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E
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u não sabia onde enfiava a minha cara.
- E-eu não te chamei de na-nada, Murilo – ainda estava sem fôlego.
- Mentira sua! Você ia me chamar de Bruno!
- Não ia não, foi impressão sua...
- Impressão minha é o cacete! Eu não sou surdo, você ia me chamar de Bruno sim!
- Não, Murilo – eu tentei disfarçar a verdade. – Eu não ia te chamar de Bruno...
- E ia me chamar de quê então? Você acha que eu sou idiota por acaso? Você ficou comigo, mas estava pensando era no seu ex!
- Não, isso não é verdade! Eu estava pensando em você!
- Mentira sua! Mentira sua. E se tem uma coisa que eu odeio é mentira... Vai embora da minha casa!
- Calma, Murilo! Eu...
- Calma nada. Você me deixou estressado. Vai embora!
- Eu vou, só espera eu me justificar...
- Anda logo, não quero te ver mais aqui.
- Está terminando comigo?
- Não. Só não quero te ver mais por hoje. Você me irritou.
- Se não está terminando, está fazendo o quê?
- Quero um tempo!
Tudo aconteceu rápido demais. De duas uma: ou ele que era assertivo demais, ou eu que era demorado demais.
- Desculpa – eu senti raiva de mim mesmo.
- Já falei que estou irritado. Não quero trocar ideia contigo. Preciso ficar sozinho.
- Me desculpa, Murilo? Por favor?
- Nâo! Você ia me chamar de Bruno!
- Nâo foi por querer – eu estava com o estômago gelado.
- Mas chamou. E isso eu não gostei. Transou comigo, mas pensou nele. Se gosta tanto dele vai atrás dele e me deixa aqui.
- Nâo gosto dele...
- Não? Então por que estava pensando nele? Conta outra!
- É verdade, eu não gosto dele...
- Isso não colou, eu não sou burro, moleque!
- Eu não disse que você é burro...
- Mas é como se tivesse dito. Tu acha que eu nasci ontem? Tu ia me chamar de Bruno sim!
- Eu já te pedi desculpas...
- Como se isso fosse mudar o que você falou!
Na minha opinião o menino fez uma tempestade em copo d’água. Ele não precisava fazer aquele escândalo todo.
- Me acompanha até a porta? – perguntei baixinho.
- Acompanho, mas é só porque eu preciso fechar o portão. Senão não acompanharia.
Ele foi rígido comigo. Eu pensei que ele não fosse ficar tão bravo como ficou e acabei me enganando redondamente.
- Me desculpa, Murilo? Por favor?
- Boa noite, Caio – ele fechou o portão e em seguida voltou para dentro de casa. Eu fiquei olhando pras paredes e fiquei completamente sem reação.
Eu não poderia ter confundido os nomes. Poderia ter acontecido qualquer coisa, menos isso...
Mas se isso aconteceu, a culpa não foi minha. A culpa era do Bruno! Única e exclusivamente do Bruno. A culpa era dele porque se ele não tivesse me abandonado, eu não estaria pensando nele daquela forma.
Eu não queria ter me apaixonado pelo Bruno. Se ele nunca tivesse cruzado o meu caminho, com toda a certeza do mundo eu estaria feliz no meu relacionamento.
Ele era o responsável por todos os meus problemas. Foi ele que foi responsável pela minha depressão, pela minha tentativa de suicídio e por todas as outras coisas ruins que aconteceram na minha vida.
E ele também foi culpado por aquela discussão com o Murilo. Se ele não tivesse invadido a minha mente, eu nunca teria chamado o Murilo de Bruno!
- Maldito seja você! – bufei e virei a esquina.
Nesse momento eu trombei com o Vítor no sentido literal da palavra. Os nossos corpos se encontraram e eu senti uma dor imediata na minha testa.
- Desculpa – falamos ao mesmo tempo e em seguida nos olhamos. – Você?!
Eu bufei e fiquei encarando aquele garoto. Vítor parecia diferente...
- O que faz por aqui? – ele perguntou.
- Eu estava... Isso não é da sua conta!
- Mal-educado como sempre, né Caio?
- Eu não sou mal-educado – me ofendi.
- Educado é o que você não é, não é verdade?
- Sou educado sim, mas sou educado com quem merece educação. O que não é seu caso.
- Quanta estupidez.
- Isso é o que você merece. É o que merece por ser mentiroso e por ter me enganado. Idiota!
- Eu só atendi o pedido do meu amigo, Caio.
- Porque você é da laia dele. Vocês dois são farinha do mesmo saco, vocês dois se merecem! Não sei qual dos dois é pior!
- Ai, Caio – Vítor suspirou. – Como você é idiota, sabia?
- Eu sou idiota? Eu? EU? Idiota aqui é você...
- É idiota sim. É idiota porque está fazendo meu amigo sofrer.
- Eu? Fazendo o seu amiguinho sofrer? Será que algum dia ele pensou no meu sofrimento? Ah, faça-me o favor! Tudo o que ele está passando não é nem ¼ do que eu passei na época em que ele me deixou.
- Você só está pensando em você, sabia?
- Claro que eu estou pensando em mim. Se eu não fizer isso, quem vai fazer? Você? O Bruno? É claro que não!
- Acontece que não foi só você que sofreu. O Bruno sofreu muito também.
- Não acredito. Eu não acredito nisso.
- Mas é verdade.
- Vítor, aproveitando que nós estamos falando nesse assunto, eu quero saber de uma coisa.
- O que é? – ele estava me fitando profundamente.
- Por que você não me falou o motivo pelo qual ele saiu do país naquela época?
- Posso ser sincero?
- Deve!
- Eu queria muito ter te contado e só não fiz isso porque não me achei no direito de fazer.
- Simples assim? – eu dei risada.
- Sim. Sabe por que? Porque eu não tinha nada a ver com o namoro de vocês. A gente nem se conhecia direito na época e eu pensei que quem tinha que contar era ele e não eu.
