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rávida?
Eu esperava qualquer coisa, menos essa notícia. Ao mesmo tempo que fiquei surpreso, fiquei também desconfiado. Em tão pouco tempo de namoro ela já tinha engravidado?
- Grávida? – eu franzi o cenho.
- AI QUE LINDA – Janaína agarrou a nossa amiga e ficou balançando ela pra um lado e pro outro como se a Alexia fosse um pêndulo. – Parabéns, amiga linda!
- Obrigada! Ainda estou surpresa...
- Nossa, Alexia – eu olhei pra branquela. – Não sei nem o que te falar...
- Dá os parabéns pra ela seu mal-educado – Janaína deu um tabefe na minha nuca.
- Ah, parabéns – eu também a abracei. – Que seja bem-vindo, né?
- Obrigada, amor. Eu também não sei nem o que falar.
- Mas tão rápido assim? Como você engravidou rápido assim?
- Quer que eu desenhe como ela fez a criança, seu asno com gripe? – Janaína deu outro tapa na minha nuca.
- Quer parar de me agredir? – reclamei. – Vou no Datena te denunciar no próximo tapa!
- Vira homem, moleque chato... Ai, amiga... Fiquei muito feliz agora... Vocês estão felizes, né?
- Estamos surpresos, mas felizes eu acho. Eu também achei tudo rápido demais... Não era pra ter acontecido agora, mas... Enfim...
- O Diego já sabe então? – indaguei.
- Sabe sim... Ele foi o primeiro a saber.
- E ele vai te apoiar, né? – Janaína sondou.
- Vai. Ele vai assumir. Mas eu estou assustada. Não pensei que ia ficar grávida na nossa 1ª vez...
- Você está grávida de quanto tempo? – questionei.
- Não sei – Alexia riu. – O médico que fez o exame não soube informar. Eu já marquei com a minha ginecologista...
- E com seu estômago? Tudo bem? – perguntou Janaína.
- Ah, não sei também... Ainda não saiu o resultado. Eu desmaiei quando o médico falou que eu estou grávida...
- Imagino o susto – comentei.
- Enorme, mas já que aconteceu... Vai ser bem-vindo.
- É isso aí – apoiei a menina. – Agora tem que pensar nesse bebê aí... Mas você deve estar grávida de poucos dias... Né?
- Acho que sim, eu nem sabia que já dava pra saber com tão pouco tempo assim. Estou perplexa.
- Faço ideia – Janaína suspirou. – Mas dará tudo certo, eu tenho certeza disso. Ai, que lindo! Eu vou ser tia...
- Tia? – me meti. – Velha do jeito que é você está mais pra avó, hein?
- Escuta aqui, franguinho sem penas – Janaína segurou no meu braço. – Sabe quando eu vou me sentir velha? Sabe quando?
- Não? – eu sabia que vinha coisa por aí.
- À partir do dia que eu achar um cabelo branco na minha periquita. Quando isso acontecer você pode me chamar de velha. Enquanto isso, fica na sua e não torra a minha paciência se não quiser levar um soco no focinho! Garoto insolente!
A Alexia caiu na risada, mas eu fiquei foi incrédulo com o que ela disse. Só a Janaína mesmo para falar aquelas asneiras.
- Velha – mostrei a língua. – Eu vou ser tio, você vai ser bisavó do filho da Alexia!
- Algo me diz que eu vou ser obrigada a colocar pó de mico na cueca desse moleque, Alexia. Me ajuda?
- Eu? Eu não, vocês que são brancos que se entendam!
- QUANTAS VEZES EU VOU PRECISAR FALAR QUE SOU NEGRA?
Janaína deu um grito que até me assustou. Ela só poderia ser maluca, meu Deus! No meio da loja e ela berrando daquele jeito!
- Eu sou mais preta que carvão, não tá vendo não?
Deixei as duas conversando e fui atender um cliente que estava parado há alguns minutos próximo a nós.
- Boa tarde. Desculpe a demora. Posso ajudar?
- Queria falar com a Janaína...
- Só com ela? Como se chama? Eu vou chamá-la.
- Sou a tia dela...
- Ah, sim. Segundo só. JANA?
Ela virou, viu a tia e saiu correndo com os braços abertos até a mulher.
- Tia!!! – ela abraçpu a mulher. – Você aqui? Que foi? Aconteceu alguma coisa com o bebê?
- Não, criança. Eu estava aqui e passei pra te dar um oi só...
- Ah... Que susto!
Deixei as duas falando e voltei até a Alexia.
- A Duda já sabe da gravidez?
- Ainda não. Falarei com ela agora.
- Ah, sim. Já sabe o sexo? – brinquei.
- Nem que eu fosse a Mãe Dinah – Alexia riu. – Bobo. Vou pra linha branca, senão vão brigar comigo. Mais tarde a gente se fala, Caio.
- Beleza, mamãe. Bom trabalho!
- Ai Deus... Mamãe... Eu? Não imaginava isso nunca...
- Sua família já sabe?
- Ainda não... E eu nem quero ver qual vai ser a reação deles... Que Deus me ajude nessa hora difícil, meu Pai...
- Um bebê é sempre uma bênção, Alexia. Eles vão apoiar, você vai ver.
- Deus te ouça, Caio. Deus te ouça!
- Caio? – Kléber me chamou.
- Oi, amigo?
- Me ajuda com um pedido em atraso? Preciso mandar um e-mail e como você é o único que mexe com essas coisas...
- Claro que te ajudo, rapaz! Vamos lá ver esse atendimento!
Eu esperava qualquer coisa, menos essa notícia. Ao mesmo tempo que fiquei surpreso, fiquei também desconfiado. Em tão pouco tempo de namoro ela já tinha engravidado?
- Grávida? – eu franzi o cenho.
- AI QUE LINDA – Janaína agarrou a nossa amiga e ficou balançando ela pra um lado e pro outro como se a Alexia fosse um pêndulo. – Parabéns, amiga linda!
- Obrigada! Ainda estou surpresa...
- Nossa, Alexia – eu olhei pra branquela. – Não sei nem o que te falar...
