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E chorar de emoção não foi suficiente. Eu tive que sentir o corpo, o calor e o
perfume do Bruno naquela hora mesmo.
- Ai que lindo... Que lindo... Você é muito lindo, eu te amo!
- Aceita? – ele falou baixinho.
- Claro que aceito, lógico que aceito, óbvio que aceito! Ficar com você pra todo o sempre é o que eu mais quero nesse momento, minha vida...

- Então me dá sua mão direita – ele afastou o corpo do meu e olhou nos meus olhos.
Eu estava tremendo, mas era por causa da emoção. Eu nunca imaginei que a gente fosse trocar aliança tão rápido daquele jeito e eu nunca ia imaginar que ele fosse falar coisas tão lindas pra mim como ele falou. Nada podia ser melhor que aquilo, nada!
- Eu te amo demais, Caio – Bruno tirou um dos anéis de compromisso da caixinha. – E eu sempre vou te amar, sempre...
Ele colocou a aliança no meu dedo, mas não tirou os olhos de mim. As minhas lágrimas desceram em abundância.

Já com a minha aliança no dedo da mão direita, eu fiz o mesmo processo e quase não consegui declarar o meu amor, tamanha a emoção que eu estava sentindo.
- Eu te amo... Eu te amo pra caramba, nunca esquece isso, tá? Nunca... Fica comigo pra sempre?
- Pra sempre – ele me agarrou e a gente chorou junto.
Eu entendia o motivo de tanto choro. Talvez possa parecer exagero, mas não é! O amor que eu sentia pelo Bruno e que o Bruno sentia por mim, era de fato muito forte e só nós dois entendíamos o que isso significava.
Por isso, por mais que a gente tentasse, era difícil conter as lágrimas por causa de tanto sofrimento que nós passamos.
Naquele momento, estávamos felizes e enfim juntos novamente. Portanto, aquelas lágrimas eram de felicidade e não de tristeza como as de outrora.

Uma aliança. Uma aliança! Como aquilo poderia ser possível tão cedo, meu Deus? E se desse errado?
NÃO IA DAR ERRADO, NÃO IA! Já tinha dado certo e aquele era só o selo que faltava pra marcar a nossa união perante o mundo!
- Eu te amo, Bruno! Obrigado por ser tão lindo comigo do jeito que você é...
- Não fala nada... Só me abraça, por favor. Me abraça bem forte!
Aos poucos eu fui me controlando. A aliança deixou a minha mão esquisita, era como se ela estivesse pesada de repente; era como se eu estivesse percebendo a presença dela só naquele momento...
- Meu príncipe – eu falei mais pra mim mesmo. – Meu príncipe dos olhos azuis...

Ele ficou calado. Como era bom estar com o meu Bruno de novo. Eu mais uma vez me senti protegido com aquele abraço. Era como se nada, nem ninguém pudesse me fazer mal com ele por perto.
- Te amo, viu? – ele afastou e ficou me olhando com os olhinhos molhados e muito brilhantes.
- Eu te amo também. Muito mesmo!
E daí que a gente estava na praia? E daí que alguém poderia passar e nos ver? E daí que a gente poderia ser vítima de preconceito? Nada nos importou e a gente se beijou.
Foi um beijo longo e muito, muito apaixonado. Nós entrelaçamos os dedos das duas mãos e não paramos o beijo por muito tempo.
- Eu te amo, Caio!
- Eu te amo, Bruno!

A gente não cansava de demonstrar que um amava o outro e isso só nos fortalecia. Poderia parecer até doce demais, mas não era. Bruno e eu ficamos 3 anos separados e aquela era a hora de correr atrás de todo aquele tempo perdido.
Eu tinha mais do que certeza que ele era o homem da minha vida, que ele era quase que literalmente o meu príncipe encantado e não havia defeito, não havia passado e nem nada do gênero que fosse atrapalhar o sentimento que eu tinha por ele.
Daquele instante em diante, com o nosso amor mais fortalecido do que nunca, eu teria coragem pra enfrentar tudo o que viesse pela frente.
E eu estava agradecido à Deus por Ele ter colocado o Bruno no meu caminho.
Estava agradecido também por Ele ter me guiado até o Rio de Janeiro na época em que eu fui expulso de casa.
E se eu não tivesse ido pro Rio? E se eu tivesse ficado em São Paulo? Com toda a certeza do mundo, eu não teria vivido um amor como aquele.
Nada nessa vida acontece por acaso, nada. Deus sabe de todas as coisas e nós devemos sim ser gratos as oportunidades que Ele nos dá.
Obviamente, a minha ida pro Rio não foi das melhores, mas mesmo assim eu não tinha do que reclamar.

Graças a minha expulsão de casa, eu fui pro Rio, conheci o Padre João, conheci a Dona Elvira, conheci o Rodrigo, o Vinícius e o Fabrício, conheci o Jonas, conheci a Duda, a Alexia e a Janaína e conheci é claro, a minha alma gêmea, o Bruno. O garoto dos olhos azuis.
Graças a minha expulsão de casa, eu pude trabalhar em um mercadinho de bairro, em um Call Center e em duas lojas de shopping.
Graças a minha expulsão de casa, eu tive oportunidade de fazer faculdade com uma bolsa de estudos integral.
