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A dor do tapa que eu recebi ainda estava recente, mas mais do que essa dor física, eu estava sentindo também uma dor na alma e pela primeira vez, uma dor na consciência.
- EU TE AMO, DESGRAÇADO – ouvi o grito dele de dentro do apartamento e em seguida ouvi o barulho de alguma coisa se quebrando.
- Bruno...
No único momento que eu tive para reagir com 100% de razão, eu agi com 100% de emoção. Na hora em que eu deveria ter pensado como o Bruno, na hora mais importante desde que eu o reencontrara, eu não fiz nada a não ser pensar na dor que ele deveria estar sentindo por causa daquela lembrança horrorosa.
Naquele momento que ele revelou o seu segredo de vida, eu não deveria ter pensado no sofrimento que ele teve, isso poderia ter esperado um pouco, eu deveria ter pensando que esse foi o motivo pelo qual ele saiu do país e isso, eu não fiz!
Neste momento, não foi a minha consciência que me chamou de burro, foi o meu coração. Burro por ter desperdiçado a última chance de ser feliz com o amor da minha vida.
Eu fiquei arrasado. Não só pelo tapa na cara, não só pela rejeição do Bruno, mas também por ter sido um ogro durante mais de 1 ano.
Eu nunca quis ouvir o Bruno e quando ele finalmente teve a oportunidade de revelar o que aconteceu, eu simplesmente não acreditei.
Está certo, eu tive os meus motivos, mas esses motivos deveriam ter sido desconstruídos à partir do momento que o Murilo confirmou a história da adoção e à partir do momento que a Pâmela confirmou a expulsão do tio de sua casa.
Eu tinha provas, eu tinha fatos que comprovavam que ele estava falando a verdade e mais do que isso, eu podia enxergar naqueles olhos azuis que tudo não passava da verdade e mesmo assim eu não dava uma chance pro Bruno, uma chance pro nosso amor...
Que espécie de ser humano eu era? Que espécie de cara eu estava sendo? Eu percebi que eu não passava de um idiota, de um ridículo, de um tosco e nada mais do que um crápula, um egoísta!
Chorar pra mim era pouco. Burro, idiota, sem coração, sem sentimentos... Eu só pensei na minha dor, eu só pensei no meu sofrimento e não dei chances para a minha mente se colocar no lugar do Bruno... Como eu era egoísta!
Meu Deus, como ele deveria ter sofrido com toda aquela história! Ele não passava de um adolescente, ele não passava de um garoto de 16 anos. Um menino, um jovem que não tinha estrutura, não tinha a menor condição de escolha...
Como eu fui desumano maltratando o Bruno daquela forma... Só assim eu pude finalmente enxergar o quão eu havia sido injusto com ele, o quão eu havia sido injusto com o nosso amor...
Sim, porquê independente de tudo, eu o amava e ele a mim. Se ele não me amasse, ele não teria insistido por tanto tempo...
Mais de 1 ano. Esse foi o tempo que ele passou correndo atrás de mim. E o que eu fiz? Só o humilhei, só o xinguei e só fiz com que o nosso amor fosse pras lixo...
Senti vontade de sumir do mundo neste momento. Senti vontade de mais uma vez desaparecer em um buraco que me levasse até o Japão. Eu nunca me odiei tanto como me odiei naquele momento.
Meu coração sangrava e estava menor que um grão de mostarda. Eu me senti tão péssimo, mas tão péssimo, que eu não queria nem olhar pro espelho; senão eu seria capaz de quebrá-lo de tanta raiva que eu estava sentindo de mim mesmo.
Fui pra praia. Eu precisava colocar a cabeça no lugar. Eu precisava esfriar os meus pensamentos e apaziguar a dor que eu estava sentindo dentro do coração e talvez o mar pudesse me ajudar de alguma forma. Ele sempre me ajudava. Ele sempre fazia isso.
Cacei um canto e sentei na areia mesmo. Não tirei nem os meus tênis, não tirei nada dos bolsos. Eu só queria esfriar a cabeça.
Meus olhos estavam tão embaçados por causa do choro – choro de raiva – que eu sequer consegui distinguir a cor daquele oceano imenso.
O barulho das ondas deixaram o meu coração mais tranquilo, mas ele ainda estava em guerra comigo. Ele ainda estava me xingando e ele ainda estava me mostrando o quanto eu tinha sido injusto e ao mesmo tempo burro, egoísta.
Foi então que a minha consciência tentou reverter aquele sofrimento que eu estava sentindo. Eu tentei encontrar justificativas para os meus atos e eu até as tinha, mas o meu coração não deu trégua. Depois de tanto tempo, ele finalmente venceu a guerra contra a minha razão e mandou ela calar a boca para sempre. E foi exatamente isso que aconteceu.
CALA A BOCA, VOZ MALDITA!
Mas...
CALA A BOCA, SOME E NUNCA MAIS VOLTA! DEIXA O CAIO VIVER EM PAZ AO LADO DO BRUNO!
Bruno não... Bruno não...
BRUNO SIM! BRUNO, BRUNO, BRUNO, BRUNO! CALA ESSA BOCA E NUNCA MAIS FALE A RESPEITO DO BRUNO. QUEM MANDA AGORA SOU EU!
Eu não pensei em mais nada, a não ser no quanto eu o amava e no quanto ele poderia estar sofrendo por minha causa.
Poderia não, ele estava sim sofrendo por minha causa. E a culpa era minha. Eu que sofri tanto, sabia o quanto isso era doloroso e eu não queria que o Bruno passasse pela mesma coisa que eu.
Foi então que eu enfim resolvi acreditar no que ele me contou. Dentro do meu coração já não havia mais dúvidas da verdade. Ele não estava mentindo e eu sabia disso. No fundo, eu sempre soube que ele não estava mentindo. Eu queria saber por qual motivo eu fui tão cruel com o Bruno daquela forma.
Eu iria sim perdoar o meu grande amor, mas a mim eu não perdoaria. Eu fui desumano com ele e isso não tinha perdão.
Eu poderia maltratar quem quer que fosse, até mesmo o mundo se fosse o caso, mas o Bruno não.
O Bruno estava acima de qualquer pessoa que convivia comigo e acima dele, só estava Deus.
Meu amor por aquele garoto era tão grande, que ultrapassava qualquer limite que a razão ou alguém quisesse impor. E não seria um erro que já tinha passado que iria me afastar dele pro resto da vida.
Mas ele não queria mais me ver e ele deixou isso bem claro. E não era pra menos. Eu no lugar dele não teria aguentado tanto tempo. E só assim eu pude enxergar o quanto ele gostava de mim.
- AI QUE ÓDIO! – eu gritei. Eu estava sentindo ódio de mim mesmo e era um ódio inacabável.
Eu tinha acabado com a minha própria felicidade. Eu tinha jogado fora a chance de ser feliz com o Bruno. A chance de ser feliz com o homem da minha vida.
Pensei na Do Carmo. Ela disse que o Bruno era a minha alma gêmea. E se ele era a minha alma gêmea, eu não podia simplesmente lutar contra o que sentia por ele.
E ela disse também que nós íamos voltar. É, íamos voltar. Íamos voltar porque eu ia perdoá-lo, porque eu ia pedir perdão e ia corrigir os meus erros. E seria ainda naquela noite.
Por isso, eu peguei o celular e com as mãos trêmulas liguei pro Bruno, mas ele não me atendeu.
Insisti várias vezes seguidas, mas ele não atendeu nenhuma ligação. Mais uma vez me senti um verme. Esse era o preço que eu estava pagando por causa da minha crueldade.
Eu estava pagando com a mesma moeda. Quantas vezes ele me ligou e eu não atendi? Pude perceber o quanto isso era doloroso, o quanto isso era ruim... E me senti ainda pior.
Porém eu não ia desistir. Eu não ia deixar o Bruno escapar das minhas mãos. Eu ia tentar correr atrás do prejuízo, porque eu tinha certeza que não era tarde. Não podia ser tarde demais... Não podia...
Arrependido. Assim eu passei a me sentir. E eu tinha certeza que ele iria me perdoar, tinha certeza que ele ia voltar atrás na decisão de não me querer mais e que a gente poderia voltar e ser felizes juntos.
Não, eu não ia desistir e não ia perder a ÚLTIMA chance que eu tinha para enfim ser feliz. Feliz de verdade e talvez feliz por completo. Eu tinha que mudar as minhas atitudes e tinha que voltar atrás e pedir perdão pro Bruno. Pedir perdão de joelhos se fosse o caso.
Estuprado. Essa palavra e toda a história que ele me contou ficou ecoando na minha cabeça.
Como um irmão pôde fazer aquilo com o meu Bruno? Como? Até eu já estava odiando aquele tal de Márcio. Até eu estava com vontade de esmurrar a cara dele!
Violentado sexualmente pelo próprio irmão e logo em seguida perder o pai por causa disso. Ele deveria ter sofrido muito, muito mesmo. Bem mais do que eu, inclusive.
Eu apenas fui expulso de casa e isso comparado ao que o Bruno viveu, não era nada. Absolutamente nada.
Egoísta. Como eu fui egoísta! Se eu soubesse... Se eu soubesse de metade daquilo eu nunca teria tratado o Bruno da forma como tratei...
Que trauma imenso o dele, meu Deus! Que trauma imenso! Apenas uma criança. Era isso que ele era. 10 anos de idade. Um menino inocente que foi obrigado a passar por tudo isso.
Só nesse momento eu entendi o motivo pelo qual o meu ex-namorado não quis me contar como fora sua primeira relação sexual. Sua primeira experiência fora traumática. Traumática até demais. Um estupro! Nem nos meus piores pesadelos eu poderia imaginar uma coisa dessas. Pobrezinho do Bruno. Pobrezinho do amor da minha vida!
Levantei e pensei em duas possibilidades. A primeira era voltar ao apartamento dele para tentar pedir desculpas e a segunda era voltar pra casa e deixar o tempo passar. Talvez se eu desse um tempo pro Bruno, ele pudesse refletir melhor e voltar atrás naquela decisão.
Sim, era melhor eu fazer isso. Era melhor eu voltar pra minha casa e pensar em uma forma de pedir desculpas pro Bruno. Com a mente mais calma, eu poderia achar uma solução para aquele problema. E eu ia encontrar.
Mas eu estava desesperado e não parava de chorar. Doía imaginar que eu nunca mais poderia voltar com meu ex por causa das minhas bobagens e infantilidades.
Infantilidades... Como eu fui criança... Como eu fui irracional... Como eu fui injusto... Como eu fui imaturo... Como eu fui intolerante...
Contudo, não adiantava chorar depois do leite derramado. O melhor que eu tinha a fazer naquele momento era arregaçar as minhas mangas e ir à luta. E eu não ia medir esforços para voltar com o Bruno. Eu não ia medir esforços para alcançar a minha felicidade; se fosse preciso, eu derrubaria um gigante e enfrentaria o que quer que fosse para ficar com ele.
Eu enfrentaria a sociedade preconceituosa, eu enfrentaria os meus amigos que o odiavam, eu enfrentaria o mundo se preciso fosse e moveria montanhas se isso trouxesse o Bruno pra mim!
Como eu estava arrependido por ter deixado tanto tempo passar. Como eu estava arrependido por não ter dado o braço à torcer, por não ter admitido há muito tempo que eu era simplesmente louco pelo Bruno...
Janaína estava certa. Eu deveria ter voltado com ele há muito tempo! Eu deveria ter voltado com ele desde o nosso primeiro beijo depois de sua volta...
Dona Elvira era outra que estava certa. Eu deveria ter passado por cima do meu orgulho e deveria ter voltado com o Bruno desde o momento em que a minha dor diminuiu.
Vinícius também tinha razão. Ele sempre disse que eu tinha que ficar com quem me faria feliz. E o Bruno me fazia feliz. E como me fazia feliz.
- Me perdoa, Bruno... – eu falei em voz alta, mesmo sabendo que ele não estava perto de mim. – Me perdoa...
Eu estava incrédulo. Eu não podia ter deixado as coisas chegarem naquele ponto. Por que eu só fui cair na real quando ele me mandou embora? Por que eu só fui cair na real quando ele me rejeitou???
Porque eu provei do meu próprio veneno. E descobri que não era bom o que eu estava fazendo com ele. Só por isso. Eu tive que provar do meu próprio veneno e tive que sofrer o mesmo que ele sofria para entender que eu estava agindo de forma errada.
Mas não tinha problema. Todo sofrimento serve como amadurecimento e eu tinha certeza que nós dois iríamos sair muito mais fortes daquela situação... Eu tinha certeza disso!
Voltei pra casa. Eu precisava traçar um plano para reconquistar o meu Bruno e precisava fazer isso com a cabeça fria.
O primeiro passo seria ligar para a Duda ou o Jonas. Eu precisava entrar mais cedo na loja. No dia seguinte mesmo eu ia terminar meu namoro com o Murilo.
Como eu fiz mal ao Murilo... Eu traí o menino não sei quantas vezes... Como eu fui cruel com ele também...
Só aí eu percebi que eu estava fazendo muito mal as pessoas. Eu que sempre julguei as atitudes do Bruno, no fim das contas estava agindo pior que ele. Muito pior que ele mesmo...
- Gerência, Jonas?
- Chefe? – a minha voz quase não saiu.
- Quem é?
- É o Caio...
- Cacete, Caio! Que voz de traveco é essa? Sua voz parece a do Dumbledore do Harry Potter!
- Depois eu te explico. Será que eu posso entrar mais cedo e sair mais cedo amanhã? Eu tenho um puta problema pessoal pra resolver...
- Ah, pode sim. Se é só mudança de horário não tem problema. Eu autorizo. Vou mandar e-mail pro RH formalizando.
- Muito obrigado.
- Vai conseguir trabalhar com essa voz?
- Vou. Não se preocupe.
- Não quer pegar um atestado?
- Não, não precisa. Obrigado, Jonas. Até amanhã.
- Então até amanhã, Caio.
Eu nunca tinha falto em 2 anos de trabalho e não seria naquele momento que eu faria isso. A mudança de horário já me ajudaria bastante.
- Caio? Onde você estava? – perguntou Vinícius.
- Resolvendo a minha vida, Vini – falei.
- Que voz horrível... Quer um remédio? Uma injeçãozinha? – ele sorriu.
- Não. Jà me basta aquelas quinhentas mil que você me aplicou naquela época. Até hoje tá doendo.
- Besta!
- Ei, Cacs... – Digow me lançou um olhar da cama. – Onde você tava? Eu fiquei preocupado.
Ficou preocupado, mas não me ligou em nenhum momento para saber de notícias.
- Eu estava resolvendo a minha vida.
- Andou chorando? Que olhos vermelhos são esses?
- Chorei sim.
- Brigou com o Murilo?
- Não. Briguei com o Bruno.
- COM O BRUNO, CAIO? O QUE VOCÊ ESTAVA FAZENDO COM ELE?
- Nós temos que conversar, Rodrigo – eu sentei na cama dele.
- Você não voltou com ele não, né? Ontem bem que eu vi os olhares de vocês dois...
- Nâo, não voltei. Ainda. Mas eu vou voltar.
- VOCÊ É LOUCO?
- Ei, me escuta...
- O que está acontecendo aqui? – o médico entrou no quarto.
- É esse burro, Vini! Acredita que ele quer voltar com o desgraçado do Bruno?
- Já não era sem tempo, hein?
- Você apoia, Vini? É louco também? Não lembra o sofrimento que essa anta teve naquela época?
- Rodrigo, ele não saiu do Brasil porque quis – comecei a argumentar. – E ele teve um motivo muito sério pra isso. Só agora eu consegui perceber que ele está falando a verdade.
- Cacs, você é muito ingênuo!
- Não sou. Eu posso ser tudo, menos ingênuo. Eu percebi que ele está falando a verdade, eu sinto isso, eu tenho provas disso. E eu não aguento mais ficar longe dele. Eu vou tentar voltar com ele sim e não vai ser você que vai me impedir.
- Mas, Caio...
- Rodrigo, eu amo o Bruno, entende? Eu não sei viver sem ele... Já perdi as contas de quantas vezes eu traí o Murilo com ele...
- Você traiu o Murilo com o BRUNO? – ele deu um soco na parede.
- Cuidado pra não quebrar a mão – Vinícius aconselhou.
- Eu amo o Bruno, Rodrigo. Entende?
- Não, não entendo! Como você é burro, Caio... Esse infeliz quase colocou um ponto final na sua vida e agora você simplesmente quer voltar? Não aceito isso.
- Digão, eu te amo demais... Você é um puta amigo, é mais que isso na
verdade... Você é um irmão e sabe muito bem disso, mas eu não vou ficar sem o
Bruno só porque você não aceita. Eu amo o Bruno demais e eu vou lutar por
ele...
- Por que lutar? – Vinícius se meteu. – Ele não vive atrás de você? Não é só voltar e acabou?
- Não. Até ontem seria assim, mas hoje nós brigamos e ele disse que cansou de mim...
- Bem feito! Queria eu que ele sumisse do mapa de novo – Rodrigo bufou.
- Não, ele não vai sumir. Eu não vou deixar. Eu só vou dar tempo ao tempo, vou deixar passar uns dias e vou atrás dele pra gente se entender de vez. E eu sei que a gente vai se entender.
- Não acredito... Você é muito burro, cara...