- MAS VOCÊ PODERIA TER EVITADO MEU SOFRIMENTO, SEU RIDÍCULO!
- Sim, eu até concordo com você, Caio. Mas quem sou eu pra interferir no namoro de vocês? Ninguém. Sou melhor amigo do Bruno? Sim, sou sim, mas era ele que tinha que contar a verdade e não eu. Até mesmo porque você não ia acreditar em mim.
- Nisso você tem razão. Eu não ia acreditar em você, da mesma forma que eu não acredito nele.
- Quer ir na minha casa pra gente conversar melhor?
- Não. Eu não quero contato com você, não quero contato com ele, não quero contato com nada nem ninguém que me faça lembrar desse passado.
- Se não quer contato com a gente, então não fica frequentando a minha rua!
- Não sabia que essa rua era sua propriedade privada – debochei.
- E não é, mas foi você que disse que não quer contato com a gente.
- E não quero. Você e o Bruno não agregam nada à minha vida, nunca agregaram e nunca vão agregar.
- Você é muito metidinho pro meu gosto – o moleque fez cara de nojo.
- A sua opinião pra mim pouco importa. Ou melhor dizendo: não importa nada. Passar bem, Vítor. Até mais.
- Até mais. Espero que um dia você repense as suas atitudes. Você precisa evoluir muito ainda nessa vida.
É claro que eu precisava evoluir. Qual o ser humano que não precisa? Eu tinha só 20 anos de idade, estava começando a viver naquele momento e ainda tinha muito o que aprender.
Embora a vida tivesse me ensinado muitas coisas cedo demais, eu tinha plena consciência e certeza que ainda havia muito o que aprender.
Entretanto, aquelas palavras do Vítor ficaram ecoando na minha cabeça por um tempão. Por que ele disse aquilo? O que ele quis dizer com aquela frase tão inesperada?
Será que eu estava sendo imaturo? Tão imaturo que até mesmo o Vítor, um reles conhecido conseguiu enxergar a minha real situação?
Na minha opinião eu não estava sendo imaturo. Eu estava apenas me defendendo. E pra mim era o que importava.
Eu pouco queria saber do sofrimento do meu ex... O meu próprio sofrimento já me deixava cheio demais!
Eu tinha que me preocupar mesmo era com o Murilo. Eu havia pisado na bola com o garoto e ele não merecia o que acabou acontecendo.
Não merecia pelo simples fato dele ter se declarado. Ele disse que me amava e eu, minutos depois, troquei o nome do coitado pelo nome do meu ex-namorado, que diga-se de passagem era “primo” dele...
Qualquer um no lugar do Murilo agiria da forma que ele agiu comigo. O errado naquela situação toda era eu. E eu não queria estar errado.
Continuei achando que a culpa era do Bruno. Se ele não tivesse me machucado, eu não estaria pensando nele.
Ou será que ele causava tanto efeito assim na minha vida? Parei pra pensar e cheguei a conclusão que sim.
Sim porque eu vivia pensando nele. Mesmo depois de tanto tempo ele ainda me causava frio na barriga, tremedeira nas pernas e suor nas mãos. Eu sentia claramente as tais borboletas no estômago quando olhava aqueles olhos azuis e só de pensar no perfume que ele usava eu já me sentia completamente rendido.
Eu tive até a sensação que tudo o que sofri pelo Bruno foi em vão. Foi em vão porque mesmo depois dele ter feito da minha vida um inferno, eu ainda era capaz de gostar dele.
Ou eu era muito idiota, ou eu era um completo imbecíl. Ou as duas coisas juntas.
Só que uma coisa era certa: eu não era capaz de dominar os meus sentimentos nem o meu coração. A minha razão sim, eu tinha todo o controle sob ela, mas com o meu coração não acontecia o mesmo.
Eu queria muito odiar o Bruno com todas as minhas forças e isso até acontecia, mas não acontecia da forma que tinha que acontecer.
O ódio que eu sentia por ele era um ódio esquisito, um ódio que não era tão ruim como deveria ser... Era um ódio diferente, um ódio com sentimento... Um ódio que na verdade... Não passava de... Amor...
Como eu era capaz de esquecer um cara como o Bruno? Ele foi meu primeiro tudo. Meu primeiro homem, meu primeiro grande amor, meu primeiro namorado, minha primeira desilusão amorosa, minha primeisa decepção, minha primeira grande dor, minha primeira grande mágoa... Ele foi meu tudo, foi meu nada, foi meu céu e meu inferno... Eu tinha plena certeza que eu poderia esquecer de qualquer coisa, mas eu nunca esqueceria o Bruno.
Mesmo que passassem mil anos, eu não o esqueceria. E eu não o esqueceria não por não querer, mas sim porque eu não seria capaz de deletá-lo da minha mente, do meu coração e da minha vida.
O Bruno fez parte da minha história e ele sempre iria fazer. Estivéssemos juntos ou não, ele não saíria nunca do meu passado e não existia borracha no mundo que fosse capaz de apagar o que nós vivemos juntos.
Eu só precisava ter domínio dos meus pensamentos. Eu precisava controlar as minhas emoções, controlar os meus sentimentos e controlar principalmente a minha boca pra não falar mais besteiras.
Eu tinha certeza que o Murilo estava magoado comigo e não era pra menos. Logo no momento em que ele se declarou eu acabei com tudo.
Sim, eu era um idiota. O Vítor tinha razão. Eu era sim um idiota, um completo idiota!
Tanto por pensar no Bruno na hora que eu estava com o Murilo, como por não pensar no sofrimento do Bruno.
O que era prioridade pra mim? O Bruno ou o Murilo? O Murilo estava magoado, mas o Bruno estava sofrendo.
O Murilo estava chateado, mas o Bruno também deveria estar... Eu fiquei nesse dilema por um tempão e confesso que não cheguei a conclusão nenhuma!
