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muito eu não ficava tão assustado como fiquei naquele momento.
Eu nunca imaginei que o Bruno fosse capaz de fazer aquilo comigo no meio da rua. Foi muita cara de pau da parte dele.
Eu reuni todas as forças que pude, empurrei o Bruno pra longe. Quando me livrei do corpo dele, passei a mão nos meus lábios e fiquei com muita, muita raiva por ele ter me beijado à força.
- VOCÊ FICOU LOUCO? – eu dei um tapa na cara dele. – EU NÃO TE DEI ESSA LIBERDADE!
- Não me importa – ele ficou acariciando o lado do rosto que eu bati. – Eu sei que você gostou.
- GOSTEI É O CARALHO! EU VOU FALAR PRO MURILO E ELE NÃO VAI GOSTAR NADA DISSO!
- Fala! Pode falar, eu não tenho medo do seu namoradinho. Aquele pivete não me mete medo!
Eu até que queria tentar não ficar mais com ódio do Bruno, mas ele me obrigava com aquelas atitudes impensadas.
- Desgraçado! – eu até tremi de nervoso.
- Que saudade desse beijo, sabia?
- ARGH, QUE ÓDIO DE VOCÊ!
- Você fica lindo demais quando está com raiva. Adoro!
- FILHO DA PUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUTA – quanto mais ele me provocava mais irritado eu ficava.
Fiquei resmungando sozinho e ele ficou me olhando. Eu pedi tanto pro meu ônibus chegar que acho que Deus me ouviu. Pouco tempo depois o coletivo apareceu no meu campo de visão.
- Louvado seja Deus – eu suspirei e ergui o braço pro motorista parar.
- Boa noite, Caio – Bruno me encarava, mas eu não retribuí o olhar. – Fica com Deus.
- Cínico! – eu queria dar uma porrada nele, mas ao invés disso preferi subir no ônibus pra me livrar logo dele.
O problema foi que várias pessoas desceram naquele mesmo ponto e o ônibus só saiu do lugar depois que eu sentei. O Bruno ainda teve a capacidade de me mandar um beijo, mas eu apenas virei a cara e bufei de raiva.
Se ele queria me provocar com aquele beijo, ele conseguiu. Conseguiu provocar raiva, conseguiu provocar ódio, conseguiu provocar repulsa, conseguiu provocar nojo e todos os piores sentimentos que possam existir na face da Terra.
Eu coloquei o dedo indicador e o dedo do meio no meu lábio e fiquei pensando no que ele fez. Como aquele garoto teve coragem de me beijar no meio da rua?
Eu não gostei nada daquela atitude do Bruno, nada mesmo. Eu namorava e era absolutamente fiel ao Murllo. Não queria traí-lo com ninguém, muito menos com o Bruno. Por que ele fez aquilo? Só pra me provocar?
E se ele queria me provocar, ele tinha conseguido. Eu por minha vez, não poderia dar aquele gostinho ao Bruno, não poderia! Eu deveria ter me acalmado e não deveria ter agredido o menino da forma que eu fiz.
- Desgraçado – eu continuava com os dedos na boca.
Fazia mais de 2 anos que eu não experimentava o beijo do Bruno, mas pelo jeito estava igualzinho aos da época em que a gente namorava.
Eu fechei os meus olhos e lembrei perfeitamente do sabor dos beijos que ele me dava e ao comparar com aquele beijo roubado, tive plena certeza que não tinha mudado nada. Absolutamente nada.
- Desgraçado – falei de novo.
Fiquei pensando no Bruno até a hora de chegar em casa. Se ele queria me fazer ficar com raiva e me fazer ficar pensando nele, ele conseguiu.
- Que carinha é essa? – perguntou Kléber.
- Problemas meu querido. Problemas.
- Quer conversar?
- Não querido – eu abri um sorriso sincero. – São problemas do meu passado e eu não quero ficar pensando nisso.
- Te entendo. Às vezes o meu passado também insiste em fazer parte do meu presente.
- Foda – suspirei. – Enfim... Eu vou pra cama que amanhã ainda trabalho.
- Eu vou trabalhar também... Que horas você vai entrar?
- No meu horário mesmo e você?
- Eu também!
- Que bom, então a gente vai juntos.
- Isso que eu ia perguntar... Eu posso ir com você?
- Claro que pode. Por que não poderia?
- Ah, não sei. Não quero ser inconveniente.
- Imagina, meu. Sem crise. Vamos juntos sem nenhum problema!
- Então tá bom – meu colega de república ficou feliz. – A gente vai junto amanhã.
- Combinado. Boa noite, Kléber.
- Boa noite, Caio!
Eu nunca imaginei que o Bruno fosse capaz de fazer aquilo comigo no meio da rua. Foi muita cara de pau da parte dele.
Eu reuni todas as forças que pude, empurrei o Bruno pra longe. Quando me livrei do corpo dele, passei a mão nos meus lábios e fiquei com muita, muita raiva por ele ter me beijado à força.
- VOCÊ FICOU LOUCO? – eu dei um tapa na cara dele. – EU NÃO TE DEI ESSA LIBERDADE!
- Não me importa – ele ficou acariciando o lado do rosto que eu bati. – Eu sei que você gostou.
- GOSTEI É O CARALHO! EU VOU FALAR PRO MURILO E ELE NÃO VAI GOSTAR NADA DISSO!
- Fala! Pode falar, eu não tenho medo do seu namoradinho. Aquele pivete não me mete medo!
Eu até que queria tentar não ficar mais com ódio do Bruno, mas ele me obrigava com aquelas atitudes impensadas.
- Desgraçado! – eu até tremi de nervoso.
- Que saudade desse beijo, sabia?
- ARGH, QUE ÓDIO DE VOCÊ!
- Você fica lindo demais quando está com raiva. Adoro!
- FILHO DA PUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUTA – quanto mais ele me provocava mais irritado eu ficava.
Fiquei resmungando sozinho e ele ficou me olhando. Eu pedi tanto pro meu ônibus chegar que acho que Deus me ouviu. Pouco tempo depois o coletivo apareceu no meu campo de visão.
- Louvado seja Deus – eu suspirei e ergui o braço pro motorista parar.
- Boa noite, Caio – Bruno me encarava, mas eu não retribuí o olhar. – Fica com Deus.
- Cínico! – eu queria dar uma porrada nele, mas ao invés disso preferi subir no ônibus pra me livrar logo dele.
O problema foi que várias pessoas desceram naquele mesmo ponto e o ônibus só saiu do lugar depois que eu sentei. O Bruno ainda teve a capacidade de me mandar um beijo, mas eu apenas virei a cara e bufei de raiva.
Se ele queria me provocar com aquele beijo, ele conseguiu. Conseguiu provocar raiva, conseguiu provocar ódio, conseguiu provocar repulsa, conseguiu provocar nojo e todos os piores sentimentos que possam existir na face da Terra.
Eu coloquei o dedo indicador e o dedo do meio no meu lábio e fiquei pensando no que ele fez. Como aquele garoto teve coragem de me beijar no meio da rua?
Eu não gostei nada daquela atitude do Bruno, nada mesmo. Eu namorava e era absolutamente fiel ao Murllo. Não queria traí-lo com ninguém, muito menos com o Bruno. Por que ele fez aquilo? Só pra me provocar?
E se ele queria me provocar, ele tinha conseguido. Eu por minha vez, não poderia dar aquele gostinho ao Bruno, não poderia! Eu deveria ter me acalmado e não deveria ter agredido o menino da forma que eu fiz.
- Desgraçado – eu continuava com os dedos na boca.
Fazia mais de 2 anos que eu não experimentava o beijo do Bruno, mas pelo jeito estava igualzinho aos da época em que a gente namorava.
Eu fechei os meus olhos e lembrei perfeitamente do sabor dos beijos que ele me dava e ao comparar com aquele beijo roubado, tive plena certeza que não tinha mudado nada. Absolutamente nada.
- Desgraçado – falei de novo.
Fiquei pensando no Bruno até a hora de chegar em casa. Se ele queria me fazer ficar com raiva e me fazer ficar pensando nele, ele conseguiu.
- Que carinha é essa? – perguntou Kléber.
- Problemas meu querido. Problemas.
- Quer conversar?
- Não querido – eu abri um sorriso sincero. – São problemas do meu passado e eu não quero ficar pensando nisso.
- Te entendo. Às vezes o meu passado também insiste em fazer parte do meu presente.
- Foda – suspirei. – Enfim... Eu vou pra cama que amanhã ainda trabalho.
- Eu vou trabalhar também... Que horas você vai entrar?
- No meu horário mesmo e você?
- Eu também!
- Que bom, então a gente vai juntos.
- Isso que eu ia perguntar... Eu posso ir com você?
- Claro que pode. Por que não poderia?
- Ah, não sei. Não quero ser inconveniente.
- Imagina, meu. Sem crise. Vamos juntos sem nenhum problema!
- Então tá bom – meu colega de república ficou feliz. – A gente vai junto amanhã.
- Combinado. Boa noite, Kléber.
- Boa noite, Caio!
Nem
sei como consegui dormir naquela noite. Fiquei a maioria do tempo pensando no
beijo que o Bruno roubou.
- Bom dia, Cacs – Rodrigo deitou na minha cama e me abraçou. – Vamos levantar, preguiçoso?
- Vou já – eu virei o rosto e quase beijei meu melhor amigo. – Opa... Desculpa!
- Não tem problema – ele enfiou a cabeça no meu ombro. – Estou com tanta saudade de você!
- Saudade? Mas a gente se vê todos os dias! – estranhei.
- Não posso ficar com saudade do meu irmão?
Que lindinho...
- Lógico que pode seu bobo – eu abri um sorriso.
A gente ficou abraçadinho por uns minutinhos, mas eu fiquei com calor demais e pedi pra ele me largar:
- Deixa eu tomar um banho? Preciso ir pro trabalho.
- Eu comprei pastel pra você. Você quer?
- Pastel? De quê?
- Comprei um de carne, sei que você gosta.
- Adoro! Faz tanto tempo que não como pastel...
- Pois é, você vive nessas comidinhas certinhas... Dá até raiva!
