado com o Kléber.
Quem poderia me garantir isso?
Eu estava me garantindo isso!
Sim, eu só poderia estar ficando louco.
EU NÃO ESTAVA FICANDO LOUCO!
O beijo do Kléber era bom demais e automaticamente eu lembrei dos beijos do Bruno.
Eu não podia pensar no Bruno enquanto estava beijando outro. Isso não era certo!
E o que é certo nessa vida? Nada.
Eu não podia generalizar. Alguma coisa nessa vida tinha que ser certa.
Talvez a única coisa que fosse certa nessa vida fosse o meu sentimento pelo Bruno. O amor que eu sentia por ele.
Amor é o escambal. Eu odiava o Bruno, isso sim.
Eu poderia sentir qualquer coisa pelo Bruno, menos ódio.
Por que eu não poderia sentir ódio pelo Bruno?
Porque eu o amava. Só por isso.
- Uau – o meu amigo me olhou no fundo dos olhos com os lábios entreabertos. – Por essa eu não esperava.
- Gostou?
- Muito! Pena que você fez isso só pra causar ciúmes no seu ex-namorado.
- Isso não é verdade!
- Ah, tá. Eu vou fingir que acredito. Se era ciúmes que você queria causar, você conseguiu. Ele está com a cara muito feia e está me fuzilando com os olhos.
- Essa eu quero ver. Me abraça?
- Nem precisa pedir duas vezes.
Kléber me abraçou e eu girei o corpo dele no meio da pista de dança. Isso foi suficiente para eu ter uma visão panorâmica do falecido. E ele estava mesmo com a cara feia.
Mesmo estando um pouco longe dele, eu consegui olhar naqueles olhos azuis. Ele também olhou nos meus olhos e eu parecia estar lendo os pensamentos dele através daquele olhar.
Era um olhar tristonho, mas ao mesmo tempo saudoso. Um olhar de raiva, mas ao mesmo tempo um olhar de agonia. Um olhar de desespero, mas ao mesmo tempo um olhar de revolta. E era além de tudo, um olhar cheio de amor.
Como eu podia desconfiar do que ele me falava se ele me transmitia a verdade através daqueles olhos azuis?
Pelo simples fato dele ter mentido várias vezes. Isso era motivo suficiente.
Fiquei abraçado com o Kléber por um tempão e em nenhum momento eu tirei os olhos dos olhos dele. Nós nos olhamos incansavelmente e eu tinha a ligeira sensação que nós estávamos conversando pelo olhar.
- Posso te dar outro beijo? Só mais um?
- Lógico que pode – eu concordei e beijei o Kléber.
Mas eu não fechei os meus olhos; eu os deixei abertos. E só fiz isso para ver o sofrimento estampado na cara do Bruno.
E foi isso mesmo que eu vi. Os olhos mudaram muito rapidamente. Pararam de transmitir o amor e passaram a transmitir a dor, a raiva e a tristeza.
É, pelo visto ele estava mesmos sofrendo...
Estava sofrendo é o cacete, ele merecia muito mais do que aquele simples beijo...
Fiquei nessa guerra interna a maior parte da noite. Kléber e eu ficamos agarrados um tempinho, mas depois ele me lergou e foi pegar mais bebida. Bastou isso para alguns caras darem em cima de mim.
E é claro que eu fiquei com mais alguns. De pirraça? Pode até ser, mas eu fiquei.
E sempre continuei olhando pra ele, porque ele não saiu do canto onde estava. A cada vez que eu beijava um cara diferente, ele ficava mais e mais chateado, mas eu achei isso muito benfeito.
Eu não valia nada mesmo...
Quem não valia nada era o Bruno e não eu!
Eu só saí da pista na hora que o dark abriu. Quando cheguei próximo das escadas, percebi que o Kléber estava beijando um carinha e isso me deixou aliviado. Pelo menos ele não ficou preso à mim.
Cheguei no quarto escuro e fiquei encostado na parede, esperando alguém se aproximar com segundas intenções, mas isso demorou muito a acontecer.
Só aconteceu de fato, depois de mais de meia hora que eu estava lá parado. Um homem encostou próximo a mim e no começo não fez absolutamente nada, só ficou ao meu lado.
Bastou os nossos braços encostarem para eu ficar completamente excitado. Parecia até que tinha saído faísca das nossas peles, porque um calor incrível tomou conta de todo o meu corpo. Eu nunca tinha sentido nada parecido antes.
