segunda-feira, 16 de março de 2015

Capítulo 38²

C
onfuso. Foi assim que eu me senti no meio daquele dilema.

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Mas uma coisa era certa: se o Bruno fosse inocente e estivesse falando a verdade, eu estaria cometendo uma injustiça muito grande para com o meu ex-namorado.
E fora a injustiça com ele, eu estava cometendo também uma injustiça com meus sentimentos, afinal eu era perdidamente apaixonado por ele e não podia viver o amor que sentia devido ao medo que eu tinha ao pensar que ele poderia me abandonar de novo a qualquer momento.
E se fosse verdade o que ele me dizia? E se o tal do Luciano o obrigou a sair do país?
Claro que era verdade. A própria sobrinha dele confirmou a mesma versão. E ela disse ainda que foi o pai dela que ligou pro padrinho do Bruno, solicitando que este viesse buscá-lo.
Sem contar o dia do shopping. Sem contar o papo com o Vítor naquele banheiro masculino. Sem contar tudo o que eu ouvi naquele dia.


Mas é claro que isso era mais uma mentira do Bruno, não é? Ele provavelmente deveria ter falado com a garota para pedir que ela intercedesse por ele...
Como eu seria capaz de pensar numa coisa dessas? Eu não vivia em um mundo de ficção, eu vivia uma vida, com problemas, com dúvidas, com incertezas, com mentiras, mas não com uma coisa dessas. O Bruno nem na praia estava! Como ele sabia que eu ia encontrar com a sobrinha dele? Isso não poderia ser verdade.
Quem garante que não? Às vezes ele estava ali e eu não percebi. Vai ver que ele falou com a sobrinha e saiu correndo pra se esconder, oras.
- JÁ CHEGA! – eu gritei de raiva.
Já não aguentava mais essa briga que existia no meu subconsciente. Eu ouvia nitidamente essas frases e isso me deixava mais do que pirado. Eu cheguei a cogitar realmente essa possibilidade. Eu deveria estar pirando, só podia!
Onde estava o Murilo? Eu queria ir embora da praia, eu queria voltar pra minha casa.
Levantei e fiquei de olho no mar, mas não encontrei o meu namorado em lugar algum. Onde ele estava? O que será que tinha acontecido.
- Ai meu Deus, cadê o Murilo?
Eu fiquei preocupado de verdade. Uma porque era noite e outra porque o mar estava ficando agitado demais. Eu estava com medo do Murilo ter se afogado...
O pior foi que ele não apareceu em nenhum momento e isso só me deixava mais aflito a cada segundo que passava.
- Ai... – minhas pernas começaram a tremer de medo. – Cadê essa criatura?
Eu fui até a beira do mar e forcei os meus olhos pra ver se enxergava alguma coisa mais pro meio do oceano, mas eu só vi um monte de água negra e nada além disso.
O meu medo foi ficando maior a cada segundo. Só poderia ter acontecido um acidente com o meu namorado...

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- MURILO? – eu comecei a gritar.
Nada dele aparecer. O que acontecera com ele, meu Deus?

