sábado, 28 de março de 2015

Capítulo 60²

Q
ue história era aquela que alguém ia ser pai?
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Eu olhei pro Vinícius com ar de intriga. Por que eu estava tendo a sensação que ele estava brincando comigo?
- Que história é essa?
- É isso mesmo que você ouviu. Alguém vai ser papai aqui na república.
- Mas se nós somos em 8, por que você disse que um de nós 5 seria pai?
- É porque eu excluí você, o Kléber e o Miguel, que não curtem a fruta.
- Hum... Não é o Rodrigo não, né?
- Não sei – ele sorriu.
- Pelo amor do Santo Cristo, não me diga que é o Rodrigo?
- Sei lá. Acho que eu me esqueci...
- Minha Nossa Senhora, não acredito que o Rodrigo deu mancada de novo!!!
- Calma – ele soltou uma risada gostosa. – Eu disse que era ele por acaso?
- Não, mas você deu a entender! – eu já estava suando frio. – Por favor, por favor... Diz que não é o Rodrigo?!
- E se for? Qual o problema? Ele está namorando com a Larissa, esqueceu?
- Não, não esqueci, mas ele não pode ser pai agora, não pode!
- Relaxa, Caio – Vinícius riu de novo. – Não é o Rodrigo.
- Ufa – eu respirei aliviado. – E quem é então?
- Adivinha aí. Só restam 4 opções.
Eu olhei bem pra cara do médico e me pus a pensar. Será que ele estava falando sério? Ou será que tudo não passava de uma brincadeira?
- Você não está zoando a minha cara não, né?
- Não iria brincar com um assunto desses. Você me conhece ou não?
- Conheço há anos, mas não sei identificar se você está falando sério ou não.
- É super sério. Nós ficamos sabendo disso na semana passada.
- Deixa eu pensar. Só pode ser você!
- Eu? – ele sorriu.
- É, ué! Você namora há anos pode ser muito bem você.
- Errou de novo! Não sou eu!
- Não? – me frustrei.
- Não. Eu encapo o negócio. A Bruna não pode engravidar agora.
- Cacete. Então é o Éverton ou o Maicon.
- Porra, Caio! Chutou, chutou, chutou e não acertou uma! É o Fabrício, moleque!
- OI? – eu fiquei preto passado na chapinha. – O Fabrício? Mentira?
- Nada! É a mais pura verdade. Ele vai ser papai. Engravidou aquela ficante dele.
- To bege – soltei um assovio. – Nunca imaginei que fosse ele. Ele é doido?
- Ah, que nada. Ele já está ficando velho, já tem 29 anos. Está na hora de ter um filho.
- Você também tem 29! A propósito, feliz aniversário um pouco atrasado.
Nos dias dos aniversários do Vinícius e do Fabrício eu não os vi pessoalmente. Apenas falei com eles por telefone e por SMS.

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- Obrigado. Eu adorei a sua mensagem. Então, é ele. A gente ficou tão surpreso quanto você.
- E como ele está se sentindo?
- Feliz eu acho. Meio que digerindo a notícia ainda. A menina já está de 2 meses.
- Uau! Realmente, eu não esperava por essa notícia.
- Pois é. Mas de novidade mesmo nós só temos essa. Nada mais que isso.
- Tudo em ordem por aqui então?
- Na mais tranquila paz. Ah, o aluguel aumentou, conforme a gente imaginava.
- Subiu muito?
- Nada, vai ficar uns R$ 20,00 a mais pra cada.
- Tranquilo então. Deixa eu colocar essas coisas no quarto.
- Eu te ajudo. Quero saber como foi a viagem. E que bronzeado é esse?
- Pois é, cara. Fiquei lá torrando no sol com o Bruno.
- Então quer dizer que agora ele vai ser um arquiteto?
- Uhum. Graças a Deus, ele conseguiu alcançar o sonho dele.
- Mande meus parabéns para ele. Que bacana, muito bom ele pensar no futuro.
- É sim.
- E aí, como é Fortaleza?
- Tudo por lá é muito lindo, Vini. Você podia passar umas férias lá com a namorada. Ia ser muito bom pra vocês.
- A gente vai no meio do ano, nas férias dela na faculdade.
- E o seu trabalho?
- Vai bem. Eu já estou trabalhando em 2 hospitais.
- Ah, é?
- Uhum. Agora eu atendo pelo SUS também.
- Ah, bacana! Que bonito, Vini!!! Parabéns pela iniciativa.
- Obrigado, Caio. Amanhã eu tenho duas cirurgias pra fazer.
- Coragem.
- A única parte triste é que eu já perdi 2 pacientes. Infelizmente não deu pra salvá-los.
O médico suspirou e ficou meio triste.
- Acontece, né? Eu tenho certeza que você fez o seu melhor sempre.
- Ah, disso eu não tenho dúvidas. Eu fiz o possível mesmo. A doença estava muito avançada em ambos os casos. Não tive como fazer mais nada.
- Câncer não é fácil, né?
- Não, não é. Sinceramente, eu adoro o que faço, mas cuidar de pessoas com câncer não é fácil não. É horrível ver o sofrimento dessas pessoas. Eu acho que vou fazer pós ano que vem e vou mudar de área.
- Pretende ir para qual?
- Não sei, Caio. Eu tenho tantas dúvidas. Cada hora eu quero ser uma coisa. No fim das contas, é capaz que eu fique com a oncologia mesmo.

