terça-feira, 24 de março de 2015

Capítulo 52²

Q
ue cena horripilante e lamentável.

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Ver aquela pessoa estatelada no chão, coberta de sangue e totalmente inerte me deixou abalado. O Rodrigo começou a me puxar, mas eu não consegui sair do lugar.
- Vamos embora que é perigoso, porra – ele me puxou com força.
Que vontade de fazer xixi... Rodrigo me arrastou pela calçada e nós saímos daquela rua, que naquela altura já estava ficando movimentada.
- Espera, e o Bruno?
- Liga pra ele e fala pra ele pegar a gente em outro lugar, é perigoso ficar ali...
Mas não foi preciso. Coincidentemente ou não, o Bruno nos encontrou e rapidamente a gente entrou no carro, para não corrermos mais perigo nas ruas daquela cidade tão violenta.
- Que bom que eu encontrei vocês. Está tudo bem? Caio, você está bem?
- Eu estou e você? – indaguei. – Não aconteceu nada contigo? Não foi assaltado não, né?
- Não, comigo está tudo em ordem. Eu fiquei com tanto medo que tivesse acontecido alguma coisa com você!

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- Eu também, Bruno. Ainda bem que você não ficou naquela rua. Como nos encontrou?
- Eu vi vocês chegando e vi também o assalto. Depois do tiro, imaginei que vocês iam descer por aqui. Era o mais coerente a ser feito. Então eu resolvi vir por aqui e achei vocês.
- Como você é inteligente, anjo – eu fiquei todo bobo.
- Que nojo! – ouvi a voz do Rodrigo no banco traseiro e lembrei que ele não estava bem.
- Bruno, parte pro hospital mais perto que tiver por aqui. O Digow não está bem!
- Não precisa – ele murmurou, com voz de tédio. – Depois desse susto eu até melhorei.
- O que você tem, Rodrigo? – meu namorado se interessou pelo assunto.
- Não tenho nada, era só uma simples dor de estômago que já passou. Se puder partir pra minha casa, eu ficarei grato.
- Tem certeza, Digow? E se a dor voltar?
- Relaxa, Caio. Eu me conheço, eu estou ótimo. Já disse que depois desse susto eu não sinto mais nada, a não ser medo.
Verdade. Eu também estava sentindo medo. Desde a minha mudança para o Rio em meados de 2.005, aquela era a primeira vez que eu de fato presenciava uma cena de violência. Será que a pessoa estava mesmo morta?
- Obrigado pela carona, Bruno – Rodrigo abriu a porta e saiu em seguida.
- Por... Nada!
Não houve nem tempo do Bruno responder; o Rodrigo saiu correndo para dentro da nossa casa e bateu a porta quando passou.
- Ele continua não gostando muito de mim, não é? – Bruno suspirou.
- Mas ele vai gostar – eu acariciei o rosto do meu príncipe. – É só uma questão de tempo. Ele precisa confiar em você novamente.

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- Tomara que ele goste de mim, porque eu gosto dele. O Rodrigo é uma boa pessoa.
- Ele é sim. Vamos entrar um pouquinho?
- Entrar? Melhor não, Caio. Os seus amigos podem não gostar.
- Eles nem estão aí. Vem, vamos entrar!
- E se eles estiverem em casa?
- Se eles estiverem, você é meu convidado e ninguém vai te expulsar. Pode ficar tranquilo.
- Se é assim – ele deu de ombros, tirou o cinto de segurança e saiu do carro.
Nós entramos na minha casa e eu fechei a portinha da rua. A residência estava um forno e extremamente silenciosa.
- Viu só? Eu disse que não tinha ninguém! – exclamei.
- E onde estão seus amigos?
- Eu não sei. Nos sábados pela manhã eles podem estar em qualquer lugar, menos aqui.
- Hum... Eu gosto da sua casa. Ela é tão aconchegante!
- Você acha?
- Acho – ele olhou por todos os lados. – E é muito bem arrumada. Nem parece que moram 8 homens aqui. Vocês pagam diarista?
- Que nada. A gente não tem dinheiro pra isso não. Vem cá, vamos pegar as minhas roupas senão eu me atraso pro trabalho.
Levei o Bruno até o meu quarto e notei que o Rodrigo não estava lá. Provavelmente o garoto estava no banheiro.
Não deu outra. Segundos depois eu ouvi o barulho do chuveiro. Só podia ser ele.
- Que cara de safado é essa, Bruno? – eu dei risada.
- Nada não...
- Pode falando, mocinho!
- Nada demais, amor. Eu só lembrei do dia em que a gente ficou aqui nesse quarto, você lembra?
- E você acha que eu seria capaz de esquecer algo tão importante? Até parece!
- Que lindo que você é.
Nos beijamos.