- Dá os parabéns pra ela seu mal-educado – Janaína deu um tabefe na minha nuca.
- Ah, parabéns – eu também a abracei. – Que seja bem-vindo, né?
- Obrigada, amor. Eu também não sei nem o que falar.
- Mas tão rápido assim? Como você engravidou rápido assim?
- Quer que eu desenhe como ela fez a criança, seu asno com gripe? – Janaína deu outro tapa na minha nuca.
- Quer parar de me agredir? – reclamei. – Vou no Datena te denunciar no próximo tapa!
- Vira homem, moleque chato... Ai, amiga... Fiquei muito feliz agora... Vocês estão felizes, né?
- Estamos surpresos, mas felizes eu acho. Eu também achei tudo rápido demais... Não era pra ter acontecido agora, mas... Enfim...
- O Diego já sabe então? – indaguei.
- Sabe sim... Ele foi o primeiro a saber.
- E ele vai te apoiar, né? – Janaína sondou.
- Vai. Ele vai assumir. Mas eu estou assustada. Não pensei que ia ficar grávida na nossa 1ª vez...
- Você está grávida de quanto tempo? – questionei.
- Não sei – Alexia riu. – O médico que fez o exame não soube informar. Eu já marquei com a minha ginecologista...
- E com seu estômago? Tudo bem? – perguntou Janaína.
- Ah, não sei também... Ainda não saiu o resultado. Eu desmaiei quando o médico falou que eu estou grávida...
- Imagino o susto – comentei.
- Enorme, mas já que aconteceu... Vai ser bem-vindo.
- É isso aí – apoiei a menina. – Agora tem que pensar nesse bebê aí... Mas você deve estar grávida de poucos dias... Né?
- Acho que sim, eu nem sabia que já dava pra saber com tão pouco tempo assim. Estou perplexa.
- Faço ideia – Janaína suspirou. – Mas dará tudo certo, eu tenho certeza disso. Ai, que lindo! Eu vou ser tia...
- Tia? – me meti. – Velha do jeito que é você está mais pra avó, hein?
- Escuta aqui, franguinho sem penas – Janaína segurou no meu braço. – Sabe quando eu vou me sentir velha? Sabe quando?
- Não? – eu sabia que vinha coisa por aí.
- À partir do dia que eu achar um cabelo branco na minha periquita. Quando isso acontecer você pode me chamar de velha. Enquanto isso, fica na sua e não torra a minha paciência se não quiser levar um soco no focinho! Garoto insolente!
A Alexia caiu na risada, mas eu fiquei foi incrédulo com o que ela disse. Só a Janaína mesmo para falar aquelas asneiras.
- Velha – mostrei a língua. – Eu vou ser tio, você vai ser bisavó do filho da Alexia!
- Algo me diz que eu vou ser obrigada a colocar pó de mico na cueca desse moleque, Alexia. Me ajuda?
- Eu? Eu não, vocês que são brancos que se entendam!
- QUANTAS VEZES EU VOU PRECISAR FALAR QUE SOU NEGRA?
Janaína deu um grito que até me assustou. Ela só poderia ser maluca, meu Deus! No meio da loja e ela berrando daquele jeito!
- Eu sou mais preta que carvão, não tá vendo não?
Deixei as duas conversando e fui atender um cliente que estava parado há alguns minutos próximo a nós.
- Boa tarde. Desculpe a demora. Posso ajudar?
- Queria falar com a Janaína...
- Só com ela? Como se chama? Eu vou chamá-la.
- Sou a tia dela...
- Ah, sim. Segundo só. JANA?
Ela virou, viu a tia e saiu correndo com os braços abertos até a mulher.
- Tia!!! – ela abraçpu a mulher. – Você aqui? Que foi? Aconteceu alguma coisa com o bebê?
- Não, criança. Eu estava aqui e passei pra te dar um oi só...
- Ah... Que susto!
Deixei as duas falando e voltei até a Alexia.
- A Duda já sabe da gravidez?
- Ainda não. Falarei com ela agora.
- Ah, sim. Já sabe o sexo? – brinquei.
- Nem que eu fosse a Mãe Dinah – Alexia riu. – Bobo. Vou pra linha branca, senão vão brigar comigo. Mais tarde a gente se fala, Caio.
- Beleza, mamãe. Bom trabalho!
- Ai Deus... Mamãe... Eu? Não imaginava isso nunca...
- Sua família já sabe?
- Ainda não... E eu nem quero ver qual vai ser a reação deles... Que Deus me ajude nessa hora difícil, meu Pai...
- Um bebê é sempre uma bênção, Alexia. Eles vão apoiar, você vai ver.
- Deus te ouça, Caio. Deus te ouça!
- Caio? – Kléber me chamou.
- Oi, amigo?
- Me ajuda com um pedido em atraso? Preciso mandar um e-mail e como você é o único que mexe com essas coisas...
- Claro que te ajudo, rapaz! Vamos lá ver esse atendimento!
A notícia da gravidez da Alexia correu pela loja na
velocidade da luz. Os funcionários não faziam outra coisa a não ser falar sobre
esse assunto e isso me deixou muito irritado. Será que o povo não tinha mais
nada pra fazer a não ser ficar falando da vida da minha amiga?
- Caio, vem cá, por favor? – Gabriel me chamou.
- Diz, mestre?
- Mestre?
- Claro! Já esqueceu que você foi meu mestre na outra loja? É graças a você que eu aprendi o ofício de vendedor.
- Nem lembrava que você tinha sido meu pupilo na outra loja, mas enfim. Deixa eu te perguntar uma coisa: é verdade que a Alexia está grávida?
- Por que você não pergunta isso pra própria Alexia? – sugeri. – Não sou como o resto da loja que fica falando da vida dos outros não.
Fiz questão de falar isso em alto e bom som para quem estava perto ouvir. Eu nunca gostei de fofoca maldosa.
- Calma, mano – Gabriel ergueu as sobrancelhas. – Não precisa ficar bravo desse jeito...
- Não é com você, é com esse povo que fica falando da vida dos outros. Enfim, pergunta pra ela lá e ela mesma vai te responder. Ei, tem alguma promoção de celular aí?
- Tem, vai querer comprar um?