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- Sua profissão é linda. Independente da área que você atue.
- Obrigado. E a sua formatura? Quando vai ser?
- Em março. Na mesma época que foi a sua.
- Já está preparado?
- Mais ou menos. Acho que a ficha ainda não caiu.
- É só vai cair na hora que você pegar o diploma. Então, não vai trabalhar na sua área não?
- Por enquanto não, Vini. Eu estou bem na loja, ganho bem lá e se eu sair pra minha área provavelmente não ganharei tanto.
- Mas você ganha bem pelas comissões, não é?
- Sim, sim. Elas salvam o meu salário. Mesmo estando de férias, eu recebi uma bela grana agora no final de janeiro. As vendas de final de ano são muito boas no meu setor.
- Hum... Então se você está ganhando bem, não tem porquê sair, né?
- Pois é. Um dia lá na frente eu penso em ir pra minha área. Por enquanto eu estou bem na loja.
- É como diz aquela história: melhor não trocar o certo pelo duvidoso.
- Com certeza.
Meu amigo e eu conversamos por um tempão e enquanto isso acontecia, eu fiquei digerindo aquela história que o Fabrício ia ser pai. Pra mim aquilo ainda estava soando muito estranho e eu só ia de fato acreditar, quando eu ouvisse da boca do mesmo que aquilo era verdade.
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- É verdade sim – ele riu. – Eu vou ser pai.
- Eita porra... E isso é bom ou ruim?
- Depende do ponto de vista, brother. Pra você é bom ou ruim?
- Pra mim que estou de fora é bom, mas pra você que está dentro eu não sei.
- Quer saber de uma coisa? Quando eu soube da notícia, fiquei péssimo, mas agora eu to tranquilo. Estou feliz. Eu sempre quis ter um gurizinho pra chamar de filho!
- E se for uma guria? – indaguei.
- Não vai ser guria, vai ser guri. Deus me ajude que seja macho, to a fim de menina não.
- Por quê?
- Pra me dar trabalho quando ficar grande? Deus me livre. Quero que seja homem, porque aí é mais tranquilo pra mim.
- Ai, Fabrício – dei risada. – Só você mesmo! E quem é a mãe? Qual das oitenta peguetes?
- A gata que eu peguei no final de novembro. Você não conheceu aqui em casa.
- Mas vocês estão juntos?
- Não. E nem queremos. Eu vou assumir a criança, vou pagar pensão e está tudo certo.
- Que moderno você!
- Tem que ser, né Caio? Adianta chorar depois do leite derramado?
- Literalmente, né? – eu sorri.
- Idiota – ele deu um tapa no meu cangote.
Então era sério o assunto. Eu fiquei feliz. Já que não tinha pra onde correr, o jeito era aceitar a vinda daquela criança de uma vez por todas. E que viesse com saúde.
- Minha família está nas nuvens. Meus pais sempre quiseram ser avós e eles estão pra lá de contentes com a novidade – ele respondeu a minha pergunta.
- Bacana. Que bom pra você, amigo. Que seu filho ou sua filha venha com muita saúde.
- Obrigado, Caio. Eu senti a sua falta.
- Também senti a sua falta, moleque.
De moleque ele não tinha nada. Eu não podia chamar um cara de 29 anos de moleque, afinal ele era homem já fazia tempo. Moleque era eu, no auge dos meus 21 anos de idade.
Pouquinho tempo depois da chegada do Fabrício, quem apareceu no quarto foi o Rodrigo. Eu estava entretido na internet e só notei a chegada do meu melhor amigo quando este literalmente caiu em cima do meu corpo. Eu estava na cama dele.
- Safado, cachorro, sem vergonha você volta e não fala nada pra mim? – ele me agarrou e me apertou.
- Eu quis fazer uma surpresa. Como você está? Hum, que cheiroso, hein?