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Nada de novo. Senti vontade de chorar. Ele não poderia ter se afogado, não poderia.
- MURILOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO?
- O que foi? – a voz dele apareceu atrás de mim e eu levei o maior susto da minha vida.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH – até pulei de susto. – FILHO DA PUTA, QUER ME MATAR DO CORAÇÃO?
Eu dei um tapa na cabeça do garoto, que começou a rir feito uma hiena com ataque de riso.
- Calma, Caio...
- Calma é o cacete, onde você estava? – eu dei vários tapas nas laterais do corpo do adolescente. – Quase me matou de susto, infeliz!
- Eu te avisei que ia comprar uma água de côco, cara... Não presta atenção nas coisas não?
- Avisou? – eu parei de chofre.
- Avisei! Eu passei perto de você, deixei a prancha e disse que já voltava, que ia comprar água de côco!
- E foi?
- Lógico que foi. Olha a prancha ali, “mermão”.
A prancha do meu namorado estava mesmo no lugar onde eu estava sentado.
- Você está bem? – ele riu.
- Claro que eu estou bem. Eu só não percebi a sua presença perto de mim. Foi mal – fiquei constrangido.
- Em que tanto pensava então? Você não tirava os olhos do mar um segundo sequer.
- Ah, nos problemas. Na faculdade, no trabalho...
- Espero que seja só isso mesmo, hein?
- Claro que é só isso. Em que mais seria?
- No Bruno, por exemplo? – ele fechou a cara.
- O Bruno não faz mais parte da minha vida. Pode ficar tranquilo.
- Assim eu espero. Viu que a minha tia está ali?
- Ela é sua tia?
- Sim, era a mãe do Bruno. Aqueles dois são meus primos. A Brit e o Léo.
- Hum... Eu me lembro deles – fingi que não os tinha percebido.
- Já os conhece, né?
- Sim. Já tive oportunidade de falar com eles no passado.
- Hum. Espera aí que eu vou surfar mais um pouco. Fica com o côco. Pode beber o resto.
- Não demora, eu quero ir pra casa.
- É rapidinho.
Mas antes de ir pro mar, ele foi falar com os primos e tios. Meu namorado ficou conversando por poucos minutos e depois correu pro mar.
- Eu também quero surfar, pai – ouvi o Leonardo falando.
- Não senhor. Você é muito novo pra surfar essa hora. Quando crescer você pode!
- Droga! Eu nunca posso fazer nada.
Os olhos da Brit caíram em cima de mim mais uma vez e ela abriu um sorrisinho tímido. Fiz o mesmo e depois eu desviei meus olhos.
Será que era verdade? Será mesmo que o Bruno tinha saído do Brasil por inquisição???
Fechei os olhos, suspirei e o rosto perfeitinho dele invadiu meus pensamentos. Meu bebê... Como eu queria estar perto dele naquele momento...
Mas não bastava querer ficar com ele, eu precisava poder ficar com ele e eu não podia fazer aquilo. Não com tantas incertezas no meu coração.
No coração? No coração não, meu coração tinha certeza da inocência do Bruno e só queria ficar com ele. A culpa era da minha cabeça, da minha razão... A maldita razão me impedia de ser feliz...
A minha felicidade estava no mar e se chamava Murilo, eu já estava cansado de me afirmar aquilo.
Senti vontade de dar um tiro nessas vozes malditas. Eu queria encontrar um remédio para essa briga cessar, mas por mais que eu pensasse, nada me vinha em mente.
- Vamos? – ele apareceu todo molhado e feliz.
- Vamos sim. Gostou de pegar ondas essa hora?

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- Eu amo o mar em qualquer hora, né Caio? É muito bom poder curtir as ondas, independente do horário.
- Você é corajoso demais, isso sim. Eu não teria coragem de enfrentar o mar nesse horário não.
- Bobo. Depois que eu te ensinar a surfar, você vai ver o quanto é gostoso pegar onda. Eu me sinto livre, sei lá.
- Sei como é. Podemos ir? Eu preciso voltar pra casa.
- Não vai nem passar na minha casa um pouco? Nem pra me dar um beijinho de despedida?
- Não posso, novinho. Amanhã eu levanto cedo pra ir pra faculdade. Eu nem fui pra aula hoje só pra poder te ver.
- Eu sei bobão. E te perdoo.
- Você é muito gentil.
- Ah, obrigado...
A gente riu e o Murilo me levou até o ponto de ônibus, que por sorte chegou rápido

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. Desta forma, eu tive a oportunidade de chegar em casa mais cedo para fazer trabalhos pra faculdade e consecutivamente dormir um pouco mais.

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- Estudando? – perguntou Fabrício.
- Sim, mano. Trabalho pra fazer.
- Quer ajuda em alguma coisa?
- Quero sim, eu só preciso imprimir porque já terminei. Será que você pode imprimir pra mim no computador do Vini? Por favor?
- Claro! É só me falar qual o nome do arquivo.
- Eu vou salvar aqui nesse pendrive e vou colocar meu nome com a data de hoje, tá?
- Beleza. É muita coisa?
- Não. Só deu 5 páginas.
- Só?
- Comparado com os seus isso daqui não é nada.
- Nisso você tem razão. Onde tem sulfite?
- Na pasta que está na minha mochila. Você pega, por favor?
- Claro.
- Obrigado pela ajuda, Fabrício. Você é nota 10!
- Disponha. Adoro ajudar os meus amigos.
Sorri comigo mesmo, conferi se estava tudo certo com meu trabalho e enfim o salvei no meu pendrive. Um trabalho a menos. Só faltava mais uns 5.

NO DIA SEGUINTE...

