domingo, 29 de março de 2015

Capítulo 64²

N
ão poderia existir notícia melhor do que aquela. Eu só queria saber porquê a Janaína sabia do nascimento do neném e eu não.
- Eu acabei de ligar no celular dela, aí a mãe me contou.
- Hum, agora eu entendi. Pensei que ela tinha ligado pra você e pra mim não!!! E como ela está?
- Segundo consta ela está ótima. O parto foi normal, não teve nenhum problema e ela já está indo pro quarto.
- É menino ou menina?
- É uma menininha linda – Janaína deu risada. – Dizem que é a coisa mais fofa desse mundo.
- E o povo já viu?
- Já, Caio! A neném já está no berçário.
- Ô, meu Deus – eu fiquei com os olhos marejados. – Eu quero conhecê-la!
- Eu também quero. Eu disse que iria lá no domingo. Você vai comigo?
- Claro! Amanhã mesmo eu vou comprar alguma coisa pra menina. Ela já tem nome?
- Não perguntei isso não, mas com certeza tem.
- Eles não tinham decidido ainda, né?
- A Alexia é louca, Caio.
A Alexia tinha comentado com a gente que só iria escolher o nome do bebê à partir do seu nascimento. Ela explicou que queria olhar pro rostinho dele ou dela para decidir qual seria o melhor nome. Vai entender.
- Então tá, amiga. Obrigado por me avisar, tá bom?
- Por nada, gato. Bom descanso e se cuida.
- Obrigado. Você também!!!
Desliguei e mandei uma mensagem pro Bruno. Ele precisava saber aquela novidade.

- A Alexia teve a criança? – a voz do Rodrigo parecia triste.
- Teve sim, Rodrigo.
- Hum... Que legal.
Eu parei de digitar e olhei pra ele.
- Não fica assim, mano!
- Ah... Se a gravidez da Marcela tivesse ido pra frente, meu filho estaria nascendo nessa época também. Talvez já até tivesse nascido.
- Eu sei. Eu pensei nisso esses dias, mas quer saber de uma coisa? Deus sabe o que faz. Não fica pensando nisso. Eu não gosto de ver o meu irmão tristinho.

- É você tem razão! Deixa isso pra lá.

No dia seguinte, a notícia do nascimento da filha da Alexia se espalhou pela loja na velocidade da luz. Todos queriam saber como era a garota e se ela parecia com algum dos pais.
- Eu acho isso improvável – opinei. – Todo bebê tem cara de joelho.
- Isso foi péssimo, amigo – Janaína suspirou.
- Mas não é verdade?
- Isso é muito relativo – Gabriel meteu o bedelho. – As minhas filhas, por exemplo, uma parece mais comigo e a outra não. É meio esquisito essa história de genética.
- E quando vem o terceiro herdeiro, hein mano? – eu fiz questão de provocar.
- Nunca – ele falou sério. – Eu vou é operar pra não correr mais esse risco.

Ele não estava totalmente errado. Eu no lugar dele também pensaria assim. O problema seria no futuro, quando ele encontrasse uma mulher bacana e quisesse se casar. Essa mulher não poderia ter filhos dele. Mas nesse caso era só reverter a operação. Enfim, ele que fizesse o que achasse melhor.
- E a Duda? – Janaína lembrou da nossa gerente. – Alguém tem notícias dela?
Ninguém falou nada. Será que a Duda já tinha ganhado a Dani? Acreditei que não, porque se a neném já tivesse nascido, nós saberíamos.
Janaína e eu preferimos não ficar enchendo o saco da Alexia e não ligamos pra ela durante a semana. Ao invés de ficar ligando, a gente mandou mensagens felicitando-a pelo nascimento de sua filha e ao mesmo tempo combinamos como faríamos para ir em sua casa no domingo. Eu estava ansioso para conhecer a princesinha.


E quando esse dia chegou, nós fomos para a casa da nossa amiga no período da tarde, logo após o almoço. Bruno, Janaína e eu chegamos na residência da Alexia e do Diego por volta das 15 horas. A minha amiga estava linda!
- Você está lindíssima – eu a abracei. – Como ficou linda depois que virou mãe, gente!
- Obrigada, meu lindo!
Ela parecia mais feminina do que nunca. Encontrei uma Alexia rechonchuda, mas linda. Não sei explicar direito, mas ela estava linda. Linda, linda, linda!

