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ive uma ligeira sensação de estar sendo sugado por uma
buraco negro sem fim.

Grávida? Como assim a Marcela estava grávida? Já não bastava a Alexia? O Rodrigo também precisava ter um filho???
Eu não estava surpreso, eu estava chocado, abismado, perplexo e fiquei completamente fora de órbita com essa notícia inesperada. Como o meu melhor amigo, como o meu irmão, como o Digow poderia ter engravidado a Marcela?

- Grávida? – a voz da minha cunhada quase não saiu. – Grávida?
- Grávida? – uma das primas arregalou os olhos.
Eu senti o mundo girar e senti um frio esquisito envolver todo o meu corpo. O mundo ficou escuro e eu não ouvi mais nada a não ser “grávida”.
Respirei fundo e olhei pro Rodrigo. Ele estava imóvel, tinha praticamente virado uma estátua. O menino estava boquiaberto e seus olhos estavam morteiros. Ele não estava olhando pra ninguém e parecia perdido em meio aos seus pensamentos.

- Não posso estar grávida! Eu estou menstruada! – Marcela estava pálida também.
- Mas é o que o exame diz – Vinícius colocou a mão no Rodrigo. – Digão? Você está bem?
Ele não se manifestou. Eu senti vontade de dar uma voadora no Rodrigo! Como ele não usou camisinha, meu Deus do céu?
- Não – Marcela riu. – Eu não estou grávida! Eu uso anticoncepcional...
- Prima, é melhor você passar com o médico! – disse Raiane.
- É o que eu vou fazer mesmo, prima – a menina levantou. – Não estou duvidando de você, viu Vini? Mas isso está muito estranho... Eu não posso estar grávida!
- Mas você está – ele continuou afirmando. – Rodrigo? Rodrigo???
- Amor? – Marcela foi até o meu irmão postiço. – O que você tem, príncipe?
Ele não se mexia, ele não respondia e ele parecia não respirar. Acho que ele estava literalmente em estado de choque.
Eu continuei na minha insignificância, continuei parado, pensando em tudo o que eu estava ouvindo e continuei querendo matar o Rodrigo.

- Rodrigo? – Vinícius mexeu no corpo do moço. – Acorda, Rodrigo!
- Amor? – Marcela também mexeu no corpo dele. – O que você tem?
- Acho que ele está paralisado pela notícia – Vinícius colocou as duas mãos nos ombros do Digão. – Acorda, Rodrigo!
- Amor? Amor, vamos ao médico... Vem, amor...
Com muito custo o Vini e a Marcela conseguiram fazer o Rodrigo andar até o clínico para acompanhar a namorada na consulta. Por muito tempo eu continuei chocado. Aquilo realmente não podia ser verdade.

O casal voltou depois de uns 20 minutos. Ela chorava e ele continuava calado e com o olhar totalmente perdido.
- Eu não acredito – ela caiu ao meu lado e continuou chorando. – Como isso foi acontecer?
- Se você usa remédio isso é muito estranho mesmo – Bruna se meteu pela primeira vez.
- Você falhou com o anticoncepcional? – perguntou Vinícius.
- Não! Claro que não!
- Rodrigo? – eu chamei o nome dele.
Nada dele falar alguma coisa. Coitado. Eu fiquei com dó depois da raiva. Ele estava perplexo mesmo.
- O que eu vou fazer agora???
Foi muito tempo de conversa, discussão e choro por parte dela. Ele não falou absolutamente nada e não trocou olhares com ninguém. Nem mesmo com a namorada.
Bom, estava feito. Ele ia ter que assumir aquele filho. Já que ele tinha feito, ele ia ter que assumir, não é mesmo?

Fabrício e eu voltamos para casa. O nosso passeio tinha ido por água abaixo naquela noite e isso me deixou chateado. Eu fiquei com vontade de ir na tal Pedra da Gávea.
- Ainda estou surpreso com essa notícia da gravidez da mina do Rodrigo – Fabrício caiu na cama.
- Nem me fala. Nem me fala. Eu to doido pra conversar com ele.
- Ele ficou sem saber o que fazer, coitado.
- E essa história da Marcela usar anticoncepcional e ter ficado prenha é muito estranha.
- Prenha? – ele soltou uma gargalhada gostosa. – Essa foi muito boa!
- Pois é, prenha. Não é estranho?
- Sim. Ela com certeza deve ter esquecido de tomar um dia e perdeu todo o efeito. Deve ter sido isso ou algo similar, só pode.
- Eu prefiro nem me meter nesse assunto, Fabrício.
- Pois somos dois. Eles que são brancos que se entendam agora.
- Verdade.
Eu fiquei olhando pro teto e pensando no Digow. Meu irmãozinho mais lindo do mundo ia ser papai. Como aquilo pôde acontecer?
Se a Marcela usava mesmo anticoncepcional, a culpa daquela gravidez não era do coitado do meu amigo. Se bem que, por via das dúvidas, o bendito poderia ter usado camisinha. Se ele tivesse feito isso, nunca que aquela garota teria engravidado.
Mas quem era eu para julgar? A vida não era minha, não era eu que seria pai, então aquela gravidez não era problema meu. Eles que se resolvessem entre si.

Se o Digão viesse me pedir ajuda, obviamente que eu não ia negar, mas particularmente eu não ie me meter naquele assunto. O jeito era aguardar pra ver a cena dos próximos capítulos.
Naquela noite, eu não fiz outra coisa a não ser pensar no Rodrigo. O Bruno, que sempre fazia parte de todos os meus pensamentos, naquele momento ficou em segundo plano, mas isso era totalmente compreensível.

Grávida? Como assim a Marcela estava grávida? Já não bastava a Alexia? O Rodrigo também precisava ter um filho???
Eu não estava surpreso, eu estava chocado, abismado, perplexo e fiquei completamente fora de órbita com essa notícia inesperada. Como o meu melhor amigo, como o meu irmão, como o Digow poderia ter engravidado a Marcela?
- Grávida? – a voz da minha cunhada quase não saiu. – Grávida?
- Grávida? – uma das primas arregalou os olhos.
Eu senti o mundo girar e senti um frio esquisito envolver todo o meu corpo. O mundo ficou escuro e eu não ouvi mais nada a não ser “grávida”.
Respirei fundo e olhei pro Rodrigo. Ele estava imóvel, tinha praticamente virado uma estátua. O menino estava boquiaberto e seus olhos estavam morteiros. Ele não estava olhando pra ninguém e parecia perdido em meio aos seus pensamentos.
- Não posso estar grávida! Eu estou menstruada! – Marcela estava pálida também.
- Mas é o que o exame diz – Vinícius colocou a mão no Rodrigo. – Digão? Você está bem?
Ele não se manifestou. Eu senti vontade de dar uma voadora no Rodrigo! Como ele não usou camisinha, meu Deus do céu?
- Não – Marcela riu. – Eu não estou grávida! Eu uso anticoncepcional...
- Prima, é melhor você passar com o médico! – disse Raiane.
- É o que eu vou fazer mesmo, prima – a menina levantou. – Não estou duvidando de você, viu Vini? Mas isso está muito estranho... Eu não posso estar grávida!
- Mas você está – ele continuou afirmando. – Rodrigo? Rodrigo???
- Amor? – Marcela foi até o meu irmão postiço. – O que você tem, príncipe?
Ele não se mexia, ele não respondia e ele parecia não respirar. Acho que ele estava literalmente em estado de choque.
Eu continuei na minha insignificância, continuei parado, pensando em tudo o que eu estava ouvindo e continuei querendo matar o Rodrigo.
- Rodrigo? – Vinícius mexeu no corpo do moço. – Acorda, Rodrigo!
- Amor? – Marcela também mexeu no corpo dele. – O que você tem?
- Acho que ele está paralisado pela notícia – Vinícius colocou as duas mãos nos ombros do Digão. – Acorda, Rodrigo!
- Amor? Amor, vamos ao médico... Vem, amor...
Com muito custo o Vini e a Marcela conseguiram fazer o Rodrigo andar até o clínico para acompanhar a namorada na consulta. Por muito tempo eu continuei chocado. Aquilo realmente não podia ser verdade.
O casal voltou depois de uns 20 minutos. Ela chorava e ele continuava calado e com o olhar totalmente perdido.
- Eu não acredito – ela caiu ao meu lado e continuou chorando. – Como isso foi acontecer?
- Se você usa remédio isso é muito estranho mesmo – Bruna se meteu pela primeira vez.
- Você falhou com o anticoncepcional? – perguntou Vinícius.
- Não! Claro que não!
- Rodrigo? – eu chamei o nome dele.
Nada dele falar alguma coisa. Coitado. Eu fiquei com dó depois da raiva. Ele estava perplexo mesmo.
- O que eu vou fazer agora???
Foi muito tempo de conversa, discussão e choro por parte dela. Ele não falou absolutamente nada e não trocou olhares com ninguém. Nem mesmo com a namorada.
Bom, estava feito. Ele ia ter que assumir aquele filho. Já que ele tinha feito, ele ia ter que assumir, não é mesmo?
Fabrício e eu voltamos para casa. O nosso passeio tinha ido por água abaixo naquela noite e isso me deixou chateado. Eu fiquei com vontade de ir na tal Pedra da Gávea.
- Ainda estou surpreso com essa notícia da gravidez da mina do Rodrigo – Fabrício caiu na cama.
- Nem me fala. Nem me fala. Eu to doido pra conversar com ele.
- Ele ficou sem saber o que fazer, coitado.
- E essa história da Marcela usar anticoncepcional e ter ficado prenha é muito estranha.
- Prenha? – ele soltou uma gargalhada gostosa. – Essa foi muito boa!
- Pois é, prenha. Não é estranho?
- Sim. Ela com certeza deve ter esquecido de tomar um dia e perdeu todo o efeito. Deve ter sido isso ou algo similar, só pode.
- Eu prefiro nem me meter nesse assunto, Fabrício.
- Pois somos dois. Eles que são brancos que se entendam agora.
- Verdade.
Eu fiquei olhando pro teto e pensando no Digow. Meu irmãozinho mais lindo do mundo ia ser papai. Como aquilo pôde acontecer?
Se a Marcela usava mesmo anticoncepcional, a culpa daquela gravidez não era do coitado do meu amigo. Se bem que, por via das dúvidas, o bendito poderia ter usado camisinha. Se ele tivesse feito isso, nunca que aquela garota teria engravidado.
Mas quem era eu para julgar? A vida não era minha, não era eu que seria pai, então aquela gravidez não era problema meu. Eles que se resolvessem entre si.
Se o Digão viesse me pedir ajuda, obviamente que eu não ia negar, mas particularmente eu não ie me meter naquele assunto. O jeito era aguardar pra ver a cena dos próximos capítulos.
Naquela noite, eu não fiz outra coisa a não ser pensar no Rodrigo. O Bruno, que sempre fazia parte de todos os meus pensamentos, naquele momento ficou em segundo plano, mas isso era totalmente compreensível.
Acordei na segunda e percebi que a cama dele estava
vazia. Ele não dormiu em casa, mas eu não fiquei preocupado. Não era a primeira
vez que isso acontecia e tampouco seria a última.
Vinícius foi outro que dormiu fora, mas isso já era mais do que rotina. Às vezes eu me perguntava por qual motivo ele não se casava de uma vez. Mas isso também não era problema meu, não é mesmo?
Saí no intuito de tomar banho, mas o banheiro já estava ocupado pelo Kléber e pelo Miguel. Eu fui obrigado a ficar esperando e enquanto não chegou a minha vez, eu aproveitei para mandar uma mensagem ao Rodrigo:

Vinícius foi outro que dormiu fora, mas isso já era mais do que rotina. Às vezes eu me perguntava por qual motivo ele não se casava de uma vez. Mas isso também não era problema meu, não é mesmo?
Saí no intuito de tomar banho, mas o banheiro já estava ocupado pelo Kléber e pelo Miguel. Eu fui obrigado a ficar esperando e enquanto não chegou a minha vez, eu aproveitei para mandar uma mensagem ao Rodrigo:
“Bom dia, mano. Você está bem? Manda notícias, por favor. Beijo, te amo.”
Se a Marcela visse aquela mensagem eu estaria morto. E
o Rodrigo também, mas eu nem me importava. Ele que desse um jeito dela não ver
o celular dele.
- Bom dia, Caio – Miguel saiu só de toalha. – Tudo bem?
- Bem, Miguel e você?
- Tudo ótimo, cara. Como foi subir a Pedra da Gávea?
- A gente não subiu.
- Não? Por quê?
- A namorada do Rodrigo não se sentiu bem.
- Ah, que chato. Quando marcarem de novo me chama, por favor. Eu quero ir também.
- Ah, pode deixar. O Kléber está no banho?
- Uhum, mas ele já está saindo.
- Ah, tranquilo. Eu espero.
- Beleza. Bom dia aí.
- Pra nós.
Entrei e aproveitei para fazer a barba. O banheiro estava extremamente molhado e cheio de roupas pelo chão. Eu queria saber quando os caras iam aprender a arrumar as coisas de forma certa.