E ele pareceu sentir a mesma coisa. Sem mais nem menos, o desconhecido entrelaçou os nossos dedos. Ficamos assim por um tempinho e depois disso, ele me abraçou.
Senti o perfume do rapaz logo de cara. Era um perfume muito bom, um perfume extremamente delicioso. Eu não conhecia aquela fragrância... Será que era internacional? Bem provável, dado o diferencial daquele aroma delicioso...
Ele e eu ficamos abraçados por mais um tempo. Eu senti um dedo percorrer todo o meu pescoço e ele ficou brincando com a correntinha que eu estava usando.
Demorou pro beijo acontecer, mas quando aconteceu, parecia até que eu estava vivendo um sonho. Um sonho lindo e inimaginável.
De todos os caras que eu já tinha ficado na vida, aquele foi o que beijou melhor. Não sei explicar o motivo, mas eu senti algo tão bom, mas tão bom quando os nossos lábios se tocaram...
Foi uma magia, uma onda elétrica, uma corrente de 220 volts que percorreu todo o meu corpo... Foi algo incrível, algo surreal... Era como se fôssemos apenas nós dois naquele dark room!
Que beijo maravilhoso... Era calmo; era sereno, mas ao mesmo tempo era desesperado; era um beijo único; um beijo incomum... Parecia que a minha boca se encaixava perfeitamente na do cara e a dele na minha...
Eu queria saber quem era aquela pessoa que beijava tão bem. E como era carinhoso! O jovem conseguiu passar emoção através daquele beijo... Eu realmente não sei explicar o que aconteceu.
Minha barriga ficou gelada, minhas pernas pareceram flutuar, meu corpo ficou em chamas e a minha mente parou de funcionar...
Eu só tinha cabeça pro beijo e pra mais nada. As nossas duas mãos estavam entrelaçadas, as nossas peles estavam se tocando e os nossos perfumes estavam misturados. Eu nunca, nunca, nunca tinha sentido nada parecido com aquilo, nada mesmo!
Nem mesmo na época em que eu namorava com o Bruno eu senti aquilo que estava sentindo naquele momento. É algo realmente indescritível.
Nem sei quanto tempo eu fiquei beijando aquele rapaz, só sei que eu estava gostando e gostando muito.
Um ou dois engraçadinhos tentaram nos separar, mas nós não deixamos isso acontecer. Quando alguém tentou colocar a mão no meio da gente, eu empurrei esse indivíduo com tanta força que alguns homens até reclamaram pelo empurra-empurra.
Ninguém ia estragar o meu momento, ninguém. Eu estava enfim feliz. Finalmente eu tinha encontrado alguém legal. Eu nem sabia quem era, mas eu tinha encontrado.
Naquele momento não existia mais ninguém que pudesse interferir naquele beijo. Nem Murilo, nem Kléber, nem Rodrigo, nem Vinícius e nem mesmo o Bruno.
Ninguém, ninguém ia interferir. Eu tinha encontrado alguém e acho que já estava apaixonado só pela troca de energias que estava acontecendo naquele momento.
Será que finalmente Deus tinha escutado as minhas preces? Será que finalmente eu ia ser capaz de esquecer o Bruno???
Pelo visto sim. Aquela sensação que eu estava sentindo não era normal. Era algo indiscrivelmente fora do comum. E nem pelo Bruno eu tinha sentido aquilo.
Comecei a rezar, comecei a torcer para que ele também estivesse sentindo o mesmo que eu. E se ele quiesse ficar comigo? É claro que eu ia topar!
Foi realmente um momento mágico. Nós ficamos nos beijando, sem desgrudar os lábios por várias horas e eu só me dei conta disso à partir do momento que a música da pista de dança foi desligada.
Nem com isso eu parei de beijá-lo. Por todo o dark room eu estava ouvindo gemidos, sentindo cheiro de sexo, mas eu não me importei. Era como se eu estivesse apenas com o meu desconhecido e com mais ninguém. E isso pra mim já era mais que suficiente.
Aos poucos os caras foram indo embora e eu percebi isso pelo barulho que foi amenizando. Nós dois continuamos o nosso beijo e não fomos mais interrompidos, até que os seguranças da boate subiram e disseram:
- Hora de ir embora, vamos...