Bufei uma ou duas vezes e tentei colocar os meus pensamentos em ordem. Como eu estava agindo de forma incorrera, meu Deus!
Eu magoei o Murilo e magoei o Bruno. Quem mais eu magoaria? Que espécie de ser humano era eu que só magoava as pessoas?
Eu era egoísta! Só estava pensando em mim e não estava pensando nas pessoas ao meu redor. Até quando eu ia agir daquela forma?
Parece que a conversa com o Vítor me trouxe de volta a realidade. Ouvir ele me chamando de metido, de idiota e de mal-educado me deixou pasmo e ao mesmo tempo me fez refletir, me fez refletir muito!
Pelo menos pra isso o nosso papo serviu. Eu não sabia o que ia fazer, não sabia quais as atitudes eu deveria tomar e muito menos o que eu deveria pensar. Eu só sabia que eu precisava fazer alguma coisa, mas o quê???
- Que carinha de cachorro que caiu da mudança é essa? – Vinícius abriu os braços quando me viu.
Era pra abraçá-lo? Se não fosse já era tarde demais.
- Eu não sei mais o que fazer, Vini!
- O que está acontecendo, Caio?
- Tanta coisa... Tanta coisa...
- Quer conversar?
- Me dá um conselho?
- Quantos você quiser! Quer sair pra gente conversar melhor?
- Faria isso por mim?
- Lógico! Você ainda pergunta? Quer ir na sorveteria?
- Uhum, pode ser.
- Então só espera eu colocar uma roupa decente. Eu já volto.
Minha casa estava um pouco quente. Eu olhei por todos os lados e senti uma vontade enorme de correr até a minha cama, mas o Vinícius voltou rápido demais.
A gente seguiu até a sorveteria do nosso bairro, escolhemos uma mesa, sentamos e ele foi logo falando:
- O que está acontecendo com você? Ultimamente eu notei que você está meio tristinho demais.
- É o Bruno, Vini.
- Ainda?
- Pois é. Pra você ver!
- O que tem o seu ex-namorado?
Eu contei tudo nos mínimos detalhes. Eu sempre me abria com o Vinícius, mas ele não sabia de todos os detalhes sobre o meu relacionamento com o Bruno, por isso eu tive que falar tudo; tudo mesmo. Desde o começo até o fim. E isso levou um tempo.
Mas o médico me ouviu atentamente e não desviou os olhos um segundo sequer da minha face. Ele só abriu a boca pra falar alguma coisa quando eu terminei de falar sobre o que tinha acontecido com o Murilo:
- E é isso!
- Sua vida daria uma novela das 20 horas, na boa.
- Já me falaram isso.
- Enfim, vamos aos fatos: você ama o Bruno.
- Não amo não!
- Não minta pra si mesmo. Você não tem noção do quanto os seus olhos brilham quando você fala dele.
- Sério?
- Sério. E tem mais, você quer perdoá-lo não quer?
- Claro que não!
- Quer sim. Talvez o seu cérebro não deixe você enxergar isso, mas no fundo você quer voltar com ele.
- Deus me livre!
- Pra que mentir pra si mesmo, Caio? Vai adiantar alguma coisa?
- Eu não estou mentindo. O que ele fez pra mim foi grave demais...
- Não vejo que isso tenha sido tão grave como você diz. Ele foi embora, teve os motivos dele, já te explicou os motivos e já voltou. Ele está aqui na cidade e pelo jeito é a única pessoa que te faz feliz. Por que não o perdoa e volta com ele?
- Porque eu não quero sofrer de novo no futuro. Eu tenho certeza que se eu fizer isso, mais pra frente vai acontecer tudo de novo e eu mais uma vez irei sofrer.
- O futuro a Deus pertence e você não é a Mãe Dinah pra adivinhá-lo. Você tem duas opções: ou perdoa o Bruno e volta com ele, ou fica aí amargurado e cheio de dúvidas. Você tem que ser feliz hoje, Caio. O futuro é consequência.
A 1ª opção era tentadora, mas eu ia ficar com a 2ª. Eu quis conversar com o Vini pra ele me ajudar com as minhas dúvidas, mas ele só as aumentou. O pior de tudo foi que ele me fez pensar ainda mais no Bruno.
Na minha opinião eu não queria perdoá-lo e muito menos voltar com ele, mas talvez o meu amigo estivesse certo. Talvez no fundo, bem no fundo, fosse essa a minha vontade.
- Te ajudei de alguma forma?
- Só me deixou mais confuso do que eu já estava.
- Mas o que eu te falei é verdade. Eu no seu lugar chegaria no Bruno, conversaria e deixaria tudo em pratos limpos. Mesmo que não seja pra voltar. Pode ser apenas pra tirar essa mágoa que você sente por ele. Vai ver ele está falando a verdade e vai ver ele também está sofrendo, Caio.
- Será, Vini?
- Isso é você que vai ter que descobrir e você sabe muito bem como deve fazer isso.
Suspirei muitas vezes.
- Eu vou pensar no assunto.
- Pensa sim. A gente não manda no coração, Caio! A gente não manda.
- Eu sei disso.
- E quanto ao Murilo, é melhor aproveitar esse tempo que ele te pediu pra pesar na balança se você deve ou não ficar com ele.
- Você acha?
- O cara não merece ser iludido desse jeito, Caio! Já pensou nisso? Você gostaria se alguém ficasse com você pensando em outro?
- Não.
- Então faça a coisa certa.
Eu fiquei calado.
- Sinceramente? Eu sei que você não vai seguir os meus conselhos nesse momento, mas acredito que no futuro você fará a coisa certa.
- Como assim?
- Sua mente precisa de um tempo. O Bruno voltou há poucos meses, você ainda está vivendo a raiva. Eu acho que com o passar do tempo, essa raiva vai acabar e vocês vão voltar. Minha opinião.
- Não quero voltar com ele – fechei a cara.