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- Menino... Deixa eu pegar as minhas coisas, senão eu me atraso muito!
- Eu odeio esses horários apertados – ele bufou e foi até a janela. – Que vista ruim, hein?
- Qual é? Está pensando que eu moro em um prédio no Recreio? Quem me dera!
- Não é pelo bairro, seu bobo. É por esse monte de entulho que tem nessa casa aí da frente.
- Pois é. É sempre assim, mas eu não me importo muito. Quase não fico aqui. É mais pra dormir e olhe lá. Ultimamente eu tenho passado mais tempo no seu apartamento do que aqui.
Foi um pouco de exagero da minha parte. Eu só ficava no Bruno as sextas, sábados e domingos. Todo o resto da semana eu ficava na república.
- Já pegou tudo? – meu namorado indagou.
- Ainda não. Só falta pegar meu creme antiacne que está no banheiro. Eu já volto.
- Ei... Mas o Rodrigo está no banho!
- Eu sei, mas nem dá nada.
- Não, não – Bruno me puxou e grudou os nossos corpos. – Nem pensar! Eu não quero que você fique vendo o Rodrigo pelado não...
- Não vou ver o Rodrigo pelado seu bobo – eu dei risada. – Vem comigo!
Mostrei a cor do box e assim, meu príncipe ficou tranquilo. Ele provavelmente havia esquecido que o box era azul.
- Ah, é. Eu esqueci disso. Então pode ficar, eu deixo.
- Ciumentinho lindo que tanto amo!
- Cacs? – Rodrigo me chamou.
- Oi?
- Pode me trazer uma cueca?
- Já trago, espera aí.
- Ele é sempre folgado assim? – perguntou Bruno.
- Não fala assim dele, Bruno. Ele não é folgado. É só um favor. Não custa nada.
O garoto dos olhos azuis fez questão de acompanhar de perto a entrega daquela peça íntima. Ele pensava que eu ia ver o Rodrigo pelado, mas mal sabia ele que eu já havia visto e feito algumas coisinhas também...
- Agora eu estou pronto – falei.
- Já podemos ir?
- Sim, já podemos ir.
Eu já tinha pego todas as minhas coisas, já tinha feito xixi, bebido água e guardado a roupa limpa que eu havia lavado. Não existia mais nada que me prendesse naquela república naquele sábado.
- Bom dia, Digow. Se você precisar de alguma coisa ou se você se sentir mal, me liga tá bom?
- Pode deixar, Caio.
- Beijo. Eu te adoro!
- Também.
Uma vez no carro, meu gato e eu ficamos conversando sobre vários assuntos e eu achei que era a hora dele saber algumas coisinhas a respeito do Rodrigo:
- Bruh?
- Oi, amor?
- Eu preciso te contar umas coisinhas ao meu respeito, amor.
- Que coisinhas?
- Uns lances que aconteceram aí enquanto a gente estava separado...
- Ih... Não estou gostando do rumo dessa prosa não...
- Promete que não vai ficar bravo?
- Depende! O que você fez?
- Tipo assim, não foi nada demais!
- O que foi, Caio Monteiro? – o semblante dele já mudou totalmente.

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- O Rodrigo e eu somos muito amigos, você sabe disso, né?
- Uhum. E daí?
- É que assim... Houve uma época lá atrás que nós dois estávamos muito carentes...
- Espera aí, Caio! – Bruno me olhou. – Vocês ficaram?
- Não. Sim. Na verdade não, mas sim.
- Como é que é? Me explica isso direito que eu não estou entendendo nada!
- Não ficamos, mas quase ficamos. Na verdade, rolou selinho...
- Não acredito...
- E eu... Meio que fui pros finalmentes com ele...
- COMO É?
- Calma... – ele estava todo enciumado. – A gente não transou. Só rolou uma espécie de pegação...
- Pode me explicar tudo isso direitinho, por favor?
Contei tudo o que aconteceu com o Rodrigo e a medida que eu fui abrindo o jogo, o Bruno foi ficando mais e mais vermelho.
- Eu MATO aquele desgraçado! – ele buzinou.
- Calma... Não passou disso, eu juro!
- Por isso que esse idiota tem raiva de mim! Porque ele gosta de você...
- Não gosta não... Ele é hetero, amor. Não fica bravo, por favor!
- Não estou bravo, estou com ciúmes. É diferente. E com vontade de esmurrar o Rodrigo.
- Calma, bebê – eu segurei na coxa dele. – Isso faz parte do passado, acredite.
- Eu sei que faz, mas mesmo assim me dá ciúmes – Bruno estacionou na rua que ficava próxima ao shopping que eu trabalhava.