- Sou mesmo. Concordo com você. Sou burro por ter percebido só agora, depois de séculos que ele só está falando a verdade. E eu não aguento mais ficar sem ele... Eu vou voltar!
- Pois então é problema seu – Rodrigo saiu da cama. – Eu lavo as minhas mãos. E tem mais: se ele fizer qualquer coisa com você, nem me procura. Eu não quero saber disso não. Problema é seu se você gosta de sofrer. Eu to fora dessa história. Vocês que se virem então. Boa noite.
- Ei, onde você vai?
- Respirar. Odeio ficar perto de pessoas burras.
- Deixa ele – Vinícius me encarou. – Ele está com ciúmes.
- Ciúmes?
- Claro. Ele gosta de você.
- Oi? – fiquei chocado.
Será que o Vini sabia de alguma coisa?
- Ele gosta de você, você é melhor amigo dele e ele não quer te ver sofrer de novo. É por isso que ele não aceita essa relação com o Bruno.
- Se ele não quer me ver sofrendo, ele tem que aceitar o meu relacionamento, com quem quer que seja.
- Caio, parabéns! Você está fazendo a coisa certa. Finalmente...
- Eu estou tão arrependido, Vini... Precisou ele me expulsar do apartamento para eu cair em si e perceber o quanto ele estava sendo sincero comigo...
- Não fique pensando nisso. O ser humano é assim. E tenha certeza que todo erro, todo sofrimento serve pra gente amadurecer. Com certeza esse erro você não vai mais cometer.
- Eu estou com muito ódio de mim mesmo...
- Não, não se crucifique tanto assim. Você só tem 20 anos, é normal que reaja com impulsividade do jeito que você reagiu. É normal.
- Mas eu fui muito burro...
- Você é jovem, garoto. Eu ficaria admirado se você agisse da forma correta e não errasse. Quem nunca errou que atire a primeira pedra.
Como ele era sábio!
- E tem mais – Vinícius continuou. – Se é dele que você gosta, é com ele que você tem que ficar. E não vai ser o Rodrigo que vai impedir. Seja feliz, garoto.
Fiquei calado e com vergonha.
- Abra seu coração, deixa esse amor aflorar. Ele já ficou reprimido tempo demais. Quanto tempo que vocês estão separados?
- Vai fazer 3 anos mês que vem.
- E você não acha 3 anos tempo suficiente para amadurecer essa relação? Vocês estão mais velhos, estão mais sábios e aprenderam a lição. Se vocês se gostam mesmo como parece, não vai ser o passado que vai impedir a felicidade dos dois. Passa uma borracha nisso tudo, Caio. Deixa o que passou pra trás. Não pensa que essa saída dele do Brasil foi um ponto final pra vocês dois. Pensa que só foi um ponto ou uma vírgula e pensa também que agora é hora de só trocar a página de lado pra continuar de onde vocês pararam, mas continuar de uma forma muito melhor que antes. Pensa nisso.
Deu vontade de dar um beijo naquele homem maravilhoso.
- Obrigado pelos conselhos, Vini!
- Você sabe que eu gosto de você. Conta comigo sempre que você precisar, sempre.
Dei um abraço nele. Era tudo o que eu precisava ouvir. Bendita hora que eu fui pra minha casa.
- Você é muito sábio – quase chorei.
- A vida já me baqueou muito, Caio. Eu aprendi com meus erros. E você também vai aprender com os seus. Ninguém nasce amadurecido, isso acontece com o tempo. E eu tenho certeza que hoje você amadureceu.
Ele tinha razão. Eu estava vendo o mundo com outros olhos. Eu só não podia imaginar que esse amadurecimento fosse acontecer do dia pra noite.
- Por que esse amadurecimento aconteceu do dia pra noite? – perguntei.
- Ele não aconteceu do dia pra noite. Imagine que nós somos uma joia rara e que precisamos ser lapidados. Durante esses 3 anos, a vida te lapidou e hoje foi a cartada final. Agora você está pronto para voltar pro Bruno e está pronto pra ser feliz com ele de uma vez por todas.
E se Deus quisesse seria assim.
- Você acha que eu devo ligar pra ele?
- Faça o que o seu coração mandar, Caio. Se quiser ligar, ligue. Se achar que precisa de um tempo, dê esse tempo.
- Eu já liguei, mas ele não me atendeu...
- Eu acho que ele deve estar pensando no que está acontecendo. Se o que ele disse é verdade, se ele cansou mesmo de você, você vai precisar mostrar pra ele que se arrepende e eu sei que vocês vão voltar.
- Como você sabe?
- Ah, Caio, eu não sou criança. Eu vi o jeito que ele te olha e o jeito que você olha pra ele. Ontem no show vocês ficaram se olhando o tempo todo. Parecia até que todo o resto das pessoas que estavam lá eram invisíveis.
Ele estava certo novamente. Foi justamente essa a sensação que eu tive.
- Você precisa pensar em tudo o que aconteceu. Por que não descansa? Eu vou falar com o Rodrigo.
- Ele deve ter saído de casa...
- Eu sei muito bem onde ele está, pode acreditar. Te desejo boa sorte com o Bruno.
- Nossa... Eu nem sei como te agradecer por tantos conselhos bons...
- Não me agradeça. Os amigos servem pra isso. Agora eu vou falar com o Rodrigo e depois vou ver a Bruna. Boa noite, Caio.
- Boa noite, Vini. Obrigado por tudo. Diz pro Digow que eu o amo muito!
- Não tem nada que agradecer. Pode deixar que eu digo sim.
Ele saiu e eu fui pra minha cama. Deitei, pensei no Bruno e as lágrimas voltaram a me cegar. Eu ia dar um jeito naquela situação, ou eu não me chamava Caio Monteiro.
- A gente vai voltar, amor da minha vida – sussurrei e vi o rostinho dele na minha mente. – A gente vai voltar...
Acordar
pensando no Caio era mais do que rotina, era costume, mas naquela manhã foi
ainda pior.- Por que lutar? – Vinícius se meteu. – Ele não vive atrás de você? Não é só voltar e acabou?
- Não. Até ontem seria assim, mas hoje nós brigamos e ele disse que cansou de mim...
- Bem feito! Queria eu que ele sumisse do mapa de novo – Rodrigo bufou.
- Não, ele não vai sumir. Eu não vou deixar. Eu só vou dar tempo ao tempo, vou deixar passar uns dias e vou atrás dele pra gente se entender de vez. E eu sei que a gente vai se entender.
- Não acredito... Você é muito burro, cara...
- Sou mesmo. Concordo com você. Sou burro por ter percebido só agora, depois de séculos que ele só está falando a verdade. E eu não aguento mais ficar sem ele... Eu vou voltar!
- Pois então é problema seu – Rodrigo saiu da cama. – Eu lavo as minhas mãos. E tem mais: se ele fizer qualquer coisa com você, nem me procura. Eu não quero saber disso não. Problema é seu se você gosta de sofrer. Eu to fora dessa história. Vocês que se virem então. Boa noite.
- Ei, onde você vai?
- Respirar. Odeio ficar perto de pessoas burras.
- Deixa ele – Vinícius me encarou. – Ele está com ciúmes.
- Ciúmes?
- Claro. Ele gosta de você.
- Oi? – fiquei chocado.
Será que o Vini sabia de alguma coisa?
- Ele gosta de você, você é melhor amigo dele e ele não quer te ver sofrer de novo. É por isso que ele não aceita essa relação com o Bruno.
- Se ele não quer me ver sofrendo, ele tem que aceitar o meu relacionamento, com quem quer que seja.
- Caio, parabéns! Você está fazendo a coisa certa. Finalmente...
- Eu estou tão arrependido, Vini... Precisou ele me expulsar do apartamento para eu cair em si e perceber o quanto ele estava sendo sincero comigo...
- Não fique pensando nisso. O ser humano é assim. E tenha certeza que todo erro, todo sofrimento serve pra gente amadurecer. Com certeza esse erro você não vai mais cometer.
- Eu estou com muito ódio de mim mesmo...
- Não, não se crucifique tanto assim. Você só tem 20 anos, é normal que reaja com impulsividade do jeito que você reagiu. É normal.
- Mas eu fui muito burro...
- Você é jovem, garoto. Eu ficaria admirado se você agisse da forma correta e não errasse. Quem nunca errou que atire a primeira pedra.
Como ele era sábio!
- E tem mais – Vinícius continuou. – Se é dele que você gosta, é com ele que você tem que ficar. E não vai ser o Rodrigo que vai impedir. Seja feliz, garoto.
Fiquei calado e com vergonha.
- Abra seu coração, deixa esse amor aflorar. Ele já ficou reprimido tempo demais. Quanto tempo que vocês estão separados?
- Vai fazer 3 anos mês que vem.