- Não, né?! Você finge que isso é verdade e eu finjo que acredito.
- Mas é verdade!
- Vamos voltar pra casa agora?
- Sim! Muito obrigado pela sua ajuda, viu? Eu adoro me abrir com você porque você me faz pensar muito.
- Que bom que eu sirvo pra alguma coisa – o cara deu risada.
Obviamente que ele não servia apenas para aquilo. Ele servia para muitas coisas mais, mas isso não vinha mais ao caso.
Assim que cheguei em casa, eu fui direto pro meu quarto, peguei o meu notebook e o fone do meu celular. Eu queria ouvir uma música qualquer pra tentar me acalmar.
Deitei na cama, liguei o note e também o rádio do meu aparelho. Fiquei ouvindo umas músicas internacionais e entrei no meu Orkut pra ver se tinha alguma novidade.
Sem mais nem menos eu ouvi barulho de chuva. Estava começando a chover, mas eu nunca imaginei que aquilo fosse acontecer em uma noite como aquela. A chuva não foi forte e o barulho da água caindo do telhado me deixou um pouco mais calmo.
Muito tempo depois, eu mudei de rádio. Cansei de ouvir pop e procurei algo mais nacional. Não demorei para encontrar uma rádio bacana e não demorou nada também para eu começar a ouvir uma música com ritmo muito lento:
- E-eu não te chamei de na-nada, Murilo – ainda estava sem fôlego.
- Mentira sua! Você ia me chamar de Bruno!
- Não ia não, foi impressão sua...
- Impressão minha é o cacete! Eu não sou surdo, você ia me chamar de Bruno sim!
- Não, Murilo – eu tentei disfarçar a verdade. – Eu não ia te chamar de Bruno...
- E ia me chamar de quê então? Você acha que eu sou idiota por acaso? Você ficou comigo, mas estava pensando era no seu ex!
- Não, isso não é verdade! Eu estava pensando em você!
- Mentira sua! Mentira sua. E se tem uma coisa que eu odeio é mentira... Vai embora da minha casa!
- Calma, Murilo! Eu...
- Calma nada. Você me deixou estressado. Vai embora!
- Eu vou, só espera eu me justificar...
- Anda logo, não quero te ver mais aqui.
- Está terminando comigo?
- Não. Só não quero te ver mais por hoje. Você me irritou.
- Se não está terminando, está fazendo o quê?
- Quero um tempo!
Tudo aconteceu rápido demais. De duas uma: ou ele que era assertivo demais, ou eu que era demorado demais.
- Desculpa – eu senti raiva de mim mesmo.
- Já falei que estou irritado. Não quero trocar ideia contigo. Preciso ficar sozinho.
- Me desculpa, Murilo? Por favor?
- Nâo! Você ia me chamar de Bruno!
- Nâo foi por querer – eu estava com o estômago gelado.
- Mas chamou. E isso eu não gostei. Transou comigo, mas pensou nele. Se gosta tanto dele vai atrás dele e me deixa aqui.
- Nâo gosto dele...
- Não? Então por que estava pensando nele? Conta outra!
- É verdade, eu não gosto dele...
- Isso não colou, eu não sou burro, moleque!
- Eu não disse que você é burro...
- Mas é como se tivesse dito. Tu acha que eu nasci ontem? Tu ia me chamar de Bruno sim!
- Eu já te pedi desculpas...
- Como se isso fosse mudar o que você falou!
Na minha opinião o menino fez uma tempestade em copo d’água. Ele não precisava fazer aquele escândalo todo.
- Me acompanha até a porta? – perguntei baixinho.
- Acompanho, mas é só porque eu preciso fechar o portão. Senão não acompanharia.
Ele foi rígido comigo. Eu pensei que ele não fosse ficar tão bravo como ficou e acabei me enganando redondamente.
- Me desculpa, Murilo? Por favor?
- Boa noite, Caio – ele fechou o portão e em seguida voltou para dentro de casa. Eu fiquei olhando pras paredes e fiquei completamente sem reação.
Eu não poderia ter confundido os nomes. Poderia ter acontecido qualquer coisa, menos isso...
Mas se isso aconteceu, a culpa não foi minha. A culpa era do Bruno! Única e exclusivamente do Bruno. A culpa era dele porque se ele não tivesse me abandonado, eu não estaria pensando nele daquela forma.
Eu não queria ter me apaixonado pelo Bruno. Se ele nunca tivesse cruzado o meu caminho, com toda a certeza do mundo eu estaria feliz no meu relacionamento.
Ele era o responsável por todos os meus problemas. Foi ele que foi responsável pela minha depressão, pela minha tentativa de suicídio e por todas as outras coisas ruins que aconteceram na minha vida.
E ele também foi culpado por aquela discussão com o Murilo. Se ele não tivesse invadido a minha mente, eu nunca teria chamado o Murilo de Bruno!
- Maldito seja você! – bufei e virei a esquina.
Nesse momento eu trombei com o Vítor no sentido literal da palavra. Os nossos corpos se encontraram e eu senti uma dor imediata na minha testa.
- Desculpa – falamos ao mesmo tempo e em seguida nos olhamos. – Você?!
Eu bufei e fiquei encarando aquele garoto. Vítor parecia diferente...
- O que faz por aqui? – ele perguntou.
- Eu estava... Isso não é da sua conta!
- Mal-educado como sempre, né Caio?
- Eu não sou mal-educado – me ofendi.
- Educado é o que você não é, não é verdade?
- Sou educado sim, mas sou educado com quem merece educação. O que não é seu caso.
- Quanta estupidez.
- Isso é o que você merece. É o que merece por ser mentiroso e por ter me enganado. Idiota!
- Eu só atendi o pedido do meu amigo, Caio.
- Porque você é da laia dele. Vocês dois são farinha do mesmo saco, vocês dois se merecem! Não sei qual dos dois é pior!
- Ai, Caio – Vítor suspirou. – Como você é idiota, sabia?