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- Bobinho lindo... Eu te amo, sabia?
- Eu é que te amo, seu safado! Não perdoou nem o Rodrigo...
Fiquei super sem graça e ele percebeu.
- Não fica com vergonha. Eu te entendo. Me dá um beijo, vai?
Nos beijamos. Já que era pra falar a verdade, eu resolvi falar logo do Fabrício e do Vinícius também.
- QUE HISTÓRIA É ESSA, CAIO?
Com o Fabrício foi 1 milhão de vezes pior. Ele ficou verde, roxo, amarelo, rosa, lilás, laranja de tanto ciúmes.
- Pode sair daquele quarto imediatamente! Não quero que você fique vendo ninguém pelado, entendeu? O único que você pode ver sou eu e mais ninguém, mais ninguém!
- Mas Bruno, a culpa não é minha... Ele sabe que eu sou gay, ele sabe que a gente está junto, ele sabe de tudo, mas mesmo assim ele dorme pelado! O que eu posso fazer?
- Mudar de quarto, mudar de casa, mudar de bairro... Alguma coisa você vai fazer, mas com esse daí você não dorme mais!
- Para de ser bobo – eu dei risada. – Não fica assim...
- Como você quer que eu fique? Meu namorado, a pessoa que eu mais amo nesse mundo, fica vendo outro cara pelado e não sou eu? Não gostei disso não!
- Bebê... Para de ser ciumento, vai? Não é pra tanto. Ele é hetero e eu nunca fiquei com ele, nem ficaria.
- Acho bom não ficar mesmo, senão ele morre...
- Bobo! Entende que foge do meu controle?
- Entendo, mas não gosto disso. De verdade. Eu tenho ciúmes!
- Mas eu sou todo seu, amor – me justifiquei. – E eu posso ver um batalhão de homens pelados, vai ser sempre você que eu vou querer, tá bom?
- Muda de quarto!
- Não vou fazer isso. Eu não gosto dos outros meninos. O Fabrício é só meu amigo e eu vendo ou não, pra mim não faz a menor diferença.
E não fazia mesmo. Se fizesse diferença, eu já tinha dado um jeito de agarrar o meu amigo, coisa que eu nunca havia feito.
- Hunf – ele bufou. – Vou ficar de olho em você.
- Pode ficar – eu fiz carinho no rostinho dele de novo. – Eu não fiz nada, de verdade.
- Eu confio em você.
Queria falar do Vini, mas essa seria outra história. Naquele dia não havia mais tempo pra esses tipos de papo. Eu já estava atrasado pro trabalho e ainda precisava me despedir do Bruno.
- Vai lá, bom trabalho – ele me beijou.
- Obrigado, boa folga! Se cuida, tá?
- Me liga na hora do almoço?
- Pode deixar que eu ligo sim. Te amo!
- Eu te amo mais, muito mais!
Nos beijamos novamente e em seguida eu parti pra loja. Bastou entrar para a Duda me chamar para um feedback.

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A gerente começou exaltando os meus pontos positivos, mas depois me esculachou com meus erros. Ela me deu tanta bronca, mas tanta bronca que eu senti vontade de chorar.
- Não leve pelo lado pessoal. Você sabe que eu te adoro. Eu só estou pontuando os seus erros.
- Eu sei...
- E é justamente por isso que você está aqui, ocupando o lugar do Jonas. Eu sei que você é maduro e vai absorver os meus conselhos. É pro seu bem, acredite.
- Uhum.
- Agora vai lá cumprimentar seus pares e depois volta porque a gente tem muita coisa pra fazer.
- Beleza!
- Mas espera eu terminar o feedback com a Nataly primeiro, tá?
- Pode deixar.
- Que cara de quem comeu e não gostou é essa? – perguntou Alexia.
- Nada não, amiga. Como vocês estão?
- Bem. Já você não me parece muito bem. Ou é impressão minha?
- Não, não é. Recebi uma bronca da Duda, mas nem posso falar o que é.
- Se quiser desabafar...
- Eu ouvi a palavra bronca? – Janaína se aproximou.
- Curiosa!
- Me respeita – ela me beijou. – A Duda brigou com você?
- Uhum.
- Ih, relaxa e goza. Isso é a coisa mais normal do mundo. O Jonas comia meu rabo 15 vezes ao dia, com areia e sem cuspe.
- Foi bem uma dessas mesmo.
- Faz que nem eu fiz. Caio: o que servir pro seu aprendizado e crescimento, você absorve. O que não servir, você joga fora.
- Como se fosse fácil assim, né?
- Querido, ninguém gosta de receber bronca. Na hora é horrível, mas com o passar do tempo, a gente assimila e entende os pontos bons de toda essa história. Com você não será diferente.
- Assim espero.
E ela estava certa. Janaína acertou em cheio quando disse que com o passar do tempo, eu ia assimilar o que a Duda falou.
No começo, foi realmente muito difícil, mas já naquela tarde, eu comecei a refletir sobre o assunto e concordei com absolutamente tudo o que ela me falou. Eu precisava realmente mudar a minha postura. E era isso que eu ia fazer.
Rever meu namorado naquela noite de sábado foi uma verdadeira terapia. Depois de um longo dia de trabalho, depois de vários pepinos e problemas pra resolver, ver o Bruno me animou e tirou um peso enorme das minhas costas.
- Me abraça? – eu perguntei, assim que me aproximei.
- Lógico que eu abraço! O que fizeram com você, hein?
- Nada. Eu só estou irritado, cansado e com muita fome.
- Não almoçou hoje?
- Almocei sim. Já esqueceu que eu te liguei?
- Claro que não! Então, o que acha da gente jantar fora?
- Uma ótima ideia.
Optamos por uma churrascaria, onde nos esbaldamos. O estabelecimento era grande e estava extremamente movimentado. Quase não encontramos uma mesa vaga.

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- Vai ficar bêbado aí com essa caipirinha – ele riu.
- Adoro caipirinha. Se eu ficar bêbado você me leva pra casa?
- Eu te levo é pra minha cama, isso sim.
Entretanto, eu não me embebedei. Depois do jantar, ainda houve espaço para uma sobremesa. Eu escolhi um bolo trufado com chocolate meio amargo e meu príncipe pediu uma taça de mousse de maracujá.
- Amo mousse – ele comentou.
- E eu bolos.
- Quero outro bolo de prestígio qualquer dia desses, hein?
- Eu faço amanhã, o que acha?
- Uma ótima ideia!
Quando chegamos no apartamento, ele foi logo me despindo e quis me levar pro quarto, mas antes disso eu resolvi tomar um banho, já que estava desde cedo sem lavar o meu corpo.
- É rápido – prometi.
E quando eu entrei no quarto, me deparei com ele totalmente despido e com o pênis ereto. Claro que eu já parti pro ataque, não é mesmo?
- Meu safadinho – falei.
Foi uma noite incrível de amor, onde cada um gozou mais de 4 vezes. Bruno e eu só dormimos quando o dia estava amanhecendo.