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- Eu sou cheiroso, meu querido! Que saudades! Você está bem?
- Eu estou e você?
- Melhor agora vendo você. E que pretão é esse nessa pele? Dormiu na praia quantos dias?
- Dormir, dormir, dormir eu dormi uma noite só, mas fui todos os dias pegar sol, exceto quando estava chovendo.
- E como foi a viagem? Bruno está bem? Ele te tratou bem?
- Ele está ótimo e me tratou maravilhosamente bem, obrigado.
- Quais as novas? Por que você está na minha cama?
- Essa cama era minha antes de você fazer o que fez, lembra? E eu não posso ficar aqui, é?
- Claro que pode! Você acha que eu vou ligar pra isso? Mas me conta, como foi a viagem?
- Incrível. Não viu as fotos na internet?
- Vi e comentei em todas.
- Eu vou ver o álbum agora. Então, como você está?
- Muito bem. Estou feliz e contente com a minha pós que começa semana que vem.
- As aulas do Bruh começam semana que vem também.
- Que aulas? Ele vai estudar?
- Sim – abri um sorriso. – Ele passou na Federal do Rio!!!
- Porra, é sério?
- Sim, sim. Fui com ele hoje fazer a matrícula.
- Que máximo. Parabéns pra ele então. Gosto assim, pessoas que pensam no futuro. E se você vai ficar com ele lá na frente, nada mais justo que ele tenha um futuro para te proporcionar uma vida estável.
Achei isso lindo da parte do Digão. Ele sempre se mostrava preocupado comigo... Era um fofo mesmo!
- E a rapariga, como vai?
Fabrício deu risada.
- Que rapariga, Caio?
- A sua mina, oras. Aquela quenga.
Ele também riu.
- Está bem, palhaço. Ah, já sabe da novidade do Fabrício?
- Já sim. O Vinícius me contou logo quando eu cheguei.
- E cadê o branquelo que só usa branco? No hospital?
- Plantão – respondeu Fabrício, que estava assistindo o futebol.
- Ah!
- Como está o estágio? – indaguei.
- Não é mais estágio, filhote. Eu fui efetivado!
- Ah, é? Sério? Quando?
- Esses dias. Eu não te contei nada porque você não lembrou de mim! Nem me ligou nessas férias... E quando ligou, ligou de madrugada!
- Que culpa que eu tenho se a mensagem só chegou de manhãzinha?
- Poderia ter esperado eu acordar.
- Para de ser chorão! Você deveria é dar graças a Deus por eu ter ligado pra você e por você ter matado a saudade da minha linda voz.
- Já vi que engoliu um caminhão de modéstia nessas férias. Vê se eu posso com isso...
Me limitei a sorrir e abri o álbum do meu Orkut. Realmente, Rodrigo havia comentado em todas as minhas fotos.
Não só ele como vários amigos, incluindo o Víctor e a Amandinha. Eu estava sentindo saudade deles.
- Cadê meu presente de Fortaleza? – o Engenheiro Civil perguntou.
- Ah, está ali na primeira gaveta. Pode pegar um e traz o resto pro Fabrício escolher o dele também.
- Obrigado por ter lembrado de mim, Caio.
- Até parece que eu ia esquecer de você, pai.
Ele gargalhou.
- Eu não tenho idade pra ser seu pai, filho.
- Tem sim. Já está beirando os 60 aí. Tem idade pra ser meu avô – brinquei.
E por conta dessa brincadeira eu levei uma travesseirada na cara.