- Eu sou idiota? Eu? EU? Idiota aqui é você...
- É idiota sim. É idiota porque está fazendo meu amigo sofrer.
- Eu? Fazendo o seu amiguinho sofrer? Será que algum dia ele pensou no meu sofrimento? Ah, faça-me o favor! Tudo o que ele está passando não é nem ¼ do que eu passei na época em que ele me deixou.
- Você só está pensando em você, sabia?
- Claro que eu estou pensando em mim. Se eu não fizer isso, quem vai fazer? Você? O Bruno? É claro que não!
- Acontece que não foi só você que sofreu. O Bruno sofreu muito também.
- Não acredito. Eu não acredito nisso.
- Mas é verdade.
- Vítor, aproveitando que nós estamos falando nesse assunto, eu quero saber de uma coisa.
- O que é? – ele estava me fitando profundamente.
- Por que você não me falou o motivo pelo qual ele saiu do país naquela época?
- Posso ser sincero?
- Deve!
- Eu queria muito ter te contado e só não fiz isso porque não me achei no direito de fazer.
- Simples assim? – eu dei risada.
- Sim. Sabe por que? Porque eu não tinha nada a ver com o namoro de vocês. A gente nem se conhecia direito na época e eu pensei que quem tinha que contar era ele e não eu.
- MAS VOCÊ PODERIA TER EVITADO MEU SOFRIMENTO, SEU RIDÍCULO!
- Sim, eu até concordo com você, Caio. Mas quem sou eu pra interferir no namoro de vocês? Ninguém. Sou melhor amigo do Bruno? Sim, sou sim, mas era ele que tinha que contar a verdade e não eu. Até mesmo porque você não ia acreditar em mim.
- Nisso você tem razão. Eu não ia acreditar em você, da mesma forma que eu não acredito nele.
- Quer ir na minha casa pra gente conversar melhor?
- Não. Eu não quero contato com você, não quero contato com ele, não quero contato com nada nem ninguém que me faça lembrar desse passado.
- Se não quer contato com a gente, então não fica frequentando a minha rua!
- Não sabia que essa rua era sua propriedade privada – debochei.
- E não é, mas foi você que disse que não quer contato com a gente.
- E não quero. Você e o Bruno não agregam nada à minha vida, nunca agregaram e nunca vão agregar.
- Você é muito metidinho pro meu gosto – o moleque fez cara de nojo.
- A sua opinião pra mim pouco importa. Ou melhor dizendo: não importa nada. Passar bem, Vítor. Até mais.
- Até mais. Espero que um dia você repense as suas atitudes. Você precisa evoluir muito ainda nessa vida.
É claro que eu precisava evoluir. Qual o ser humano que não precisa? Eu tinha só 20 anos de idade, estava começando a viver naquele momento e ainda tinha muito o que aprender.
Embora a vida tivesse me ensinado muitas coisas cedo demais, eu tinha plena consciência e certeza que ainda havia muito o que aprender.
Entretanto, aquelas palavras do Vítor ficaram ecoando na minha cabeça por um tempão. Por que ele disse aquilo? O que ele quis dizer com aquela frase tão inesperada?
Será que eu estava sendo imaturo? Tão imaturo que até mesmo o Vítor, um reles conhecido conseguiu enxergar a minha real situação?
Na minha opinião eu não estava sendo imaturo. Eu estava apenas me defendendo. E pra mim era o que importava.
Eu pouco queria saber do sofrimento do meu ex... O meu próprio sofrimento já me deixava cheio demais!
Eu tinha que me preocupar mesmo era com o Murilo. Eu havia pisado na bola com o garoto e ele não merecia o que acabou acontecendo.
Não merecia pelo simples fato dele ter se declarado. Ele disse que me amava e eu, minutos depois, troquei o nome do coitado pelo nome do meu ex-namorado, que diga-se de passagem era “primo” dele...
Qualquer um no lugar do Murilo agiria da forma que ele agiu comigo. O errado naquela situação toda era eu. E eu não queria estar errado.
Continuei achando que a culpa era do Bruno. Se ele não tivesse me machucado, eu não estaria pensando nele.
Ou será que ele causava tanto efeito assim na minha vida? Parei pra pensar e cheguei a conclusão que sim.
Sim porque eu vivia pensando nele. Mesmo depois de tanto tempo ele ainda me causava frio na barriga, tremedeira nas pernas e suor nas mãos. Eu sentia claramente as tais borboletas no estômago quando olhava aqueles olhos azuis e só de pensar no perfume que ele usava eu já me sentia completamente rendido.
Eu tive até a sensação que tudo o que sofri pelo Bruno foi em vão. Foi em vão porque mesmo depois dele ter feito da minha vida um inferno, eu ainda era capaz de gostar dele.
Ou eu era muito idiota, ou eu era um completo imbecíl. Ou as duas coisas juntas.
Só que uma coisa era certa: eu não era capaz de dominar os meus sentimentos nem o meu coração. A minha razão sim, eu tinha todo o controle sob ela, mas com o meu coração não acontecia o mesmo.
Eu queria muito odiar o Bruno com todas as minhas forças e isso até acontecia, mas não acontecia da forma que tinha que acontecer.
O ódio que eu sentia por ele era um ódio esquisito, um ódio que não era tão ruim como deveria ser... Era um ódio diferente, um ódio com sentimento... Um ódio que na verdade... Não passava de... Amor...
Como eu era capaz de esquecer um cara como o Bruno? Ele foi meu primeiro tudo. Meu primeiro homem, meu primeiro grande amor, meu primeiro namorado, minha primeira desilusão amorosa, minha primeisa decepção, minha primeira grande dor, minha primeira grande mágoa... Ele foi meu tudo, foi meu nada, foi meu céu e meu inferno... Eu tinha plena certeza que eu poderia esquecer de qualquer coisa, mas eu nunca esqueceria o Bruno.