- Isso aqui é pra ela, viu? Não repara que é coisa simples.
- Não precisava ter se incomodado, Caio!
Bruno e eu compramos dois macacõezinhos para a neném. Ambos eram rosas, mas diferentes.
- Obrigada, meninos! São muito lindos!
Janaína por sua vez comprou um sapatinho vermelho que era a coisa mais linda desse mundo. Meu namorado ficou apaixonado pelo tamanho dos sapatos.
- E onde ela está, hein? – perguntei.
- No quartinho. Venham comigo. Acho que ela já deve estar acordada.
A casa da Alexia era simples, mas limpa e organizada. Ela tinha de um tudo e o que mais me chamou a atenção é claro que foi o quarto da pimpolha.
Logo na entrada eu vi uma plaquinha na porta onde estava escrito: “Quarto da Camila”. Esse era o nome da bebê. E ao entrar, eu me deparei com um quarto de uma verdadeira princesa.
Todos os móveis eram brancos com detalhes cor-de-rosa e as paredes eram revestidas com um papel de parede com estampa de bichinhos. O berço tinha um mosqueteiro e ele tocava uma leve canção de ninar. Tudo parecia ter sido feito com o máximo de cuidado possível. Os pais da Camila pensaram em absolutamente tudo.

- Ela ainda está dormindo – Alexia abaixou e tirou um embrulhinho cor-de-rosa do berço.
Quando meus olhos bateram no rostinho daquela princesa, eu fiquei completamente apaixonado e isso não aconteceu apenas comigo.
- Como ela é linda!!! – meu namorado se derreteu todo.
- Verdade, Alexia – eu concordei. – Ela é muito linda!
- Deixa eu segurar essa princesa, amiga? – Janaína perguntou, com a voz baixa.
- Claro! Obrigada, meninos.
- Cuidado pra você não assustar a coitada com essa cara feia – eu me aproximei da Janaína e fiquei olhando pra Camila. Ela era muito, muito lindinha!
A menina estava envolta em um cobertor cor-de-rosa que parecia ser feito de pelúcia. Ela usava um macacão branco e estava com uma tiarinha na cabeça. E como ela era cabeluda!
- Que gracinha, meu Deus... – meu namorado não tirou os olhos da menina.
- Ela é muito linda!
- Obrigada, gente – Alexia ficou toda pomposa.
- Que delícia de menina, amiga! Dá ela pra mim?
- Está louca, Janaína? Bebeu? Até parece que eu vou dar o maior presente que Deus me deu! Ela é minha, somente minha! Né, filha?
- Eu cuido direitinho!!!
- Nem pensar. Ela é minha. Eu que carreguei por 9 meses!!! Se você quer ter uma, faz uma pra você!
- Bem capaz que eu faça mesmo. Estou apaixonada por esse anjo!
Nesse momento a Camila começou a chorar. A Janaína ficou balançando ela pra um lado e pro outro, mas ela não se calou.
- Viu só? Você a assustou com essa cara de jacaroa com máscara de pepino – reclamei. – Posso segurar?
- Cara de jacaré vai ficar a sua depois que eu te der uma surra! Não! Você vai deixar ela cair!
- Posso, Alexia?
- Claro, amigo!
- Dá ela aqui, sua ogra! Vem com o titio, princesa... Vem pra você não se assustar mais com essa feiosa... Pronto, pronto...
- Feiosa é a sua avó! Desgraçado!
- Não chora, amor... Não chora... Já passou, já passou! Que coisinha mais linda, Deus!!! Parabéns, amiga. Vocês capricharam.
- Obrigada, Caio. Ela é uma doçura.
- Deixa eu segurar, amor? Posso, Alexia?
- Claro, Bruh. Pode sim.
- Dá ela aqui, dá...


Eu me surpreendi com o jeito que o Bruno segurou aquela garota. Ele teve tanto cuidado que parecia ter anos de experiência no assunto. Meu namorado envolveu os braços na Camila com uma suavidade incomum. Eu fiquei mesmo muito surpreso com o jeito dele.
- Oi, neném... – ele falou, quase em um tom inaudível.
E não é que ela ficou calada? Camila só choramingou aqui e acolá, mas não era o mesmo choro de antes. Será que o Bruno conseguiu acalmá-la?
Não era pra menos. Ele tinha mesmo uma cara de anjo! Qualquer criança que olhasse pra ele, iria ficar calma. Eu fiquei tão feliz com aquele gesto do meu namorado!
- Você é tão linda, bebê... – ele falava.
Eu nem ouvia mais o que as meninas estavam conversando. Aquele momento foi tão mágico que eu só tive olhos pro Bruno e pra Camila. Eu não acreditava que aquilo estava acontecendo.
- Que foi? Que foi, bebê? – ele sorriu. – Por que está olhando pra mim?
- Porque você parece um anjo – eu falei, quase no ouvido dele.