Era aula do Profº Sandro e eu estava quase dormindo. Quem me acordou de vez foi a Marcela, com um super beliscão no meu braço esquerdo.
- Piranha – eu falei baixinho.
- Acorda, moleque!
- Se ficar roxo você vai se ver comigo.
Roxo? Ficou foi preto! Bastou passar mais ou menos meia hora para a marca das unhas daquela prostituta ficar na minha pele. Eu fiquei pra lá de bravo!
- O que fizeram com você, mano? – Rodrigo foi logo analisando a marca no meu braço.
- Pergunta pra sua namoradinha!
- O que é isso, amor?
- Nossa! – ela riu. – Ficou assim?
- Eu deveria te dar um tabefe, idiota!
- Ei... – Rodrigo reclamou.
- Eu belisquei ele, amor – a garota riu. – Porque ele estava quase dormindo!
- Nossa, amor... Não precisava ser com tanta força... Doeu muito, Caio?
- Pra cacete – fiz bico.
- Que dó, tadinho – ela me abraçou. – Desculpa?
- Desculpo, mas que isso não aconteça de novo.
- Prometo que serei mais cautelosa da próxima vez.
- Acho bom. Digão, vamos treinar?
- Só se for agora. Amor, me dá um beijo...
Eles se beijaram e em seguida a gente partiu pra academia.

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Chegando lá, o Felipe foi ao nosso encontro e informou que o treino do Rodrigo seria puro agachamento. Isso deixou o meu amigo perturbado:
- Quero não, nem vem que não tem.
- Vai fazer sim senhor!
E ele fez. A contra gosto, mas fez. E todas as vezes que ele tinha que subir com o peso, o meu irmãozinho fazia uma cara de sofrimento que me deixava com dó.
- Tadinho – eu dei risada e continuei os meus abdominais.
Na hora que eu fui tomar meu banho, mais uma vez o carinha ficou me olhando. Aquilo não estava acontecendo pela primeira vez e eu já estava ficando irritado.
Fui pra ducha e questão de segundos depois eu senti alguém empurrando a porta. Será que era ele?
Ainda bem que o vestiário era equipado com divisórias nas duchas, porque se não fosse... Eu não me responsabilizaria pelos meus atos.

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Saí e o cara estava na frente da minha porta, completamente pelado. O problema era que o filho da puta era gato e era gato até demais...
- Opa – ele falou.
- Opa – eu repeti e saí andando, sem olhar pra trás.
Ele não era gay, disso eu tinha certeza, mas que ele curtia a fruta, ah ele curtia. E eu ia averiguar até onde ele ia no dia seguinte, se a gente se encontrasse, é claro.


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Cheguei na loja e era mais um dia de promoções. O som estava rolando a todo vapor e pro meu deleite começou a tocar uma música do Jorge e Mateus.



- Começar o dia com música boa não tem preço – fui e cumprimentei a Alexia.
- Verdade. Você está bem?
- Estou ótimo e você?
- Muito bem, graças a Deus!
- E o meu sobrinho? – eu coloquei a mão na barriguinha da minha amiga.
- Ele está bem. Não está dando trabalho por enquanto.
- E seus pais? Mais conformados?
- Totalmente. Já estão até pensando no nome e fazendo planos pro futuro.
- Viu só? Eu disse que eles iam gostar.
- É já passou o susto. Hoje eu fui na minha médica e já comecei o pré-natal.
- E aí? Tudo bem mesmo?
- Tudo. Eu estou de 4 semanas já.
- Ai que lindo – fiquei todo bobo. – Fez ultrassom?
- Fiz. Eu ouvi o coração e gravei, depois eu te mostro. Chorei tanto...
- Imagino! E Diego?
- Todo babão também. Ele chorou mais do que eu.
- Já sabe o sexo? Ainda não, né?
- Não e também não vou querer saber. Será surpresa.
- Ai, como você é do tempo do ronca... – Janaína apareceu e me beijou.
- Cala a boca, projeto de Eduarda – Alexia brincou. – Eu e o meu noivo queremos surpresa.
- Já estão noivos? – me espantei.
- Claro! Vamos casar antes do bebê nascer. Vou entrar na igreja com um barrigão imenso, se Deus quiser.
- Ai que linda – fiquei feliz.
- E vocês são os meus padrinhos.
- OI? – a Janaína e eu falamos ao mesmo tempo.
- É! São meus padrinhos!
- To preto passado na chapinha – imitei a Janaína.
- Ei – ela me bateu. – Essa frase aí é minha!
- Problema é seu... Aliás, o que a projeto de Eduarda está fazendo aqui com a ralé? Pode ir aprender tudo o que tiver que aprender, minha filha. Dia 1º de junho é você que abre a loja.
- Eu e a Diana, não esqueça disso.
Diana era uma das vendedoras da loja, que também estava sendo desenvolvida para ficar cobrindo as férias da Duda. Seria ela e a Janaína.
- Ah, é verdade. Ai, Alexia... Obrigado pelo convite, viu??? – a abracei.
- Aceita, Caio?
- Claro que aceito! Vai ser na igreja?
- Pretendo, mas na verdade ainda não sei não. A gente vai ver.
- Tem que ser na igreja, com um vestido branco lindo e que deixe a sua barriga bem à mostra, amiga. Obrigada pelo convite!
A Jana também abraçou a Alexia e elas se beijaram. No rosto, claro.
- Não poderia deixar vocês dois de fora, gente. Se for na igreja, serão padrinhos da igreja. Se for no civil, serão padrinhos no civil.
- Sua linda! – eu beijei a Alexia e fiquei todo feliz da vida.