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inaugurada em um estabelecimento comercial da cidade. Aquela foi a ocasião perfeita para eu conhecer a tal da Renata, a nova ficante do meu irmão postiço:
- Prazer – falei, dessa vez sem nenhum ciúme.
- Prazer, Caio. Tudo bem?
- Bem sim!
- Pena que o Diego não pôde vir, né branquela? – Janaína comentou.
- Verdade. O pobrezinho vai ter que ficar até às 22 hoje.
- Ainda bem que estou de folga – Janaína sorriu. – Ai como eu sou linda!
- E modesta pra caramba também – me meti.
- Calado que a conversa ainda não chegou no xilindró.
- Ela é sempre doidinha assim? – Bruno me olhou.
- Isso daí não é nada! Ela é louca!
- EU OUVI ISSO, HEIN? – Janaína esbravejou. Ela estava na dianteira do grupo.
- Olha a minha cara de preocupado!
Ao chegar na tal pista de gelo, nós percebemos que a mesma ainda estava totalmente deserta. A inauguração se deu no dia anterior e o local ainda não estava sendo muito divulgado, por isso, meus amigos, Bruno e eu tivemos o privilégio de usufruir com exclusividade a atração.
- Ai, minha mãe – Janaína olhou pro gelo, olhou pros pés e disse: - Algo me diz que isso não vai dar certo. De quem foi a ideia mesmo de vir aqui?
- Sua – Alexia e eu respondemos em uníssono.
- Vocês não perdoam uma, hein? Faz favor...
- Você sabe mesmo andar nisso? – perguntei.
- Sei – Bruno respondeu. – Eu andei umas duas ou três vezes lá em Madrid. Era a forma que eu tinha para me divertir porque isso eu podia fazer sozinho.
Tadinho. Eu fiquei com dó do pobrezinho.
- Pois eu aposto que você vai cair de cara no chão – provoquei.
- Aposta? O que você aposta?
- Hã... – parei para pensar. – Um jantar por sua conta?
- Fechado. E se eu não cair nos primeiros 20 minutos, eu pago a conta toda da próxima vez que a gente sair.
- Apostado – apertei a mão do meu namorado e fiquei olhando nos olhos dele. – Você vai cair!
- Não vou não. Vou te provar!


E não é que o danado conseguia mesmo patinar? Ele não tinha a menor dificuldade de ficar em pé no gelo e fazia isso até com uma certa facilidade.