Não... Eu não queria ir... Eu queria ficar ali... Queria continuar aquele beijo delicioso pelo resto do domingo...
- Bora, bora, bora – o segurança continuou falando.
E quem disse que nós paramos o beijo? Não, não paramos. Ele me prendeu ao corpo dele de uma forma incrível e eu não queria mais sair daquele abraço nunca mais.
Eu estava me sentindo protegido naquele abraço. Era como se eu nunca mais fosse passar por nenhum perigo, nem por nenhuma dificuldade...
- Vamos, vamo – o segurança continuou falando.
Eu suspirei e respirei fundo. Que beijo delicioso era aquele? Quem era aquele desconhecido? Como se chamava? Quantos anos tinha?
- Hora de ir, garotos – a voz do segurança se aproximou e ele encostou na gente. – Dispersando.
Suspiramos ao mesmo tempo e enfim desgrudamos os nossos lábios.
Aos poucos eu abri os meus olhos e aos poucos as imagens foram tendo foco novamente. A luz estava acesa e eu tomei um susto enorme quando vi o rosto dele à centímetros do meu.
Os lábios estavam entreabertos e os olhos estavam incrivelmente lindos. Eu pude ver paixão naquele olhar, mas eu também pude ver felicidade e um quê de saudade. Eu não acreditei, não acreditei mesmo que era ele...
- BRUNO? – arregalei meus olhos na hora que passou a fantasia, o êxtase e o susto. A razão tomou conta de mim naquele momento.
Comentei com o Kléber o que tinha acontecido e ele ficou com vontade de conhecer o local. Só isso foi suficiente para eu arranjar uma desculpa pra voltar até a boate.
Como o Murilo ainda não tinha dado sinal de vida, continuei entendendo que eu estava solteiro. O problema seria se eu não estivesse solteiro... Mas isso eu ia ter que ver mais pra frente.
Aquele era momento para me divertir. Algumas das provas da faculdade já tinham acontecido e isso foi mais um motivo decisivo para eu querer ir pra danceteria. Eu queria beijar, me divertir e não queria pensar em nenhum problama.
Justamente por isso, no outro sábado eu refiz o mesmo processo do anterior. Ao chegar em casa, tomei banho, coloquei uma roupa bacana, me arrumei da melhor forma possível e acelerei o Kléber pra gente sair logo de casa:
- Vamos logo, Kléber!
- Já estou terminando de me arrumar, Caio!
Voltei pro meu quarto, me olhei no espelho e senti falta de algum apetrecho pra dar um “tchan” no meu visual.
Acabei colocando uma corrente que eu tinha e não usava há muito tempo. Ela era de prata e não tinha nenhuma espécie de pingente.
Coloquei o perfume que o Bruno tinha me dado e enfim me senti pronto para sair de casa. Isso não demorou a acontecer.
Kléber e eu chegamos na boate deppis da meia noite. Mais uma vez o local estava movimentado e cheio de gente bonita. Algo estava me dizendo que eu ia me divertir muito naquela noite.
Na hora H o Kléber amarelou e não quis entrar na sauna. Eu deixei claro pro cara que não ia entrar, que queria ficar só na boate e acho que foi por isso que ele desencanou.
- Isso daqui é da hora, hein? – ele olhou pra todos os lados.
- Eu gosto.
- Vou pegar uma bebida. Você quer alguma coisa?
- Vou com você. Eu quero ver se tem alguma coisa nova.
Meu amigo e eu nos dirigimos até o caixa e eu passei meus olhos pelas opções de drink, mas a minha atenção foi rapidamente desviada porque eu reconheci uma voz no meio de tantas outras...
- Eu não... Acredito! – exclamei e fitei o garoto que estava praticamente na minha frente.
- O que foi, Caio? – perguntou Kléber.
- O meu ex está bem ali...
- Seu ex? Quem é? Me mostra?
- Aquele ali que está de camiseta preta – eu apontei com o queixo.
- Uau! – Kléber olhou fixamente pro Bruno. – Ele é lindo, Caio!
- Lindo e um idiota!
Nesse momento o Bruno me olhou e ficou tão ou mais surpreso do que eu. No mesmo momento em que os nossos olhos se cruzaram eu senti uma onda elétrica tomar conta de todo o meu corpo.