- Ah, eu me cuido. Você deveria fazer o mesmo.
- Você está querendo falar que eu não me cuido? – ele me olhou com cara feia.
- Venhamos e convenhamos que o senhor não segue a dieta que a nutricionista passou, né?
- Não quero viver comendo mato, Caio.
- Eu também não queria, mas acostumei e agora não abro mais mão. Enfim, vou pro banho e separa meu pastel. Trouxe caldo de cana também?
- Pastel sem caldo de cana não é pastel. Claro que eu comprei.
- E onde estão os meninos?
- Na cozinha comendo.
- Ah... Já encontro com vocês...
- Bom dia, Cacs – Rodrigo deitou na minha cama e me abraçou. – Vamos levantar, preguiçoso?
- Vou já – eu virei o rosto e quase beijei meu melhor amigo. – Opa... Desculpa!
- Não tem problema – ele enfiou a cabeça no meu ombro. – Estou com tanta saudade de você!
- Saudade? Mas a gente se vê todos os dias! – estranhei.
- Não posso ficar com saudade do meu irmão?
Que lindinho...
- Lógico que pode seu bobo – eu abri um sorriso.
A gente ficou abraçadinho por uns minutinhos, mas eu fiquei com calor demais e pedi pra ele me largar:
- Deixa eu tomar um banho? Preciso ir pro trabalho.
- Eu comprei pastel pra você. Você quer?
- Pastel? De quê?
- Comprei um de carne, sei que você gosta.
- Adoro! Faz tanto tempo que não como pastel...
- Pois é, você vive nessas comidinhas certinhas... Dá até raiva!
- Ah, eu me cuido. Você deveria fazer o mesmo.
- Você está querendo falar que eu não me cuido? – ele me olhou com cara feia.
- Venhamos e convenhamos que o senhor não segue a dieta que a nutricionista passou, né?
- Não quero viver comendo mato, Caio.
- Eu também não queria, mas acostumei e agora não abro mais mão. Enfim, vou pro banho e separa meu pastel. Trouxe caldo de cana também?
- Pastel sem caldo de cana não é pastel. Claro que eu comprei.
- E onde estão os meninos?
- Na cozinha comendo.
- Ah... Já encontro com vocês...
-
Desde ontem está ameaçando chover e não cai uma gota do céu – Kléber estava
olhando pra cima.
- Verdade. Eu gosto de dias nublados. Pelo menos não fico tostando no sol.
- Isso é. Quem vai estar com a gente hoje? – meu amigo perguntou.
- O Jonas. A Eduarda já trabalhou demais aos domingos, agora é a vez dele.
- Eles fazem rodízio?
- Não necessariamente. Deveriam, mas na prática não é o que acontece.
- Entendi. Ainda estou pegando as manhas da empresa.
- Com o tempo você acostuma.
- Deus te ouça.
- É gostoso trabalhar lá. A empresa é ótima.
- Verdade! Caio, por que não quis comemorar seu aniversário esse ano?
- Eu ia comemorar nessa madrugada, mas não deu porque o pessoal estava sem dinheiro. Então deixei passar em branco mesmo. Ainda bem que teve aquela festinha na churrascaria.
- É, foi legal.
Kléber e eu trocamos ideia durante todo o trajeto até a loja onde trabalhávamos. Ele era um cara legal e discreto, porque nunca tocou no lance que tinha acontecido entre nós dois naquele dia da balada.
- Mais um dia – eu suspirei e tentei criar coragem pra enfrentar mais um dia de trabalho.
- Pois é – Kléber também suspirou. – Seja o que Deus quiser.
- Boa tarde, Caio – Jonas apareceu rapidinho.
- Tudo bom, patrão? – eu apertei a mão dele.
- Bem sim e você?
- Muito bem.
- Eu posso te pedir um favor?
- Peça.
- Teria como ficar no som e imagem? Uma das vendedoras não pôde vir por problemas de saúde.
- Posso sim. Está tudo bem com ela?
- Sim, sim. Foi só um mal-estar.
- E quem foi?
- A Bia. Lembra da Bia?
- A que foi remanejada da outra loja, né?
- Isso. Ela mesmo.
- Hum... Espero que ela esteja bem. Fico lá sim, sem problemas.
- Obrigado, Caio. Não tem nenhum segredo, mas se precisar de ajuda é só falar com alguém do setor, beleza?
- Sem problemas.
- Vai substituir a Bia? – perguntou uma das novas vendedoras.
- Vou sim, Dani.
- Ai que bom. Eu posso ficar vendo você trabalhar? Preciso pegar umas táticas de venda...
- Claro que pode!
Fiquei lisongeado e me lembrei da época em que o Gabriel me ensiou as táticas de venda na outra loja que a gente trabalhava.
Apesar de não lembrar muito bem da política do setor onde fiquei, eu até que me saí bem naquele domingo e acabei vendendo mais do que eu pudesse imaginar.
- Fechou o dia bem, Caio – Jonas analisou as minhas vendas. – Mas poderia ter sido um pouquinho melhor.
- Caraca, Jonas – eu ri. – Como você é explorador. Eu vendi mais do que eu imaginava. Tá ótimo.
- Ótimo está, mas você poderia ter fechado mais e isso é fato.
- Eu acho que está ótimo.
Meu chefe e eu ficamos conversando por um longo tempo e ele me deu um feedback muito bacana, o que me deixou muito feliz.
Mais uma vez o cara tornou a falar que iria me preparar para a liderança e mais uma vez eu disse que não queria o cargo de gerente.
- Não é questão de queer. É questão de precisar crescer. E vai se preparando que mais um aninho ou dois você já estará pronto.
- Muito obrigado, mas eu dispenso.
- Não vai dispensar. A Eduarda e eu estamos de acordo em te preparar pra assumir o nosso cargo no futuro.
- Você e a Duda são melhores que encomenda, viu?
- A gente só está pensando no seu futuro.
- Pensem no futuro dos outros vendedores também. Eu tenho certeza que um deles vai querer ser gerente.
- Nós vamos preparar todos, Caio. Todo mundo tem potencial, basta desenvolvê-lo. Particularmente eu gosto muito de você e da Janaína. No meu ponto de vista seriam os melhores para assumir esse cargo em um futuro próximo.
- Pensarei no seu caso – suspirei e cocei a nuca.
- Pense sim. Me faz uma gentileza? Pede pros vendedores arrumarem as mesas pra adiantar o fim do expediente?
- É pra já.
Não hesitei e atendi a solicitação do meu gerente. Adiantar o final do expediente era tudo o que eu mais queria naquele momento.
- Verdade. Eu gosto de dias nublados. Pelo menos não fico tostando no sol.
- Isso é. Quem vai estar com a gente hoje? – meu amigo perguntou.
- O Jonas. A Eduarda já trabalhou demais aos domingos, agora é a vez dele.
- Eles fazem rodízio?
- Não necessariamente. Deveriam, mas na prática não é o que acontece.
- Entendi. Ainda estou pegando as manhas da empresa.
- Com o tempo você acostuma.
- Deus te ouça.
- É gostoso trabalhar lá. A empresa é ótima.
- Verdade! Caio, por que não quis comemorar seu aniversário esse ano?
- Eu ia comemorar nessa madrugada, mas não deu porque o pessoal estava sem dinheiro. Então deixei passar em branco mesmo. Ainda bem que teve aquela festinha na churrascaria.
- É, foi legal.
Kléber e eu trocamos ideia durante todo o trajeto até a loja onde trabalhávamos. Ele era um cara legal e discreto, porque nunca tocou no lance que tinha acontecido entre nós dois naquele dia da balada.
- Mais um dia – eu suspirei e tentei criar coragem pra enfrentar mais um dia de trabalho.
- Pois é – Kléber também suspirou. – Seja o que Deus quiser.
- Boa tarde, Caio – Jonas apareceu rapidinho.
- Tudo bom, patrão? – eu apertei a mão dele.
- Bem sim e você?
- Muito bem.
- Eu posso te pedir um favor?
- Peça.
- Teria como ficar no som e imagem? Uma das vendedoras não pôde vir por problemas de saúde.
- Posso sim. Está tudo bem com ela?
- Sim, sim. Foi só um mal-estar.
- E quem foi?
- A Bia. Lembra da Bia?
- A que foi remanejada da outra loja, né?
- Isso. Ela mesmo.
- Hum... Espero que ela esteja bem. Fico lá sim, sem problemas.
- Obrigado, Caio. Não tem nenhum segredo, mas se precisar de ajuda é só falar com alguém do setor, beleza?
- Sem problemas.
- Vai substituir a Bia? – perguntou uma das novas vendedoras.
- Vou sim, Dani.
- Ai que bom. Eu posso ficar vendo você trabalhar? Preciso pegar umas táticas de venda...
- Claro que pode!
Fiquei lisongeado e me lembrei da época em que o Gabriel me ensiou as táticas de venda na outra loja que a gente trabalhava.
Apesar de não lembrar muito bem da política do setor onde fiquei, eu até que me saí bem naquele domingo e acabei vendendo mais do que eu pudesse imaginar.
- Fechou o dia bem, Caio – Jonas analisou as minhas vendas. – Mas poderia ter sido um pouquinho melhor.
- Caraca, Jonas – eu ri. – Como você é explorador. Eu vendi mais do que eu imaginava. Tá ótimo.
- Ótimo está, mas você poderia ter fechado mais e isso é fato.
- Eu acho que está ótimo.
Meu chefe e eu ficamos conversando por um longo tempo e ele me deu um feedback muito bacana, o que me deixou muito feliz.
Mais uma vez o cara tornou a falar que iria me preparar para a liderança e mais uma vez eu disse que não queria o cargo de gerente.
- Não é questão de queer. É questão de precisar crescer. E vai se preparando que mais um aninho ou dois você já estará pronto.
- Muito obrigado, mas eu dispenso.
- Não vai dispensar. A Eduarda e eu estamos de acordo em te preparar pra assumir o nosso cargo no futuro.
- Você e a Duda são melhores que encomenda, viu?
- A gente só está pensando no seu futuro.