- Não sei... Queria muito, mas o meu ainda está bom...
- Vem dar uma olhadinha, cara.
Eu conferi os modelos de celulares que estavam no mostruário e fiquei pra lá de balançado, mas não tive coragem de trocar meu aparelho. Ele ainda estava praticamente intacto, não tinha nenhum arranhão e estava funcionando perfeitamente. Eu não podia simplesmente me dar ao luxo de comprar um aparelho por “olho grande”.
- Hoje não. Vou pensar direitinho e qualquer coisa eu te procuro.
- Beleza, mas procura a mim mesmo. Não esqueça que eu tenho duas princesas pra criar.
- Verdade... E como a Gabriela e a Talita estão?
- Muito bem, graças a Deus.
- Elas se conhecem?
- Ah... Eu já fiquei com as duas lá em casa, mas são muito novinhas ainda, né? Quando crescerem elas vão brincar muito juntas. São as minhas princesinhas.
- Pai babão. É isso aí!!!
- Tem que ser. Já que eu fiz, eu assumo.
- É assim que um homem tem que fazer. Vou nessa, bom trampo.
- Pra ti também.
Como o movimento estava tranquilo, aproveitei a oportunidade para trocar ideia com meus superiores. Eu precisava resolver a questão do meu estágio.
- Eu posso falar com vocês? – perguntei.
- O que você quer, menino? – Eduarda estava com uma resma na mesa dela. O que tanto ela assinava?
Eu puxei a cadeira, sentei e percebi que meus sapatos estavam desamarrados.
- Eu queria falar sobre o meu estágio – falei.
- Ah, o seu estágio... – o tom de voz do Jonas estava brincalhão. – E não é que eu esqueci, Caio?
- Tem nada não.
- O que está fazendo aí embaixo? – perguntou Eduarda. – Olhando se tem cupim debaixo da minha mesa?
- Amarrando o meu cadarço. Então, como fica meu estágio?
- Eu já entreguei o documento pro Tácio, Caio – informou Jonas. – É só esperar ele assinar.
- Mas ele está demorando muito, não está não? – perguntei.
- Ele é um homem muito ocupado, Caio – Eduarda continuou rubricando alguns sulfites. – Me ajuda, Jonas.
Meu gerente pegou vários sulfites e começou a assinar também. Eu fiquei curioso.
- Ai, o que vocês tanto assinam?
- Assunto da gerência, Caio – Eduarda não me olhou um segundo sequer.
- Fiquei curioso...
- Quer saber o que a gente assina?
- Quero!
- Vira gerente que a gente te conta – Jonas também não me olhou.
Mal-educados! Eu fiz bico e suspirei.
- Então eu tenho que esperar?
- Sim senhor.
- Então tá. Obrigado, moça e moço.
- Ai, obrigada pelo moça. Só por isso eu vou te dar 15 dias de folga.
- SÉRIO?
- Claro que não – ela riu. – Era só pra ver a sua reação.
- Ah, mas agora você falou que vai dar. Eu exijo o meu direito, senão entrarei com uma ação no Ministério do Trabalho.
- Pode entrar. Quero ver você ter provas do que eu te prometi.
- O Jonas é a minha testemunha. Né, Jonas?
- Claro que não. Você acha que eu vou perder meu melhor vendedor de móveis? Jamais!!!
- Muito obrigado pela parte que me toca. Só de raiva hoje eu não vou vender mais nada também.
- Caio, vem cá, por favor? – Gabriel me chamou.
- Diz, mestre?
- Mestre?
- Claro! Já esqueceu que você foi meu mestre na outra loja? É graças a você que eu aprendi o ofício de vendedor.
- Nem lembrava que você tinha sido meu pupilo na outra loja, mas enfim. Deixa eu te perguntar uma coisa: é verdade que a Alexia está grávida?
- Por que você não pergunta isso pra própria Alexia? – sugeri. – Não sou como o resto da loja que fica falando da vida dos outros não.
Fiz questão de falar isso em alto e bom som para quem estava perto ouvir. Eu nunca gostei de fofoca maldosa.
- Calma, mano – Gabriel ergueu as sobrancelhas. – Não precisa ficar bravo desse jeito...
- Não é com você, é com esse povo que fica falando da vida dos outros. Enfim, pergunta pra ela lá e ela mesma vai te responder. Ei, tem alguma promoção de celular aí?
- Tem, vai querer comprar um?
- Não sei... Queria muito, mas o meu ainda está bom...
- Vem dar uma olhadinha, cara.
Eu conferi os modelos de celulares que estavam no mostruário e fiquei pra lá de balançado, mas não tive coragem de trocar meu aparelho. Ele ainda estava praticamente intacto, não tinha nenhum arranhão e estava funcionando perfeitamente. Eu não podia simplesmente me dar ao luxo de comprar um aparelho por “olho grande”.
- Hoje não. Vou pensar direitinho e qualquer coisa eu te procuro.
- Beleza, mas procura a mim mesmo. Não esqueça que eu tenho duas princesas pra criar.
- Verdade... E como a Gabriela e a Talita estão?
- Muito bem, graças a Deus.
- Elas se conhecem?
- Ah... Eu já fiquei com as duas lá em casa, mas são muito novinhas ainda, né? Quando crescerem elas vão brincar muito juntas. São as minhas princesinhas.
- Pai babão. É isso aí!!!
- Tem que ser. Já que eu fiz, eu assumo.
- É assim que um homem tem que fazer. Vou nessa, bom trampo.
- Pra ti também.
Como o movimento estava tranquilo, aproveitei a oportunidade para trocar ideia com meus superiores. Eu precisava resolver a questão do meu estágio.
- Eu posso falar com vocês? – perguntei.
- O que você quer, menino? – Eduarda estava com uma resma na mesa dela. O que tanto ela assinava?
Eu puxei a cadeira, sentei e percebi que meus sapatos estavam desamarrados.
- Eu queria falar sobre o meu estágio – falei.
- Ah, o seu estágio... – o tom de voz do Jonas estava brincalhão. – E não é que eu esqueci, Caio?
- Tem nada não.