- Bom dia, gatinho – o outro gay da república saiu pelado do box.
- Bom dia. Pode se enrolar, por favor?
- Ué? Qual o problema? Você já viu mesmo!
- Mas não sou obrigado a ver de novo – dei risada.
- Ah, fala logo que você gostou, vai?
- Até curti no dia, mas não faria de novo.
- Por que não?
- Porque eu sou um homem comprometido hoje em dia e você também. Pode se enrolar?
- Já vou sair, chato. Até mais tarde na loja.
- Até!
- Ah, é verdade que você vai cobrir as férias do Jonas, é?
- Quem te contou isso? – fiquei pasmo.
- É a fofoca que rola na loja!
- Bando de fofoqueiro do caralho...

- Bom dia, Caio – Miguel saiu só de toalha. – Tudo bem?
- Bem, Miguel e você?
- Tudo ótimo, cara. Como foi subir a Pedra da Gávea?
- A gente não subiu.
- Não? Por quê?
- A namorada do Rodrigo não se sentiu bem.
- Ah, que chato. Quando marcarem de novo me chama, por favor. Eu quero ir também.
- Ah, pode deixar. O Kléber está no banho?
- Uhum, mas ele já está saindo.
- Ah, tranquilo. Eu espero.
- Beleza. Bom dia aí.
- Pra nós.
Entrei e aproveitei para fazer a barba. O banheiro estava extremamente molhado e cheio de roupas pelo chão. Eu queria saber quando os caras iam aprender a arrumar as coisas de forma certa.
- Bom dia, gatinho – o outro gay da república saiu pelado do box.
- Bom dia. Pode se enrolar, por favor?
- Ué? Qual o problema? Você já viu mesmo!
- Mas não sou obrigado a ver de novo – dei risada.
- Ah, fala logo que você gostou, vai?
- Até curti no dia, mas não faria de novo.
- Por que não?
- Porque eu sou um homem comprometido hoje em dia e você também. Pode se enrolar?
- Já vou sair, chato. Até mais tarde na loja.
- Até!
- Ah, é verdade que você vai cobrir as férias do Jonas, é?
- Quem te contou isso? – fiquei pasmo.
- É a fofoca que rola na loja!
- Bando de fofoqueiro do caralho...
Cheguei na faculdade um pouco atrasado e para a minha
surpresa, a Marcela não estava presente na sala de aula.
- Sabe da Marcela? – perguntei à Jéssica.
- Não. Eu já mandei mensagem, mas ela não me respondeu.
- Ai, Deus... O que será que aconteceu com eles?
- Com eles? O Rodrigo também não veio?
- Não. Ele nem dormiu em casa.
- Ih...
Eles com certeza deveriam estar juntos e felizes. Provavelmente o casal deveria estar se amando e curtindo a notícia da gravidez.
O Rodrigo era muito apaixonado pela Marcela e vice-versa, então era natural que eles curtissem aquela notícia. Ou será que eu estava enganado?
A aula da Profª Laura estava dinâmica e agitada. Ela passou uma atividade em grupo – valendo nota – e o meu grupo tirou a nota máxima, o que nos deixou muito felizes.

- A Marcela se lascou – disse Jéssica. – Quem mandou ela faltar?
- Pois é – concordei.

- Sabe da Marcela? – perguntei à Jéssica.
- Não. Eu já mandei mensagem, mas ela não me respondeu.
- Ai, Deus... O que será que aconteceu com eles?
- Com eles? O Rodrigo também não veio?
- Não. Ele nem dormiu em casa.
- Ih...
Eles com certeza deveriam estar juntos e felizes. Provavelmente o casal deveria estar se amando e curtindo a notícia da gravidez.
O Rodrigo era muito apaixonado pela Marcela e vice-versa, então era natural que eles curtissem aquela notícia. Ou será que eu estava enganado?
A aula da Profª Laura estava dinâmica e agitada. Ela passou uma atividade em grupo – valendo nota – e o meu grupo tirou a nota máxima, o que nos deixou muito felizes.
- A Marcela se lascou – disse Jéssica. – Quem mandou ela faltar?
- Pois é – concordei.
- Bom dia, filhão – Felipe me cumprimentou. –
Preparado para mais um dia?
- Preparado sim. Hoje é só abdômen, né?
- Isso. Deixa eu ver como estão os músculos?
- No vestiário sim, aqui não.
- Bora lá então.
Na hora que eu tirei a minha camiseta, o meu personal analisou a minha barriga e disse:
- Já está aparecendo os músculos. Só mais uns 10 dias e você consegue deixá-los aparentes.
- Ótimo.
Ele entrou em contradição, porque disse que a musculatura já estava aparecendo e que depois de 10 dias ela iria aparecer, mas eu entendi o que ele quis dizer.
Já fazia muito tempo que eu estava na academia e só então consegui finalmente atingir o corpo que eu queria alcançar. Eu fiquei feliz. Era bom saber que eu era capaz de alcançar os meus objetivos.
Na hora do banho, aquele carinha ficou mais uma vez de olho em mim e eu não resisti mais.
- Ei? Qual seu nome? – perguntei.
- Cássio e o seu?
- Caio. Qual sua idade?
- 30 e a sua?
- 20.
- Bacana.
Fui pra ducha e ele me seguiu. Eu entrei, deixei a porta aberta e ele entrou na mesma cabine que eu. Fiquei assustado, mas excitado.

- Não... Aqui não...
- É rapidinho...
O cara já estava de pau duro. Eu liguei a ducha e ele começou a me chupar imediatamente.
Que delícia... Eu sempre soube que aquele cara queria algo comigo, mas não pensei que ele seria tão puto daquele jeito.
Gozei rapidinho e pensei que ele ia fazer o mesmo, mas me enganei: o homem saiu da minha ducha e entrou na cabine ao lado. Por sorte, ninguém nos viu naquela pegação.

- Preparado sim. Hoje é só abdômen, né?
- Isso. Deixa eu ver como estão os músculos?
- No vestiário sim, aqui não.
- Bora lá então.
Na hora que eu tirei a minha camiseta, o meu personal analisou a minha barriga e disse:
- Já está aparecendo os músculos. Só mais uns 10 dias e você consegue deixá-los aparentes.
- Ótimo.
Ele entrou em contradição, porque disse que a musculatura já estava aparecendo e que depois de 10 dias ela iria aparecer, mas eu entendi o que ele quis dizer.
Já fazia muito tempo que eu estava na academia e só então consegui finalmente atingir o corpo que eu queria alcançar. Eu fiquei feliz. Era bom saber que eu era capaz de alcançar os meus objetivos.
Na hora do banho, aquele carinha ficou mais uma vez de olho em mim e eu não resisti mais.
- Ei? Qual seu nome? – perguntei.
- Cássio e o seu?
- Caio. Qual sua idade?
- 30 e a sua?
- 20.
- Bacana.
Fui pra ducha e ele me seguiu. Eu entrei, deixei a porta aberta e ele entrou na mesma cabine que eu. Fiquei assustado, mas excitado.
- Não... Aqui não...
- É rapidinho...
O cara já estava de pau duro. Eu liguei a ducha e ele começou a me chupar imediatamente.
Que delícia... Eu sempre soube que aquele cara queria algo comigo, mas não pensei que ele seria tão puto daquele jeito.
Gozei rapidinho e pensei que ele ia fazer o mesmo, mas me enganei: o homem saiu da minha ducha e entrou na cabine ao lado. Por sorte, ninguém nos viu naquela pegação.
Era o último dia da Duda na loja e a Janaína estava
pra lá de apreensiva.
- Estou com tanto medo...
- Ah, você vai se dar bem amiga.
- Está tudo bem???
- Está...
- Não está. O que houve?
- Ai... Adivinha? O Rodrigo vai ser pai...
- Nossa... Mas que... Nossa... Como assim?
- É... Ontem nós descobrimos que a Marcela está prenha também...
- Creio em Deus Pai!!! Coitado do Rodrigo...
- E ele não dormiu em casa. Não consigo falar com ele hoje e estou ficando preocupado.
- Ele deve estar com ela, né?
- Mas custa me atender?
- Deixa ele curtir a notícia. Ou ele não curtiu?
- Então, isso é o que eu queria saber. Na hora ele ficou todo perdido, nem falou com a gente.
- Não é pra menos.
- Enfim. É isso. Eu estou começando a ficar preocupado com o menino.
- Não fique. Vai dar tudo certo.
- Deus te ouça. É melhor você aproveitar seu último dia de paz, porque amanhã você vai tomar conta da loja. Não esquece.
- Só por 30 dias, graças a Deus. E eu não vejo a hora de chegar julho.
- Só falta 1 mês.
- E que esse mês passe voando então...
Passei a tarde tentando falar com o Rodrigo, mas ele não me atendeu em nenhum momento.
Fiquei pra lá de preocupado e resolvi ligar para a Marcela. Para a minha surpresa, ela não sabia do namorado:
- Eu pensei que ele estava com você – falei.
- Não. Não está. Ele não está em casa?
- Não. Ele não dormiu lá ontem. E eu estou pra lá de preocupado agora.
- Quem está preocupada sou eu! Onde ele está, Caio?
- Queria saber também.
- Vou ligar pra ele. Qualquer coisa eu te ligo.
- Beleza. E vice-versa.
- Combinado.
Ela desligou e eu fiquei sentado na minha mesa, pensando no meu melhor amigo. O que teria acontecido com ele?
- Pensando? – Duda sentou na minha cadeira.
- Ah, Duda... Desculpa estar parado assim. É que eu estou preocupado com meu irmão. Ele sumiu!
- Como assim sumiu?
Resumi a história e até a minha gerente ficou preocupada.
- Se ele não estiver em casa, é bom você acionar a polícia.
- Ai... Meu Deus do céu... O que será que aconteceu?
- Fica calmo. Vai ver não é nada. Acho que ele deve querer ficar sozinho um pouco, né?
- Mas avisa então... Eu to ficando doido só de pensar no que pode ter acontecido com ele...
- Fica calmo. Quer um chocolate pra diminuir o seu estresse?
- Ah, é... Já está distribuindo?
- Já sim. Escolhe o que você quiser!
Havia um saco imenso de chocolate. Eu peguei a sacola e literalmente enfiei a minha cara dentro. A Duda deu risada.