Minha boca ficou seca, minhas pernas bambas, minhas mãos frias e suadas, meu coração disparou e eu tive uma ligeira sensação que só estávamos nós dois naquela danceteria.
- Caio! – ouvi a voz dele.
Abaixei meus olhos e suspirei. Aquele seria o último lugar que eu poderia encontrar com o Bruno...
A sensação de divertimento foi embora na mesma velocidade que chegou. Naquele momento, eu tive a sensação que todos os meus planos iam dar errado.
Mas eu não ia deixar isso acontecer. Eu ia me divertir e não ia ser o Bruno que ia me impedir.
- É, ele vem aqui de vez em quando – disse Vítor.
- Caio... – Bruno foi falar comigo. – Não pensei que ia te encontrar aqui... Tudo bem?
- Uhum e você? – eu tentei não fazer escândalo no meio da danceteria.
- Muito melhor agora... Que bom te encontrar...
Não falei nada, mas fiquei olhando aqueles olhos incrivelmente lindos. Como estavam perfeitos naquela noite...
- Eu... Estou muito feliz em te ver... – ele suspirou.
- Que bom – foi o que saiu da minha boca.
O Kléber pigarreou. Acho que ele queria ser apresentado pro Bruno.
- Ah... Bruno, esse é o Kléber.
- Kléber? – pela primeira vez o meu ex olhou pro meu amigo. – Ele é seu amigo?
- Aham – confirmei.
- Hum... Só amigo mesmo?
- Depende – eu olhei pro Kléber. – Isso é muito relativo.
- Oi? – meu amigo não entendeu nada.
- Vocês querem ficar com a gente? – Bruno voltou a me encarar. – Só estamos eu e o Vítor...
- Não, obrigado – eu respondi de imediato. – Nós estamos bem sozinhos.
- Que pena...
- Vamos pegar alguma coisa pra beber? – me virei pro Kléber.
- Vamos sim...
- Até mais, Bruno – engoli em seco e encarei a boca dele. – Bom divertimento.
- Pra você também...
Fiquei com raiva por ele estar ali. Não era pra ele estar ali. Ele não podia ficar com ninguém...
Que história era essa? É claro que ele poderia ficar com quem ele quisesse... Ele era livre, desempedido e tinha todo o direito do mundo de ficar com quem ele quisesse, menos comigo.
Não! Ele era meu e ia ficar apenas comigo. Se eu visse o meu ex com algum cara, eu tinha certeza que ia fazer um verdadeiro barraco naquela pista de dança.
Que barraco que nada. Eu ia é dar graças a Deus por ter me livrado dele. Ia ficar na minha e ia me divertir o máximo possível.
Que espécie de diversão seria essa? O meu Bruno estaria com outro cara ao invés de estar comigo? Eu não ia conseguir me divertir ao vê-lo aos beijos com outro cara que não fosse eu!
Lógico que eu ia me divertir. Eu tanto ia me divertir que ia ficar com vários caras na frente dele só para ele perceber que a minha página já tinha virado há muito tempo.
Eu não ia ficar com ninguém a não ser o Bruno. Eu ia ter que dar um jeito de ficar com ele naquela noite...
Ficar com o Bruno coisíssima nenhuma! Eu ia ficar com quem quer que fosse, menos com ele. Se fosse o caso, eu poderia pegar até o Kléber, mas o Bruno eu não ia pegar!
Que pegar o Kléber que nada, eu tinha é que pegar qualquer cara que estivesse na balada, mas não o meu amigo. Ele não tinha nada a ver com a minha história com o Bruno e não merecia pagar por um erro que era meu e de meu ex-namorado.
Mas ele seria perfeito pra eu esfregar na cara do Bruno que eu não estava sozinho. O Kléber seria perfeito para eu ficar naquela noite.
Perfeito nada. O menino não tinha nada comigo, nós éramos apenas amigos. Está certo, nós tivemos um trelelê no passado, mas nada sério e nada que ultrapassasse as barreiras da amizade.
Nada sério é? Amigos não ficam da forma que o Kléber e eu ficamos. Nós éramos apenas bons amigos e nada mais que isso.
Concordo, amigos não ficam. Mas eu tentei ficar com o Rodrigo, não tentei?
Sim, tentei. Porém o Digão era um caso à parte.
Por que um caso à parte? Só porquê ele era meu melhor amigo?