- O que está fazendo aí embaixo? – perguntou Eduarda. – Olhando se tem cupim debaixo da minha mesa?
- Amarrando o meu cadarço. Então, como fica meu estágio?
- Eu já entreguei o documento pro Tácio, Caio – informou Jonas. – É só esperar ele assinar.
- Mas ele está demorando muito, não está não? – perguntei.
- Ele é um homem muito ocupado, Caio – Eduarda continuou rubricando alguns sulfites. – Me ajuda, Jonas.
Meu gerente pegou vários sulfites e começou a assinar também. Eu fiquei curioso.
- Ai, o que vocês tanto assinam?
- Assunto da gerência, Caio – Eduarda não me olhou um segundo sequer.
- Fiquei curioso...
- Quer saber o que a gente assina?
- Quero!
- Vira gerente que a gente te conta – Jonas também não me olhou.
Mal-educados! Eu fiz bico e suspirei.
- Então eu tenho que esperar?
- Sim senhor.
- Então tá. Obrigado, moça e moço.
- Ai, obrigada pelo moça. Só por isso eu vou te dar 15 dias de folga.
- SÉRIO?
- Claro que não – ela riu. – Era só pra ver a sua reação.
- Ah, mas agora você falou que vai dar. Eu exijo o meu direito, senão entrarei com uma ação no Ministério do Trabalho.
- Pode entrar. Quero ver você ter provas do que eu te prometi.
- O Jonas é a minha testemunha. Né, Jonas?
- Claro que não. Você acha que eu vou perder meu melhor vendedor de móveis? Jamais!!!
- Muito obrigado pela parte que me toca. Só de raiva hoje eu não vou vender mais nada também.
NO DIA SEGUINTE...
Era aula de Gestão Financeira com o Profº Daniel e eu
já estava ficando careca com todos aqueles números.
- Alguém não entendeu a explicação?
Eu e metade da sala levantamos a mão. Pelo menos eu não fui o único.
- Vamos lá, eu vou repetir de novo...
Dei graças a Deus quando chegou a aula do Profº Otávio. A matéria dele era mil vezes melhor que a outra e nela eu sempre ia muito bem.
Além de ser divertida, a aula dele era muito válida e nos dava várias dicas de como devíamos nos comportar dentro do ambiente corporativo. Eu me encontrei em diversos exemplos de como não poderia me comportar dentro da empresa e só assim percebi como a minha postura estava inadequada.
Quando a última aula acabou e eu saí pra rua, acabei trombando com o Rodrigo, mas nós nem nos falamos. Passamos direto um pelo outro e não trocamos sequer um olhar.
Eu decidi que não iria ficar atrás do meu melhor amigo, se é que ele ainda era meu melhor amigo. Desde que o incidente com a Marcela acontecera, ele não foi o mesmo comigo e tudo só piorou depois que eu passei a noite com o Bruno. Eu tinha uma ligeira sensação que a nossa amizade nunca mais seria a mesma.
Entretanto, eu não estava preocupado com isso. A vida já tinha me dado tantos golpes que eu já estava até acostumado a ser largado de canto ou abandonado por aí. Se o Rodrigo fizesse isso, ele seria apenas mais um na minha lista. E eu não ia sofrer por aquilo.
Engano meu. É claro que eu ia sofrer. Digão era mais que um amigo, era meu irmão. Nem com o Cauã eu tinha uma relação assim... Como eu não ia sofrer se ele não quisesse mais ser meu amigo?
Mais uma vez parei pra pensar que foi graças a ele que eu consegui morar na república. Foi graças a ele que eu estava na faculdade. E seria graças a ele o futuro profissional que eu teria dali alguns anos.
Como não sentir falta daquele príncipe? Ele era incrível pra mim e de repente se tornou um chato de galochas... Até quando a gente ia ficar naquele clima chato? Isso era algo que só o tempo ia me dizer.
- Bom dia, Caio – Felipe apertou a minha mão. – Preparado pra maratona de 40 minutos?
- Preparadíssimo.
- Hoje é só glúteo, hein?
- Nem me lembra. Essa é a parte mais chata de todas.
- Relaxa. Não vai ter como deixar essa bunda mole, né? – o personal sorriu.
Às vezes eu tinha a impressão que ele era do babado, mas às vezes não. Lembrei que uma vez, na outra academia, ele relou na minha poupança e isso só aumentou a minha desconfiança.
- Eu vou me trocar e já volto.
- Eu te espero.
Fiz o que prometi e quando voltei ele estava conversando com uma das professoras que tinha na academia.
- Aqui estou eu.
- Vamos lá, vem comigo.
Segui o mestre e em seguida alonguei todo o meu corpo, principalmente a área que seria trabalhada.
- Não vou ter que ficar de 4 que nem as meninas não, né?
- Olha, deveria; mas não vai.
- Que susto. Se fosse pra fazer isso eu não ia topar.
- Montei uns exercícios bacanas pra você. Pronto? Podemos ir pro primeiro?
- Podemos sim.
Era algo muito fácil de ser feito, mas com as repetições eu acabei ficando cansado. O treino daquele dia foi praticamente agachamento, mas com vários pesos diferentes.
- Empina essa bunda, Caio! – Felipe deu risada.
Pensei besteira. Eu até poderia empinar, mas em outra ocasião, em outro lugar e com outra pessoa. Até poderia ser com ele também, desde que eu não fosse apaixonado por outro. Pelo Murilo.
MURILO? AH, TÁ! ATÉ PARECE QUE EU SOU APAIXONADO POR AQUELE PIVETE QUE CHEIRA A LEITE.
E é apaixonado por quem então? Pelo Vini? Ele namora. Pelo Rodrigo? Ele namora também.
Claro que não. Eu sou completamente apaixonado pelo Bruno, você sabe disso.
Bruno é passado, Caio. Não fica pensando nele e deixa o passado pra trás. Você tem que pensar no Murilo.
Pensar no Murilo? Pra quê? Nem ligar ele me liga...
Então ligue você. Se a montanha não vai à Maomé, Maomé vai até a montanha.