- Besta – ela comentou.
- Quero esse aqui.
Peguei o menor de todos, porque era o meu favorito.
- O menorzinho?
- É o que eu mais amo.
- Então vem cá me dar um abraço que eu já estou indo embora, TITIO.
Só nesse momento eu me liguei que ia ser tio!
- Pô... Vou ser tio, cara!
- É, cara! Vai ser tio! Parabéns!
- Boas férias, patroa. Descansa bastante.
- Obrigada, meu lindo. Está na hora de você tirar suas férias também, viu?
- Vou pensar no assunto. Por enquanto eu quero ficar trabalhando.
- Mas você já está há 2 anos aqui e nunca tirou férias. É hora de pensar um pouco em você.
- Prometo que pensarei nisso. Espero que você volte logo, viu?
- Só dia 1º de julho, menino. Eu nem saí e você já quer que eu volte?
- Pois é. Só pra você ver o quanto eu te amo!!!
- Estou com tanto medo...
- Ah, você vai se dar bem amiga.
- Está tudo bem???
- Está...
- Não está. O que houve?
- Ai... Adivinha? O Rodrigo vai ser pai...
- Nossa... Mas que... Nossa... Como assim?
- É... Ontem nós descobrimos que a Marcela está prenha também...
- Creio em Deus Pai!!! Coitado do Rodrigo...
- E ele não dormiu em casa. Não consigo falar com ele hoje e estou ficando preocupado.
- Ele deve estar com ela, né?
- Mas custa me atender?
- Deixa ele curtir a notícia. Ou ele não curtiu?
- Então, isso é o que eu queria saber. Na hora ele ficou todo perdido, nem falou com a gente.
- Não é pra menos.
- Enfim. É isso. Eu estou começando a ficar preocupado com o menino.
- Não fique. Vai dar tudo certo.
- Deus te ouça. É melhor você aproveitar seu último dia de paz, porque amanhã você vai tomar conta da loja. Não esquece.
- Só por 30 dias, graças a Deus. E eu não vejo a hora de chegar julho.
- Só falta 1 mês.
- E que esse mês passe voando então...
Passei a tarde tentando falar com o Rodrigo, mas ele não me atendeu em nenhum momento.
Fiquei pra lá de preocupado e resolvi ligar para a Marcela. Para a minha surpresa, ela não sabia do namorado:
- Eu pensei que ele estava com você – falei.
- Não. Não está. Ele não está em casa?
- Não. Ele não dormiu lá ontem. E eu estou pra lá de preocupado agora.
- Quem está preocupada sou eu! Onde ele está, Caio?
- Queria saber também.
- Vou ligar pra ele. Qualquer coisa eu te ligo.
- Beleza. E vice-versa.
- Combinado.
Ela desligou e eu fiquei sentado na minha mesa, pensando no meu melhor amigo. O que teria acontecido com ele?
- Pensando? – Duda sentou na minha cadeira.
- Ah, Duda... Desculpa estar parado assim. É que eu estou preocupado com meu irmão. Ele sumiu!
- Como assim sumiu?
Resumi a história e até a minha gerente ficou preocupada.
- Se ele não estiver em casa, é bom você acionar a polícia.
- Ai... Meu Deus do céu... O que será que aconteceu?
- Fica calmo. Vai ver não é nada. Acho que ele deve querer ficar sozinho um pouco, né?
- Mas avisa então... Eu to ficando doido só de pensar no que pode ter acontecido com ele...
- Fica calmo. Quer um chocolate pra diminuir o seu estresse?
- Ah, é... Já está distribuindo?
- Já sim. Escolhe o que você quiser!
Havia um saco imenso de chocolate. Eu peguei a sacola e literalmente enfiei a minha cara dentro. A Duda deu risada.
- Besta – ela comentou.
- Quero esse aqui.
Peguei o menor de todos, porque era o meu favorito.
- O menorzinho?
- É o que eu mais amo.
- Então vem cá me dar um abraço que eu já estou indo embora, TITIO.
Só nesse momento eu me liguei que ia ser tio!
- Pô... Vou ser tio, cara!
- É, cara! Vai ser tio! Parabéns!
- Boas férias, patroa. Descansa bastante.
- Obrigada, meu lindo. Está na hora de você tirar suas férias também, viu?
- Vou pensar no assunto. Por enquanto eu quero ficar trabalhando.
- Mas você já está há 2 anos aqui e nunca tirou férias. É hora de pensar um pouco em você.
- Prometo que pensarei nisso. Espero que você volte logo, viu?
- Só dia 1º de julho, menino. Eu nem saí e você já quer que eu volte?
- Pois é. Só pra você ver o quanto eu te amo!!!
- Obrigado pela carona, Jonas – eu saí do carro
voando. – Até amanhã.
- O que deu nele? – ouvi a voz do cara na hora que abri a porta da minha casa.

Voei até meu quarto com o coração na mao de tanta preocupação com o Rodrigo, mas este pôde finalmente bater aliviado quando notei a presença de meu irmão em sua cama.
- Rodrigo!!! Ai, Rodrigo... Graças a Deus você está aqui...
Eu fui até a minha antiga cama, sentei e coloquei a mão no braço dele. O garoto estava deitado de lado e não se mexia. Nem sequer ele parecia respirar.
- Rodrigo? – o chamei. – Você está bem?
O marmanjo virou e me fitou. Ele estava com os olhos muito inchados.
- Me abraça? – foi o que ele disse.
Meu coração partiu em milhares de pedaços. Como eu poderia dizer não?
- Oh, maninho... O que você tem?
- Medo... Muito medo...
Deitei e abracei o Rodrigo com toda a força do meu corpo.
- Do que você tem medo, Digow?
- De tudo, Caio... De tudo... Eu não esperava por essa gravidez agora, cara...
- Calma!!! Calma, vai ficar tudo bem!
- Eu nem sei o que fazer, sabe? – ele estava chorando. – Eu nem sei o que vou falar pros meus pais... Meu pai vai me matar...
- Seu pai não vai te matar – acariciei o rosto do rapagão. – Eu não vou deixar isso acontecer.
- Eu to com tanto medo do que vai acontecer daqui pra frente...
- Eu imagino! Mas fica calmo, mano. Já que aconteceu, o jeito agora é assumir e tocar a vida...
- Eu não tenho idade pra ser pai, Cacs... Não tenho!
Se ele tinha idade pra fazer um filho, ele tinha idade pra ser pai e tinha idade pra assumir as responsabilidades.
- Calma, Digow! Não fica nervoso assim. Onde você estava?
- Na praia. Eu dormi na praia...
- E por que não atendeu meus telefonemas? Eu estava preocupado. E a Marcela também está.
- Desculpa, mano... Eu não consegui falar com ninguém...
- Não faça mais isso, por favor. Eu estava mesmo muito preocupado.
- Me perdoa...
Meu irmão adotivo e eu ficamos conversando por um longo período de tempo e depois de muito desabafo, ele acabou ficando mais calmo.
Fiz com que ele entrasse em contato com a namorada e consecultivamente ela também ficou mais calma. Eu tinha certeza que as coisas iam acabar se ajeitando.
Incentivei o Rodrigo a ligar para os pais logo no dia seguinte. Querendo ou não, ele ia ter que abrir o jogo. Ele não ia conseguir esconder aquela gravidez por muito mais tempo, não é?
Por isso, na manhã seguinte, na hora que a gente saiu de casa pra ir pra faculdade, eu fiz questão que ele ligasse para os pais na minha frente. Eu ia apoiar o meu amigo naquela hora difícil da vida dele.
- Não sei, Caio. Eu tenho medo do meu pai brigar comigo...
- Mas isso é fato, Rodrigo. Mas pensa comigo: mais cedo ou mais tarde, eles vão ter que saber. Ou você vai esconder o próprio neto deles?
- Não...
- Então? O que adianta esconder? É melhor você falar logo de uma vez e resolver tudo. Se adiar pode ser pior. Fala logo. Liga, eu vou estar aqui com você.
- O que eu falo? – ele estava com um olhar tão tristonho que me partia o coração.
- A verdade. Fala que por um descuido ela acabou engravidando...
- Mas não houve descuido...
- Então abre o jogo. Seja sincero. Anda, liga!
- Não me pressiona, por favor...
- Eu não estou te pressionando, Digow. Eu só estou tentando te ajudar a passar por essa barra...
- Então eu quero que você fale com meu pai!
- Eu? Por que eu? Não... O pai do bebê é você. É você que vai ter que contar.
- Mas ele vai brigar, Caio!
- Paciência. Se ele brigar eu te consolo, prometo. Anda, liga!
Com as mãos trêmulas, o Rodrigo pegou o celular e discou para o Paraná. Não tardou para a mãe dele atender:

- Mãe? Oi, mãe... Tudo bem?
Pausa.
- Eu estou! Mãe, espera só um segundo?
Eu achei estranho. Rodrigo suspirou e tirou o fone de ouvido do bolso da calça. O menino conectou o fone no aparelho e me entregou uma das partes. Eu hesitei, mas ele colocou o objeto na minha orelha esquerda.
- Pronto mãe.
- Como você está, bebê?
Bebê que fazia bebês.
- Bem... E a senhora? E o pai? E a minha irmã? Meu sobrinho?
- Nós estamos todos bem. E a faculdade como está?
- Bem, bem. O TCC está me matando, mas eu dou conta.
- Eu tenho certeza disso. E o Caio? E seus amigos?
Eu achei super bonitinho da parte da Dona Inês perguntar sobre mim.
- Caio está bem – Rodrigo me olhou. – Ele está aqui pertinho de mim.
- Mande um beijo pra ele. Por que está me ligando tão cedo, Rodrigo? Você só liga depois do almoço. O que aconteceu?
- Na-nada mãe... – percebi que o Rodrigo ficou nervoso. Coitadinho...
- Nada não. Aconteceu alguma coisa. O que é? E a Marcela? Como ela está? Vocês estão bem?
- Sim, nós estamos bem sim...
- Então fale o que quer, filho. Eu te conheço e pela sua voz dá pra perceber o quanto você está nervoso. O que houve contigo? Te fizeram algum mal? Você foi assaltado, é isso?
- Não, não é isso, mãe... Eu estou muito bem...
- Ai que bom. Fale o que é logo, eu estou ficando preocupada!
Segurei na mão do Rodrigo e falei “vai” bem baixinho.
- Sabe o que é, mãe? Eu tenho uma coisa importante pra te contar sim...
- O que foi, amor? Fale com a mamãe... Seja o que for, fale de uma vez.
Ele ficou calado, fechou os olhos, suspirou e disse:
- Você... Você vai... Ser vovó! Pronto, é isso.
- EU VOU O QUÊ. RODRIGO CARVALHO?
Pronto. A guerra estava armada. Até eu fiquei com medo da Dona Inês naquele momento. Aquela mulher dócil e bondosa deu lugar a uma leoa feroz.
- Não acredito que você fez isso, filho! Como pôde ser tão cabeça dura?
- Mãe... Mãe... Aconteceu...
- ACONTECEU? Você fala ACONTECEU, Rodrigo? Você não sabe que existe camisinha, filho?
- A Marcela usava remédio, mãe... Eu não sei como isso aconteceu, não sei!
Foi um bom tempo de conversa, o que fez com que eu e Rodrigo perdêssemos a primeira aula. Dona Inês falou de tudo um pouco e chegou até a mencionar a palavra casamento. Eu fiquei super tenso com toda essa história, mas ela era necessária.
- Eu vou passar o telefone pro seu pai. Conversa com ele e vê o que você resolve.
- Filho? O que você aprontou, moleque?
- Pai... – ele choramingou.
- O que tem a Marcela? Eu ouvi o grito da sua mãe lá do quarto. O que você fez com ela?
- Ela tá grávida, pai...
- Grávida? Que história é essa, Rodrigo? Você é louco, cara?
- Não... Espera, deixa eu explicar...
- Explicar? Explicar o quê? Eu sei muito bem o que você fez pra ela ficar grávida, eu só não sabia que você era tão irresponsável assim, Rodrigo! Por que não usou camisinha? Quantas vezes eu falei pra você usar preservativo, moleque?