- E você não acha 3 anos tempo suficiente para amadurecer essa relação? Vocês estão mais velhos, estão mais sábios e aprenderam a lição. Se vocês se gostam mesmo como parece, não vai ser o passado que vai impedir a felicidade dos dois. Passa uma borracha nisso tudo, Caio. Deixa o que passou pra trás. Não pensa que essa saída dele do Brasil foi um ponto final pra vocês dois. Pensa que só foi um ponto ou uma vírgula e pensa também que agora é hora de só trocar a página de lado pra continuar de onde vocês pararam, mas continuar de uma forma muito melhor que antes. Pensa nisso.
Deu vontade de dar um beijo naquele homem maravilhoso.
- Obrigado pelos conselhos, Vini!
- Você sabe que eu gosto de você. Conta comigo sempre que você precisar, sempre.
Dei um abraço nele. Era tudo o que eu precisava ouvir. Bendita hora que eu fui pra minha casa.
- Você é muito sábio – quase chorei.
- A vida já me baqueou muito, Caio. Eu aprendi com meus erros. E você também vai aprender com os seus. Ninguém nasce amadurecido, isso acontece com o tempo. E eu tenho certeza que hoje você amadureceu.
Ele tinha razão. Eu estava vendo o mundo com outros olhos. Eu só não podia imaginar que esse amadurecimento fosse acontecer do dia pra noite.
- Por que esse amadurecimento aconteceu do dia pra noite? – perguntei.
- Ele não aconteceu do dia pra noite. Imagine que nós somos uma joia rara e que precisamos ser lapidados. Durante esses 3 anos, a vida te lapidou e hoje foi a cartada final. Agora você está pronto para voltar pro Bruno e está pronto pra ser feliz com ele de uma vez por todas.
E se Deus quisesse seria assim.
- Você acha que eu devo ligar pra ele?
- Faça o que o seu coração mandar, Caio. Se quiser ligar, ligue. Se achar que precisa de um tempo, dê esse tempo.
- Eu já liguei, mas ele não me atendeu...
- Eu acho que ele deve estar pensando no que está acontecendo. Se o que ele disse é verdade, se ele cansou mesmo de você, você vai precisar mostrar pra ele que se arrepende e eu sei que vocês vão voltar.
- Como você sabe?
- Ah, Caio, eu não sou criança. Eu vi o jeito que ele te olha e o jeito que você olha pra ele. Ontem no show vocês ficaram se olhando o tempo todo. Parecia até que todo o resto das pessoas que estavam lá eram invisíveis.
Ele estava certo novamente. Foi justamente essa a sensação que eu tive.
- Você precisa pensar em tudo o que aconteceu. Por que não descansa? Eu vou falar com o Rodrigo.
- Ele deve ter saído de casa...
- Eu sei muito bem onde ele está, pode acreditar. Te desejo boa sorte com o Bruno.
- Nossa... Eu nem sei como te agradecer por tantos conselhos bons...
- Não me agradeça. Os amigos servem pra isso. Agora eu vou falar com o Rodrigo e depois vou ver a Bruna. Boa noite, Caio.
- Boa noite, Vini. Obrigado por tudo. Diz pro Digow que eu o amo muito!
- Não tem nada que agradecer. Pode deixar que eu digo sim.
Ele saiu e eu fui pra minha cama. Deitei, pensei no Bruno e as lágrimas voltaram a me cegar. Eu ia dar um jeito naquela situação, ou eu não me chamava Caio Monteiro.
- A gente vai voltar, amor da minha vida – sussurrei e vi o rostinho dele na minha mente. – A gente vai voltar...
A dor na minha cabeça era simplesmente insuportável. Era mais uma crise de enxaqueca por causa do meu ex-namorado. A claridade me incomodou e muito quando eu abri os meus olhos na manhã daquela terça-feira do mês de julho.
- Caio – chamei pelo nome dele e abracei o meu travesseiro.
Como estava sendo difícil aceitar a realidade. Como estava sendo doloroso assumir para mim mesmo que eu tinha perdido a guerra. Como estava sendo torturante fazer o meu coração entender que nunca mais haveria nada entre o Caio e eu. Como estava sendo sufocante viver aquele amor sem ser correspondido!
Todavia, não dava mais para ficar naquele joguinho de gato e rato. Eu já tinha me humilhado demais. Me rastejado demais. E não tinha dado certo.
O Caio não me queria mesmo. Ele me odiava, essa era a realidade. E era melhor eu aceitá-la de uma vez por todas.
Fiquei olhando pela janela e pensando no meu branquinho. O que será que ele estaria fazendo naquele momento? Será que estava com o filho da puta do Murilo? Aquele fedelho nojento e ridículo?
Que ridículo! Que namorico mais sem graça. Eu tinha certeza que o Caio não era feliz com meu primo. Mas, de que adiantava tentar alguma coisa? Ele não me queria mesmo!
Suspirei. Não tinha mais jeito mesmo. Nada poderia ser feito para mudar aquela situação. Todas as minhas fichas já tinham acabado. Eu não tinha mais argumentos. E nem forças. Nada me faria vencer aquele jogo, nada.
Portanto, a única coisa sensata que eu poderia fazer naquele momento era me colocar no meu lugar, erguer a minha cabeça e continuar vivendo sem o Caio.
Esquecê-lo? NUNCA. Eu não seria capaz de fazê-lo. Deixar de amá-lo? JAMAIS! Isso eu tinha certeza que era simplesmente impossível.
Certamente nada disso aconteceria. Certamente eu seria refém daquele amor pro resto da minha vida. Eu não tinha como lutar contra aquele sentimento. Não mesmo>
No entanto, eu tinha como me afastar do desgraçado. Eu tinha como ir embora para bem longe. Viver aquele amor na surtirna, na encolha, na clausura. Era melhor eu viver aquele amor com dignidade e longe do Caio, do que viver aquele amor com humilhações constantes e perto dele.
Se ele não me queria, ele não me teria nunca mais. Eu ia fazer as vontades dele. Sumir. Desaparecer sem deixar rastros. Ir embora para nunca mais voltar. Era isso que eu ia fazer.
E a minha vida no Brasil? E meu emprego? Meu apartamento? Meu carro? Meus amigos? Meu cursinho?
Nada disso me prenderia ao Brasil. Nada disso me faria mudar de ideia. O emprego? Eu iria abandonar. Apartamento e carro? Não tinha como levar na mala. Que fossem apreendidos por falta de pagamento. Amigos? Vítor, Matheus, João, Maurício e todos os outros teriam que me entender. E cursinho? Eu faria no exterior.
Família eu já não tinha mesmo. Para que me prender a
uma terra que não me traria nada de bom? Para que viver à mercê de um amor que
andava mal das pernas?
Chega de humilhação, Bruno Duarte! É a hora de deixar as coisas e seguir a sua vida. Ainda que sozinho, é verdade, mas é hora de seguir adiante, sem olhar para trás.
Sozinho. É, é isso! Eu ia ficar sozinho. E deixaria o Caio em paz. Não era isso que ele queria? Não era isso que ele tanto anseava? Então era isso que ele teria. Liberdade. Ele ficaria liberto de mim, porém nunca do meu amor. Esse não morreria, nem com o tempo e muito menos com a distância.
Só que ele nem saberia que esse amor existe. Ele seria amado em silêncio. Ele seria amado sem que nem ao menos soubesse disso. E que fosse assim então.
É, eu estava decidido. Era melhor eu partir à viver em prol de algo que não tinha futuro. Era melhor eu continuar sofrendo, mas longe do Caio. Pelo menos assim eu não cairia em tentação.
Não tinha mais o que decidir e nada me faria mudar de ideia. Eu ia sim embora. Ia voltar para Madrid ou Barcelona. Ia tocar a minha vida sem o Caio. Ia amá-lo sozinho e sem que ele soubesse. E ia fazer isso o mais rápido possível.
Chega de humilhação, Bruno Duarte! É a hora de deixar as coisas e seguir a sua vida. Ainda que sozinho, é verdade, mas é hora de seguir adiante, sem olhar para trás.
Sozinho. É, é isso! Eu ia ficar sozinho. E deixaria o Caio em paz. Não era isso que ele queria? Não era isso que ele tanto anseava? Então era isso que ele teria. Liberdade. Ele ficaria liberto de mim, porém nunca do meu amor. Esse não morreria, nem com o tempo e muito menos com a distância.
Só que ele nem saberia que esse amor existe. Ele seria amado em silêncio. Ele seria amado sem que nem ao menos soubesse disso. E que fosse assim então.
É, eu estava decidido. Era melhor eu partir à viver em prol de algo que não tinha futuro. Era melhor eu continuar sofrendo, mas longe do Caio. Pelo menos assim eu não cairia em tentação.
Não tinha mais o que decidir e nada me faria mudar de ideia. Eu ia sim embora. Ia voltar para Madrid ou Barcelona. Ia tocar a minha vida sem o Caio. Ia amá-lo sozinho e sem que ele soubesse. E ia fazer isso o mais rápido possível.
- Bom dia – eu cumprimentei a Eduarda.
- Bom dia, meu amor – ela me deu dois beijos. – Como foi seu show?