- Pensem no futuro dos outros vendedores também. Eu tenho certeza que um deles vai querer ser gerente.
- Nós vamos preparar todos, Caio. Todo mundo tem potencial, basta desenvolvê-lo. Particularmente eu gosto muito de você e da Janaína. No meu ponto de vista seriam os melhores para assumir esse cargo em um futuro próximo.
- Pensarei no seu caso – suspirei e cocei a nuca.
- Pense sim. Me faz uma gentileza? Pede pros vendedores arrumarem as mesas pra adiantar o fim do expediente?
- É pra já.
Não hesitei e atendi a solicitação do meu gerente. Adiantar o final do expediente era tudo o que eu mais queria naquele momento.
Sempre
que a Marcela suspirava era porque ela estava trocando mensagens com o Rodrigo
pelo celular. Na maioria das vezes eu ficava curioso pra saber o que eles
estavam conversando, mas não foi o que aconteceu naquela manhã de
segunda-feira.
Eu estava atento as informações que o Profº Chong estava passando e não dei atenção ao derretimento da namorada do meu irmão.
- Vamos fazer um telefone sem fio – disse o coreano.
Telefone sem fio? Nunca poderia imaginar que uma brincadeira de criança poderia virar matéria de um curso na faculdade.
A matéria que o professor estava passando era Comunicação. O tema até era relacionado com a brincadeira, mas mesmo assim eu achei aquilo estranho demais.
No fim das contas eu entendi a intenção do mestre ao fazer aquela brincadeira. A mensagem que foi dita por ele foi totalmente distorcida e isso me fez perceber a importância daquela matéria para a minha formação profissional.
Na hora do intervalo eu fiquei mais uma vez sozinho. Nem mesmo a Jéssica quis me fazer companhia. Ela preferiu ficar com as amigas ao invés de ficar comigo.
Sentei em uma das mesas do pátio e saboreei o meu lanche natural sem dar muita atenção ao que estava acontecendo ao meu redor.
Mergulhei nos meus mais profundos pensamentos e voltei a me questionar por qual motivo o Bruno tinha me dado aquele beijo.
Provavelmente seria apenas provocação mesmo. Eu só não entendi de onde ele arrumou coragem para fazer aquilo em via pública.
Não que eu tivesse gostado, é claro, mas se fosse pra ele fazer aquilo, que fizesse em um lugar fechado...
Balancei a cabeça com força e tentei não pensar no garoto, mas foi muito difícil isso acontecer. Nem mesmo o Murilo conseguiu substituir o Bruno na minha mente.
- Ai, Bruno – eu suspirei.
Eu tinha que parar de pensar nele. Não podia pensar naquele rapaz, simplesmente não podia! Onde eu estava com a cabeça? Eu tinha que pensar no Murilo, no meu namorado e não nele!
- Murilo, Murilo, Murilo, Murilo, Murilo – eu falei baixinho e de olhos fechados.
Era no Murilo que eu ia pensar e não no Bruno. Bruno era passado, Murilo era presente e talvez futuro. Não tinha nenhuma razão pra pensar no ex e tinha todas as razões do mundo pra pensar no atual. E era nele que eu ia pensar. Nele e em mais ninguém.
- Posso sentar aqui, jovem? – ouvi uma voz masculina perto de mim.
- Vini!!! Claro que pode, que pergunta!
O estudante de medicina puxou a cadeira e sentou na minha frente.
- O que está fazendo sozinho aqui? Cadê nosso amigo Rodrigo?
- Por aí chupando os beiços na namorada.
O cara sorriu.
- E você com ciúmes?
- Lógico! Ele é meu irmão. O que faz aqui tão cedo? Veio estudar?
- É isso aí. Eu vivo mais aqui do que lá em casa, já percebeu?
- Aham, mas isso já está chegando ao fim.
- Graças ao meu bom Deus! Mal posso esperar.
- Falta pouco agora. O pior já passou.
Eu estava atento as informações que o Profº Chong estava passando e não dei atenção ao derretimento da namorada do meu irmão.
- Vamos fazer um telefone sem fio – disse o coreano.
Telefone sem fio? Nunca poderia imaginar que uma brincadeira de criança poderia virar matéria de um curso na faculdade.
A matéria que o professor estava passando era Comunicação. O tema até era relacionado com a brincadeira, mas mesmo assim eu achei aquilo estranho demais.
No fim das contas eu entendi a intenção do mestre ao fazer aquela brincadeira. A mensagem que foi dita por ele foi totalmente distorcida e isso me fez perceber a importância daquela matéria para a minha formação profissional.
Na hora do intervalo eu fiquei mais uma vez sozinho. Nem mesmo a Jéssica quis me fazer companhia. Ela preferiu ficar com as amigas ao invés de ficar comigo.
Sentei em uma das mesas do pátio e saboreei o meu lanche natural sem dar muita atenção ao que estava acontecendo ao meu redor.
Mergulhei nos meus mais profundos pensamentos e voltei a me questionar por qual motivo o Bruno tinha me dado aquele beijo.
Provavelmente seria apenas provocação mesmo. Eu só não entendi de onde ele arrumou coragem para fazer aquilo em via pública.
Não que eu tivesse gostado, é claro, mas se fosse pra ele fazer aquilo, que fizesse em um lugar fechado...
Balancei a cabeça com força e tentei não pensar no garoto, mas foi muito difícil isso acontecer. Nem mesmo o Murilo conseguiu substituir o Bruno na minha mente.
- Ai, Bruno – eu suspirei.
Eu tinha que parar de pensar nele. Não podia pensar naquele rapaz, simplesmente não podia! Onde eu estava com a cabeça? Eu tinha que pensar no Murilo, no meu namorado e não nele!
- Murilo, Murilo, Murilo, Murilo, Murilo – eu falei baixinho e de olhos fechados.
Era no Murilo que eu ia pensar e não no Bruno. Bruno era passado, Murilo era presente e talvez futuro. Não tinha nenhuma razão pra pensar no ex e tinha todas as razões do mundo pra pensar no atual. E era nele que eu ia pensar. Nele e em mais ninguém.
- Posso sentar aqui, jovem? – ouvi uma voz masculina perto de mim.
- Vini!!! Claro que pode, que pergunta!
O estudante de medicina puxou a cadeira e sentou na minha frente.
- O que está fazendo sozinho aqui? Cadê nosso amigo Rodrigo?
- Por aí chupando os beiços na namorada.
O cara sorriu.
- E você com ciúmes?
- Lógico! Ele é meu irmão. O que faz aqui tão cedo? Veio estudar?
- É isso aí. Eu vivo mais aqui do que lá em casa, já percebeu?
- Aham, mas isso já está chegando ao fim.
- Graças ao meu bom Deus! Mal posso esperar.
- Falta pouco agora. O pior já passou.
-
Vai pra academia? – eu coloquei a mão no ombro do Rodrigo.
- Vou sim. Me espera? – ele virou e me fitou.
- Desde que você não demore.
- 2 minutinhos.
E pra minha total surpresa foram 2 minutinhos mesmo. A Marcela chegou, eles se beijaram apaixonadamente, se despediram e em seguida nós partimos.
- Que milagre você não ter ficado agarrando aquela garota!
- Bem que eu queria, mas eu preciso ir pra academia.
- Outro milagre.
- Sem graça.
Não sei se foi impressão minha, mas parecia que a academia estava mais cheia que o normal. Eu quase não tive espaço pra colocar o meu colchonete no chão pra fazer os meus abdominais.
- Agora vem cá, Caio – Felipe deu um tapinha no meu joelho. – Vamos pra máquina.
- Ai, Deus...
Em 40 minutos eu fazia um treino que era equivalente a 1 hora e meia mais ou menos. Isso me deixava esgotado fisicamente falando.
- Finalizamos por hoje – meu personal sorriu. – Pode alongar e ir pro banho.
- Valeu, Lipe. Até amanhã.
- Até, parceiro. Bom trampo.
- Pra você também. Manda um salve pro Well.
- Pode deixar.
Alonguei e fui direto pra ducha. O vestiário também estava lotado demais e havia vários caras pelados. Era muito bom ter aquela visão no começo da tarde.
- Vou sim. Me espera? – ele virou e me fitou.
- Desde que você não demore.
- 2 minutinhos.
E pra minha total surpresa foram 2 minutinhos mesmo. A Marcela chegou, eles se beijaram apaixonadamente, se despediram e em seguida nós partimos.
- Que milagre você não ter ficado agarrando aquela garota!
- Bem que eu queria, mas eu preciso ir pra academia.
- Outro milagre.
- Sem graça.
Não sei se foi impressão minha, mas parecia que a academia estava mais cheia que o normal. Eu quase não tive espaço pra colocar o meu colchonete no chão pra fazer os meus abdominais.
- Agora vem cá, Caio – Felipe deu um tapinha no meu joelho. – Vamos pra máquina.
- Ai, Deus...
Em 40 minutos eu fazia um treino que era equivalente a 1 hora e meia mais ou menos. Isso me deixava esgotado fisicamente falando.
- Finalizamos por hoje – meu personal sorriu. – Pode alongar e ir pro banho.
- Valeu, Lipe. Até amanhã.
- Até, parceiro. Bom trampo.
- Pra você também. Manda um salve pro Well.
- Pode deixar.
Alonguei e fui direto pra ducha. O vestiário também estava lotado demais e havia vários caras pelados. Era muito bom ter aquela visão no começo da tarde.
-
Ei – eu falei com a Janaína. – Eu falei com o Jonas ontem e ele disse que quer
que você vire gerente.
- Ui que delícia! Sério que ele falou isso?
- Sim. Ele disse que nós dois temos potencial.
- A Duda já tinha me falado isso há um tempinho atrás, mas saber que o Jonas também pensa assim me deixou contente.
- Hum... É impressão minha ou você gosta dele?
- Gato, vamos combinar? O magrinho é tesudo, vai?
- Eu não acho – caí na risada. – Mas se você gosta...
- Aquele cavanhaque dele... Ui delícia...
- Vou falar isso pra ele – brinquei.
- Fala, fala seu viado de escola de samba! Se você falar eu corto seu bilau no meio e dou pro pitbull da minha vizinha comer!