E não é que eu fiquei pensando nisso? Fazia dias que eu não falava com o meu namorado e isso não estava certo. Eu precisava marcar presença, senão as cartas da Do Carmo iam acabar acertando a previsão e ele ia ficar com outra.
Foi pensando nisso que logo na saída da academia eu liguei para o garotinho. Ele atendeu rindo, logo no primeiro toque:
- Fala, Caio?
- Nossa... É assim que você me atende?
- O que você quer?
- Caramba, Murilo... Como assim o que eu quero? Ficar com você, poxa...
- Eu também quero, manézão. A gente pode se encontrar hoje?
- Você quer almoçar comigo?
- Quero. No shopping aí da Barra, né?
- Uhum. Vem pra cá?
- Vou sim. Eu estou com saudades de você.
- Eu também estou com saudades, meu. Te espero às 17 horas então.
- Eu passo na loja pra te pegar, tá bom?
- Beleza. Quem está aí com você?
- Ninguém, por quê?
- Você atendeu rindo.
- É que eu estou assistindo televisão.
- Hum. Então está combinado. Até mais tarde.
- Até mais tarde.
- Alguém não entendeu a explicação?
Eu e metade da sala levantamos a mão. Pelo menos eu não fui o único.
- Vamos lá, eu vou repetir de novo...
Dei graças a Deus quando chegou a aula do Profº Otávio. A matéria dele era mil vezes melhor que a outra e nela eu sempre ia muito bem.
Além de ser divertida, a aula dele era muito válida e nos dava várias dicas de como devíamos nos comportar dentro do ambiente corporativo. Eu me encontrei em diversos exemplos de como não poderia me comportar dentro da empresa e só assim percebi como a minha postura estava inadequada.
Quando a última aula acabou e eu saí pra rua, acabei trombando com o Rodrigo, mas nós nem nos falamos. Passamos direto um pelo outro e não trocamos sequer um olhar.
Eu decidi que não iria ficar atrás do meu melhor amigo, se é que ele ainda era meu melhor amigo. Desde que o incidente com a Marcela acontecera, ele não foi o mesmo comigo e tudo só piorou depois que eu passei a noite com o Bruno. Eu tinha uma ligeira sensação que a nossa amizade nunca mais seria a mesma.
Entretanto, eu não estava preocupado com isso. A vida já tinha me dado tantos golpes que eu já estava até acostumado a ser largado de canto ou abandonado por aí. Se o Rodrigo fizesse isso, ele seria apenas mais um na minha lista. E eu não ia sofrer por aquilo.
Engano meu. É claro que eu ia sofrer. Digão era mais que um amigo, era meu irmão. Nem com o Cauã eu tinha uma relação assim... Como eu não ia sofrer se ele não quisesse mais ser meu amigo?
Mais uma vez parei pra pensar que foi graças a ele que eu consegui morar na república. Foi graças a ele que eu estava na faculdade. E seria graças a ele o futuro profissional que eu teria dali alguns anos.
Como não sentir falta daquele príncipe? Ele era incrível pra mim e de repente se tornou um chato de galochas... Até quando a gente ia ficar naquele clima chato? Isso era algo que só o tempo ia me dizer.
- Bom dia, Caio – Felipe apertou a minha mão. – Preparado pra maratona de 40 minutos?
- Preparadíssimo.
- Hoje é só glúteo, hein?
- Nem me lembra. Essa é a parte mais chata de todas.
- Relaxa. Não vai ter como deixar essa bunda mole, né? – o personal sorriu.
Às vezes eu tinha a impressão que ele era do babado, mas às vezes não. Lembrei que uma vez, na outra academia, ele relou na minha poupança e isso só aumentou a minha desconfiança.
- Eu vou me trocar e já volto.
- Eu te espero.
Fiz o que prometi e quando voltei ele estava conversando com uma das professoras que tinha na academia.
- Aqui estou eu.
- Vamos lá, vem comigo.
Segui o mestre e em seguida alonguei todo o meu corpo, principalmente a área que seria trabalhada.
- Não vou ter que ficar de 4 que nem as meninas não, né?
- Olha, deveria; mas não vai.
- Que susto. Se fosse pra fazer isso eu não ia topar.
- Montei uns exercícios bacanas pra você. Pronto? Podemos ir pro primeiro?
- Podemos sim.
Era algo muito fácil de ser feito, mas com as repetições eu acabei ficando cansado. O treino daquele dia foi praticamente agachamento, mas com vários pesos diferentes.
- Empina essa bunda, Caio! – Felipe deu risada.
Pensei besteira. Eu até poderia empinar, mas em outra ocasião, em outro lugar e com outra pessoa. Até poderia ser com ele também, desde que eu não fosse apaixonado por outro. Pelo Murilo.
MURILO? AH, TÁ! ATÉ PARECE QUE EU SOU APAIXONADO POR AQUELE PIVETE QUE CHEIRA A LEITE.
E é apaixonado por quem então? Pelo Vini? Ele namora. Pelo Rodrigo? Ele namora também.
Claro que não. Eu sou completamente apaixonado pelo Bruno, você sabe disso.
Bruno é passado, Caio. Não fica pensando nele e deixa o passado pra trás. Você tem que pensar no Murilo.
Pensar no Murilo? Pra quê? Nem ligar ele me liga...
Então ligue você. Se a montanha não vai à Maomé, Maomé vai até a montanha.
E não é que eu fiquei pensando nisso? Fazia dias que eu não falava com o meu namorado e isso não estava certo. Eu precisava marcar presença, senão as cartas da Do Carmo iam acabar acertando a previsão e ele ia ficar com outra.
Foi pensando nisso que logo na saída da academia eu liguei para o garotinho. Ele atendeu rindo, logo no primeiro toque:
- Fala, Caio?
- Nossa... É assim que você me atende?
- O que você quer?
- Caramba, Murilo... Como assim o que eu quero? Ficar com você, poxa...
- Eu também quero, manézão. A gente pode se encontrar hoje?
- Você quer almoçar comigo?
- Quero. No shopping aí da Barra, né?
- Uhum. Vem pra cá?
- Vou sim. Eu estou com saudades de você.
- Eu também estou com saudades, meu. Te espero às 17 horas então.