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- Filho da puta – falei para mim mesmo.
- Concordo em gênero, número e grau – Rodrigo sibilou na minha orelha.
- Nem vem – falei isso, mas fiquei de olho no Bruno. – Eu vi vocês dois conversando e dando risada agora há pouco.
- É que ele é um palhaço e ficou fazendo piadinha pra ver se me conquista. Mas ele ainda está em período de experiência.
- Quando você vai reconhecer que o Bruno mudou? – nesse momento eu olhei nos olhos do Digow.
- Quando ele provar que mudou. Ele ainda precisa de muito tempo para eu ficar bem com a presença dele.
Eu sabia disso, mas sabia também que não seria tanto tempo assim.
O Rodrigo já sabia de toda a verdade sobre o passado do Bruno e foi o meu namorado que contou tudo. À partir de então, o Digow já não ficava mais falando que ele tinha me abandonado. Ele já estava ficando mais calmo com o nosso relacionamento e isso me deixava feliz.
- AI, MINHA SANTA QUITÉRIA – Janaína já começou a gritar logo de cara. – COMO EU FICO DE PÉ NISSO? AAAAAAAAAAAAAAAAI...
Não passaram nem 5 segundos e a coitada da Janaína já foi pro chão. Eu quase morri de tanto rir porque a pobrezinha caiu com as pernas abertas e com a bunda no chão.
- AI COMO ISSO DAQUI É GELADO! – a negra sacodiu as pernas. – MEU ÚTERO FOI CONGELADO EM – 5º C!
Rodrigo e a Renata só fizarem rir da minha amiga. Eu sabia que aquele dia seria no mínimo cômico.
Esperei a nova ficante do Digow se afastar para enfim poder Analisá-la melhor. Era bonita, mas não tanto atraente como a Marcela.
A mulher tinha mais ou menos a idade dele, era negra, tinha o cabelo ondulado e seios fartos. No entanto, a Marcela tinha o corpo com mais curvas e isso a tornava mais sexy. A Renata fazia o tipo “normal”. Eu estava torcendo pelo relacionamento deles.
- Olha, Caiô – Bruno me chamou e ficou fazendo graça pra mim. Ele patinava sem nenhuma dificuldade.
- Grande coisa – mostrei a língua. – Aposto que eu faço melhor do que você.
- Essa eu pago pra ver!
Só de raiva, entrei na pista de patinação para provar que eu sabia patinar – só que não –. Contudo, da mesma forma que aconteceu com a Janaína, bastou pisar no gelo para eu escorregar e me estatelar no mesmo.
- Obrigada, meu São Gerônimo – Janaína riu. – Pelo menos não sou só eu.
- Cale-se – sibilei.
Rodrigo, Renata e Alexia também sentiram dificuldades ao adentrar na pista, mas aos pouquinhos nós fomos nos acostumando e em questão de minutos conseguimos ter coordenação motora para patinar no gelo. Alguns funcionários nos auxiliaram nisso.
- AAAAAAAI... CADÊ O FREIO DISSO, MEU SÃO SEVERINO? – Janaína gritou. – AAAAAAAAAAAAAAAAI...
A negra perdeu totalmente o equilíbrio. Ela foi para um lado, foi para o outro e acabou caindo sentada novamente. Quando ela bateu no gelo, eu ouvi um barulho horrível. Acabei ficando preocupado.
- Ui – ela gemeu. – Com outra dessa meu útero para no cérebro.
- Toma cuidado, sua louca – eu ri.
- Cala a boca seu branquelo nojento. Eu fiz de propósito!
- Ah, sei. To sabendo!
- Quanto tempo eu ainda tenho, Caiô? – Bruno se aproximou e parou ao meu lado.
- 3 minutos, seu ridículo – bufei.
- Pode preparar o bolso, amor – ele sorriu. – Essa aposta eu já ganhei!
- Não vale, tá legal? Você já tinha experiência!
- Ah, vale sim! Nem vem que não tem!
- Acode aqui, Alexia – Janaína esticou o braço. – ACODE AQUI, FILHA DE UMA ÉGUA PRETA E DA PATA QUEBRADA!
Rodrigo só fazia rir. Ele ria tanto da Janaína que parecia até bobo.
- Que é você aí? – ela olhou pro meu irmão. – Quer levar meia hora de tapa na cara?
- Quero não, obrigado – ele continuou rindo.
- Então pode parando de rir de mim, seu cachorro. Não é porque você é irmão do Caio que vou te dar desconto.
Meus dois melhores amigos. A Jana e o Digow. As pessoas que eu mais amava depois do Bruno. Eu gostava de ver os dois juntos.
- Já passaram os 20 minutos? – ele voltou todo pomposo.
- Acabaram, seu chato. Acabaram.
- Yes! Agora eu posso me esborrachar no chão sem medo.
- Ah, filho da puta! Isso tudo era charme então?
- Lógico. Eu quase caí umas quinze vezes, mas consegui reverter e você nem viu.
- Trapaceiro – fingi ficar ofendido.
- Sou nada – ele me abraçou. – Te amo!
- Também, seu cachorro!
Alexia e eu ficamos brincando com cautela porque ela estava grávida. Janaína tentava sair do lugar, mas não conseguia e por isso ficava xingando baixinho.
- Isso daqui é coisa de louco... AAAAAAAAAI, MINHA SANTA GENOVEVA... ME SEGURA...
Mais um tombo. Só que esse foi de lado. Ela caiu e ficou lá, tentando se ajeitar. Alexia e eu ficamos rindo novamente.
- DÁ PRA ME AJUDAR AQUI, BANDO DE HIENAS COM DOR NO FÍGADO?
Após levantar a Janaína, percebemos que o Digow estava literalmente correndo desgovernado ao nosso encontro. Ele estava à toda velocidade e com uma cara de pavor que me fez chorar de rir.
- SOOOOOOOOOOOCORRO... SEGURA EU, SEGURA EU...
Janaína, Alexia e eu tentamos sair da frente do Digow, mas só eu e a Alexia conseguimos fazê-lo. Rodrigo e Janaína se chocaram e ambos foram parar no chão>
- AAAAAAAAAAAI, MEU SÃO IRINEU... ESSA DOEU!
- Socorro? – o pobrezinho do meu irmão estava estirado no chão. Ele bateu com a cara no gelo e ficou com a testa muito vermelha.
- Você está bem, Di... UUUUUI...
Foi a minha vez de cair. Quando eu me abaixei para ajudar o Rodrigo, me desequilibrei e bati com a bunda no chão. Não doeu muito.