- Ah, foi incrível.
- Impressão minha ou você está meio tristinho?
- Um pouco sim. Problemas com o coração, sabe?

- Entendo.
- E esse baby?
- Crescendo e me deixando enjoada.
- Que delícia, hein? Já sabe os nomes?
- Não. Nós ainda não decidimos.
- Ah, sim. Se for menino coloca Caio. Acho esse nome lindo – brinquei.
- Palhaço – Duda me bateu com uma pasta. – Muito engraçadinho.
- Que é isso, menino? – ouvi a voz da Janaína. – O que está fazendo aqui a essa hora da madrugada?
- Pedi pra entrar mais cedo.
A minha voz já estava bem melhor, mas a dela ainda estava horrível.
- Que voz de robocope gay a sua – falei.
- Com licença, Duda. Eu vou cometer um assassinato – a mulher segurou no meu braço e me puxou. – Escuta aqui, se falar isso de novo eu vou fazer uma peruca pras bonecas das minhas primas com os pelos do seu saco, entendeu?
- Malvada... – quis dar risada.
- E eu vou arrancar um por um à pinça. Se liga, e eu lá tenho cara de viado?
- Não. Na verdade é de travesti – saí dando risada.
- Vou te matar, moleque desgraçado!
A Eduarda só deu risada. Ainda bem que ela levava as nossas brincadeiras na esportiva.
- Amor – fui e abracei a Alexia. – Como vocês estão?
- Nós estamos ótimos e você? Parece abatido, aconteceu algo?
- Sim, mas eu prefiro não falar ainda. Eu vou resolver a minha vida hoje à noite e se der tudo certo, eu conto tudo amanhã.
- Ih... Quanto mistério!
- E esse bebê lindo?
- Está ótimo.
- Enjoando muito?
- Nada. Só estou sentindo desejos por enquanto. Hoje fiquei com uma vontade esquisita de experimentar meu xampu...
Dei risada. Grávidas e seus desejos loucos.
- Mas não experimentei. Vai que faz mal pra ele.
- Ou pra ela.
- É...
- E Diego?
- Cada dia mais babão e mais apaixonado. Ai, eu estou tão feliz!
Os olhinhos dela brilhavam de felicidade. Eu fiquei contente pela minha amiga.
- Que bom, Alexia. Eu fico muito feliz por você.
Só faltava EU ser feliz...
- Bom dia, meu amor – ela me deu dois beijos. – Como foi seu show?
- Ah, foi incrível.
- Impressão minha ou você está meio tristinho?
- Um pouco sim. Problemas com o coração, sabe?
- Entendo.
- E esse baby?
- Crescendo e me deixando enjoada.
- Que delícia, hein? Já sabe os nomes?
- Não. Nós ainda não decidimos.
- Ah, sim. Se for menino coloca Caio. Acho esse nome lindo – brinquei.
- Palhaço – Duda me bateu com uma pasta. – Muito engraçadinho.
- Que é isso, menino? – ouvi a voz da Janaína. – O que está fazendo aqui a essa hora da madrugada?
- Pedi pra entrar mais cedo.
A minha voz já estava bem melhor, mas a dela ainda estava horrível.
- Que voz de robocope gay a sua – falei.
- Com licença, Duda. Eu vou cometer um assassinato – a mulher segurou no meu braço e me puxou. – Escuta aqui, se falar isso de novo eu vou fazer uma peruca pras bonecas das minhas primas com os pelos do seu saco, entendeu?
- Malvada... – quis dar risada.
- E eu vou arrancar um por um à pinça. Se liga, e eu lá tenho cara de viado?
- Não. Na verdade é de travesti – saí dando risada.
- Vou te matar, moleque desgraçado!
A Eduarda só deu risada. Ainda bem que ela levava as nossas brincadeiras na esportiva.
- Amor – fui e abracei a Alexia. – Como vocês estão?
- Nós estamos ótimos e você? Parece abatido, aconteceu algo?
- Sim, mas eu prefiro não falar ainda. Eu vou resolver a minha vida hoje à noite e se der tudo certo, eu conto tudo amanhã.
- Ih... Quanto mistério!
- E esse bebê lindo?
- Está ótimo.
- Enjoando muito?
- Nada. Só estou sentindo desejos por enquanto. Hoje fiquei com uma vontade esquisita de experimentar meu xampu...
Dei risada. Grávidas e seus desejos loucos.
- Mas não experimentei. Vai que faz mal pra ele.
- Ou pra ela.
- É...
- E Diego?
- Cada dia mais babão e mais apaixonado. Ai, eu estou tão feliz!
Os olhinhos dela brilhavam de felicidade. Eu fiquei contente pela minha amiga.
- Que bom, Alexia. Eu fico muito feliz por você.
Só faltava EU ser feliz...
Enquanto o vídeo estava sendo salvo no DVD, eu
finalizei a minha compra. Pronto. Tudo estava resolvido em um piscar de olhos.
Não tinha mais para onde correr. Não tinha mais motivos para ficar ali no
Brasil.
A passagem para a Espanha já estava comprada. O voo sairia do aeroporto internacional exatamente à meia noite. Eu ainda tinha tempo para arrumar as minhas coisas e me despedir do meu melhor amigo, sem que ele soubesse da minha decisão, é claro.

Quando o CD foi ejetado do notebook, eu o peguei, coloquei dentro da caixinha, desliguei a minha máquina e saí para tomar meu banho. Eu precisava ver o Vítor o mais rápido possível.
Ao chegar em Ipanema, toquei a campainha da casa dele por várias vezes, até que o garoto apareceu.
- É você!!! – ele sorriu ao me ver. – Que surpresa boa! Está de folga hoje?
- É, estou. Tudo bem, Vitinho?
- Eu estou ótimo e você? Conversou com o Caio?
- Conversei sim.
Nos abraçamos rapidamente.
- Se acertaram? Está tudo bem agora?
- Não. Não nos acertamos.
Eu estava me sentindo esquisito. Era como se eu estivesse esquecendo alguma coisa em algum lugar. Eu estava um tanto quanto... Vazio...
- Sério, amigo?
- Sério, Vitinho. Mas eu não quero falar sobre esse assunto.
- Às vezes eu tenho vontade de matar vocês dois. Matá-lo por ele te tratar desse jeito. Matar você por ser burro e por correr atrás de alguém que não te merece.
Não falei nada. Apenas suspirei e fiquei olhando para a vizinhança. Só Deus saberia quando eu voltaria ali, ou se voltaria ali.
- Anda, vamos entrar – Vítor me puxou pelo pulso.
- Não, mano. Não posso. Eu estou com pressa. Eu só vim te pedir um favor.
- Pressa? Mas você não disse que está de folga? E que favor é esse?
- Você poderia entregar isso daqui ao Caio?
Tirei o DVD do bolso da minha calça e passei ao meu irmãozinho. Será que ele ia me ajudar?
- Um CD? O que é isso, Bruh?
- É algo que só diz respeito ao Caio. Só ele pode ver isso. Peça que ele veja o quanto antes e que veja sozinho, sem ninguém por perto.
- Nossa! Quanto mistério! E quando eu entrego?
- Assim que você vê-lo. Você faz isso por mim?
- O que você não me pede rindo que eu não faço chorando, Bitch?
Esse era o Vitinho! Como eu sentiria falta do meu amigo, meu Deus!
- Obrigado, Vítor. Você vai me ajudar e muito se fizer isso!
- Faço sim, mas entra! Vamos bater um papo...
- Não posso, eu tenho umas coisas pra fazer lá no apartamento. Eu só vim te trazer o DVD e também te dar um abraço.
Abracei meu amigo de infância. Eu não podia falar que ia embora, não queria dar satisfação pra ele e nem pra ninguém.
- Que foi, Bruh? Está carente por causa do Caio, né?
- São tantas coisas, Vítor. São tantas coisas!
- Olha, por que não parte pra outra? Por que não esquece esse chato de uma vez por todas? Ele não te merece, amigo!
- Não é tão fácil assim, Vítor. Você sabe que eu já tentei ficar com outras pessoas e não consegui!
- Não entendo isso, sabia? Como você pode viver amarrado em uma pessoa que não te ama? Me diz?
- Não sei também! Não sei! Meu amor pelo Caio ultrapassa tudo e me impede de embarcar em novas relações. Pelo menos nesse momento.
- Eu queria tanto poder ajudar em alguma coisa...
- Você pode: basta entregar isso à ele. Já será uma ajuda e tanto!
- eu entrego, eu entrego. Se te faz feliz!
- Obrigado, Vítor. Obrigado mesmo. Agora deixa eu ir que ainda tenho mil coisas pra fazer hoje.
- Então tá, né! Seu chato. Poderia entrar pra tomar uma cervejinha comigo.
- Fica pra outra hora, amigo.
Outra hora... Não existiria mais “outra hora”... Eu não sabia dizer quando eu voltaria a ver o meu melhor amigo. E que falta ele me faria.
- Dá um beijo na sua mãe, manda lembranças pra Dona Terezinha e também aos nossos amigos.
- Nossa! Que estranho isso tudo. Por que está me pedindo isso?
- Apenas faça – liguei o motor do carro. – A gente se fala, Vitinho. Fica com Deus.