Mesmo que passassem mil anos, eu não o esqueceria. E eu não o esqueceria não por não querer, mas sim porque eu não seria capaz de deletá-lo da minha mente, do meu coração e da minha vida.
O Bruno fez parte da minha história e ele sempre iria fazer. Estivéssemos juntos ou não, ele não saíria nunca do meu passado e não existia borracha no mundo que fosse capaz de apagar o que nós vivemos juntos.
Eu só precisava ter domínio dos meus pensamentos. Eu precisava controlar as minhas emoções, controlar os meus sentimentos e controlar principalmente a minha boca pra não falar mais besteiras.
Eu tinha certeza que o Murilo estava magoado comigo e não era pra menos. Logo no momento em que ele se declarou eu acabei com tudo.
Sim, eu era um idiota. O Vítor tinha razão. Eu era sim um idiota, um completo idiota!
Tanto por pensar no Bruno na hora que eu estava com o Murilo, como por não pensar no sofrimento do Bruno.
O que era prioridade pra mim? O Bruno ou o Murilo? O Murilo estava magoado, mas o Bruno estava sofrendo.
O Murilo estava chateado, mas o Bruno também deveria estar... Eu fiquei nesse dilema por um tempão e confesso que não cheguei a conclusão nenhuma!
Bufei uma ou duas vezes e tentei colocar os meus pensamentos em ordem. Como eu estava agindo de forma incorrera, meu Deus!
Eu magoei o Murilo e magoei o Bruno. Quem mais eu magoaria? Que espécie de ser humano era eu que só magoava as pessoas?
Eu era egoísta! Só estava pensando em mim e não estava pensando nas pessoas ao meu redor. Até quando eu ia agir daquela forma?
Parece que a conversa com o Vítor me trouxe de volta a realidade. Ouvir ele me chamando de metido, de idiota e de mal-educado me deixou pasmo e ao mesmo tempo me fez refletir, me fez refletir muito!
Pelo menos pra isso o nosso papo serviu. Eu não sabia o que ia fazer, não sabia quais as atitudes eu deveria tomar e muito menos o que eu deveria pensar. Eu só sabia que eu precisava fazer alguma coisa, mas o quê???
- Que carinha de cachorro que caiu da mudança é essa? – Vinícius abriu os braços quando me viu.
Era pra abraçá-lo? Se não fosse já era tarde demais.
- Eu não sei mais o que fazer, Vini!
- O que está acontecendo, Caio?
- Tanta coisa... Tanta coisa...
- Quer conversar?
- Me dá um conselho?
- Quantos você quiser! Quer sair pra gente conversar melhor?
- Faria isso por mim?
- Lógico! Você ainda pergunta? Quer ir na sorveteria?
- Uhum, pode ser.
- Então só espera eu colocar uma roupa decente. Eu já volto.
Minha casa estava um pouco quente. Eu olhei por todos os lados e senti uma vontade enorme de correr até a minha cama, mas o Vinícius voltou rápido demais.
A gente seguiu até a sorveteria do nosso bairro, escolhemos uma mesa, sentamos e ele foi logo falando:
- O que está acontecendo com você? Ultimamente eu notei que você está meio tristinho demais.
- É o Bruno, Vini.
- Ainda?
- Pois é. Pra você ver!
- O que tem o seu ex-namorado?
Eu contei tudo nos mínimos detalhes. Eu sempre me abria com o Vinícius, mas ele não sabia de todos os detalhes sobre o meu relacionamento com o Bruno, por isso eu tive que falar tudo; tudo mesmo. Desde o começo até o fim. E isso levou um tempo.
Mas o médico me ouviu atentamente e não desviou os olhos um segundo sequer da minha face. Ele só abriu a boca pra falar alguma coisa quando eu terminei de falar sobre o que tinha acontecido com o Murilo:
- E é isso!
- Sua vida daria uma novela das 20 horas, na boa.
- Já me falaram isso.
- Enfim, vamos aos fatos: você ama o Bruno.
- Não amo não!
- Não minta pra si mesmo. Você não tem noção do quanto os seus olhos brilham quando você fala dele.
- Sério?
- Sério. E tem mais, você quer perdoá-lo não quer?
- Claro que não!
- Quer sim. Talvez o seu cérebro não deixe você enxergar isso, mas no fundo você quer voltar com ele.
- Deus me livre!
- Pra que mentir pra si mesmo, Caio? Vai adiantar alguma coisa?
- Eu não estou mentindo. O que ele fez pra mim foi grave demais...
- Não vejo que isso tenha sido tão grave como você diz. Ele foi embora, teve os motivos dele, já te explicou os motivos e já voltou. Ele está aqui na cidade e pelo jeito é a única pessoa que te faz feliz. Por que não o perdoa e volta com ele?
- Porque eu não quero sofrer de novo no futuro. Eu tenho certeza que se eu fizer isso, mais pra frente vai acontecer tudo de novo e eu mais uma vez irei sofrer.
- O futuro a Deus pertence e você não é a Mãe Dinah pra adivinhá-lo. Você tem duas opções: ou perdoa o Bruno e volta com ele, ou fica aí amargurado e cheio de dúvidas. Você tem que ser feliz hoje, Caio. O futuro é consequência.
A 1ª opção era tentadora, mas eu ia ficar com a 2ª. Eu quis conversar com o Vini pra ele me ajudar com as minhas dúvidas, mas ele só as aumentou. O pior de tudo foi que ele me fez pensar ainda mais no Bruno.
Na minha opinião eu não queria perdoá-lo e muito menos voltar com ele, mas talvez o meu amigo estivesse certo. Talvez no fundo, bem no fundo, fosse essa a minha vontade.
- Te ajudei de alguma forma?
- Só me deixou mais confuso do que eu já estava.