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- BRUNO, PARA DE RIR E AJUDA A GENTE, DIACHO! – reclamei.
- Vocês são hilários!
A Renata estava toda entretida com a patinação. Ela conseguiu equilíbrio e não caiu nenhuma vez.
- ESPERA AÍ – Janaína esbravejou. – Agora vai...
A morena colocou a perna direita no gelo, colocou a perna esquerda, ficou com os joelhos flexionados, com a coluna torta e com as mãos por debaixo das axilas, sem tocar nas mesmas. Ela foi abrindo as pernas aos poucos e...
- AI, SÃO SIMÃO... ME SEGURA AÍ... MINHA NOSSA... UUUUI... AAAAAAAAAAAI... ISSO DAQUI É MAIS DIFÍCIL QUE PROVA DE RAIZ QUADRADA!
Pobre da Alexia. Ela ria tanto que estava até vermelha.
- Vem, deixa eu te ajudar – Bruno me puxou.
- Se você me fizer cair eu faço greve por 30 anos!
- Nossa! 30 anos? Então é melhor você ir sozinho mesmo.
- NÃO! NÃO OUSE ME SOLTAR, BRUNO DUARTE!
- Bobo. É facinho...
- CABRUNCO DA PESTE DA GOTA SERENA DA SAIA FURADA – Janaína gritou de raiva. – SE EU CAIR DE NOVO EU VOLTO PRA CASA!
Ela não caiu uma vez ao tentar se levantar, caiu dezenas. Era um tombo pior do que o outro.
- ME AJUDA, BRUNO – ela olhou pro meu namorado. – FAZ ALGUMA COISA ÚTIL AQUI, OLHOS DE ANIL!
- Segura na minha mão, Jana – ele riu. – Segura na outra, Caio.
- AI, SÃO CRISTÓVÃO – Janaína fez cara de medo.
- Daqui a pouco não vai ter mais santo pra você chamar – ri.
- CALE-SE E FOQUE NO TREINAMENTO. NÃO SOLTA A MINHA MÃO, OLHOS DE BOLA DE GUDE!
- Não vou soltar. Por que vocês não ficam com a coluna ereta? É bem mais fácil!
Depois de mais ou menos 15 minutos, Janaína e eu conseguimos o equilíbrio. Nós éramos os únicos que estávamos com dificuldade, até o Rodrigo já estava se dando bem com os patins.
- Solta – falei.
- Tem certeza? – ele perguntou.
- Absoluta.
- Então tá! – Bruno soltou a minha mão.
Não foi tão difícil. Eu lembrei da época em que andava de patins e consegui me equilibrar com facilidade. Fiquei orgulhoso disso.
- Muito bem!!! – Bruno ficou feliz. – Posso te soltar, Janaína?
- NÃO SE ATREVA! EU CORTO SEU NEGÓCIO FORA!
- Olha – eu reclamei.
- CALA A BOCA, BRANQUELO ESQUISITO!
- Vem, Jana – Bruno riu. – Vamos girar.
- GIRAR? – ela falava muito alto. – QUER ME MATAR BÊBADA?
- Vem, você vai gostar.
Eu fiquei andando para um lado e para o outro e vi que a Janaína e o Bruno estavam rodando com as mãos dadas. Eles giravam bem rápido e a Janaína gritava muito.
- Eu vou te soltar agora – Bruno brincou.
- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO – Janaína gritou, mas riu. – ME AJUUUUUUUUDA, SANTA CELESTINA!
- Essa Janaína é maluca de pedra, não é não? – Digow apareceu atrás de mim.
- Muito – concordei. – Curtindo?
- Ao extremo. Isso é bem divertido, mas minha bunda ainda está doendo depois do último tombo que levei.
- Põe gelo – brinquei.
- É? Vou colocar gelo na sua pra ver se você gosta!
- Olha lá, hein? Olha lá!
- Caio, me ajuda a dar uma voltinha? – Alexia perguntou.
- Claro, amiga. Com cuidado por causa do meu sobrinho!
Nós dois passeamos de mãos dadas com muita lentidão. Nós tínhamos que ter cuidado para não acontecer nada com a futura mamãe e muito menos com o bebê.
- O Rodrigo está tão lindo, né? – Alexia comentou.
- Você acha?
- Acho! Eu sempre achei, mas ele está tão chamativo hoje.
- Tá vendo o peixão que você perdeu?
- Ah, na época nem rolou. Foi bom, foi ótimo, ele é muito bom na cama, mas acabou. Uma pena.
- Ele é bom na cama? – fiquei puto.
- Excelente.
- De 0 à 10?
- 9.
- NOVE?
- Ele faz direitinho. Muito direitinho.
Fiquei emputecido. E com ciúmes do Digow.
- Safada!
- É sério! Tenho que ser justa.
- Ele é melhor que o Diego?
- Às vezes sim, às vezes não. Eles são parecidos.
- Hum... Pena que não deu certo. Você seria minha cunhada agora!
- Verdade, mas Deus sabe o que faz. Pelo menos nós viramos bons amigos!
- É verdade.
- SOCOOOOOOOOOOOOOOOOORRO, SÃO FILOMENO SEGURA EEEEEEEEEU...
Pronto. Mais um tombo e dessa vez ela caiu com uma perna para um lado, com a outra para o outro e com a cara no chão. Tadinha, da Janaína.
- Está tudo bem aí? – eu perguntei rindo.
- Meus peitos saíram pra fora do sutiã. To lascada!
Pra que ela foi falar isso? Bastou ouvir essa frase para eu cair na gargalhada e isso foi motivo para a minha irmã postiça puxar os meus tornozelos e me fazer cair no gelo daquela pista de patinação.
- Ri mesmo, infeliz. Agora eu vou ter que ajeitar meus melões.
- Como você vai fazer isso? Vai ao banheiro?
- Que banheiro que nada, eu vou fazer é aqui mesmo!
Desacreditei quando ela enfiou as mãos por dentro da blusa. A Janaína só podia ser louca e eu já estava quase acreditando que isso era no sentido literal da palavra.