- Mas pai... Ela usa anticoncepcional... Eu não sei como isso aconteceu, de verdade!
- De quantos meses ela está?
- Não sei...
- Como assim não sabe?
- Não sei... Eu não sei de nada, ela só fez um exame de sangue...
O pai do meu melhor amigo suspirou profundamente.
- Eu e sua mãe vamos pro Rio no final de semana. Nós temos que conversar com vocês dois e com os pais dela pessoalmente.
- Hã? Pra quê? – ele perguntou.
- Pra ver o que vai ser feito. Pra ver se vocês vão casar, vão noivar sei lá. Você vai ter que assumir esse filho, Rodrigo. E tem mais: você vai ter que trabalhar pra bancá-lo. Eu até posso te sustentar porque você é meu filho, mas neto eu não sustento. Você que fez, você que dê seus pulos pra criar o moleque.
- Pai... – ele choramingou.
- Não adianta choramingar, filho. Eu já te disse isso várias vezes, não disse? Quem mandou não usar preservativo? Agora assuma o seu erro. Seja homem!
Eu concordava com o homem. Ele errou, ele ia ter que assumir aquele bebê.
Os dois se falaram por mais alguns minutos e depois desligaram. Rodrigo ficou meio desnorteado e sem saber o que fazer.
- Eu sabia que eles iam reagir assim, eu sabia!
- Calma – eu o abracei rapidamente. – Vai ficar tudo bem. Agora o jeito é encarar a realidade e tocar o barco. E agora você tem que ir pra aula, isso sim.
- Não sei nem se eu vou me concentrar, Caio. Eu não deveria nem ter vindo hoje.
- Não esqueça que você é bolsista e não pode faltar muito. Ande, vá pra sua sala, no intervalo a gente se vê!
- Beleza, mano. Obrigado por sua ajuda, viu? É muito bom saber que eu posso contar com você.
- Conte comigo sempre, Digow. Não só hoje, não só amanhã e sim sempre.
- Obrigado, cara. Eu te amo, viu?
- Eu te amo também, doido. Até já.
- Até.
Segui para a minha sala e a primeira coisa que fiz quando cheguei lá, foi falar com a Marcela:
- Ele está bem, está meio sem rumo, mas está bem.
- Graças a Deus! Ele já contou pros pais dele?
- Já sim. Acabou de fazer isso. Eu estava com ele, por isso que cheguei atrasado. Você já contou pros seus?
- Já, mas eles não ligaram. Disseram que já sabiam que isso poderia acontecer.
- Nossa, que modernos – eu ri.
- Meus pais são descolados. Eles só disseram que não vão criar meu filho. Isso é de minha responsabilidade. E do Rodrigo também.
- Eu sei. Mas me diz uma coisa, você usava mesmo a pílula?
- Usava, Caio! Não sei como isso foi acontecer, de verdade. Eu nunca falhei com ela...
- Você tem certeza?
- Absoluta. A não ser que eu esteja ficando louca.
- E tem mais: você disse que estava menstruada e por isso não foi possível entrar no mar. Como você pode estar menstruada e grávida ao mesmo tempo?
- Isso não é muito comum, mas pode acontecer, principalmente no começo. Eu tenho uma prima que menstruou os 9 meses. Acho que fui premiada.
- Sabe o que penso? É obra de Deus. Se você tomava remédio e mesmo assim ficou grávida, era porque tinha que ser assim mesmo.
- Verdade. Você tem razão. O choque maior foi na hora, mas agora que o tempo está passando, eu já estou até gostando da ideia. Espero que com o Rodrigo aconteça a mesma coisa.
Mas não aconteceu. Ele ainda estava muito apreensivo com toda aquela história e logo na hora do intervalo, quando eu estava próximo aos dois, eu presenciei o seguinte diálogo:
- Eu não tenho idade pra ser pai, amor...
- Mas aconteceu, Rodrigo! E agora não tem jeito, a gente vai ter que assumir...
- Eu falei com meu pai, ele ficou uma fera!
- Meus pais aceitaram e estão me apoiando, pensa nisso... Não fica mais assim, por favor – a menina deu um beijo nele. – Hum? Vamos pensar nele ou nela agora...
- Não entendo como você ficou grávida tomando remédio, não entendo!
- O Caio me disse uma coisa que eu acho que é verdade...
- O que ele te disse?
- Ele me disse que se eu fiquei grávida mesmo tomando remédio, deve ser porque Deus quis assim. E se Deus quis assim, quem somos nós para discordar, amor?
Rodrigo ficou calado por um segundo. Mais uma vez ele ficou com o olhar morteio.
- Anda, não fica nervoso... Eu, você e nosso bebê seremos muito felizes, eu tenho certeza!
- Mas eu nem tenho trabalho, Marcela!
- Você vai arrumar um, amor... Não fica preocupado, a gente vai dar um jeito de criar o nosso filho!
- E se... E se você... Tirar?
O barulho do tapa no rosto do meu amigo fez o meu coração doer. Eu simplesmente não acreditei no que acabara de presenciar. Como ele podia ser tão... Cafajeste?

- EU NÃO VOU TIRAR O MEU FILHO, RODRIGO! – Marcela levantou do banco do pátio e olhou pra cara do namorado. – EU NÃO ESPERAVA ISSO DE VOCÊ, NÃO ESPERAVA!
A mulher saiu andando e nos deixou pra trás.
- Espera, amor – ele saiu atrás dela e eu fui atrás dele. – Marcela, espera, por favor!
- ME DEIXA EM PAZ – ela gritou, chorando. – EU NUNCA MAIS QUERO SABER DE VOCÊ, NUNCA!
- Amor, espera... – ele tentou segurar no braço da amada, mas esta entrou no banheiro feminino. – MARCELA?
- Ei – eu o puxei com força. – Deixa ela em paz!
- Mas, Caio...
- Deixa ela sozinha, Rodrigo! – eu estava com raiva dele, muita raiva!
- Mas, Caio eu preciso falar com ela!
- Em outra hora você fala. Você tem noção do que você pediu pra ela fazer, Rodrigo?
- Caio, eu estou desesperado... O que eu poderia pensar numa hora dessas?
- Em assumir o seu filho. Você fez, não fez? Agora você vai assumir!
- Mas... E como vai ficar os meus estudos? E a minha vida??? Caio, eu to com medo, cara...
- Seus estudos, sua vida, seus projetos tudo continuará como sempre. Agora você vai ter uma responsabilidade a mais e essa será a maior responsabilidade da sua vida. Deixa a Marcela em paz, vamos sair daqui. Você precisa respirar um pouco!
Levei o Rodrigo para longe do banheiro feminino. Nós ficamos fora do pátio, em uma área que não era coberta para ele arejar a cabeça, mas a minha raiva não deixou isso acontecer. Não pensei duas vezes em brigar com ele ali mesmo, no campus da faculdade:
- Você foi um estúpido, Rodrigo! Eu nunca imaginava que você fosse imaturo desse jeito, te juro! Onde é que já se viu? Propor um aborto? Você quer tirar a vida do seu próprio filho, cara?
- Eu sei... Eu sei... Eu falei na hora do nervoso, eu não quero que ela faça isso... Eu não quero... Eu me arrependi, eu já me arrependi... Eu estou com a cabeça quente, é isso...
- Só que agora você já falou. E não adianta chorar depois do leite derramado, Rodrigo.
- Eu quero falar com ela... Eu vou ligar pra ela...
- Não! Você não vai ligar – roubei o celular dele.
- Por que não? Dá aqui meu celular...
- Não dou! Eu não dou não. Você precisa dar um tempo pra ela. Deixa ela respirar, deixa ela chorar.
- Não quero que ela fique magoada comigo, eu falei sem pensar, Caio... Eu juro que falei sem pensar...
O menino começou a chorar feito um desesperado e só assim a minha raiva diminuiu. Eu o abracei com muito carinho e tentei ser compreensivo. Talvez ele só tivesse dito aquilo na hora do nervoso mesmo.
- Eu não quero que ela tire, eu não quero!
- Eu vou falar com ela, prometo.
- Me ajuda, Caio... Me ajuda, pelo amor de Deus...
- Eu vou te ajudar!
- Não deixa a Marcela terminar comigo, por favor... Eu vou assumir a criança, eu juro que eu vou assumir a criança... Fala isso pra ela, fala pra ela que eu até caso se for o caso... Por favor, me ajuda!!!
- Eu vou te ajudar sim, não fica assim. Mas da próxima vez, vê se pensa duas vezes antes de falar uma porcaria dessas. Você queria acabar com a vida de um inocente!
- NÃO! – ele arregalou os olhos. – Não, eu não quero... Por favor, me perdoa... Não fica bravo comigo...