Graças a minha expulsão de casa, eu estava tendo a oportunidade de guardar um dinheirinho todo mês pra fazer um investimento qualquer quando tivesse a oportunidade. Poderia ser um carro, poderia ser uma casa, poderia ser uma viagem, poderia ser qualquer coisa. E isso era graças ao meu esforço, ao meu suor e a minha ida pro Rio de Janeiro.
Tudo isso até poderia acontecer se eu tivesse ficado em São Paulo, mas se eu tivesse ficado em São Paulo, eu não teria conhecido nenhum dos meus amigos e muito menos o Bruno.
Eu poderia ter um bom emprego? Sim, eu poderia, todavia não seria a mesma coisa.
Eu poderia fazer faculdade? Claro que eu poderia, contudo provavelmente eu não teria tido a mesma sorte que tive no Rio.
Nesse momento, eu pensei em tudo o que tinha acontecido comigo e cheguei a conclusão que eu nunca, nunca, nunca poderia questionar os desígnios de Deus na minha vida.
Se Ele que é o Pai quis que eu fosse pro Rio, era por algum motivo e naquele dia eu soube esse motivo e estava grato. Grato e imensamente feliz.
Tudo na minha vida enfim estava dando certo. Claro que me faltava uma parte, me faltava a minha família, mas isso era o de menos.
No fundo, algo dentro de mim dizia que um dia esse problema seria resolvido e eu estava tranquilo.
Saudade? Sim eu sentia, mas não era algo que mudava a minha vida. A saudade existia, mas era uma saudade boa.
Mágoa? Claro que existia, mas eu preferia não ficar pensando naquilo, afinal só iria fazer mal a mim mesmo.
Ódio? Talvez. Talvez existisse ódio, mas não por todos. Esse sentimento era maior apenas para com o meu pai. Com minha mãe e com meu irmão, esse sentimento não tinha tanta força.
Amor? Independentemente de qualquer coisa que tivesse acontecido no passado, Edson, Fátima e Cauã eram a minha família e sim, eu os amava.
Porém, não era um amor como o de antes. Eu os amava, mas eu sabia viver sem eles. Eu os amava, mas eu não chorava mais sentindo a falta deles.
De quem eu sentia mais falta? Por incrível que pareça, do meu irmão.
Lógico que eu sentia falta da minha mãe também; afinal, mãe é mãe; no entanto, com o Cauã era um pouco diferente.[

A gente dividiu a barriga da nossa mãe por 7 meses, nascemos e crescemos juntos. Dividimos o mesmo berço, dividimos o mesmo quarto até os 11 anos de idade, dividimos os mesmos brinquedos, dividimos a mesma escola, dividimos os mesmos amigos, dividimos tantas coisas...
Ele não era apenas um irmão gêmeo. Eu acreditava que entre nós dois existisse uma conexão maior que isso e eu não sei informar que conexão era essa. Talvez fosse algo de vidas passadas.
E provavelmente era mesmo. Se nós viemos pra essa vida como gêmeos, era porque alguma coisaa gente tinha que resgatar. Mas que resgate era esse?
Seria a minha homossexualidade? Seria o respeito que um deveria ter pelo outro???
Essa era uma resposta que eu não tinha e não deveria pensar nisso naquele momento.
O foco daquele instante era o Bruno. Depois de muito tempo abraçados, depois de alguns beijos e carícias, nós suspiramos, olhamos pro mar e ele disse:
- Agora eu me sinto completo.
- Se sente completo? – eu indaguei.
- Me sinto completo. Acho que era isso que faltava pra selar o nosso amor.
- Você é muito lindo, muito lindo!
- Você que é. Gostou da surpresa?
- Não gostei, eu AMEI! A aliança é muito linda. Obrigado, amor.
- Coube direitinho?
Pela primeira vez eu brinquei com o adereço e pude perceber que ele acertou o número em cheio. Não ficou nem folgada, nem apertada.
- Coube direitinho. Como você sabe o meu número?
- Eu fui pela outra aliança, amor. Ainda bem que o seu dedo não engordou!
Eu olhei pro meu dedo. Pra mim ainda era inacreditável que ele tinha me dado uma aliança de compromisso... Se eu não estivesse vendo e sentindo o objeto no meu dedo, aquilo pareceria um sonho.
- Tem nossos nomes? – perguntei.
- Tem sim e tem a data que a gente voltou também. Resolvi colocar essa data porque ela significa um recomeço. Não quero lembrar do passado, só quero pensar no presente e planejar o futuro.
- Uhum, eu concordo com você.
Tirei a aliança e conferi os dados. Estava perfeito. O nome dele estava escrito com uma caligrafia impecável. Era tudo muito lindo demais.
A aliança era lisa, mas no centro havia um fio de ouro muito fino. Eu achei o objeto chique demais e lindo demais. E eu estava feliz demais.

Bruno e eu resolvemos enfim ir até o apartamento dele. No carro, eu fiquei olhando a aliança e fiquei pensando em como seria a reação dos meus amigos, entre eles o Rodrigo.
- Pensando? – ele ligou o piscalerta.
- Uhum.
- Em quê? Eu posso saber?
- Em como você é incrível, em como nosso namoro vai ser lindo... Em tudo!
- Eu também estava pensando nisso, sabia?
- Ah, é?
- Uhum. Pensando que você é a única pessoa que eu tenho nesse mundo. A única com que eu sei que eu posso contar de verdade.
Isso me deixou entristecido. Eu parei pra pensar e cheguei a mesma conclusão que o Bruno.
Embora ele tivesse parentes, eles não estavam nem aí pra ele. Os sobrinhos eram os únicos que ligavam, mas eles ainda eram muito jovens e não podiam fazer muita coisa pelo tio.