ALGUNS DIAS DEPOIS..
.
O aniversário do meu namorado estava chegando e eu ainda não tinha decidido se ia fazer uma festa surpresa ou não.
- Eu não queria comemorar, mas o Vítor está insistindo tanto – ele comentou.
- Comemora sim, amor – eu o incentivei. – A gente não faz 20 anos todos os dias, né?
- Isso é, mas sei lá. Eu não estou com muita paciência para essas coisas não.
Ao ouvir isso, eu resolvi adiar a festa por um ano. Eu estava tão atolado na empresa com aquela substituição do Jonas, que nem sequer estava tendo tempo para cuidar dos preparativos. Se era pra fazer alguma coisa, que fosse benfeito, afinal o Bruno merecia um aniversário memorável. Por esse motivo, eu resolvi deixar a festa pro ano seguinte, pelo menos assim eu teria tempo hábil para resolver e decidir como seria tudo.
- O que acha de nós dois comemorarmos sozinhos, hein? – ele passou os braços pelo meu pescoço.
- Uma ótima ideia – eu segurei em sua cintura e a gente começou a se beijar.

E neste ritmo o final do mês enfim foi se aproximando. Eu estava contando os dias, as horas, os minutos e os segundos para a volta do Jonas, que ia acontecer na segunda-feira, 2 de novembro, em pleno feriado de finados.
- Que bom que ele já vai voltar – a Nataly comentou comigo. – Eu não aguento mais ouvir tanta reclamação e tanto puxão de orelha.
- Pois então somos dois, Nataly!
A Duda não estava pegando leve com a gente. Todos os dias ela nos dava um feedback e normalmente eles não eram dos mais agradáveis.
- Já te disse que não é assim que aborda um  funcionário, Caio!
- Desculpa, eu me esqueci.
- Pois trate de se lembrar da próxima vez. Eu já disse que não terei melindres pra falar com vocês. É assim que é a nossa vida de gerente, um esporro a cada 5 minutos. Eu tenho que prepará-los de todas as formas possíveis e imagináveis; portanto, aguentem o tranco!
Ela não estava totalmente errada. Eu percebia que as ligações que o Tácio fazia pra ela eram mais ou menos no mesmo estilo dos feedbacks que ela dava em mim e na Nataly. Era por esses e por outros motivos que eu não queria exercer um cargo de liderança, pelo menos naquele momento.
Ainda naquele dia, porém quase no final do expediente, a Eduarda se aproximou da gente e disse com todas as letras:
- Vai ter corte no final de semana. Eu quero 10 nomes para serem desligados.
- E é a gente que vai escolher? – eu fiquei chocado.
- Na verdade não. Eu só quero os nomes que vocês acham coerentes para eu fazer a análise de vocês dois. Seremos eu e Jonas que escolheremos os nomes.
- Ah, que susto!
- 10 minutos para me entregarem 10 nomes e os motivos para a demissão.
Era assim. Ela vinha com uma quente e duas fervendo, mas nunca foi grossa. Ela só estava sendo assertiva.
Nataly e eu colocamos a cabeça pra funcionar. A gente abriu os sistemas e olhamos o histórico de todos os funcionários. Selecionamos aqueles que entendemos que não estavam se encaixando nas propostas da empresa e fizemos a tal lista que a Duda pediu.
- Deixa eu ver esse daqui – a Eduarda abriu o sistema e pensou um pouco. – Não, meninos. Ela teve esse número de faltas, mas é atestado e foi realmente por um motivo de saúde. Por isso o rendimento de vendas dela caiu no mês. Ela é disciplinada, não tem sanções e não é reativa. Ela fica.
Nós erramos mais do que acertamos, mas a Eduarda analisou nome por nome e nos explicou como poderíamos tomar aquelas decisões tão importantes.
- Esse daqui vocês acertaram – ela comentou. – É indisciplinada, faltou sem justificativa, tem sanção disciplinar, é reativa, não tem boa postura com os clientes, não vende muito bem... Essa com certeza vai embora. Um beijo!
- Pelo menos um a gente acertou – comentou Nataly.
- É isso aí. É assim que tem que ser. Amanhã cedo eu vou ligar pro Jonas para ver quem ele quer desligar e falo pra vocês.
- Que cara de jumento com sede é essa? – Janaína foi se despedir de mim.
- Jumento com sede?
- Cara de sofrimento, menino. O que te fizeram? Pisaram na sua joanete?
- Eu não tenho joanete, se liga. Eu não me chamo Janaína. Meu pé é limpinho e sem calos.
- Está insinuando que meu pé é feio e cheio de calos?
- Se a carapuça serviu – eu sorri.
- Só não dou meia hora de tapa nessa cara de jumento porque não tenho tempo. Meu bofe está me esperando pra gente fazer amor, senão eu te lascava todo. Idiota!
- Qual dos duzentos bofes?
- Ai quem me dera eu tivesse tudo isso, meu filho. Só tenho 3 ou 4, mas é com o das cartas que a Do Carmo falou.
- Eu não entendo, Jana! Se ela disse que vocês iam ficar juntos, por que não estão?
- É que não vai ser pra sempre. Nós estamos enrolados, mas vai desenrolar. E quando isso acontecer eu largo todos os outros e fico com ele.
Até parece que ela tinha 3 ou 4 caras. Eu tinha mais do que certeza que ela só tinha um e já havia descartado todos os outros. A Jana era muito moderna, mas ela era mulher pra um homem só.
- Beijo, querida – eu fui até ela. – Até amanhã.
- Até amanhã, querido. Se cuida!
- Você também. Bom amorzinho. Espero que seu bofe não ria das manchas roxas na sua bunda!
- Ai obrigada! Estou necessitada. Tonto!