- Impossível não ficar bravo com você. Você caiu no meu conceito, mano! – fui sincero.
- Desculpa... Desculpa... Eu não sou assassino, eu não sou assassino...
Ele chorava tanto que chegou a perder o ar. Eu não sabia se ficava com dó ou com ódio do Rodrigo pelo que ele acabara de fazer com a namorada.
- Anda, para de chorar – eu me afastei dele. – Vamos lavar esse rosto e vamos voltar pra aula.
Levei o meu parceiro até o banheiro masculino e o fiz lavar o rosto várias vezes. Só depois que o Rodrigo se acalmou eu tive confiança para levá-lo até a sala de aula, mas antes de entrar, eu dei outra bronca nele:
- Seu idiota, você é muito idiota, você é um imbecil! Se você falar isso de novo pra Marcela, eu mesmo vou quebrar todos os seus dentes, entendeu?
- Não... Não briga comigo...
- IDIOTA! – gritei com raiva. A minha raiva tomou conta do meu corpo. – Nunca mais fala uma coisa dessas, ENTENDEU?
- Entendi... Eu não quero que ela faça isso, acredita em mim!
- Difícil acreditar depois de você ter dito. Agora é meio tarde demais, Rodrigo. Você já falou. Entra nessa porcaria de sala e me espera na hora da saída.
Saí andando e fiquei pensando no assunto. Aquele moleque queria acabar com uma vida que nem tinha começado direito. Como ele poderia ser capaz de fazer aquilo?
Encontrei uma Marcela acabada emocionalmente falando. Ela estava com os olhos muito inchados e extremamente vermelhos.
- Marcela...
- Não quero saber de noticias dele, Caio!
- Calma... Fica calma, por favor...
- Não me fala nem o nome daquele imbecil, por favor...
- Marcela, ele está com medo... Ele está nervoso... Ele falou isso na hora do nervoso, ele falou isso sem pensar... O Rodrigo já se arrependeu...
- Não acredito! Se ele pediu para eu tirar é porque não quer essa criança! Mas não tem problema. Eu vou criar o meu bebê sozinha se for o caso, mas eu não vou tirar o meu filho, eu não vou tirar!
- Marcela, acredita em mim... Ele se arrependeu imediatamente do que disse a você... Ele me falou que vai assumir o filho, ele disse que até pode casar com você se for o caso...
- Nunca mais eu quero olhar pra ele, Caio! Nunca mais. Se ele não quer meu filho, eu quero.
Nunca pensei que aquela situação se tornaria tão difícil assim. Na hora da saída, eu e a Marcela encontramos com o Rodrigo na escada e eu tive que ficar no meio dos dois, para ela não acabar com a raça dele ali mesmo na faculdade.
- VOCÊ É UM IDIOTA!
O pior de tudo foi o grito dos alunos incentivando aquela briga. Nem parecia que a gente estava na faculdade, parecia que estávamos no jardim de infância.
- IDIOTA!
- Marcela... Me perdoa, amor... Me perdoa... Eu não queria ter falado isso... Eu juro!!!
Aos poucos a mulher foi ficando mais calma e depois de um tempo ela aceitou conversar com o Rodrigo em particular. Eu saí, mas fiquei com medo de deixar os dois sozinhos.
Pelo sim e pelo não, eu decidi ficar por perto, porque eles iam conversar na frente da universidade mesmo. Por isso, fiquei em uma rua paralela e quando percebi que estava silêncio demais, fui até onde eles estavam para ver se estava tudo bem e para a minha surpresa, o casal estava se beijando.
- Vaca, falsa, desgraçada!!! FALSA, FALSA, FALSA!
Foi a vez de ficar com ódio da Marcela. Para quem não queria saber mais do Rodrigo, até que ela tinha perdoado rápido demais, não é?
Percebendo que eles já estavam bem de novo, o jeito foi ir embora. Eu não tinha mais tempo pra academia, mas mesmo assim eu fui até lá para pelo menos tomar uma ducha. Não queria ir fedendo pro trabalho, né?
- Demorou demais hoje, hein Caio? – Felipe reclamou.
- Não vou treinar, Felipe.
- Como não? Que história é essa?
- Não tenho mais tempo. Tive um problema pra resolver.
- E o que está fazendo aqui então?
- Eu só vim tomar banho – abri um sorriso enorme.
- Ah, safado! Quer dizer que você vai gastar a água da academia à toa? É isso mesmo?
- Que nada, eu pago uma fortuna por mês para treinar aqui. Tenho direito de tomar banho se quiser.
- Uma fortuna? R$ 50,00 é uma fortuna?
- Pra mim é! – dei risada. – Manda um salve pro Well. A gente se vê amanhã.
- Beleza, safado. Vai tomar seu banho. Amanhã a gente se vê.
- O que deu nele? – ouvi a voz do cara na hora que abri a porta da minha casa.
Voei até meu quarto com o coração na mao de tanta preocupação com o Rodrigo, mas este pôde finalmente bater aliviado quando notei a presença de meu irmão em sua cama.
- Rodrigo!!! Ai, Rodrigo... Graças a Deus você está aqui...
Eu fui até a minha antiga cama, sentei e coloquei a mão no braço dele. O garoto estava deitado de lado e não se mexia. Nem sequer ele parecia respirar.
- Rodrigo? – o chamei. – Você está bem?
O marmanjo virou e me fitou. Ele estava com os olhos muito inchados.
- Me abraça? – foi o que ele disse.
Meu coração partiu em milhares de pedaços. Como eu poderia dizer não?
- Oh, maninho... O que você tem?
- Medo... Muito medo...
Deitei e abracei o Rodrigo com toda a força do meu corpo.
- Do que você tem medo, Digow?
- De tudo, Caio... De tudo... Eu não esperava por essa gravidez agora, cara...
- Calma!!! Calma, vai ficar tudo bem!
- Eu nem sei o que fazer, sabe? – ele estava chorando. – Eu nem sei o que vou falar pros meus pais... Meu pai vai me matar...
- Seu pai não vai te matar – acariciei o rosto do rapagão. – Eu não vou deixar isso acontecer.
- Eu to com tanto medo do que vai acontecer daqui pra frente...
- Eu imagino! Mas fica calmo, mano. Já que aconteceu, o jeito agora é assumir e tocar a vida...
- Eu não tenho idade pra ser pai, Cacs... Não tenho!
Se ele tinha idade pra fazer um filho, ele tinha idade pra ser pai e tinha idade pra assumir as responsabilidades.
- Calma, Digow! Não fica nervoso assim. Onde você estava?
- Na praia. Eu dormi na praia...
- E por que não atendeu meus telefonemas? Eu estava preocupado. E a Marcela também está.
- Desculpa, mano... Eu não consegui falar com ninguém...
- Não faça mais isso, por favor. Eu estava mesmo muito preocupado.
- Me perdoa...
Meu irmão adotivo e eu ficamos conversando por um longo período de tempo e depois de muito desabafo, ele acabou ficando mais calmo.
Fiz com que ele entrasse em contato com a namorada e consecultivamente ela também ficou mais calma. Eu tinha certeza que as coisas iam acabar se ajeitando.
Incentivei o Rodrigo a ligar para os pais logo no dia seguinte. Querendo ou não, ele ia ter que abrir o jogo. Ele não ia conseguir esconder aquela gravidez por muito mais tempo, não é?
Por isso, na manhã seguinte, na hora que a gente saiu de casa pra ir pra faculdade, eu fiz questão que ele ligasse para os pais na minha frente. Eu ia apoiar o meu amigo naquela hora difícil da vida dele.
- Não sei, Caio. Eu tenho medo do meu pai brigar comigo...
- Mas isso é fato, Rodrigo. Mas pensa comigo: mais cedo ou mais tarde, eles vão ter que saber. Ou você vai esconder o próprio neto deles?
- Não...
- Então? O que adianta esconder? É melhor você falar logo de uma vez e resolver tudo. Se adiar pode ser pior. Fala logo. Liga, eu vou estar aqui com você.
- O que eu falo? – ele estava com um olhar tão tristonho que me partia o coração.
- A verdade. Fala que por um descuido ela acabou engravidando...
- Mas não houve descuido...
- Então abre o jogo. Seja sincero. Anda, liga!
- Não me pressiona, por favor...
- Eu não estou te pressionando, Digow. Eu só estou tentando te ajudar a passar por essa barra...
- Então eu quero que você fale com meu pai!
- Eu? Por que eu? Não... O pai do bebê é você. É você que vai ter que contar.
- Mas ele vai brigar, Caio!
- Paciência. Se ele brigar eu te consolo, prometo. Anda, liga!
Com as mãos trêmulas, o Rodrigo pegou o celular e discou para o Paraná. Não tardou para a mãe dele atender:
- Mãe? Oi, mãe... Tudo bem?
Pausa.
- Eu estou! Mãe, espera só um segundo?
Eu achei estranho. Rodrigo suspirou e tirou o fone de ouvido do bolso da calça. O menino conectou o fone no aparelho e me entregou uma das partes. Eu hesitei, mas ele colocou o objeto na minha orelha esquerda.
- Pronto mãe.
- Como você está, bebê?
Bebê que fazia bebês.
- Bem... E a senhora? E o pai? E a minha irmã? Meu sobrinho?
- Nós estamos todos bem. E a faculdade como está?
- Bem, bem. O TCC está me matando, mas eu dou conta.
- Eu tenho certeza disso. E o Caio? E seus amigos?
Eu achei super bonitinho da parte da Dona Inês perguntar sobre mim.
- Caio está bem – Rodrigo me olhou. – Ele está aqui pertinho de mim.
- Mande um beijo pra ele. Por que está me ligando tão cedo, Rodrigo? Você só liga depois do almoço. O que aconteceu?
- Na-nada mãe... – percebi que o Rodrigo ficou nervoso. Coitadinho...
- Nada não. Aconteceu alguma coisa. O que é? E a Marcela? Como ela está? Vocês estão bem?
- Sim, nós estamos bem sim...
- Então fale o que quer, filho. Eu te conheço e pela sua voz dá pra perceber o quanto você está nervoso. O que houve contigo? Te fizeram algum mal? Você foi assaltado, é isso?
- Não, não é isso, mãe... Eu estou muito bem...
- Ai que bom. Fale o que é logo, eu estou ficando preocupada!
Segurei na mão do Rodrigo e falei “vai” bem baixinho.
- Sabe o que é, mãe? Eu tenho uma coisa importante pra te contar sim...
- O que foi, amor? Fale com a mamãe... Seja o que for, fale de uma vez.
Ele ficou calado, fechou os olhos, suspirou e disse:
- Você... Você vai... Ser vovó! Pronto, é isso.
- EU VOU O QUÊ. RODRIGO CARVALHO?
Pronto. A guerra estava armada. Até eu fiquei com medo da Dona Inês naquele momento. Aquela mulher dócil e bondosa deu lugar a uma leoa feroz.
- Não acredito que você fez isso, filho! Como pôde ser tão cabeça dura?
- Mãe... Mãe... Aconteceu...
- ACONTECEU? Você fala ACONTECEU, Rodrigo? Você não sabe que existe camisinha, filho?
- A Marcela usava remédio, mãe... Eu não sei como isso aconteceu, não sei!
Foi um bom tempo de conversa, o que fez com que eu e Rodrigo perdêssemos a primeira aula. Dona Inês falou de tudo um pouco e chegou até a mencionar a palavra casamento. Eu fiquei super tenso com toda essa história, mas ela era necessária.
- Eu vou passar o telefone pro seu pai. Conversa com ele e vê o que você resolve.
- Filho? O que você aprontou, moleque?
- Pai... – ele choramingou.
- O que tem a Marcela? Eu ouvi o grito da sua mãe lá do quarto. O que você fez com ela?
- Ela tá grávida, pai...
- Grávida? Que história é essa, Rodrigo? Você é louco, cara?
- Não... Espera, deixa eu explicar...
- Explicar? Explicar o quê? Eu sei muito bem o que você fez pra ela ficar grávida, eu só não sabia que você era tão irresponsável assim, Rodrigo! Por que não usou camisinha? Quantas vezes eu falei pra você usar preservativo, moleque?
- Mas pai... Ela usa anticoncepcional... Eu não sei como isso aconteceu, de verdade!
- De quantos meses ela está?
- Não sei...
- Como assim não sabe?
- Não sei... Eu não sei de nada, ela só fez um exame de sangue...
O pai do meu melhor amigo suspirou profundamente.
- Eu e sua mãe vamos pro Rio no final de semana. Nós temos que conversar com vocês dois e com os pais dela pessoalmente.
- Hã? Pra quê? – ele perguntou.
- Pra ver o que vai ser feito. Pra ver se vocês vão casar, vão noivar sei lá. Você vai ter que assumir esse filho, Rodrigo. E tem mais: você vai ter que trabalhar pra bancá-lo. Eu até posso te sustentar porque você é meu filho, mas neto eu não sustento. Você que fez, você que dê seus pulos pra criar o moleque.
- Pai... – ele choramingou.
- Não adianta choramingar, filho. Eu já te disse isso várias vezes, não disse? Quem mandou não usar preservativo? Agora assuma o seu erro. Seja homem!
Eu concordava com o homem. Ele errou, ele ia ter que assumir aquele bebê.
Os dois se falaram por mais alguns minutos e depois desligaram. Rodrigo ficou meio desnorteado e sem saber o que fazer.
- Eu sabia que eles iam reagir assim, eu sabia!
- Calma – eu o abracei rapidamente. – Vai ficar tudo bem. Agora o jeito é encarar a realidade e tocar o barco. E agora você tem que ir pra aula, isso sim.
- Não sei nem se eu vou me concentrar, Caio. Eu não deveria nem ter vindo hoje.
- Não esqueça que você é bolsista e não pode faltar muito. Ande, vá pra sua sala, no intervalo a gente se vê!
- Beleza, mano. Obrigado por sua ajuda, viu? É muito bom saber que eu posso contar com você.
- Conte comigo sempre, Digow. Não só hoje, não só amanhã e sim sempre.
- Obrigado, cara. Eu te amo, viu?
- Eu te amo também, doido. Até já.
- Até.
Segui para a minha sala e a primeira coisa que fiz quando cheguei lá, foi falar com a Marcela:
- Ele está bem, está meio sem rumo, mas está bem.
- Graças a Deus! Ele já contou pros pais dele?
- Já sim. Acabou de fazer isso. Eu estava com ele, por isso que cheguei atrasado. Você já contou pros seus?
- Já, mas eles não ligaram. Disseram que já sabiam que isso poderia acontecer.
- Nossa, que modernos – eu ri.
- Meus pais são descolados. Eles só disseram que não vão criar meu filho. Isso é de minha responsabilidade. E do Rodrigo também.
- Eu sei. Mas me diz uma coisa, você usava mesmo a pílula?
- Usava, Caio! Não sei como isso foi acontecer, de verdade. Eu nunca falhei com ela...
- Você tem certeza?
- Absoluta. A não ser que eu esteja ficando louca.
- E tem mais: você disse que estava menstruada e por isso não foi possível entrar no mar. Como você pode estar menstruada e grávida ao mesmo tempo?
- Isso não é muito comum, mas pode acontecer, principalmente no começo. Eu tenho uma prima que menstruou os 9 meses. Acho que fui premiada.
- Sabe o que penso? É obra de Deus. Se você tomava remédio e mesmo assim ficou grávida, era porque tinha que ser assim mesmo.
- Verdade. Você tem razão. O choque maior foi na hora, mas agora que o tempo está passando, eu já estou até gostando da ideia. Espero que com o Rodrigo aconteça a mesma coisa.
Mas não aconteceu. Ele ainda estava muito apreensivo com toda aquela história e logo na hora do intervalo, quando eu estava próximo aos dois, eu presenciei o seguinte diálogo:
- Eu não tenho idade pra ser pai, amor...
- Mas aconteceu, Rodrigo! E agora não tem jeito, a gente vai ter que assumir...
- Eu falei com meu pai, ele ficou uma fera!
- Meus pais aceitaram e estão me apoiando, pensa nisso... Não fica mais assim, por favor – a menina deu um beijo nele. – Hum? Vamos pensar nele ou nela agora...