Não, não só por isso. Mas também pelo fato de nós dois nos darmos super bem.
E desde quando isso é motivo pra ficar com um amigo?
Desde o momento em que rolou interesse por ambas as partes.
E quem disse que o Diguinho se interessou por mim?
Se ele não tivesse se interessado por mim, ele não teria feito o que fez.
Se ele fez o que fez talvez foi por pura curiosidade.
Curiosidade estranha pra um hetero, né?
Estranha sim, mas se ele quis matar a curiosidade comigo foi porque ele gostava de mim.
Sim, ele gostava. Isso é inquestionável.
Se isso era inquestionável, por que eu estava me fazendo tantas perguntas?
E porque eu mesmo estava dando as respostas?
Você está ficando louco, Caio?
Não, não estou. Estou?
- Que cara é essa, pelo amor de Deus? – Kléber segurou no meu braço.
- Oi?
- Eu estou falando contigo há um tempão e você não responde nada! Que cara de sonso é essa?
- É a única que eu tenho!
- No que está pensando? Que cara de peixe morto – Kléber riu.
- Eu estava me fazendo umas perguntas e eu mesmo estava me dando as respostas. Acho que o meu anjinho estava conversando com meu diabinho.
- Credo, que coisa mais esquisita. Eu, hein?
- Enfim, esse sou eu. Está gostando?
- Adorando. Perguntei mil vezes se você quer ir pra pista?
- Ai, demorou!
Eu fiquei tão absorto em pensamentos que nem percebi que já tinha terminado a minha caipirinha de saquê.
Kléber e eu fomos pro centro da pista de dança e nos soltamos completamente. O meu colega de república dançava muito bem. Confesso que fiquei até com um pouquinho de inveja dele.
- Você dança muito bem – falei.
- Obrigado. Posso te falar uma coisa?
- O quê?
- Seu ex não para de olhar pra gente.
- É? Onde ele está?
- Bem atrás de você, encostado na parede e com uma cara de bunda.
- Essa normalmente é a cara que ele tem.
- Eu queria saber o que existiu entre vocês dois. Me conta?
- Um dia eu te conto, prometo. Agora eu estou com vontade de fazer outra coisa.
- O quê?
- Quer repetir a dose?
- Que dose, Caio? Da caipirinha?
- Não, seu bobão – eu puxei o Kléber pra perto de mim. – Essa dose.
Acho que a minha razão falou mais alto que a emoção. Eu fiquei com o Kléber.
Fiquei com o Kléber pra fazer ciúmes pro Bruno. Eu tinha certeza que era por isso que eu estava ficando com ele.
Nada a ver. Eu estava ficando com ele por puro interesse de minha parte. Eu fiquei porque quis ficar e não porque quis causar ciúmes ao Bruno.
Se eu não quisesse causar ciúmes ao Bruno, provavelmente eu não teria ficado com o Kléber.
Quem poderia me garantir isso?
Eu estava me garantindo isso!
Sim, eu só poderia estar ficando louco.
EU NÃO ESTAVA FICANDO LOUCO!
O beijo do Kléber era bom demais e automaticamente eu lembrei dos beijos do Bruno.
Eu não podia pensar no Bruno enquanto estava beijando outro. Isso não era certo!
E o que é certo nessa vida? Nada.
Eu não podia generalizar. Alguma coisa nessa vida tinha que ser certa.
Talvez a única coisa que fosse certa nessa vida fosse o meu sentimento pelo Bruno. O amor que eu sentia por ele.
Amor é o escambal. Eu odiava o Bruno, isso sim.
Eu poderia sentir qualquer coisa pelo Bruno, menos ódio.
Por que eu não poderia sentir ódio pelo Bruno?
Porque eu o amava. Só por isso.
- Uau – o meu amigo me olhou no fundo dos olhos com os lábios entreabertos. – Por essa eu não esperava.
- Gostou?
- Muito! Pena que você fez isso só pra causar ciúmes no seu ex-namorado.
- Isso não é verdade!
- Ah, tá. Eu vou fingir que acredito. Se era ciúmes que você queria causar, você conseguiu. Ele está com a cara muito feia e está me fuzilando com os olhos.
- Essa eu quero ver. Me abraça?
- Nem precisa pedir duas vezes.