Bruno me olhou. Nós ficamos nos fitando por um minuto mais ou menos e não falamos nada um para o outro. Eu queria saber de onde ele tirou aquela performance com bebês. Será que ele já tinha cuidado de recém-nascido antes?
- Alexia, é melhor você ficar com ela antes que eu a roube pra mim – ele saiu e foi entregar a menina pra mãe. – Sua filha é perfeita. Parabéns!
- Obrigada, Bruno. Acho que ela está com fome...
- Vem, Bruh – eu puxei meu namorado pelo pulso. – A Alexia não vai ficar à vontade com a gente aqui.
- Imagina, amigo... Podem ficar!
- Não. É um momento muito íntimo. A gente te espera na cozinha...
- Então tá. Eu não demoro, tá?
- Sem problemas.
Saímos e eu fui logo questionando onde ele aprendeu a segurar tão bem uma criança de colo.
- Eu não sei, Caio – Bruno voltou a me encarar. – Eu realmente não sei. Simplesmente fiz o que achava que deveria fazer.
- E fez muito bem! Eu estou surpreso!
- Pensou que eu fosse derrubá-la, é?
- Não, amor. Claro que não, mas não pensei que você soubesse fazer isso tão bem. Enfim.
A visita durou pouco mais de 1 hora. Após amamentar a menina, Alexia, Janaína e a Camila foram para a sala e nós ficamos conversando um pouco. A neném ficou nos braços da Jana até pegar no sono.
Antes de sair, Bruno e eu fomos nos despedir da princesinha e ambos ficamos babando por aquele anjinho de Deus. A garota era realmente lindíssima.

- Dorme com os anjinhos, princesa – ele fez carinho no rostinho da criança e eu fiquei lá, olhando, todo derretido e apaixonado.
- Sabia que você fica lindo assim?
- Assim como? – aqueles olhos azuis me encararam.
- Assim... Cuidando de bebês...
Bruno entreabriu os lábios e voltou a olhar pra Camila. Será que ele estava pensando o mesmo que eu?

Uma nova semana tinha começado e eu estava todo atarefado na loja. O movimento naquela segunda-feira estava incomum. E nem era dia de promoção.
- Boa tarde, senhor. Posso ajudá-lo?
- Boa tarde. Pode sim. Eu queria comprar alguns produtos. Você me ajuda?
- Claro!
Graças a esse cliente, eu consegui alcançar a minha meta de vendas do mês. Ele comprou um refrigerador, um fogão, uma máquina de lavar, uma secadora de roupas, um tanquinho e um ar condicionado. Bendita hora que eu fui atender aquele cliente.
- Jonas, meu gerente preferido?
- Ai, ai, ai, ai, ai... O que é dessa vez?
- Libera um descontinho pra um cliente meu, por favor?
- Não!
- Mas ele comprou um monte de coisas e vai pagar no crédito! A gente vai receber tudo... Libera, vai?
- Deixa eu ver o montante das compras?
- Por que não vem comigo na minha mesa, chefe?
- Olha lá, hein? Você está cheio de pedir descontos pros clientes hoje!
- É que hoje eu estou bonzinho, chefe... Brincadeira! Esse é o segundo desconto que eu paço! Para de ser assim!!!
- Vamos lá, vamos lá.
Ele liberou o desconto. O Jonas se fazia de durão, mas ele tinha o coração mole e bom. Eu adorava o meu gerente. Ele era muito gente fina.
- Por favor, compareça ao caixa com esses papéis e efetue o pagamento enquanto eu libero a sua entrega.
- Perfeito. Vê uma data bacana pra entrega, hein moço? Tem que ser antes do meu casamento!
- Pode deixar, senhor.
- Hoje você estava com a faca e o queijo, hein amigo? – Janaína me abraçou no meio da rua.
- Fechei a minha meta. Aquele cliente salvou a minha vida.
- Mesmo sem aquele cliente você teria fechado a sua meta. Você vendeu mais do que eu.
- Às vezes é sorte.
- Não seja modesto. Você sabe trabalhar.
- Obrigado, amiga. Agora, eu quero ver como a senhora vai se sair na academia!
- Nem me fala que eu já estou quase atravessando a rua pra ir pra casa!
- Não se atreva, Janaína Santos. Não se atreva!