- Fica com Deus você também, seu chato.
- Olha... Te amo! Obrigado por ser meu amigo e por me ajudar sempre.
- Também te amo, peste. Vê se não some, tá?
- Pode deixar – nesse momento a minha voz embargou e eu arranquei com o carro. Ele me faria falta. Muita falta mesmo.
A passagem para a Espanha já estava comprada. O voo sairia do aeroporto internacional exatamente à meia noite. Eu ainda tinha tempo para arrumar as minhas coisas e me despedir do meu melhor amigo, sem que ele soubesse da minha decisão, é claro.
Quando o CD foi ejetado do notebook, eu o peguei, coloquei dentro da caixinha, desliguei a minha máquina e saí para tomar meu banho. Eu precisava ver o Vítor o mais rápido possível.
Ao chegar em Ipanema, toquei a campainha da casa dele por várias vezes, até que o garoto apareceu.
- É você!!! – ele sorriu ao me ver. – Que surpresa boa! Está de folga hoje?
- É, estou. Tudo bem, Vitinho?
- Eu estou ótimo e você? Conversou com o Caio?
- Conversei sim.
Nos abraçamos rapidamente.
- Se acertaram? Está tudo bem agora?
- Não. Não nos acertamos.
Eu estava me sentindo esquisito. Era como se eu estivesse esquecendo alguma coisa em algum lugar. Eu estava um tanto quanto... Vazio...
- Sério, amigo?
- Sério, Vitinho. Mas eu não quero falar sobre esse assunto.
- Às vezes eu tenho vontade de matar vocês dois. Matá-lo por ele te tratar desse jeito. Matar você por ser burro e por correr atrás de alguém que não te merece.
Não falei nada. Apenas suspirei e fiquei olhando para a vizinhança. Só Deus saberia quando eu voltaria ali, ou se voltaria ali.
- Anda, vamos entrar – Vítor me puxou pelo pulso.
- Não, mano. Não posso. Eu estou com pressa. Eu só vim te pedir um favor.
- Pressa? Mas você não disse que está de folga? E que favor é esse?
- Você poderia entregar isso daqui ao Caio?
Tirei o DVD do bolso da minha calça e passei ao meu irmãozinho. Será que ele ia me ajudar?
- Um CD? O que é isso, Bruh?
- É algo que só diz respeito ao Caio. Só ele pode ver isso. Peça que ele veja o quanto antes e que veja sozinho, sem ninguém por perto.
- Nossa! Quanto mistério! E quando eu entrego?
- Assim que você vê-lo. Você faz isso por mim?
- O que você não me pede rindo que eu não faço chorando, Bitch?
Esse era o Vitinho! Como eu sentiria falta do meu amigo, meu Deus!
- Obrigado, Vítor. Você vai me ajudar e muito se fizer isso!
- Faço sim, mas entra! Vamos bater um papo...
- Não posso, eu tenho umas coisas pra fazer lá no apartamento. Eu só vim te trazer o DVD e também te dar um abraço.
Abracei meu amigo de infância. Eu não podia falar que ia embora, não queria dar satisfação pra ele e nem pra ninguém.
- Que foi, Bruh? Está carente por causa do Caio, né?
- São tantas coisas, Vítor. São tantas coisas!
- Olha, por que não parte pra outra? Por que não esquece esse chato de uma vez por todas? Ele não te merece, amigo!
- Não é tão fácil assim, Vítor. Você sabe que eu já tentei ficar com outras pessoas e não consegui!
- Não entendo isso, sabia? Como você pode viver amarrado em uma pessoa que não te ama? Me diz?
- Não sei também! Não sei! Meu amor pelo Caio ultrapassa tudo e me impede de embarcar em novas relações. Pelo menos nesse momento.
- Eu queria tanto poder ajudar em alguma coisa...
- Você pode: basta entregar isso à ele. Já será uma ajuda e tanto!
- eu entrego, eu entrego. Se te faz feliz!
- Obrigado, Vítor. Obrigado mesmo. Agora deixa eu ir que ainda tenho mil coisas pra fazer hoje.
- Então tá, né! Seu chato. Poderia entrar pra tomar uma cervejinha comigo.
- Fica pra outra hora, amigo.
Outra hora... Não existiria mais “outra hora”... Eu não sabia dizer quando eu voltaria a ver o meu melhor amigo. E que falta ele me faria.
- Dá um beijo na sua mãe, manda lembranças pra Dona Terezinha e também aos nossos amigos.
- Nossa! Que estranho isso tudo. Por que está me pedindo isso?
- Apenas faça – liguei o motor do carro. – A gente se fala, Vitinho. Fica com Deus.
- Fica com Deus você também, seu chato.
- Olha... Te amo! Obrigado por ser meu amigo e por me ajudar sempre.
- Também te amo, peste. Vê se não some, tá?
- Pode deixar – nesse momento a minha voz embargou e eu arranquei com o carro. Ele me faria falta. Muita falta mesmo.
Eu saí da loja o mais rápido possível e entrei no primeiro ônibus que me
levasse até Ipanema. Quando desci, saí correndo pelas ruas e só parei quando
cheguei na casa do Murilo.

- Pois não? – a mãe dele saiu para a garagem.
- Boa noite, o Murilo está?
- Está sim. Pode entrar, ele está com a namorada.
N-A-M-O-R-A-D-A??? Senti um ódio subir pelo meu corpo de repente...

- Não, obrigado. Eu não vou entrar. A senhora pode chamá-lo e dizer que o Caio está esperando por ele aqui fora? É rapidinho.
- Como quiser. Só um instante.
Ela entrou e ele saiu depois de uns poucos minutos. Nos olhamos, ele estava com a cara fechada e um pouco vermelho.
- O que quer?
- Terminar. Já estou sabendo da sua namoradinha. Faça bom proveito.
- É pois é. Já que você não deu conta do recado, não é?
- Primeiro: quem não deu conta do recado foi VOCÊ. Segundo: eu não sinto NADA por você. Terceiro: eu até tentei fazer algumas coisas, mas foi VOCÊ que não quis.
- Ah, faz favor...
- Você tem um grande problema, Murilo: é criança demais.
Era o sujo falando do mal-lavado, mas tudo bem.
- Quem você pensa que é pra me xingar assim na porta da minha casa?
- Olha só, eu não vou prolongar esse assunto por muito mais tempo. Eu te desejo toda a felicidade do mundo, que você seja muito feliz com essa menina aí, que se casem, que tenham filhos, que vivam bem pro resto da vida, beleza? Foi bom enquanto durou, mas vai ser muito melhor agora que acabou.
- Te desejo tudo em dobro. Acho que agora você vai correndo pros braços do Bruno, não é? Deu pra ver bem o quanto você é doido por ele ontem. Que coisa mais ridícula.
- Ridículo era esse namoro que a gente tinha, se é que dá pra chamar isso de namoro.
- O que eu posso fazer? Você que não dava conta do recado. Por isso que eu te traía direto.
BINGO, DO CARMO!!!
- Não por isso, eu também te traía e não foram poucas vezes. Que fique claro. Mas enfim, eu não vou falar da minha vida pessoal pra você. Já era, acabou. FUI!
Eu passei a sentir um peso muito menor nas minhas costas. Namorar com o Murilo só foi mais um erro e imaturidade da minha parte, mas eu não estava de todo arrependido. Namorar com ele me fez amadurecer também. E aquele erro eu não cometeria mais.
Eu estava solteiro. Solteiro, enfim solteiro. E finalmente eu poderia voltar pro meu Bruno. Se ele quisesse voltar comigo, é claro.
- CAIO? – ouvi alguém, me gritar.

Virei, já com lágrimas nos olhos por pensar que o Bruno poderia não aceitar o meu pedido de desculpas.
Era o Vítor. Ele estava correndo na minha direção e estava carregando alguma coisa nas mãos.
- Caio... – o menino ficou sem ar. – Que bom que eu te encontrei.
- O que foi, Vítor?
- Eu tenho que te entregar isso – ele mostrou um CD.
- Um CD? – ergui as sobrancelhas.
- É do Bruno. Ele veio aqui e pediu para eu te entregar quando eu te visse.
- Do Bruno? – meu coração disparou. – Você sabe o que é isso?
- Não, eu não mexi. Está intacto. Caio, faz alguma coisa...
- Como assim?
- O Bruno está muito estranho... Vocês brigaram de novo?
- Sim – abaixei a cabeça.
- Quando você vai perceber que o meu amigo te ama, Caio?
- Eu já percebi, acredite. Mas ele me mandou embora e disse que está cansado de mim...
- Eu conheço o Bruno... Eu conheço... Ele não está bem... Ele está sofrendo... Faz alguma coisa... Você é o único que pode ajudar o meu amigo... O único...
- Eu vou atrás dele, Vítor.
- Ele pediu pra você ver o CD assim que eu te entregasse. Ele disse que é muito importante.
- Ai meu Deus... – algo dentro de mim me deixou apreensivo. – O que será isso?
- Não sei, mas faz alguma coisa. Eu não quero ver o Bruno sofrendo, Caio. Ele não merece isso!
- Deixa comigo. Eu vou fazer o que é certo. Obrigado por me entregar, Vítor.
- Caio?
- OI, Vítor? – virei para encará-lo.
- Não me decepcione!!!
- Pode deixar!