Kléber me abraçou e eu girei o corpo dele no meio da pista de dança. Isso foi suficiente para eu ter uma visão panorâmica do falecido. E ele estava mesmo com a cara feia.
Mesmo estando um pouco longe dele, eu consegui olhar naqueles olhos azuis. Ele também olhou nos meus olhos e eu parecia estar lendo os pensamentos dele através daquele olhar.
Era um olhar tristonho, mas ao mesmo tempo saudoso. Um olhar de raiva, mas ao mesmo tempo um olhar de agonia. Um olhar de desespero, mas ao mesmo tempo um olhar de revolta. E era além de tudo, um olhar cheio de amor.
Como eu podia desconfiar do que ele me falava se ele me transmitia a verdade através daqueles olhos azuis?
Pelo simples fato dele ter mentido várias vezes. Isso era motivo suficiente.
Fiquei abraçado com o Kléber por um tempão e em nenhum momento eu tirei os olhos dos olhos dele. Nós nos olhamos incansavelmente e eu tinha a ligeira sensação que nós estávamos conversando pelo olhar.
- Posso te dar outro beijo? Só mais um?
- Lógico que pode – eu concordei e beijei o Kléber.
Mas eu não fechei os meus olhos; eu os deixei abertos. E só fiz isso para ver o sofrimento estampado na cara do Bruno.
E foi isso mesmo que eu vi. Os olhos mudaram muito rapidamente. Pararam de transmitir o amor e passaram a transmitir a dor, a raiva e a tristeza.
É, pelo visto ele estava mesmos sofrendo...
Estava sofrendo é o cacete, ele merecia muito mais do que aquele simples beijo...
Fiquei nessa guerra interna a maior parte da noite. Kléber e eu ficamos agarrados um tempinho, mas depois ele me lergou e foi pegar mais bebida. Bastou isso para alguns caras darem em cima de mim.
E é claro que eu fiquei com mais alguns. De pirraça? Pode até ser, mas eu fiquei.
E sempre continuei olhando pra ele, porque ele não saiu do canto onde estava. A cada vez que eu beijava um cara diferente, ele ficava mais e mais chateado, mas eu achei isso muito benfeito.
Eu não valia nada mesmo...
Quem não valia nada era o Bruno e não eu!
Eu só saí da pista na hora que o dark abriu. Quando cheguei próximo das escadas, percebi que o Kléber estava beijando um carinha e isso me deixou aliviado. Pelo menos ele não ficou preso à mim.
Cheguei no quarto escuro e fiquei encostado na parede, esperando alguém se aproximar com segundas intenções, mas isso demorou muito a acontecer.
Só aconteceu de fato, depois de mais de meia hora que eu estava lá parado. Um homem encostou próximo a mim e no começo não fez absolutamente nada, só ficou ao meu lado.
Bastou os nossos braços encostarem para eu ficar completamente excitado. Parecia até que tinha saído faísca das nossas peles, porque um calor incrível tomou conta de todo o meu corpo. Eu nunca tinha sentido nada parecido antes.
E ele pareceu sentir a mesma coisa. Sem mais nem menos, o desconhecido entrelaçou os nossos dedos. Ficamos assim por um tempinho e depois disso, ele me abraçou.
Senti o perfume do rapaz logo de cara. Era um perfume muito bom, um perfume extremamente delicioso. Eu não conhecia aquela fragrância... Será que era internacional? Bem provável, dado o diferencial daquele aroma delicioso...
Ele e eu ficamos abraçados por mais um tempo. Eu senti um dedo percorrer todo o meu pescoço e ele ficou brincando com a correntinha que eu estava usando.
Demorou pro beijo acontecer, mas quando aconteceu, parecia até que eu estava vivendo um sonho. Um sonho lindo e inimaginável.
De todos os caras que eu já tinha ficado na vida, aquele foi o que beijou melhor. Não sei explicar o motivo, mas eu senti algo tão bom, mas tão bom quando os nossos lábios se tocaram...
Foi uma magia, uma onda elétrica, uma corrente de 220 volts que percorreu todo o meu corpo... Foi algo incrível, algo surreal... Era como se fôssemos apenas nós dois naquele dark room!
Que beijo maravilhoso... Era calmo; era sereno, mas ao mesmo tempo era desesperado; era um beijo único; um beijo incomum... Parecia que a minha boca se encaixava perfeitamente na do cara e a dele na minha...