Minha melhor amiga e eu chegamos na academia em pouquíssimo tempo e percebemos que o estabelecimento estava pra lá de movimentado.
- Quer dizer que o senhor voltou? – eu nem percebi que o Wellington estava atrás de mim.
- Oi, Wellington!!! – eu me surpreendi ao ver o meu ex-personal falando comigo. – Como você está?
- Eu estou bem e você? Voltou ou é impressão minha?
- Por enquanto eu voltei. Deixa eu apresentar: essa daqui é a Janaína, minha amiga.
- Como vai, morena? Bem-vinda, viu?
- Obrigada.
- Por qual motivo o senhor largou a academia? Posso saber?
- Não larguei, professor. Eu só mudei de horário por causa da faculdade e do trabalho, mas cá estou de volta!
- E já tem personal?
- Não! Posso ficar na sua turma?
- Lógico que pode. Eu já te conheço e vou poder pegar no pé.
- Ela pode ficar também?
- Pode sim. Você é nova aqui?
- Sou nova sim...
- Ótimo – Wellington abriu um sorriso maldoso. – Eu adoro os novatos. Algo me diz que nós iremos nos dar muito bem.
- Assim espero – Janaína estava séria. Por que será?
- Então vão se trocar que enquanto isso eu vou pensando em um treino pra vocês. Janaína, né?
- Isso mesmo.
- A gente não demora – eu puxei a Jana pelo cotovelo.
- Estou esperando.
- Amigo do céu... Estou preta passada na torradeira!!! Que gato é esse?
- Ele é o Wellington. Ele era meu personal na época que eu treinava à noite aqui na academia.
- Colega... Se eu soubesse que tinha um pitel desses aqui eu já teria vindo há mil anos!
- Não viu nada, gatona. É um melhor do que o outro.
- Esse personal é todo trabalhado na gostosura! Jesus me chicoteia!!!
- Vai se trocar, Janaína – eu entrei no vestiário rindo. – E não demora!
Enquanto eu me trocava, mandei uma mensagem pro meu Bruno. Eu já estava com saudades do meu namorado.
Ao voltarmos para o salão, minha amiga e eu fomos direto falar com o professor e a Janaína não conseguia disfarçar o interesse no Wellington.
- Você fica na esteira por meia hora, Caio. E você vem comigo, Janaína. Já montei um treino básico pra você.
- Boa sorte, amiga – eu já comecei a rir pela cara de medo que ela fez.
- Acho que irei precisar.
E ri mais ainda quando ela começou a pegar os pesos. No começo foi tranquilo, mas do meio pro fim ela fazia caras e bocas e foi impossível controlar as minhas gargalhadas.
- Qual o motivo desse riso? Tem alguma coisa engraçada aqui por acaso?
- Você! – eu exclamei e continuei correndo na esteira.
- Como consegue rir e correr ao mesmo tempo?
- Ué... Normal, oras...
- E você não se perde nas pernas não?
- Claro que não, Janaína! Bebeu?
- Se eu subir nesse bicho aí eu não vou conseguir conversar e correr ao mesmo tempo. Ficaria toda perdida.
- Meu Deus... Se mata, amiga.
- Mas é verdade, oras!
- E depois somos nós os homens que não sabemos fazer duas coisas ao mesmo tempo.
- Está fugindo por qual motivo?
- Não estou fugindo não, Wellignton!
- Pois pode vir comigo, morena. Ainda falta treinar perna e abdômen hoje.
- Algo me diz que amanhã eu nem vou levantar – Janaína saiu andando com a cabeça baixa.