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- Besta. Me respeita.
- Tenho que respeitar os mais velhos, né?
- São apenas 7 anos e alguns meses de diferença.
- Ele tem que respeitar a todos nessa casa. Ele é o mais pivete entre os 8 – Rodrigo se doeu.
- Pô, pivete não! Eu já vou fazer 22 anos!
- Saudade dos meus 22 – falou o futuro papai. – Eu era feliz e não sabia.
- Ah, bacana – Rodrigo pegou os chaveiros. – Eu realmente preciso de um chaveiro.
- Vocês podem escolher o que quiserem. Fiquem à vontade que eu vou ali fora atender o meu gatinho. Já volto.
- Não demora – pediu meu melhor amigo.

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- Oi, amor! – atendi com um sorriso. – Que saudades!
- Eu também, anjo! Você está bem?
- Melhor agora falando com você. E você? Está bem?
- Melhor agora também. O que está fazendo?
- Eu estava conversando com os meninos e estava mexendo na internet. E você?
- Eu estava aqui pensando no quanto eu te amo...
- Ô, bebê – eu fiquei todo bobo. – Eu também te amo, meu gostoso!
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Não conversamos por muito tempo porque o meu namorado precisava tomar banho e jantar. Ele havia acabado de chegar do trabalho e deveria estar cansado, ele merecia um descanso.
- Eu te amo muito, muito, muito – falei.
- Eu te amo muito mais. Um beijo, meu príncipe. Amanhã cedinho eu te ligo.
- Eu te ligo na hora que acordar pra você não gastar seus créditos, amor. Dorme bem, tá?
- Vou dormir pensando em você, sabia?
- Eu também! Você sempre é a última pessoa que eu penso antes de dormir e a primeira que eu penso na hora que acordo.
E era uma grande verdade. Desde que o conhecera, anos atrás, isso não mudou mais. Eu sempre pensava no Bruno antes de dormir e na hora que acordava. Independente se nós estávamos juntos ou não.
- Beijo – falamos ao mesmo tempo e em seguida desligamos.
Como eu estava feliz ao lado do Bruno. Só em ouvir a voz dele, meu coração disparava e algo dentro da minha cueca criava vida. Era incrível como isso acontecia até na hora em que eu pensava nele.
- Caio! – Miguel me encontrou na lavanderia. – Você voltou!
- Oi, Miguel. É, voltei hoje!
- Que bronzeado, hein? Passou quantas semanas debaixo do sol?
- Putz... Várias – eu dei risada.
- Ficou bacana. E as férias foram legais?
- Graças a Deus foram sim. Eu trouxe uma lembrancinha pra você, está lá no quarto. Pega lá com os meninos, é um chaveiro. Você pode escolher o que quiser.
- Ah, obrigado. Não precisava ter se incomodado.
- Tem pro seu irmão também. Ele está bem?
- Uhum. Está sim.
- Que bom. Eu vou lavar minha roupa, você também ia?
- É, mas eu espero. Não tenho pressa não. Imagino que você esteja com mais pressa que eu por causa da viagem.
- Na verdade nem tanto, porque eu fiquei uns dias na casa do Bruno e lá eu pude deixar toda a roupa em ordem. É mais a de hoje mesmo.
- Ah, entendi. Então eu já volto pra lavar as minhas.
- Beleza.
- Até mais.
- Até.
Eu gostava do Miguel. Ele era um bom moço. Ao contrário do irmão, ele não ficava com cara feia pra cima de mim e nunca foi falso comigo. Já o Kléber...
- Voltou, Caio? – o meu colega de trabalho me olhou fixamente.
- Voltei sim, Kléber. Tudo bem?
- Eu estou ótimo e você?
- Muito bem, obrigado.
- Que bronzeado lindo! Nossa, fiquei até com inveja agora...
- É só você ficar debaixo do sol que você fica igual.
- Duvido que eu consiga um dourado desses, mas tudo bem. Ficou com marca de sunga?
Para que ele queria saber desse detalhe? Era da conta dele por acaso?
- Posso saber qual a intenção dessa pergunta? – questionei.
- Nada, oras. Apenas curiosidade.
- Pois vai ficar curioso. Eu não vou responder isso.
- Grosso!
- Você que se mete demais onde não é chamado.
- Como você é estúpido!
- Sou nada, Kléber. Eu só estou falando o que penso, oras. É só você não se meter demais onde não é chamado que eu te trato bem!
- Você não era assim, sabia? Foi só voltar com seu ex que você virou um chato de galochas!
- Nem é questão de ser chato, Kléber. Eu gosto de você, de verdade! Eu só não acho legal você fazer perguntas desse tipo. É algo íntimo demais, entende?
- Ah, deixa isso pra lá, vai. Amanhã você volta pra loja, não?
- Sim!
- Tem várias novidades lá.
- Ah, é? Posso ser sincero de novo?
- Aham.
- Prefiro que você nem me conte. Hoje é meu último dia de férias e se tem algo que eu não quero pensar agora, é na loja. Amanhã eu vejo tudo o que perdi e fico por dentro das fofocas.
- Nisso eu estou de acordo com você.
- Pelo menos em uma coisa, né?
Nós dois rimos da situação.
- Me perdoa por ter sido tão curioso, tá?
- Fica sossegado, Kléber. Eu entendo. Me perdoa se eu fui grosso com você.
- Eu também te entendo. E as férias então foram boas?
- Muito boas. Tem chaveiro pra você no meu quarto. Pode ir buscar com o Rodrigo.
- Sério? Adoro chaveiros de outras cidades. Qual é o meu?
- Escolha o que quiser, tem vários. Fica à vontade.
- Poxa, muito obrigado!
- De nada.
Eu terminei de lavar as minhas roupas, as coloquei no varal e em seguida fui para o quarto dos meus amigos, para entregar as lembrancinhas pro Maicon e pro Éverton.
- Deixa eu ver qual eu vou sequestrar – o nanico pegou os chaveiros da minha mão. – Ah, são legais. Posso ficar com esse?
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- Claro! E você, Maicon? Qual vai querer?
- Esse último aí.
- Esse?
- Isso!
- Então é seu.
- Obrigado, parceiro.
- Por nada.
- Valeu, negão – Éverton me fitou. – Como você tá preto, Caio!
- Pois é – dei risada. – O que não fazem uns dias nas praias, né?
- Eu vi as fotos no seu perfil – falou Miguel. – Cada lugar lindo, hein?
- Você viu? Lindo, né?!
- Demais. Um dia ainda vou conhecer aquele lugar.
- Ei, tem muita mulher gostosa lá? – percebi que o Éverton me testou.
- Tem sim. Tem para todos os gostos.
- Aí sim, hein?
- Vai lá, Éverton. Você vai gostar.
- Quem sabe um dia?
- Enfim. Vou pro quarto, rapaziada. Boa noite pra vocês.
Foi muito esquisito acordar na manhã seguinte e não encontrar com meu namorado, nem com o café que ele fazia pra gente. Eu me senti meio vazio sem essas coisas.
- Amor? – eu chamei por ele no telefone.
- Meu anjo! Bom dia!
- Bom dia, bebê. Dormiu bem?
- Sim e você?
- Meio esquisito voltar a dormir numa cama de solteiro, mas tudo bem. Eu sonhei com você...
- Sonhou? Eu também sonhei com você!