Como ela era agressiva. Eu fiquei dando risada sozinho enquanto ela foi atender um cliente. É claro que eu não ia falar nada pro Jonas.
- Ui que delícia! Sério que ele falou isso?
- Sim. Ele disse que nós dois temos potencial.
- A Duda já tinha me falado isso há um tempinho atrás, mas saber que o Jonas também pensa assim me deixou contente.
- Hum... É impressão minha ou você gosta dele?
- Gato, vamos combinar? O magrinho é tesudo, vai?
- Eu não acho – caí na risada. – Mas se você gosta...
- Aquele cavanhaque dele... Ui delícia...
- Vou falar isso pra ele – brinquei.
- Fala, fala seu viado de escola de samba! Se você falar eu corto seu bilau no meio e dou pro pitbull da minha vizinha comer!
Como ela era agressiva. Eu fiquei dando risada sozinho enquanto ela foi atender um cliente. É claro que eu não ia falar nada pro Jonas.
-
Já está pronto? – o meu gerente entrou no vestiário.
- Estou sim.
- E você, Kléber?
- Também, Jonas.
- Podemos ir?
- Uhum – meu colega de república e eu concordamos.
Como o Kléber estava trabalhando no mesmo horário que eu, consecultivamente ele também estava pegando uma carona com o Jonas na hora de voltar pra casa. Não ia demorar muito pra ele também ser chamado de “puxa saco” por causa desses acontecimentos.
- Valeu pela carona, chefe – Kléber abriu a porta e desceu. – Até amanhã!
- Até amanhã.
- Obrigado, Jonas. Bom descanso aí – eu suspirei e abri a porta do automóvel.
- Valeu, Caio. Pra você também.
- Obrigado. Boa noite.
- Boa noite.
Desci, entrei e fechei a porta. O Kléber já tinha subido e quando eu cheguei na sala senti cheiro de comida no ar.
- Ai que cheirinho bom – minha barriga reclamou de fome. – O que é isso que estão cozinhando?
- É estrogonofe de frango – falou Miguel.
- Delícia. Eu super vou querer um prato.
Mas quem disse que eu me contentei com um prato? Comi e repeti porque estava bom demais. O autor da receita foi o nanico e isso me deixou bem surpreso.
Após o jantar eu fui direto pro notebook. Queria dar uma olhada na minha rede social e também precisava fazer uma pesquisa pra faculdade. Vinícius era o único que estava dormindo.
Fabrício estava assistindo televisão e Rodrigo estava mexendo no celular. Eu fiquei sentado na minha cama, abri o meu Orkut e percebi que o meu perfil estava desatualizado demais.
Troquei o meu status de “solteiro” para “namorando”, mudei o texto do meu “quem sou eu” e atualizei também a foto do meu perfil.
Assim que voltei pra minha página inicial, notei que vários amigos tinham conferido o meu perfil recentemente, inclusive o meu irmão gêmeo.
- Fuçando no meu perfil, maninho? – dei risada. – Vou fuçar no seu também!
- O que foi, Caio? – Fabrício me fitou.
- Hum? Nada não, Fabrício. Falando sozinho aqui.
- Ah, tá.
Ele ainda estava com a Joyce. Então fazia muito tempo que eles estavam juntos... Será que ia rolar casamento?
Olhei os recados e os depoimentos do Cauã, mas não me interessei por nada. Tudo parecia na mais absoluta paz e tranquilidade. Ainda bem.
Notei também que o Bruno tinha fuçado no meu perfil, mas no dele eu não entrei. Ainda sentia vontade de excluí-lo, mas como de costume, algo não deixou que eu fizesse isso.
- Estou sim.
- E você, Kléber?
- Também, Jonas.
- Podemos ir?
- Uhum – meu colega de república e eu concordamos.
Como o Kléber estava trabalhando no mesmo horário que eu, consecultivamente ele também estava pegando uma carona com o Jonas na hora de voltar pra casa. Não ia demorar muito pra ele também ser chamado de “puxa saco” por causa desses acontecimentos.
- Valeu pela carona, chefe – Kléber abriu a porta e desceu. – Até amanhã!
- Até amanhã.
- Obrigado, Jonas. Bom descanso aí – eu suspirei e abri a porta do automóvel.
- Valeu, Caio. Pra você também.
- Obrigado. Boa noite.
- Boa noite.
Desci, entrei e fechei a porta. O Kléber já tinha subido e quando eu cheguei na sala senti cheiro de comida no ar.
- Ai que cheirinho bom – minha barriga reclamou de fome. – O que é isso que estão cozinhando?
- É estrogonofe de frango – falou Miguel.
- Delícia. Eu super vou querer um prato.
Mas quem disse que eu me contentei com um prato? Comi e repeti porque estava bom demais. O autor da receita foi o nanico e isso me deixou bem surpreso.
Após o jantar eu fui direto pro notebook. Queria dar uma olhada na minha rede social e também precisava fazer uma pesquisa pra faculdade. Vinícius era o único que estava dormindo.
Fabrício estava assistindo televisão e Rodrigo estava mexendo no celular. Eu fiquei sentado na minha cama, abri o meu Orkut e percebi que o meu perfil estava desatualizado demais.
Troquei o meu status de “solteiro” para “namorando”, mudei o texto do meu “quem sou eu” e atualizei também a foto do meu perfil.
Assim que voltei pra minha página inicial, notei que vários amigos tinham conferido o meu perfil recentemente, inclusive o meu irmão gêmeo.
- Fuçando no meu perfil, maninho? – dei risada. – Vou fuçar no seu também!
- O que foi, Caio? – Fabrício me fitou.
- Hum? Nada não, Fabrício. Falando sozinho aqui.
- Ah, tá.
Ele ainda estava com a Joyce. Então fazia muito tempo que eles estavam juntos... Será que ia rolar casamento?
Olhei os recados e os depoimentos do Cauã, mas não me interessei por nada. Tudo parecia na mais absoluta paz e tranquilidade. Ainda bem.
Notei também que o Bruno tinha fuçado no meu perfil, mas no dele eu não entrei. Ainda sentia vontade de excluí-lo, mas como de costume, algo não deixou que eu fizesse isso.
ALGUNS
DIAS DEPOIS...
O
professor Chong passou um trabalho extremamente complicado de ser realizado e
logo no primeiro dia eu resolvi iniciar as minhas pesquisas.
- O que tanto faz nesse notebook? – perguntou Vinicius.
- Um trabalho chato da faculdade.
- De qual matéria?
- Psicologia.
- Então é chato mesmo – ele riu e subiu na cama.
O que me deixou irritado não foi o fato do Chong ter passado um trabalho difícil, foi o fato dele ter passado o trabalho individual. Se pelo menos fosse pouco mais fácil.
Quando me dei por satisfeito com a minha pesquisa inicial, salvei as informações que consegui em uma página do Word e em seguida voltei a entrar no meu Orkut.
Levei um susto quando vi a quantidade de pessoas que tinham entrado no meu perfil nos últimos dias. Os mais importantes foram o Víctor, o Bruno, o Rodrigo, a Amandinha e o Cauã.
De novo meu irmão fuçando no meu perfil. Será que ele queria alguma coisa? Será que ele queria falar comigo?
Entrei no MSN e o dito cujo estava online. Se ele quisesse falar comigo aquele seria o momento. Eu fiquei esperando ele me chamar, mas nada aconteceu.
Alguns colegas de São Paulo me chamaram e a gente ficou trocando ideia por um tempo. Eu me deparei com vários comentários na foto do meu perfil e isso me deixou feliz, porque estavam me achando gostosinho...
Fiquei entretido na conversa com meus colegas de São Paulo e nem sequer percebi que o Bruno também tinha me chamado para conversar:
“Que milagre você por aqui”.
Foi isso que ele me mandou. Eu apenas respondi:
“Pois é.”.
Como eu não queria falar com ele, me despedi dos meus amigos e em seguida saí do Messenger. Infelizmente o Cauã não falou comigo, mas eu já esperava que isso fosse acontecer.
- O que tanto faz nesse notebook? – perguntou Vinicius.
- Um trabalho chato da faculdade.
- De qual matéria?
- Psicologia.
- Então é chato mesmo – ele riu e subiu na cama.
O que me deixou irritado não foi o fato do Chong ter passado um trabalho difícil, foi o fato dele ter passado o trabalho individual. Se pelo menos fosse pouco mais fácil.
Quando me dei por satisfeito com a minha pesquisa inicial, salvei as informações que consegui em uma página do Word e em seguida voltei a entrar no meu Orkut.
Levei um susto quando vi a quantidade de pessoas que tinham entrado no meu perfil nos últimos dias. Os mais importantes foram o Víctor, o Bruno, o Rodrigo, a Amandinha e o Cauã.
De novo meu irmão fuçando no meu perfil. Será que ele queria alguma coisa? Será que ele queria falar comigo?
Entrei no MSN e o dito cujo estava online. Se ele quisesse falar comigo aquele seria o momento. Eu fiquei esperando ele me chamar, mas nada aconteceu.
Alguns colegas de São Paulo me chamaram e a gente ficou trocando ideia por um tempo. Eu me deparei com vários comentários na foto do meu perfil e isso me deixou feliz, porque estavam me achando gostosinho...
Fiquei entretido na conversa com meus colegas de São Paulo e nem sequer percebi que o Bruno também tinha me chamado para conversar:
“Que milagre você por aqui”.
Foi isso que ele me mandou. Eu apenas respondi:
“Pois é.”.
Como eu não queria falar com ele, me despedi dos meus amigos e em seguida saí do Messenger. Infelizmente o Cauã não falou comigo, mas eu já esperava que isso fosse acontecer.
Eu consegui finalizar o trabalho de Psicologia
antes do que eu pudesse imaginar. O tema era difícil, mas foi fácil falar sobre
o assunto porque eu prestei muita atenção nas informações que foram passadas
nas aulas.
- Meu trabalho, professor – estendi a mão com o trabalho.
O coreano pegou as folhas, olhou a capa, guardou em uma pasta e não falou absolutamente nada. Grosso!