- Eu passo na loja pra te pegar, tá bom?
- Beleza. Quem está aí com você?
- Ninguém, por quê?
- Você atendeu rindo.
- É que eu estou assistindo televisão.
- Hum. Então está combinado. Até mais tarde.
- Até mais tarde.
Ele foi me buscar mesmo. E estava todo bonitinho, com
uma calça jeans e camiseta preta. O gatinho mirim usava um boné pra trás e isso
me fez lembrar de quem?
Ai Bruno, cadê você. hein?
VAI FALAR COM O MURILO!
Não...
VAI JÁ!
- Pensei que você não ia vir.
- Duvidou da minha palavra, foi? – ele sorriu.
- Duvidei sim... Saudades!
- Eu também. Como você fica lindo de uniforme, hein?
- Para, bobão!
- Vamos comer?
- Tenho que esperar só mais 5 minutinhos. Você me espera?
- Claro... Eu vou ficar na entrada então para não te atrapalhar.
- Belezinha. Já vou te encontrar.
- Combinado.
- O que o bofe de fraldas está fazendo aqui? – Janaína perguntou.
- Vamos almoçar juntos, oras.
- E Bruno? Onde fica Bruno nessa história?
- Que Bruno que nada. Quem é Bruno?
- Quem é Murilo na cesta básica, Caio? O que esse menino te oferece? Nem sexo ele faz direito... Cai fora desse menino, isso é roubada!
- Ah, pelo amor... Fica na sua e tome conta do seu bofe. Do meu pode deixar que eu mesmo cuido. Tchau!
- Eu não falo mais nada. Quando esse daí souber fazer sexo você me chama, tá? Prefiro poupar meu vocabulário quando o assunto é a sua vida amorosa.
- Então não perca seu tempo e não fale mais sobre isso.
- Pois é justamente isso que eu vou fazer.
Eu amava a Janaína e sabia que ela só estava tentando me ajudar, mas quando ela se metia demais na minha vida, eu ficava extremamente estressado e não conseguia disfarçar a irritação.
- Que carinha é essa? O que fizeram com você?
- Nada, Murilo. É só o estresse da loja mesmo. Que bom que veio comer comigo. Eu estava sentindo muito a sua falta já.
- Eu também estava sentindo a sua falta, Caio.
Meu namorado e eu fomos até a praça de alimentação. Ele escolheu algo bem engordativo para degustar e eu continuei com a minha comida a base de carboidratos.
- Só comendo carboidratos?
- Preciso pegar mais um pouco de massa em algumas partes do corpo.
- Mas você não tinha parado com essa dieta?
- Tinha, mas meu personal pediu pra eu fazer de novo porque ainda preciso de massa nas pernas, no glúteo...
- No glúteo, é? – ele sorriu de uma maneira safada.
- É – eu ri. – Por quê?
- E pra que você quer deixar a bunda durinha?
- Porque senão o meu corpo não vai ficar harmonioso.
- E você vai me deixar ver o resultado?
- Não – foi mais forte que eu.
- Não? – ele estranhou.
- Quero dizer, sim. Na verdade, eu não sei. Vai depender do seu merecimento!
- Me deixou confuso.
- Ah, deixa pra lá. Me fala, como está a sua vida?
Nós ficamos conversando a maior parte do tempo e quando terminamos o almoço, demos um jeito para trocar uns beijos na saída de emergência do shopping.
O problema foi encontrar mais um casal gay na escada. Isso me deixou constrangido, mas ao mesmo tempo fiquei sossegado porque eu não os conhecia.
- Tenho que voltar pra loja – falei.
- Aquele cara está olhando pra gente.
- Deixa ele olhar.
- E ele está com o pau pra fora...
- Está? E você fica olhando?
- É que é grande, não tem como não olhar.
Até eu olhei. Era grande mesmo.
- Eles estão chamando a gente...
- Não vamos não. Eu tenho que voltar pra loja, falta só 5 minutos pro término do meu horário de almoço.
- Então vamos...
- Espera aí, você não quer participar disso daí não, né Murilo?
- Claro que não!
- Ah, bom...
Mas não era o que parecia. Ele não parava de olhar pros carinhas e isso me deixou enciumado.
Você? Com ciúmes do Murilo?
Claro! Ele é meu namorado, como eu não posso sentir ciúmes? Eu tenho ciúmes sim...
Grande namorado. Nem sexo ele sabe fazer...
- Vamos embora agora! – eu bufei e saí andando. – Se você ficar aí eu quebro a sua cara.
- Já vou, já vou...
- Escuta aqui, moleque – eu puxei o Murilo pelo braço. – Se eu souber que você está me traindo com quem quer que seja, eu acabo com a sua raça, entendeu?
- Calma, Caio... Eu não to te traindo, porra...
- Assim espero. Porque se eu souber que você tem outro ou outra, o bicho vai pegar pro seu lado. Entendeu?
- Calma, cara...
- ENTENDEU?
- Entendi, entendi! Não precisa ficar nervoso desse jeito...
- Eu vou voltar pra loja e você volta pra sua casa. Combinado?
- Uhum, não fica bravo não... Só foi uma olhadinha sem malícia...
- Sem malícia? E por acaso eu nasci ontem, garoto?
- Quando a gente vai se ver de novo?
- Só em maio e daqui até lá eu espero que o senhor se comporte muito bem!
- Mas ainda falta mais de 2 semanas pra maio!
- Sei disso, mas é a única data que eu vou ter disponível pra te ver. E que você se comporte, entendeu?
- Vou me comportar. Se comporte você também.
- Agora vai embora. A gente se fala pelo celular. Boa tarde.
- Boa tarde, ciumento. Fica com Deus.
- Amém. Fica com Ele você também.
Ai Bruno, cadê você. hein?
VAI FALAR COM O MURILO!
Não...
VAI JÁ!
- Pensei que você não ia vir.
- Duvidou da minha palavra, foi? – ele sorriu.
- Duvidei sim... Saudades!
- Eu também. Como você fica lindo de uniforme, hein?
- Para, bobão!
- Vamos comer?
- Tenho que esperar só mais 5 minutinhos. Você me espera?