- Mas o que eu te falei é verdade. Eu no seu lugar chegaria no Bruno, conversaria e deixaria tudo em pratos limpos. Mesmo que não seja pra voltar. Pode ser apenas pra tirar essa mágoa que você sente por ele. Vai ver ele está falando a verdade e vai ver ele também está sofrendo, Caio.
- Será, Vini?
- Isso é você que vai ter que descobrir e você sabe muito bem como deve fazer isso.
Suspirei muitas vezes.
- Eu vou pensar no assunto.
- Pensa sim. A gente não manda no coração, Caio! A gente não manda.
- Eu sei disso.
- E quanto ao Murilo, é melhor aproveitar esse tempo que ele te pediu pra pesar na balança se você deve ou não ficar com ele.
- Você acha?
- O cara não merece ser iludido desse jeito, Caio! Já pensou nisso? Você gostaria se alguém ficasse com você pensando em outro?
- Não.
- Então faça a coisa certa.
Eu fiquei calado.
- Sinceramente? Eu sei que você não vai seguir os meus conselhos nesse momento, mas acredito que no futuro você fará a coisa certa.
- Como assim?
- Sua mente precisa de um tempo. O Bruno voltou há poucos meses, você ainda está vivendo a raiva. Eu acho que com o passar do tempo, essa raiva vai acabar e vocês vão voltar. Minha opinião.
- Não quero voltar com ele – fechei a cara.
- Não, né?! Você finge que isso é verdade e eu finjo que acredito.
- Mas é verdade!
- Vamos voltar pra casa agora?
- Sim! Muito obrigado pela sua ajuda, viu? Eu adoro me abrir com você porque você me faz pensar muito.
- Que bom que eu sirvo pra alguma coisa – o cara deu risada.
Obviamente que ele não servia apenas para aquilo. Ele servia para muitas coisas mais, mas isso não vinha mais ao caso.
Assim que cheguei em casa, eu fui direto pro meu quarto, peguei o meu notebook e o fone do meu celular. Eu queria ouvir uma música qualquer pra tentar me acalmar.
Deitei na cama, liguei o note e também o rádio do meu aparelho. Fiquei ouvindo umas músicas internacionais e entrei no meu Orkut pra ver se tinha alguma novidade.
Sem mais nem menos eu ouvi barulho de chuva. Estava começando a chover, mas eu nunca imaginei que aquilo fosse acontecer em uma noite como aquela. A chuva não foi forte e o barulho da água caindo do telhado me deixou um pouco mais calmo.
Muito tempo depois, eu mudei de rádio. Cansei de ouvir pop e procurei algo mais nacional. Não demorei para encontrar uma rádio bacana e não demorou nada também para eu começar a ouvir uma música com ritmo muito lento:
“Não para de chover
E eu preciso do sol pra lembrar seu calor
Se eu te magoei
Desculpe estou aprendendo o que é o amor
E eu preciso do sol pra lembrar seu calor
Se eu te magoei
Desculpe estou aprendendo o que é o amor
Nas noits mais escuras
Nos bares, nas ruas, tudo é solidão
Não me deixe sozinho, falta de carinho
Rima com nova paixão
Nos bares, nas ruas, tudo é solidão
Não me deixe sozinho, falta de carinho
Rima com nova paixão
Eu quero seu amor
Eu quero ser seu homem se você quiser
Se eu tiver seu amor
Juro não preciso amar outra mulher
Não deixe apagar a fogueira do meu coração
Eu quero ser seu homem se você quiser
Se eu tiver seu amor
Juro não preciso amar outra mulher
Não deixe apagar a fogueira do meu coração
Não para de chover
E eu preciso do sol pra lembrar seu calor
Se eu te magoei
Desculpe estou aprendendo o que é o amor
E eu preciso do sol pra lembrar seu calor
Se eu te magoei
Desculpe estou aprendendo o que é o amor
Nas noits mais escuras
Nos bares, nas ruas, tudo é solidão
Não me deixe sozinho, falta de carinho
Rima com nova paixão
Nos bares, nas ruas, tudo é solidão
Não me deixe sozinho, falta de carinho
Rima com nova paixão
Eu quero seu amor
Eu quero ser seu homem se você quiser
Se eu tiver seu amor
Juro não preciso amar outra mulher
Não deixe apagar a fogueira do meu coração”
Eu quero ser seu homem se você quiser
Se eu tiver seu amor
Juro não preciso amar outra mulher
Não deixe apagar a fogueira do meu coração”
Só em ouvir essa música eu lembrei ainda mais do
Bruno. Mais uma vez a canção era do Jorge e Mateus e isso me fez crer que essa
dupla só tinha música bonita. Naquela noite eu fui dormir pensando no Murilo,
no Bruno, na música que eu tinha ouvido e em tudo o que tinha acontecido.
NO SÁBADO...
Passei a semana pensando em tudo o que aconteceu e não
recebi nenhum telefonema do meu namorado pedindo para gente se encontrar ou qualquer
coisa do tipo.
Claro que eu mandei SMS e tentei falar com o Murilo, mas ele também não me atendeu. Entendi aquela mensagem como um ponto final em nosso relacionamento e por esse motivo, apenas por esse motivo, eu resolvi ir pra balada naquele sábado à noite.
Quando cheguei do trabalho, me arrumei todo, coloquei uma roupa bacana, me perfumei e arrepiei os meus cabelos. Eu não queria ficar em casa naquela noite, mas nem por um decreto.
- Você vai mesmo sair? – perguntou Rodrigo.
- Vou – confirmei. – Hoje eu não fico em casa!
- Então boa balada pra você.
- Obrigado, Digow.
Cheguei na boate depois da meia noite e quando entrei, percebi que o ambiente já estava pegando fogo.
Havia vários caras lindos por todos os lados e eu decidi que ia me esbaldar e tirar todo o meu atraso naquela madrugada.
Há muito eu não ia para a balada e eu precisava muito aproveitar aquela noite. Eu tinha o direito de me divertir e além disso, tinha o dever de seguir a minha vida.