NA 2ª QUINZENA DE MAIO...

A minha amizade com o Digão já tinha mais que voltado ao normal. A gente estava tão bem, mas tão bem que eu tinha até a impressão que estávamos mais próximos que nunca.
Todos os dias ele me abraçava na hora de sair pra faculdade e o mesmo acontecia quando eu voltava do trabalho. Eu perdi as contas de quantos chocolates ele me deu desde que nós fizemos as pazes.
- Mais um chocolate? – reclamei.

- Você sempre reclama, né? – Digão se ofendeu.Resultado de imagem para daniel rocha

- Claro! Chocolate engorda...
- Mas você não vai engordar com um chocolate...
- Com um não, mas com 15 vou – informei.
- Então eu não trago mais. Chato!
- Bobinho – eu fui e beijei o rosto dele. – Obrigado, mano.
- De nada. Ei, quer sair com a gente nesse domingo?
- Depende. Onde vocês vão? E quem vai?
- Vamos eu, a Marcela, o Vini, a Bruna e o Fabrício. A gente vai subir a Pedra da Gávea. Quer ir?
- Sério que vocês vão subir? Sempre quis escalar aquela pedra...
- É sim... A gente vai ficar lá vendo o nascer do sol. Vamos com a gente?
- Ai, eu quero ir sim...
- Então demorou!
- Obrigado pelo convite.
- Você acha que eu ia te deixar fora dessa?
- Lindão!
- Feião!

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Mostrei a língua e a gente deu risada. Era muito bom ter o bom e velho Rodrigo Carvalho de volta.
Bastou pisar na loja para a Janaína vir falar comigo. Ela estava toda produzida em um modelito social e estava linda demais.
- Como você está linda, gerente!
- Calado, viado maldito. Você é que está!
- Falta só uma semana, hein?
- Ai, nem me fala! Estou ansiosa.
- Eu imagino.
- E não esquece que em outubro é você, hein?
- Ai, quero não... To tranquilo...
- Você ouviu o Jonas. Não é questão de querer, é questão de obedecer. Fica com medo não, finge que é só um treinamento qualquer. É assim que eu estou encarando.
- Adorei a sua roupa.
- Obrigada. Comprei na feirinha do Paraguai esses dias. Então menino, deixa eu te falar uma coisa...
- Que coisa?
- Em julho vai ter um show do Jorge e Mateus no interior de Sampa e você está convocado pra ir comigo e com a Alexia.
- No interior de Sampa? Ai, longe assim? Quero não... Se fosse aqui no Rio eu ia...
- Não estou perguntando se você vai, estou informando que você vai, Caio!
- Mas, Jana...
- Sem choro nem vela. Eu vou comprar o seu ingresso hoje e no dia 30 você me paga, beleza?
- Não! Não estou de acordo com isso não.
- Eu não estou perguntando, já disse: você vai e vai ver que é um show incrível de lindo.
- Já foi no show deles?
- Não.
- Então? Como você pode dizer se é lindo ou não?
- Eu estou dando uma de Do Carmo, meu filho. Não contesta. Você vai e acabou. agora deixa eu ir colar no mocotó da Duda, senão ela corta os meus cabelos.
- Vai lá. Depois a gente conversa melhor.
- Beleza.
Ela saiu andando, mas deu meia volta e voltou para falar comigo novamente:
- Já ia me esque... UI!
Um dos saltos da Janaína simplesmente quebrou quando ela estava bem próximo a mim. Se a morena não tivesse segurado em um berço, ela teria caído de cara no chão. Eu caí na gargalhada.
O melhor de tudo foi a cor vermelho rubi que ficou no rosto da minha amiga. Ela olhou pra um lado, olhou pro outro, arrumou o cabelo e foi mancando até onde eu estava:
- Então, você pode acompanhar os meus pedidos hoje, por favor?
- Acompanho – continuei rindo aos poucos. – Informa a sua matrícula...
Eu anotei a matrícula da Jana e deixei o papel dentro do bolso da minha camisa.
- E se continuar rindo de mim eu vou arrancar os cabelos do seu saco com minha pinça, hein? Fica esperto!
- Quero ver você encontrar um pelo no meu saco – falei pra mim mesmo.
A projeto de Eduarda saiu mancando pela loja e nem sequer olhou para os lados. Com certeza ela estava toda envergonhada pelo incidente que tinha acontecido.