Nós já estávamos no meio de setembro e as provas iam começar em poucos dias. Era a hora de começar a estudar.
Mesmo tratando-se da P1, eu estava um pouco preocupado porque o conteúdo das matérias estavam ficando cada dia mais complexos.
Principalmente a matéria de Matemática. Isso estava me deixando com os cabelos em pé.
- Relaxa que quando chegar matemática financeira as coisas vão piorar bastante – Fernando riu.
- Valeu pelo incentivo, Nando!
- Disponha!
Assim que saí da faculdade, o Murilo me ligou:
- Oi, Murilo?
- Tudo bom, cara?
- Tudo sim e você?
- Pô, eu to bem. Já saiu da faculdade?
- Acabei de sair.
- Da hora. Quando a gente vai se encontrar?
- No final de semana, como combinado.
- Ah, beleza. Só pra saber.
Era fato que eu não estava entusiasmado com aquele namoro, muito menos na parte sexual da coisa.
Não que eu fosse um ninfomaníaco, mas namoro sem sexo é amizade e o Murilo e eu não fazíamos sexo. No máximo rolava umas brincadeirinhas e só isso não estava me satisfazendo em nada. Se continuasse daquela forma eu teria que conversar com ele.
- Meu trabalho, professor – estendi a mão com o trabalho.
O coreano pegou as folhas, olhou a capa, guardou em uma pasta e não falou absolutamente nada. Grosso!
Nós já estávamos no meio de setembro e as provas iam começar em poucos dias. Era a hora de começar a estudar.
Mesmo tratando-se da P1, eu estava um pouco preocupado porque o conteúdo das matérias estavam ficando cada dia mais complexos.
Principalmente a matéria de Matemática. Isso estava me deixando com os cabelos em pé.
- Relaxa que quando chegar matemática financeira as coisas vão piorar bastante – Fernando riu.
- Valeu pelo incentivo, Nando!
- Disponha!
Assim que saí da faculdade, o Murilo me ligou:
- Oi, Murilo?
- Tudo bom, cara?
- Tudo sim e você?
- Pô, eu to bem. Já saiu da faculdade?
- Acabei de sair.
- Da hora. Quando a gente vai se encontrar?
- No final de semana, como combinado.
- Ah, beleza. Só pra saber.
Era fato que eu não estava entusiasmado com aquele namoro, muito menos na parte sexual da coisa.
Não que eu fosse um ninfomaníaco, mas namoro sem sexo é amizade e o Murilo e eu não fazíamos sexo. No máximo rolava umas brincadeirinhas e só isso não estava me satisfazendo em nada. Se continuasse daquela forma eu teria que conversar com ele.
E não deu outra. Não rolou mais nada a não ser as
mesmas coisas de sempre na noite do domingo. Eu fiquei extremamente irritado e
resolvi abrir o jogo:
- Precisamos conversar.
- Ih... Eu odeio essa frase... O que foi?
- Até quando a gente vai ficar só nessas “brincadeirinhas”, Murilo?
- Como assim?
- Você entendeu muito bem o que eu quis dizer, não se faça de desentendido.
- Ah, Caio... – percebi que o menino ficou vermelho.
- Qual o seu medo, hein? Você não acha que eu também mereço receber algumas coisinhas?
- Acho né, mas eu não consigo fazer nada...
- Ah, conta outra, vai? Isso não cola!
- É que eu ainda to tímido, moleque. Me dá um tempinho e as coisas vão rolar, você vai ver.
- Assim eu espero, porque não aguento mais ficar literalmente na mão.
- Eu sei... Me perdoa?
Eu dei um beijo no menino e saí da cama dele.
- Preciso ir.
- Cedo assim?
- Cedo assim. Amanhã eu tenho aula.
- Pior que amanhã eu tenho é prova.
- Então vai estudar. Eu também preciso estudar.
- Beleza então. Quando a gente se vê de novo?
- Final de semana, ué. A gente sempre se vê nos finais de semana.
- Demorou então.
- Então “belê”, Murilo. Eu vou nessa.
- “Firmão”, Caio. Fica com Deus.
- Amém, você também.
Dei um selinho no cara e saí da casa dele. A rua estava absolutamente vazia e isso me deixou tranquilo para poder ir até o ponto de ônibus. Naquela noite eu não me encontrei com o Bruno.
- Que cara de nojo é essa? – perguntou Éverton, assim que eu cheguei em casa.
- Nojo? – achei estranho. – Não estou com cara de nojo!
- Está sim. Cara de quem comeu e não gostou.
- Isso é bem diferente de fazer cara de nojo. Pelo amor...
- Aconteceu alguma coisa contigo?
- Não – aquela preocupação do Éverton estava me deixando encucado. – Por que essa preocupação?
- Não posso me preocupar com meu colega de república?
- Poder você pode, só estou achando estranho, mas enfim. Não tenho nada.
- Então tá bom. Quer sobremesa?
- O que tem aí?
- Nós compramos sorvete napolitano. Tá lá no freezer.
- Delícia. Vou roubar um pouquinho.
Como nós éramos em 8, um potão de sorvete não dava pra nada, por isso os meninos compraram logo dois e fizeram bem porque o primeiro já estava no fim e eu fiz questão de acabar com tudo.
- Delícia – caí de boca na sobremesa. Estava calor naquela noite.
- Eu quero também – Rodrigo sentou na minha frente.
- Acabou. Abre o outro!
- Guloso. Nem deixou um pouquinho pra mim...
- Para de ser chorão, pega lá na geladeira!
- Sem graça...
- Chegou agora da casa da Marcela?
- Aham.
- Pelo jeito o negócio está firme, né?
- Claro que está. Nós nos amamos.
Ao ouvir isso eu fiquei com o estômago até embrulhado e quase vomitei o meu sorvete.
- Que nojo!
- Não fala assim, idiota – ele riu. – Você é muito bobo.
- Sou nada. Já foram pros finalmentes?
- Por que quer saber isso?
- Porque sim. Foram ou não foram?
- Ainda não – ele bufou. – Mas só por falta de oportunidade, porque vontade não nos falta.
- Pois eu vou fazer uma mandinga das bravas pra você falhar na hora H. Aí eu quero ver...
- Não vai pegar. O negócio aqui nunca falha pra sua informação.
Ele até olhou pro colo e eu fiquei com raiva.
- Nunca falha é? Nunca falhou mesmo?
- Claro que não. Ele nunca me deixou na mão, muito pelo contrário... Ele sempre me surpreende.
Rodrigo abriu um sorrisinho safado e eu fiquei excitado.
- Pra tudo tem a primeira vez – eu encarei o Digão. – E ele vai falhar com a Marcela, com fé em Deus.
- Não adianta, o boyzão aqui é potente, garoto.
- Não sei... Eu nunca experimentei pra saber se é...
Rodrigo ficou vermelho.
- Palhaço... Você é muito engraçadinho.
- Sou nada – bocejei e me espreguicei. – Vou lavar minhas roupas.
- Eu também vou lavar as minhas. Você não quer lavar pra mim não?
- Depende. Eu ganharia o quê em troca?
- A minha amizade, o meu muito obrigado e um beijo no rosto.
- No rosto? – eu diminuí o tom da minha voz. – No rosto eu não quero!
- Não? Então em outro lugar você não vai receber, safadinho.
- Só vou lavar porque as roupas são suas. Se fosse pra outra pessoa eu não faria isso.
- Obrigado pela parte que me toca, mas eu vou te ajudar.
E o Digow ajudou mesmo. Eu fui lavando e ele foi colocando no varal e rapidamente a gente acabou com tudo.
- Amanhã já vai estar seca – ele falou.
- Assim espero. Estou quase sem roupas limpas.
- Somos dois!!!
Quando eu ia sair da lavanderia, Rodrigo colocou as duas mãos na minha cintura e me puxou para um abraço.
- Que é isso? – perguntei baixinho.
- Um abraço! Não quer?
- E se alguém chegar aqui?
- Foda-se! Eu gosto de abraçar você.
- Gosta, é?
- Uhum. Qual o problema nisso?
- Problema? – eu sorri. – Isso é solução!
Ele colocou o queixo no meu ombro e suspirou. Eu adorava ficar nos braços daquele garoto, adorava!
- Seu lindo – dei um beijo na bochecha dele.
- Obrigado!
- Te amo muito, tá?
- Eu te amo também, Cacs! – foi a vez dele beijar a minha bochecha.
- Precisamos conversar.
- Ih... Eu odeio essa frase... O que foi?
- Até quando a gente vai ficar só nessas “brincadeirinhas”, Murilo?
- Como assim?
- Você entendeu muito bem o que eu quis dizer, não se faça de desentendido.
- Ah, Caio... – percebi que o menino ficou vermelho.
- Qual o seu medo, hein? Você não acha que eu também mereço receber algumas coisinhas?
- Acho né, mas eu não consigo fazer nada...
- Ah, conta outra, vai? Isso não cola!
- É que eu ainda to tímido, moleque. Me dá um tempinho e as coisas vão rolar, você vai ver.
- Assim eu espero, porque não aguento mais ficar literalmente na mão.
- Eu sei... Me perdoa?
Eu dei um beijo no menino e saí da cama dele.
- Preciso ir.
- Cedo assim?
- Cedo assim. Amanhã eu tenho aula.
- Pior que amanhã eu tenho é prova.
- Então vai estudar. Eu também preciso estudar.
- Beleza então. Quando a gente se vê de novo?
- Final de semana, ué. A gente sempre se vê nos finais de semana.
- Demorou então.
- Então “belê”, Murilo. Eu vou nessa.
- “Firmão”, Caio. Fica com Deus.
- Amém, você também.
Dei um selinho no cara e saí da casa dele. A rua estava absolutamente vazia e isso me deixou tranquilo para poder ir até o ponto de ônibus. Naquela noite eu não me encontrei com o Bruno.
- Que cara de nojo é essa? – perguntou Éverton, assim que eu cheguei em casa.
- Nojo? – achei estranho. – Não estou com cara de nojo!
- Está sim. Cara de quem comeu e não gostou.
- Isso é bem diferente de fazer cara de nojo. Pelo amor...