Ele só tinha a mim. A mim e ao Vítor, o melhor amigo. Porém, este não me parecia muito confiável.
- E o Vítor?
- O Vítor é meu amigo, eu gosto dele, mas ele tem a vidinha dele, os compromissos dele. Não é sempre que a gente pode estar junto, né?
- Ele sabe da nossa volta?
- Sim, sabe. Ele me ligou todo preocupado e eu contei. E agradeci por ele ter entregado o DVD.
- Eu não sei como não morri assistindo aquele vídeo. Como você fez aquilo?
- Ah, sei lá. De repente me deu a ideia, eu abri meu note e fui fazendo. Quando vi estava pronto. Gostou?
- Simplesmente amei. Ficou muito lindo, mas me fez chorar horrores.
- Ah, fez é? Que bom... Pelo menos assim você entendeu o quanto eu sofri por você!
- Entendi e eu me arrependo tanto...
- Não falemos mais nisso. Vem, vamos pro meu apê.
Eu tirei o cinto e saí do carro. Nós dois batemos as portas ao mesmo tempo e como sempre, não encontramos ninguém no elevador.
- Esse condomínio é muito calmo, né?
- Uhum. Eu escolhi bem, né?
- Muito bem. Parabéns. O seu apartamento é lindo.
- “Apertamento”, mas é o que eu posso pagar e eu estou feliz por ser independente. Foi muito bom esfregar na cara do Luciano e do Márcio que eu não preciso deles pra nada.
- Esse Màrcio está aqui no Rio?
- Não, não. Minha sobrinha contou que ele foi pro exterior. Ninguém sabe pra onde. Deixa ele lá, deixa eu aqui.
- Com certeza.
Entramos e fomos logo nos beijando. O clima esquentou rapidamente, como já era esperado e nós fomos direto pra ducha.
Começou a acontecer ali mesmo. Ele ajoelhou e colocou tudo dentro da boca. Enquanto me chupava, Bruno me olhou com aqueles olhos azuis e fez uma carinha de safado que pelo amor de Deus!
Eu gozei rapidamente e ele engoliu tudo. E os papéis se inverteram. Eu ajoelhei, coloquei tudo na boca e olhei pra ele com cara de safado. Ele também gozou, nós terminamos o banho e fomos pra cama pra iniciar o 2º round.
Comecei fazendo ativo e demorei muito pra chegar ao orgasmo. Bruno ficou de bruços, de papo pro ar e de frango assado e foi nessa que eu gozei.
Gemi feito um tarado e ele não ficou atrás. Mudamos os papéis. Ele me pegou de lado, de pé e depois eu sentei no colo dele. Foi nessa que ele gozou.
Paramos por um tempo e ficamos só nos beijos. Trocamos palavras e juras de amor eterno e quando o clima esquentou de novo, ele me pegou mais uma vez.
Fiquei de lado novamente e foi nessa que ele chegou ao prazer. Depois foi a minha vez. Bruno ficou de 4 na cama, eu subi no corpo dele e penetrei com muita facilidade e agilidade. Enquanto penetrava, eu dava um ou dois tapas na bunda dele e mordia a sua orelhinha linda. E foi assim que eu tive o meu terceiro e último orgasmo da noite.
Meu namorado e eu caímos exaustos na cama. Depois de um pequeno período de descanso, tomamos mais um banho, colocamos uma roupa leve e limpa e enfim pudemos dormir juntinhos e felizes da vida.

No domingo, Bruno acordou mais cedo, comprou pão e novamente levou o café na cama pra mim.
Eu comi, nós nos beijamos e rolou mais um amorzinho pra começar bem o dia.
Depois do banho, ele fez questão de me levar na loja e aproveitou o shopping para comprar os materiais que faltavam pro cursinho, que já ia voltar na 1ª semana de agosto.
Eu pedi para ele comprar uns blocos de fichário pra mim e também algumas pastas a mais. As minhas aulas também estavam pra começar.
Finalmente o último semestre. Em aproximadamente 5, 6 meses eu iria terminar a faculdade. E eu não via a hora disso acontecer.

- MENTIRA? – Janaína arregalou aqueles olhos negros e não tirou as vistas da minha mão direita. – ME MOSTRA AGORA!
- Não é linda?
- To roxa passada no liquidificador igual jabuticaba. Quem comprou? É linda demais...
- Foi ele... Ele me deu ontem... Linda, não é?
- Demais. Onde se compra um Bruno? Eu quero um Bruno, minha gente... Como é fofo, meu Deus...
- Demais! Isso porquê você não ouviu o que ele me falou!
- Conta tudo, seu cachorro com sarna no fiofó! – ela me puxou com força e me fez sentar na minha mesa.
Repeti a declaração que o meu amor me fez e a Janaína ficou branca, roxa, amarela, lilás, vermelha e mais preta do que já era.
- QUE LIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIINDO!!!! AI QUE INVEJA BRANCA DE VOCÊ, SEU VEADO MALDITO!!!
- Ele é lindo de morrer! – suspirei.
- Viu só? E você regulando a volta com o menino. Viu como você está feliz?
- As coisas só acontecem na hora certa, Janaína.
A aliança foi a sensação da loja. Todo mundo perguntando com quem eu estava namorando, mas quem mais comentou sobre o assunto foram os meus chefes e as minhas amigas.