- Oi, meu gostoso – ele atendeu, com uma voz de cansaço.
- Meu branquelo lindo! Você está cansadinho, né?
- Um pouquinho, bebê.
- Mas está tudo bem?
- Aham – Bruno bocejou. – Está sim! E com você?
- Bem também. Acabei de chegar em casa. Você perdeu a Janaína na academia. Quase morri de tanto rir.
- Imagino. E o trabalho está bem?
- Uhum. E o seu?
- Em ordem também. Estou aqui me matando de estudar pras provas.
- Coitadinho do meu amor – meu coração ficou apertadinho. – Queria tanto te ajudar em alguma coisa!
- Fica preocupado não, gatinho. Eu estou bem.
- Fico preocupado sim – olhei pro teto e suspirei. – Se eu não me preocupar com você, vou me preocupar com quem?
- Com você mesmo, gatinho.
- Não e não. Eu me preocupo sim com o senhor. Não gosto quando você fica cansadinho assim. Parte o meu coração.
- A gente sabia que seria assim, né amor? Não tem jeito!
O pior é que ele tinha razão. Realmente não tinha jeito. Quem trabalha e estuda, realmente fica sem vida.
- Saudades já – suspirei de novo.
- Eu também, amor.
- Mas deixa eu desligar. Eu não vou te atrapalhar mais, tá? Só queria ouvir a sua voz pra dormir mais feliz.
- Eu também queria ouvir a sua voz. E você não me atrapalha nunca, bobão. Já vou dormir também. Estou morrendo de sono.
- Coitadinho!!! Então dorme bem, tá bebê?
- Você também, meu príncipe encantado. Vou sonhar com você.
- E eu com você – prometi.
Falamos mais algumas coisas, nos despedimos e eu desliguei. Coitado do meu Bruno. Ele estava cansado e com sono. O bichinho não merecia passar por isso!!!

Ao encontrar a Janaína no dia seguinte, o meu ataque de riso não pôde ser controlado. Ela estava parecendo um robô de tão dura que estava.
- Eu to toda trabalhada na dor hoje, Caio. Não ri não, por favor!
- Não dá, desculpa. Você está simplesmente hilária!
- NÃO APERTA O MEU BRAÇO, PELO AMOR DE DEUS – ela se afastou de mim quando eu fui abraçá-la.
- Calma, criatura – eu segurei o riso.
- Não se aproxime, senão eu desmonto!
- Se você está assim hoje, eu nem quero ver como você vai estar amanhã!
- E vai piorar? – ela arregalou os olhos e ficou quase branca.
- Quer que eu seja sincero ou prefere que eu seja gentil?
- Jesus Cristo me amarrota! Se eu ficar pior do que estou amanhã eu vou parar na UTI!
Como ela era exagerada! Infelizmente eu não consegui frear o riso durante todo aquele dia. A Janaína estava mesmo hilária. Hilária, hilária, hilária com aquela dor no corpo. A coitada nem conseguia sentar direito na cadeira.
- Calma, muita calma nessa hora, chefe. Deixa eu me preparar psicologicamente pra dor.
- Que dor? – Jonas ficou intrigado.
- É que ela começou na academia ontem, lembra? Está aí toda dolorida.
- Estou toda trabalhada na dificuldade – Janaína caiu na cadeira mais dura que uma estátua. – Como dói! Vou colocar o nome daquele professor na boca de um sapo cururu e vou amarrar com linha vermelha.
- Creio em Deus Pai – fiquei arrepiado. De verdade!
- Toma um analgésico, Jana – Jonas riu.
- Já tomei quase 15 cartelas e não passa. Só se eu for falir as farmácias ou tomar um sedativo na veia...
- Nem liga, Jonas. Ela é exagerada mesmo.
Jonas conversou com nós dois e pediu alguns favores. Eu fiz o que ele pediu e quando fui entregar a tarefa, ele pediu para eu ir dar uma olhada no quadro de avisos da loja.

Não entendi o motivo dessa solicitação, mas resolvi atender. Quando cheguei ao local indicado, percebi que a lista de selecionados para a 1ª fase do processo seletivo para o substituto da Eduarda já estava impressa. Será que era isso que ele queria me mostrar?
Sem saber a resposta da minha pergunta, eu comecei a ler os nomes dos meus colegas. Eu queria saber quem queria ser o novo gerente da empresa.
Encontrei o nome de muitos amigos, mas foi quando os meus olhos encontraram um nome em particular que o meu coração disparou e foi parar na boca.
Eu saí possesso pelo meio da loja e não dei ouvidos as perguntas que os meus amigos estavam fazendo. Eu só queria saber de uma coisa: falar com o Jonas.
- Por que DIABOS o MEU nome está naquela LISTA, JONAS???

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