E não seria por causa do Murilo, muito menos por causa do Bruno que eu ia travar a minha vida.
Tudo bem, eu errei com o Murilo, mas logo em seguida eu pedi desculpas. Já tinha passado um tempo e ele não me procurou, então eu entendi que ele não queria mais saber de mim. Eu estava livre e com a cabeça tranquila pra fazer o que quisesse fazer com quem quer que fosse.
Por isso, na hora que o dark room foi aberto, eu não pensei duas vezes em entrar pra me divertir. E não demorou para eu começar a beijar os caras.
1, 2, 5, 7... Perdi as contas. Um beijo melhor que o outro, uma pegada melhor que a outra. Era daquilo que eu estava precisando.
Fiquei extramemente excitado com um dos caras que me beijou. Ele tinha o beijo bom e além de tudo era gostoso. Deu pra sentir os músculos enquanto eu o beijava.
- Como é seu nome? – ele me perguntou.
- Caio e o seu?
- O meu é Pedro. Você é xará do meu amigo, sabia?
- Ah, é?
- Aham! E ele está aqui agora.
- Hum, bacana.
- Qual a sua idade?
- Eu tenho 20 e você?
- 25. Gosta de caras mais velhos?
- Não tenho nada contra.
- E de mais novos, você gosta?
- Adoro!
- Meu amigo Caio tem 18. Quer conhecê-lo?
- Por que não?
- Vou mandar uma mensagem no celular dele.
O cara digitou alguma coisa no aparelho e questão de 5 minutos depois, eu ouvi uma voz muito grave atrás da gente.
- Pedro? Cadê você?
- Aqui, Caio – o meu ficante também tinha a voz grave.
- O que você quer?
- Conheci um xará seu.
- É? Cadê?
- Bem aqui.
Meu xará e eu trocamos umas palavrinhas e eu me surpreendi quando ele começou a me beijar. Não esperava que aquilo fosse acontecer.
- Você beija bem – ele falou no meu ouvido.
- Obrigado, você também!
- Ei – Pedro encostou no meu ouvido esquerdo. O Caio estava no direito. – Você gosta de sexo à 3?
Arregalei os olhos e senti o meu coração disparar. O meu pau que já estava duro, naquele momento ficou mais duro ainda.
- A-aham.
- Está a fim? – meu xará mordeu a minha orelha.
Ai, ai, ai, ai, ai... Eu não sabia o que responder. Sim ou não? Era essa a questão...
Claro que eu mandei SMS e tentei falar com o Murilo, mas ele também não me atendeu. Entendi aquela mensagem como um ponto final em nosso relacionamento e por esse motivo, apenas por esse motivo, eu resolvi ir pra balada naquele sábado à noite.
Quando cheguei do trabalho, me arrumei todo, coloquei uma roupa bacana, me perfumei e arrepiei os meus cabelos. Eu não queria ficar em casa naquela noite, mas nem por um decreto.
- Você vai mesmo sair? – perguntou Rodrigo.
- Vou – confirmei. – Hoje eu não fico em casa!
- Então boa balada pra você.
- Obrigado, Digow.
Cheguei na boate depois da meia noite e quando entrei, percebi que o ambiente já estava pegando fogo.
Havia vários caras lindos por todos os lados e eu decidi que ia me esbaldar e tirar todo o meu atraso naquela madrugada.
Há muito eu não ia para a balada e eu precisava muito aproveitar aquela noite. Eu tinha o direito de me divertir e além disso, tinha o dever de seguir a minha vida.
E não seria por causa do Murilo, muito menos por causa do Bruno que eu ia travar a minha vida.
Tudo bem, eu errei com o Murilo, mas logo em seguida eu pedi desculpas. Já tinha passado um tempo e ele não me procurou, então eu entendi que ele não queria mais saber de mim. Eu estava livre e com a cabeça tranquila pra fazer o que quisesse fazer com quem quer que fosse.
Por isso, na hora que o dark room foi aberto, eu não pensei duas vezes em entrar pra me divertir. E não demorou para eu começar a beijar os caras.
1, 2, 5, 7... Perdi as contas. Um beijo melhor que o outro, uma pegada melhor que a outra. Era daquilo que eu estava precisando.
Fiquei extramemente excitado com um dos caras que me beijou. Ele tinha o beijo bom e além de tudo era gostoso. Deu pra sentir os músculos enquanto eu o beijava.
- Como é seu nome? – ele me perguntou.
- Caio e o seu?
- O meu é Pedro. Você é xará do meu amigo, sabia?
- Ah, é?
- Aham! E ele está aqui agora.
- Hum, bacana.
- Qual a sua idade?
- Eu tenho 20 e você?
- 25. Gosta de caras mais velhos?
- Não tenho nada contra.
- E de mais novos, você gosta?
- Adoro!
- Meu amigo Caio tem 18. Quer conhecê-lo?
- Por que não?
- Vou mandar uma mensagem no celular dele.
O cara digitou alguma coisa no aparelho e questão de 5 minutos depois, eu ouvi uma voz muito grave atrás da gente.
- Pedro? Cadê você?
- Aqui, Caio – o meu ficante também tinha a voz grave.
- O que você quer?
- Conheci um xará seu.
- É? Cadê?
- Bem aqui.
Meu xará e eu trocamos umas palavrinhas e eu me surpreendi quando ele começou a me beijar. Não esperava que aquilo fosse acontecer.
- Você beija bem – ele falou no meu ouvido.
- Obrigado, você também!
- Ei – Pedro encostou no meu ouvido esquerdo. O Caio estava no direito. – Você gosta de sexo à 3?
Arregalei os olhos e senti o meu coração disparar. O meu pau que já estava duro, naquele momento ficou mais duro ainda.
- A-aham.
- Está a fim? – meu xará mordeu a minha orelha.
Ai, ai, ai, ai, ai... Eu não sabia o que responder. Sim ou não? Era essa a questão...
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