Alexia pirou quando viu a minha aliança e foi logo cobrando uma para o namorado, mas este disse que preferia dar uma dourada.
Nós entendemos o pedido de casamento e a menina ficou mais vermelha que sangue. Não que eles não fossem se casar, mas aquela declaração foi muito inesperada. Ela ficou feliz.
Naquela mesma noite, Bruno me buscou e eu voltei pro apartamento dele, mas combinamos que eu voltaria pra casa na segunda.
E assim aconteceu. Nós nos falamos várias vezes no celular e a saudade só aumentava a cada segundo que passava, mas esse seria o ingrediente secreto para o nosso namoro não cair na rotina.
Jonas me deixou em casa e eu saí correndo para o meu quarto. Eu queria muito tomar um banho e cair na minha cama. Estava exausto por causa da canseira que o Bruno me dava na cama.
Quando Rodrigo me viu, ele fez igual a Janaína: não tirou os olhos do meu dedo.

- O Q-U-E É I-S-S-O N-A S-U-A M-Ã-O?
- Uma aliança de compromisso. Gostou?
- NÃÃÃÃÃÃO! EU ODIEI!
Por que ele estava falando aquilo?
Rodrigo passou o resto da noite trombudo pro meu lado, mas eu não liguei e não dei a mínima. Eu estava namorando, o mais natural seria ganhar uma aliança de compromisso, não é?
No fundo, no fundo eu sabia que tudo não passava de ciúmes. Ele ficou do mesmo jeito que eu fiquei quando ele começou a namorar com a Marcela, sem tirar nem pôr. Pelo menos assim eu tive certeza que o nosso sentimento era realmente recíproco.
No final de semana, eu voltei pro apê do Bruno e novamente a gente se amou feito dois animais no cio.
Naquele final de semana, a nossa química foi tão intensa que eu estava vendo a hora algum vizinho reclamar do nosso barulho, mas isso felizmente não aconteceu.
E assim o tempo foi passando. Eu passava os finais de semana no Bruno e a semana em casa, com meus amigos.

Quando eu voltei pra faculdade e ele pro cursinho, a nossa rotina foi um pouco alterada.
A gente ainda se via, é claro, mas não ficávamos namorando até altas horas da madrugada.
Fiquei imensamente feliz em iniciar o último semestre da faculdade. Rever a Marcela não foi lá muito agradável, mas ela estava tranquila e também parecia ter superado o término do namoro com o Rodrigo, mesmo tendo-se passado pouco tempo demais. Vai ver eles não se amavam tanto como diziam se amar.
No trabalho estava correndo tudo bem e não havia nada de anormal. A única coisa legal era ver a barriguinha da Duda e da Alexia crescendo a cada dia que passava.
Meu aniversário naquele ano ia ser numa segunda-feira, o que não era legal. Isso me obrigaria a comemorar a data somente no sábado, dia 06 de setembro.
Eu ainda não sabia onde iria comemorar, mas não poderia ser em uma balada GLS por causa dos meus amigos heteros. Deixei a escolha do lugar sob responsabilidade do Rodrigo, mas ele não decidia onde iria ser a minha festa.
- Já decidiu? – perguntei.
- Ainda não, eu preciso de sua opinião! A festa é sua.
- Depois eu vejo isso.
Ele e o Bruno já estavam se dando melhor, mas eles ainda se estranhavam de vez em quando. O que era normal, é claro.
Quando o meu amor e eu fizemos um mês de namoro, não fizemos mais nada a não ser comemorar. Neste dia, eu fiz questão de ficar com ele no apartamento e a gente fez amor várias e várias vezes seguidas. E eu não sei dizer como a gente não enjoava um do outro.
Era impossível enjoar. Foi tempo demais separados para a gente enjoar tão facilmente. Se alguém não estivesse gostando do nosso barulho, que se mudasse. Só que não, né?
Naquele ano eu resolvi comprar uma bota para a Janaína. O aniversário dela foi no dia 26, uns dias antes do meu.
- Felicidades, minha diva... Que Deus te abençoe muitíssimo e que você tenha muitos aninhos de vida. Eu te amo!
- Eu te amo também, cara pálida. Cadê o meu presente?
O tempo estava voando rápido demais pro meu gosto. Em um piscar de olhos, nós chegamos no dia 30 de agosto e quando eu me dei conta, já estava passando o crachá pra ir embora da loja.
- Boa noite, boa noite – falei.
Ele estava lindo com uma camiseta vermelha e um jeans preto. Bruno sorriu quando me viu.
- Saudades – falei e o agarrei.
- Mais do que eu? Não.
Fomos até o seu apartamento e lá rolou a minha última vez com 20 anos. Bruno e eu namoramos pra valer e só paramos, coincidentemente ou não, quando o relógio marcava poucos minutos para a meia noite.
Fechei meus olhos, abracei meu namorado e agradeci a Deus por mais um ano de vida. Agradeci todas as minhas conquistas daquele ano pessoal e agradeci acima de tudo, a oportunidade que eu tive em corrigir os meus erros e voltar com o meu namorado. Aquele foi o meu maior presente.
Fiz um rápido balanço e pensei o que eu tive de positivo e o que eu tive de negativo do dia 31 de agosto de 2.008 até aquela data. Ponderei bem esse assunto, mas de repente o relógio apitou e o meu foco mudou totalmente.
- Feliz aniversário, amor da minha vida – o Brun grudou a testa na minha e em seguida começou a me beijar.