- Claro... Eu vou ficar na entrada então para não te atrapalhar.
- Belezinha. Já vou te encontrar.
- Combinado.
- O que o bofe de fraldas está fazendo aqui? – Janaína perguntou.
- Vamos almoçar juntos, oras.
- E Bruno? Onde fica Bruno nessa história?
- Que Bruno que nada. Quem é Bruno?
- Quem é Murilo na cesta básica, Caio? O que esse menino te oferece? Nem sexo ele faz direito... Cai fora desse menino, isso é roubada!
- Ah, pelo amor... Fica na sua e tome conta do seu bofe. Do meu pode deixar que eu mesmo cuido. Tchau!
- Eu não falo mais nada. Quando esse daí souber fazer sexo você me chama, tá? Prefiro poupar meu vocabulário quando o assunto é a sua vida amorosa.
- Então não perca seu tempo e não fale mais sobre isso.
- Pois é justamente isso que eu vou fazer.
Eu amava a Janaína e sabia que ela só estava tentando me ajudar, mas quando ela se metia demais na minha vida, eu ficava extremamente estressado e não conseguia disfarçar a irritação.
- Que carinha é essa? O que fizeram com você?
- Nada, Murilo. É só o estresse da loja mesmo. Que bom que veio comer comigo. Eu estava sentindo muito a sua falta já.
- Eu também estava sentindo a sua falta, Caio.
Meu namorado e eu fomos até a praça de alimentação. Ele escolheu algo bem engordativo para degustar e eu continuei com a minha comida a base de carboidratos.
- Só comendo carboidratos?
- Preciso pegar mais um pouco de massa em algumas partes do corpo.
- Mas você não tinha parado com essa dieta?
- Tinha, mas meu personal pediu pra eu fazer de novo porque ainda preciso de massa nas pernas, no glúteo...
- No glúteo, é? – ele sorriu de uma maneira safada.
- É – eu ri. – Por quê?
- E pra que você quer deixar a bunda durinha?
- Porque senão o meu corpo não vai ficar harmonioso.
- E você vai me deixar ver o resultado?
- Não – foi mais forte que eu.
- Não? – ele estranhou.
- Quero dizer, sim. Na verdade, eu não sei. Vai depender do seu merecimento!
- Me deixou confuso.
- Ah, deixa pra lá. Me fala, como está a sua vida?
Nós ficamos conversando a maior parte do tempo e quando terminamos o almoço, demos um jeito para trocar uns beijos na saída de emergência do shopping.
O problema foi encontrar mais um casal gay na escada. Isso me deixou constrangido, mas ao mesmo tempo fiquei sossegado porque eu não os conhecia.
- Tenho que voltar pra loja – falei.
- Aquele cara está olhando pra gente.
- Deixa ele olhar.
- E ele está com o pau pra fora...
- Está? E você fica olhando?
- É que é grande, não tem como não olhar.
Até eu olhei. Era grande mesmo.
- Eles estão chamando a gente...
- Não vamos não. Eu tenho que voltar pra loja, falta só 5 minutos pro término do meu horário de almoço.
- Então vamos...
- Espera aí, você não quer participar disso daí não, né Murilo?
- Claro que não!
- Ah, bom...
Mas não era o que parecia. Ele não parava de olhar pros carinhas e isso me deixou enciumado.
Você? Com ciúmes do Murilo?
Claro! Ele é meu namorado, como eu não posso sentir ciúmes? Eu tenho ciúmes sim...
Grande namorado. Nem sexo ele sabe fazer...
- Vamos embora agora! – eu bufei e saí andando. – Se você ficar aí eu quebro a sua cara.
- Já vou, já vou...
- Escuta aqui, moleque – eu puxei o Murilo pelo braço. – Se eu souber que você está me traindo com quem quer que seja, eu acabo com a sua raça, entendeu?
- Calma, Caio... Eu não to te traindo, porra...
- Assim espero. Porque se eu souber que você tem outro ou outra, o bicho vai pegar pro seu lado. Entendeu?
- Calma, cara...
- ENTENDEU?
- Entendi, entendi! Não precisa ficar nervoso desse jeito...
- Eu vou voltar pra loja e você volta pra sua casa. Combinado?
- Uhum, não fica bravo não... Só foi uma olhadinha sem malícia...
- Sem malícia? E por acaso eu nasci ontem, garoto?
- Quando a gente vai se ver de novo?
- Só em maio e daqui até lá eu espero que o senhor se comporte muito bem!
- Mas ainda falta mais de 2 semanas pra maio!
- Sei disso, mas é a única data que eu vou ter disponível pra te ver. E que você se comporte, entendeu?
- Vou me comportar. Se comporte você também.
- Agora vai embora. A gente se fala pelo celular. Boa tarde.
- Boa tarde, ciumento. Fica com Deus.
- Amém. Fica com Ele você também.
1º DE MAIO DE 2.009...
Era feriado nacional e eu estava trabalhando, como de costume. Porém o movimento da loja estava praticamente 0 e isso foi favorável para eu e a Janaína acompanharmos os nossos pedidos de montagem.
Era feriado nacional e eu estava trabalhando, como de costume. Porém o movimento da loja estava praticamente 0 e isso foi favorável para eu e a Janaína acompanharmos os nossos pedidos de montagem.
- Tenho muita coisa atrasada – ela suspirou. – Por isso que nosso ramal não
para.
- Os meus estão mais ou menos em dia. Eu fico cobrando a toda hora.
- Vou começar a fazer isso também. Vou mandar vários e-mails pro posto de montagem pra cobrar atendimento, você quer que eu inclua algum pedido seu?
- Não amiga, obrigado. Pode deixar que eu mesmo vou mandar o meu e-mail.
- Como quiser então.
- O que estão fazendo, meninos? – Jonas se aproximou da gente e sentou na mesa da Jana.
- Acompanhando nossos pedidos.
- Ah, bacana. Jana, eu preciso falar contigo.
- Diga, “chefo”? O que foi?
- A Eduarda vai entrar de férias agora em junho e a gente queria que você ficasse no lugar dela. Topa?
- OI? – a negra ficou branca.