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Passei vários dias sem ver o carinha da academia, mas naquela quarta-feira ele estava lá. E bastou eu entrar no vestiário para ele aparecer atrás de mim.
Não o encarei, apenas fiquei olhando pelo canto do olho. Pude notar que ele fazia o mesmo e estava tentando ser discreto.
Com certeza aquele cara queria alguma coisa. Eu tirei a roupa, me enrolei na toalha e fui pra ducha, mas não entrei no chuveiro de imediato. Fiquei esperando ele aparecer e isso não tardou a acontecer.
- Algum problema? – perguntei.
- Não...
- Percebi que você vive me olhando. Gostou?
O cara ficou vermelho e calado, mas percebi que ele ficou excitado. Eu também fiquei, mas não dei bola e fechei a porta para tomar banho.
Safado! Só era o que me faltava. Contudo, se eu não estivesse namorando com o Murilo, eu iria dar uns pegas naquele bofe delicioso.
Pela primeira vez naquela semana eu parei pra pensar que o dia dos namorados estava chegando. O que eu ia comprar pro Murilo?
Nem bem o aniversário do boy tinha passado e eu já ia ter que dar presente pra ele de novo? Desse jeito eu ia à falência em dois tempos.
Resolvi mais uma vez deixar aquele assunto de lado. Eu tinha outras coisas com o que me preocupar e uma delas era a faculdade.
As segundas provas já estavam meio que se aproximando e eu estava cada dia com mais dúvidas com relação a algumas matérias, principalmente Matemática e Logística.
A minha sorte era o Fabrício. Eu não entendia como o gato era tão bom de matemática...
- Captou a mensagem? – ele sorriu.
- Captei! Obrigado, mais uma vez.
- De nada. Disponha. Domingo está de pé o nosso rolê, né?
- Claro!
- Eu não quero ficar de vela sozinho não. Ainda bem que você vai comigo.
- A gente fica longe deles – eu ri.
- Boa ideia. Queria levar uma gatinha, mas ultimamente não tem chovido na minha horta.
- Lindo desse jeito e não tem chovido na sua horta? – soltei.
- Pois é. Ninguém me quer, Caio!
- Vou arranjar uma namorada pra você, deixa comigo – brinquei.
- Opa, aí eu gostei, hein? – ele deu risada.
Eu não entendi. O Fabrício era mais que lindo e estava sozinho? Como podia uma coisa dessas? Se ele estava sozinho lindo daquele jeito, imagina quem não era provido de uma beleza como a dele...