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Um contou o sonho pro outro e para a nossa grande surpresa, eles eram praticamente iguais. Só mudavam alguns detalhes. Eu achei isso muito estranho, mas nem fiquei pensando no assunto.
- Saudade do seu café da manhã... – comentei.
- Só dele?
- E de quem prepara também, é claro.
- Vem pra cá que eu faço pra você todos os dias!
- Eu vou, mas só no final de semana. Já vai trabalhar?
- Sim, sim. Essa semana eu vou entrar mais cedo e sair mais cedo.
- Você percebeu que as suas aulas vão começar na semana que vem e que na outra você já vai tirar férias, né?
- Por causa do carnaval? – ele riu.
- Exatamente. Sortudo você, hein?
- Pois é! Eu dei sorte.
- Esse é o meu amor!
Bruno e eu namoramos pelo telefone por um tempinho, até a hora que ele teve que sair para o trabalho. Quando isso aconteceu, eu levantei, arrumei a minha mochila e parti para a academia. Eu nem queria ver a bronca que o Felipe ia me dar...
- Eu já ia colocar sua foto nos jornais como desaparecido – falou o personal, que continuava lindo e gostoso como sempre.
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- Rá, rá. Muito engraçado! Como estamos?
- Isso eu é que pergunto: como estamos? Pelo visto não muito bem, né?
- Por que diz isso?
- Engordou. Vem se pesar.
- Ai, Cristo Redentor...
Felipe fez eu ficar só de cueca na salinha de exames para me pesar e medir novamente a minha altura. Eu realmente havia engordado, mas não cresci mais nenhum centímetro. Continuava com meu 1 metro e 83.
- Engordou 4 quilos, Caio? O que você andou comendo?
- Guloseimas nordestinas, meu caro professor. Não tem quem resista.
- E o que acha do seu corpo?
- Normal, oras.
- Perdeu massa nos braços, hein?
- Perdi...
- E ganhou uns pneuzinhos também. Vai ter que treinar abdômen de novo.
- Sem crise. Meus braços estão bem assim, Felipe. Deixa como está.
- Você que sabe. E as pernas?
- Também perdi massa, né?
- Um pouco. Quer recuperar?
- Perna eu quero, braço não.
- Você manda. Então corre pro vestiário, se troca que eu vou montar uma nova ficha pra você. Aliás, ficou moreno, hein?
- 20 dias debaixo do sol do Ceará você quer o quê?!
- Foi sozinho?
- Não... – fiquei sem graça.
- Ah, safadinho – ele riu. – Foi com a namorada, né?
- Pode-se dizer que sim!
- Garoto esperto! Anda, se troca que eu to te esperando nas esteiras.
Foi um treino light. Eu pensei que ele ia pegar pesado logo de cara, mas me enganei. Pelo menos eu pude me acostumar de novo com o ritmo da academia aos poucos. Isso ia ser bom para eu acelerar de novo o meu metabolismo, uma vez que eu fiquei mais de um mês sem fazer absolutamente nada.