Pronto. Havia chegado. Era 31 de agosto novamente, era o meu aniversário de 21 anos de idade

- Ai que lindo... Que lindo... Você é muito lindo, eu te amo!
- Aceita? – ele falou baixinho.
- Claro que aceito, lógico que aceito, óbvio que aceito! Ficar com você pra todo o sempre é o que eu mais quero nesse momento, minha vida...
- Então me dá sua mão direita – ele afastou o corpo do meu e olhou nos meus olhos.
Eu estava tremendo, mas era por causa da emoção. Eu nunca imaginei que a gente fosse trocar aliança tão rápido daquele jeito e eu nunca ia imaginar que ele fosse falar coisas tão lindas pra mim como ele falou. Nada podia ser melhor que aquilo, nada!
- Eu te amo demais, Caio – Bruno tirou um dos anéis de compromisso da caixinha. – E eu sempre vou te amar, sempre...
Ele colocou a aliança no meu dedo, mas não tirou os olhos de mim. As minhas lágrimas desceram em abundância.
Já com a minha aliança no dedo da mão direita, eu fiz o mesmo processo e quase não consegui declarar o meu amor, tamanha a emoção que eu estava sentindo.
- Eu te amo... Eu te amo pra caramba, nunca esquece isso, tá? Nunca... Fica comigo pra sempre?
- Pra sempre – ele me agarrou e a gente chorou junto.
Eu entendia o motivo de tanto choro. Talvez possa parecer exagero, mas não é! O amor que eu sentia pelo Bruno e que o Bruno sentia por mim, era de fato muito forte e só nós dois entendíamos o que isso significava.
Por isso, por mais que a gente tentasse, era difícil conter as lágrimas por causa de tanto sofrimento que nós passamos.
Naquele momento, estávamos felizes e enfim juntos novamente. Portanto, aquelas lágrimas eram de felicidade e não de tristeza como as de outrora.
Uma aliança. Uma aliança! Como aquilo poderia ser possível tão cedo, meu Deus? E se desse errado?
NÃO IA DAR ERRADO, NÃO IA! Já tinha dado certo e aquele era só o selo que faltava pra marcar a nossa união perante o mundo!
- Eu te amo, Bruno! Obrigado por ser tão lindo comigo do jeito que você é...
- Não fala nada... Só me abraça, por favor. Me abraça bem forte!
Aos poucos eu fui me controlando. A aliança deixou a minha mão esquisita, era como se ela estivesse pesada de repente; era como se eu estivesse percebendo a presença dela só naquele momento...
- Meu príncipe – eu falei mais pra mim mesmo. – Meu príncipe dos olhos azuis...
Ele ficou calado. Como era bom estar com o meu Bruno de novo. Eu mais uma vez me senti protegido com aquele abraço. Era como se nada, nem ninguém pudesse me fazer mal com ele por perto.
- Te amo, viu? – ele afastou e ficou me olhando com os olhinhos molhados e muito brilhantes.
- Eu te amo também. Muito mesmo!
E daí que a gente estava na praia? E daí que alguém poderia passar e nos ver? E daí que a gente poderia ser vítima de preconceito? Nada nos importou e a gente se beijou.
Foi um beijo longo e muito, muito apaixonado. Nós entrelaçamos os dedos das duas mãos e não paramos o beijo por muito tempo.
- Eu te amo, Caio!
- Eu te amo, Bruno!
A gente não cansava de demonstrar que um amava o outro e isso só nos fortalecia. Poderia parecer até doce demais, mas não era. Bruno e eu ficamos 3 anos separados e aquela era a hora de correr atrás de todo aquele tempo perdido.
Eu tinha mais do que certeza que ele era o homem da minha vida, que ele era quase que literalmente o meu príncipe encantado e não havia defeito, não havia passado e nem nada do gênero que fosse atrapalhar o sentimento que eu tinha por ele.
Daquele instante em diante, com o nosso amor mais fortalecido do que nunca, eu teria coragem pra enfrentar tudo o que viesse pela frente.
E eu estava agradecido à Deus por Ele ter colocado o Bruno no meu caminho.
Estava agradecido também por Ele ter me guiado até o Rio de Janeiro na época em que eu fui expulso de casa.
E se eu não tivesse ido pro Rio? E se eu tivesse ficado em São Paulo? Com toda a certeza do mundo, eu não teria vivido um amor como aquele.
Nada nessa vida acontece por acaso, nada. Deus sabe de todas as coisas e nós devemos sim ser gratos as oportunidades que Ele nos dá.
Obviamente, a minha ida pro Rio não foi das melhores, mas mesmo assim eu não tinha do que reclamar.
Graças a minha expulsão de casa, eu fui pro Rio, conheci o Padre João, conheci a Dona Elvira, conheci o Rodrigo, o Vinícius e o Fabrício, conheci o Jonas, conheci a Duda, a Alexia e a Janaína e conheci é claro, a minha alma gêmea, o Bruno. O garoto dos olhos azuis.
Graças a minha expulsão de casa, eu pude trabalhar em um mercadinho de bairro, em um Call Center e em duas lojas de shopping.
Graças a minha expulsão de casa, eu tive oportunidade de fazer faculdade com uma bolsa de estudos integral.
Graças a minha expulsão de casa, eu estava tendo a oportunidade de guardar um dinheirinho todo mês pra fazer um investimento qualquer quando tivesse a oportunidade. Poderia ser um carro, poderia ser uma casa, poderia ser uma viagem, poderia ser qualquer coisa. E isso era graças ao meu esforço, ao meu suor e a minha ida pro Rio de Janeiro.