Eu queria saber quem era aquela pessoa que beijava tão bem. E como era carinhoso! O jovem conseguiu passar emoção através daquele beijo... Eu realmente não sei explicar o que aconteceu.
Minha barriga ficou gelada, minhas pernas pareceram flutuar, meu corpo ficou em chamas e a minha mente parou de funcionar...
Eu só tinha cabeça pro beijo e pra mais nada. As nossas duas mãos estavam entrelaçadas, as nossas peles estavam se tocando e os nossos perfumes estavam misturados. Eu nunca, nunca, nunca tinha sentido nada parecido com aquilo, nada mesmo!
Nem mesmo na época em que eu namorava com o Bruno eu senti aquilo que estava sentindo naquele momento. É algo realmente indescritível.
Nem sei quanto tempo eu fiquei beijando aquele rapaz, só sei que eu estava gostando e gostando muito.
Um ou dois engraçadinhos tentaram nos separar, mas nós não deixamos isso acontecer. Quando alguém tentou colocar a mão no meio da gente, eu empurrei esse indivíduo com tanta força que alguns homens até reclamaram pelo empurra-empurra.
Ninguém ia estragar o meu momento, ninguém. Eu estava enfim feliz. Finalmente eu tinha encontrado alguém legal. Eu nem sabia quem era, mas eu tinha encontrado.
Naquele momento não existia mais ninguém que pudesse interferir naquele beijo. Nem Murilo, nem Kléber, nem Rodrigo, nem Vinícius e nem mesmo o Bruno.
Ninguém, ninguém ia interferir. Eu tinha encontrado alguém e acho que já estava apaixonado só pela troca de energias que estava acontecendo naquele momento.
Será que finalmente Deus tinha escutado as minhas preces? Será que finalmente eu ia ser capaz de esquecer o Bruno???
Pelo visto sim. Aquela sensação que eu estava sentindo não era normal. Era algo indiscrivelmente fora do comum. E nem pelo Bruno eu tinha sentido aquilo.
Comecei a rezar, comecei a torcer para que ele também estivesse sentindo o mesmo que eu. E se ele quiesse ficar comigo? É claro que eu ia topar!
Foi realmente um momento mágico. Nós ficamos nos beijando, sem desgrudar os lábios por várias horas e eu só me dei conta disso à partir do momento que a música da pista de dança foi desligada.
Nem com isso eu parei de beijá-lo. Por todo o dark room eu estava ouvindo gemidos, sentindo cheiro de sexo, mas eu não me importei. Era como se eu estivesse apenas com o meu desconhecido e com mais ninguém. E isso pra mim já era mais que suficiente.
Aos poucos os caras foram indo embora e eu percebi isso pelo barulho que foi amenizando. Nós dois continuamos o nosso beijo e não fomos mais interrompidos, até que os seguranças da boate subiram e disseram:
- Hora de ir embora, vamos...
Não... Eu não queria ir... Eu queria ficar ali... Queria continuar aquele beijo delicioso pelo resto do domingo...
- Bora, bora, bora – o segurança continuou falando.
E quem disse que nós paramos o beijo? Não, não paramos. Ele me prendeu ao corpo dele de uma forma incrível e eu não queria mais sair daquele abraço nunca mais.
Eu estava me sentindo protegido naquele abraço. Era como se eu nunca mais fosse passar por nenhum perigo, nem por nenhuma dificuldade...
- Vamos, vamo – o segurança continuou falando.
Eu suspirei e respirei fundo. Que beijo delicioso era aquele? Quem era aquele desconhecido? Como se chamava? Quantos anos tinha?
- Hora de ir, garotos – a voz do segurança se aproximou e ele encostou na gente. – Dispersando.
Suspiramos ao mesmo tempo e enfim desgrudamos os nossos lábios.
Aos poucos eu abri os meus olhos e aos poucos as imagens foram tendo foco novamente. A luz estava acesa e eu tomei um susto enorme quando vi o rosto dele à centímetros do meu.
Os lábios estavam entreabertos e os olhos estavam incrivelmente lindos. Eu pude ver paixão naquele olhar, mas eu também pude ver felicidade e um quê de saudade. Eu não acreditei, não acreditei mesmo que era ele...
- BRUNO? – arregalei meus olhos na hora que passou a fantasia, o êxtase e o susto. A razão tomou conta de mim naquele momento.
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