NO SÁBADO...Resultado de imagem para pedra da gavea

- Passa a grana – Janaína esticou a mão.
- Que grana?
- Do show do Jorge e Mateus.
- Ai, Deus... De novo essa história?
- Já comprei o seu ingresso, passa a grana!
- E quanto é essa porcaria mesmo?
- Porcaria é o caralho, não chama eles de porcaria que eu sei que você gosta!
- Eu gosto, mas não to a fim de ir no show. É longe demais.
- Eu já disse que a gente vai de van.
- Quanto é?
Ela disse o valor, eu bufei, abri a carteira e paguei a minha dívida.
- Só você mesmo pra me fazer gastar desse jeito.
- Vai valer a pena. Não esquece o dia, hein?
- Pode deixar, pode deixar.
- Por que não liga pro Murilo e pergunta pra ele se ele quer ir no show com a gente?
- Eu não tinha pensado nisso, Jana! Boa ideia! Espera aí, vou ligar...
Sentei na minha mesa e liguei pro meu namorado do meu ramal mesmo.
- Oi? – ele atendeu.
- Murilo? Tudo bom?
- Oi, Caio! Que milagre você me ligando.
- Bobo. Eu não posso falar muito tempo. Seguinte: quer ir em um show comigo em julho?
- Show? Que show?
- Jorge e Mateus. Conhece?
- Pô... Da hora, hein? Fiquei sabendo desse show aí, é no interior de São Paulo, não é?
- Uhum. Vamos?
- Você vai, é?
- Vou! Minha amiga já comprou meu ingresso. Quer ir também?
- Ah, eu quero! Mas como a gente vai?
- De van. Já está tudo certo.
- Então eu quero ir sim...
- Beleza. Vou falar pra ela.
- Ele vai?
- Aham – olhei pra ela.
- Fala pra ele comprar o ingresso pelo site então...
- Ela mandou você comprar o ingresso pelo site, Murilo.
- Beleza. Eu compro hoje ainda. Mas tem uma coisa, Caio...
- Que foi?
- O Vítor vai, viu?
- Vai, é? E o que eu tenho com isso? É só eu ficar longe dele.
- Boa! Gostei... Então fechou, mano.
- Fechou. Beijo. Eu preciso desligar.
- Tudo bem então. Mais tarde eu te ligo confirmando a compra.
- Beleza. Beijo.
- Outro.
Desliguei e suspirei.
- Quem mais vai?
- Um vizinho dele.
- Depois você vê com ele se ele quer ir na van com a gente, tá?
- Ah, vejo sim. Pode deixar.
O domingo estava lindo e ensolarado e meus amigos e eu resolvemos ir pra praia logo cedo.
Ter o domingo todo de folga renovou as minhas energias e o melhor de tudo, foi não ter nenhum trabalho da faculdade para fazer naquela data. Só assim eu pude relaxar e curtir a minha folga com total plenitude.
- Alô? – atendi o celular.
- Oi... – era o Bruno.
- Oi... – meu coração disparou e meu pau cresceu dentro da sunga.
- Tudo bem?
- Bem e você?
- Melhor agora... O que está fazendo?
- Na praia e você?
- Também. Queria saber se você quer me ver hoje?
- Hum... – querer eu até queria, mas não ia ser possível. – Não vai dar...
- Por quê?
- Meus amigos e eu vamos subir na Pedra da Gávea.
- Ah, entendi... Que pena então...
- Quem sabe um outro dia?
- É, quem sabe um outro dia?
- Até mais então, Bruno.
- Até mais então, Caio.
- Mais uma vez falando com esse... – Rodrigo bufou.
- Você ouviu que eu não aceitei sair com ele, não ouviu?
- Ainda bem!
Voltei a me bronzear. Ainda bem que eu estava de costas pro sol, porque eu fiquei pra lá de excitado quando ouvi a voz do Bruno. E não fiz mais nada naquela tarde, a não ser pensar nele.
- Alguém passa protetor nas minhas costas? – pedi.
- Eu passo – Rodrigo se prontificou.
- Obrugado, mano.
- De nada, cara.
Sentir a mão dele nas minhas costas me deu um arrepio. Eu, ele e a Marcela fomos os únicos que não entramos na água naquele dia.
Eu pelo simples fato de querer pegar um bronze, a Marcela porque estava menstruada e o Rodrigo porque queria ficar perto da amada. O jeito foi aturá-la o dia todo ao meu lado.
- Tá bom já, amor – ela falou.
- Não, amor. O Caio gosta de muito protetor, senão ele fica vermelho e cheio de pintas.
- Hum...
Ainda bem que o Rodrigo sabia. Ele passou muito protetor nas minhas costas e isso me deixou bem agradecido.
- Quer nas pernas também?
- Não, deixa. Se você passar a Marcela vai brigar!
- Ah, dá isso aqui, Caio.
Digão tirou o pote das minhas mãos e começou a passar nas minhas coxas e pernas. Eu fiquei feliz demais com esse gesto do garoto.