- Aconteceu alguma coisa contigo?
- Não – aquela preocupação do Éverton estava me deixando encucado. – Por que essa preocupação?
- Não posso me preocupar com meu colega de república?
- Poder você pode, só estou achando estranho, mas enfim. Não tenho nada.
- Então tá bom. Quer sobremesa?
- O que tem aí?
- Nós compramos sorvete napolitano. Tá lá no freezer.
- Delícia. Vou roubar um pouquinho.
Como nós éramos em 8, um potão de sorvete não dava pra nada, por isso os meninos compraram logo dois e fizeram bem porque o primeiro já estava no fim e eu fiz questão de acabar com tudo.
- Delícia – caí de boca na sobremesa. Estava calor naquela noite.
- Eu quero também – Rodrigo sentou na minha frente.
- Acabou. Abre o outro!
- Guloso. Nem deixou um pouquinho pra mim...
- Para de ser chorão, pega lá na geladeira!
- Sem graça...
- Chegou agora da casa da Marcela?
- Aham.
- Pelo jeito o negócio está firme, né?
- Claro que está. Nós nos amamos.
Ao ouvir isso eu fiquei com o estômago até embrulhado e quase vomitei o meu sorvete.
- Que nojo!
- Não fala assim, idiota – ele riu. – Você é muito bobo.
- Sou nada. Já foram pros finalmentes?
- Por que quer saber isso?
- Porque sim. Foram ou não foram?
- Ainda não – ele bufou. – Mas só por falta de oportunidade, porque vontade não nos falta.
- Pois eu vou fazer uma mandinga das bravas pra você falhar na hora H. Aí eu quero ver...
- Não vai pegar. O negócio aqui nunca falha pra sua informação.
Ele até olhou pro colo e eu fiquei com raiva.
- Nunca falha é? Nunca falhou mesmo?
- Claro que não. Ele nunca me deixou na mão, muito pelo contrário... Ele sempre me surpreende.
Rodrigo abriu um sorrisinho safado e eu fiquei excitado.
- Pra tudo tem a primeira vez – eu encarei o Digão. – E ele vai falhar com a Marcela, com fé em Deus.
- Não adianta, o boyzão aqui é potente, garoto.
- Não sei... Eu nunca experimentei pra saber se é...
Rodrigo ficou vermelho.
- Palhaço... Você é muito engraçadinho.
- Sou nada – bocejei e me espreguicei. – Vou lavar minhas roupas.
- Eu também vou lavar as minhas. Você não quer lavar pra mim não?
- Depende. Eu ganharia o quê em troca?
- A minha amizade, o meu muito obrigado e um beijo no rosto.
- No rosto? – eu diminuí o tom da minha voz. – No rosto eu não quero!
- Não? Então em outro lugar você não vai receber, safadinho.
- Só vou lavar porque as roupas são suas. Se fosse pra outra pessoa eu não faria isso.
- Obrigado pela parte que me toca, mas eu vou te ajudar.
E o Digow ajudou mesmo. Eu fui lavando e ele foi colocando no varal e rapidamente a gente acabou com tudo.
- Amanhã já vai estar seca – ele falou.
- Assim espero. Estou quase sem roupas limpas.
- Somos dois!!!
Quando eu ia sair da lavanderia, Rodrigo colocou as duas mãos na minha cintura e me puxou para um abraço.
- Que é isso? – perguntei baixinho.
- Um abraço! Não quer?
- E se alguém chegar aqui?
- Foda-se! Eu gosto de abraçar você.
- Gosta, é?
- Uhum. Qual o problema nisso?
- Problema? – eu sorri. – Isso é solução!
Ele colocou o queixo no meu ombro e suspirou. Eu adorava ficar nos braços daquele garoto, adorava!
- Seu lindo – dei um beijo na bochecha dele.
- Obrigado!
- Te amo muito, tá?
- Eu te amo também, Cacs! – foi a vez dele beijar a minha bochecha.
UMA
SEMANA E MEIA DEPOIS...
A quarta-feira amanheceu chuvosa e não foi uma
chuva qualquer. Eu tive até medo de sair de casa tamanha a força da tempestade
que estava caindo na cidade do Rio de Janeiro.
- Misericórdia, como eu vou pra faculdade desse jeito? – olhei pela vidraça da janela e percebi que a rua estava praticamente inundada.
- O jeito vai ser faltar – Rodrigo estava bem atrás de mim.
Era tudo o que eu queria ouvir! Parecia até que já tinha chegado o verão, mas nós ainda estávamos na primavera e eu nunca tinha visto uma chuva daquela magnitude no Rio.
- Adoro dias assim – Rodrigo voltou pra cama. – Me dá muito sono.
- Em mim também, mas eu não gosto que chova tão forte assim. A cidade fica inundada!
- Isso é uma grande verdade. Vamos ver como isso daqui vai ficar daqui a pouco.
Eu estava torcendo para que não inundasse, mas se a chuva continuasse naquela proporção, não ia demorar nada para as ruas ficarem alagadas.
Também voltei pra cama e tentei voltar a dormir, mas não consegui. Eu já estava sem sono porque meu organismo já estava acostumado com aquele ritmo louco de acordar cedo e dormir tarde. Eu nem sei como eu conseguia ficar tanto tempo acordado sem sentir muito sono.
Virei pra um lado, virei pro outro e fiquei pensando em várias coisas. Uma delas foi o Murilo. A gente tinha se encontrado no final de semana e mais uma vez ele não fez nada comigo na cama. Aquilo já estava me deixando muito irritado.
Eu ia dar só mais uma chance pra ele tentar fazer algo de diferente. Se não conseguisse ou se não quisesse, eu não ia levar o meu relacionamento adiante. Não mesmo.
Eu não precisei fazer esforços pra mudar o foco do Murilo pro Bruno. Meu ex vivia invadindo os meus pensamentos e mesmo que eu lutasse contra ele, muito raramente eu conseguia vencer a batalha.
- Bruno – eu suspirei baixinho e agarrei o meu travesseiro.
Um trovão soou no ar e isso fez com que o Fabrício acordasse. Ele sentou na cama totalmente assustado e ofegante.
- Puta que pariu, que susto! – o moleque olhou pra janela. – Que dilúvio é esse?
- Pois é. Nós nem vamos pra faculdade – falou Rodrigo.
Eu fechei os meus olhos e vi os olhos azuis do Bruno na minha frente. Como eram lindos... Como eram enigmáticos e perfeitos...
A voz dele também invadiu a minha mente. Como estava mudada... Como estava masculinizada, como estava linda e perfeita...
Eu não tinha como negar que o menino estava mudado, muito mudado. Bruno estava mais másculo, mais cauteloso com as palavras e com a forma de agir, mais contido em suas reações... Ele era praticamente uma nova pessoa.
Meu ex-namorado poderia até ter mudado, mas pra mim ele ainda era o mesmo. Ele ainda era o mesmo garotinho de 16 anos por quem eu tinha me apaixonado; ele ainda era o menino inconsequente que me largou por uma simples determinação do irmão mais velho e ele ainda era aquele rapazinho magricela que tinha me traído com o meu melhor amigo.
Naquele momento eu poderia jurar que o meu coração estava bringando com a minha razão. Em determinado momento eu fiquei pensando nas mudanças do Bruno e no momento seguinte fiquei pensando em tudo o que ele já havia feito pra mim.
Era como se tivesse duas vozes falando comigo, uma em cada ouvido. A primeira falava pra eu prestar atenção nele, pra falar com ele. E a segunda falava que ele não tinha mudado em nada e que eu não deveria me aproximar.
A única coisa que era incontestável, era a maneira que o meu coração disparava quando eu pensava naquele garoto. Mas não era só isso... Infelizmente não era só isso...
Sempre que eu o via as minhas pernas bambeavam, as minhas mãos suavam e ficavam frias e um iceberg enorme tomava conta do meu estômago.
Sempre que eu o via, a minha boca ficava seca, a minha respiração ofegante e eu não prestava atenção em mais nada a não ser nele mesmo.
Sempre que eu o via, tudo ao meu redor desaparecia, o chão saía do lugar e eu tinha a sensação que estava flutuando...
Por que eu sentia tudo aquilo? Não deveria sentir aquilo, não deveria! O Bruno me magoou muito, me ofendeu muito, me pisoteou muito... O único sentimento que eu poderia ter por ele era ódio e nada mais que isso.
Suspirei uma ou duas vezes e peguei o meu celular. Não sei por que isso aconteceu, mas no exato momento em que bati os meus olhos no visor do meu aparelho, este começou a vibrar e o número dele apareceu no centro da tela.
Bruno estava me ligando. Por que ele estava me ligando? E por que ele me ligou justamente no momento em que eu estava pensando nele? Fazia um tempo que ele não me incomodava... Eu queria saber por qual motivo ele ligou só naquele momento...
- Alô? – atendi.
- Bom dia... – a voz dele estava sonolenta.
- Bom dia! O que quer?
- Desculpa eu te incomodar a essa hora...
- Já incomodou. O que quer? – eu precisava ser firme com o garoto.
- Na verdade nem eu sei. Eu acordei agora e estava pensando em você...
- Pensando em mim?
Quanta coincidência, não é mesmo?
- Sabe de uma coisa?
- Hum?
- Eu não faço mais nada a não ser pensar em você, Caio!
Engoli em seco. Aquilo não poderia ser verdade!
- Lamento que esteja pensando em vão.
- Não, eu não estou pensando em vão. Eu te amo, eu gosto de você e é muito melhor eu pensar em algo que eu ame do que pensar em algo que me faça mal.
- Hum... – eu não soube o que responder e fechei os meus olhos.
- Está indo pra faculdade?
- Que jeito? – abri meus olhos. – A chuva não deixou.
- Ah, é verdade. Está chovendo. Mas está tão forte assim que te impossibilitou de sair de casa?
- Está sim.
- Que droga... Bom, mas pelo menos você vai poder descansar um pouco.
- Era isso que eu estava fazendo, mas você me incomodou.
- Me perdoa... – aparentemente Bruno ficou sem graça. – Eu precisava ouvir a sua voz...