- É isso aí que você ouviu, eu quero que você me auxilie na época que a Eduarda sair de férias. Topa ou não topa?
Até eu fiquei surpreso.
- Mas assim? Do nada? Como assim, criatura? Ai meu Deus... Por essa eu não esperava... Me deu até dor de barriga!
- Não será do nada. Nós vamos te treinar, vai ser só por 30 dias que você ficará me auxiliando. Não vai ser uma promoção, vai ser só um treinamento pra você prestar um processo seletivo mais pra frente e tal...
- Ai que emoção, para tudo... Deixa eu respirar... Chamem os bombeiros...
- Aceita ou não aceita?
- Aceita, amiga. Vai ser bom pra você.
- Aceito, lógico que eu aceito... Como posso recusar uma coisa dessas?
- Então eu vou conversar com o Tácio, com a Duda e amanhã nós quatro batemos um papinho, tá bom?
- Beleza, “chefo”. Nossa, muito obrigada!
- Imagina. Você é uma das melhores do período manhã. Pensamos em você na hora.
- Ai, obrigada pela confiança!!!
- Nada não. Caio, te prepara que o próximo é você!
- EU? QUERO NÃO, OBRIGADO!
- Não é questão de querer, é questão de obedecer. Nas minhas férias vai ser você que vai ficar no meu lugar!!!
- Os meus estão mais ou menos em dia. Eu fico cobrando a toda hora.
- Vou começar a fazer isso também. Vou mandar vários e-mails pro posto de montagem pra cobrar atendimento, você quer que eu inclua algum pedido seu?
- Não amiga, obrigado. Pode deixar que eu mesmo vou mandar o meu e-mail.
- Como quiser então.
- O que estão fazendo, meninos? – Jonas se aproximou da gente e sentou na mesa da Jana.
- Acompanhando nossos pedidos.
- Ah, bacana. Jana, eu preciso falar contigo.
- Diga, “chefo”? O que foi?
- A Eduarda vai entrar de férias agora em junho e a gente queria que você ficasse no lugar dela. Topa?
- OI? – a negra ficou branca.
- É isso aí que você ouviu, eu quero que você me auxilie na época que a Eduarda sair de férias. Topa ou não topa?
Até eu fiquei surpreso.
- Mas assim? Do nada? Como assim, criatura? Ai meu Deus... Por essa eu não esperava... Me deu até dor de barriga!
- Não será do nada. Nós vamos te treinar, vai ser só por 30 dias que você ficará me auxiliando. Não vai ser uma promoção, vai ser só um treinamento pra você prestar um processo seletivo mais pra frente e tal...
- Ai que emoção, para tudo... Deixa eu respirar... Chamem os bombeiros...
- Aceita ou não aceita?
- Aceita, amiga. Vai ser bom pra você.
- Aceito, lógico que eu aceito... Como posso recusar uma coisa dessas?
- Então eu vou conversar com o Tácio, com a Duda e amanhã nós quatro batemos um papinho, tá bom?
- Beleza, “chefo”. Nossa, muito obrigada!
- Imagina. Você é uma das melhores do período manhã. Pensamos em você na hora.
- Ai, obrigada pela confiança!!!
- Nada não. Caio, te prepara que o próximo é você!
- EU? QUERO NÃO, OBRIGADO!
- Não é questão de querer, é questão de obedecer. Nas minhas férias vai ser você que vai ficar no meu lugar!!!
Como eu tinha entrado às 10 horas da manhã na loja e o
Jonas ia ficar até o fim do expediente, naquele dia eu fui obrigado a voltar
pra casa de ônibus, o que me deixou irritado.
- Anda logo motorista, eu quero fazer xixi... – falei comigo mesmo. – Não tão rápido motorista, eu vou mijar nas calças, porra...
Só naquele momento eu decidi nunca mais tomar milk shake de 750 ml. Eu tinha a sensação que a minha bexiga ia explodir a qualquer momento de tão apertado que eu estava.
- Ai, minha Virgem Santíssima – uma gota de suor escapuliu pelo meu rosto quando o ônibus passou em uma lombada. – Com outra dessas eu molho as calças...
Quando o ônibus parou no meu ponto, eu desci e fui correndo até a minha casa. Abri a porta e não a fechei, tamanha a vontade que eu estava pra ir ao banheiro.
Subi as escadas correndo e quando cheguei na sala, acabei novamente me surpreendendo com gemidos vindos do meu quarto.
- De novo?! Puta que pariu, virou rotina? – falei pra mim mesmo.
Andei pelo corredor e para a minha total surpresa, vi que a porta do meu quarto estava totalmente escancarada.
Parei de chofre e me deparei com o Vinícius de pé e com a Bruna ajoelhada em sua frente. Ela estava fazendo oral no cara e este estava com a maior cara de safado.
Desacreditei! Primeiro o Digow, depois o Vini? Quem seria o próximo?
- Anda logo motorista, eu quero fazer xixi... – falei comigo mesmo. – Não tão rápido motorista, eu vou mijar nas calças, porra...
Só naquele momento eu decidi nunca mais tomar milk shake de 750 ml. Eu tinha a sensação que a minha bexiga ia explodir a qualquer momento de tão apertado que eu estava.
- Ai, minha Virgem Santíssima – uma gota de suor escapuliu pelo meu rosto quando o ônibus passou em uma lombada. – Com outra dessas eu molho as calças...
Quando o ônibus parou no meu ponto, eu desci e fui correndo até a minha casa. Abri a porta e não a fechei, tamanha a vontade que eu estava pra ir ao banheiro.
Subi as escadas correndo e quando cheguei na sala, acabei novamente me surpreendendo com gemidos vindos do meu quarto.
- De novo?! Puta que pariu, virou rotina? – falei pra mim mesmo.
Andei pelo corredor e para a minha total surpresa, vi que a porta do meu quarto estava totalmente escancarada.
Parei de chofre e me deparei com o Vinícius de pé e com a Bruna ajoelhada em sua frente. Ela estava fazendo oral no cara e este estava com a maior cara de safado.
Desacreditei! Primeiro o Digow, depois o Vini? Quem seria o próximo?














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