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- Caio!!! – Alexia foi a primeira a falar comigo. Ela estava imensa!
- Oi, gravidinha... Tudo bem?
- Meu Deus, que saudades! Como você está negro, meu filho.
- Você viu, mãe?
- Como foi a viagem?
- Estupidamente perfeita. E por aqui como andam as coisas? E esse neném lindo?
- Crescendo e me chutando feito doido ou doida. Eu não vejo a hora dele ou dela nascer.
- Falta pouco agora!
- É verdade. Parece que foi ontem que eu tive a notícia.
- Eu lembro. Diego está bem?
- Graças a Deus. Marcamos a data do casamento, hein?
- Marcaram? Vai ser que dia?
- No último sábado do mês. Não esquece que você é meu padrinho.
- Eu não esqueci. É igreja e civil?
- Não. Só no civil. A gente não vai casar na igreja, pelo menos por enquanto.
- Ah, sim!
- Meu gostoso!!! – Janaína correu para me abraçar. – Que saudades, que saudades, que saudades!!!
- Eu também, preta.
- Posso saber que cor é essa na sua pele? Está querendo me invejar por um acaso?
- Estou. E quase cheguei lá, hein?
- Eu acho que você ultrapassou a Jana, Caio – Alexia brincou.
- Cala a boca, branquela fedorenta. Eu só não te dou uma voadora porque você está carregando o meu sobrinho. PARA TUDO!
- Que foi? – estranhei.
- Alexia do céu! Só agora eu vi o tamanho dessa barriga!
- Oi? – Alexia ficou incrédula.
- Sangue de Maria Madalena tem poder, você engoliu um elefante?
Janaína simplesmente puxou a Alexia pelo braço e enfiou a cabeça debaixo da blusa da nossa amiga.
- TÁ DOIDA? – Alexia ficou vermelha ao extremo.
- Gente... – até eu fiquei sem graça.
- Não, não é uma cabeça de elefante que você tem por debaixo da blusa. Tá grávida de quíntuplos, amiga?
- Não. Sua desagradável! – Alexia riu e levou na brincadeira.
- Agora me dá um abraço! Espero que meu sobrinho esteja bem.
- Como você sabe que é menino? – perguntei.
- Estou usando o poderes de Super Janaína Santos, Caio. É um meninão!
- Diego ficará feliz em ouvir isso – a grávida riu.
- Entrou agora também, Jana? – perguntei.
- É, menino. Tive um problema pra resolver hoje cedo no banco.
- Que merda!
- Mas me conta, criatura!!! Como foram suas férias?
- Perfeitas, amiga! E as suas?
- Incríveis. Meu alemão me faz muito feliz.
- Meu Bruno também.
- E ele está bem?
- Menina, ele está ótimo. Passou na Federal do Rio em arquitetura. Começa as aulas na semana que vem.
- Aí eu vi vantagem. Quem me dera meu alemão fosse assim também. Mas e essa cor? Quantos dias e quantas noites você ficou debaixo do sol?
- Quantas noites, Janaína? E desde quando noite tem sol, minha querida?
- Claro que tem. Lá no Nordeste o sol é virado no giraia. Ele queima mesmo de noite.
- Besta – dei risada. – Fiquei vários dias quarando no sol e você? Também está super bronzeada.
- Um dia eu chego na cor do petróleo, você vai ver. Adorei Salvador. Lá é muito legal.
- Fortaleza também é legal.
- Nada como tirar umas férias no nordeste, não é?
- Ah, verdade. Se eu pudesse ainda estaria lá.
- E as comidas?
- Uma melhor do que a outra. Cada tapioca que só por Deus!
- Nesse mês eu fui movida à vatapá e acarajé. Putz, cada comida boa que meu Deus... Eu até engordei.
- Percebi – não aguentei e fui sincero.
- Escuta aqui, frango de macumba – ela começou a me bater, mas me bateu de verdade. – Da próxima vez que tu falar que eu engordei, o bicho vai pegar pro teu lado, entendeu?
- Calma, doida! Nós estamos no meio da loja!
- Sorte sua. Senão eu seria capaz de quebrar seus 87 dentes. Viado do caramba! Onde é que já se viu falar que uma lady como eu engordou!