Tudo isso até poderia acontecer se eu tivesse ficado em São Paulo, mas se eu tivesse ficado em São Paulo, eu não teria conhecido nenhum dos meus amigos e muito menos o Bruno.
Eu poderia ter um bom emprego? Sim, eu poderia, todavia não seria a mesma coisa.
Eu poderia fazer faculdade? Claro que eu poderia, contudo provavelmente eu não teria tido a mesma sorte que tive no Rio.
Nesse momento, eu pensei em tudo o que tinha acontecido comigo e cheguei a conclusão que eu nunca, nunca, nunca poderia questionar os desígnios de Deus na minha vida.
Se Ele que é o Pai quis que eu fosse pro Rio, era por algum motivo e naquele dia eu soube esse motivo e estava grato. Grato e imensamente feliz.
Tudo na minha vida enfim estava dando certo. Claro que me faltava uma parte, me faltava a minha família, mas isso era o de menos.
No fundo, algo dentro de mim dizia que um dia esse problema seria resolvido e eu estava tranquilo.
Saudade? Sim eu sentia, mas não era algo que mudava a minha vida. A saudade existia, mas era uma saudade boa.
Mágoa? Claro que existia, mas eu preferia não ficar pensando naquilo, afinal só iria fazer mal a mim mesmo.
Ódio? Talvez. Talvez existisse ódio, mas não por todos. Esse sentimento era maior apenas para com o meu pai. Com minha mãe e com meu irmão, esse sentimento não tinha tanta força.
Amor? Independentemente de qualquer coisa que tivesse acontecido no passado, Edson, Fátima e Cauã eram a minha família e sim, eu os amava.
Porém, não era um amor como o de antes. Eu os amava, mas eu sabia viver sem eles. Eu os amava, mas eu não chorava mais sentindo a falta deles.
De quem eu sentia mais falta? Por incrível que pareça, do meu irmão.
Lógico que eu sentia falta da minha mãe também; afinal, mãe é mãe; no entanto, com o Cauã era um pouco diferente.[
A gente dividiu a barriga da nossa mãe por 7 meses, nascemos e crescemos juntos. Dividimos o mesmo berço, dividimos o mesmo quarto até os 11 anos de idade, dividimos os mesmos brinquedos, dividimos a mesma escola, dividimos os mesmos amigos, dividimos tantas coisas...
Ele não era apenas um irmão gêmeo. Eu acreditava que entre nós dois existisse uma conexão maior que isso e eu não sei informar que conexão era essa. Talvez fosse algo de vidas passadas.
E provavelmente era mesmo. Se nós viemos pra essa vida como gêmeos, era porque alguma coisaa gente tinha que resgatar. Mas que resgate era esse?
Seria a minha homossexualidade? Seria o respeito que um deveria ter pelo outro???
Essa era uma resposta que eu não tinha e não deveria pensar nisso naquele momento.
O foco daquele instante era o Bruno. Depois de muito tempo abraçados, depois de alguns beijos e carícias, nós suspiramos, olhamos pro mar e ele disse:
- Agora eu me sinto completo.
- Se sente completo? – eu indaguei.
- Me sinto completo. Acho que era isso que faltava pra selar o nosso amor.
- Você é muito lindo, muito lindo!
- Você que é. Gostou da surpresa?
- Não gostei, eu AMEI! A aliança é muito linda. Obrigado, amor.
- Coube direitinho?
Pela primeira vez eu brinquei com o adereço e pude perceber que ele acertou o número em cheio. Não ficou nem folgada, nem apertada.
- Coube direitinho. Como você sabe o meu número?
- Eu fui pela outra aliança, amor. Ainda bem que o seu dedo não engordou!
Eu olhei pro meu dedo. Pra mim ainda era inacreditável que ele tinha me dado uma aliança de compromisso... Se eu não estivesse vendo e sentindo o objeto no meu dedo, aquilo pareceria um sonho.
- Tem nossos nomes? – perguntei.
- Tem sim e tem a data que a gente voltou também. Resolvi colocar essa data porque ela significa um recomeço. Não quero lembrar do passado, só quero pensar no presente e planejar o futuro.
- Uhum, eu concordo com você.
Tirei a aliança e conferi os dados. Estava perfeito. O nome dele estava escrito com uma caligrafia impecável. Era tudo muito lindo demais.
A aliança era lisa, mas no centro havia um fio de ouro muito fino. Eu achei o objeto chique demais e lindo demais. E eu estava feliz demais.
Bruno e eu resolvemos enfim ir até o apartamento dele. No carro, eu fiquei olhando a aliança e fiquei pensando em como seria a reação dos meus amigos, entre eles o Rodrigo.
- Pensando? – ele ligou o piscalerta.
- Uhum.
- Em quê? Eu posso saber?
- Em como você é incrível, em como nosso namoro vai ser lindo... Em tudo!
- Eu também estava pensando nisso, sabia?
- Ah, é?
- Uhum. Pensando que você é a única pessoa que eu tenho nesse mundo. A única com que eu sei que eu posso contar de verdade.
Isso me deixou entristecido. Eu parei pra pensar e cheguei a mesma conclusão que o Bruno.
Embora ele tivesse parentes, eles não estavam nem aí pra ele. Os sobrinhos eram os únicos que ligavam, mas eles ainda eram muito jovens e não podiam fazer muita coisa pelo tio.