Queria encontrá-lo imediatamente, mas resolvi atender o pedido do meu ex e primeiro eu fui ver o teor daquele CD. Não quis ir pra minha casa por ser longe demais, por isso, entrei em uma lan house, pedi 30 minutos e quando sentei na máquina, fui logo colocando o CD no compartimento pra ver do que se tratava.
Pensei que se tratasse de um CD de música, mas não era. Era outro vídeo e quando o meu nome tomou conta de toda a tela de LCD do computador, eu levei um baita susto.
Uma música internacional começou a tocar e em seguida eu vi a minha foto. O que era aquilo?
- Pois não? – a mãe dele saiu para a garagem.
- Boa noite, o Murilo está?
- Está sim. Pode entrar, ele está com a namorada.
N-A-M-O-R-A-D-A??? Senti um ódio subir pelo meu corpo de repente...
- Não, obrigado. Eu não vou entrar. A senhora pode chamá-lo e dizer que o Caio está esperando por ele aqui fora? É rapidinho.
- Como quiser. Só um instante.
Ela entrou e ele saiu depois de uns poucos minutos. Nos olhamos, ele estava com a cara fechada e um pouco vermelho.
- O que quer?
- Terminar. Já estou sabendo da sua namoradinha. Faça bom proveito.
- É pois é. Já que você não deu conta do recado, não é?
- Primeiro: quem não deu conta do recado foi VOCÊ. Segundo: eu não sinto NADA por você. Terceiro: eu até tentei fazer algumas coisas, mas foi VOCÊ que não quis.
- Ah, faz favor...
- Você tem um grande problema, Murilo: é criança demais.
Era o sujo falando do mal-lavado, mas tudo bem.
- Quem você pensa que é pra me xingar assim na porta da minha casa?
- Olha só, eu não vou prolongar esse assunto por muito mais tempo. Eu te desejo toda a felicidade do mundo, que você seja muito feliz com essa menina aí, que se casem, que tenham filhos, que vivam bem pro resto da vida, beleza? Foi bom enquanto durou, mas vai ser muito melhor agora que acabou.
- Te desejo tudo em dobro. Acho que agora você vai correndo pros braços do Bruno, não é? Deu pra ver bem o quanto você é doido por ele ontem. Que coisa mais ridícula.
- Ridículo era esse namoro que a gente tinha, se é que dá pra chamar isso de namoro.
- O que eu posso fazer? Você que não dava conta do recado. Por isso que eu te traía direto.
BINGO, DO CARMO!!!
- Não por isso, eu também te traía e não foram poucas vezes. Que fique claro. Mas enfim, eu não vou falar da minha vida pessoal pra você. Já era, acabou. FUI!
Eu passei a sentir um peso muito menor nas minhas costas. Namorar com o Murilo só foi mais um erro e imaturidade da minha parte, mas eu não estava de todo arrependido. Namorar com ele me fez amadurecer também. E aquele erro eu não cometeria mais.
Eu estava solteiro. Solteiro, enfim solteiro. E finalmente eu poderia voltar pro meu Bruno. Se ele quisesse voltar comigo, é claro.
- CAIO? – ouvi alguém, me gritar.
Virei, já com lágrimas nos olhos por pensar que o Bruno poderia não aceitar o meu pedido de desculpas.
Era o Vítor. Ele estava correndo na minha direção e estava carregando alguma coisa nas mãos.
- Caio... – o menino ficou sem ar. – Que bom que eu te encontrei.
- O que foi, Vítor?
- Eu tenho que te entregar isso – ele mostrou um CD.
- Um CD? – ergui as sobrancelhas.
- É do Bruno. Ele veio aqui e pediu para eu te entregar quando eu te visse.
- Do Bruno? – meu coração disparou. – Você sabe o que é isso?
- Não, eu não mexi. Está intacto. Caio, faz alguma coisa...
- Como assim?
- O Bruno está muito estranho... Vocês brigaram de novo?
- Sim – abaixei a cabeça.
- Quando você vai perceber que o meu amigo te ama, Caio?
- Eu já percebi, acredite. Mas ele me mandou embora e disse que está cansado de mim...
- Eu conheço o Bruno... Eu conheço... Ele não está bem... Ele está sofrendo... Faz alguma coisa... Você é o único que pode ajudar o meu amigo... O único...
- Eu vou atrás dele, Vítor.
- Ele pediu pra você ver o CD assim que eu te entregasse. Ele disse que é muito importante.
- Ai meu Deus... – algo dentro de mim me deixou apreensivo. – O que será isso?
- Não sei, mas faz alguma coisa. Eu não quero ver o Bruno sofrendo, Caio. Ele não merece isso!
- Deixa comigo. Eu vou fazer o que é certo. Obrigado por me entregar, Vítor.
- Caio?
- OI, Vítor? – virei para encará-lo.
- Não me decepcione!!!
- Pode deixar!
Queria encontrá-lo imediatamente, mas resolvi atender o pedido do meu ex e primeiro eu fui ver o teor daquele CD. Não quis ir pra minha casa por ser longe demais, por isso, entrei em uma lan house, pedi 30 minutos e quando sentei na máquina, fui logo colocando o CD no compartimento pra ver do que se tratava.
Pensei que se tratasse de um CD de música, mas não era. Era outro vídeo e quando o meu nome tomou conta de toda a tela de LCD do computador, eu levei um baita susto.
Uma música internacional começou a tocar e em seguida eu vi a minha foto. O que era aquilo?
POR CAIO MONTEIRO E BRUNO DUARTE...
“I will not make
The same mistakes that you did
I will not let myself
Cause my heart so much misery
The same mistakes that you did
I will not let myself
Cause my heart so much misery
I will not break
The way you did, you fell so hard
I've learned the hard way
To never let it get that far
The way you did, you fell so hard
I've learned the hard way
To never let it get that far
Because of you
I never stray too far from the sidewalk
Because of you
I learned to play on the safe side so I don't get hurt
I never stray too far from the sidewalk
Because of you
I learned to play on the safe side so I don't get hurt
Because of you
I find it hard to trust not only me
But everyone around me
Because of you I am afraid
I find it hard to trust not only me
But everyone around me
Because of you I am afraid
I lose my way
And it's not too long before you point it out
I cannot cry
And it's not too long before you point it out
I cannot cry
Because I know that's weakness in your eyes
I'm forced to fake
A smile, a laugh, every day of my life
My heart can't possibly break
When it wasn't even whole to start with
I'm forced to fake
A smile, a laugh, every day of my life
My heart can't possibly break
When it wasn't even whole to start with
Because of you
I never stray too far from the sidewalk
Because of you
I learned to play on the safe side so I don't get hurt
I never stray too far from the sidewalk
Because of you
I learned to play on the safe side so I don't get hurt
Because of you
I find it hard to trust not only me
But everyone around me
Because of you I am afraid
I find it hard to trust not only me
But everyone around me
Because of you I am afraid
I watched you die
I heard you cry every night in your sleep
I was so young
You should have known better than to lean on me
I heard you cry every night in your sleep
I was so young
You should have known better than to lean on me
You never thought of anyone else
You just saw your pain
And now I cry in the middle of the night
For the same damn thing
You just saw your pain
And now I cry in the middle of the night
For the same damn thing
Because of you
I never stray too far from the sidewalk
Because of you
I learned to play on the safe side so I don't get hurt
I never stray too far from the sidewalk
Because of you
I learned to play on the safe side so I don't get hurt
Because of you
I try my hardest just to forget everything
Because of you
I don't know how to let anyone else in
I try my hardest just to forget everything
Because of you
I don't know how to let anyone else in
Because of you
I'm ashamed of my life because it's empty
Because of you I am afraid
Because of you
Because of you”
I'm ashamed of my life because it's empty
Because of you I am afraid
Because of you
Because of you”
“Por sua causa…”
Caio viu uma foto dele no centro da tela, ao mesmo tempo em que Bruno
enrolou mais uma camiseta e colocou no fundo de sua mala de viagem.

“Eu aprendi o que é o amor de verdade...”
Caio viu outra foto sua aparecendo na tela do computador. Bruno continuou
arrumando suas coisas, ainda decidido com relação ao que tinha em mente.
“Por sua causa…”
Nesse momento, o garoto dos olhos castanhos viu uma foto de seu
ex-namorado. O ex-Bitch jogou todas as roupas do guarda-roupa no chão com
ferocidade. Ele chorava.
“Eu soube o que é amar incondicionalmente...”
As letras rodopiaram na tela e Caio voltou a ver uma imagem dele. Bruno
caiu sentado no chão, em meio a uma pilha de roupas.

“E soube que o amor é o sentimento mais puro...”
Bruno secou as lágrimas de raiva e voltou a dobrar suas roupas. Caio estava
inerte, sem saber o que estava acontecendo.

“Que o ser humano pode encontrar...”
Foi então que os olhos de Caio ficaram marejados e Bruno começou a esvaziar
as gavetas.
“Por sua causa…”
Um filme, o mesmo filme, começou a rodar na cabeça de ambos.
“Eu pude viver os melhores dias da minha vida...”
Caio deparou-se com a foto de seu amado e ficou com o coração ainda mais
acelerado. Bruno vasculhou suas gavetas atrás de algo importante para levar
para Madrid.
“Mas também pude viver os piores dias da minha vida...”
O cabeça dura do Caio começou a chorar. Bruno encontrou o álbum de fotos
que tinha da época do namoro com o Caio.

“Por sua causa…”
De novo Caio se deparou com uma foto de Bruno. Este por sua vez, começou a
olhar as fotos deles dois. E se sentiu ainda pior.

“Eu aprendi o que é o sofrimento...”
Ambos viram fotos dos dois juntos, porém fotos distintas.
“Eu aprendi o que é a rejeição...”
O futuro gestor de Recursos Humanos ficou com nó na garganta. Bruno
acariciou uma foto de seu amor.
“Eu aprendi o que é ser odiado...”
- Caio – a voz de Bruno saiu em um sussurro.
Caio pensou muito no ex-namorado e prensou um lábio no outro.
Caio pensou muito no ex-namorado e prensou um lábio no outro.
“Por sua causa, Caio...”
No vídeo, Caio viu outra foto sua e Bruno continuou olhando para o álbum do
casal. O jovem de 20 anos notou que casa frase que aparecia sumia de um jeito
na tela do computador. Uma descia, a outra subia, uma expandia, a outra
encolhia, uma girava, a outra rodopiava...
“Por sua causa…”
Bruno fechou o álbum com ferocidade. Ele estava com raiva e mágoa do Caio.
“Eu aprendi a ME AMAR em primeiro lugar...”
Ambos tinham aprendido essa lição de vida com o outro. Não dava para falar
que apenas um tinha aprendido a se amar em primeiro lugar, porque não era
verdade. Os dois amadureceram nesse sentido, mas da pior forma possível.
“Por sua causa…”
Na tela do computador, Caio viu uma foto do casal sorrindo. Bruno suspirou.
“Eu aprendi que sim, eu errei...”
Caio estava com a boca seca. Bruno levantou, mas não colocou o álbum dentro
da mala e sim na gaveta.

“Mas eu percebi que VOCÊ TAMBÉM ERROU...”
Era verdade. Caio tinha de fato errado. E errado muito, diga-se de
passagem. O ex-Bitch estava certo.
“Você me machucou, Caio...”
Caio soluçou enquanto via a foto do amado sumindo diante de seus olhos.
Bruno voltou a arrumar a mala.
“E me machucou MUITO...”
- Desculpa, Bruno... – Caio falou em voz alta. Ele tinha a sensação que o
amado estava ouvindo.
“E é por causa disso...”
O paulistano viu outra foto de Bruno. Já o caiçara, separou algumas peças
de roupa que estavam em suas gavetas.
“Que eu estou fazendo esse vídeo...”
Caio fungou. Duarte ajeitou as meias no fundão de sua mala.
“Quando você estiver vendo esse vídeo...”
Caio pensou que teria um ataque cardíaco devido aos fortes batimentos de
seu coração.
“Talvez eu nem esteja mais aqui...”

Mesmo sentado, Caio teve a impressão de estar caindo em um abismo. Bruno
verificou o armário e notou que estava esquecendo as roupas de frio.
“Talvez eu já tenha ido embora...”
- NÃO... NÃO... – Caio se desesperou.
Bruno colocou as blusas na mala.
Bruno colocou as blusas na mala.
“Para finalmente te deixae em paz como você tanto deseja...”
- Não, Bruno...
Ele enfim pôde fechar o zíper do objeto. Estava tudo pronto.

Ele enfim pôde fechar o zíper do objeto. Estava tudo pronto.
“Eu queria tanto você, Caio...”
Nesse instante, Monteiro viu uma foto do casal aparecendo na tela da
máquina da lan house, no entanto, essa imagem foi ficando cada vez mais escura,
até chegar o ponto de desaparecer.
“Porque eu te amo de verdade...”
Bruno deitou na cama e ficou pensando em Caio, enquanto este via outra foto
do casal, porém esta simplesmente foi cortada e cada parte foi para um lado.
Caio sentiu-se mal ao ver isso.
“Só que o meu amor não é suficiente pra você...”
- MENTIRA... É SUFICIENTE SIM, É MAIS DO QUE SUFICIENTE... – o choro
sufocou o estudante de RH.
“Então é melhor eu ir embora...”
- NÃO, BRUNO, NÃÃÃÃO!!!
- Caio....
- Caio....
“Dessa vez eu estou te avisando...”
- Caio, filho da puta, eu te amo...
“Pra você não
falar que eu estou mentindo pra você...”
Caio ficou no auge do desespero.
“Eu não menti, Caio...”
Uma foto do Bruno queimou diante dos olhos do Caio.
“Eu falei a verdade...”
E em seguida, aconteceu o mesmo com a foto dele.
“Mas você não acredita em mim...”
- Bruno...
“E é por sua causa que eu vou embora do país...”
- Não...