- Quantas vezes eu vou precisar pedir pra você me deixar em paz?
- Eu não vou desistir, Caio! A gente ainda tem muito o que conversar...
- A gente não tem nada pra conversar, Bruno. Nada!
- Temos sim... Você sabe muito bem disso...
- Pra quê eu vou falar com você? Pra ouvir as mesmas mentiras de sempre? Pra ouvir que você foi obrigado a ir pra Espanha com seja lá quem for? Desculpa, essa não colou.
- Eu só te disse a verdade, nada além da verdade...
- Mas eu não acredito na sua verdade. Simples assim.
- Um dia eu ainda vou te provar que eu te amo, Caio. Um dia eu ainda vou provar que eu sempre quis ficar com você, que eu nunca quis sair do Brasil!
- Então faz assim? No dia que você tiver essas tais provas a gente volta a conversar, beleza? Bom dia, passar bem.
- Não desliga... Por favor...
- Eu não tenho mais nada a falar com você. Entenda isso. Muito menos depois daquele beijo que você me deu!
- Beijo esse que eu sei que você gostou...
- Ah, por favor – eu caí na gargalhada. – Não me faça rir!
- Eu sei que você não gosta do Murilo. Eu sei que você gosta de mim!
- Sonha. Pode continuar sonhando que é de graça. Eu vou desligar agora, bom dia.
Desliguei a ligação, mas também desliguei o aparelho porque eu sabia que ele poderia voltar a me ligar. Suspirei de novo e senti uma vontade imensa de dar um soco em alguma coisa. E a vítima da vez foi a parede.
- Que diabo é isso? – Vinícius estava atarentado.
- Nada não, Vini – eu bufei de raiva.
- Sossega aí, Caio – Rodrigo sibilou baixinho.
- Já me acalmei.
Prensei o travesseiro contra o meu corpo e tentei me acalmar. Não era pra ele ter me ligado. Eu não queria que isso tivesse acontecido justamente pra não ficar daquele jeito.
Era meio inevitável segurar o estresse quando eu falava com o Bruno. Quando isso acontecia, a minha razão falava mais forte e eu detonava com o garoto sem nem pensar nas consequências.
Ele me estressava de um jeito inexplicável e ao mesmo tempo me fazia pensar nele de outra forma inexplicável. Consecultivamente com isso eu ficava irritado.
- Droga!
Eu precisava encontrar uma forma para esquecê-lo. Uma forma que fosse, mas qual? Eu já tinha tentado de todas as formas possíveis e inimagináveis e mesmo assim não tinha conseguido! Pelo jeito esquecer o Bruno era missão impossível.
Alguma coisa eu teria que fazer. Eu só precisava saber por onde começar. Eu só precisava saber quais as coordenadas eu tinha que dar e por onde eu tinha que caminhar. Eu estava torcendo para que eu encontrasse a receita pra esquecer o Bruno rapidamente.
- Misericórdia, como eu vou pra faculdade desse jeito? – olhei pela vidraça da janela e percebi que a rua estava praticamente inundada.
- O jeito vai ser faltar – Rodrigo estava bem atrás de mim.
Era tudo o que eu queria ouvir! Parecia até que já tinha chegado o verão, mas nós ainda estávamos na primavera e eu nunca tinha visto uma chuva daquela magnitude no Rio.
- Adoro dias assim – Rodrigo voltou pra cama. – Me dá muito sono.
- Em mim também, mas eu não gosto que chova tão forte assim. A cidade fica inundada!
- Isso é uma grande verdade. Vamos ver como isso daqui vai ficar daqui a pouco.
Eu estava torcendo para que não inundasse, mas se a chuva continuasse naquela proporção, não ia demorar nada para as ruas ficarem alagadas.
Também voltei pra cama e tentei voltar a dormir, mas não consegui. Eu já estava sem sono porque meu organismo já estava acostumado com aquele ritmo louco de acordar cedo e dormir tarde. Eu nem sei como eu conseguia ficar tanto tempo acordado sem sentir muito sono.
Virei pra um lado, virei pro outro e fiquei pensando em várias coisas. Uma delas foi o Murilo. A gente tinha se encontrado no final de semana e mais uma vez ele não fez nada comigo na cama. Aquilo já estava me deixando muito irritado.
Eu ia dar só mais uma chance pra ele tentar fazer algo de diferente. Se não conseguisse ou se não quisesse, eu não ia levar o meu relacionamento adiante. Não mesmo.
Eu não precisei fazer esforços pra mudar o foco do Murilo pro Bruno. Meu ex vivia invadindo os meus pensamentos e mesmo que eu lutasse contra ele, muito raramente eu conseguia vencer a batalha.
- Bruno – eu suspirei baixinho e agarrei o meu travesseiro.
Um trovão soou no ar e isso fez com que o Fabrício acordasse. Ele sentou na cama totalmente assustado e ofegante.
- Puta que pariu, que susto! – o moleque olhou pra janela. – Que dilúvio é esse?
- Pois é. Nós nem vamos pra faculdade – falou Rodrigo.
Eu fechei os meus olhos e vi os olhos azuis do Bruno na minha frente. Como eram lindos... Como eram enigmáticos e perfeitos...
A voz dele também invadiu a minha mente. Como estava mudada... Como estava masculinizada, como estava linda e perfeita...
Eu não tinha como negar que o menino estava mudado, muito mudado. Bruno estava mais másculo, mais cauteloso com as palavras e com a forma de agir, mais contido em suas reações... Ele era praticamente uma nova pessoa.
Meu ex-namorado poderia até ter mudado, mas pra mim ele ainda era o mesmo. Ele ainda era o mesmo garotinho de 16 anos por quem eu tinha me apaixonado; ele ainda era o menino inconsequente que me largou por uma simples determinação do irmão mais velho e ele ainda era aquele rapazinho magricela que tinha me traído com o meu melhor amigo.
Naquele momento eu poderia jurar que o meu coração estava bringando com a minha razão. Em determinado momento eu fiquei pensando nas mudanças do Bruno e no momento seguinte fiquei pensando em tudo o que ele já havia feito pra mim.
Era como se tivesse duas vozes falando comigo, uma em cada ouvido. A primeira falava pra eu prestar atenção nele, pra falar com ele. E a segunda falava que ele não tinha mudado em nada e que eu não deveria me aproximar.
A única coisa que era incontestável, era a maneira que o meu coração disparava quando eu pensava naquele garoto. Mas não era só isso... Infelizmente não era só isso...
Sempre que eu o via as minhas pernas bambeavam, as minhas mãos suavam e ficavam frias e um iceberg enorme tomava conta do meu estômago.
Sempre que eu o via, a minha boca ficava seca, a minha respiração ofegante e eu não prestava atenção em mais nada a não ser nele mesmo.
Sempre que eu o via, tudo ao meu redor desaparecia, o chão saía do lugar e eu tinha a sensação que estava flutuando...
Por que eu sentia tudo aquilo? Não deveria sentir aquilo, não deveria! O Bruno me magoou muito, me ofendeu muito, me pisoteou muito... O único sentimento que eu poderia ter por ele era ódio e nada mais que isso.
Suspirei uma ou duas vezes e peguei o meu celular. Não sei por que isso aconteceu, mas no exato momento em que bati os meus olhos no visor do meu aparelho, este começou a vibrar e o número dele apareceu no centro da tela.
Bruno estava me ligando. Por que ele estava me ligando? E por que ele me ligou justamente no momento em que eu estava pensando nele? Fazia um tempo que ele não me incomodava... Eu queria saber por qual motivo ele ligou só naquele momento...
- Alô? – atendi.
- Bom dia... – a voz dele estava sonolenta.
- Bom dia! O que quer?
- Desculpa eu te incomodar a essa hora...
- Já incomodou. O que quer? – eu precisava ser firme com o garoto.
- Na verdade nem eu sei. Eu acordei agora e estava pensando em você...
- Pensando em mim?
Quanta coincidência, não é mesmo?
- Sabe de uma coisa?
- Hum?
- Eu não faço mais nada a não ser pensar em você, Caio!
Engoli em seco. Aquilo não poderia ser verdade!
- Lamento que esteja pensando em vão.
- Não, eu não estou pensando em vão. Eu te amo, eu gosto de você e é muito melhor eu pensar em algo que eu ame do que pensar em algo que me faça mal.
- Hum... – eu não soube o que responder e fechei os meus olhos.
- Está indo pra faculdade?
- Que jeito? – abri meus olhos. – A chuva não deixou.
- Ah, é verdade. Está chovendo. Mas está tão forte assim que te impossibilitou de sair de casa?
- Está sim.
- Que droga... Bom, mas pelo menos você vai poder descansar um pouco.
- Era isso que eu estava fazendo, mas você me incomodou.
- Me perdoa... – aparentemente Bruno ficou sem graça. – Eu precisava ouvir a sua voz...
- Quantas vezes eu vou precisar pedir pra você me deixar em paz?
- Eu não vou desistir, Caio! A gente ainda tem muito o que conversar...
- A gente não tem nada pra conversar, Bruno. Nada!
- Temos sim... Você sabe muito bem disso...
- Pra quê eu vou falar com você? Pra ouvir as mesmas mentiras de sempre? Pra ouvir que você foi obrigado a ir pra Espanha com seja lá quem for? Desculpa, essa não colou.
- Eu só te disse a verdade, nada além da verdade...
- Mas eu não acredito na sua verdade. Simples assim.
- Um dia eu ainda vou te provar que eu te amo, Caio. Um dia eu ainda vou provar que eu sempre quis ficar com você, que eu nunca quis sair do Brasil!
- Então faz assim? No dia que você tiver essas tais provas a gente volta a conversar, beleza? Bom dia, passar bem.
- Não desliga... Por favor...
- Eu não tenho mais nada a falar com você. Entenda isso. Muito menos depois daquele beijo que você me deu!
- Beijo esse que eu sei que você gostou...
- Ah, por favor – eu caí na gargalhada. – Não me faça rir!
- Eu sei que você não gosta do Murilo. Eu sei que você gosta de mim!
- Sonha. Pode continuar sonhando que é de graça. Eu vou desligar agora, bom dia.