Ele só tinha a mim. A mim e ao Vítor, o melhor amigo. Porém, este não me parecia muito confiável.
- E o Vítor?
- O Vítor é meu amigo, eu gosto dele, mas ele tem a vidinha dele, os compromissos dele. Não é sempre que a gente pode estar junto, né?
- Ele sabe da nossa volta?
- Sim, sabe. Ele me ligou todo preocupado e eu contei. E agradeci por ele ter entregado o DVD.
- Eu não sei como não morri assistindo aquele vídeo. Como você fez aquilo?
- Ah, sei lá. De repente me deu a ideia, eu abri meu note e fui fazendo. Quando vi estava pronto. Gostou?
- Simplesmente amei. Ficou muito lindo, mas me fez chorar horrores.
- Ah, fez é? Que bom... Pelo menos assim você entendeu o quanto eu sofri por você!
- Entendi e eu me arrependo tanto...
- Não falemos mais nisso. Vem, vamos pro meu apê.
Eu tirei o cinto e saí do carro. Nós dois batemos as portas ao mesmo tempo e como sempre, não encontramos ninguém no elevador.
- Esse condomínio é muito calmo, né?
- Uhum. Eu escolhi bem, né?
- Muito bem. Parabéns. O seu apartamento é lindo.
- “Apertamento”, mas é o que eu posso pagar e eu estou feliz por ser independente. Foi muito bom esfregar na cara do Luciano e do Márcio que eu não preciso deles pra nada.
- Esse Màrcio está aqui no Rio?
- Não, não. Minha sobrinha contou que ele foi pro exterior. Ninguém sabe pra onde. Deixa ele lá, deixa eu aqui.
- Com certeza.
Entramos e fomos logo nos beijando. O clima esquentou rapidamente, como já era esperado e nós fomos direto pra ducha.
Começou a acontecer ali mesmo. Ele ajoelhou e colocou tudo dentro da boca. Enquanto me chupava, Bruno me olhou com aqueles olhos azuis e fez uma carinha de safado que pelo amor de Deus!
Eu gozei rapidamente e ele engoliu tudo. E os papéis se inverteram. Eu ajoelhei, coloquei tudo na boca e olhei pra ele com cara de safado. Ele também gozou, nós terminamos o banho e fomos pra cama pra iniciar o 2º round.
Comecei fazendo ativo e demorei muito pra chegar ao orgasmo. Bruno ficou de bruços, de papo pro ar e de frango assado e foi nessa que eu gozei.
Gemi feito um tarado e ele não ficou atrás. Mudamos os papéis. Ele me pegou de lado, de pé e depois eu sentei no colo dele. Foi nessa que ele gozou.
Paramos por um tempo e ficamos só nos beijos. Trocamos palavras e juras de amor eterno e quando o clima esquentou de novo, ele me pegou mais uma vez.
Fiquei de lado novamente e foi nessa que ele chegou ao prazer. Depois foi a minha vez. Bruno ficou de 4 na cama, eu subi no corpo dele e penetrei com muita facilidade e agilidade. Enquanto penetrava, eu dava um ou dois tapas na bunda dele e mordia a sua orelhinha linda. E foi assim que eu tive o meu terceiro e último orgasmo da noite.
Meu namorado e eu caímos exaustos na cama. Depois de um pequeno período de descanso, tomamos mais um banho, colocamos uma roupa leve e limpa e enfim pudemos dormir juntinhos e felizes da vida.
No domingo, Bruno acordou mais cedo, comprou pão e novamente levou o café na cama pra mim.
Eu comi, nós nos beijamos e rolou mais um amorzinho pra começar bem o dia.
Depois do banho, ele fez questão de me levar na loja e aproveitou o shopping para comprar os materiais que faltavam pro cursinho, que já ia voltar na 1ª semana de agosto.
Eu pedi para ele comprar uns blocos de fichário pra mim e também algumas pastas a mais. As minhas aulas também estavam pra começar.
Finalmente o último semestre. Em aproximadamente 5, 6 meses eu iria terminar a faculdade. E eu não via a hora disso acontecer.
- MENTIRA? – Janaína arregalou aqueles olhos negros e não tirou as vistas da minha mão direita. – ME MOSTRA AGORA!
- Não é linda?
- To roxa passada no liquidificador igual jabuticaba. Quem comprou? É linda demais...
- Foi ele... Ele me deu ontem... Linda, não é?
- Demais. Onde se compra um Bruno? Eu quero um Bruno, minha gente... Como é fofo, meu Deus...
- Demais! Isso porquê você não ouviu o que ele me falou!
- Conta tudo, seu cachorro com sarna no fiofó! – ela me puxou com força e me fez sentar na minha mesa.
Repeti a declaração que o meu amor me fez e a Janaína ficou branca, roxa, amarela, lilás, vermelha e mais preta do que já era.
- QUE LIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIINDO!!!! AI QUE INVEJA BRANCA DE VOCÊ, SEU VEADO MALDITO!!!
- Ele é lindo de morrer! – suspirei.
- Viu só? E você regulando a volta com o menino. Viu como você está feliz?
- As coisas só acontecem na hora certa, Janaína.
A aliança foi a sensação da loja. Todo mundo perguntando com quem eu estava namorando, mas quem mais comentou sobre o assunto foram os meus chefes e as minhas amigas.
Alexia pirou quando viu a minha aliança e foi logo cobrando uma para o namorado, mas este disse que preferia dar uma dourada.