- Não entendo como você ficou grávida tomando remédio, não entendo!
- O Caio me disse uma coisa que eu acho que é verdade...
- O que ele te disse?
- Ele me disse que se eu fiquei grávida mesmo tomando remédio, deve ser porque Deus quis assim. E se Deus quis assim, quem somos nós para discordar, amor?
Rodrigo ficou calado por um segundo. Mais uma vez ele ficou com o olhar morteio.
- Anda, não fica nervoso... Eu, você e nosso bebê seremos muito felizes, eu tenho certeza!
- Mas eu nem tenho trabalho, Marcela!
- Você vai arrumar um, amor... Não fica preocupado, a gente vai dar um jeito de criar o nosso filho!
- E se... E se você... Tirar?
O barulho do tapa no rosto do meu amigo fez o meu coração doer. Eu simplesmente não acreditei no que acabara de presenciar. Como ele podia ser tão... Cafajeste?
- EU NÃO VOU TIRAR O MEU FILHO, RODRIGO! – Marcela levantou do banco do pátio e olhou pra cara do namorado. – EU NÃO ESPERAVA ISSO DE VOCÊ, NÃO ESPERAVA!
A mulher saiu andando e nos deixou pra trás.
- Espera, amor – ele saiu atrás dela e eu fui atrás dele. – Marcela, espera, por favor!
- ME DEIXA EM PAZ – ela gritou, chorando. – EU NUNCA MAIS QUERO SABER DE VOCÊ, NUNCA!
- Amor, espera... – ele tentou segurar no braço da amada, mas esta entrou no banheiro feminino. – MARCELA?
- Ei – eu o puxei com força. – Deixa ela em paz!
- Mas, Caio...
- Deixa ela sozinha, Rodrigo! – eu estava com raiva dele, muita raiva!
- Mas, Caio eu preciso falar com ela!
- Em outra hora você fala. Você tem noção do que você pediu pra ela fazer, Rodrigo?
- Caio, eu estou desesperado... O que eu poderia pensar numa hora dessas?
- Em assumir o seu filho. Você fez, não fez? Agora você vai assumir!
- Mas... E como vai ficar os meus estudos? E a minha vida??? Caio, eu to com medo, cara...
- Seus estudos, sua vida, seus projetos tudo continuará como sempre. Agora você vai ter uma responsabilidade a mais e essa será a maior responsabilidade da sua vida. Deixa a Marcela em paz, vamos sair daqui. Você precisa respirar um pouco!
Levei o Rodrigo para longe do banheiro feminino. Nós ficamos fora do pátio, em uma área que não era coberta para ele arejar a cabeça, mas a minha raiva não deixou isso acontecer. Não pensei duas vezes em brigar com ele ali mesmo, no campus da faculdade:
- Você foi um estúpido, Rodrigo! Eu nunca imaginava que você fosse imaturo desse jeito, te juro! Onde é que já se viu? Propor um aborto? Você quer tirar a vida do seu próprio filho, cara?
- Eu sei... Eu sei... Eu falei na hora do nervoso, eu não quero que ela faça isso... Eu não quero... Eu me arrependi, eu já me arrependi... Eu estou com a cabeça quente, é isso...
- Só que agora você já falou. E não adianta chorar depois do leite derramado, Rodrigo.
- Eu quero falar com ela... Eu vou ligar pra ela...
- Não! Você não vai ligar – roubei o celular dele.
- Por que não? Dá aqui meu celular...
- Não dou! Eu não dou não. Você precisa dar um tempo pra ela. Deixa ela respirar, deixa ela chorar.
- Não quero que ela fique magoada comigo, eu falei sem pensar, Caio... Eu juro que falei sem pensar...
O menino começou a chorar feito um desesperado e só assim a minha raiva diminuiu. Eu o abracei com muito carinho e tentei ser compreensivo. Talvez ele só tivesse dito aquilo na hora do nervoso mesmo.
- Eu não quero que ela tire, eu não quero!
- Eu vou falar com ela, prometo.
- Me ajuda, Caio... Me ajuda, pelo amor de Deus...
- Eu vou te ajudar!
- Não deixa a Marcela terminar comigo, por favor... Eu vou assumir a criança, eu juro que eu vou assumir a criança... Fala isso pra ela, fala pra ela que eu até caso se for o caso... Por favor, me ajuda!!!
- Eu vou te ajudar sim, não fica assim. Mas da próxima vez, vê se pensa duas vezes antes de falar uma porcaria dessas. Você queria acabar com a vida de um inocente!
- NÃO! – ele arregalou os olhos. – Não, eu não quero... Por favor, me perdoa... Não fica bravo comigo...
- Impossível não ficar bravo com você. Você caiu no meu conceito, mano! – fui sincero.
- Desculpa... Desculpa... Eu não sou assassino, eu não sou assassino...
Ele chorava tanto que chegou a perder o ar. Eu não sabia se ficava com dó ou com ódio do Rodrigo pelo que ele acabara de fazer com a namorada.
- Anda, para de chorar – eu me afastei dele. – Vamos lavar esse rosto e vamos voltar pra aula.
Levei o meu parceiro até o banheiro masculino e o fiz lavar o rosto várias vezes. Só depois que o Rodrigo se acalmou eu tive confiança para levá-lo até a sala de aula, mas antes de entrar, eu dei outra bronca nele:
- Seu idiota, você é muito idiota, você é um imbecil! Se você falar isso de novo pra Marcela, eu mesmo vou quebrar todos os seus dentes, entendeu?
- Não... Não briga comigo...
- IDIOTA! – gritei com raiva. A minha raiva tomou conta do meu corpo. – Nunca mais fala uma coisa dessas, ENTENDEU?
- Entendi... Eu não quero que ela faça isso, acredita em mim!
- Difícil acreditar depois de você ter dito. Agora é meio tarde demais, Rodrigo. Você já falou. Entra nessa porcaria de sala e me espera na hora da saída.
Saí andando e fiquei pensando no assunto. Aquele moleque queria acabar com uma vida que nem tinha começado direito. Como ele poderia ser capaz de fazer aquilo?
Encontrei uma Marcela acabada emocionalmente falando. Ela estava com os olhos muito inchados e extremamente vermelhos.
- Marcela...
- Não quero saber de noticias dele, Caio!
- Calma... Fica calma, por favor...
- Não me fala nem o nome daquele imbecil, por favor...
- Marcela, ele está com medo... Ele está nervoso... Ele falou isso na hora do nervoso, ele falou isso sem pensar... O Rodrigo já se arrependeu...
- Não acredito! Se ele pediu para eu tirar é porque não quer essa criança! Mas não tem problema. Eu vou criar o meu bebê sozinha se for o caso, mas eu não vou tirar o meu filho, eu não vou tirar!
- Marcela, acredita em mim... Ele se arrependeu imediatamente do que disse a você... Ele me falou que vai assumir o filho, ele disse que até pode casar com você se for o caso...
- Nunca mais eu quero olhar pra ele, Caio! Nunca mais. Se ele não quer meu filho, eu quero.
Nunca pensei que aquela situação se tornaria tão difícil assim. Na hora da saída, eu e a Marcela encontramos com o Rodrigo na escada e eu tive que ficar no meio dos dois, para ela não acabar com a raça dele ali mesmo na faculdade.
- VOCÊ É UM IDIOTA!
O pior de tudo foi o grito dos alunos incentivando aquela briga. Nem parecia que a gente estava na faculdade, parecia que estávamos no jardim de infância.
- IDIOTA!
- Marcela... Me perdoa, amor... Me perdoa... Eu não queria ter falado isso... Eu juro!!!
Aos poucos a mulher foi ficando mais calma e depois de um tempo ela aceitou conversar com o Rodrigo em particular. Eu saí, mas fiquei com medo de deixar os dois sozinhos.
Pelo sim e pelo não, eu decidi ficar por perto, porque eles iam conversar na frente da universidade mesmo. Por isso, fiquei em uma rua paralela e quando percebi que estava silêncio demais, fui até onde eles estavam para ver se estava tudo bem e para a minha surpresa, o casal estava se beijando.
- Vaca, falsa, desgraçada!!! FALSA, FALSA, FALSA!
Foi a vez de ficar com ódio da Marcela. Para quem não queria saber mais do Rodrigo, até que ela tinha perdoado rápido demais, não é?
Percebendo que eles já estavam bem de novo, o jeito foi ir embora. Eu não tinha mais tempo pra academia, mas mesmo assim eu fui até lá para pelo menos tomar uma ducha. Não queria ir fedendo pro trabalho, né?
- Demorou demais hoje, hein Caio? – Felipe reclamou.
- Não vou treinar, Felipe.
- Como não? Que história é essa?
- Não tenho mais tempo. Tive um problema pra resolver.
- E o que está fazendo aqui então?
- Eu só vim tomar banho – abri um sorriso enorme.
- Ah, safado! Quer dizer que você vai gastar a água da academia à toa? É isso mesmo?
- Que nada, eu pago uma fortuna por mês para treinar aqui. Tenho direito de tomar banho se quiser.
- Uma fortuna? R$ 50,00 é uma fortuna?
- Pra mim é! – dei risada. – Manda um salve pro Well. A gente se vê amanhã.
- Beleza, safado. Vai tomar seu banho. Amanhã a gente se vê.
Encontrar Dona Janaína Santos na mesa da Eduarda foi o
que me divertiu naquela tarde. Eu não sabia se ria da cara dela ou se chorava
pelo que estava acontecendo com o meu irmão postiço.
- Devo te tratar de senhora agora? – perguntei.
- Por favor – ela estava toda séria. – Madame Janaína pra você. Nada de Jana!
- Ah, tá. Até parece. Seu primeiro dia e já está se sentindo um pão com requeijão, quando na verdade você não passa de pão velho com manteiga vencida?
- Sabe, subordinado? Eu amo requeijão, mas prefiro um patê de atum. Eu estou me sentindo um pão com patê de atum.
- Cruzes. Odeio peixe.
- Ah! Então é por isso que você não gosta de mulher, né Caio Monteiro? Porque não gosta de peixe... Agora eu entendi!
- Ai, Janaína... Às vezes eu acho que você é meio louca, sabia?
- Louca eu? Sou a sanidade pura, meu querido. Já bateu o ponto?
- Já, chefe. Cadê o Jonas?
- Não sei. Logo hoje aquela espiga de milho peluda está atrasado!
- Bem feito! – dei risada. – Tomara que você fique sozinha só de raiva.
- Não estou sozinha. A Lady Di está comigo, esqueceu?
Lady Di era o apelido da vendedora que estava dividindo a gerência com a Janaína, a Diana.
- E onde ela está que eu não a estou vendo?
- Foi no estoque resolver um problema de abastecimento.
- Nossa, vocês estão podendo, hein? É isso aí, CHEFA! Mostra quem é que manda nessa loja agora!
- A negra aqui virou rainha, meu filho. Deixa comigo que eu vou arrebentar a boca do balão, você vai ver!!!
- Devo te tratar de senhora agora? – perguntei.
- Por favor – ela estava toda séria. – Madame Janaína pra você. Nada de Jana!
- Ah, tá. Até parece. Seu primeiro dia e já está se sentindo um pão com requeijão, quando na verdade você não passa de pão velho com manteiga vencida?
- Sabe, subordinado? Eu amo requeijão, mas prefiro um patê de atum. Eu estou me sentindo um pão com patê de atum.
- Cruzes. Odeio peixe.
- Ah! Então é por isso que você não gosta de mulher, né Caio Monteiro? Porque não gosta de peixe... Agora eu entendi!
- Ai, Janaína... Às vezes eu acho que você é meio louca, sabia?
- Louca eu? Sou a sanidade pura, meu querido. Já bateu o ponto?
- Já, chefe. Cadê o Jonas?
- Não sei. Logo hoje aquela espiga de milho peluda está atrasado!
- Bem feito! – dei risada. – Tomara que você fique sozinha só de raiva.
- Não estou sozinha. A Lady Di está comigo, esqueceu?
Lady Di era o apelido da vendedora que estava dividindo a gerência com a Janaína, a Diana.
- E onde ela está que eu não a estou vendo?
- Foi no estoque resolver um problema de abastecimento.
- Nossa, vocês estão podendo, hein? É isso aí, CHEFA! Mostra quem é que manda nessa loja agora!
- A negra aqui virou rainha, meu filho. Deixa comigo que eu vou arrebentar a boca do balão, você vai ver!!!
Naquele mesmo dia à noite, eu encontrei um Rodrigo
muito mais calmo que o da noite anterior. Isso me deixou bem feliz.
- Que bom que vocês se acertaram rapidamente.
- Ela entendeu e ela confessou que também chegou a pensar nisso em um primeiro momento. Graças a Deus a gente já está bem de novo.
- Que bom, mano. Eu fico muito feliz!
Nesse momento o Vini entrou no quarto, todo de branco e com uma cara de acabado.
- Atrapalho? – ele sorriu.
- Não. Eu estou aqui parabenizando o papai por ele ter feito as pazes com a namorada.
- E vocês estavam brigados, é?
- Só houve um pequeno desentendimento, mas está tudo bem agora. Vini, me tira duas dúvidas?
- Quais, Digão?
- Primeiro: é possível engravidar tomando anticoncepcional?
- Cara, é possível. É praticamente incomum, mas é possível. Nada é 100% confiável. A sua namorada faz parte do 1% de incerteza do remédio. Porém, ela pode ter falhado com a pílula em algum momento e o remédio pode ter perdido o efeito. Sabe me dizer se ela trocou de remédio recentemente?
- Trocou – ele respondeu de imediato.
- Há quanto tempo?
- Pouco tempo. A ginecologista dela que indicou outro remédio. Acho que ela nem tomou a primeira cartelinha toda ainda.
- Então eu ACHO que é esse o motivo da gravidez. Não me especializei em ginecologia, mas acredito que o organismo precise de um tempo pra se acostumar com o novo anticoncepcional. Deve ser isso.
- MERDA!
- Acontece! Quem mandou não usar camisinha?
- É? Quem mandou? – eu apoiei o Vinícius.
- E eu ia saber que ia dar errado essa porra de remédio? Que ódio!
- Qual a segunda pergunta? – o residente tirou a roupa e ficou só de cueca branca. Ô, delícia!
- Ela está menstruada. Como ela está menstruada e grávida ao mesmo tempo?
- Mais comum do que se possa imaginar. Às vezes a mulher engravida, mas continua ovulando normalmente nos primeiros meses da gestação. E pelo que dá pra notar, ela está bem no comecinho. Ainda não tem nem barriga!
- Ah, entendi...
- E aí, está feliz?
Eu jurava que ele ia tirar a cueca também, mas o Vini só fez arrumar o tecido. Que droga.
- Sinceramente? Ainda estou me acostumando com a ideia, mas aos poucos eu estou ficando feliz sim. Já que aconteceu, é porque tinha que ser assim. É um presente de Deus e esse bebê vai ser muito bem-vindo.
Falso. Ele só disse isso porque eu e a Marcela ficamos putos com o pedido que ele fez. Eu nem queria lembrar daquilo para não ficar com raiva.
- Que bom que vocês se acertaram rapidamente.
- Ela entendeu e ela confessou que também chegou a pensar nisso em um primeiro momento. Graças a Deus a gente já está bem de novo.
- Que bom, mano. Eu fico muito feliz!
Nesse momento o Vini entrou no quarto, todo de branco e com uma cara de acabado.
- Atrapalho? – ele sorriu.
- Não. Eu estou aqui parabenizando o papai por ele ter feito as pazes com a namorada.
- E vocês estavam brigados, é?
- Só houve um pequeno desentendimento, mas está tudo bem agora. Vini, me tira duas dúvidas?
- Quais, Digão?
- Primeiro: é possível engravidar tomando anticoncepcional?
- Cara, é possível. É praticamente incomum, mas é possível. Nada é 100% confiável. A sua namorada faz parte do 1% de incerteza do remédio. Porém, ela pode ter falhado com a pílula em algum momento e o remédio pode ter perdido o efeito. Sabe me dizer se ela trocou de remédio recentemente?
- Trocou – ele respondeu de imediato.
- Há quanto tempo?