“Da outra vez eu não tive escolha, é verdade, mas agora eu tenho...”
- Bruno... – ele soluçou.
“E eu vou pra
tentar diminuir ou aumentar o meu sofrimento, eu não sei...”
Bruno fechou os olhos e viu o rosto de seu amado em sua mente.
“Que você seja muito feliz, Caio...”
Como poderia existir um amor tão forte assim? Como?

“Eu vou tentar ser feliz também...”
Outra foto do Caio na tela do PC.
“Dizem que quem ama de verdade...”
Mais uma do Bruno.
“Prefere ver a felicidade do outro, do que a sua própria felicidade...”
E outra do Caio.
“Então que você seja feliz, Caio...”
E mais outra do Bruno.
“É o que eu te desejo...”
O vendedor queria sair correndo daquela lan house.
“Do fundo do meu coração...”
Bruno ouviu o barulho do relógio anunciando o início de mais uma hora.
“Te amo, Caio. Fica com Deus...”

Inerte e com a cabeça explodindo, Caio notou o fim da
canção e aos poucos viu uma foto dele e de Bruno se beijando. Quando a imagem
ficou totalmente visível, esta simplesmente se espatifou como se fosse de
cristal. Ao fundo, ele ouviu o barulho de vidro se quebrando e seu coração foi
parar na boca.
“Adeus...”

- NÃO... NÃO...
Caio levantou correndo daquela cadeira giratória e saiu em disparada pelo meio da lan house. As lágrimas dificultaram o campo de visão do rapaz, mas mesmo assim ele saiu até a rua e continuou correndo pela calçada. Ele precisava fazer alguma coisa! Ele não podia deixar o seu amor ir embora. Não podia!!!
Cansado e sem forças, Bruno se viu na obrigação de levantar. Ele precisava terminar de arrumar as suas coisas. Ainda faltava muito a ser feito até ele sair do apartamento. E a primeira coisa era tomar um banho.

Monteiro ziguezagueou pelo meio dos cidadãos e acabou trombando em uma ou em outra pessoa pelo meio do caminho, mas não se importou com isso.

- OLHA POR ONDE ANDA!
- DESCULPA!
Duarte pegou a muda de roupa que separou para usar na viagem e se dirigiu até o banheiro. Antes do banho, ele resolveu fazer a barba.

Caio olhou para um lado, olhei para o outro e sequer se lembrou como fazia para chegar aonde ele queria ir. O moçoilo estava desesperado e o tempo não era seu aliado naquele momento.
- Eu já vou, meu amor... Eu já vou... Por favor, me espera..

.
Bruno enxaguou o prestobarba e se olhou no espelho. Faltava pouco para ele sair de casa.
O branquelo de olhos castanhos voltou a correr e quase deu de cara com um poste, mas também não se importou com esse detalhe. Tudo o que ele queria naquele momento era encontrar com o Bruno, com o SEU Bruno, com o único e verdadeiro amor da sua vida.
A água caiu no corpo do jovem de 19 anos. Ele ainda se sentia muito vazio, mas não chorava mais. Ele estava de fato decidido a ir embora do país.
“Adeus...”...
- Não, Bruno... Não vai... Eu já vou, meu amor... Eu já vou...
Ir embora para sempre era a alternativa que ele encontrou. Não havia outra opção para o moleque dos olhos azuis naquele momento.
Quanto mais Caio corria, mais o caminho ficava longo, mais as pernas dele travavam e mais o tempo voava. Será que ia dar tempo? Tinha que dar tempo! Monteiro não podia perder o Bruno...
O maquinista do Metrô Rio desligou a ducha e começou a se secar. A cada segundo que passava, ele ficava mais desiludido. Ele nunca mais veria o Caio. Nunca mais...
- TÁXI... TÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁXI – Caio estava tão desesperado que literalmente pulou na frente do veículo, que parou à milímetros das pernas do jovem.

- VOCÊ TÁ LOUCO? – o motorista ficou assustado.
Ele nem perguntou nada. Entrou, colocou o cinto e disse:
- VAI VOANDO PRO RECREIO, VOANDO!
- Calma, garoto...
- VAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAI!!!
O motorista pisou no acelerador com tudo e o pneu cantou no asfalto de Ipanema. O DVD que estava na mão do Caio ficou pesado de repente e ele ficou com medo. Será que ia dar tempo?
Bruno fechou o zíper da calça jeans e resolveu ouvir música em seu celular. Ele colocou o fone de ouvido no volume máximo e continuou arrumando as suas coisas. Em poucos minutos ele sairia do apartamento.

“Adeus...”...
Era tudo culpa do Caio, culpa do Caio... E se Bruno fosse embora de novo, ele não iria se perdoar...
Caio levantou correndo daquela cadeira giratória e saiu em disparada pelo meio da lan house. As lágrimas dificultaram o campo de visão do rapaz, mas mesmo assim ele saiu até a rua e continuou correndo pela calçada. Ele precisava fazer alguma coisa! Ele não podia deixar o seu amor ir embora. Não podia!!!
Cansado e sem forças, Bruno se viu na obrigação de levantar. Ele precisava terminar de arrumar as suas coisas. Ainda faltava muito a ser feito até ele sair do apartamento. E a primeira coisa era tomar um banho.
Monteiro ziguezagueou pelo meio dos cidadãos e acabou trombando em uma ou em outra pessoa pelo meio do caminho, mas não se importou com isso.

- OLHA POR ONDE ANDA!
- DESCULPA!
Duarte pegou a muda de roupa que separou para usar na viagem e se dirigiu até o banheiro. Antes do banho, ele resolveu fazer a barba.
Caio olhou para um lado, olhei para o outro e sequer se lembrou como fazia para chegar aonde ele queria ir. O moçoilo estava desesperado e o tempo não era seu aliado naquele momento.
- Eu já vou, meu amor... Eu já vou... Por favor, me espera..
.
Bruno enxaguou o prestobarba e se olhou no espelho. Faltava pouco para ele sair de casa.
O branquelo de olhos castanhos voltou a correr e quase deu de cara com um poste, mas também não se importou com esse detalhe. Tudo o que ele queria naquele momento era encontrar com o Bruno, com o SEU Bruno, com o único e verdadeiro amor da sua vida.
A água caiu no corpo do jovem de 19 anos. Ele ainda se sentia muito vazio, mas não chorava mais. Ele estava de fato decidido a ir embora do país.
“Adeus...”...
- Não, Bruno... Não vai... Eu já vou, meu amor... Eu já vou...
Ir embora para sempre era a alternativa que ele encontrou. Não havia outra opção para o moleque dos olhos azuis naquele momento.
Quanto mais Caio corria, mais o caminho ficava longo, mais as pernas dele travavam e mais o tempo voava. Será que ia dar tempo? Tinha que dar tempo! Monteiro não podia perder o Bruno...
O maquinista do Metrô Rio desligou a ducha e começou a se secar. A cada segundo que passava, ele ficava mais desiludido. Ele nunca mais veria o Caio. Nunca mais...
- TÁXI... TÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁXI – Caio estava tão desesperado que literalmente pulou na frente do veículo, que parou à milímetros das pernas do jovem.
- VOCÊ TÁ LOUCO? – o motorista ficou assustado.
Ele nem perguntou nada. Entrou, colocou o cinto e disse:
- VAI VOANDO PRO RECREIO, VOANDO!
- Calma, garoto...
- VAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAI!!!
O motorista pisou no acelerador com tudo e o pneu cantou no asfalto de Ipanema. O DVD que estava na mão do Caio ficou pesado de repente e ele ficou com medo. Será que ia dar tempo?
Bruno fechou o zíper da calça jeans e resolveu ouvir música em seu celular. Ele colocou o fone de ouvido no volume máximo e continuou arrumando as suas coisas. Em poucos minutos ele sairia do apartamento.
“Adeus...”...
Era tudo culpa do Caio, culpa do Caio... E se Bruno fosse embora de novo, ele não iria se perdoar...
“- EU NÃO SOU PANO DE CHÃO...”...
Uma lágrima teimosa voltou a escorrer da face de
Bruno. Era mais forte do que ele. O amor pelo Caio era simplesmente avassalador
e ele não conseguia acreditar que tinha que ir embora e que nunca mais veria o
garoto.
- Caio...
No táxi, Caio comecou a rezar. Ele sempre fazia isso, mas daquela vez ele rezou com tanta vontade que seu coração até bateu mais forte. Deus ia ajudá-lo... Ele ia ter que ajudá-lo e ele ia encontrar com o Bruno...

Um filme começou a rodas novamente na cabeça de Bruno. Ele lembrou de vários e vários momentos que passou ao lado do amado, inclusive a primeira vez que se viram no Call Center, em dezembro de 2.005:

- Caio...
No táxi, Caio comecou a rezar. Ele sempre fazia isso, mas daquela vez ele rezou com tanta vontade que seu coração até bateu mais forte. Deus ia ajudá-lo... Ele ia ter que ajudá-lo e ele ia encontrar com o Bruno...
Um filme começou a rodas novamente na cabeça de Bruno. Ele lembrou de vários e vários momentos que passou ao lado do amado, inclusive a primeira vez que se viram no Call Center, em dezembro de 2.005:
“Ele estava de
costas para mim, mas mesmo assim eu senti alguma coisa diferente dentro da
minha barriga.
Sua voz era linda e eu pude notar que ele não tinha sotaque carioca. Será que era de outro Estado?
Sua pele era branca como leite e seu cabelo extremamente liso, na cor castanha. Não sei explicar, mas fiquei extasiado quando vi aquele garoto.
E quando ele se virou, meu coração pareceu parar de bater. Todo o ar que tinha nos meus pulmões se exauriram e tudo ao meu redor simplesmente desapareceu.
Nossos olhos cruzaram e ficaram fixos uns nos outros. Eram olhos castanhos e de repente pareceram brilhar de uma forma muito enigmática.
Eu nunca tinha visto aquele rapaz antes, mas eu tive a impressão que eu já o conhecia de algum lugar. Será que eu estava equivocado? Será que nós já tínhamos nos visto? Será que já tínhamos nos trombado pelas ruas do Rio de Janeiro?
Não... Não tinha acontecido nada disso, eu tinha certeza... Eu não o conhecia... Mas por que eu tive aquela sensação?!
Minha boca ficou seca e as minhas mãos suaram frio.
Por que meu coração estava batendo rápido daquele jeito? E o meu estômago gelado? Por que tudo aquilo estava acontecendo? Será que... Será que eu estava... Apaixonado? Será que foi... Amor à primeira vista?!”
Sua voz era linda e eu pude notar que ele não tinha sotaque carioca. Será que era de outro Estado?
Sua pele era branca como leite e seu cabelo extremamente liso, na cor castanha. Não sei explicar, mas fiquei extasiado quando vi aquele garoto.
E quando ele se virou, meu coração pareceu parar de bater. Todo o ar que tinha nos meus pulmões se exauriram e tudo ao meu redor simplesmente desapareceu.
Nossos olhos cruzaram e ficaram fixos uns nos outros. Eram olhos castanhos e de repente pareceram brilhar de uma forma muito enigmática.
Eu nunca tinha visto aquele rapaz antes, mas eu tive a impressão que eu já o conhecia de algum lugar. Será que eu estava equivocado? Será que nós já tínhamos nos visto? Será que já tínhamos nos trombado pelas ruas do Rio de Janeiro?
Não... Não tinha acontecido nada disso, eu tinha certeza... Eu não o conhecia... Mas por que eu tive aquela sensação?!
Minha boca ficou seca e as minhas mãos suaram frio.
Por que meu coração estava batendo rápido daquele jeito? E o meu estômago gelado? Por que tudo aquilo estava acontecendo? Será que... Será que eu estava... Apaixonado? Será que foi... Amor à primeira vista?!”
Sim, foi amor à primeira vista. Embora tenha demorado
para entender esse sentimento, Bruno ficou apaixonado pelo Caio à partir do
momento em que seus olhos se tocaram.
Foi recíproco. Caio sentiu a mesma coisa por Bruno no primeiro encontro. Esse sentimento que ambos sentiam, nasceu na hora em que eles se viram pela primeira vez. E eles sabiam disso.