Nós entendemos o pedido de casamento e a menina ficou mais vermelha que sangue. Não que eles não fossem se casar, mas aquela declaração foi muito inesperada. Ela ficou feliz.
Naquela mesma noite, Bruno me buscou e eu voltei pro apartamento dele, mas combinamos que eu voltaria pra casa na segunda.
E assim aconteceu. Nós nos falamos várias vezes no celular e a saudade só aumentava a cada segundo que passava, mas esse seria o ingrediente secreto para o nosso namoro não cair na rotina.
Jonas me deixou em casa e eu saí correndo para o meu quarto. Eu queria muito tomar um banho e cair na minha cama. Estava exausto por causa da canseira que o Bruno me dava na cama.
Quando Rodrigo me viu, ele fez igual a Janaína: não tirou os olhos do meu dedo.
- O Q-U-E É I-S-S-O N-A S-U-A M-Ã-O?
- Uma aliança de compromisso. Gostou?
- NÃÃÃÃÃÃO! EU ODIEI!
Por que ele estava falando aquilo?
Rodrigo passou o resto da noite trombudo pro meu lado, mas eu não liguei e não dei a mínima. Eu estava namorando, o mais natural seria ganhar uma aliança de compromisso, não é?
No fundo, no fundo eu sabia que tudo não passava de ciúmes. Ele ficou do mesmo jeito que eu fiquei quando ele começou a namorar com a Marcela, sem tirar nem pôr. Pelo menos assim eu tive certeza que o nosso sentimento era realmente recíproco.
No final de semana, eu voltei pro apê do Bruno e novamente a gente se amou feito dois animais no cio.
Naquele final de semana, a nossa química foi tão intensa que eu estava vendo a hora algum vizinho reclamar do nosso barulho, mas isso felizmente não aconteceu.
E assim o tempo foi passando. Eu passava os finais de semana no Bruno e a semana em casa, com meus amigos.
Quando eu voltei pra faculdade e ele pro cursinho, a nossa rotina foi um pouco alterada.
A gente ainda se via, é claro, mas não ficávamos namorando até altas horas da madrugada.
Fiquei imensamente feliz em iniciar o último semestre da faculdade. Rever a Marcela não foi lá muito agradável, mas ela estava tranquila e também parecia ter superado o término do namoro com o Rodrigo, mesmo tendo-se passado pouco tempo demais. Vai ver eles não se amavam tanto como diziam se amar.
No trabalho estava correndo tudo bem e não havia nada de anormal. A única coisa legal era ver a barriguinha da Duda e da Alexia crescendo a cada dia que passava.
Meu aniversário naquele ano ia ser numa segunda-feira, o que não era legal. Isso me obrigaria a comemorar a data somente no sábado, dia 06 de setembro.
Eu ainda não sabia onde iria comemorar, mas não poderia ser em uma balada GLS por causa dos meus amigos heteros. Deixei a escolha do lugar sob responsabilidade do Rodrigo, mas ele não decidia onde iria ser a minha festa.
- Já decidiu? – perguntei.
- Ainda não, eu preciso de sua opinião! A festa é sua.
- Depois eu vejo isso.
Ele e o Bruno já estavam se dando melhor, mas eles ainda se estranhavam de vez em quando. O que era normal, é claro.
Quando o meu amor e eu fizemos um mês de namoro, não fizemos mais nada a não ser comemorar. Neste dia, eu fiz questão de ficar com ele no apartamento e a gente fez amor várias e várias vezes seguidas. E eu não sei dizer como a gente não enjoava um do outro.
Era impossível enjoar. Foi tempo demais separados para a gente enjoar tão facilmente. Se alguém não estivesse gostando do nosso barulho, que se mudasse. Só que não, né?
Naquele ano eu resolvi comprar uma bota para a Janaína. O aniversário dela foi no dia 26, uns dias antes do meu.
- Felicidades, minha diva... Que Deus te abençoe muitíssimo e que você tenha muitos aninhos de vida. Eu te amo!
- Eu te amo também, cara pálida. Cadê o meu presente?
O tempo estava voando rápido demais pro meu gosto. Em um piscar de olhos, nós chegamos no dia 30 de agosto e quando eu me dei conta, já estava passando o crachá pra ir embora da loja.
- Boa noite, boa noite – falei.
Ele estava lindo com uma camiseta vermelha e um jeans preto. Bruno sorriu quando me viu.
- Saudades – falei e o agarrei.
- Mais do que eu? Não.
Fomos até o seu apartamento e lá rolou a minha última vez com 20 anos. Bruno e eu namoramos pra valer e só paramos, coincidentemente ou não, quando o relógio marcava poucos minutos para a meia noite.
Fechei meus olhos, abracei meu namorado e agradeci a Deus por mais um ano de vida. Agradeci todas as minhas conquistas daquele ano pessoal e agradeci acima de tudo, a oportunidade que eu tive em corrigir os meus erros e voltar com o meu namorado. Aquele foi o meu maior presente.
Fiz um rápido balanço e pensei o que eu tive de positivo e o que eu tive de negativo do dia 31 de agosto de 2.008 até aquela data. Ponderei bem esse assunto, mas de repente o relógio apitou e o meu foco mudou totalmente.
- Feliz aniversário, amor da minha vida – o Brun grudou a testa na minha e em seguida começou a me beijar.
Pronto. Havia chegado. Era 31 de agosto novamente, era o meu aniversário de 21 anos de idade
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