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- Mas foi você mesma que disse!
- Mas não era pra concordar. Estou depressiva agora e a culpa é sua!!!
- Boba. Você pode até ter engordado, mas continua linda!
- Agora não adianta tentar arrumar. Já estou em depressão profunda. Vou voltar pra linha branca que eu ganho mais.
- Linha branca? Como assim?
- Fui promovida pra linha branca. Ou você pensa que só você tem direito de ganhar bem nessa empresa?
- Vaca! E onde estão meus patrões?
- Em reunião – respondeu Alexia.
- E quem está tomando conta da loja?
- O Gabo.
- O Gabo? – me espantei. – Sério?
- Uhum. A Duda e o Jonas estão treinando um de nós por dia para ficar na gerência.
- Como assim?
- A Duda vai sair de licença maternidade, né? Daí um de nós vai ficar no lugar dela e será promovido de fato à gerente da filial.
- Ah, bacana!!!
- Hoje é o dia do Gabriel. Só faltava ele. Foi ele que promoveu a Janaína!
- Fiquei até excitada quando recebi a notícia que vinha pra linha branca!!!
- Todos os outros já foram?
- Só quem se candidatou. Eu nem quis.
- Por que não?
- Anta! Ela também vai sair de licença maternidade, seu burro – Janaína bufou. – Ou você acha que ela vai parir aqui em cima de uma geladeira?
- Engraçadinha! Ei, meninas eu trouxe presentes.
- Oba!!! E o que é? – perguntou a futura mamãe.
- O seu é um chaveiro. Na hora do almoço eu pego.
- E o meu o que é?
- O seu é algo muito especial, Janaína!!!
- Especial? Ai que lindo, amor – ela me abraçou. – Por isso que eu te amo, sabia?
- Eu também te amo, Janaína!
- O que é, hein? Me fala?
- Não! É uma surpresa.

NO ALMOÇO...Resultado de imagem para hora do almoço

- AREIA? – ela abriu o potinho e se deparou com a surpresa.
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Um comentário:

Anônimo disse...

Olá... Não sou muito de comentar, mas vamos lá. Sua história é ótima e vc escreve muito bem. Esses dias ouvindo JeM ouvi uma música e lembrei de vcs, o nome era Mil Anos. Eu voltei a música só para reparar melhor na letra e ver o quanto ela combinava com vcs. No mais só tenho a lhe desejar muitos anos e muitas felicidades ao casal. Abraços e beijos!!

Isabela ^^