- Pouco tempo. A ginecologista dela que indicou outro remédio. Acho que ela nem tomou a primeira cartelinha toda ainda.
- Então eu ACHO que é esse o motivo da gravidez. Não me especializei em ginecologia, mas acredito que o organismo precise de um tempo pra se acostumar com o novo anticoncepcional. Deve ser isso.
- MERDA!
- Acontece! Quem mandou não usar camisinha?
- É? Quem mandou? – eu apoiei o Vinícius.
- E eu ia saber que ia dar errado essa porra de remédio? Que ódio!
- Qual a segunda pergunta? – o residente tirou a roupa e ficou só de cueca branca. Ô, delícia!
- Ela está menstruada. Como ela está menstruada e grávida ao mesmo tempo?
- Mais comum do que se possa imaginar. Às vezes a mulher engravida, mas continua ovulando normalmente nos primeiros meses da gestação. E pelo que dá pra notar, ela está bem no comecinho. Ainda não tem nem barriga!
- Ah, entendi...
- E aí, está feliz?
Eu jurava que ele ia tirar a cueca também, mas o Vini só fez arrumar o tecido. Que droga.
- Sinceramente? Ainda estou me acostumando com a ideia, mas aos poucos eu estou ficando feliz sim. Já que aconteceu, é porque tinha que ser assim. É um presente de Deus e esse bebê vai ser muito bem-vindo.
Falso. Ele só disse isso porque eu e a Marcela ficamos putos com o pedido que ele fez. Eu nem queria lembrar daquilo para não ficar com raiva.
NO FINAL DE SEMANA...
Rever os pais do meu amigo foi muito bom. Dona Inês me
deu um abraço tão caloroso que até me deixou encabulado.
- Você está cada dia mais lindo, hein?
- Obrigado – fiquei sem ieito.
- E eu amei esse cabelo loiro aí. Parabéns, ficou muito bom. Por que não faz também, filho?
- Não combinaria comigo, mãe.
- Muito bom te ver Caio – o pai dele apertou a minha mão. – Mas agora vamos na casa da Marcela que eu quero resolver tudo isso de uma vez por todas.
Ai, ai, ai, ai, ai... Eu estava até com dó do Rodrigo. Será que o pai dele ia obrigá-lo a casar? Eu não queria nem pensar nessa possibilidade para não ficar com ciúmes, mas já era tarde demais.
Quando cheguei na loja, o Jonas foi logo falando comigo:
- Pode vir às 10 horas amanhã?
- Claro!
- Ah, muito obrigado! Fechei o time então.
- Estava só faltando eu, né? Seu melhor vendedor...
- Metido. Vem cá, seu estágio está assinado pelo Tácio.
- Pô, finalmente hein?
- É...
Segui o magricela até a mesa dele e encontrei as duas projetos de gerentes sentadas juntas. Elas discutiam alguma coisa.
- E aí, meninas? Qual conclusão vocês chegaram? – perguntou meu chefe.
- Nenhuma ainda – Lady Di respondeu. – Oi, Caio.
- Caio! Me dá um beijo, seu fedorento.
Beijei a Jana e sentei na mesa do Jonas.
- Aqui, Caio. Assina onde tem o seu nome, por favor.
- Beleza. Alguma notícia da Duda?
- Não. Ela não vai ligar, né Caio? Deixa a mulher curtir as férias dela em paz.
- Verdade. A coitadinha merece – concordei.
- Você está cada dia mais lindo, hein?
- Obrigado – fiquei sem ieito.
- E eu amei esse cabelo loiro aí. Parabéns, ficou muito bom. Por que não faz também, filho?
- Não combinaria comigo, mãe.
- Muito bom te ver Caio – o pai dele apertou a minha mão. – Mas agora vamos na casa da Marcela que eu quero resolver tudo isso de uma vez por todas.
Ai, ai, ai, ai, ai... Eu estava até com dó do Rodrigo. Será que o pai dele ia obrigá-lo a casar? Eu não queria nem pensar nessa possibilidade para não ficar com ciúmes, mas já era tarde demais.
Quando cheguei na loja, o Jonas foi logo falando comigo:
- Pode vir às 10 horas amanhã?
- Claro!
- Ah, muito obrigado! Fechei o time então.
- Estava só faltando eu, né? Seu melhor vendedor...
- Metido. Vem cá, seu estágio está assinado pelo Tácio.
- Pô, finalmente hein?
- É...
Segui o magricela até a mesa dele e encontrei as duas projetos de gerentes sentadas juntas. Elas discutiam alguma coisa.
- E aí, meninas? Qual conclusão vocês chegaram? – perguntou meu chefe.
- Nenhuma ainda – Lady Di respondeu. – Oi, Caio.
- Caio! Me dá um beijo, seu fedorento.
Beijei a Jana e sentei na mesa do Jonas.
- Aqui, Caio. Assina onde tem o seu nome, por favor.
- Beleza. Alguma notícia da Duda?
- Não. Ela não vai ligar, né Caio? Deixa a mulher curtir as férias dela em paz.
- Verdade. A coitadinha merece – concordei.
Ao chegar na república, o Rodrigo foi logo falando:
- Mano... – ele me abraçou.
- O que foi? Aconteceu algo?
- Não. Está tudo bem. Meus pais conversaram com os pais dela e resolvemos tudo.
- Vão casar? – me preparei pro sim com os olhos fechados. Ia doer...
- Não. Não vamos nos casar.
- Não? – respirei aliviado.
- Não. Só depois, mais pra frente. Depois que o bebê nascer. Só quando eu tiver dinheiro pra isso.
- Ah, entendi – então não era um “não” por completo. Era um meio “sim” na verdade. Fiquei triste.
- Que bom que resolveram tudo. Está feliz agora?
- Agora sim, Cacs – ele sorriu. – Meus pais me apoiaram em todas as minhas decisões. E os dela também. Graças a Deus está tudo certo.
- Que bom, mano. Eu fico mesmo muito feliz por você. De verdade.
- Obrigado, Cacs. Nós marcamos o ultrassom pra semana que vem. Quer ir com a gente?
- Nossa, ficaria honrado. Que horas vai ser?
- De tarde.
- Como eu vou se estarei trabalhando a semana toda?
- Não tem como você pegar uma folga?
- Pior que não, eu estou sem folga disponível – fiquei mais uma vez triste.
- Que chato... Queria tanto que você fosse com a gente...
- Ah, não faltará oportunidade. Obrigado pelo convite!
- Caio, eu tenho outro convite pra te fazer...
- Qual?
- Você aceita ser o padrinho do meu filho?
QUE LIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIINDO!!!
- Padrinho? – fiquei meio sem reação.
- Lógico! Você é meu irmãozinho, eu quero que você seja o segundo pai pro meu bebê! Aceita?
- Ai, Digow – me pus a chorar. – Que lindo, meu...
- Ô, mano... Chora não... Senão eu choro junto...
- Nossa, que honra esse convite... – sequei uma lágrima. – Me deixou emocionado, viu?
- Bobo. Aceita, vai?
E tinha como dizer não?
- Claro que eu aceito. Nossa, estou muito feliz com o convite, muito feliz mesmo!!! Obrigado, de coração...
- Por nada. Eu e a minha linda não íamos te deixar fora dessa de jeito nenhum.
- Muito obrigado, muito obrigado mesmo!!!
- Ninguém melhor que você pra ser o padrinho do meu filho!
Digão estava demonstrando tanta felicidade que a gente ficou falando sobre o assunto e ele confessou que estava mesmo amando a novidade. Depois do susto, é claro que ele só podia curtir a ideia. E não tinha outro jeito. O bebê já estava feito, já estava na barriga da mãe e dali alguns meses estaria no mundo para viver, crescer, aprender, sonhar, ter desilusões e evoluir espiritualmente falando. Então, que essa criança, o meu futuro afilhado, viesse com muita, muita saúde pro mundo. Eu tinha certeza que, no que dependesse de mim, eu faria o possível, o impossível e se possível um pouco mais para ele ou ela ser muito feliz na vida. E com os pais também não seria diferente.
- Você quer menino ou menina? – perguntei.
- Quero um menino. Pra ensinar a pegar as mulheres desde cedo!
Achei isso ridículo, mas tudo bem. Não opinei sobre o assunto.
- Pra ensinar a jogar bola, pra ensinar a empinar pipa, pra ensinar a jogar bolinha de gude... – Rodrigo se deliciou só de pensar no bebê.
- Pelo jeito você mudou mesmo de ideia, hein? Ainda bem que está curtindo a ideia de ser pai agora...
- Ai, eu fui um tosco naquele dia! Me arrependi muito por ter dito o que disse. Ainda bem que vocês me perdoaram.
- Eu não deveria. Você foi um tosco mesmo! Tirar a vida de um inocente que não pediu pra vir ao mundo...
- Eu sei, eu sei. Melhor nem falar nesse assunto porque eu mesmo sinto vontade de me matar. Fui um nojento... Mas só foi uma ideia passageira, cometida pelo nervoso e pelo medo. Graças a Deus já está tudo bem.
- É... Você foi muito cruel, mas já passou. Não vamos falar mais nisso. Tem preferência por algum nome?
- Ah, ainda não pensei nisso, mas eu gosto de vários.
- Quais, por exemplo?
- Rodrigo... Rodrigo... Rodrigo e deixa eu pensar mais um pouco... Hum... Ah, Rodrigo! – ele brincou.
- Por que não coloca Caio que nem eu? Ele vai amar ser xará do padrinho!
- Ai não, coitado. Caio é comum demais.
- E Rodrigo não, né?
- O meu nome é mais bonito que o seu, oalhaço!
- Ah, tá! Só em sonho.
Meu melhor amigo e eu ficamos nesse impasse por um tempo e depois finalmente resolvemos dormir. Ele precisava descansar, afinal teria uma semana turbulenta na faculdade e na vida pessoal. Eu estava muito, muito ansioso para a realização daquele ultrassom; eu precisava saber como estava o meu futuro afilhado. Ou afilhada.
- Mano... – ele me abraçou.
- O que foi? Aconteceu algo?
- Não. Está tudo bem. Meus pais conversaram com os pais dela e resolvemos tudo.
- Vão casar? – me preparei pro sim com os olhos fechados. Ia doer...
- Não. Não vamos nos casar.
- Não? – respirei aliviado.
- Não. Só depois, mais pra frente. Depois que o bebê nascer. Só quando eu tiver dinheiro pra isso.
- Ah, entendi – então não era um “não” por completo. Era um meio “sim” na verdade. Fiquei triste.
- Que bom que resolveram tudo. Está feliz agora?
- Agora sim, Cacs – ele sorriu. – Meus pais me apoiaram em todas as minhas decisões. E os dela também. Graças a Deus está tudo certo.
- Que bom, mano. Eu fico mesmo muito feliz por você. De verdade.
- Obrigado, Cacs. Nós marcamos o ultrassom pra semana que vem. Quer ir com a gente?
- Nossa, ficaria honrado. Que horas vai ser?
- De tarde.
- Como eu vou se estarei trabalhando a semana toda?
- Não tem como você pegar uma folga?
- Pior que não, eu estou sem folga disponível – fiquei mais uma vez triste.
- Que chato... Queria tanto que você fosse com a gente...
- Ah, não faltará oportunidade. Obrigado pelo convite!
- Caio, eu tenho outro convite pra te fazer...
- Qual?
- Você aceita ser o padrinho do meu filho?
QUE LIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIINDO!!!
- Padrinho? – fiquei meio sem reação.
- Lógico! Você é meu irmãozinho, eu quero que você seja o segundo pai pro meu bebê! Aceita?
- Ai, Digow – me pus a chorar. – Que lindo, meu...
- Ô, mano... Chora não... Senão eu choro junto...
- Nossa, que honra esse convite... – sequei uma lágrima. – Me deixou emocionado, viu?
- Bobo. Aceita, vai?
E tinha como dizer não?
- Claro que eu aceito. Nossa, estou muito feliz com o convite, muito feliz mesmo!!! Obrigado, de coração...
- Por nada. Eu e a minha linda não íamos te deixar fora dessa de jeito nenhum.
- Muito obrigado, muito obrigado mesmo!!!
- Ninguém melhor que você pra ser o padrinho do meu filho!
Digão estava demonstrando tanta felicidade que a gente ficou falando sobre o assunto e ele confessou que estava mesmo amando a novidade. Depois do susto, é claro que ele só podia curtir a ideia. E não tinha outro jeito. O bebê já estava feito, já estava na barriga da mãe e dali alguns meses estaria no mundo para viver, crescer, aprender, sonhar, ter desilusões e evoluir espiritualmente falando. Então, que essa criança, o meu futuro afilhado, viesse com muita, muita saúde pro mundo. Eu tinha certeza que, no que dependesse de mim, eu faria o possível, o impossível e se possível um pouco mais para ele ou ela ser muito feliz na vida. E com os pais também não seria diferente.
- Você quer menino ou menina? – perguntei.
- Quero um menino. Pra ensinar a pegar as mulheres desde cedo!
Achei isso ridículo, mas tudo bem. Não opinei sobre o assunto.
- Pra ensinar a jogar bola, pra ensinar a empinar pipa, pra ensinar a jogar bolinha de gude... – Rodrigo se deliciou só de pensar no bebê.
- Pelo jeito você mudou mesmo de ideia, hein? Ainda bem que está curtindo a ideia de ser pai agora...
- Ai, eu fui um tosco naquele dia! Me arrependi muito por ter dito o que disse. Ainda bem que vocês me perdoaram.
- Eu não deveria. Você foi um tosco mesmo! Tirar a vida de um inocente que não pediu pra vir ao mundo...
- Eu sei, eu sei. Melhor nem falar nesse assunto porque eu mesmo sinto vontade de me matar. Fui um nojento... Mas só foi uma ideia passageira, cometida pelo nervoso e pelo medo. Graças a Deus já está tudo bem.
- É... Você foi muito cruel, mas já passou. Não vamos falar mais nisso. Tem preferência por algum nome?
- Ah, ainda não pensei nisso, mas eu gosto de vários.
- Quais, por exemplo?
- Rodrigo... Rodrigo... Rodrigo e deixa eu pensar mais um pouco... Hum... Ah, Rodrigo! – ele brincou.
- Por que não coloca Caio que nem eu? Ele vai amar ser xará do padrinho!
- Ai não, coitado. Caio é comum demais.
- E Rodrigo não, né?
- O meu nome é mais bonito que o seu, oalhaço!
- Ah, tá! Só em sonho.
Meu melhor amigo e eu ficamos nesse impasse por um tempo e depois finalmente resolvemos dormir. Ele precisava descansar, afinal teria uma semana turbulenta na faculdade e na vida pessoal. Eu estava muito, muito ansioso para a realização daquele ultrassom; eu precisava saber como estava o meu futuro afilhado. Ou afilhada.
NO DIA DO ULTRASSOM DA MARCELA...
Fiquei o dia todo ligando pro Rodrigo e pra Marcela,
no intuito de saber notícias do ultrassom, mas nem um, nem outro me atendia. O
jeito foi esperar até a noite e perguntar pessoalmente para o meu irmãozinho
querido.
Por isso, assim que coloquei os pés na nossa residência, tratei logo de ir até o meu quarto e assim que o vi deitado, de costas pra porta, fui logo perguntando:
- E aí, mano? Como está o meu afilhado afinal de contas?
Ouvi ele fungar o nariz em resposta e isso me deixou encucado.
- Rodrigo? – fui até a cama dele. – Você está chorando?
Mexi no corpo dele e percebi que sim. Aquilo tudo seria emoção pelo fato de ter visto o filho pela primeira vez?
- Ei... O que foi, mano? Por que chora assim? É emoção por causa do bebê?
- Ai, Caio... Está doendo tanto... – ele simplesmente me abraçou e começou a soluçar.
- Ei... O que foi, mano? O que aconteceu, hein? Por que você está tão nervoso assim?
- A Marcela... A Marcela... Ela... Ela terminou... Terminou comigo...
- Terminou com você? – eu arregalei meus olhos. – Como assim? O que aconteceu? Por que ela terminou com você?
- Ai, Caio... – ele estava tão desesperado, tadinho.
- Calma, mano... Não fica assim, pelo amor de Deus!
Depois de muito tempo foi que ele se acalmou e me explicou o que estava acontecendo:
- A gente foi fazer o ultrassom...
- Hum? E como está o bebê?
- Morto. O meu filho está morto!!!