Fabrício, Rodrigo e eu voltamos para a nossa república por volta das 16 horas. Eu estava mais moreninho só com aquele dia na praia e isso me deixou bem feliz.
- Como você pega bronze e não fica vermelho, Caio? – perguntou Vinícius.
- O segredo é o protetor solar e você deveria saber disso, né?
- Verdade – ele riu. – Eu deveria saber disso.
Nós jantamos, tomamos banho e voltamos pra praia pra escalar a tal Pedra da Gávea. As meninas já estavam a nossa espera e ambas estavam bem impacientes com a nossa demora.
- Vocês demoraram muito! – reclamou Bruna.
Depois de uns 5 minutos de conversa, a gente caminhou até o nosso destino. Fazia uma noite calma, tranquila e muito quente na cidade do Rio.
- Cadê a namorada que você ia arrumar pra mim, Caio?
- Calma, Fabrício! Eu ainda não coloquei o anúncio no jornal.
- E vai ser por anúncio é? – ele riu.
- É... O que acha?
- Na moral? Até que não seria má ideia.
O homem e eu ficamos trocando ideia sobre esse assunto por um tempo, mas de repente a nossa atenção foi desviada. A Marcela estava passando mal.
- O que você tem? – Vinícius perguntou.
- Não sei... Eu estou me sentindo tonta...
- Deve ser uma queda de pressão. Vem, senta aqui no banco do quiosque.
Levaram a garota até o banco e compraram uma água de côco para ela beber, mas isso não a fez melhorar.
- Sente-se melhor? – perguntou o médico.
- Não... Ainda estou meio zureta...
- Melhor a gente voltar pra casa, amor – Rodrigo estava todo preocupado.
- Não, não. Não precisa... Eu estou bem! A gente ainda tem que encontrar com as minhas primas...
As primas da Marcela também iam com a gente e isso fez com que o Fabrício se animasse.
- Será que elas são gatas? – ele me perguntou.
- Não sei. Se forem parecidas com ela, sim.
- Verdade.
- Vamos, vamos – ela ficou de pé. – Eu já me sinto melhor.
- Tem certeza? – perguntou Rodrigo.
- Absoluta!
Nós continuamos caminhando pela orla carioca e depois de uns 15, 20 minutinhos trombamos com as tais primas da Marcela. Elas não eram tão bonitas quanto ela, mas eu acho que dava pro gasto.
- Oi, tudo bom? – uma delas foi me beijar – Eu sou a Raiane e você?
- Oi, sou o Caio!
- Prazer, Caio. E você? Quem é?
- Fabrício, gata. Muito prazer.
- Oi... – a outra prima da Marcela partiu ao meu encontro. – Meu nome é Clara e o seu?
- Caio. Prazer.
- Prazer é todo meu.
Fabrício me deu um cutucão e disse no meu ouvido:
- Quero pegar as duas, me ajuda?
- Como?
- Enquanto eu pego uma, você troca ideia com a outra. Pode ser?
- Safado!
- Quebra essa, vai?
- Quebro, mas só porque você é meu amigo!
- Valeu, Caio! Te devo essa!!!
Não andamos nem por 15 minutos e a Marcela voltou a passar mal, mas dessa vez a coisa foi um pouco pior.
- Eu estou vendo tudo preto – ela falou e segurou no namorado.
- Senta, senta – ele falou. – Senta no chão, amor...
- Marcela, senta – Vinícius foi ampará-la.
Mas foi tarde demais. A menina não sentou, ela caiu no chão desmaiada e foi aquele alvoroço todo em cima dela.
- Marcela... Marcela, amor... Marcela, acorda...
- Saiam de perto dela, gente – Vinícius tomou a frente da situação. – Deixem ela respirar. Sai, Rodrigo...
- O que ela tem, Vini? O que ela tem?
O Rodrigo tremia feito vara verde e parecia querer chorar. Todos ficaram preocupados, mas eu tinha certeza que não deveria ser nada grave.
- Acho bom a gente levá-la pra um hospital – disse Bruna, que também entendia do assunto.
- Também acho, também acho... Alguém liga pra uma ambulância pelo amor de Deus...
Rodrigo ficou desesperado e eu com raiva. Ele não precisava ficar tão nervoso daquele jeito. Era só um desmaio, gente...
Não chamaram a ambulância. Depois de segundos ela recobrou os sentidos e voltou a si, mas ainda estava pálida demais.
- Eu estou bem, eu estou bem – ela falava. – Eu só estou com a pressão baixa.
- É bom ir ao médico, Marcela! – Vinícius exclamou.
- Moça? Você está bem? – perguntou uma mulher que andava na praia.
- Estou, obrigada!