Quando cheguei na faculdade no dia seguinte, fui surpreendido com uma atividade surpresa, hiper complicada e que valia nota. Por sorte era em grupo e assim tornou-se mais fácil, mas mesmo assim ainda foi difícil.
- Pronto? – perguntou Fernanda. – Posso entregar?
- Pode – todo o grupo concordou.
Entreguei nas mãos de Deus. Ele sabia se estava certo ou não e se iríamos tirar uma boa nota. Eu estava na torcida para que sim.
- Caio? – Marcela me chamou.
- Eu?
- Posso te fazer uma pergunta?
- Uhum.
- O Rodrigo está namorando com aquela menina?
Qual era a razão desse interesse?
- Está sim, por quê?
- Ah... Não, por nada. Só pra saber.
Ele não estava namorando, era só uma curtição, mas eu falei que estava só pra ver a reação dela. E foi como eu imaginei: a menina passou o resto do dia triste e acuada.
- Ei – eu dei um cutucão nas costas do Digão. – Preciso falar com você? Oi, Renata!
- Oi, Caio!
Rodrigo e Renata ficavam no intervalo há algum tempo, mas eu só a conheci na pista de gelo porque nunca atrapalhei a curtição do meu irmão e nós nunca fomos apresentados na faculdade.
- O que é? – ele perguntou quando nós entramos no banheiro masculino.
- A Marcela veio perguntar de você!
- Foi é? O que ela queria saber?
- Se você estava namorando com a Renata.
- Ah, é? E o que você disse?
- Eu disse que sim e ela passou o resto da aula tristonha.
- Ah, é? Será que ela ainda gosta de mim?
- Não sei. Você ainda gosta dela?
- Não. Não como antes. Ah, sei lá. Ela foi importante na minha vida, mas ela é tão estranha. Quase não fala comigo... Eu não sei o que sinto por aquela vadia não.
Eu sorri. Eu adorava quando ele a chamava de vadia.
- Você vai pra academia ou vai fazer seu TCC?
- Vou pra academia. Eu estava só te esperando.
- E por que a gente está aqui parado?
- Não sei...
Nós dois demos risada. Ainda bem que a minha amizade com o Rodrigo estava pra lá de normal, mas a gente nunca mais tinha dividido a mesma cama. Eu sentia falta disso.
Saímos do banheiro, ele se despediu da peguete e nós seguimos até a academia.
- E como está seu TCC? – perguntei.
- Quase finalizado, Caio!
- Aleluia, maninho! Também, depois de mil noites dormindo fora de casa, né?
- Verdade. Valeu a pena, viu? Está ficando ótimo!
- Ainda bem. Vai dar tudo certo.
- É, vai sim. Só mais um mês e pouquinho agora.
- Nem me fala, Digow! Nem me fala!

Quando finalmente saí para o almoço, não fui para a praça de alimentação. Eu precisava comprar os presentes do Bruno e não tinha outro horário a não ser aquele.
Rodei o shopping inteiro para poder encontrar o que queria. Primeiramente, comprei um kit de cosméticos, com um creme de barbear, um gel pós-barba, um perfume e um desodorante da mesma linha.
Ele ia ficar todo lindo e cheiroso e seria só pra mim. Só de pensar nisso, eu fiquei todo saudoso e a minha imaginação voou longe.
Em seguida, comprei uma pólo amarela incrivelmente linda. Era simples, numa cor só e sem detalhes, mas era linda. Acho que a cor me chamou a atenção. Ele ia ficar gato com ela, com toda certeza do mundo.
Comprei também uma carteira e um boné, mas não parei por aí. Eu já tinha encomendado uma cesta de café da manhã imensa, que seria entregue no dia do aniversário dele às 6:30 da manhã.
- Obrigado – eu peguei a sacola e o meu cartão de débito.
- Volte sempre – disse a funcionária.
E eu ia voltar mesmo. A loja que eu comprei o boné era muito boa e tinha várias opções de roupas. Eu estava na torcida para que ele gostasse de tudo.
E era naquele dia mesmo que eu ia entregar todos aqueles presentes. Bruno quis me buscar no trabalho, mas eu disse que não queria que ele fizesse isso.
- Por que não? – a voz dele ficou triste.
- Porque eu estou cansado e vou pra casa. A gente se vê no sábado!
- Só no sábado? – ele ficou mesmo bem triste.
- Uhum. Beijo, amor. Boa noite!
Coitadinho... Eu não queria que ele ficasse triste, mas essa era a única forma que eu tinha para fazer a minha surpresa.
Por isso, quando saí da loja, eu me dirigi até o prédio do meu namorado e fiquei esperando a meia noite se aproximar.
Só resolvi entrar quando faltavam 5 minutos para a chegada do aniversário do meu amor. Por sorte, o porteiro já me conhecia e me deixou entrar sem maiores transtornos.
- Não me anuncia, beleza? Eu quero fazer uma surpresa.
- Pode deixar, Caio – o porteiro sorriu.
- Obrigado, Josival.
Fui até o elevador, entrei e apertei o botão do 6º andar. Não demorei para chegar na frente do apartamento 23, mas só apertei a campainha às 23:59 e a minha ideia deu certo. O Bruno só abriu a porta quando o relógio marcou meia noite.
- Não acredito! – ele abriu um sorriso imenso quando me viu.
- Feliz aniversário, amor da minha vida!

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