Por isso, assim que coloquei os pés na nossa residência, tratei logo de ir até o meu quarto e assim que o vi deitado, de costas pra porta, fui logo perguntando:
- E aí, mano? Como está o meu afilhado afinal de contas?
Ouvi ele fungar o nariz em resposta e isso me deixou encucado.
- Rodrigo? – fui até a cama dele. – Você está chorando?
Mexi no corpo dele e percebi que sim. Aquilo tudo seria emoção pelo fato de ter visto o filho pela primeira vez?
- Ei... O que foi, mano? Por que chora assim? É emoção por causa do bebê?
- Ai, Caio... Está doendo tanto... – ele simplesmente me abraçou e começou a soluçar.
- Ei... O que foi, mano? O que aconteceu, hein? Por que você está tão nervoso assim?
- A Marcela... A Marcela... Ela... Ela terminou... Terminou comigo...
- Terminou com você? – eu arregalei meus olhos. – Como assim? O que aconteceu? Por que ela terminou com você?
- Ai, Caio... – ele estava tão desesperado, tadinho.
- Calma, mano... Não fica assim, pelo amor de Deus!
Depois de muito tempo foi que ele se acalmou e me explicou o que estava acontecendo:
- A gente foi fazer o ultrassom...
- Hum? E como está o bebê?
- Morto. O meu filho está morto!!!
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