- Vai logo, motorista, pelo amor de Deus...
Não tinha jeito do Caio se acalmar. Quanto mais ele tentava controlar o choro, mais lágrimas saíam de dentro dos seus olhos.
Foi recíproco. Caio sentiu a mesma coisa por Bruno no primeiro encontro. Esse sentimento que ambos sentiam, nasceu na hora em que eles se viram pela primeira vez. E eles sabiam disso.
- Vai logo, motorista, pelo amor de Deus...
Não tinha jeito do Caio se acalmar. Quanto mais ele tentava controlar o choro, mais lágrimas saíam de dentro dos seus olhos.
“- VOCÊ SE
ACHA ACIMA DO BEM E DO MAL...”...
Bruno pegou as malas e levou para a sala de seu
apartamento. Ele só precisava limpar o banheiro para poder sair daquele lugar,
para poder sair do Brasil e nunca mais voltar.
O coração de Caio começou a brigar com ele novamente. Era culpa dele. Tudo aquilo era culpa dele e de mais ninguém. Se ele tivesse ouvido o coração desde o começo, nada daquilo estaria acontecendo. Como ele era idiota!!!


O coração de Caio começou a brigar com ele novamente. Era culpa dele. Tudo aquilo era culpa dele e de mais ninguém. Se ele tivesse ouvido o coração desde o começo, nada daquilo estaria acontecendo. Como ele era idiota!!!
“- EU TE AMO,
DESGRAÇADO!!!”...
O Bruno não podia sair do país de novo por causa do
Caio... Será que ele estava falando a verdade naquele vídeo? Será que ele ia
mesmo sair do Brasil por causa do ex-namorado?
Claro que ia. O que o imaturo Caio imaginava? Que Bruno iria correr atrás dele pra sempre? É claro que não, ele tinha sentimentos e não era de ferro! E Caio pisou muito no coração dele. Uma hora ele ia cansar... E isso aconteceu.
Ainda com fone de ouvido, Bruno lavou o banheiro. A música estava muito alta e isso estava deixando os ouvidos do jovem com zumbido, mas ele não se importou.
Caio deu graças a Deus quando o cara chegou na rua do Bruno. Ele olhou o taxímetro, abriu a carteira, tirou um dinheiro, colocou em cima do colo do motorista e disse:
- PARA, PARA, PARA AQUI... PARA AQUI...
O táxi parou, o rapaz tirou o cinto abriu a porta e saiu correndo. Só deu tempo de ouvir:

- SEU TROCO...
- FICA PRA VOCÊ, OBRIGADO!

Bruno deu descarga, lavou as mãos na pia, se olhou novamente no espelho e se despediu do banheiro. Talvez ele não voltasse ali nunca mais.
Caio precisava encontrar o Bruno em casa...

Mas Deus estava do lado dele. Quando ele chegou na frente do prédio, um grupo de mais ou menos sete pessoas estava entrando pelo portão de pedestres e ele se meteu no meio deles e entrou sem precisar ser anunciado.
Bruno foi até a lavanderia. Não havia nada lá, nenhuma roupa a não ser as sujas. Que ficassem ali. Ele não precisaria mais delas mesmo...
Caio Monteiro tentou esperar o elevador; todavia, ele estava demorando demais. Ele resolveu ir pelas escadas e quando comecou a subir os degraus, tropeçou e quase foi de cara ao chão.

- Me espera, Bruno... Me espera, por favor... –
Bruno Duarte caminhou até o quarto e ajeitou a cama, que estava um pouco desforrada. Ele queria deixar tudo perfeito, embora não fosse mais morar ali.
Caio sentiu as pernas falharem, no entanto conseguiu chegar no 6º andar do prédio do ex-namorado.
Bruno abriu a portinha que dava acesso à varanda e resolveu tomar um ar puro. A noite estava escura.
Caio correu até o apartamento 23 e com o coração na mão, começou a apertar a campainha.
Bruno olhou pra baixo e viu as pessoas andando na rua. Ele estava muito triste.
Caio não ouviu nenhum barulho dentro do apartamento de Bruno e começou a ficar apreensivo. Será que ele tinha ido embora?
O garoto dos olhos azuis voltou a mirar o horizonte. A música em seu celular continuava tocando alto.
Impaciente, Caio começou a esmurrar a porta de madeira do apartamento do amor de sua vida. Ele estava de fato começando a ficar amedrontado.
- Bruno... Bruno...
O maquinista suspirou. Quando ele voltaria a ver aquele bairro? Quando ele voltaria ao Rio de Janeiro? Provavelmente nunca.
- Ai, Bruno...
Caio estava tremendo. Com a mão esquerda ele tocava a campainha sem parar e com a direita, ele socava a porta, mas nada acontecia.
- BRUNO... BRUUUUUUUUUUUUUUUNO...
A música do celular finalmente acabou e o rapaz de 19 anos enfim ouviu a campainha na porta. Quem seria? Será que era... Não! Deveria ser o porteiro.
- Bruno...
Caio desistiu da campainha. Não tinha dado tempo, ele tinha ido embora. E a culpa era dele...
Bruno chegou na sala e sem olhar no olho mágico, girou a chave na fechadura.
O coração de Caio bateu aliviado! Tinha dado tempo! Ele não tinha ido embora!
O coração de Bruno também acelerou quando ele viu que seu amor estava ali, na porta de seu apartamento. Ele não conseguiu acreditar no que estava vendo.
Caio viu as malas encostadas ao sofá e sentiu um alívio imenso tomar conta de todo o seu corpo. Ele estava lá! Tinha dado tempo!
- Você?! – a voz de Bruno transmitiu a surpresa que ele teve ao ver Caio.
- Onde você pensa que vai, AMOR?!

Claro que ia. O que o imaturo Caio imaginava? Que Bruno iria correr atrás dele pra sempre? É claro que não, ele tinha sentimentos e não era de ferro! E Caio pisou muito no coração dele. Uma hora ele ia cansar... E isso aconteceu.
Ainda com fone de ouvido, Bruno lavou o banheiro. A música estava muito alta e isso estava deixando os ouvidos do jovem com zumbido, mas ele não se importou.
Caio deu graças a Deus quando o cara chegou na rua do Bruno. Ele olhou o taxímetro, abriu a carteira, tirou um dinheiro, colocou em cima do colo do motorista e disse:
- PARA, PARA, PARA AQUI... PARA AQUI...
O táxi parou, o rapaz tirou o cinto abriu a porta e saiu correndo. Só deu tempo de ouvir:
- SEU TROCO...
- FICA PRA VOCÊ, OBRIGADO!
Bruno deu descarga, lavou as mãos na pia, se olhou novamente no espelho e se despediu do banheiro. Talvez ele não voltasse ali nunca mais.
Caio precisava encontrar o Bruno em casa...
Mas Deus estava do lado dele. Quando ele chegou na frente do prédio, um grupo de mais ou menos sete pessoas estava entrando pelo portão de pedestres e ele se meteu no meio deles e entrou sem precisar ser anunciado.
Bruno foi até a lavanderia. Não havia nada lá, nenhuma roupa a não ser as sujas. Que ficassem ali. Ele não precisaria mais delas mesmo...
Caio Monteiro tentou esperar o elevador; todavia, ele estava demorando demais. Ele resolveu ir pelas escadas e quando comecou a subir os degraus, tropeçou e quase foi de cara ao chão.
- Me espera, Bruno... Me espera, por favor... –
Bruno Duarte caminhou até o quarto e ajeitou a cama, que estava um pouco desforrada. Ele queria deixar tudo perfeito, embora não fosse mais morar ali.
Caio sentiu as pernas falharem, no entanto conseguiu chegar no 6º andar do prédio do ex-namorado.
Bruno abriu a portinha que dava acesso à varanda e resolveu tomar um ar puro. A noite estava escura.
Caio correu até o apartamento 23 e com o coração na mão, começou a apertar a campainha.
Bruno olhou pra baixo e viu as pessoas andando na rua. Ele estava muito triste.
Caio não ouviu nenhum barulho dentro do apartamento de Bruno e começou a ficar apreensivo. Será que ele tinha ido embora?
O garoto dos olhos azuis voltou a mirar o horizonte. A música em seu celular continuava tocando alto.
Impaciente, Caio começou a esmurrar a porta de madeira do apartamento do amor de sua vida. Ele estava de fato começando a ficar amedrontado.
- Bruno... Bruno...
O maquinista suspirou. Quando ele voltaria a ver aquele bairro? Quando ele voltaria ao Rio de Janeiro? Provavelmente nunca.
- Ai, Bruno...
Caio estava tremendo. Com a mão esquerda ele tocava a campainha sem parar e com a direita, ele socava a porta, mas nada acontecia.
- BRUNO... BRUUUUUUUUUUUUUUUNO...
A música do celular finalmente acabou e o rapaz de 19 anos enfim ouviu a campainha na porta. Quem seria? Será que era... Não! Deveria ser o porteiro.
- Bruno...
Caio desistiu da campainha. Não tinha dado tempo, ele tinha ido embora. E a culpa era dele...
Bruno chegou na sala e sem olhar no olho mágico, girou a chave na fechadura.
O coração de Caio bateu aliviado! Tinha dado tempo! Ele não tinha ido embora!
O coração de Bruno também acelerou quando ele viu que seu amor estava ali, na porta de seu apartamento. Ele não conseguiu acreditar no que estava vendo.
Caio viu as malas encostadas ao sofá e sentiu um alívio imenso tomar conta de todo o seu corpo. Ele estava lá! Tinha dado tempo!
- Você?! – a voz de Bruno transmitiu a surpresa que ele teve ao ver Caio.
- Onde você pensa que vai, AMOR?!




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