Os curiosos se dispersaram e nós ficamos em paz. O Rodrigo não desistiu enquanto não convenceu a namorada a ir até o hospital.
- Que saco... – ela bufou. – Vamos logo para essa porcaria de hospital...
Como estávamos ligeiramente perto do hospital onde o Vini trabalhava, decidimos ir até o mesmo. Pelo menos o Vinícius já conhecia os médicos e poderia ajudar em alguma coisa, se fosse necessário.
Chegando lá, a menina foi encaminhada para um clínico geral. Só ela e o Rodrigo entraram na sala e estes voltaram depois de alguns minutos.
- A pressão dela está muito baixa – disse Rodrigo. – E o médico pediu um exame de sangue.
Sem mais nem menos, os meus olhos voaram para a mão direita do Rodrigo e eu fiquei gelado.
Ele estava usando uma aliança de compromisso... COMO EU NÃO TINHA VISTO AQUILO ANTES, MEU DEUS DO CÉU?
- Caio? – Bruna foi até mim. – Você está bem?
- Hã? Estou, por quê?
- Ficou pálido de repente. E você está gelado! Está passando mal também?
- Não, não Bruna... Eu estou bem. Não se preocupe!
- Então tá. Qualquer coisa fala, hein?
- Pode deixar.
A Marcela foi colher sangue e voltou depois de poucos minutos. Eu fiquei frustrado em saber que o nosso rolê tinha ido por água abaixo e fiquei com vontade de ir pra casa, mas só ia fazer isso depois de falar com o Rodrigo.
- Rodrigo? – eu não aguentei e o chamei.
- Oi, Cacs?
- Posso falar com você?
- Claro! O que foi?
- Vem comigo...
Eu me afastei do grupinho e quando nós estávamos longe o suficiente, eu falei:
- E essa aliança?
- Ah – ele sorriu. – É isso...
- Por que não me avisou que ia comprar a aliança?
- Eu não avisei porque a gente estava brigado, mano. Você gostou?
- Ai... Que dor no coração de ver essa aliança...
- Bobão – ele começou a rir. – E ciumento também.
- Mas é linda, hein? – eu peguei a mão do garoto. – Amei... Muito linda! Mas eu fiquei com ciúmes...
- Bobo! – Rodrigo me abraçou ali mesmo. Ainda bem que a gente estava longe dos outros. – Eu te amo, porra.
- Não mais do que eu, porra!
- Vamos voltar, eu estou preocupado com a minha namorada.
- Vamos sim!
Ficamos impacientes. Estava demorando muito para o resultado ficar pronto e em um determinado momento, o Vinícius resolveu tomar mais uma vez as rédeas da situação.
- Eu vou atrás do resultado, não demoro – falou o médico residente.
- Isso aí, Vini! Ajuda a gente aí, parceiro – Rodrigo apoiou a atitude do nosso amigo.
E não é que deu certo? Cerca de 10 minutos depois o Vini voltou com o exame em mãos. E ele estava lendo o sulfite com um olhar bem apreensivo.
- E aí, Vini? – Rodrigo levantou. – O que deu no resultado? É anemia mesmo?
- Tudo normal... – ele hesitou.
- Tem certeza? – perguntou Marcela.
- Claro! Ele é médico! – bufei.
- Está tudo normal mesmo? – perguntou Rodrigo.
- E-está...
- Então que cara é essa, Vinícius? – Marcela ficou pálida novamente. – O que você está escondendo de mim?
- Hã... Eu nem sei como falar isso, Rodrigo...
- O que é, Vini? Seja o que for, fala de uma vez...
- Não é melhor passar com o clínico, prima? – perguntou Clara.
- Fala, Vini! O que a minha namorada tem, cara?
- Marcela, você está grávida. Rods, você vai ser papai!!!

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7 comentários:

Anônimo disse...

Bem feito pro Rodrigo,quem mandou não se cuidar.

Anônimo disse...

Rodrigo imbecil mesmo, trouxa

Anônimo disse...

KKkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk BEM FEITO BEM FEITO, Rodrigo se fudeu. Quando o Murul

Anônimo disse...

Quando o Murilo vai morrer hein? mlk chato e é um atraso na vida do Caio.

nevertonnitoly@gmail.com disse...

É por essa o Rodrigo não esperava tem Caio,tadinho vio vamos ver as próximas cenas né,tenso!!❤❤ bjkassssss

Anônimo disse...

Nao postou no site hoje Caio! Senti falta. Rodrigo vacilou, virou pai antes da hora. Pessoal faz sexo sem preservativo e da- lhe filho!!

Anônimo disse...

Eu acho e pouco pó Rodrigo

Cadê conto 39 ?