Desliguei a ligação, mas também desliguei o aparelho porque eu sabia que ele poderia voltar a me ligar. Suspirei de novo e senti uma vontade imensa de dar um soco em alguma coisa. E a vítima da vez foi a parede.
- Que diabo é isso? – Vinícius estava atarentado.
- Nada não, Vini – eu bufei de raiva.
- Sossega aí, Caio – Rodrigo sibilou baixinho.
- Já me acalmei.
Prensei o travesseiro contra o meu corpo e tentei me acalmar. Não era pra ele ter me ligado. Eu não queria que isso tivesse acontecido justamente pra não ficar daquele jeito.
Era meio inevitável segurar o estresse quando eu falava com o Bruno. Quando isso acontecia, a minha razão falava mais forte e eu detonava com o garoto sem nem pensar nas consequências.
Ele me estressava de um jeito inexplicável e ao mesmo tempo me fazia pensar nele de outra forma inexplicável. Consecultivamente com isso eu ficava irritado.
- Droga!
Eu precisava encontrar uma forma para esquecê-lo. Uma forma que fosse, mas qual? Eu já tinha tentado de todas as formas possíveis e inimagináveis e mesmo assim não tinha conseguido! Pelo jeito esquecer o Bruno era missão impossível.
Alguma coisa eu teria que fazer. Eu só precisava saber por onde começar. Eu só precisava saber quais as coordenadas eu tinha que dar e por onde eu tinha que caminhar. Eu estava torcendo para que eu encontrasse a receita pra esquecer o Bruno rapidamente.
- Caio – alguém estava me cutucando.
- Hum?
- Acorda, menino – era o Kléber. - O Jonas está no telefone querendo falar com você...
- O Jonas? – eu abri meus olhos lentamente. – O que ele quer?
- Saber se a gente vai trabalhar.
- Cadê o telefone?
- Na sala, criatura – Kléber riu. – O telefone não é sem fio.
- Ah... É mesmo eu tinha esquecido.
Bocejei e levantei. Ainda estava chovendo e eu achei aquela ligação do Jonas um tanto inusitada.
- Oi, chefe? – atendi e bocejei.
- Estava dormindo?
- Uhum.
- Vai trabalhar hoje não?
- Que horas são?
- Quase meio dia.
- QUASE MEIO DIA? – eu me assustei. – PUTA QUE PARIU, EU TO ATRASADO!
- Relaxa – Jonas deu risada. – Eu te levo. Deduzi que você não tinha ido pra faculdade por causa da chuva.
- Por que não ligou no meu celular?
- Eu liguei, mas ele está desligado.
- Ah, é. Esqueci esse detalhe. Ai chefe, você vem buscar a gente então?
- Vou sim. Iremos tentar chegar ao shopping. A cidade está um caos por causa da tempestade.
- Alagou?
- Pior que não. A chuva mais grossa já passou, mas a cidade tem o reflexo. Trânsito e tal.
- Ah, saquei. Ainda bem que não está alagada.
- Verdade. Eu te pego aí em meia hora, pode ser?
- Combinadíssimo. Muito obrigado, Jonas.
- De nada. Avisa o Kléber pra ele se arrumar também.
- Pode deixar. Eu aviso sim.
- Então até já.
- Até já.
Desligamos.
- KLÉBER?
- Eu estou aqui, Caio!
Fiquei tão assustado que deixei o fone do telefone cair no chão. Ele estava bem atrás de mim e eu nem tinha percebido.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH – gritei e fiquei arrepiado. – QUER ME MATAR, DESGRAÇADO?
- Desculpa – o menino caiu na risada e ficou vermelho. – Eu não queria te assustar.
- Vai se trocar. O Jonas vem nos pegar em 30 minutos.
- Eu sei.
- Sabe? Então por que ele pediu pra eu te avisar?
- Não sei.
- Vai se ajeitar, vai? Antes que eu quebre seus dentes por causa do susto!
- Desculpa mesmo – ele continuava rindo.
- Idiota – eu acabei rindo também.
Tomei um banho rápido e no tempo combinado eu já estava na porta de casa esperando pelo Jonas. Fiz tudo o que tinha que fazer e o Rodrigo não acordou.
- Corre pra cá – falou Jonas de dentro do carro.
Eu estava de guarda-chuva, mas mesmo assim me molhei um pouco.
- Cadê o Kléber?
- Já está descendo – fiquei ao lado do motorista.
Não demorou nem 5 minutos e o menino apareceu na soleira da porta. Ele também estava com o guarda-chuva e também se molhou no trajeto até o carro.
- Boa tarde, Jonas. Desculpa a demora.
- Não tem problema, Kléber. Que chuva é essa, meninos?
- São Pedro acordou inspirado hoje – eu brinquei.
- Verdade – concordou Kléber.
Nós fomos falando pelos cotovelos até o shopping. Não encontramos nenhum ponto com alagamento, mas pegamos muito trânsito até o shopping. O Rio estava mesmo um inferno.
- Veio de carro foi? – Janaína me abraçou.
- Aham. Meu chefe me trouxe.
- Você é muito metido, garoto! O Jonas te leva todos os dias em casa e agora ele te traz também?
- Que culpa tenho se eu moro perto da casa dele? Quem pode, pode.
- Metido. Vou esfregar sua cara meia hora no asfalto; daí quero ver quem vai poder mais.
- Hum?
- Acorda, menino – era o Kléber. - O Jonas está no telefone querendo falar com você...
- O Jonas? – eu abri meus olhos lentamente. – O que ele quer?
- Saber se a gente vai trabalhar.
- Cadê o telefone?
- Na sala, criatura – Kléber riu. – O telefone não é sem fio.
- Ah... É mesmo eu tinha esquecido.
Bocejei e levantei. Ainda estava chovendo e eu achei aquela ligação do Jonas um tanto inusitada.
- Oi, chefe? – atendi e bocejei.
- Estava dormindo?
- Uhum.
- Vai trabalhar hoje não?
- Que horas são?
- Quase meio dia.
- QUASE MEIO DIA? – eu me assustei. – PUTA QUE PARIU, EU TO ATRASADO!
- Relaxa – Jonas deu risada. – Eu te levo. Deduzi que você não tinha ido pra faculdade por causa da chuva.
- Por que não ligou no meu celular?
- Eu liguei, mas ele está desligado.
- Ah, é. Esqueci esse detalhe. Ai chefe, você vem buscar a gente então?
- Vou sim. Iremos tentar chegar ao shopping. A cidade está um caos por causa da tempestade.
- Alagou?
- Pior que não. A chuva mais grossa já passou, mas a cidade tem o reflexo. Trânsito e tal.
- Ah, saquei. Ainda bem que não está alagada.
- Verdade. Eu te pego aí em meia hora, pode ser?
- Combinadíssimo. Muito obrigado, Jonas.
- De nada. Avisa o Kléber pra ele se arrumar também.
- Pode deixar. Eu aviso sim.
- Então até já.
- Até já.
Desligamos.
- KLÉBER?
- Eu estou aqui, Caio!
Fiquei tão assustado que deixei o fone do telefone cair no chão. Ele estava bem atrás de mim e eu nem tinha percebido.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH – gritei e fiquei arrepiado. – QUER ME MATAR, DESGRAÇADO?
- Desculpa – o menino caiu na risada e ficou vermelho. – Eu não queria te assustar.
- Vai se trocar. O Jonas vem nos pegar em 30 minutos.
- Eu sei.
- Sabe? Então por que ele pediu pra eu te avisar?
- Não sei.
- Vai se ajeitar, vai? Antes que eu quebre seus dentes por causa do susto!
- Desculpa mesmo – ele continuava rindo.
- Idiota – eu acabei rindo também.
Tomei um banho rápido e no tempo combinado eu já estava na porta de casa esperando pelo Jonas. Fiz tudo o que tinha que fazer e o Rodrigo não acordou.
- Corre pra cá – falou Jonas de dentro do carro.
Eu estava de guarda-chuva, mas mesmo assim me molhei um pouco.
- Cadê o Kléber?
- Já está descendo – fiquei ao lado do motorista.
Não demorou nem 5 minutos e o menino apareceu na soleira da porta. Ele também estava com o guarda-chuva e também se molhou no trajeto até o carro.
- Boa tarde, Jonas. Desculpa a demora.
- Não tem problema, Kléber. Que chuva é essa, meninos?
- São Pedro acordou inspirado hoje – eu brinquei.
- Verdade – concordou Kléber.
Nós fomos falando pelos cotovelos até o shopping. Não encontramos nenhum ponto com alagamento, mas pegamos muito trânsito até o shopping. O Rio estava mesmo um inferno.
- Veio de carro foi? – Janaína me abraçou.
- Aham. Meu chefe me trouxe.
- Você é muito metido, garoto! O Jonas te leva todos os dias em casa e agora ele te traz também?
- Que culpa tenho se eu moro perto da casa dele? Quem pode, pode.
- Metido. Vou esfregar sua cara meia hora no asfalto; daí quero ver quem vai poder mais.
- Tudo bom? – eu dei um selinho no Murilo e
entrei.
- Sim e você?
- Muito bem.
- A gente precisa conversar.
- Conversar? – achei estranho. – Sobre o quê?
- Sobre nós dois.
- Ah, beleza.
Pensei eu que ele ia falar sobre nosso envolvimento na cama, mas me enganei redondamente.
- Diga? – sentei na cama dele. – O que você quer me falar?
- Caio eu nunca fui um cara de rodeios, eu gosto de ir direto ao ponto.
- Então fale logo o que está acontecendo.
- Eu quero terminar o nosso namoro.
- Sim e você?
- Muito bem.
- A gente precisa conversar.
- Conversar? – achei estranho. – Sobre o quê?
- Sobre nós dois.
- Ah, beleza.
Pensei eu que ele ia falar sobre nosso envolvimento na cama, mas me enganei redondamente.
- Diga? – sentei na cama dele. – O que você quer me falar?
- Caio eu nunca fui um cara de rodeios, eu gosto de ir direto ao ponto.
- Então fale logo o que está acontecendo.
- Eu quero terminar o nosso namoro.
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